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Avaliação de Estoques

1. Considerações Iniciais
As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real deverão promover o levantamento e a avaliação dos seus
estoques ao final de cada período de apuração, observando que a avaliação se dará:
a) ao final de cada trimestre, no caso de apuração trimestral do Imposto de Renda;
b) ao final do ano-calendário, no caso de apuração anual do Imposto de Renda;
c) na data do Balanço ou Balancete, para as pessoas jurídicas que optarem pela apuração anual e suspenderem
ou reduzirem o pagamento do Imposto de Renda durante o ano-calendário.
2. Obrigatoriedade de Avaliação das Mercadorias para Revenda e das Matérias-primas
Conforme dispõe o item II do art. 183 da Lei nº 6.404/76, as mercadorias, as matérias-primas e os bens em
almoxarifado serão avaliados pelo custo de aquisição.
Os bens de revenda e os ingredientes de produção, adquiridos de terceiros, devem ser avaliados:
a) pelas pessoas jurídicas que mantenham inventário permanente:
a.1) pelo custo médio ponderado; ou
a.2) pelo custo das aquisições mais recentes;
b) pelas pessoas jurídicas que não mantenham inventário permanente:
b.1) pelos últimos custos de aquisição, segundo inventário físico (PN CST nº 6/79).
2.1. Períodos de apuração
As pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real deverão apurar o Imposto de Renda por períodos trimestrais,
encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário,
observando-se que:
a) nos casos de incorporação, fusão ou cisão, a apuração da base de cálculo e do imposto devido será efetuada
na data do evento;
b) nos casos de pagamento do imposto por estimativa, a pessoa jurídica fica obrigada à apuração do lucro real
em 31 de dezembro de cada ano ou na data do evento nos casos de extinção, liquidação, cisão e incorporação (§
1º do art. 220 e parágrafo único do art. 221 do RIR/99).
2.2. Pagamento do imposto mensal por estimativa
A pessoa jurídica que optar pelo pagamento mensal do imposto por estimativa e resolver levantar balanço ou
balancete mensal e apurar o lucro real para suspender ou reduzir o Imposto de Renda deverá promover, ao final de
cada período de apuração, levantamento e avaliação dos estoques.
Ressalte-se que, embora haja a obrigatoriedade de efetuar o levantamento e avaliação dos estoques existentes, está
dispensada a escrituração do Livro Registro de Inventário (art. 12 da IN SRF nº 93/97).
2.3. Pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido ou optantes pelo SIMPLES
Conforme determina o inciso II, parágrafo único do art. 190 e o inciso II do art. 527 do RIR/99, as pessoas jurídicas
optantes pela tributação do Imposto de Renda com base no lucro presumido, assim como as Microempresas e as
Empresas de Pequeno Porte que estão enquadradas no regime do SIMPLES, ficam obrigadas a proceder ao
levantamento e à avaliação dos estoques em 31 de dezembro de cada ano-calendário.
3. Avaliação dos Estoques de Mercadorias e Matérias-primas
As mercadorias, as matérias-primas, os bens de revenda e os ingredientes de produção serão avaliados pelo custo de
aquisição. O valor dos bens existentes no encerramento do período-base poderá ser o custo médio ou das últimas
aquisições.
3.1. Composição do custo de aquisição
O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda é composto pela soma do valor pago pela mercadoria, do
valor do transporte, do seguro até o estabelecimento do adquirente, dos tributos não recuperáveis pagos na aquisição
ou importação, os gastos com o desembaraço aduaneiro, e a contribuição ao FUNRURAL devida pelo produtor
rural, quando a pessoa jurídica adquirente tenha assumido o ônus do seu pagamento (art. 289 do RIR/99).
Não são computados no custo de aquisição os impostos recuperáveis pagos na aquisição dos bens.
Relativamente aos impostos importa observar que não são recuperáveis quando o adquirente dos bens não pode se
creditar do imposto por meio de escrituração fiscal, assim, temos que:
a) Imposto sobre Circulação Mercadorias e Serviços (ICMS) - no caso de estar incluído no preço pago, e se não
for recuperável fiscalmente, deve integrar o custo de aquisição, entretanto, se for recuperável não integrará o
custo de aquisição;
b) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) - no caso de o adquirente ser indústria, não compõe o custo de
produção, se, entretanto, o adquirente for comerciante varejista ou atacadista não equiparado à indústria, o IPI
comporá o custo de aquisição;
c) Imposto de Importação (II) - compõe o custo do produto em razão de não ser recuperável.
