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Sobre o

BRAILLE
PUC-Rio
Desenho Industrial - Estágio
ART 1900 1 AB
Cristine Nogueira Sobre o
Camilla Figlino Cheade
Flávia Vitor Granadeiro
BRAILLE
2004.2
Introdução
A escolha do tema surgiu a partir de uma idéia de se
desenvolver um produto voltado para os deficientes visuais,
utilizando a linguagem braille.

Este trabalho tem o intuito de apresentar a escrita braille para


todas as pessoas que não possuem contato com o universo
dos deficientes visuais e que pretendem, de alguma forma,
adquirir conhecimento sobre este tipo de escrita.

Abordando este tema, o artigo traz de forma sucinta porém


completa, toda a estrutura que envolve esta linguagem,
contribuindo como um possível instrumento de pesquisa.
Como surgiu o Braille

No início do século XIX os cegos sofriam todo o tipo de


preconceito em uma sociedade desinformada e despreparada
para conviver com essa deficiência. Eram isolados do meio
social, não iam à escola e não podiam prestar serviços
remunerados, sendo muitas vezes explorados em trabalhos de
condições sub-humanas.

Isso acontecia por que ainda não se tinha nenhum meio de


integrar os cegos à sociedade, de fornecer-lhes recursos com
os quais pudessem ganhar a vida. Foi neste ambiente que
representação de Louis Braille
nasceu Louis Braille, que muito iria contribuir para modificar
este estado de coisas.

Louis Braille nasceu em 1809, em uma vila próxima de Paris.


Com três anos de idade, após sofrer um acidente na oficina
de seu pai, ferindo o olho esquerdo com uma sovela
(ferramenta utilizada pelos seleiros para furar o couro), teve
uma infecção ocular que atingiu, também, seu olho direito,
levando-o à cegueira total.

O pequeno Louis passou a infância na casa paterna até que,


aos dez anos, a seu pedido, foi matriculado na escola para
menores cegos. Ao ingressar na "Institution Nationale des
Jeunes Aveugles", Braille tomou conhecimento da forma de
alfabetização em uso. Eram utilizadas letras em relevo e de
grande tamanho. Os livros eram divididos em vinte partes,
cada uma delas pesando dez quilos. Sua primeira tentativa
para mudar este incômodo sistema foi usar as letras recortadas
em couro, pois não possuía renda para a aquisição dos livros.

Por influência da concertista cega Teresa von Paradis, Braille


passou a estudar música e, consagrando-se no que fazia,
conseguiu fundos para levar adiante suas pesquisas em torno
leitura da escrita braille de um novo sistema de leitura para os cegos.

Inspirado na invenção do capitão Charles Barbier, que havia


criado um sistema pelo qual uma mensagem podia ser lida,
no escuro pelo tato, Braille iniciou nova fase em suas
pesquisas. Tomando por base o método de Barbier, empregou
os três anos seguintes, até 1829, em trabalho persistente,
dedicado e teimoso. Após numerosas tentativas, teve a idéias
de usar pontos salientes, chegando à famosa "célula braille".

Depois de refinar seu sistema, Braille descobriu que podia


usá-lo na aritmética, na álgebra e até na matemática superior.
Não tardou a descobrir que ele também podia ser aplicado na
música.

Logo depois o sistema braille penetrou em todas as áreas,


graças à ação conjunta dos educadores e dos missionários, que
queriam tornar as Escrituras acessíveis aos cegos. Para
possibilitar uma familiarização dessas Escrituras diante de
diferentes sociedades e culturas, seria necessário haver uma
uniformização da escrita braille em todo o mundo. Sendo
assim, em 1951 a UNESCO criou seu código internacional
oficial da escrita braille e fundou o Conselho Mundial Braille.

1 4 O sesquicentenário do genial invento de Braille foi festivo e


mundialmente comemorado em 1975.

2 5 Louis Braille morreu de tuberculose, no dia 28 de Março de


1852 e somente dois anos depois é que seu talentoso trabalho
foi oficialmente reconhecido.

3 6
formação universal da célula braille
A Linguagem dos Pontos
A "célula braille" é composta de seis pontos, em relevo,
dispostos em duas colunas de três pontos.

As permutações desses pontos permitem 63 (sessenta e três)


combinações, com as quais se representam não só as letras do
alfabeto, mas também os sinais de pontuação, números, notas
musicais, enfim, tudo o que se utiliza na grafia comum.

a h As letras são formadas através das diferentes combinações de


pontos, colocados em disposições fixas nas células. Por
exemplos representativo das letras em braille exemplo: o ponto 1 sozinho representa o "a" ; o ponto 1, o 2 e
o 5 juntos representam o "h".
Com o Braille representam-se os alfabetos latino, grego,
hebraico, cirílico e outros, bem como os alfabetos e outros
processos de escrita das línguas orientais. Ao contrário do
alfabeto dos deficientes auditivos, a escrita Braille não possui
símbolos que sintetizem a frase. Cada palavra tem suas letras
distintas, com auxílio de pontos que indicam maiúsculas e
espaços suficientemente sensíveis ao toque para melhor
identificar as palavras.

