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Luiz R.

Perilli - OAB/SP 259200


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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 4ª VARA DA FAMÍLIA E DAS


SUCESSÕES DO FORO REGIONAL II - SANTO AMARO E IBIRAPUERA –
SÃO PAULO - SP.

Por dependência ao

Processo n° (XXX)

(XXX), brasileiro, divorciado, operador de


telemarketing, portador da Cédula de Identidade RG: (xxx) e do CPF (xxx)
(docs. 02 e 03), residente e domiciliado na Rua (xxx), (xxx), Bairro (xxx), CEP
(xxx), SÃO PAULO, Estado de São Paulo, por seu advogado (doc. 01), vem
respeitosamente à presença de V. Exa., com fulcro nos arts. 13 e 15 da Lei
5478/68, combinado com os art. 1703 da Lei n° 10.406/02 (Código Civil) e art.
273 do Código de Processo Civil, propor a presente

AÇÃO DE REVISÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA COM PEDIDO DE TUTELA


ANTECIPADA

em face do menor impúbere (XXX), representado por sua mãe, (XXX),


brasileira, divorciada, funcionária pública, residente e domiciliada na Rua (xxx)
n° (xxx), Bairro (xxx), CEP (xxx), nesta cidade de SÃO PAULO, Estado de São
Paulo, pelas razões de fato e de direito que passa a expor:

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DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

O Requerente é pessoa pobre, na acepção jurídica da expressão, conforme


declaração (doc. 08), onde informa não poder demandar em juízo sem prejuízo
de seu próprio sustento e do de sua família.

Assim, REQUER digne-se Vossa Excelência conceder-lhe os benefícios da


Justiça Gratuita.

DOS FATOS

Em 20 de julho de 1999, foi prolatada sentença por esse M.M. Juízo


determinando o desconto em folha de pagamento na base de 25% dos ganhos
líquidos do alimentante, em favor do ora menor. Posteriormente, referida
pensão foi estipulada em 2,2 salários mínimos vigentes na data do pagamento.

Entretanto, o Alimentante foi dispensado da empresa em que trabalhava à


época da estipulação da pensão. Prevendo que poderia ter dificuldades na
obtenção de novo emprego, o depositante depositou, usando
praticamente toda sua verba rescisória, a quantia de R$ 1.399,25 (um
mil, trezentos e noventa e nove reais e vinte e cinco centavos),
referente a prestações vincendas, conforme anotado pelo próprio
Alimentando, na Ação de Execução de Alimentos (Proc. n° (xxx), apenso aos
autos principais (Proc. (xxx)).

Posteriormente, o Alimentante trabalhou, de novembro de 1999 a abril de


2.000, na empresa (xxx), com o salário bruto de R$ 396,00 (trezentos e
noventa e seis reais), o que praticamente inviabilizou o pagamento de 2,2
salários mínimos, que montavam, à época, R$ 299,00 (duzentos e noventa
e nove reais).

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Dispensado dessa empresa em abril de 2.000, o Alimentante permaneceu


desempregado até agosto de 2.000, quando foi admitido na empresa (xxx),
com o salário bruto de R$ 514,00 (quinhentos e quatorze reais), onde
trabalhou até abril de 2.001.

Em agosto de 2.001, foi o Alimentante admitido na empresa (xxx), onde labora


até a presente data, com o salário bruto atual de R$ 744,62, percebendo
líquido por mês, o valor de R$ 588,91 (quinhentos e oitenta e oito reais
e noventa e um centavos), conforme faz prova os comprovantes de
pagamento (docs. 04 a 06) e cópia de seu contrato de trabalho (doc.
07), anexados à presente.

O Requerente é pessoa pobre, que vive humildemente numa casa deixada


como herança de sua mãe. Mas está vivendo nesse imóvel, temporariamente,
por complacência dos demais 7 (sete) herdeiros, tendo em vista a situação
financeira do mesmo, que hoje não tem condições nem mesmo de pagar um
aluguel.