3.2. Frete cobrado como despesa acessória
As despesas de frete e seguro cobradas como despesa acessória ou mesmo quando pagas a transportador
independente e a empresa seguradora compõem o custo das mercadoria e matérias-primas.
3.3. Custo de importação de mercadorias e matérias-primas
O custo de aquisição de mercadorias ou matérias-primas importadas diretamente pela empresa compreende, além do
valor da operação cambial, frete, seguro e impostos não recuperáveis, todos os demais gastos com o desembaraço
aduaneiro.
Para facilitar o controle das importações é recomendável que, para cada importação de mercadorias ou matérias-
primas, seja aberta uma conta específica de importação em andamento para receber os débitos de todas as despesas
incorridas, tais como despesas de fretes, seguros, comissões, despesas bancárias, despesas com desembaraço
aduaneiro e aquisição de moeda estrangeira.
Não é demais observar que, por ocasião do recebimento das mercadorias ou matérias-primas, o saldo da conta
"Importação em Andamento" deverá ser transferido para a conta de estoque que abriga os referidos bens.
No caso de o contrato de importação previr o pagamento a prazo, o valor a pagar, expresso em moeda estrangeira,
deverá ser convertido em reais com base na taxa cambial (para venda) vigente na data do desembaraço aduaneiro.
Observe-se que a variação cambial incorrida até a data da entrada dos bens no estabelecimento do adquirente deverá
compor o custo de aquisição e o ajuste das variações cambiais apuradas. A partir dessa data será contabilizado como
despesa financeira.
4. Critérios de Avaliação de Estoque
Conforme dispõe o art. 295 do RIR/99, os estoques existentes na data do encerramento do período de apuração
poderão ser avaliados pelo custo médio ponderado, móvel ou fixo, (observando que o custo médio fixo será apurado
ao final de cada mês) ou pelo custo dos bens adquiridos ou produzidos mais recentemente (PEPS, Primeiro a Entrar,
Primeiro a Sair) sendo admitida, ainda, a avaliação com base no preço de venda, subtraída a margem de lucro.
4.1. Apuração do custo médio
A avaliação pelo custo médio consiste em avaliar o estoque pelo custo médio de aquisição apurado em cada entrada
de material ponderado pelas quantidades adicionadas e pelas anteriormente existentes (PN CST nº 6/79).
Exemplo 1:
Admitindo que, no período de um mês, a empresa XYZ teve a seguinte movimentação no estoque de mercadoria, a
saber:
• em 1º/10 - compra de 300 unidades ao custo unitário de R$ 250,00;
• em 10/10 - compra de 200 unidades ao custo unitário de R$ 255,00;
• em 15/10 - venda de 200 unidades;
• em 20/10 - compra de 100 unidades ao custo unitário de R$ 265,00;
• em 25/10 - venda de 140 unidades.
4.1.1. Média ponderada (móvel)

Entradas Saídas Saldos


Históric Custo Custo Custo
o Quant. unitário Total R$ Quant. unitári Total R$ Quant. unitári Total R$
R$ o R$ o R$
1º/10 Compra 300 250,00 75.000,00 — — — 300 250,00 75.000,00
10/10 Compra 200 255,00 51.000,00 — — — 500 252,00 126.000,00
15/10 Venda — — — 200 252,00 50.400,00300 252,00 75.600,00
20/10 Compra 100 265,00 26.500,00 — — — 400 255,25 102.100,00
25/10 Venda — — — 140 255,25 35.735,00260 255,25 66.365,00
Totais 600 152.500,00 340 86.135,00260 255,25 66.365,00
4.1.2. Média ponderada (fixa)
Esta forma de apuração do custo é diferente do método anterior porque nesse caso deverá ser apurado o custo médio
das compras efetuadas no período inteiro.
A utilização desse método para avaliação dos estoques implica que as vendas sejam registradas somente ao final de
cada mês, ocasião em que serão baixadas pelo valor médio apurado.
