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MANUAL FORMAÇÃO PME

GESTÃO FINANCEIRA

Programa Formação PME – Manual de Formação para Empresários


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INTRODUÇÃO ........................................................................... 3
ANÁLISE DA ACTIVIDADE DA EMPRESA........................................ 4
ESTRUTURA DE CUSTOS ............................................................ 7
VALOR ACRESCENTADO BRUTO .................................................. 7
ANÁLISE DOS FLUXOS DE TESOURARIA ....................................... 9
ANÁLISE DOS PRINCIPAIS RÁCIOS FINANCEIROS DA EMPRESA .... 16
IDENTIFICAÇÃO DOS PONTOS FORTES E DOS PONTOS FRACOS.... 18

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INTRODUÇÃO

Em termos de análise da área financeira de uma empresa, a base de


trabalho é necessariamente constituída pelos dados fornecidos pelo
Departamento Contabilístico, quer como consequência das exigências legais
(fiscais e/ou outras) quer decorrente das necessidades de informação aos
gestores como ponto de partida e base da tomada das principais decisões
estratégicas.

Dados os condicionalismos que sempre se colocam na elaboração das


principais Demonstrações Financeiras da empresa, torna-se necessário
complementar essa informação com dados da Contabilidade Analítica e
mesmo informações extra-contabilísticas que completem as informações
dos documentos oficiais.

No âmbito da Análise de Recursos e Capacidades, os principais


objectivos a atingir prendem-se sobretudo com duas áreas fundamentais.
Por um lado, apresentar a situação financeira da empresa, avaliando-a em
termos de evolução histórica, e identificar pontos fortes e fracos que
indiquem problemas a necessitar de correcções ou alterações futuras,
tendentes a potenciar a rentabilidade da actividade operacional da empresa.
Por outro lado, fornecer bases para a definição de mecanismos de tomada
de decisões ao nível do planeamento financeiro e do controlo de gestão.

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ANÁLISE DA ACTIVIDADE DA EMPRESA

O objectivo primeiro e fundamental de qualquer organização


empresarial é a gestão de uma actividade operacional que gere
lucros para o empresário e que seja portanto fonte de criação
de valor para os accionistas.

É neste ponto de vista, o do investidor, que deve assentar a análise da


situação económica e financeira da empresa. Nesse contexto, o primeiro
aspecto que tem de ser analisado é a evolução dos principais indicadores
relativos à actividade operacional da empresa.

De entre esses indicadores merecem especial referência os seguintes:

Î Evolução do volume de Vendas

A evolução do volume de negócios deve tendencialmente seguir uma


trajectória de crescimento sustentado, significando portanto um reforço da
capacidade competitiva da empresa no mercado. De maneira a poder ser
considerado positivo, o valor do crescimento das Vendas deveria ser todos
os anos superior ao crescimento dos preços, uma vez que só assim se
poderá garantir que se assiste efectivamente a um reforço da presença da
empresa no mercado.

A comparação deve ser feita por um lado com o aumento verificado no


preço do próprio produto da empresa e, por outro com o aumento do preço
médio do sector onde a empresa se integra.

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Î Evolução da Margem Bruta

Um indicador muito importante da actividade operacional é a margem


bruta, resultado da diferença entre o volume de negócios e o Custo das
Mercadorias Vendidas e Matérias Consumidas. Este indicador fornece
assim a indicação mais directa de quanto a empresa está a ganhar como
resultado imediato da sua actividade.

Naturalmente, este valor tem de ser relativizado, conforme se trate da


análise de uma empresa industrial ou comercial. Assim, uma empresa
industrial tem necessariamente margens brutas muito mais elevadas na
medida em que o peso de outras componentes de custos, como Custos
com o Pessoal ou as Amortizações, é muito superior neste tipo de
empresas, possuidoras de uma estrutura muito maior, quer em termos de
trabalhadores quer de equipamento produtivo.
Ainda assim, é um indicador importante sendo sobretudo de analisar os
aspectos referentes à sua evolução ao longo do tempo. Subidas deste valor
indicam normalmente melhorias de produtividade e de da utilização de
recursos que são fonte potencial de maiores ganhos económicos e
financeiros futuros.

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Aspectos a Analisar

Questões a colocar
Evolução do sector de Como está a evoluir o mercado-alvo da empresa?
actividade O produto é recente ou atingiu o seu sector de
actividade?
Como tem evoluído a quota de mercado?
Lucro Evolução dos custos das principais matérias-
primas?