O valor que aufere mensalmente mal cobre as despesas domésticas, e o


mesmo terá ainda de alugar uma casa, para residir com sua família, tendo em
vista que não poderá usufruir indefinidamente do imóvel pertencente também
aos demais herdeiros.

É importante verificar que as despesas do Requerente são as mínimas de


qualquer cidadão, não havendo nenhum luxo ou extravagância, mas mesmo
assim é humanamente impossível que uma pessoa com uma renda líquida
mensal de R$ 588,91, possa arcar com uma pensão de 2,2 salários mínimos,
correspondente na data atual a R$ 440,00 (quatrocentos e quarenta reais).

Veja-se que o valor remanescente para o Alimentante, a se manter a pensão


atual de R$ 440,00, seria de apenas R$ 148,91 (cento e quarenta e oito reais)

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que seria insuficiente até para a manutenção alimentar própria e de sua família,
muito menos as demais despesas necessárias.

Cabe ressaltar que hoje o Alimentante tem uma nova família, e suas despesas
não comportam o valor atual da pensão alimentícia, o que está tornando
inviável o cumprimento da obrigação alimentar estipulada por esse r. Juízo.

Conforme descrito pelo Mestre Yussef Said Cahali, em sua obra DOS
ALIMENTOS:

"Do mesmo modo, aquele que dispõe de rendimentos


modestos não pode sofrer a imposição de um encargo
que não está em condições de suportar; pois se a
justiça obrigasse quem dispõe apenas do
indispensável para viver, sem sobras, e mesmo com
faltas, a socorrer outro parente que está na miséria,
"Ter-se-ia uma partilha de misérias."

Assim sendo, permanecendo o Alimentante obrigado a pagar 2,2 salários


mínimos, devidos a título de alimentos, estaria se desconsiderando por
completo a possibilidade econômico-financeira do mesmo, o que, fatalmente,
acarretaria a sua total miséria, e, conseqüentemente, a sua inadimplência.

Portanto, o Alimentante se dispõe a pagar a valor correspondente 15%


(quinze por cento), sobre o seu salário líquido, a ser descontado
diretamente em folha de pagamento e depositado em conta da
representante legal do menor, no valor atual de R$ 88,34 (oitenta e
oito reais e trinta e quatro centavos).

Diante da situação financeira atual do Alimentante, essa é única possibilidade


existente para o mesmo, como participação na alimentação do Requerido.

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DO DIREITO

Funda-se o pedido do Requerente na Lei n° 5.478/68, que dispõe sobre


alimentos. Com efeito, assim dispõe referida lei em seus arts. 13, § 1° e 15:

“Art. 13. O disposto nesta lei aplica-se igualmente,


no que couber, às ações ordinárias de desquite,
nulidade e anulação de casamento, à revisão de
sentenças proferidas em pedidos de alimentos e
respectivas execuções.

§ 1º. Os alimentos provisórios fixados na inicial


poderão ser revistos a qualquer tempo, se houver
modificação na situação financeira das partes, mas o
pedido será sempre processado em apartado.”

...........................................................................
..

“Art. 15. A decisão judicial sobre alimentos não


transita em julgado e pode a qualquer tempo ser
revista, em face da modificação da situação financeira
dos interessados.”

Também o novo Código Civil Brasileiro, instituído pela Lei n° 10.406, de 2.002,
com vigência a partir de 11 de janeiro de 2.003, assim dispõe o § do art. 1.694
e art. 1.699:

”Art. 1694.

...........................................................................

§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção


das necessidades do reclamante e dos recursos da
pessoa obrigada.

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...........................................................................

Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier


mudança na situação financeira de quem os supre, ou
na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar
ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração,
redução ou majoração do encargo.”

Assim, de acordo com a legislação vigente, a revisão do quantum está


devidamente prevista na legislação.

A decisão que estipula os alimentos tem, segundo Yussef Said Cahali, implícita
a cláusula rebus sic stantibus:

“O respectivo quantum tem como pressuposto a


permanência das condições de possibilidade e
necessidade que o determinara” (Dos Alimentos, 2ª ed.,
2ª tiragem, RT, pág. 699).