Entradas Saídas Saldos
Custo Custo Custo
Data Histórico
Quant. unitário Total R$ Quant. unitári Total R$ Quant. unitári Total R$
R$ o R$ o R$
1º/10 Compra 300 250,00 75.000,00 — — — 300 250,00 75.000,00
10/10 Compra 200 255,00 51.000,00 — — — 500 252,00 126.000,00
20/10 Compra 100 265,00 26.500,00 600 254,17 152.500,00
31/10 Venda — — — 340 254,17 86.417,80 240 254,17 61.000,00
Totais 600 — 152.500,00 340 254,17 86.417,80 240 254,17 61.000,00
Exemplo 2:
Admitindo os mesmos dados do exemplo anterior, temos:
4.1.3. Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair (PEPS)
Pelo método conhecido como PEPS ou Fifo (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair) as saídas de estoque são avaliadas
considerando-se os custos de aquisição, obedecendo a ordem de entrada das mercadorias ou matérias-primas.
De acordo com esse critério, as baixas serão efetuadas a partir das primeiras compras efetuadas; desta forma, o custo
considerado será o das compras mais antigas e o estoque sempre será avaliado pelos custos das aquisições mais
recentes.
Entradas Saídas Saldos
Custo Custo Custo
Data Histórico
Quant. unitário Total R$ Quant.unitário Total R$ Quant. unitári Total R$
R$ R$ o R$
1º/10 Compra 300 250,00 75.000,00 — — — 300 250,00 75.000,00
300 250,00 75.000,00
10/10 Compra 200 255,00 51.000,00 — — — 200 255,00 51.000,00
500 126.000,00
100 250,00 25.000,00
15/10 Venda — — — 200 250,00 50.000,00 200 255,00 51.000,00
300 76.000,00
100 250,00 25.000,00
20/10 Compra 100 265,00 26.500,00 — — — 200 255,00 51.000,00
100 265,00 26.500,00
400 102.500,00
25/10 Venda — — — 100 250,00 25.000,00 160 255,00 40.800,00
40 255,00 10.200,00 100 265,00 26.500,00
140 35.200,00 260 67.300,00
Totais 600 — 152.500,00 340 — 85.200,00 260 67.300,00
4.1.4. Primeiro quadro comparativo
Com base nos dados extraídos dos quadros demonstrativos acima e admitindo que a receita líquida de vendas do
período seja de R$ 220.000,00, vamos demonstrar por meio de análise comparativa as diferenças ocorridas em
função dos métodos adotados para avaliar os estoques.
Custo médio
Média ponderadaMédia ponderadaPEPS (Fifo)
móvel fixa
Receita líquida de vendas R$ 220.000,00 R$ 220.000,00 R$ 220.000,00
Custo das mercadorias(R$ 86.135,00) (R$ 86.417,80) (R$ 85.200,00)
vendidas
Lucro bruto R$ 133.865,00 R$ 133.582,20 R$ 134.800,00
Pelo quadro comparativo, é possível observar as diferenças nos valores do lucro apurado no período, em razão de
atribuição de critérios diferentes, considerando a mesma quantidade e a mesma receita de vendas.
4.1.5. Ultimo a Entrar, Primeiro a Sair (UEPS)
Este método de avaliação dos estoques não é permitido pela legislação fiscal brasileira, porém nada impede que seja
utilizada para fins gerencias. A razão pela qual sua utilização não é permitida se deve ao fato de os estoques serem
subavaliados e como conseqüência o custo das mercadorias vendidas ser maior, resultando em menor lucro sujeito à
tributação. Por esse método, a baixa dos estoques é efetuada pelas últimas compras, permanecendo no estoque as
compras mais antigas, o que resulta na subavaliação, veja quadro demonstrativo abaixo:
Entradas Saídas Saldos
Históri Custo Custo Custo
Data
co Quant. unitário Total R$ Quant. unitário Total R$ Quant. unitário Total R$
R$ R$ R$
1º/10 Compra 300 250,00 75.000,00— — — 300 250,00 75.000,00
s
10/10 Compra 200 255,00 51.000,00— — — 300 250,00 75.000,00
s 200 255,00 51.000,00
500 126.000,0
0
15/10 Vendas — — — 200 255,00 51.000,00300 250,00 75.000,00
20/10 Compra 100 265,00 26.500,00 300 250,00 75.000,00
s 100 265,00 26.500,00
400 102.500,0
0
25/10 Vendas — — — 100 265,00 26.500,00 260 250,00 65.000,00
40 250,00 10.000,00
140 36.500,00
Totais 340 87.500,00260 250,00 65.000,00
4.1.6. Segundo quadro comparativo
Analisando o quadro acima é possível observar as diferenças existentes nos valores do lucro apurado no período, em
razão de atribuição de critérios diferentes, considerando a mesma quantidade e a mesma receita de vendas, percebe-
se claramente a diferença no custo e no lucro tributável.

