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Resenha de mini-curso:
O TRABALHO COMO PRINCIPIO PEDAGÓGICO EM MARX, LÊNIN E
GRAMSCI E SUA PROBLEMÁTICA NA ATUALIDADE. 1
2º- (1866/67): ”Instruções aos delegados” e “O Capital, livro I, cap.13”. Nesses dois textos,
Marx apresenta a idéia de educação politécnica e/ou tecnológica. M. A. Manacorda (1991),
de página 25 a 38, detém-se em esclarecer equívocos de tradução desses textos que
tornaram os conceitos de politecnia e tecnologia semelhantes e por vezes confusos.
Expressam eles, no entanto, na inter-relação escola-trabalho, perspectivas muito
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5º - (1916): Gramsci4 escreve, durante a Primeira Guerra Mundial, vários artigos de jornal,
se posicionando na polêmica entre os adeptos da escola profissionalizante e os defensores
da escola de cultura geral. Nesse primeiro debate, firma ele posição contrária ao ensino
profissionalizante, precoce, interesseiro, imediatista, pragmatista e tecnicista, defendendo a
idéia de que a relação entre escola e trabalho produtivo, assim como o marxismo a entende,
inscreve-se numa concepção de cultura “desinteressada”, de longo alcance, científica,
humanista e moderna. A oportunidade concreta para intervir nesse debate surgiu, no ano de
1916, quando o governo italiano defendera um profissionalismo grosseiro e interesseiro,
simplesmente porque precisava de mão-de-obra jovem para fabricar armas e continuar a
Guerra. Para o socialismo, insiste Gramsci, a escola-do-trabalho é a escola-do-saber-
desinteressado-do-trabalho, isto é, a escola onde se estuda a história, a problemática, os
horizontes técnico-sociais e políticos do mundo do trabalho e não onde os operários
aprendem a operar as máquinas da burguesia. (Nosella, 2004, p.42-50)5
relação trabalho e educação de forma amadurecida. Destacamos para o nosso estudo dois
textos, que definem o sentido do trabalho como princípio educativo. O Caderno nº 12: “Os
intelectuais e a organização da cultura” (Gramsci, 1975, p.1.511); e o Caderno nº 22:
“Americanismo e Fordismo” (Gramsci, 1975, p.2.137). Nestes cadernos, o autor expõe o
conceito de trabalho e escola unitária. O eixo curricular principal dessa proposta escolar,
isto é, seu conteúdo formativo mais importante, que substituiria o ensino do latim da escola
tradicional, é o estudo do processo da produção e reprodução da vida humana. A escola
unitária não ensina propriamente a trabalhar, mas a estudar o fenômeno do trabalho,
considerando que também o estudo é um trabalho ”muscular nervoso”. A escola unitária
objetiva entender o mundo do trabalho, refletir sobre ele e moldar os hábitos fundamentais
para um cidadão útil à sociedade. Não é a escola do emprego ou da profissionalização
precoce; não é a escola do parasitismo, nem da retórica inútil; não é a escola do
assistencialismo e menos ainda da exploração/agressão irresponsável do planeta. É a escola
que molda os instintos, o corpo, o olhar, a mente, o coração, a vontade, em consonância
com os valores éticos-políticos e os processos científicos do trabalho industrial moderno. A
escola unitária de Gramsci é universal e obrigatória, aproximadamente até aos 18 anos.
Nela ministram-se conteúdos que incluem as artes, o esporte, a ciência, a técnica e a
cultura em geral. É a escola do trabalho desinteressado, isto é, não imediatista e
utilitarista. Depois dessa sólida base escolar, inicia-se para todos a profissionalização mais
específica, nas universidades e ou nas academias (engenharias ou escolas politécnicas).
Obviamente, para Gramsci, essa escola unitária só se desenvolve pari passu com o
desenvolvimento de uma sociedade economicamente unitária.
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GRAMSCI, A. Quaderni del cárcere. Volumes I, II, III e IV. Editora Einaudi, 1975.
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