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ESTRUTURA DE CUSTOS

Relativamente à estrutura de Custos, os aspectos mais


importantes são os que têm a ver com a evolução ao longo do
tempo do peso de cada uma das principais rubricas no Custo
Total. Claramente, esta repartição dos Custos por rubricas será diferente
entre diferentes empresas, pelo que a relevância desta análise será maior
em termos de comparação em períodos de tempo sucessivos, bem como em
termos de comparações entre cada empresa e o sector de actividade no
qual ela se insere.

Assim, as condições de cada empresa em termos da sua produtividade e da


utilização mais ou menos eficaz da sua estrutura e da sua força de trabalho,
ditarão estruturas de Custos diferentes em que o peso assumido por cada
rubrica evidenciará o aspecto que deverá merecer mais atenção por parte
dos responsáveis da empresa, no sentido de melhorar a rentabilidade e
diminuir os riscos da actividade da empresa

VALOR ACRESCENTADO BRUTO

A contribuição da empresa para a riqueza do país pode medir-se através do


Valor Acrescentado Bruto (VAB) criado ao longo do ano. Para o cálculo
deste valor existem duas versões possíveis.

A primeira calcula o VAB a partir da produção deduzindo-lhe tudo o que não


é riqueza criada pela própria empresa, ou seja, os seus consumos
intermédios (Custo das Mercadorias Vendidas e Matérias Consumidas (conta
61 POC), Fornecimentos e Serviços Externos (conta 62 do POC), Impostos
Indirectos pagos pela empresa)

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VAB
Produção - Consumos Intermédios
Total Custos dos Factores

A segunda versão mede o VAB através do somatório de todos os montantes


que são distribuídos pela empresa via salários, encargos financeiros,
impostos e lucros como remuneração dos intervenientes no processo
produtivo.

Aspectos a Analisar

Questões a colocar
Custos salariais Comparação da evolução dos salários e da
inflação?
Evolução do número de trabalhadores
Custos Financeiros Peso do custos financeiros no total de custos

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ANÁLISE DOS FLUXOS DE TESOURARIA

Numa óptica mais financeira, a análise dos Fluxos de Tesouraria pretende


ultrapassar alguns dos problemas originados pela concepção de resultado
líquido e fornecer uma visão mais adequada a aquilo que são os interesses
dos accionistas de uma empresa: as entradas e saídas de dinheiro numa
perspectiva de análise da actividade operacional da empresa.

Fluxos de Tesouraria1 2000 2001 Acumulado

ORIGENS

Resultados Económicos (81) 0 0 0


(+) Amortizações do Exercício (66) 0 0 0
(-) Variação de Créditos de curto prazo (21) 0 0 0
(-) Variação de Existências (Classe 3) 0 0 0
(+) Variação do Débitos de Exploração de curto prazo (23) 0 0 0
Fluxo Operacional de Tesouraria 0 0 0
(+) Resultados Extraordinários Líquidos (79-69) 0 0 0
(-) Impostos sobre Lucros (86) 0 0 0
Fluxo Corrente de Tesouraria 0 0 0
(-) Encargos Financeiros Líquidos (68-78) 0 0 0
Fluxo Gerado de Tesouraria 0 0 0
ACTIVIDADES DE FINANCIAMENTO
(+) Variação de Empréstimos de curto prazo (23 c.p.) 0 0 0
(+) Variação de Empréstimos de médio e longo prazo (23 m.l.p.) 0 0 0
(+) Aumentos de Capital por entradas de dinheiro 0 0 0
FE - Financiamento Externo 0 0 0
Fluxo Líquido de Tesouraria 0 0 0
APLICAÇÕES
Investimento em Activos Fixos (Classe 4) 0 0 0
Distribuição de Resultados 0 0 0
Aumento de Disponibilidades (11 e 12) 0 0 0
Aplicações Totais (=FLT) 0 0 0

1
Os números indicados entre parêntesis correspondem ao código da respectiva conta de acordo com o
Plano Oficial de Contabilidade.
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Este ponto de vista da análise baseia-se na determinação das entradas de
dinheiro na empresa ao longo de um determinado período e nas aplicações
que são feitas desse mesmo dinheiro ao longo do período considerado.

