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CAPÍTULO 01 – VAGANDO
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SOB A LUZ DO SOL - TATIANA MARETO SILVA
Saí do covil sem que eles me vissem. Não queria que os meus me
condenassem sob minhas vistas. Não queria que eles me criticassem
durante minha incursão ao mundo deles. Ok, isso ficou confuso, não
acham? Eles, deles... bem, os meus raramente nomeavam aqueles que
viviam sob a luz do sol, e que tinham o sangue quente. Eles têm
nome, humanos. Mas os meus não os nomeiam... porque foram eles
que nos expulsaram de lá. Lá, a terra... o ar, a luz do sol. Fomos
confinados a viver sob a terra, porque eles, os humanos, não nos
queriam lá. Lá, na superfície.
Mas ela não fez. Meus olhos se retraíram ao primeiro contato com a
luz amarelada e pálida do astro solar, e minha pele pareceu arder um
pouco. Ardeu... olhei para cima, para frente, e eu estava em um local
totalmente claro, sem luz artificial, cercada de cores. Cores... eu
conhecia poucas cores. Sob a terra não se vê muitas cores, é tudo
basicamente marrom, vermelho, preto e branco. Algumas variações.
Eu mesma usava um vestido branco e vermelho. Era mais fácil
camuflar quando nos alimentávamos, o vermelho.
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Eu não tinha noção geográfica, e não sabia onde estava. Se é que isso
fazia alguma diferença; se eles tivessem divisões e demarcações. Eu
não sabia. Olhei em volta novamente, tentando situar-me. Havia
verde... eu não me recordava de um verde daquela cor. Sob a terra o
verde é tão diferente... é escuro e viscoso, como o sangue que
bebíamos. Mas aquele verde era... vivo.
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Foi então que tive medo, pela primeira vez sob a luz do sol. Eu ainda
caminhava, e o sol já deixava minha pele avermelhada. Eu era
branca, porque assim eram todos os meus. Muito branca... e o sol não
me machucava, mas minha pele estava vermelha e eu sentia que
ela... coçava. Eu precisava parar, porque já caminhava por algum
tempo. Eu não tinha a noção temporal deles... não fazia noção de
como eles contavam o tempo, porque sob a terra era sempre tudo
igual. Na verdade, não contávamos o tempo. Ele não passava,
mesmo... parávamos de envelhecer tão logo nos transformávamos, e
por isso o tempo jamais passava. Era sempre o mesmo... não
importava se era dia ou noite, porque não havia qualquer luz além da
artificial. Eu sequer tinha noção de dia e noite, porque só os como
Rudolph eram autorizados a sair, vez em quando.
Vagando, achei uma sombra. Lugar onde não havia sol... sob o verde.
Parei ali, o peito arfando. Nunca sentira nada daquilo... estava me
sentindo estranha. Não conhecia palavras para aquele sentimento.
Era um sentimento interessante, porque eu sentia a minha
respiração... eu estava inspirando ar... ar puro. Nosso ar era
canalizado. Nosso ar vinha de dutos que foram colocados por eles,
para não nos matarem. Eu imaginava que eles, apesar de tudo, não
fossem tão cruéis como Rudolph dizia. Afinal, eles não nos mataram.
Talvez, matar-nos não fosse tão fácil... talvez, não precisássemos de...
ar.
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Encarei o animal, mas a sede não passou. Ele parecia mesmo não me
ver... e eu não sabia o que fazer. Eu não estava pronta para matar. De
repente, um outro animal pulou por sobre aquele, e o atacou.
Ferozmente jogou o primeiro no solo, e dilacerou sua carne.
CAPÍTULO 02 – OS OUTROS
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Os dois rapazes andavam pela mata. Eu não os via, nem ouvia. Eles
vinham em minha direção, sem saber. Eles tinham presas expostas, e
perseguiam algo pelo cheiro.
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que ele era. E não sentia nenhuma vontade de bebê-lo, como senti
com aquele animal. Ou ele não era um deles... ou eu estaria segura no
meio deles. Ou ainda, eu estava saciada. – Edward Cullen. – Fez uma
reverência.
— Be... Beatrice Caldwell.
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— Não são! – Protestei. Afastei-me dos dois, talvez com medo, talvez
com ansiedade. – Não somos lenda... eu sou um híbrido.
— Híbridos não existem. – Edward então aproximou-se, segurando
minha mão. – Você está muito confusa, acho que devemos levá-la
para nossa casa.
— Ficou doido? – Jasper pareceu não concordar com o outro.
— Carlisle não vai ligar... ele vai até gostar. Não recebemos muitas
visitas.. e ela é uma de nós, não temos que nos preocupar com a
exposição. Talvez ele possa tratar dela... e ela deve tomar um banho.
Daqui a pouco outros predadores com menos consciência vão atrás
dela.
— Se ela é um de nós, não precisamos nos preocupar.
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CAPÍTULO 03 – FAMÍLIA
*tema: Beethoven‖s Moonlight Sonata*
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— Vim ver se está bem acomodada. Sabe como é... Esme e Carlisle
desejam que sejamos bons anfitriões. – Ele sorriu. Parei então para
observá-lo. Foi como se o tempo realmente parasse, enquanto ele
estava ali, de pé, contrastando com a porta branca. Eu ainda não o
tinha observado, só mirado em seus olhos. Ele tinha cabelos de fogo.
