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A PRÁTICA DE FORMULAÇÃO NA MEDIAÇÃO FAMILIAR JUDICIAL

Paulo Cortes Gago (UFJF)1

ABSTRACT:
This chapter reports a study conducted on the practice of formulation in legal family mediation, based on
interactional data gathered from a Brazilian family trial case. The study is qualitative, interpretive and
focuses specifically on the role of the mediator, while producing formulations. Theory on formulation is
drawn from conversation analysis, which is also the framework used to analyze the data. The results show
that formulation is used as the main mediation tool. It is used to avoid conflict in utterances and present
them under a new light. It is also used to check understanding, eliciting information from the involved
parties and drawing conclusions and inferences.

1) Introdução
O tema deste trabalho é o da intervenção de uma terceira parte, neutra – uma
mediadora – em uma situação de conflito no âmbito de um processo judicial em uma
vara de família. O cenário contemporâneo mundial vive uma efervescência de formas
alternativas (à justiça comum) de resolução de conflitos (FARCs), que parecem atender
mais às expectativas de justiça dos cidadãos. A justificativa para isso encontra-se, por
um lado, no afogamento do sistema judiciário tradicional, e, por outro, no alto custo de
um processo judicial. Nas FARCs, estudos reportam uma maior satisfação com a
justiça, através de uma participação mais direta na solução do conflito, ao invés de as
partes entregarem suas vidas nas mãos de um juiz (FOLGER & JONES, 1994).
Diversos países apresentam casos de sucesso das FARCs: EUA, França, Canadá,
Argentina, entre outros (SAMPAIO & BRAGA NETO, 2007). No Brasil, o trabalho do
juiz André Gomma de Azevedo (2009) é expoente, tendo o magistrado coordenado com
sucesso em todo o país a introdução da mediação no sistema judiciário brasileiro.
Na literatura de mediação, diversos autores chamam a atenção para as atividades
de recontextualizar, parafrasear e resumir como tarefas centrais na fala de mediação
(e.g. AZEVEDO, 2009; SAMPAIO & BRAGA NETO, 2007). As palavras de Azevedo
(2009, p. 142) ecoam esta importância:

Sempre que for transmitir às partes uma informação que foi trazida
por elas ao processo, o mediador deve se preocupar em apresentar
estes dados em uma perspectiva nova, mais clara e compreensível,
com enfoque prospectivo, voltado às soluções, filtrando os
componentes negativos que eventualmente possam conter, com o

1
Este artigo relaciona-se a dois projetos de pesquisa com o apoio da FAPEMIG: SHA-APQ 2129 e SHA-
APQ 01747-10.
objetivo de encaixar essa informação no processo de modo
construtivo.

Este tema tem sido tratado com muita relevância na literatura interacionista
através dos estudos sobre a formulação, definida como uma prática auto-reflexiva dos
participantes de conversa de “dizer-em-tantas-palavras-o-que-estamos-fazendo
(...) 2” (GARFINKEL & SACKS, 1970, p. 171). Em termos mais claros, as formulações [A1] Comentário: Original em nota de
rodapé?
são métodos dos participantes de interações para criarem inteligibilidade sobre o que [A2] Comentário: De acordo com as
referências, o capítulo começa na página
está sendo dito e feito pelos outros co-participantes. São propostas de interpretação da 338 e termina na 366. JÁ RESOLVI.

fala do outro, submetidas a quem a proferiu, para confirmação no próximo turno de fala.
Um exemplo clássico seria a formulação – “então você está querendo dizer X”, sendo X
o que foi entendido da fala anterior.
A partir da ótica interacionista e tendo em vista a centralidade da formulação
para a mediação familiar, esta pesquisa indaga: (a) o que se formula na mediação
familiar; (b) como a mensagem é formulada; e (c) qual é a finalidade da mesma.

2) A prática de formulação
A literatura interacionista sobre a prática de formulação é densa, refletindo a
importância e produtividade do tema no mundo social. Em uma visão panorâmica,
temos Garfinkel e Sacks (1972) como o texto fundador a respeito, sendo seguido por [A3] Comentário: Ou 1970 como nas
referências? RESOLVIDO,
Heritage e Watson (1979; 1980) e Heritage (1985), que acrescentam aspectos
descritivos importantes sobre esta prática, como se verá. [A4] Comentário: Que tal apresentar a
explicação aqui antes de passar para outro
momento da produção na área? É MESMO
A partir de então, podemos dividir a literatura em dois blocos. No primeiro, NECESSÁRIO? HÁ TODO UM
PERCURSO, TODO UM FIO DE
encontram-se trabalhos sobre formas específicas de formulação, como o O de Schegloff CONDUÇÃO DA APRESENTAÇÃO DO
TEMA (AOS POUCOS,
CONTEXTUALIZANDO), QUE SERÁ
(1972), que investiga a prática de nomear, identificar e negociar indicações de lugares DESFEITO. VEJO ISSO COMO UMA
QUESTÃO DE ESTILO DE
na conversa cotidiana, chamada de formulação de lugar.; e o de Pommerantz (1986) e DESENVOLVIMENTO DE
PARÁGRAFO, E NAO COMO UM
Freitas (2009), que focam no uso de expressões enfatizadoras das descrições de estados PROBLEMA DE TEXTO.