Custo médio PEPS (Fifo) UEPS (Lifo)


Média ponderadaMédia ponderada
móvel fixa
Receita líquida de vendas R$ 220.000,00 R$ 220.000,00 R$ 220.000,00 R$ 220.000,00
(-) Custo das mercadorias(R$ 86.135,00) (R$ 86.417,70) (R$ (R$ 87.500,00)
vendidas 85.200,00)
Lucro bruto R$ 133.865,00 R$ 133.582,20 R$ 134.800,00 R$ 132.500,00
5. Preço de Venda, Subtraída a Margem de Lucro
Este método é aplicável às empresas comerciais que trabalham com grande número de itens no estoque e consiste na
apuração do estoque valorizado a preço de venda, subtraída a margem de lucro. A apuração poderá ser feita por meio
de contagem física ou por controle permanente. Convém observar que esse método não se aplica aos estoques de
matérias-primas e insumos, que deverão ser avaliados pelo método PEPS ou pelo custo médio.
Observe-se que a utilização desse método é o mesmo que avaliar ao preço de custo.
6. Registro Permanente de Estoques
De acordo com o PN CST nº 6/79, o registro permanente de estoques poderá ser feito em fichas, livros ou
formulários contínuos emitidos por sistema de processamento, cujos saldos apurados após os ajustes decorrentes do
confronto com a contagem física serão transcritos no livro Registro de Inventário, que é de escrituração obrigatória.
6.1. Devoluções de mercadorias
As devoluções de mercadorias ao fornecedor serão registradas pelo mesmo valor pelo qual foi registrada a compra e
serão lançadas na ficha de estoques na coluna "Entradas" negativamente (entre parênteses).
O valor das devoluções recebidas (vendas devolvidas) será registrado pelo valor da saída e deverá ser lançado na
coluna "Saídas" negativamente.
Observe-se, também, que o lançamento da devolução implica ajuste no custo médio em razão da alteração nos
saldos físico e monetário, entretanto não é necessário refazer as fichas de estoque.
6.2. Empresa que não mantém registro permanente de estoques
Na hipótese de o contribuinte não possuir controle permanente de estoque, o inventário dos estoques será feito por
meio de contagem física e será avaliado pelo custo das aquisições mais recentes (PEPS), excluindo-se os valores do
IPI e do ICMS.
Exemplo:
Considerando que na apuração dos estoques, mediante contagem física, foram encontradas 260 unidades de uma
mercadoria que de acordo com o item 2.4 do PN CST nº 6/79 esses serão avaliados pelas últimas aquisições
excluídos o IPI e o ICMS. Com base nesses dados, os estoques ficarão assim avaliados:
- última compra, 150 unidades ao custo unitário de R$ 32,00;
- compra imediatamente anterior, 100 unidades ao custo unitário de R$ 28,00;
- antepenúltima compra, 70 unidades ao custo unitário de R$ 26,00.
- 150 unidades (última compra) ............................ R$ 32,00 = R$ 4.800,00
- 100 unidades (penúltima compra) ....................... R$ 28,00 = R$ 2.800,00
- 10 unidades (antepenúltima compra) ................... R$ 26,00 = R$ 260,00
260 unidades ao custo total de..................................................R$ 7.860,00
O custo das mercadorias vendidas, ou das matérias-primas consumidas no processo de produção corresponderá aos
valores lançados na coluna "Saídas", contudo, se o controle de estoques for feito por meio de contagem física o
custo das mercadorias vendidas ou das matérias-primas consumidas será representado pela expressão: CMV= EI + C
- EF, onde:
CMV = EI + C - EF, onde:
CMV = Custo das Mercadorias Vendidas;
CPV = Custo dos Produtos Vendidos, no caso de indústria;
EI = Estoque Inicial;
C = Compras; EF = Estoque Final.