Quando a luz lhe iluminava, o cabelo reluzia. De fogo. Os olhos
pareciam variar... eu os vira de várias cores, então. Caramelo,
pareciam naquele instante. Como... um doce. Eu sabia o que era um
doce. Eu só nunca tinha saboreado... mas eu sabia o que era. Ele tinha
olhos de doce. E sua pele era quase tão branca quanto a minha. Sua
pele era... lisa. A minha tinha bolhas, do sol. Ele não. Os puros não
tomavam sol, pensei. Se tomassem, não sofriam seus efeitos. Eram
puros... pensei que temiam o sol, mas caçavam à luz do dia. Ele vestia
roupas pouco convencionais para os machos da minha espécie.
Usava sapatos muito estranhos, com cadarços esgarçados. Jeans eu
conhecia, mas os machos mais velhos raramente os vestiam. E uma
blusa escura agradavelmente contrastando com todo o branco,
evidenciando contornos de seu corpo. Corpo... eu nunca vira o corpo
dos machos.
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CAPÍTULO 04 – EDWARD
*tema: Yuko Ohigashi‖s “If You‖re Not Here” (Kimi ga inaito)
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Edward riu. Seus dentes brilhavam por sob a claridade que ainda me
perturbava, e então percebi que ele era... que ele me exercia algum
tipo de atração. Claro, ele era um macho. O que eu deveria esperar?
Não conhecia outros machos da minha idade, ainda não estava
preparada para eles, dizia Rudolph. Super protetor, sempre. Olhando
para aquele, eu considerava se Rudolph não estaria certo. Talvez eu
não estivesse mesmo preparada para eles.
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— Ainda não viu nada. – Ele sorriu, outra vez. Senti então um
arrepio. – Mas eu terei muito tempo para mostrar... algo me diz que
sua estada em casa será longa.
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— Edward, a híbrida não é uma cobaia. Não a teste. Sua função é estar
presente, não causar problemas.
— Está certo, Carlisle. Tentarei não permitir que ela se encrenque.
O caminho para meu quarto já era conhecido, então foi para lá que
me dirigi. O coração estava mesmo pulsando mais vezes e fora do
ritmo natural. Talvez não fosse somente o oxigênio em excesso,
afinal. Talvez houvesse outra coisa que me fizesse sentir tudo aquilo.
Meu coração sequer deveria bater... eu não estava viva. Mas ele batia,
três, quatro vezes a cada vinte segundos... era tão lento que eu mal
poderia senti-lo. Acelerado, eu sentia uma agonia terrível. Joguei-me
na cama preparada por Esme, comprimindo minha cabeça com as
duas mãos. Malditos vampiros... maldito ar fresco, malditas reações
desconhecidas de meu corpo.
Sentindo menos dor, e a dor era dilacerante, deixei que meu cérebro
pensasse... que Edward seria meu companheiro. Primo, era a palavra
técnica. Secretamente gostei daquela idéia de pertencer a uma
família pequena, e mais ainda de ter Edward como companheiro. Não
adquiri por Jasper a mesma empatia que por Edward. Jasper parecia
ansioso em minha presença... seu olhar sempre tenso, como um
radar. Talvez a minha parte humana lhe incomodasse muito. Edward
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CAPÍTULO 05 – COMPREENSÕES
*tema: Bach‖s Toccata and Fugue*
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Eu não sabia.
— Não sei. – Confessei. – Pode testar... se quiser.
— Tentarei.
O médico se utilizou de um objeto estranho para tentar obter um
pouco do meu sangue. Mas ele não teve muita sorte... pois toda vez
que introduzia o objeto em minha carne, a regeneração o expulsava
de meu corpo. Eu regenerava muito rapidamente, e aquela pequena
abertura era imediatamente identificada como uma agressão, e se
fechava.
— É, parece que não terei sorte. – Carlisle sorriu. – Se um dia
machucar-se, talvez consigamos seu sangue... mas por agora, creio
que terei que me contentar com o que tenho.
— Posso machucar-me. – Elevei o olhar e encontrei um objeto
cortante. – Onde devo depositar o sangue?
— Beatrice... não deve...
— Pode ser aqui? – Peguei nas mãos um tubo de vidro que suspeitei
ser um compartimento para o sangue.
— O que ela pretende fazer? – Edward não entendeu, eu sei que não.
Mas antes que ele pudesse captar ou Carlisle pudesse me impedir, eu
tomei o objeto em minhas mãos e golpeei meu pulso. Eu sabia que ali
vertia muito sangue. Rapidamente, eu tomei o vidro nas mãos e
deixei escorrer o líquido avermelhado que jorrou, por alguns
segundos. Logo, a ferida estava totalmente cicatrizada.
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CAPÍTULO 06 – ELES
*tema: Beethoven‖s Pathétique*
Mas aquilo era a escola. Eu ouvi os Cullen falar sobre ela durante
longas horas... mas ainda não sabia o que seria. Chegaria atrasada,
claro. Isso foi o que Edward disse... que estávamos atrasados por
causa das idéias de Alice. Que eu não precisava se examinada... não
precisava ser testada, ou nada. Afinal, eu não era uma cobaia, certo?
Naquele instante, eu previ que ele não desejava que eu fosse revelada.
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Meu tutor vampiro cuidaria de mim até o final do dia. Ele teve o
cuidado de me colocar para realizar as mesmas atividades que ele,
mesmo que seus irmãos não estivessem em todas. Edward pareceu
muito afeito a todos naquele lugar. As pessoas com quem ele
conversou pareciam lhe abrir largos sorrisos de condescendências,
sempre. Aquilo era quase irritante, pensei. Na verdade, eu não sabia
o que faria ali, ao certo. Disseram-me que era um lugar de
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— Tente ser menos indiscreta. – Ele disse, quando a quinta das aulas
acabou. Repreensão, então.