de coisas em ambiente legal como uma forma de se legitimar as reclamações, chamadas


de formulação extrema. No segundo, reportam-se estudos sobre cenários institucionais [A5] Comentário: O período é muito
longo. Favor dividi-lo em unidades
específicos, como o de terapia infantil (HUTHCBY, 2005), o jurídico na mídia (VAN menores.

DER HOUWEN, 2009), o de terapia de adulto (ANTAKI, BARNES & LEUDAR,


2005; DAVIS, 1984; KURRI & WAHLSTRÖM, 2007), o médico (DAVIS, 1984; HAK [A6] Comentário: Não deveria estar na
categoria anterior já que versa sobre
‘psychotherapy’?

2 [A7] Comentário: Não deveria estar na


Todas as traduções são de minha autoria. N“saying-in-so-many-words-what-we-are-doing”. categoria anterior já que versa sobre
‘psychotherapy’?
& BOER 1996; GARAFANGA & BRITTEN, 2004; BARNES, 2007; OSTERMAN &
SILVA, 2009) e o de mediação (LADEIRA, 2005; FREITAS, 2009).

A formulação surge no âmbito da sociologia como uma ruptura metodológica


(GARFINKEL & SACKS, 1972, p. 347). A ruptura reside justamente em considerar
as atividades cotidianas no plano da interação, o locus de relevância do fenômeno
social, ao invés de levar em conta os dados agregados em estatísticas, forma clássica de
pesquisa na tradição dominante em sociologia à época. O valor da linguagem (e da
formulação) para este projeto pode ser visto na seguinte passagem:

A linguagem natural fornece à análise construtiva seus tópicos,


circunstâncias, recursos e resultados como formulações em linguagem
natural de particularidades ordenadas da conversa e conduta dos
membros, de movimentos e distribuições territoriais, de relações de
interação e de todo o resto.” 3 (GARFINKEL & SACKS, 1972, p. [A8] Comentário: Ou 1970 como nas
348167) referências?

Daí se depreende ser a linguagem natural o meio de indexicalidade, por


excelência, do fenômeno social. No texto fundador, há duas passagens clássicas,
obrigatórias pela sua importância. Na primeira, os autores caracterizam as formulações: [A9] Comentário: O período parece
estar solto. Em vez de escrever sobre a
literatura, é melhor indicar de que forma as
passagens contribuem para a compreensão
Um membro pode tratar algum trecho de uma conversa como uma do presente capítulo e para o ponto que
você deseja mostrar ao leitor. MAS EU
oportunidade para descrever aquela conversa, explicá-la, ou INDICO CLARAMENTE A
caracterizá-la, explaná-la, traduzi-la, resumi-la, definir sua essência, RELEVÂNCIA – NA PRIMEIRA,
observar sua obediência às regras, ou comentar seu desrespeito às CARACTERIZA AS FORMULAÇÕES;
regras. Um membro pode usar algum trecho da conversa como uma NA SEGUNDA, AS DEFINE. SÃO
PASSAGENS CLÁSSICAS, TODO
oportunidade para formular a conversa (GARFINKEL 7& SACKS, MUNDO CITA, E DEVE CITAR. NÃO
1972, p. 350170) 4. VEJO PROBLEMA NO TEXTO. CASO
AINDA HAJA COMETNÁRIOS, FAVOR
EPECIFICAR ONDE ESTÁ SOLTO, EM
QUE ASPECTO.
Chamo a atenção para os verbos na passagem (‘explicar’, ‘caracterizar’, etc.)
[A10] Comentário: Favor reescrever de
como possíveis interpretações do fenômeno, e importantes no confronto com os dados acordo com o comentário anterior. FAVOR
VER COMENTARIO ANTERIOR.
reais. Na segunda, trazem uma definição da formulação: [A11] Comentário: Autor?
[A12] Comentário: Favor reescrever de
acordo com um comentário anterior.
FAVOR VER COMENTÁRIO
[...] junto com o que quer que possa estar acontecendo na conversa,
ANTERIOR.
pode ser uma característica da conversa para os interlocutores que

