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Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI - Campus Santo
Ângelo
O uso de computadores no campo educacional data do início dos anos 80. No Brasil, uma
das atividades pioneiras foi o projeto governamental EDUCOM[1]. Projeto que pretendia
disponibilizar computadores para crianças brasileiras a fim de que o Brasil entrasse “na onda”
de modernização[2]. Assim, tal relação poderia ser posta sob forma de uma fórmulação
matemática: computadores = modernização.
Após estas quase duas décadas de utilização, a discussão sobre os resultados quanto à
questão da validade do investimento em computadores na educação não tem sido unânime.
Isto acontece tanto no Brasil quanto em outros países como Estados Unidos da América e
Inglaterra onde a interação computadores e educação tem sido amplamente difundida.
Betty Collis (1996), autora que adentra esta “arena”, realiza um levantamento dos
“erros e acertos” da educação com computadores. Discutindo aspectos que, segundo sua
perspectiva ocorreram em vários países, independentemente da forma de implementação. O
primeiro nível de problemas refere-se às incongruências no uso de computadores por parte da
comunidade escolar, esse conflito envolvia: dificuldades na aprendizagem da manipulação dos
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O segundo nível de problemas surge quando o primeiro está se esvanecendo, seja por
iniciativa de docentes e/ou do estabelecimento escolar e/ou mantenedora deste. Diz respeito à
dificuldade de integração do computador ao ensino. Nesta “etapa”, o software é tido enquanto
não eficiente ou apropriado para os objetivos do ensino.
Assim, diferentes políticas e estratégias acabam tendo fins similares. Mais um fator diz
respeito à dificuldade de apontar os gastos efetivos tanto diretos quanto indiretos realizados
com computadores na educação, tornando-se inviável a comparação entre gastos com meios
usuais e meios informáticos na educação. Esta questão é importante de ser considerada por
agentes implementadores de propostas de grande amplitude e abrangência geográfica.
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Betty Collis (1996) aponta dados semelhantes ao discutir que o docente é a variável
crítica no uso de computadores na escola quanto à avaliação dos projetos governamentais de
informática, pois é sobre ele que as considerações recaem (grau de entendimento, utilização,
intenções, proposta pedagógica, articulação com o currículo escolar, etc.). Outro elemento
trazido pela autora refere-se às pesquisas realizadas nesta área que se restringem a problemas
de implementação e a suas dificuldades, não atendo-se às dificuldades dos docentes, ou seja,
não é dada voz aos usuários.
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Neste sentido, a autora aponta o deslocamento que há entre o uso da rede e de outros
artefatos pedagógicos: a rede estaria na dependência da avaliação do docente, afastada de
especialistas em educação (como acontecera - e acontece - com relação ao planejamento
curricular, ao uso de livros didáticos escritos por um autor ou autora); este poderá decidir como
integrar o uso da rede às situações pedagógicas que está desenvolvendo.
Este aspecto marca uma diferença entre a rede e softwares, pois assim será mais fácil
ver a aplicabilidade dos recursos advindos da rede do que vê-lo no uso de um pacote de
aplicativos (ou de softwares, inclui-se aqui os chamados “multi-mídias”) que pretendem
ensinar. Neste mesmo sentido, a WWW é um meio flexível e universal, com uma plataforma
independente do uso (contrário a um software que possui especificidades), além de utilizar-se
de diversas mídias.
O uso da WWW nas escolas, comenta a autora, tem contribuído para reduzir valores
negativos no nível de problemas, incremento em experiências prazerosas além de um vetor de
expectativa positiva. Assim, parece que a experiência com WWW nas escolas têm um futuro
mais promissor do que o uso de computadores sem Internet, tendo em vista que alterou a
relação entre os “3P” para positiva.
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As NTC, por sua vez, vêm com a marca da comunicação, de troca e acesso de
informações e não tanto como tratamento de dados, efetuando a passagem do tratamento à
possibilidade de comunicação remota.
Referências Bibliográficas
COLLIS, Betty. The Internet as an educational innovatio : lessons from experience with
computer implementation. Educational Technology, v. 36, n. 6, p. 21-30, 1996.
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GIRAFFA, Lucia Maria Martins. Reflexões sobre o computador na escola. Porto Alegre :
PUC/FE, 1991. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Educação, Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul, 1991.
LA TAILLE, Yves de. Ensaio sobre o lugar do computador na educação. São Paulo : Iglu, 1990.
OLIVEIRA, Ramon de. Informática educativa : dos planos e discursos à sala de aula.
Campinas : Papirus, 1997. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
WEI, Chin-Lung. Instructional uses of computers in boys’, girls’, and coeducational senior high
schools Journal of Computer-Based Instruction, Taiwan, 20, n. 01, p. 15-10, winter, 1993.
http:// www.elever.net/quinion/words/cyber.htm
[1] Para maiores dados ver Chaves; Setzer (1988) e Giraffa (1991).
[2] Desde os anos 60, os bancos brasileiros já vinham usando computadores, mas foi a
partir dos anos 70, com a expansão e modernização da economia brasileira, que o
interesse em computadores mostrou-se mais forte. Época do “milagre brasileiro”, em
que o volume e a diversidade das aplicações cresceram aceleradamente como
resultado da própria sofisticação do mercado financeiro e da política de concentração
bancária induzida pelo Governo Federal, conforme Dantas (1989). Nos anos 70,
constitui-se a Política Nacional de Informática (PNI) que teve suas linhas básicas
colocadas, segundo David Rosenthal e Silvio Meira (1995) num contexto de
industrialização brasileira, busca de modernização do aparelho estatal e militar,
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chegada de engenheiros que fizeram sua formação fora do Brasil, crescente uso de
computadores na “elite técnica”, ou seja, nas esferas centrais do governo e impacto da
crise do petróleo de 1973, que expôs a fragilidade da economia brasileira. A
informática, então, toma o lugar de quem vai substituir as importações, permitindo o
aproveitamento tecnocientífico do país, baseado na idéia de desenvolvimento auto-
sustentado, defendendo um mercado de “reserva” nacional de equipamentos de
processamento eletrônico de dados.
[5] Ciberespaço é uma composição lingüística advinda do inglês - cyberspace. Uma das
primeiras “aparições” do prefixo cyber foi na palavra cibernética, proposta por Norbert
Wiener, em 1948 e derivada do grego na qual a idéia de controle é central. Cyberspace
advém do campo ficcional, reconhecidamente do romance de William Gibson
(Neuromancer, 1984), mas já utilizado em 1982 numa pequena história Omni, do
mesmo autor. É uma região abstrata - Matrix - invisível, na qual as informações
circulam sob diversas formas (imagem, som, texto...); é uma alucinação consensual
que pode ser experimentada diariamente por seus usuários, uma alucinação complexa
(ver http://www.elever.net/quinion/words/cyber.htm).
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