— Lamento. – Olhar baixo, sempre submissa.
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Eu não olhei para trás, mas pude ouvir várias exclamações após a fala
do meu tutor. Elas pareciam, então, lamentar que eu não ficaria com
elas. Ou lamentar o afastamento de Edward.
— Obrigada. – Falei, enquanto me sentava com os Cullen. – Não
saberia como me sair dessa.
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Meu primeiro dia entre eles não foi muito ruim. Foi apenas diferente,
como tudo que vinha acontecendo naquele lugar. Sob o sol as coisas
aconteciam, foi como pensei. Sob a terra era sempre o mesmo... nos
alimentávamos, ouvíamos Felicia e suas fábulas fantasiosas,
conversávamos, líamos, adormecíamos. Sob o sol as pessoas faziam
outras coisas... pude perceber. As conversas eram tão animadas e eles
pareciam envolver tantos semelhantes...
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Saí do meu quarto, vagante. Era como nas lendas de Felicia, a pessoa
que caminhava durante o sono. Movi-me lentamente, como em um
baile, deixando que meus ouvidos se guiassem pelo som abafado do
piano. Desci as escadas lentamente, para deparar-me com uma cena
que me causou... desconforto. Edward, sentado ao piano. Era de seus
dedos que a melodia surgia. Olhei em volta, não vi mais ninguém
além dele. A sala era muito grande, e parecia na penumbra. Apenas a
luz da lua e uma pequena luminária artificial traziam brilho às teclas
amadeiradas do instrumento. Preto, eu pude ver as cordas vibrando
suavemente a cada toque dos dedos longos e cadenciados de Edward.
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me saciei. Mesmo que tivesse que bebê-los, mesmo que tivesse que
caçá-los... eu não conseguia acreditar que eu fosse perigosa para eles.
Mas... eles pareciam perigosos para mim. Era como se desde que subi
à superfície algo naquele lugar me influenciasse barbaramente. E eu
podia jurar que estava tudo relacionado a eles. E ao seu sol, àquela
luz que tanto me encantava.
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— Isso é inusitado. – Ele sorriu. – Isso significa, Bea, que você precisa
de observação.
— Observação?
— Sim. Eu fico feliz que estejamos com você... e se você quiser estar
conosco por mais tempo, será muito bom... eu poderei avaliar a sua
evolução e acompanhar todas as mudanças que ocorrerem com seu
organismo. Ainda não sabemos o que a sua parte humana influencia,
além dos batimentos cardíacos e da respiração...
— Eu... não sei o que dizer.
— Fique permanentemente conosco. – Esme sorriu. – Quero dizer...
uma sobrinha pode morar com os tios, não pode? A não ser que você
deseje retornar para seu covil, claro.
— Não! – Detestei a possibilidade. – Eu... não pretendo retornar.
— Então está determinado. Você fica conosco... a sobrinha se muda
para a casa dos tios. Forks é um ótimo lugar, pois aqui o sol não te
incomodará. E uma família pequena tem vantagens. Edward tomará
conta de você.
Aquela frase soou tão bem aos meus ouvidos quanto não deveria.
Retirei-me para meus aposentos tão logo a conferência Cullen
terminou, deixando os integrantes da família. Eu tinha que
compreender estar me tornando o novo integrante da família Cullen,
o que não me era desagradável... mas eu ainda não conseguia parar
de enxergar o perigo. Tentando me enquadrar, banhei-me
lentamente e dolorosamente, pois eu sentia meus músculos
contraírem. Segundo Rudolph, eu não sentia dor exatamente... era
mais uma sensação que representava, para um morto-vivo, a dor. Ah,
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CAPÍTULO 08 – O SOL
*tema: Beethoven‖s Romance in F*
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O sorriso de Edward.
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Ah, a tentação do sol! Sentei-me ao seu lado, não tão próxima que me
pudesse fazer pensar em coisas ainda mais inadequadas do que meus
pensamentos sombrios e descoordenados, não tão longe que me
fizesse sentir agonia. Desde que eu chegara à casa dos Cullen sentia-
me mais e mais próxima a Edward, como se estivéssemos conectados
por uma linha invisível e muito curta. Eu desejava estar na presença
dele... desejava estar próxima, ouvir sua voz e ver sua face gélida. Era
como se a sua presença me causasse um bem ainda maior do que o
sol. Se aquilo fosse possível.
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— Você é... – pensei no que falar. – Como pode saber sempre o que
fazer?
Edward riu, uma gargalhada. Como as que o vi rir com Jasper,
quando nos encontramos pela primeira vez.
— Então é isso que pensa? Que sempre sei o que fazer?
— Sim.
— Sente-se bem? – Ele perguntou, deitando-se de lado. Sua pele
reluzente ainda ofuscava minha visão turva pelo excesso de
claridade. Ainda não estava muito afeita ao sol, apesar do desejo de
sorvê-lo por toda uma eternidade. – Quero dizer... sente-se satisfeita?
— Sim. – Baixei o olhar. – Se me pergunta se tenho sede, não tenho.
— Isso é bom. Só precisaremos nos alimentar no final de semana,
mas... como Carlisle disse que você está em adaptação... é bom ter
certeza.