3
No original: “Natural language provides to constructive analysis its topics, circumstances, resources,
and results as natural language formulations of ordered particulars of members’ talk and members’
conduct, of territorial movements and distributions, of relationships of interaction, and the rest”.
4
No original: “A member may treat some part of the conversation as an occasion to describe that
conversation, to explain it, or characterize it, or explicate, or translate, or summarize, or furnish the gist of
it, or take note of its accordance with rules, or remark on its departure from rules. A member may use
some part of the conversation as an occasion to formulate the conversation.”
eles estejam fazendo algo mais, a saber, o que estão fazendo é dizer-
em-tantas-palavras-o-que-estamos-fazendo (ou do que estamos
falando, quem está falando, quem somos, ou onde estamos, etc.)
(GARFINKEL & SACKS, 1972, p. 351 171 – grifo meu) 5. [A13] Comentário: Se o grifo é seu, por
que o trecho aparece em itálico no original
na nota de rodapé?

Em outras palavras, a prática de formulação é uma importante ferramenta prática [A14] Comentário: O quê?

para a criação e manutenção de intersubjetividade, e, como tal, é uma característica


pervasiva de conversas, em qualquer contexto. No contexto institucional, Heritage e
Watson (1979, p. 128) afirmam que as formulações são de grande valor práticopossuem
uma “imensa utilidade prática”, uma vez que elas lidam com problemas corriqueiros na [A15] Comentário: Seria interessante
utilizar uma paráfrase para não ser
administração local das descrições dos participantes (de pessoas, eventos, lugares, etc.), necessário colocar o trecho original (bem
reduzido) em nota de rodapé.
um elemento central da vida cotidiana. Assim, elas possuem “os usos das formulações
são múltipos usos” (HERITAGE & WATSON, 1979, p. 128) e concorrem para a ordem [A16] Comentário: Seria interessante
utilizar uma paráfrase para não ser
social. necessário colocar o trecho original (bem
reduzido) em nota de rodapé.

Podem-se formular: (a) o cerne (gist) de uma conversa, encapsulando o ponto


principal do que foi dito, e (b) o resultado ou a conclusão (upshot) de um trecho de uma
conversa ou da conversa como um todo (HERITAGE & WATSON, 1979). [A17] Comentário: Referência?

Fundamentalmente, as formulações são sensíveis aos parâmetros básicos do sistema de


tomada de turnos (SACKS, SCHEGLOFF & JEFFERSON, 2003): são primeiras partes
de pares adjacentes que projetam uma segunda parte como próxima ação relevante no
próximo turno – uma decisão sobre a proposta de interpretação apresentada, que ocorre
como uma confirmação ou desconfirmação da interpretação. Uma vez que a formulação
é composta por expressões indexicais que não são soluções definitivas para o problema
da definição do sentido, ela representa o engajamento constante dos participantes de
uma interação na tarefa de constituição reflexiva desta conversa, ou seja, de constituí-la
ao fazê-la, dizendo o que ela é (HERITAGE & WATSON, 1979; 1980).
Porque está ligada ao entendimento do que se diz, a formulação rotineiramente
envolve uma espécie de repetição de uma elocução anterior produzida na conversa.
Nesta medida, opera uma transformação ou paráfrase dessa elocução, sujeita a
negociações sobre a sua acuidade, correção, etc. Ao mesmo tempo em que preserva
determinadas características, essa operação de repetição também recontextualiza as

5
No original: “[...] along with whatever else may be happening in conversation, it may be a feature of the
conversation for the conversationalists that they are doing something else, namely, what they are doing is
saying-in-so-many-words-what-we-are-doing (or what are we talking about, or who is talking, or who we Formatado: Fonte: Não Itálico
are, or where we are, etc.)”
elocuções sob uma nova interpretação. Desta forma, Heritage & Watson (1979)
apresentam três operações realizadas por formulações: a preservação, o apagamento e a
transformação, que podem ocorrer simultaneamente. Destaco daqui a questão da
neutralidade, importante para o contexto de mediação.
Heritage (1985) apresenta cinco características, que são i mais uma “peça” no
entendimento do que são as formulaçoes e como elas funcionam. O autor investiga o
contexto de entrevistas jornalísticas televisivas e a prática de formular perguntas no
turno de fala de entrevistadores, dirigidas a seus entrevistados. O autor mapeia cinco
características da prática de formular: (a) estimular a expansão da fala anterior em maior
profundidade; (b) promover a seleção de elementos do turno anterior para
avaliação/confirmação no próximo turno; (c) ser neutra, ao evitar comentário ou
avaliação das experiências relatadas; (d) elaborar cálculo inferencial das experiências
relatadas; e (e) acrescer algo ao que foi originalmente dito no turno anterior.
Novamente, surge a questão da neutralidade. [A18] Comentário:
REVISORES: Por que dedicar um
parágrafo à formulação jornalística se esse
No contexto de mediação no Brasil, tenho notícias de dois trabalhos. No âmbito não será o foco do trabalho? É preciso
indicar a relevância dessa inclusão para o
do Juizado Especial Cível de Relações de Consumo, Ladeira (2005) estuda a leitor.