Como se pode ver no quadro acima apresentado, o conceito


fundamental desta análise é a noção de Fluxo Líquido de
Tesouraria, que corresponde ao total dos fluxos financeiros de
entrada de dinheiro na empresa.

No cálculo deste valor, são considerados um conjunto muito diversificado de


dados, normalmente fruto da contabilidade, que mede, para várias áreas
diferentes da actividade da empresa, a entrada de fluxos financeiros.

ORIGENS
Resultados Económicos (81)
(+) Amortizações do Exercício (66)
(-) Variação de Créditos de curto prazo (21)
(-) Variação de Existências (classe 3)
(+) Variação do Débitos de Exploração de curto prazo (22)
Fluxo Operacional de Tesouraria

Na primeira parte temos o cálculo do Fluxo Operacional de Tesouraria,


que mede o fluxo financeiro gerado directamente pela actividade
operacional da empresa. Para isso partimos do Resultado Operacional
(ou Económico) e somamos tudo aquilo que resulta da actividade corrente
da empresa e representa entradas de dinheiro. As Amortizações,
enquanto custo que não origina qualquer pagamento, são a primeira
correcção a fazer-se a esse Resultado Operacional. De seguida devem
ainda considerar-se as variações dos saldos de Balanço das contas de
Débitos e Créditos de Exploração e de Existências, que representam
possíveis variações nas entradas e saídas de dinheiro.
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De facto, um aumento nos saldos de Clientes a Receber significa atrasos
nas cobranças o que implica uma diminuição das entradas de dinheiro. O
que acontece é que foram realizadas Vendas, cujo Custo foi já suportado,
registadas como um proveito, mas cujo recebimento apenas terá lugar num
futuro mais ou menos próximo. Esse facto constituirá, portanto, uma saída
de dinheiro, no sentido em que é um valor monetário que originou um
Proveito sem que tenha tido lugar o respectivo recebimento.

No mesmo sentido temos a evolução dos saldos de existências no Balanço.


Um aumento significa que existe um maior valor de dinheiro gasto na
aquisição e transformação das matérias primas e que enquanto
permanecerem na empresa essas existências, não será realizado o
recebimento. Assim, grandes volumes de existências significam altas
necessidades de financiamento, o que diminui o volume de entradas de
fluxos financeiros na empresa.

Por outro lado, um aumento dos saldos de Fornecedores significa que a


empresa deixou de pagar Compras que fez para realizar a sua actividade
operacional. Assim, esse valor pode ser encarado como um financiamento
adicional conseguido pelo facto de se poderem utilizar imediatamente na
actividade da empresa os bens adquiridos e que só serão pagos mais tarde.

Fluxo Operacional de Tesouraria


(+) Resultados Extraordinários Líquidos (79-69)
(-) Impostos sobre Lucros (86)
Fluxo Corrente de Tesouraria
(-) Encargos Financeiros Líquidos (68-78)
Fluxo Gerado de Tesouraria

De seguida, no cálculo do Fluxo Gerado de Tesouraria, são considerados


outros Proveitos e Custos que, não sendo relativos à actividade

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operacional, correspondem a entradas e saídas de dinheiro. Como resultado
temos então a definição do valor de dinheiro que foi originado por toda a
actividade quotidiana da empresa ao longo de determinado período.

Para termos uma medida do total efectivo de entradas de fluxos financeiros


na empresa falta apenas considerar as actividades que correspondem
apenas a operações de financiamento dessa actividade.

Fluxo Gerado de Tesouraria


ACTIVIDADES DE FINANCIAMENTO
(+) Variação de Empréstimos de curto prazo (23 c.p.)
(+) Variação de Empréstimos de médio e longo prazo (23 m.l.p.)
(+) Aumentos de Capital por entradas de dinheiro
FE - Financiamento Externo
Fluxo Líquido de Tesouraria

Temos assim que as entradas de fundos de financiamento, quer tenham


origem interna quer origem externa, são adicionadas ao Fluxo Gerado de
Tesouraria de maneira a poder obter-se o valor global de todas as
entradas de fundos financeiros na empresa ao longo de um período de
tempo, regra geral um ano.