Escrita em braile

A reglete (ou pauta) e o punção foram os primeiros


pauta
instrumentos utilizados para escrever em braille. A reglete é
um pequeno artefato articulado com orifícios na parte
superior e reentrâncias na parte inferior. O punção é um tipo
de caneta que permite perfurar os pontos em uma folha de
papel.

A evolução dos instrumentos utilizados para este tipo de


comunicação resultou na máquina de escrever em braille.
Semelhante a uma máquina de escrever comum, a máquina
braille tem um teclado com apenas seis teclas e uma barra de
espaço. Como única função, produz as células em relevo
sobre o papel.

punção

relevo criado para leitura em braille


Braille Impresso
Pioneira no Brasil, a Imprensa Braille do Instituto Benjamin
Constant (IBC), fundada em 1863, produz impressos, livros
didáticos e técnicos, suprindo diversas escolas e entidades de
todo o país. A gráfica tem como prioridade adaptar,
transcrever e imprimir livros didáticos e infantis, assim como
documentos de interesse público, como editais e provas das
quais os deficientes visuais participam.

Em 1998, a Fundação de Apoio ao Instituto Benjamin


Instituto Bejnamin Constant Constant se responsabilizou pelo atendimento de outras
necessidades da comunidade, como a impressão de cardápios,
calendários, instruções de utilização de produtos e serviços,
cartilhas do alfabeto, entre outros.

A Imprensa Braille possui maquinário informatizado para


editoração e impressão no Sistema Braille, além de recursos
próprios para a encadernação de sua produção. O Instituto
Benjamin Constant edita e distribui as duas únicas revistas
informativas periódicas impressas em Braille no Brasil: a
Revista Brasileira para Cegos (RBC), com cerca de 2000
assinantes em todo o país, e a Pontinhos, destinada ao público
impressora em braille
infanto-juvenil. Além da distribuição nacional, a RBC é
distribuída para mais 23 países.

Braille Digital

Na década de 80, foi desenvolvido um software de


computador para braille. Recursos adicionais incluem
software de reconhecimento de voz, teclados especiais para
computador e scanners ópticos. Esses dispositivos são capazes
de processar e traduzir documentos de e para o braille. De
modo geral, cada página de material impresso rende duas ou
impressora de mesa
três páginas em braile. Os programas de braille mais recentes
conseguem produzir páginas em frente e verso através de um
sistema de interpontos, que intercalam as impressões em alto
e baixo relevos nas entrelinhas.
Este software constitui uma alternativa para a troca de
informações entre deficientes visuais e as pessoas que
possuem visão normal. Seu funcionamento é simples. Um
scanner de mesa pode gerar a imagem digitalizada do texto
em braile. Em seguida, a imagem é traduzida para caracteres
alfanuméricos, por meio de um processo típico de
reconhecimento de padrões que possui três etapas bem
definidas. São elas: pré-processamento, segmentação e
análise. Por isso basta que o futuro usuário tenha um scanner,
um microcomputador com configuração mínima de um
Pentium 100 MHz, com 32 MB de RAM, uma impressora
jato de tinta, um software para digitalização de textos - em
geral acompanha o scanner - e o sistema Microsoft Windows.

Produtos disponíveis no mercado

Tecnologia para portadores de deficiência visual:


. capas em braile para teclado de computador - letras de braile
em relevo se acoplam ao teclado do computador;
. frigideiras elétricas com controles em braile;
. caixas de comprimidos com alarme quádruplo - lembra os
dominó em braille pacientes de tomarem seus medicamentos;
. jogos e brinquedos em braile - animais de montar para
crianças, bingo, baralhos, jogos de dama e xadrez, jogos de
computador, dados, dominós, Monopólio (versão britânica),
palavras-cruzadas e jogo da velha;
. relógios - com mostrador giratório para verificação tátil das
horas.

baralho em braille
Conclusão
O artigo possibilitou conhecer um pouco mais deste universo
fascinante que é o Braille, mostrando a importância desta
escrita, que permite uma maior integração dos deficientes
visuais na sociedade. É possível notar que o Braille evoluiu
significativamente ao longo dos anos e com isso a qualidade
de vida dos deficientes visuais.

Cada vez mais empresas vêm desenvolvendo produtos


destinados a este público, aumentando as possibilidades de
aplicação desta escrita em diversas áreas, como , em particular,
o desenho industrial. Como profissional atuante em meios de
comunicação, o designer deve sempre procurar atingir um
número cada vez maior de pessoas e , também, se valer das
riquezas estéticas que o braille pode proporcionar,
interferindo como mais um elemento gráfico em diferentes
produtos.
Bibliografia
http://www.lerparaver.com/cultura/fig_braille.html
http://intervox.nce.ufrj.br/brfacil/
http://www.lionsclubs.org/PO/content/vision_services_braille
.shtml

Colaborou o Instituto Benjamin Constant

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