AUTOR: PORQUE O AUTOR


formulação como uma prática de controle interacional do mediador, utilizada em dois APRESENTA 5 CARACTERÍSTICAS
QUE SÃO OMPORTANTES. SÃO MAIS
momentos: durante o relato da história do problema e durante a negociação do UMA “PEÇA” NO ENTENDIMENTO DO
QUE SÃO AS FORMULAÇOES E COMO
ressarcimento ao consumidor. Na fase do relato, a formulação tem por objetivo FUNCIONAM.

“esclarecer e fortalecer estabelecer uma versão da história do conflito, sobre a partir da REVISORES: Favor apontar isso em seu
próprio texto para que os leitores possam
compreender o desenvolvimento das idéias.
qual se pautará transcorrerá a negociação” (p. 4). No segundo momento, a formulação
[A19] Comentário:
opera sobre as propostas de negociação, tornando-as mais plausíveis para a outra parte. REVISORES: Como há uma citação e a
indicação de um número de página se
Focando-se no PROCON, Freitas (2009) estuda como as formulações extremas Ladeira (2005) é uma comunicação oral?

AUTOR: PORQUE A AUTORA ME


(POMMERANTZ, 1986) em audiências de conciliação no PROCON estão PASSOU O SEU TEXTO DE
APRESENTAÇÃO,QUE ELA LEU PARA
comprometidas com diferentes versões dos fatos e de interesses em andamento pelas A PLATÉIA, E ESTÁ NA PÁGINA 4.
SÃO PALAVRAS DELA.
partes opostas (reclamantes e reclamados), apresentando conclusões favoráveis aos
REVISOR: Como a referência é de uma
interesses de cada parte. Para tanto, Freitas (2009) mapeia a relação forma e função da apresentação oral, favor lançar mão de uma
paráfrase, indicando a referência sem o
número da página.
formulação extrema nesse contexto, mostrando como ela atua como uma poderosa
[A20] Comentário: Por que esse
ferramenta prática de argumentação. trabalho aplicado ao contexto brasileiro
aparece tão depois da explicação do termo?
Não seria melhor reorganizar essa seção de
A formulação é, então, um objeto central na vida cotidiana e, como tal, possui tal forma que os conceitos similares fiquem
textualmente próximos? POR QUE ESSES
características básicas, que ocorrem em qualquer situação. No entanto, a breve revisão AUTORES NAO FORAM OS
PRIMEIROS NEM OS MAIS
da literatura nos ambientes institucionais parece apontar para aspectos indexicais de IMPORTANTES NA DESCRIÇÃO DO
FENOMENO, E SIM OS AUTORES
sensibilidade ao contexto. Assim, o estudo da mediação judicial familiar mostra-se, ESTRANGEIROS. TRATA-SE DE UMA
ORDEM DE IMPORTANCIA TEÓRICA
NO CENÁRIO INTERNACIONAL.
então, relevante, podendo contribuir para o melhor entendimento das práticas de
mediação em contexto.

3) Metodologia de pesquisa
A presente pesquisa é qualitativa, com foco na elucidação de processos de
construção de sentidos na linguagem, e considera a atividade científica uma prática
localmente situada de se representar o mundo, através da qual o torna visível (DENZIN
& LINCOLN 2000). Utilizo gravações, transcrição de dados, entrevistas, sessão
conjunta de análise de dados e notas de campo. Considero a realidade uma construção
contínua dos atores sociais, realizada no fluxo de eventos interacionais (BERGER &
LUCKMANN, 1966).
Apresento um estudo de caso (STAKE, 1995), de uma unidade social específica
– uma determinada vara de família de um fórum de uma cidade do Rio de Janeiro. É um
caso de mediação6, realizado em 2007, em que uma assistente social, Sônia, atua como
mediadora, no meio de um processo judicial de regulamentação de visitas, movido por
Amir, ex-marido de Flávia, para pleitear melhores horários para ver seus filhos. O juiz
em questão decidiu enviar o caso para um estudo social, e a assistente social resolveu
propor a mediação às partes, que foi aceita, cujos resultados foram devolvidos ao juiz
em um relatório final.7 No total, foram coletadas seis horas de gravação, distribuídas em
duas entrevistas de pré-mediação (EPM) e quatro sessões (conjuntas) de mediação
(SM).
Utilizo a convenção de transcrição da análise da conversa (SACKS,
SCHEGLOFF & JEFFERSON, 2003), que adota preferencialmente a fonte Courier
New, tamanho 10, por possibilitar melhor ajuste das sobreposições e disposição gráfica.
As gravações foram feitas com o consentimento de todas as partes, inclusive o do juiz,
sendo os nomes (de pessoas, lugares, empresas, etc.) fictícios.
A análise de dados será efetuada levando em conta a análise seqüencial proposta
pela Análise da Conversa Etnometodológica (SACKS, SCHEGLOFF & JEFFERSON,
2003), em que os turnos de fala são explorados na sua capacidade de duplamente
contextualizar a fala – um turno corrente sempre é uma resposta (ou uma reação) ao que