Exemplo:
Estoque inicial ............................................................................ R$ 110.000,00
(+) Compras do período .............................................................. R$ 280.000,00
(-) Estoque final ....................................................................... (R$ 130.000,00)
CMV ....................................................................................... R$ 260.000,00
No caso de o estoque apurado ser menor que a última compra, o preço unitário da referida compra é o relevante para
avaliação.
7. Custo Padrão
No caso em que a empresa apure custos com base em padrões preestabelecidos (custo-padrão), como instrumento de
controle de gestão, deverá cuidar no sentido de que o padrão incorpore todos os elementos constitutivos, tais como
matéria-prima, mão-de-obra e gastos gerais de fabricação, e que a avaliação final dos estoques (imputação dos
padrões mais ou menos às variações de custo) não difira da que seria obtida com o emprego do custo real.
A distribuição das variações entre os produtos (em processo e acabados) em estoque e o custo dos produtos vendidos
deve ser feita a intervalos não superiores a 3 meses ou em intervalo de maior duração, desde que não exceda
qualquer um dos prazos seguintes:
a) o exercício social;
b) o ciclo usual de produção, entendido como tal o tempo normalmente despendido no
processo industrial do produto avaliado.
Estas variações deverão ser identificadas por item final de estoque, para permitir a verificação do critério de
neutralidade do sistema de custos adotado sobre a valoração dos inventários.
A legislação fiscal aceita a manutenção de contabilidade tomando como base o custo-padrão, desde que:
a) o padrão preestabelecido inclua todos os elementos de custo, ou seja, matéria-prima, mão-de-obra e gastos
gerais de fabricação;
b) à avaliação final dos estoques sejam atribuídas as variações de custo (entre o custo real e o padrão) de modo
que não difira da avaliação que seria obtida com o emprego do lucro real;
c) a distribuição das variações anteriores seja feita não apenas no final do exercício, mas também durante o ano,
em intervalos não superiores a um trimestre, exceto quando o ciclo de produção for maior;
d) as variações de custo sejam identificadas por item final de estoque, considerando cada produto.
8. Composição do Custo de Aquisição
De acordo com o art. 290 do RIR/99, o custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá,
obrigatoriamente:
a) o custo de aquisição de matérias-primas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na
produção, observado o disposto no art. 289 do RIR/99;
b) o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações
de produção;
c) os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção;
d) os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção;
e) os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção.
9. Bens de Consumo Eventual
A aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda a 5% do custo total dos produtos vendidos no
período de apuração anterior poderá ser registrada diretamente como custo (art. 290, parágrafo único do RIR/99).
De acordo com o PN CST nº 70/79, o que a lei pretendeu foi oferecer às empresas a possibilidade de aliviá-las do
esforço administrativo de controle, por meio de contas de estoque.
Os bens dispensados de controle que podem ser registrados diretamente como custo de produção são os utilizados de
forma esporádica no processo produtivo e que, normalmente, a empresa não empregaria na obtenção do produto.
São os materiais que não constituem insumos regulares, mas que são empregados ocasionalmente em razão da
ocorrência de fato que reclame a aplicação de materiais não usados rotineiramente.
De acordo com o PN CST nº 70/79, considera-se como bem de consumo eventual:
a) os materiais destinados a restaurar a integridade ou a apresentação de produtos danificados;
b) os materiais e produtos químicos para testes;
c) os produtos químicos e outros materiais para remoção de impurezas de recipientes utilizados no processo
produtivo;
d) as embalagens especiais utilizadas para atender a determinadas necessidades de transporte;
e) os produtos para retificar deficiências reveladas pelas matérias-primas ou produtos intermediários;
f) os materiais destinados a reparo de defeitos durante a produção;
g) os produtos a serem utilizados em serviço especial de manutenção etc.