De acordo com o estabelecido no art. 15 da Lei nº 5.478/68, onde reza que


caberá revisão de alimentos quando a situação financeira dos interessados for
alterada, encontra a presente ação respaldo legal, reforçado pacificamente pela
doutrina:

"O que se nota é que uma relação jurídica


continuativa, dá suporte material a ação de alimentos,
ou seja, uma relação jurídica em que a situação fatíca
sofre alterações com o passar dos tempos.

Deste modo, quando se diz que "inexiste" coisa


julgada material nas ações de alimentos, faz-se
referência apenas ao "quantum" fixado na decisão,
pois, se resultar alterada faticamente a situação das
partes pode se alterar os valores da obrigaçào
alimentar." (Dos alimentos, Yussef Said Cahali, pg. 701,
in fine).

No presente caso, impõe-se a redução da pensão alimentar a fim de haja real


possibilidade do Requerente efetuar tais pagamentos sem comprometer

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demasiadamente seu sustento próprio. A jurisprudência também tem decidido


favoravelmente à redução do valor da pensão alimentícia, quando existe
modificação na situação econômica do alimentante, inferior à da época da
fixação anterior:

“AÇÃO REVISIONAL - Redução liminar, ante a


evidente diminuição das possibilidades
econômicas do devedor - Admissibilidade -
Desproporção gravosa entre os índices de
correção de seu salário e da pensão devida -
Aplicação da Lei nº 5.478/68 (Alimentos), art.
13, § 1º

Sendo evidente que os alimentos devidos são


excessivos, considerando-se a situação econômica do
devedor, podem eles ser liminarmente reduzidos em
ação revisional” (TJSP - 6ª Câm. Civil; AI nº 120.334-
1-SP; rel. Des. J. L. Oliveira; j. 10.08.1989; v.u.). JB
171/197

“REVISIONAL DE ALIMENTOS – DEFICIÊNCIA NA


SITUAÇÃO ECONÔMICA – POSSIBILIDADE DE
REDUÇÃO DA PENSÃO ALIMENTÍCIA – ART.
400/CC.

Demonstrando o alimentante a impossibilidade do


cumprimento da obrigação assumida em acordo de
separação judicial, ocasionada por situação
econômico-financeira deficiente afetadora de sua
empresa e, levando-se em conta que a ex-esposa
passou a exercer trabalho remunerado, além de
outros elementos de provas constantes nos autos, a
ação revisional de alimentos deve ser procedente a
fim de estabelecer um tratamento equânime entre as
partes, porquanto deve sempre se ter em vista o
binômio necessidade/possibilidade na relação
alimentícia.” (TJ/SC – Ap. Cível n° 96.000512-9 –
Câmara de Laguna – Ac. unân. – 1ª Câm. Cív. – Rel.
Des. Carlos Prudêncio – DJSC – 26.09.96 – pág. 12).

Quanto às provas da situação financeira do Requerente, as mesmas estão


devidamente comprovadas com a documentação juntada à presente.

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DA TUTELA ANTECIPADA

O Código de Processo Civil, no art. 273, instituiu a tutela antecipada, nos


termos:

”O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar


total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida
no pedido inicial, desde que, existindo prova
inequívoca, se convença da verossimilhança das
alegações e:

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de


difícil reparação.”

O Requerente pretende ver os alimentos que oferece a seu filho, reduzidos de


2,2 salários mínimos, para 15% (quinze por cento) de seu salário líquido, a ser
descontado diretamente em folha de pagamento. O valor será suficiente, com a
participação também da genitora, que possui cargo e salários bem superiores
ao do Requerente.

Pleiteia tal redução em função de não haver condições de arcar com tal encargo
na sua integralidade, sem prejuízo do seu sustento e sua nova família,
conforme restou provado pela prova documental que segue anexa.