6
Divan e Oliveira (2009) utilizam os mesmos dados para tratarem do tema da neutralidade.
7
Os dados aqui representam um determinado momento histórico da prática de mediação judicial,
modificado hoje em dia em função da incorporação oficial de novas diretrizes sobre a mediação judicial,
consubstanciada em Azevedo (2009).
foi dito no turno anterior, ao mesmo tempo em que projeta uma dada expectativa quanto
ao que pode ser produzido no turno seguinte. As unidades de construção de turno Neste
procedimento, privilegia-se o aspecto êmico do contexto, levando-se em conta o que
está posto na fala dos participantes, em sua perspectiva.. [A21] Comentário: Favor expandir esse
parágrafo a respeito dos procedimentos de
análise.

4) Análise de dados
Devido ao escopo do trabalho, selecionei apenas um trecho para análise, oriundo
da entrevista de pré-mediação de Sônia com Flávia. É apenas uma única amostra dos
dados, mas o trecho é relativamente longo, com vários exemplos de formulação de
Sônia, o que permite uma análise mais detalhada do jogo interacional. Acredito também
que o caso é exemplar para mostrar a complexidade dessa prática neste contexto e a
relação entre mediação e formulação. Ainda possui a vantagem de ter sido selecionado
em torno de um mesmo movimento interacional – a discussão das dúvidas de Flávia
sobre a doença de Amir, que alega ter síndrome de pânico, e, por isso, não pode mais
trabalhar. A questão é se isso também afeta sua capacidade de cuidar dos filhos durante
as visitas deles em sua casa.
A interação, no total, dura 02:17 minutos. As setas à esquerda indicam focos de
atenção na análise, que recaem se volta principalmente sobre para as formulações da [A22] Comentário: Ou em todos os
casos?
mediadora. As diversas formulações da mediadora ocorrem em torno de um mesmo
tema e possuem uma macro-função – atuar no co-gerenciamento das impressões de
Flávia sobre o estado de saúde de seu ex-marido e o impacto disso para a relação pai e
filhos e para o pleito no processo. Podemos dividir a análise em três momentos, que
equivalem a mudanças qualitativas nas (re)formulações, conforme explicado nas
análises a seguir. Os três excertos são contíguos.

4.1) 1º momento
No primeiro momento, Flávia fornece os primeiros “insumos” que serão [A23] Comentário: Favor introduzir a
subseção.
trabalhados na formulação de Sônia a seguir:

01 Flávia então na audiência pra conciliação ele estava ótimo.


02 ele não quis mostrar que ele foi ( ), ele tá bem,
03 então- é é mostrar que o que ele falou era verda:de,
04 eu ameacei mesmo,
05 (0.5)
06 Flávia nas audiências que interessam a ele, ele tá
07 doe::nt[e-
→ 08 Sônia [a senhora tá- querendo dizer então que o seu
09 amir é um grande ator↓
10 Flávia (tá pare-) to- todo mundo acha↓ eu não sei, eu não
11 posso- eu sei, entendeu? eu não vou falar que é ou
12 não é, mas pelo que eu vê::jo,
13 (0.2)
14 Flávia se eu ti(h)ves(h)se din(h)he(h)iro eu
15 con(h)tra(h)tava um det(h)et(h)ive↓

A formulação de Sônia (linhas 08 e 09) intervém nas impressões de Flávia sobre


o comportamento do ex-marido perante o juiz, nas linhas 01-04 e 06-07., em
sobreposição de turno, que na verdade interrompe o fluxo da fala de Flávia. Em termos
de operação realizada pela formulação, houve um forte apagamento do que foi dito,
associado, ao mesmo tempo, a uma forte transformação de sua fala, por cálculo
inferencial da mediadora, atribuindo a Flávia a afirmação, via uso de uma categoria do
mundo do teatro, de Amir possuir maestria em certo tipo de trabalho de personagem – o
de manipular bem as impressões. Em outras palavras, a mediadora busca confirmar se
Flávia crê que Amir não é confiável. É isso o que está posto para decisão no próximo
turno. O que se preservou da fala de Flávia foi sua intenção de fala, captada pela
mediadora: a acusação implícita de charlatanismo.
A reposta de Flávia é dúbia e flutuante: parcialmente confirma, a partir de sua
experiência – “(tá pare-)”, convocando a voz de outros – “to- todo mundo acha↓”;
parcialmente desconfirma-a, negando – “eu não sei, eu não posso- eu sei,
entendeu? eu não vou falar que é ou não é,”, e retorna novamente à
experiência ótica – “mas pelo que eu vê::jo,” (linhas 10-12). Por fim, investe na
direção de uma confirmação, de forma irônica, com risos, a partir da contratação de um
detetive (linhas 14 e 15).