Estas entradas de fundos, ou seja, o Fluxo Líquido de Tesouraria, é o


montante que existe na empresa e que está disponível, em cada momento,
para que os accionistas decidam qual a melhor utilização que podem fazer
desse dinheiro, de entre as aplicações mais relevantes que existem à sua
disposição. Assim, esses fundos podem ser aplicados de 3 formas
diferentes, como se pode ver no quadro seguinte.

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APLICAÇÕES
Investimento em Activos Fixos (classe 4)
Distribuição de Resultados
Aumento de Reservas Financeiras de Segurança (11 e 12)
Aplicações Totais (=Fluxo Líquido Tesouraria)

¾ Investimentos em Activos Fixos - Um nível elevado de


investimento é essencial para que a empresa assegure não só a sua
sobrevivência, mas também níveis de competitividade e
produtividade elevadas, sustentando assim o seu crescimento e
rentabilidade.

¾ Distribuição de Resultados – Uma outra aplicação que pode ser


feita á a de distribuição desses fundos pelos accionistas de maneira a
recompensá-los pelo investimento feito na empresa. Assim, sempre
que uma empresa atinja o nível desejado de investimentos e tenha
ainda fundos por utilizar, pode aplicar esses fundos na remuneração
dos capitais nela investidos pelos seus accionistas. É necessário
relacionar aqui o valor do Fundo Gerado de Tesouraria com a
Distribuição de Resultados. De facto, é de todo desaconselhável
uma situação em que o Fluxo Gerado de Tesouraria seja
insuficiente para se distribuírem lucros aos sócios e mesmo assim se
insista em fazer essa distribuição. Isto significaria que a empresa se
estaria endividar, através do Financiamento Externo, apenas com
o objectivo de entregar essas quantias aos seus accionistas.

¾ Reservas Financeiras de Segurança – De entre as hipóteses de


aplicação de fundos, esta deveria ser tratada, em condições normais
de funcionamento, como residual. Assim, considerando que a
empresa atingiu já uma determinada dimensão, deve ser possível
prever com algum rigor o momento em que as principais
necessidades de tesouraria surgem. Deste modo, é possível manter

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em níveis baixos e controlados o valor das reservas financeiras. Por
esse motivo, só após se ter aplicado o dinheiro nos investimentos e
na distribuição de resultados aos accionistas é que deve ser
considerada a hipótese de reforçar essas reservas financeiras. Esta
conclusão está obviamente condicionada pelo facto de a empresa ter
a sua actividade estabilizada, em termos de volume de negócios, e
consequentemente ser capaz de saber, com algum rigor, qual o valor
satisfatório em termos de dinheiro imediatamente disponível. Este
facto implica que seria impensável assistir-se a um caso em que uma
empresa fosse buscar fundos ao exterior para depois os acumular em
reservas financeiras desnecessárias. O valor das reservas financeiras
necessárias depende claramente de vários factores, como o volume
de negócios, o sector de actividade, a maior ou menor sazonalidade
das Vendas, etc., mas, como já foi dito, a empresa deve ser capaz de
fazer uma previsão bastante aproximada e correcta de qual o seu
valor ideal, o que implica que esse valor tenha, idealmente, poucas
alterações (e de pequenos montantes) no curto prazo.

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Aspectos a Analisar

Questões a colocar
Libertação de fundos Está a empresa a gerar um Fluxo Liquido de
financeiros Tesouraria positivo? Esses fundos financeiros
decorrem da actividade operacional da
empresa ou de medidas puramente
financeiras?
Aplicações dos fundos A empresa investe o dinheiro libertado ou
entrega-o aos accionistas?
Está a fazer distribuição de resultados e ao
mesmo tempo a exigir dinheiro aos accionistas
para reforço do capital?

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ANÁLISE DOS PRINCIPAIS RÁCIOS FINANCEIROS DA
EMPRESA

Um dos métodos de análise financeira mais utilizados e divulgados é a


análise de rácios ou indicadores. Esta análise, ainda que envolva riscos e
deficiências que obrigam a algum cuidado no seu uso e interpretação,
baseia-se no cálculo de determinadas relações entre as principais contas e
valores das Demonstrações Financeiras de uma empresa. Obtêm-se assim
valores facilmente utilizáveis e comparáveis e que são por esse motivo um
dos métodos preferidos de análise financeira.

São normalmente utilizadas várias categorias e tipos de indicadores que se


apresentam e se comentam de seguida. Na fórmula de cálculo de cada
indicador são apresentados entre parêntesis, tal como foi feito no quadro
relativo aos Fluxos de Tesouraria, os números referentes aos códigos de
cada uma das rubricas de acordo com o Plano Oficial de Contabilidade.