As provas exigidas pelo citado artigo estão devidamente representadas pela


cópia dos recibos de pagamentos e do contrato de trabalho do Requerente,
onde se pode verificar a remuneração mensal líquida do mesmo, no valor de R$
588,91 (quinhentos e oitenta e oito reais e noventa e um centavos).

Diante dos fatos trazidos nesta Revisão não há meios de o Requerente


continuar contribuindo com o valor anteriormente estipulado, uma vez que

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houve significativa mudança em suas condições econômicas, bem como


constituição de nova família. É conveniente ressaltar que a não redução dos
alimentos importará em prejuízo para a nova família do Requerente, pois
atualmente passam por dificuldades financeiras que certamente serão
agravadas, caso continue a pagar a pensão alimentícia no valor correspondente
75% (setenta e cinco por cento) de seu salário líquido.

A concessão da tutela antecipada faz-se necessária e conveniente ante o


caráter de urgência de tal medida. Estando presentes todos os requisitos
ensejadores da redução por liminar, é justa sua determinação por Vossa
Excelência. A jurisprudência assim tem se manifestado em casos idênticos:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO ORDINÁRIA


DE REVISÃO DE ALIMENTOS – PENSÃO FIXADA,
EM FAVOR DA MULHER E DOS FILHOS, HÁ MAIS
DE 10 ANOS – PEDIDO DE PERMANÊNCIA DE
PENSIONAMENTO NEGADO – INCOMPROVAÇÃO
DO BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE –
DECISÃO SINGULAR MANTIDA – RECURSO
IMPROVIDO, EM SINTONIA MINISTERIAL.

É de manter-se decisão singular que, em revisão de


alimentos, outorga tutela antecipada para reduzir
pensionamento de 30% para 15% do salário do
alimentante, considerando sua nova prole. A
Agravante, funcionária pública, não comprovou a
necessidade. Desprovimento recursal.” (Destaque do
Requerente). (TJMT – AI 8.967 – Classe II – 15 –
Várzea Grande – 3ª C.Cív. – Rel. Des. Wandyr Clait
Duarte – j. 16.12.1998).

DO PEDIDO

Diante do exposto requer:

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a) o deferimento, em caráter de urgência, de liminar inaudita altera parte para,


atendendo desde logo o pedido do Requerente, sejam reduzidos os alimentos
pagos a seu filho no equivalente a 15% do seu salário líquido, a ser descontada
diretamente em folha de pagamento;

b) seja oficiado a (xxx), com endereço à Rua (xxx), (xxx), Bairro (xxx) –
CEP (xxx) – SÃO PAULO – SP, empresa da qual o Requerente é funcionário,
para que proceda ao desconto em folha de pagamento, do valor equivalente a
15% (quinze por cento) de seu salário líquido, a ser depositado diretamente na
conta corrente da representante legal do Requerido;

c) a citação do Requerido, representado por sua mãe, (XXX), no endereço


preambular para, querendo, apresentar defesa no prazo legal, sob pena de
confissão e revelia;

d) a produção de todas as provas documentais que ora junta e por aquelas que
poderá juntar oportunamente, e testemunhais, cujo rol anexará
oportunamente;

e) a intervenção do Ministério Público;

f) ao final ver declarada a procedência do pedido, reduzindo o encargo


alimentar para 15% (quinze por cento) de seu salário mensal líquido;

g) seja a Requerida condenada ao pagamento das custas e honorários


advocatícios a ser arbitrado por Vossa Excelência;

h) a gratuidade das custas processuais pelo benefício da justiça gratuita,


fundada no que dispõe o artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal e o art.
4º da Lei n.º 1.060/50.

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Tel. (15) 3231.8599 - perilli@terra.com.br

Dá à presente causa o valor de R$ 1.060,08 (hum mil, sessenta reais e oito


centavos).

Termos em que, pede deferimento.

São Paulo, 18 de março de 2.003.

LUIZ ROGÉRIO PERILLI


OAB/SP n° 259.200

Rol de testemunhas:

1.

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