4.2) 2º momento
O segundo momento de formulação é uma insistência, no próximo turno, de [A24] Comentário: Favor introduzir a
subseção.
uma resposta mais clara de Flávia para a mesma situação:.

→ 16 Sônia mas né então, dona flávia↑ (0.8) se a senhora


17 questiona [esse estado dele de saú:de?, (0.8) então=
18 Flávia [questiono↑
→ 19 Sônia = ele- (0.2) >>ele apresenta alguns atesta::dos, a
20 senhora acha que ele ta forja::::ndo uma doe::nça, (
21 ) quando lhe convé::m?
22 (0.2)
23 Flávia <e ao mesmo tempo o pai dele já parou comigo e falou
24 que ele tá muito mal, e foi nessa época que eu
25 entrei até- que o pai falou que onde vai tem que
26 levar junto, não vai no banco, não vai no mercado
27 sozinho aí eu fiquei preocupada então o pai ta indo
28 junto em todos os lugares, então tem que ver isso.
29 que ele leva o meu filho pra pesca::r, leva em
30 vários lugares, quer dizer eu fico com medo, então
31 eu fico assim. “ta ou não ta?” tem hora que eu acho
32 que tá, tem hora que eu acho que não, eu não tenho
33 certeza↓

O segundo momento de formulação é uma insistência, no próximo turno, de uma


resposta mais clara de Flávia para a mesma situação, ou seja, Vemos aqui uma
reformulação, através da qual a mediadora retoma a atividade (linha 16), construindo
seu turno a partir na estrutura “se X entao Y”. A primeira parte – “se a senhora
questiona [esse estado dele de saú:de?, (0.8) então” (linhas 16-17) obtém
confirmação imediata de Flávia de forma enfática na linha 18. Mas o destino de sua fala
vem na segunda parte do enunciado, entre as linhas 19-21, adicionando informações não
contidas na fala anterior de Flávia – “>>ele apresenta alguns atesta::dos,”
(linha 19). O que é específico da reformulação é o passo além que se dá, tal como Flávia
fez com o detetive. Sônia formula preserva de sua fala, tal como na formulação anterior, [A25] Comentário: Favor rever.

a intenção de fala e formula uma acusação formal de Flávia a respeito de Amir, também
utilizando as operações de transformação, acréscimo e cálculo inferencial.
O turno de resposta é longo, sintaticamente desenvolvido como uma continuação
de sua própria fala das linhas 10 a 12 – note-se a conjunção aditiva no início do turno e
a expressão adversativa – “<e ao mesmo tempo” (linha 23) –, disjuntiva em relação à
fala de Sônia, ou melhor, não é uma resposta direta. Flávia evoca novamente a voz do
outro, no caso, a do pai de Amir, uma voz de autoridade e normalmente de confiança, o
que equivale a uma resposta desconfirmadora. Ao mesmo tempo, reabre a dúvida, digna
de ser checada, que comparece como conclusão no meio do turno – “então tem que
ver isso” (linha 28). É um turno de expressão de um conflito psicológico, um drama
pessoal, expresso em suas palavras subseqüentes, justificativas para esta posição, todas
centradas no seu temor em relação ao bem estar do filho com o pai (linhas 28-33).
De certa forma, a reformulação, elevada no grau de acusação, levou a um
reposicionamento de Flávia, um reenquadre da situação, nos termos de Goffman (1974),
deixando emergir seus sentimentos pessoais naquilo que importa para a mediação – a
relação com o filho e a sua segurança como mãe perante a capacidade psicológica do
ex-marido para com o filho.
4.3) 3º momento
Aqui, a mediadora reage a Flávia, em um longo, delicado e específico trabalho [A26] Comentário: Favor introduzir a
subseção.
de uma (segunda) reformulação:

→ 34 Sônia a- a propaga::nda que ele faz (( mediadora fala com


35 pedro, o pesquisador da ufjf)) a propaganda que ele
36 e a família então fa:zem (.) >é de que ele não tá
37 bem de saúde.< [A27] Comentário: Por que essa linha
387 Flávia >é.< não foi numerada?
398 (.)
4039 Flávia >isso.<
→ 410 Sônia mas o que as pessoas comentam com [a senhora é que
421 Flávia [>>o dia a dia.<<
→ 432 Sônia = ele tá bem de sa[úde?
443 Flávia [>>o que ele é capaz de fazer.<<
→ 454 Sonia e isso deixa a senhora insegura,
465 Flávia fi::co porque ele- [pra-
→ 476 Sônia [pra por exemplo sair com os
487 meninos?
498 Flávia isso. com a- é. porque a menina não vai mais.
4049 >>quando a menina ia,<< eu não não me preocupava,
510 porque ela é muito responsável, ela toma- ajuda a
521 tomar conta. e- ela já parou de. já tem uns nove
532 meses que ela não vai. ºnove dez meses que ela não
543 vai,º [aí eu já fico=
554 Sonia [ºurrum.º
565 Flávia =mais assim,
→ 576 Sônia então se- se a senhora:: conclui, que ele tá bem↑
587 (0.2) os meninos podem ir com ele? o menino-
598 Flávia po:de, do jeito que era antes. ele tá querendo mais
6059 tempo.
→ 610 Sônia o que precisava então é a senhora ter mais certeza
621 sobre isso?=
632 Flávia =i:sso.
643 (.)
654 Flávia e se ele tá bem mesmo. eu me preocupo mesmo.
665 (.)
676 Flávia porque o vitor falou “mãe eu fui pescar tal dia,”
687 eu fico preocupada.
698 Sônia ãrrãm.
7069 (.)
710 Flávia e se ele tá- desse jeito, eu não acho que ele possa
721 ficar com o menino sozinho.
732 (.)
743 Flávia pelo que ele quer mostrar que ele tá e agora e
754 agora ele freqüenta normal as coisas freqüenta
765 pizzaria anda de moto eu não entendo como é que
776 essa doença funciona.
787 (2.0)

Aqui, a mediadora reage a Flávia, em um longo, delicado e específico trabalho


de uma (segunda) reformulação. Sônia Rrecapitula todo o assunto de suas suspeitas a
respeito da doença do ex-marido com o objetivo de recontextualizar a fala sob uma nova
ótica, a do mapeamento de pontos problemáticos a serem resolvidos e a de uma possível
solução em termos de uma proposta aceitável de acordo para Flávia, tendo em vista o
pleito de Amir no processo. Isto é feito de forma muito cuidadosa, com o parcelamento
de cada elemento desse movimento em seis partes, tudo negociado, passo a passo, [A28] Comentário: Há, no entanto, sete
trechos assinalados na transcrição. ESTÁ
fechando-se microacordos bem locais, seja de entendimento da situação, seja de uma CORRETO MEU TEXTO. LINHAS 40 E
42 SÃO CONTINUAÇÃO DE UMA
MESMA FALA, DE UMA MESMA
possível proposta, conforme se segue. UNIDADE DE CONSTRUÇÃO DE

Na primeira parte, Sônia retoma um aspecto da questão – a versão do ex-marido


e de sua família (linhas 34-376). Ressalte-se a escolha vocabular – “propaganda” –, em
sentido negativo. Tranqüilamente, a mediadora espera a decisão, uma confirmação –,
feita duas vezes por Flávia, nas linhas 378 e 3940, e ainda com uma micropausa no
meio, na linha 389.
Na segunda parte, Sônia apresenta a imagem discrepante, nas linhas 401 e 423,
recebida por Flávia, não exatamente com confirmações diretas, mas com falas de ajuda
na reformulação de Sônia,. nNas linhas 412, ela antecipa o tópico que imagina ser o que
Sônia iria falar; na linha e 434, fornece uma segunda versão da formulação em
andamento na fala de Sônia, sobre o que Amir é capaz de fazer. Ambas que funcionam
como alinhamentos de solidariedade. [A29] Comentário: Favor expandir esse
parágrafo, que contém um único período.
Na terceira parte, a mediadora aponta o problema de insegurança gerado por essa
situação para Flávia, na linha 445, imediatamente confirmado, na linha 456, seguido de
uma explicação, mas interrompida pela mediadora logo em seguida. [A30] Comentário: Favor expandir esse
parágrafo, que contém um único período.
A quarta parte mostra o campo da insegurança e ponto-chave para o processo
judicial, nas linhas 467 e 478, novamente confirmado de imediato por Flávia na linha
489, seguido de uma série de explicações, nas linhas 489-534. Nelas, Flávia apresenta o
motivo de sua preocupação – o filho não conta mais com a ajuda da irmã em suas visitas
ao pai. [A31] Comentário: Favor expandir esse
parágrafo, que contém um único período.
A quinta parte formula a condição necessária para a mudança na posição de
Flávia no futuro próximo a favor do que se pretende na mediação deste caso, nas linhas
567 e 578. É, no fundo, uma proposta de acordo, recebida com reservas, que calibra a
interpretação, nas linhas 589-5960.
Na sexta e última parte, uma nova formulação de condição necessária para a
mudança é feita, nas linhas 601 e 612, plenamente confirmada no próximo turno, na
linha 632,. Na linha 645, Flávia adiciona um item ao que foi dito por Sônia, e nas linhas
667-678 fornece seguida de uma série de explicações çãode Flávia, nas linhas 64, 66-67,
. Na linha 689, Sônia emite um continuador, sinalizando que está ouvindo e espera mais
fala. Segue-se uma pausa na linha 6970, e nas linhas 701-712 Flávia emite um parecer
(ainda que provisório) sobre as capacidades de Amir de tomar conta do filho, tema
expandido nas linhas , 734-7767, até que a seqüência se finaliza, na linha 77. [A32] Comentário: Favor expandir esse
parágrafo, que contém um único período.