INDICADORES DE ESTRUTURA
Fundo de Maneio (valor) = Activo Circulante (Classes 1, 2 e 3) – Dívidas de curto prazo
Fundo de Maneio relativo = Activo Circulante (Classes 1, 2 e 3) / Dívidas de curto prazo

O Fundo de Maneio é um dos valores mais frequentemente utilizados na


análise financeira e apresenta a parte do Activo Circulante que é
financiada por Capitais Permanentes. É portanto um valor que representa
uma margem de segurança em termos financeiros uma vez que significa
que uma parcela dos Capitais Permanentes, exigível apenas a médio ou
longo prazo, financia o Activo Circulante, com um grau de liquidez de
curto prazo. Assim, quanto maior o valor, maior a confiança de que a
empresa será capaz de realizar dinheiro para cumprir os seus
compromissos.

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INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO
Autonomia Financeira = (Capital Próprio (Classe 5) + Suprimentos (25)) / Activo Total
Solvabilidade geral = Capital Próprio / Passivo Total

Em termos de endividamentos dois indicadores mais utilizados são


apresentados no quadro acima. Ambos medem a relação entre os Capitais
Próprios da empresa e as duas outras grandezas do balanço da empresa:
Activo e Passivo. A saúde da estrutura financeira da empresa será tanto
melhor quanto mais altos forem os valores destes indicadores.

No entanto, dois pontos merecem alguma ponderação. Por um lado, a


estrutura de capitais que optimiza a rentabilidade financeira da empresa
não é, necessariamente, a que decorre do maior valor de qualquer um
destes indicadores. A decisão óptima será provavelmente a de equilibrar
Capitais Próprios e Alheios numa determinada combinação que aproveite
ao máximo as vantagens relativas de cada um desses modos de
financiamento.

Por outro lado, é de notar o facto de que a inclusão dos Suprimentos no


cálculo da Autonomia Financeira pressupor que se trata de capitais de
médio e longo prazo, o que não será sempre verdade, pois a permanência
destes Suprimentos estará sempre dependente da vontade do empresário.

INDICADORES DE LIQUIDEZ E TESOURARIA


Grau Liquidez Geral = Activo circulante (Classes 1, 2 e 3) / Passivo Curto Prazo
Grau Liquidez Reduz. = Activo Maneável (Classes 1 e 2) / Passivo Curto Prazo
Grau Liquidez Imediata = (Dispon. (11+12) +Aplic.Fin.curto prazo (15))/Passivo Curto Prazo
Tesouraria Líquida = Disponibilidades (11+12) - Empréstimos Obtidos Curto Prazo (23)
Tesouraria Líquida / Proveitos Operacionais

Os indicadores de liquidez medem o equilíbrio financeiro de curto prazo da


empresa, relacionando diferentes medidas de activos de curto prazo com as
responsabilidades assumidas de curto prazo. Naturalmente, valores
superiores a 1 configuram situações favoráveis na medida em que
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evidenciam uma situação em que a empresa é capaz de cumprir as suas
obrigações recorrendo aos activos de curto prazo de que dispõe. Apesar
disso, são indicadores que devem sempre ser analisados com muito
cuidado. Assim, o valor destes indicadores sofre muitas vezes alterações
que, indiciando melhorias, podem ser negativas para a tesouraria da
empresa. Por exemplo, uma subida do Grau de Liquidez Geral pode
resultar de uma subida demasiado elevada e indesejada dos saldos de
Clientes a Receber, o que pode significar atrasos nas cobranças das
Vendas realizadas.

INDICADORES DE RENTABILIDADE
Rentabilidade das Vendas
Com base nos Resultados Líquidos = Res. Líq. (88) / Vendas (71+72)
Com base no Cash-Flow = Cash-Flow (88+66+67) / Vendas (71+72)
Rentabilidade dos Cap. Próprios = Res. Liq. (88) / Cap. Próprios (Classe 5)
Rentabilidade do Activo = RAIEF (81) / Activo total
Rendimento do Activo = Cash-Flow (88+66+67)/ Activo total

Os principais indicadores da rentabilidade relacionam os resultados obtidos


com os valores do total do Investimento realizado ou do volume de
negócios. Na análise destes indicadores, o principal aspecto a merecer
atenção deve ser a comparação, quer com valores históricos quer com
valores de outras empresas e do sector em que a empresa se insere.