10. Avaliação dos Estoques com Base em Contabilidade de Custos
Consoante o art. 294 do RIR/99, o contribuinte que mantiver sistema de contabilidade de custo integrado e
coordenado com o restante da escrituração poderá utilizar os custos apurados para avaliação dos estoques de
produtos em fabricação e acabados.
10.1. Contabilidade de custo integrado e coordenado com o restante da escrituração
Considera-se sistema de contabilidade de custo integrado e coordenado com o restante da escrituração aquele:
a) apoiado em valores originados da escrituração contábil (matéria-prima, mão-de-obra direta, custos gerais de
fabricação);
b) que permite determinação contábil, ao fim de cada mês, do valor dos estoques de matérias-primas e outros
materiais, produtos em elaboração e produtos acabados;
c) apoiado em livros auxiliares, fichas, folhas contínuas, ou mapas de apropriação ou rateio, tidos em boa
guarda e de registros coincidentes com aqueles constantes da escrituração principal;
d) que permite avaliar os estoques existentes na data de encerramento do período de apropriação de resultados
segundo os custos efetivamente incorridos.
11. Arbitramento do Valor dos Estoques de Produtos Acabados e em Elaboração
Conforme o art. 296 do RIR/99, se o contribuinte não mantiver contabilidade de custos integrado e coordenado com
o restante da escrituração contábil, os estoques apurados no final do período deverão ser avaliados de acordo as
normas estabelecidas pelo RIR/99.
11.1. Estoques de produtos acabados
Os estoques de produtos acabados serão avaliados:
- em 70% do maior preço de venda no período de apuração (sem IPI).
Neste caso, o valor dos produtos acabados deverá ser determinado tomando por base o preço de venda, sem exclusão
de qualquer parcela a título de ICMS.
Exemplo:
Considerando que no final do período existam no estoque 100 unidades de determinado produto, cujo maior preço
de venda é de R$ 500,00, temos:
- R$ 500,00 x 70% = .......................................... R$ 350,00 (custo unitário)
Quantidade inventariada: 100 unidades
- R$ 350,00 x 100 = ............................................R$ 35.000,00 (valor do estoque)
11.2. Estoques de produtos em elaboração
Os produtos em elaboração serão avaliados, à opção do contribuinte:
a) os de materiais em processamento, por uma vez e meia o maior custo das matérias-primas adquiridas no
período de apuração; ou
b) em 80% do valor dos produtos acabados, determinado de acordo com a letra "a" do subitem 10.1, o que
significa avaliar em 56% do maior preço de venda (excluído o IPI) dos produtos acabados;
Exemplo:
Considerando que existam 200 unidades de determinado produto em elaboração, cujo maior custo de matérias-
primas é de R$ 250,00:
- maior custo de matérias-primas ..................................................... R$ 250,00
- percentual aplicado ..................................................................... x 1,5%
- custo dos produtos em elaboração ................................................. R$ 375,00
À opção do contribuinte, o estoque poderá ser avaliado em 80% do valor dos produtos acabados.
- R$ 500,00 x 56%*= ....................................................................... R$ 280,00
* 80% x 70% = 56%
Observe-se que, de acordo com o art. 296, § 2º, o valor dos estoques deverá ser reconhecido na escrituração
comercial.
12. Impossibilidade de Constituição de Provisão e de Realização de Ajustes e Reduções
Conforme dispõe o art. 298 do RIR/99, não serão permitidas:
a) reduções globais de valores inventariados, nem formação de reservas ou provisões para fazer em face da sua
desvalorização;
b) deduções de valor por depreciações estimadas ou me-diante provisões para oscilações de preços;
c) manutenção de estoques básicos ou normais a preços constantes ou nominais;
e) despesa com provisão mediante ajuste ao valor de mercado, se este for menor do que o custo de aquisição ou
produção dos bens existentes na data do balanço.
13. Estoques de Produtos Agrícolas
O art. 297 do RIR/99 dispõe que os estoques de produtos agrícolas, animais e extrativos poderão ser avaliados aos
preços correntes de mercado, conforme as práticas usuais em cada tipo de atividade.
Segundo o PN CST nº 5/86, a faculdade de avaliar o estoque de produtos agrícolas, animais e extrativos ao preço
corrente no mercado aplica-se não somente aos produtos, mas também aos comerciantes e industriais.