— Você está fugindo da pergunta. – Balbuciei. Sempre temerosa de
enfrentá-lo em contestação. – Minha sede não o colocaria em risco, e
você saberia o que fazer.
— Eu não sei sempre o que fazer. – Ele decidiu se posicionar. Eu
olhava para frente, encarando o nada. Ele olhava para mim. – Eu... eu
consigo saber o que as pessoas pensam.
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CAPÍTULO 09 – GAROTAS
*tema: O-town‖s Liquid Dreams*
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— Diga-me você.
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Edward ouviu a tudo sem se manifestar. Esme devia estar certa; era
ao menos uma explicação. Ele se sentia diferente desde que
conhecera a híbrida na floresta. Pelo menos Esme possuía uma
explicação para isso. Mesmo que ele não tivesse gostado do que
ouviu.
— Ela... ela também parece confusa. – Ele finalmente confessou.
— Talvez ela esteja. Você é muito bonito, atraente... não sabemos
como era a sua vida no covil, mas Beatrice parece ter sido muito
solitária. Ela se desapegou facilmente do que tinha lá.
— Eu preciso me afastar dela, um pouco. Você acha que seria
perigoso?
— Ah, Edward! – Esme sorriu, um largo sorriso. – Você não precisa
afastar-se de Beatrice! Apesar de ela ser uma híbrida e ter um
passado obscuro... ela é mais uma de nós do que um humano. Você
pode tê-la, se quiser... quando quiser...
— Não. – Ele disse, voltando-se novamente para a paisagem. – Eu
ainda não estou preparado, Esme...
— Poderia deixá-la passar mais tempo com os humanos, então. Disse
que ela se interessou por eles...
— E eles por ela. Ela parece... popular.
— Então! Faça essa tentativa... mantenha-se alerta, mas permita que
ela alce vôos mais longos. Dê a ela algum tempo, algum espaço.
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Tirar a vida do pequeno cervo lhe fora tão simples que me senti, em
mais uma das milhares de vezes, patética.
Os Cullen logo entenderam que matar não era para mim uma opção,
mas a falta completa delas. Mesmo sedenta, mesmo fraca, mesmo
necessitando desesperadamente do sangue, eu não conseguia atacar
outro ser vivo. E, apesar de todo o meu constrangimento e agonia,
eles passaram a caçar para mim. Por vezes Alice, ou Carlisle, até
mesmo Emmet... eles buscavam os animais e me jogavam à frente,
ainda jorrando o sangue de odor inebriante e irresistível. Alguns
ainda tinham o coração pulsante como o meu, já quase paralisados
pela morte iminente. Assim, o controle me fugia e eu me sentia apta
a alimentar-me. Só assim.
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Eu ganhei um sorriso.
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Então, Boston nunca podia ser longe o bastante. Edward havia dito,
era longe. Mas não longe o bastante... foi um exagero. Eu não adorei,
como Rosalie previu. Senti náuseas durante toda a viagem. Senti a
vertigem. Pavor tomava conta de meus sentidos e as garotas tiveram
ainda mais trabalho para manter-me sossegada. Eu estava
insuportável e impossível, agindo como uma pequena mimada.
Talvez eu assim o fosse, no covil. Eu tinha certeza que Felicia me
mimava. Mas a viagem foi detestável, na parte do avião. Eu não
relaxei e não senti prazer algum. Meus dedos estavam ainda
grudados nos braços dos assentos quando o grande transporte
voador finalmente aterrissou em Boston.
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— Edward Cullen. – Rosalie atendeu, voz grave e ríspida. – Isso não vai
funcionar se você continuar ligando de vinte em vinte minutos. – Era
um protesto. Edward ligava de vinte em vinte minutos? Aquele fato
me era totalmente desconhecido. – Claro... vai conseguir me
convencer que Emmett quer me falar. Se Emmett quisesse me falar
simplesmente, teria me ligado de seu telefone. Sim, ela está... okay,
pode falar com ela.
Rosalie franziu toda a sua expressão e, olhando para mim, atirou-me
o aparelho eletrônico. Sorri encabulada, e achei mais conveniente
dizer algo. Afinal, eu ainda não havia falado com Edward, e aquela
história de ligar constantemente ainda não estava esclarecida.
— Alô? – Arrisquei.
— Como está a sua viagem? – A voz de Edward preencheu meus
ouvidos, com suavidade. Era tão marcante que pude nitidamente
delinear seus traços em minha frente, enquanto ele falava.
— Muito divertida, suas irmãs são ótima companhia.
— Eu sei. Elas têm cuidado de você? Evitado encrencas?
— Sim... comportamento impecável.
— Fico satisfeito. Vejo você em alguns dias, Beatrice.
Ouvi o telefone desligar. Tive vontade de pedir que ele esperasse.
Senti falta de sua voz. Não tinha certeza disso até ouvi-la, então. Sua
voz me trouxe memórias recentes muito satisfatórias... que me
fizeram ter nostalgia de um tempo muito próximo. Emburrei
levemente após devolver o telefone a Rosalie, pois eu queria ter tido
um pouco mais de Edward. Tentaria não deixar que elas
percebessem, se isso fosse razoável. Alice era sensível demais, e
Rosalie estava sempre me observando. Elas certamente notariam
meu estado de humor alterado.
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adrenalina não tivesse nada a ver com aquilo; era óbvio demais que
não. Mas alguma coisa estava me tirando do prumo certo, me
fazendo ter reações nada naturais à minha espécie.