5) Considerações finais
A análise empreendida aqui transformou pouco mais de dois minutos de
conversa em uma extensa análise de dados, colocando-os, assim, em uma lente de
aumento. Mostrei que a formulação é usada como uma ferramenta de discurso na
atividade profissional de mediação em uma vara de família, operando sobre um mesmo
objeto de discurso – as impressões de uma ex-esposa sobre o estado de saúde de seu ex-
marido.
As formulações da mediadora tiveram por objetivo pragmático atuar no
gerenciamento das impressões e das emoções a respeito deste tema, possibilitando
possíveis transformações de uma das partes – a ex-esposa – em direção a um futuro
acordo, no âmbito do pleito de um processo judicial. Nesse sentido, é uma mediação
que opera em dois níveis – o da questão prática de um acordo para a visitação dos
filhos, e o nível mais subjetivo da melhoria do eixo relacional entre ex-marido e ex-
esposa que possuem filhos em comum, como benefício (secundário?).
Na fala desta mediadora, a formulação esta prática evidenciou-se, sobretudo, [A33] Comentário: Favor tentar reduzir
a repetição lexical.
como uma forte atuação sobre a fala de outra pessoa, realizada pelas operações de
transformação e apagamento, com preservação de conteúdo via intenso cálculo
inferencial das intenções de fala. Nos três excertos mostrados, ocorreu, nesta ordem,
uma formulação, seguida de duas reformulações na fala da mediadora,. Através deste
processo, sendo as duas atividades não equivalentes, e com diferenças qualitativas, pois
houve um trabalho mais refinado de foi possível ser elaborada uma maior sintonia entre
as partes, cada vez mais caminhando para formulações desejáveis em uma e a mediação
mediadora pôde, então, desempenhar uma função central da entrevista – a emergência
de mapear pontos problemáticos para uma das partes em um processo e com vistas a
uma possível detecção de solução futura para de acordo. Nesse sentido, as formulações [A34] Comentário: O período é muito
longo e não muito claro.
tornaram os enunciados cada vez mais ‘limpos’ de ruídos, recontextualizando-os sob
uma nova ótica, a da negociação. Neste percurso, evidenciou-se também o recurso a
outras vozes e diálogo construído nas sucessivas falas de Flávia, que eram, na verdade,
também reformulações.
Destaco algumas implicações deste estudo para reflexão. A primeira, diz
respeito à contribuição para a discussão dos conceitos de neutralidade, tão caro à
mediação, e do tipo de mediação em questão. Em que bases poderíamos falar de uma
mediadora neutra aqui? Houve neutralidade? E imparcialidade? Estaríamos diante de
uma prática de mediação mista, como abordagem de solução de problemas e também de
transformação das partes que passam por uma mediação? Estaríamos diante de uma
mediação transformadora? Ressalto o alto valor argumentativo das (re)formulações na
vida cotidiana e a pervasividade desta prática na vida social.
Uma vez que a formulação é um índice por excelência de indexicalidade da vida
social, fica também a questão da sensibilidade ao contexto e o quanto as formações
estudadas foram realizadas de acordo com o caso específico dessa medianda, e o quanto
possui de generalização possível de ser transportada para outros casos e outros tipos de
mediação. A propósito, parece-me que há uma especificidade das formulações neste
contexto de mediação, em relação ao do PROCON – o de serem relações continuadas:
ex-marido e ex-mulher continuam sendo pai e mãe, com filhos em conjunto, para o resto
da vida.
Reafirmo, por fim, o valor de uma análise empírica, baseada em dados reais de
fala-em-interação, para se discutir temas tão centrais no mundo do trabalho, como o
fazer de uma entrevista de pré-mediação judicial. A pesquisa, em contribuição de
natureza aplicada, confirma a formulação como uma importante ferramenta de
mediação, através da análise com fina atenção para os detalhes da fala e coordenação
entre os participantes na vida social no aqui e agora de seus afazeres práticos.

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