INDICADORES DE ACTIVIDADE
Prazo Médio de Recebimentos = (Clientes (21) / Vendas (71+72))*365
Prazo Médio de Pagamentos = (Fornecedores (22) / Compras (31))*365
Prazo Médio de Existências = (Existências (32+36) / CMVMC (61))*365
Rotação do Activo = Vendas (71+72) / Activo

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Ao nível dos indicadores de actividade, temos uma análise do ciclo de
exploração da empresa que nos dá uma ideia da eficiência com que a
empresa está a gerir os seus activos.

Desde logo, a rotação do activo diz-nos de que modo a empresa utiliza os


seus activos na sua actividade. Um alto volume de Vendas relativamente à
dimensão do activo significa que a empresa aproveita muito os
investimentos que realizou. Obviamente que esse volume de negócios pode
ser mais ou menos rentável, mas é de qualquer modo, positivo que este
rácio tenha um valor que seja o mais alto possível.
Quanto aos Prazos Médios, demonstram de que modo a empresa é capaz
de gerir a sua actividade em termos financeiros. Como já foi aliás descrito
atrás, altos valores de Existências e Dívidas a Receber são passíveis de
dois tipos de interpretações. Por um lado, significam activos que
corresponderão a receitas futuras, no curto prazo, o que contribui para a
saúde financeira da empresa. Por outro lado, são activos que necessitam de
financiamento, pelo que um aumento desses valores representa um
investimento que deve ser financiado. Por esse motivo os Prazos Médios
devem ser seguidos atentamente de maneira a optimizar a gestão
financeira de curto prazo da empresa.

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IDENTIFICAÇÃO DOS PONTOS FORTES E DOS
PONTOS FRACOS

TOME NOTA!

Como resultado do Diagnóstico efectuado é possível identificar pontos


fortes e pontos fracos, que resultam da forma como a empresa gere os
seus recursos económicos e financeiros e que serão a base de
trabalho que permitirá assegurar a rentabilidade e a estabilidade da
empresa ao longo do tempo. Tal como é tradicionalmente entendida, a
Função Financeira da empresa assume um papel central na vida da
empresa, uma vez que, apesar de sozinha não permitir transformar
uma actividade operacional pouco rentável numa empresa lucrativa,
pode ser a causa de problemas que impedem empresas rentáveis de
competir e sobreviver no mercado.

Ganha assim importância a definição de pontos fortes e fracos, e


sobretudo estes últimos, na medida em que se possa corrigi-los e evitar que
uma Gestão Financeira errada e desadequada seja a causa de problemas
e dificuldades que seriam evitáveis se fosse dada alguma atenção à
correcção desses pontos negativos.

Alguns exemplos possíveis de pontos fracos a nível financeiro e que podem


originar as referidas situações de problemas à empresa são os que a seguir
se apresentam e se revelam alguns dos que mais condicionam a Gestão
Financeira das empresas:
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- Estrutura financeira desequilibrada em termos de relação temporal entre
os Activos da empresa e os meios de financiamento que são usados.

- Prazos Médios de Cobranças e Existências demasiado elevados que


conduzem a necessidades de financiamento muito altas, difíceis de obter
e demasiado caras.

- Baixa capacidade de geração de Fluxos de Tesouraria o que implica


baixa capacidade de investimento e de remuneração dos capitais dos
accionistas.

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QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

1. Tomando por referência o Caso Mobilex, analise a evolução do Volume de


Negócios e da Margem Bruta, relacionando essa evolução com o sector de
actividade em que a empresa se inclui.

2. Analise a evolução do Fluxo Liquido de Tesouraria e comente a


capacidade de libertação de fundos financeiros por parte da Mobilex ao
longo do período em análise. Comente as aplicações desses fundos
financeiros ao longo do período considerado.

3. Relacione os indicadores de liquidez com os de endividamento e descreva


de que modo eles evidenciam a situação financeira da empresa.

4. Apresente e justifique os principais pontos fracos da situação financeira


da Mobilex

5. Apresente algumas sugestões de medidas que possam ser


implementadas pela Direcção Financeira da empresa de maneira a
ultrapassar os pontos fracos referidos na questão anterior.

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