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Segurei a flor entre os dedos, e levei-a ao nariz. Seu aroma era suave,
não doce como tudo que eu presenciara em Boston. Eu não notei se
os Cullen ainda nos observavam, ou se aquilo faria alguma diferença.
Edward estendeu-me o braço, e entendi que eu deveria segurá-lo. A
frenética compulsão de tocá-lo seria então levada em consideração.
Ele me conduziu até seu carro prateado como a luz do luar, e fomos
até a sua casa. Nossa casa. A casa dos Cullen. A confusão de
pensamentos ainda não havia se dissolvido, porque a presença de
Edward havia baixado significativamente as minhas defesas e
compreensões. Era como se ele exercesse um poder estranho sobre
minha razão. Se eu ainda tivesse alguma.
Mas havia algo que eu ainda não sabia, e que talvez estivesse por trás
da súbita mudança de comportamento de Edward. Primeiramente,
ele seria meu tutor. Então, ele se afastou gradualmente, dando-me
um espaço nem tão desejado. Enturmei-me com os humanos, fiz
amigos, passei a freqüentar seu ambiente e a interagir de uma forma
até mesmo perigosa. Deixei de desejar seu contato permanente, e
satisfiz-me forçadamente com a rápida discussão em sala de aula e
com alguns momentos de descontração com os Cullen, no salão. Ele
mesmo deixou de caçar para mim, apesar de nunca ter assumido essa
tarefa plenamente. Então, ele se prostrava de pé a me esperar e a me
oferecer flores, seja que significado aquilo tivesse. Devia significar
algo, afinal. Era demasiadamente complexo para minha tão
mencionada ingenuidade, e eu demoraria muito a entender se não
tivesse presenciado, furtivamente, outra conversa entre os Cullen. Se
aquilo pudesse ser chamado conversa.
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sabendo que havia sido pega. Edward podia ler, podia saber que eu
estava ali. Apesar de eu não estar pensando muito e de ele estar
concentrado em Alice. Mas pareceu que ela sabia da minha presença,
o que era ainda mais curioso. Ela também lia mentes? Família
curiosa, aquela.
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Eu decidi que obedecer a Edward era uma péssima ideia, pois ficar
naquele quarto depois de sua aparição e depois da revelação de que
Alice havia visto coisas ruins no futuro só me causaria mais agonia.
Vesti qualquer coisa que as garotas considerariam o suficiente e
desci as escadas, para encontrar os Cullen no salão, reunidos para a
tradicional conversa noturna. Desde que eu chegara, eles sempre se
reuniam e conversavam, como se aquilo fosse o momento familiar
deles. Realmente, muito diferente da minha vida no covil. Lá a
família era grande demais para momentos como aquele, e eu vivia de
forma mais reclusa, por ordens de Rudolph. Não sabia por que, ele se
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— Sim, por isso eu deixei que ela contasse. – Ele baixou o olhar. – Mas
eu desejaria que você deixasse isso... que você simplesmente
continuasse sua jornada. Afinal, o que for que Alice viu vai acontecer
daqui a um tempo indeterminado, e ainda está incerto. Tudo pode
mudar. – Ele se aproximou ainda mais, e eu podia ouvir sua
respiração. Desejei secretamente saber se ele precisava respirar. Era
óbvio que não, já que seu coração nem batia. Se eu não sentia
precisar, por que ele precisaria?
— Mas...
— Você pergunta demais, Beatrice. – Ele sorriu novamente. – Aliás,
você grita para mim. Já disse isso... seus pensamentos são tão altos e
claros que eu imagino que você esteja mesmo falando. Bem, eu acho
que é injusto deixar-me penetrar tanto em sua mente sem dar-lhe
nem um pouco da minha, certo?
— Sim, totalmente injusto. – Balbuciei. A proximidade ainda
queimava.
— O que deseja saber?
— O que está acontecendo. Quero dizer... o fator eu versus você.
— Claro. – Ele riu, mais espontaneamente. Seus dedos tocaram meus
cabelos, acompanhando a sua extensão. – Beatrice, escolher as
palavras certas para isso é inútil. Tentarei ser sincero, por favor não
me interrompa. – Ele limpou a garganta, e meus olhos ainda não
conseguiam encará-lo. – Alice viu você chegando. Ela julgou que
fosse um humano, porque ela ignorava a possibilidade da existência
dos híbridos. Alice me alertou... de que isso aconteceria. Mas seria
inevitável, então. Os céus são testemunhas de que, desde que
encontrei você vagando pela floresta, eu tentei evitar isso. Mas
parecia tão inútil enquanto você estivesse em todo lugar... Carlisle
não tornou nada simples a minha missão. Sim, eu pretendia evitar...
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— Fica difícil deixar o quarto enquanto você está tão ansiosa, Bea. –
Edward voltou-se até mim, seus olhos demonstrando alguma
inquietação. – Não gosto de causar isso em você.
— Edward... – novamente balbuciei seu nome, porque eu queria algo
que ele ainda não havia feito, ou dito. Meu cérebro e todas as reações
químicas que ele produzia estavam agonizando por algo que eu mal
sabia o que era. Mas pelo que eu me renderia completamente, então.
— Sim, Beatrice. Eu estou apaixonado por você. – Ele sorriu, e
segurou meus braços. Eu continuava sem poder olhá-lo quando ele
displicentemente puxou-me para si e me acolheu entre seus braços
macios e receptivos. Seus lábios tocaram meus cabelos, e a sensação
foi elétrica. Havia impulsos por todos os lados, como uma
tempestade magnética. Foi desconfortável e ao mesmo tempo
magnânimo. Não parecia possível sentir nada como aquilo, não
parecia racional.
