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A maioria das pessoas que cometem suicídio tem algum transtorno mental. Dentre
estes, as principais causas de suicídio são:
* Depressão,
* Dependência a drogas,
* Transtorno bipolar,
* Anorexia,
* Esquizofrenia,
* Transtorno de personalidade.
O que as estatísticas não informam – que é o que os psicólogos mais querem saber - é
exatamente o perfil das pessoas que estão em grupos de risco. A grande maioria dos
deprimidos e pessoas sem esperança não cometem suicídio, então o que motiva alguns
a fazerem isso?
Joiner basicamente propôs que as pessoas que se matam devem cumprir duas
condições, além de se sentirem deprimidas e desesperadas. Primeiro, elas devem ter
um forte desejo de morrer. Isso geralmente se dá quando as pessoas sentem que são
uma carga intolerável sobre os outros, e também quando não se sentem parte de um
grupo, e nem possuem alguém que possa lhes transmitir um sentimento de integração.
Existem duas maneiras de uma pessoa que deseja morrer desenvolver a capacidade de
sobrepor-se ao instinto de auto-preservação. Uma delas é treinando. Em muitos casos,
uma primeira tentativa de suicídio é tímida, com cortes rasos ou uma ligeira overdose.
Somente após várias tentativas que as ações são fatais.
Outro grupo de risco é o de pessoas com anorexia. A anorexia como causa de suicídio
foi examinada no trabalho original Porque as pessoas morrem por suicídio.
Isso só começou a ser percebido em 2006, durante um seminário em que dois ex-
alunos já graduados de Joiner (Jill Holm-Denoma e Tracy Witte) foram assisti-lo falar
sobre o risco de suicídio entre as pessoas com anorexia. Witte observou que a alta taxa
de suicídio tinha duas explicações possíveis. Talvez as pessoas com anorexia não
tentem se suicidar mais do que pessoas com outros transtornos mentais, mas a
anorexia deixa o corpo tão enfraquecido que qualquer tentativa suicida tem mais
probabilidade de êxito. Outra alternativa é que talvez a anorexia deixa a pessoa tão
acostumada com a dor que ela se torna mais capaz do que outros de fazer o que for
necessário para matar a si mesma (como no caso dos soldados e médicos).
De acordo com a hipótese de Joiner, a segunda explicação está correta. Então Holm-
Denoma testou a afirmação, analisando nove suicídios escolhidos aleatoriamente, e o
que ela encontrou conta uma história muito clara.
Segundo ela, essas pessoas teriam morrido independentemente do seu peso corporal.
Elas se esforçaram para que o ato fosse bem sucedido. Três saltaram na frente de um
trem. Duas se enforcaram. Outras duas tiveram uma grande overdose. Uma se
envenenou com remédios para dormir e substâncias pra limpar vasos sanitários. A
última se trancou no banheiro de um posto de gasolina e incendiou uma lixeira até que
o monóxido de carbono produzido fosse o suficiente para matá-la asfixiada. Nove
casos, obviamente, não são o suficiente para provar alguma coisa, mas o fato de todas
essas pessoas terem tomado medidas drásticas já diz algo.
Um dos pontos mais fortes das explicações de Joiner, segundo Nock, é que elas são
previsões testáveis. Por exemplo, será possível o desenvolvimento de testes
psicológicos para medir o quanto uma pessoa se sente um fardo, ou frustrada, e então
usar os resultados para prever quem poderá vir a cometer suicídio. Deverá também ser
possível analisar as taxas de suicídio entre diversos grupos, com as características
especificadas por Joiner.
Esses testes estão lentamente tomando forma. Trabalhos recentes de alguns dos
alunos de Joiner mostraram que pessoas que sentem que são um fardo e também
vivenciam sentimentos frustrantes, de não pertencer a um grupo, são mais propensas a
ter pensamentos suicidas. Um segundo estudo concluiu que acontecimentos dolorosos
e provocativos, como o tiro de uma arma ou entrar em uma luta, tendem a aumentar
algo que Joiner chama de "capacidade adquirida" - um teste que mede a capacidade
das pessoas de ferir ou matar elas mesmas.
Mesmo que diversos estudos apontem para a mesma direção, Joiner afirma que suas
idéias ainda precisam ser bastante testadas, antes de se tornarem aceitas como uma
explicação geral para o suicídio.Já é um começo, mas é necessário algo muito mais
sistemático.
Afinal, uma melhor compreensão dos motivos que levam as pessoas a cometerem
suicídio pode ajudar os clínicos a avaliar melhor quem está em risco, e encontrar novas
maneiras de impedir tal ato. Psicoterapia em longo prazo, por exemplo, pode
desencorajar as pessoas a se machucarem, diminuindo a probabilidade de que muitas
venham a cometer suicídio.