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(Discussão de Alguns Métodos de Valoração Ambiental Referente à Recursos Hídricos)
RESUMO
Este ensaio tem o objetivo de apresentar os métodos de valoração mais utilizados no que
abrange o meio ambiente. Sendo abordados os: método de valoração contingente (MVC);
método custos de viagem (MCV); método de preços hedônicos 2 (MPH) (Bateman e
Turner, 1992) e demanda “tudo ou nada” (Carrera-Fernandez, 1997), pois os mesmos
são utilizados para racionalizar o uso da água, reconhecê-la como bem econômico e
indicar o seu valor real (preço ótimo e o custo efetividade). A primeira parte consiste em
um breve relato da água como um bem ambiental, alguns problemas da valoração
econômica e alguns exemplos internacionais e nacionais. Já na segunda parte, citaremos
a economia neoclássica e a discrição dos métodos de valoração escolhidos, falando de
suas vantagens, desvantagens e exemplos práticos. Finalmente, algumas considerações
a serem refletidas.
1. INTRODUÇÃO
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Ensaio apresentado no curso de mestrado em Gestão Econômica do Meio Ambiente – UnB, em janeiro de
2003.
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Hedônico: doutrina que considera que o prazer individual e imediato é o único bem possível.
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Como a água é um bem ambiental, antes de ser um bem econômico, fica difícil valorá-la.
Muitas de suas utilizações não são comercializadas no mercado e os preços dos bens
econômicos não refletem o verdadeiro valor da totalidade dos recursos usados na
produção.
Com relação ao Brasil o mercado das águas não deve, ser considerado como uma
metodologia para definição de preços para a cobrança do uso da água, mesmo porque
sua adoção não é permitida pela legislação brasileira atual, Lei n.º 9.433/97 e nem pode
ser inserido em sua regulamentação, pois é inconstitucional. Como o mercado de águas
pressupõe que a água possa ser um bem privado, a sua criação foi eliminada pela
Constituição de 1988, através da definição de que a água é um bem público, cujo domínio
é intransferível e pertencente à União e aos Estados.
Ficando claro que o problema prático com valoração econômica é obter estimativa
plausível a partir de situações reais, utilizando dados técnicos, sociais e econômicos,
onde não existam “mercados aparentes” ou existam “mercados muito imperfeitos”.
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Metodologia proposta, ainda não aplicada.
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As principais metodologias têm como objetivos principais à racionalização do uso da
água, o reconhecimento da água como bem econômico e a indicação do seu real valor (o
preço ótimo4 e o custo-efetividade5).
Contudo, percebeu-se que, de maneira geral, utiliza-se à teoria econômica apenas como
base conceitual para a estimativa inicial dos preços unitários, sendo a sua definição final
resultado de um processo político de negociação. É justamente pôr essa razão que a
maioria dos países implementou a cobrança de forma gradativa, iniciando o processo com
preços unitários baixos e aumentando-os ao longo do tempo (Formiga-Johnsson, 2002).
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Preço ótimo é aquele que induz à maximização da diferença entre os benefícios totais e os custos totais, e é representado
pelo ponto onde os benefícios marginais se igualam aos custos marginais (Ferguson, 1990).
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Custo-efetividade, a quantidade ótima é definida de forma acordada pela sociedade (Cánepa et al, 1999). A aplicação
desta metodologia fornece o custo mínimo para atingir a quantidade ótima acordada, atendendo ao objetivo da eficiência
econômica - daí o nome custo-efetividade.
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Muller (1996), traz algumas abordagens críticas muito interessantes sobre a economia neoclássica.
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Subdivididos em modelos estáticos e dinâmicos.
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principal de racionalização do uso da água, reconhecendo a água como bem econômico,
a alocação ótima em termos de eficiência econômica, ou seja, a maximização dos
benefícios econômicos para a bacia. É importante destacar que as metodologias do
preço ótimo e do custo-efetividade podem também atender ao objetivo da cobrança da
água com fins de financiamento.
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2 m3 /s. No caso dos custos externos, os usuários situados à jusante da empresa seriam
questionados sobre quanto estariam dispostos a aceitar como compensação caso o
empresário consumisse 2 m3 /s de água.
Este método consiste basicamente na apropriação dos gastos que os indivíduos têm para
se deslocar até um local de recreação. Ele assume que estes gastos refletem, de certa
forma, o valor de recreação daquele local (Nogueria, 1998). Por exemplo, ao se construir
uma Estação de Tratamento de Esgotos (ETE), a qualidade da água de um determinado
rio se tornará melhor e alguns indivíduos serão incentivados a utilizá-lo para lazer (pesca,
mergulho, entre outros). Logo, calculando-se os gastos destes indivíduos para se deslocar
até o rio, pode-se avaliar uma parte do benefício da construção daquela ETE. Os mesmos
gastos poderiam representar o custo externo de poluir um rio que antes era limpo.
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Econometria: parte da Economia voltada à descrição de relações econômicas por meios de modelos matemáticos e à
estimação dos parâmetros desses modelos, com uso de dados estatísticos.