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CAPÍTULO 11 – A ESCOLHIDA
*tema: David Bryan‖s Endless Horizon*
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— Diga-me assim mesmo. Ele não vai se aproximar, ele sabe que você
quer conversar comigo, e muito provavelmente ele poderia te dar
todas as respostas. – Alice franziu o cenho. – Aliás, eu acho que ele
gostaria de te dar todas as respostas... mas eu sei que você prefere
perguntar isso a mim, certo? – Ela se abriu em um sorriso.
— Na verdade, gostaria de nem precisar perguntar. Sinto-me obtusa
demais, tola demais por desconhecer o básico do relacionamento
entre seres... mas eu preciso, ou vou agonizar em dúvida.
— Vamos logo, Bea! – Alice parecia urgente. – Sei que tenho todo
tempo do mundo, mas estou ansiosa!
— Edward... ele... ele disse que... ele disse que ele está... ele disse que
ele está apaixonado por mim.
Sim, eu falei daquele jeito. Eu simplesmente repeti cada pedaço da
frase, porque se eu decidisse simplesmente completá-la, eu talvez
não conseguisse. Patética, talvez fosse assim que eu me sentisse.
Literalmente patética.
— Ah, mas isso é tão... tão... fofo!
— Fofo? – Eu arregalei os olhos. Aquele conceito não parecia
combinar muito com minhas indagações.
— Sim!!! Meu irmão finalmente... ah, Bea... você sabe que gostamos
muito de você, desde o início. Mas foi meio que premeditado; Jasper e
Edward estavam caçando naquela região porque todos esperavam
por você, não é? Sei que Edward já te contou isso... então, você já era
esperada. Eu já a tinha visto, era verdade.. e os segredos não são
muito fáceis de se manter naquela casa. Você entende. Mas eu não
sabia o que aconteceria com a sua chegada, porque eu só vejo as
coisas quando elas se resolvem. E até você chegar, era tudo muito
confuso para mim... mas desde que você chegou eu vejo Edward mais
e mais apaixonado, e isso é tão enormemente fantástico que...
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comigo ao seu lado. Aos poucos, durante o filme, ele deixou seu
braço repousar por sobre meu ombro, bem devagar. Era como se ele
tentasse não me assustar. E eu tentei, com toda a minha força, não
repelir o seu contato. Ao menor sinal da minha hesitação, ele
retrocedia e tinha que começar tudo de novo. Eu não sabia direito o
que ele estava fazendo, mas desejei não impedir.
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A volta para casa foi silenciosa como toda a tarde. A música de fundo
era suave e agradável, mas eu ainda só conseguia ouvir a voz de
Edward. E ele não falava nada, apenas se limitava a reagir aos meus
pensamentos de forma cadenciada e premeditada. Um sorriso, um
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olhos fixados no luar ao lado de fora. Não havia outra luz que não ser
a do astro prateado.
— Er...
— Vamos, está com medo de mim? – Ele riu. – Não teve medo de
Emmett esmagar você, mas tem medo de se sentar ao meu lado?
— Emmett não me assusta. – Era muito verdade. Edward levantou-se,
aproximando-se de mim cuidadosamente. Ele não foi rápido como
sempre, porque a leitura meticulosa de minha hesitação lhe dava
uma perspectiva de como agir. Edward vestia uma camisa escura de
botões e calças cáqui. Ele estava sempre de cáqui, era clássico. Seus
irmãos pareciam tão tentados ao jeans, enquanto ele pouco se
importava com aquela vestimenta. Eu só o vira trajando jeans no
primeiro dia. Ele estava então em seu melhor estilo vampiro-de-100-
anos-de-idade. As estrelas iluminaram mais ainda o céu negro da
noite, quando um vento forte soprou as nuvens embora. A luz
prateada fez Edward ainda mais lindo; uma beleza que raramente
alguém poderia suportar.
— É isso que você quer? – Ele perguntou seriamente, mas eu senti
que ele segurava os lábios com força, para não sorrir. – Só isso?
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CAPÍTULO 12 – APAIXONADA
*tema: Westlife‖s To Be Loved*
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Mas eu não era uma donzela em perigo, não havia qualquer monstro
sobrenatural a me perseguir, e não havia mocinho a me salvar. E
definitivamente eu não estava dentro de um filme de produção
barata. Senti meu coração parar de bater por mais de um minuto, eu
pude ter certeza. E minha respiração já tinha parado há muito
tempo. Mas eu senti necessidade de engolir o ar, então. Como se toda
aquela preparação no meu primeiro dia de sol não tivesse passado de
mera especulação, e eu realmente precisasse do ar. Meus lábios
dolorosamente buscaram um espaço fora dos de Edward para que eu
pudesse puxar o ar com toda força, retomando o batimento
inconsistente de meu coração.
— Bea... – ele novamente sussurrou, com os lábios tocando minhas
bochechas, descendo para meu pescoço, e subindo novamente para
encontrar meus ouvidos. – Respire. Vamos, respire...
Eu inspirei e expirei várias vezes, sentindo meu corpo estremecer e
sacudir para cima e para baixo. Edward rosnou baixinho e levou seus
olhos aos meus, esperando que eu me recuperasse. Se aquilo
definitivamente fosse possível.
— Eu pensei que... – eu mal conseguia falar.
