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No Brasil, morrem 12 mil soropositivos por ano, um índice considerado bastante alto.
Apesar disto, o país é considerado referência no tratamento de pessoas com HIV – com relação a
países que estão na mesma condição financeira ou mais pobres.
Segundo o coordenador do Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo, Wladimir Reis,
falta investir na qualidade de vida dos 35 mil brasileiros que convivem com a doença.
"A gente faz o tratamento com o anti-retroviral, isso sim, todos os afetados estão inclusos
no programa do governo. Mas se sentir uma dor de cabeça, os hospitais estaduais ou municipais
não têm o remédio. E aí tem outras questões que impedem a qualidade de vida, como a fome, falta
de moradia, trabalho e renda e o preconceito muito forte”, listou.
Para fazer frente à situação, a ONG se posiciona a favor de um trabalho conjunto entre o
Ministério da Saúde e outros, como o da Justiça, do Trabalho e do Desenvolvimento Social.
Wladimir destaca como um forte impedimento ao tratamento dos soropositivos o "comércio
da saúde”. Das 60 milhões de pessoas infectadas pelo HIV no mundo, apenas seis milhões, ou
seja, 10% estão em tratamento. "Com as patentes, a indústria farmacêutica internacional cobra um
valor muito alto pelo anti-retroviral; vários países não podem pagar o preço”, denuncia.
Outra questão importante a ser tratada é a prevenção da contaminação. Segundo
Wladimir, quanto mais vulnerável a pessoa, mais difícil "negociar” o uso do preservativo no ato
sexual, uma das principais formas de prevenção.
Ele cita o caso dos profissionais do sexo de Recife, cidade do nordeste brasileiro onde a
ONG atua. "Aqui, a partir de agosto, recebemos muitos turistas sexuais e sabemos que há aqueles
que pagam mais caro para fazer sexo sem camisinha. Como é que fica esse ou essa profissional?
Como a gente pode trabalhar com isso?”, questiona.
Atualmente, as ONGs que trabalham com a temática da Aids do Brasil enfrentam uma crise
financeira. Internacionalmente, o país vem sendo considerado em franco desenvolvimento, o que
fez com que as organizações internacionais que financiavam ONGs brasileiras cortassem os
recursos.
O Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo, que atua desde o ano 2000 e é
coordenado e formado por pessoas com HIV e familiares, desenvolvia 30 projetos, agora reduzidos
a cinco. Os militantes também não têm mais como pagar o aluguel da sede e vão iniciar um projeto
de autossustentação, o Cozinha Solidária, para conseguir manter as atividades.
Fonte: Adital