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Francisco Hinselmann¹
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
do Direito e certamente nunca se chegará a um consenso definitivo, no entanto, esta não é uma
discussão estéril, porque dela depende a nossa própria sobrevivência. Mas do que se discute
afinal? O que é o Direito? O que deve ser o Direito? Para Kelsen, que pretendeu afastar da teoria
jurídica a preocupação com o que é justo e o que é injusto, discutir sobre a justiça é tarefa da
Ética, discutir sobre o que é certo ou errado, com o justo e o injusto, o Direito abrange um
conjunto de disciplinas jurídicas, mas afinal, Direito é ciência?
2 DESIGNAÇÃO DE DIREITO
Não é possível ontologicamente prescrever o que significa Direito, essa palavra muitas
vezes vem associada à idéia de moralmente correto, mas também, de correto simplesmente.
Direito, de forma mais usual, é entendido como a ordenação normativa de uma sociedade, ou de
um conjunto de pessoas no tempo/espaço. No âmbito do positivismo jurídico é entendido como o
ordenamento jurídico, o conjunto de normas coesas, integradas e sistemáticas que dão a base
legal de uma organização social. Nessa última definição direito e moral são completamente
distintos, no sentido de que as normas de direito são distintas das morais por seu caráter coercivo
e heterônomo principalmente.
Reale postula que o fenômeno Direito se apresenta, em conseqüência deve ser analisado,
por meio de três aspectos inseparáveis e distintos entre si: o axiológico, o fático e o normativo.
Miguel Reale pressupõe que não dá para imaginar a Norma, independente dos eventos sociais,
dos hábitos, da cultura, das carências da sociedade – englobados no âmbito do Fato Social -, a
existência desses elementos é impossível sem se leve em conta seus valores. Assim, pode-se
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afirmar que os pontos de vista normativo – o Direito como ordem, disciplina -, fático – a
concretização sócio-histórica do evento jurídico – e axiológico – a esfera do valor judicial – estão
profundamente entrelaçados.i
Quando a si própria se designa como “pura” teoria do Direito, isto significa que ela se
propõe garantir um conhecimento apenas dirigido ao Direito e excluir deste
conhecimento tudo quanto não pertença ao seu objeto, tudo quanto não se possa,
rigorosamente, determinar como Direito. Quer isto dizer que ela pretende libertar a
ciência jurídica de todos os elementos que lhe são estranhos. Esse é o seu princípio
metodológico fundamental. (KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito, São Paulo, 1999,
p. 01)
Kelsen não reduz o Direito à ciência jurídica e, muito menos, à norma jurídica, quando
pura, garante o saber próprio e torna todo conhecimento alheio desprezível exaltando a jurisdição
de teorias desconhecidas eliminando tudo à sua volta que não seja considerado Direito, dessa
forma, é a metodologia utilizada para designação pura de Direito, excluindo as demais ciências
humanas.
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3 DESIGNAÇÃO DE CIÊNCIA
Por muito tempo o homem iniciou uma busca pela verdade. Os primeiros
esclarecimentos sobre a origem das coisas eram narrativas fantasiosas revestidas de certa magia
de personagens, por conseguinte, explicadas por pessoas escolhidas pelos deuses conhecidos
como “os poetas”, essas verdades eram inquestionáveis. Com o passar do tempo, essas
justificativas foram questionadas uma vez que não esclareciam a realidade de forma clara e
objetiva, então surge o senso crítico a fim de esclarecer tais verdades.
Assim, Rubem Alves considera a ciência como uma hipertrofia de capacidades que
todos têm como uma especialização, bem como um refinamento de potenciais comuns a todos no
qual seu objetivo é a evolução do senso comum.
“Rubem Alves afirma: senso comum é aquilo que não é ciência [...] a ciência é uma
metamorfose do senso comum. Sem ele, ela não pode existir.” (Rubem: 1981, p. 14). Neste
pensamento, a ciência é a mutação do senso comum, deixa de ser aquilo que conhecemos através
do contato social para algo formal e sistemático seguindo normas e métodos. Partindo da
concepção que os cientistas só buscam fatos decisivos para a confirmação ou negação de suas
teorias também é necessário saber que só os resultados destas teorias é que permite julgar se a
elaboração dos conhecimentos produzidos segue ou não a via segura da ciência como ocorre com
a lógica, a matemática e a física. O que há de razão nas ciências é algo que é conhecido como a
priori, é o que possibilita a razão se referir ao seu objeto de estudo através da determinação deste
e do seu conceito ou então pela sua realização. Esse termo a priori corresponde a aquele
conhecimento que já possuímos sem tê-lo visto e representado, pois ele existe apenas
abstratamente que torna-se possível, antes da realização de um experimento, já existir um plano,
uma razão de realizá-lo e, conseqüentemente, uma teoria.
4 CONCLUSÃO
Conclui-se que o Direito é aquilo que uma sociedade ou grupamento social compreende
como ideal de retidão e correto para a sua coletividade. A forma concreta de estabelecer os
parâmetros da convivência social se materializa no conjunto de leis e normativos, respeitada a
hierarquia das leis, exatamente para evitar que direitos de maior abrangência não sejam
suplantados por direitos e regramentos inferiores, apesar dos métodos de Direito e Ciência
parecerem semelhantes são aplicado de diferentes formas com resultados distintos, enfim, Direito
não é ciência, mas uma teoria pura distinta das demais, em cada nação o direito é único, ao
contrario da ciência por efeito de ser universal, portanto, Direito é um fato ou um fenômeno
social.
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5 REFERÊNCIAS
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Navigandi, Teresina, ano 6, n. 54, fev. 2002. Disponível em:
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OLIVEIRA, Maria de Fátima Alcântara de. Direito como Ciência. Jus Navigandi, Teresina, ano
2, n. 26, set. 1998. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4>. Acesso em:
22 mar. 2010.
LIMA, Susana Rocha França da Cunha. Considerações sobre a norma hipotética fundamental.
Jus Navigandi, Teresina, ano 5, n. 51, out. 2001. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2157>. Acesso em: 22 mar. 2010.
SANTANA, Ana Lucia. Teoria Tridimensional do Direito. Info Escola, São Paulo, ano 2, n. 6,
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ALVES, Adriano. O que é Ciência Afinal. Web Artigos, Rio de Janeiro, ano 1, n. 1, jun. 2008.
Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/7048/1/O-Que-e-Ciencia-
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i
Disponível em: http://www.infoescola.com/filosofia/teoria-tridimensional-do-direito/. Acesso em: 20 Março 2010
ii
KANT, Emmanuel. Introducción a la teoría del derecho. Madrid: Instituto de Estudos Políticos, 1954, p. 80.