A contrapartida do aumento do ativo, em decorrência da atualização do valor dos estoques de produtos agrícolas,
animais e extrativos destinados à venda, tanto em virtude do registro no estoque de crias nascidas no período de
apuração, como pela avaliação do estoque a preço de mercado, constitui receita operacional, que comporá a base de
cálculo do imposto sobre a renda no período de apuração em que ocorrer a venda dos respectivos estoques (IN SRF
nº 257/02, art. 16).
14. Quebras e Perdas
Consideram-se como integrantes do custo das mercadorias vendidas ou dos produtos fabricados o valor (art. 291 do
RIR/99):
I - das quebras e perdas razoáveis, de acordo com a natureza do bem e da atividade, ocorridas na fabricação, no
transporte e manuseio;
II - das quebras ou perdas de estoque por deterioração, obsolescência ou pela ocorrência de riscos não cobertos por
seguros, desde que comprovadas:
a) por laudo ou certificado de autoridade sanitária ou de segurança, que especifique e identifique as quantidades
destruídas ou inutilizadas e as razões da providência;
b) por certificado de autoridade competente, nos casos de incêndios, inundações ou outros eventos semelhantes;
c) mediante laudo de autoridade fiscal chamada a certificar a destruição de bens obsoletos, invendáveis ou
danificados, quando não houver valor residual apurável.

Apuração do custo médio


A avaliação pelo custo médio consiste em avaliar o estoque pelo custo médio de
aquisição apurado em cada entrada de material ponderado pelas quantidades
adicionadas e pelas anteriormente existentes (PN CST nº 6/79).
Exemplo 1:
Admitindo que, no período de um mês, a empresa XYZ teve a seguinte
movimentação no estoque de mercadoria, a saber:
• em 1º/10 - compra de 300 unidades ao custo unitário de R$ 250,00;
• em 10/10 - compra de 200 unidades ao custo unitário de R$ 255,00;
• em 15/10 - venda de 200 unidades;
• em 20/10 - compra de 100 unidades ao custo unitário de R$ 265,00;
• em 25/10 - venda de 140 unidades.

4.1.1. Média ponderada (móvel)


Entradas Saídas Saldos
Históric Custo Custo Custo
Data
o Quant. unitário Total R$ Quant. unitári Total R$ Quant. unitári Total R$
R$ o R$ o R$
1º/10 Compra 300 250,00 75.000,00 — — — 300 250,00 75.000,00
10/10 Compra 200 255,00 51.000,00 — — — 500 252,00 126.000,00
15/10 Venda — — — 200 252,00 50.400,00 300 252,00 75.600,00
20/10 Compra 100 265,00 26.500,00 — — — 400 255,25 102.100,00
25/10 Venda — — — 140 255,25 35.735,00 260 255,25 66.365,00
Totais 600 152.500,00 340 86.135,00 260 255,25 66.365,00

Com esse metodo seu estoque estará sempre atualizado.


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Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair (PEPS)
Pelo método conhecido como PEPS ou Fifo (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair)
as saídas de estoque são avaliadas considerando-se os custos de aquisição,
obedecendo a ordem de entrada das mercadorias ou matérias-primas.
De acordo com esse critério, as baixas serão efetuadas a partir das primeiras
compras efetuadas; desta forma, o custo considerado será o das compras mais
antigas e o estoque sempre será avaliado pelos custos das aquisições mais
recentes.
Entradas Saídas Saldos
Custo Custo Custo
Data Histórico
Quant. unitário Total R$ Quant. unitário Total R$ Quant. unitári Total R$
R$ R$ o R$
1º/10 Compra 300 250,00 75.000,00 — — — 300 250,00 75.000,00
300 250,00 75.000,00
10/10 Compra 200 255,00 51.000,00 — — — 200 255,00 51.000,00
500 126.000,00
100 250,00 25.000,00
15/10 Venda — — — 200 250,00 50.000,00 200 255,00 51.000,00
300 76.000,00
100 250,00 25.000,00
20/10 Compra 100 265,00 26.500,00 — — — 200 255,00 51.000,00
100 265,00

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