— Parece que pensou errado – Ele sorriu, e foi como se eu tivesse
visto a luz pela primeira vez. – Vamos, você não está se sentindo
bem. Vou levar você para seu quarto.
— Não! – Eu protestei antes que ele pudesse captar a negativa em
mim. – Edward, não... eu... eu quero ficar com você.
— Tudo bem. – Ele ainda sorria, e seus lábios tocaram os meus
rapidamente. O suficiente para que eu não entrasse novamente em
uma ânsia sem fôlego. – Eu posso ficar com você lá.
— Passar a noite? – Eu repeti suas palavras de algumas noites atrás.
— Sim, passar a noite.
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— Que boa ideia, meu amor! – Alice sorriu, agitada. – Viagens são tão
empolgantes... vocês poderiam ir até a Europa e...
— Estamos no meio do semestre, Alice. – Edward interrompeu o
discurso da irmã, já sabendo o que ela diria. – Apesar da idéia de
Jasper ser tentadora... ainda temos que esperar até chegarem férias
para podermos pensar nisso.
— Teremos férias em alguns meses, só. – Alice retomou a empolgação
de onde ela tinha parado. – Vocês precisam mesmo programar tudo...
então, não é cedo para começar a pensar. Jazz! – Ela parecia estar
apreciando o companheiro, ofertando-lhe um sorriso enorme. Jasper
pareceu encabulado, e se ele não fosse um vampiro ele teria corado.
— Eu não sei. – Falei, novamente por impulso. Eu falava muito por
impulso, talvez porque Edward sempre me lia, e eu desejava falar
antes.
— Eu disse. – Edward fez um bico. – Bea prefere terminar o semestre.
— Não há justiça se você sabe o que ela pensa. – Rosalie rebateu.
— Bem, todos vocês estão certos, afinal. – Edward desistiu. Virou-se
para mim, sorrindo. Desde que eu vira a luz, o seu sorriso me cegava
sempre. Invariavelmente, por mais preparada que eu estivesse. – Eu
estou mesmo estragando você. Então... talvez a viagem seja uma boa
ideia. O que acha, Beatrice? Gostaria de passar as férias de primavera
comigo, conhecendo lugares que você nem imagina que existem?
Aquilo não poderia ter vindo como uma pergunta. Era de uma
covardia extrema que ele cogitasse uma resposta diferente de um
sim. Era mais fácil que ele simplesmente impusesse a idéia, porque
eu não conseguia fazer nada além do que o desejo dele. Talvez ele
estivesse certo, e me estragasse. Eu não conseguia mais pensar por
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Na casa dos Cullen, Edward pediu para conversar com os irmãos por
um instante. Eu deveria vestir-me... ele pretendia me levar ao
cinema novamente. Os filmes em Port Angeles eram divertidos,
ótimos momentos juntos. Eu não estava mais relegada aos romances,
tínhamos experimentado outros estilos. Alguns eram tão estúpidos
que me faziam rir, rir muito. Edward não ria sempre, ele era mais
sério, mais comedido. E naquele dia, iríamos novamente a Port
Angeles. Mas primeiro, ele pretendia conversar com os irmãos...
novamente, conversa privada que me excluía. Momento de diversão
com Alice, que estava sempre exultante e saltitante, como um cervo.
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— Não faço questão de saber, Emmett.. você não precisa me dar uma
imagem tão clara. – Edward se sacudiu, tentando livrar-se da visão.
— Okay, vamos nos concentrar aqui. Edward, seu problema é...
porque ela é meio humana? Qual seu medo real? Eu não consigo
captar, só sei que você está muito apreensivo.
— Bem, eu sei que mulheres vampiras são naturalmente... incapazes
de reprodução. Afinal, nenhuma delas enfrentou esse problema...
nenhuma das que conhecemos. Mas... Beatrice não é uma vampira.
Estão entendendo?
— Mais ou menos. – Emmett bufou.
— Você teme a possibilidade de ter um filho? – Jasper levantou a
sobrancelha novamente.
— Sim e não. – Nova risada de Edward. – Eu temo a possibilidade de
qualquer coisa inesperada acontecer. Ela é forte o suficiente, isso está
bem para mim. A sua regeneração é muito rápida, mesmo que eu a
machuque, ela talvez nem sinta. Mas... na primeira vez em que nos
beijamos, ela não respirou. Ela às vezes se perde na divisão entre
humanos e vampiros, quer lutar contra as suas necessidades
corporais. Até hoje eu preciso lembrá-la de que ela tem que respirar
quando nos beijamos. Eu não sei como seu corpo pode reagir ao
momento.
— Use alguma das técnicas dos humanos. – Emmett considerou.
— Acha que elas funcionariam em um vampiro? – Jasper censurou. –
Medicamentos definitivamente não serão eficientes. E...
preservativo? Não sei... Edward é forte demais para isso, o ato seria
muito intenso... seria muito possível que o invólucro não
sobrevivesse.
— Acho que você está ligando demais para isso. – Emmett deu de
ombros, intentando encerrar a conversa. – Você não vai machucá-
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la... seja lá o que for que aconteça depois, lide com o problema
quando ele aparecer.
— Você está sendo muito útil. – Edward reclamou. – Como você é o
mais... empenhado nisso, achei que poderia me ajudar.
— E eu estou ajudando – Emmett bateu no ombro de Edward. – Você
deveria deixar essa preocupação para lá e deixar acontecer,
irmãozinho.