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Valor Econômico Total (VET) = valor de uso + valor de opção + valor de quase opção + valor de existência. Para maiores
detalhes sobre o assunto consultar Nogueira, (1998) em seu artigo Valoração Econômica do Meio Ambiente: Ciência ou
Empirismo?
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a forma como foram feitos estes gastos, à distância de deslocamento, o número de visitas
feitas por ano, o tempo gasto nessas visitas e, se possível, a motivação. Portanto, apesar
do método ser atrativo por basear as preferências dos indivíduos em variáveis que
possuem real valor econômico, sua aplicação deve ser realizada com cautela pois os
resultados dependerão do conhecimento profundo dos diversos fatores citados que
influenciam os gastos.
Este é um dos métodos de valoração econômica mais antigos e dos mais utilizados
(Freeman III, 1993). O método de preços hedônicos tem como base, a alteração na
disponibilidade de um recurso ambiental pode influenciar os preços de alguns mercados.
Um mercado utilizado com freqüência por este método é o imobiliário. Considera-se que
os preços dos imóveis são definidos por uma série de fatores ambientais e não-
ambientais. Entre os primeiros destacam-se: a disponibilidade de água, em quantidade e
qualidade e a proximidade às fontes de poluição, como lixões, valas negras, entre outros.
Já os fatores não-ambientais consideram o tamanho do imóvel, a facilidade de transporte,
o acesso aos locais de trabalho, entre outros.
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2.4. DEMANDA “TUDO OU NADA”
Para cada setor é determinado então o preço de reserva em função de suas soluções
alternativas específicas. Com base nos preços de reserva, estima-se as funções de
demanda “tudo ou nada” e as correspondentes funções de demanda ordinária, obtidas
através da derivação das primeiras. As funções de demanda ordinária constituem a curva
de benefícios.
Pode-se argumentar, no entanto, que apesar de existir uma solução alternativa para suprir
as necessidades de água de um usuário, ele pode não estar disposto a pagar o custo
desta solução. Imaginemos uma cidade que capta água gratuitamente de um rio. Caso
não fosse mais possível captar água deste rio, será que a cidade estaria disposta a pagar
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cerca de R$ 10,00/m para ser abastecida por carros-pipa? Portanto, a curva de
benefícios obtida por este método pode não representar precisamente a realidade
(Carrerra-Fernandez, 1997).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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escolhido os métodos descritos neste ensaio, foi por eles apresentarem abordagens com
curva de demanda, o que nos fornece subsídios para cálculos do preço unitário dos
mecanismos de cobrança com o objetivo principal de racionalização do uso da água,
reconhecendo a água como bem econômico e a maximização dos benefícios econômicos
para a bacia.
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Enquadramento de corpos d’água;
Escassez da outorga;
Padrões de qualidade da água (física, química e biológica);
SIG - Sistema de informação geográfica (imagem satélite de dez ou vinte anos);
Transporte de sedimentos;
Vazão de consumo;
Vazão de captação;
Vazão de diluição (A diluição a conversão de vazão de diluição dos metais
pesados, é dificultada pela complexidade de caracterização do seu processo de
sedimentação);
Tipos de mananciais;
6 – Qual preço queremos chegar, preço público ou preço médio?
7 – Definir o nível geográfio de solidariedade financeira, tem que ser aplicados com
transparência e de preferência na bacia em questão para que haja credibilidade e impeça
a falsa idéia de que se trata de mais um imposto.
8 – O preço deve ser único com a utilização de vazão para todos os usos? Ou ser um
preço para cada tipo de usuário ou manacial?
4. REFERÊNCIAS
BATEMAN, l.; TURNER, K.;(1992) “Valuation of the Envinment, Methods and Techniques:
The Contingent Valuation Method”; Capítulo 5 de Sustainable Environmental Economics
and Management; London and New York: Belhaven.
BRASIL. Lei n.º 9.433 de 08 de janeiro de 1997. Dispõe sobre a Política Nacional de
Recursos Hídricos, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras
providências.
BRASIL. Constituição da República do Brasil – 1988. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 1998.
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CÁNEPA, E.M., PEREIRA, J.S. & LANNA, A.E.L., (1999), “A Política de Recursos
Hídricos e o Princípio Usuário-Pagador”. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 4,
n. 1(Jan/Mar), pp.103-117.
FERGUSON, C. E., (1990), Teoria Microeconômica. 14º ed., Rio de Janeiro, Editora
Forense Universitária.
HANLEY, N.; SPASH, C., L. (1993) Cost-Benefit Analysis and the Environment. Hants,
Inglaterra: Edward Elgar, p.53.
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MUELLER, C. C. (1996) “Economia e Meio Ambiente na Perspectiva do Mundo
Industrializado: Uma Avaliação da Economia Ambiental Neoclássica” São Paulo: Estudos
Econômicos, v.26, n.2, pp.261-304.
PEARCE, D. (1993) “Economic values and the natural world.” Londres: Earthscan
Publications.
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