— E pensar que ele pode antecipar tudo que ela quer... – Jasper
suspirou, enquanto os três deixavam o quarto.
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Então ele estava decidido a passar a noite comigo, mais uma vez. Mas
daquela vez ele estava diferente. Eu desejei lê-lo como ele me lia,
mas tudo que podia esperar era Edward me mostrando o que estava
havendo. Enquanto eu ainda estava em branco pela dúvida e pela
curiosidade, ele me puxou para a cama, me fazendo deitar. Eu nem
estava cansada, ainda. Acostumara-me a adormecer mais tarde,
sempre com ele, enquanto passávamos agradáveis horas juntos. Mas
ele parecia determinado, então aceitei. Deitei-me na cama, esticando
os músculos. Edward deitou-se ao meu lado, acariciando meus
cabelos ainda, as costas da mão delineando as linhas de minha face.
Fechei os olhos e deixei que ele me beijasse, sabendo que aquilo era
inevitável.
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não era para ele ter se apegado àquele detalhe... e menos ainda para
ter tirado tantas conclusões.
— Assim você me deixa completamente envergonhada. – Eu disse,
afundando-me em seu peito nu. Já havíamos mudado de posição, e eu
estava então divagando em seus braços firmes, aguardando o sono
abater-me. – Mas não sei por que não.
— Por que você é uma droga, Beatrice. – Ele disse, sorrindo. – Quanto
mais eu tenho, mais eu quero. E seus pensamentos em nada ajudam o
meu controle.
— Você pode me ter o quanto quiser. – Eu já estava mesmo imersa
nele, um comentário absurdo a mais, um a menos, não faria
diferença.
— Eu sei. Você também poderá me ter o quanto quiser... mas por
favor, espere um pouco. Tenho algo a resolver... depois... depois eu
sucumbirei à sua vontade.
CAPÍTULO 13 – CONNOR
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Não, era tolice demais. Mas Edward parecia determinado a fazer com
que aqueles sonhos se transformassem em algo concreto. Ele era meu
príncipe encantado, e eu estava tão apaixonada por ele que não sabia
como lidar com aquele sentimento. A sensação de flutuar ao seu
redor, a sensação de desejar sair de meu próprio corpo em êxtase só
aumentava a cada dia. A cada noite. Eu não imaginava nada mais que
eu poderia querer além de Edward Cullen.
E a família dele era perfeita demais para ser verdadeira. Alice era,
então, uma amiga. Rosalie também era simpática comigo, mas não
tão próxima. Ela parecia mais ríspida, e talvez fosse um trejeito de
suas características humanas. Emmett era o meu irmãozão, como eu
aprendera a chamá-lo, e o meu grande protetor. As caçadas com ele
eram perfeitas... ele nunca me deixava sujar as mãos com os animais,
e ele sempre caçava por mim, por ele e por mais alguém. De qualquer
forma, Edward insistia que eu tinha que aprender a caçar sozinha.
Para não morrer de fome, o que ele tinha razão completa.
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aqueles dias, me fazendo frustrar um pouco. – Mas dessa vez você vai
pegar a presa.
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Ah, ele confiava em mim! Aquilo poderia não ser o suficiente, mas
reforçou meu ímpeto de caçar o urso. Havia um animal enorme, de
pelo escuro e bocarra escancarada. Emmett estava lá, provocando-o.
Era como se ele não estivesse simplesmente se alimentando, mas
procurando diversão. Irritar o urso lhe parecia prazeroso.
Aproximei-me, sabendo que não poderíamos dividir a presa, mas
desejando-a mesmo assim.
— Edward, sua garota está de olho no meu urso! – Emmett conseguiu
dizer, entre as presas cerradas e as provocações.
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Ainda bem que ele sabia que eu me regeneraria, e logo. Mas ele
também sabia que doía, e doía muito. A dor era horrível, não
desejável para nada. Meus olhos se fecharam, e tentei respirar bem
devagar enquanto a ferida se recompunha. Aos poucos, senti a pele
cobrir os ossos, e o sangue parar de correr para fora de meu corpo.
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Connor encarou Emmett e Edward por algum instante. Ele não podia
me reconhecer, porque eu estava definitivamente por baixo da
camisa de Edward. Já havia me colocado ali desde que percebera a
imagem conhecida. Meu corpo todo tremia, e Edward tinha um
péssimo momento tentando me manter sob controle. Suas mãos
acariciavam minhas costas, tentando me passar algum conforto.
Inutilmente.
— Vampiros? – Ele disse, em desdém. – Oras... não sabia que existiam
vampiros por essa região.
— Não moramos aqui. Estamos de passagem.
— Edward, nós vamos...
— Não, Em. Ela o conhece...
— Bem, peço desculpas por meu comportamento. – Connor resignou-
se. – Estava caçando alguns humanos, mas perdi a trilha. Imaginei
que fossem vocês...
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De onde ele tirou que precisava pedir-me desculpas, era uma boa
questão. Mas ali estava o meu Edward, sentado ao meu lado,
abraçando-me com toda força possível, desculpando-se por matar
aquele que pretendia agredir-me. Connor.. um dos meus. Um
daqueles que eu aprendi a respeitar e venerar, um caçador. Como eu
os respeitava... como eu desejei ser entregue como companheira de
um caçador, quando Rudolph decidisse que chegara a hora. E então
Connor, um deles, era um assassino cruel e vil. Ele mentia... todos
eles mentiam para os híbridos, dizendo que somente nos
alimentávamos de sangue animal. Eles criaram fábulas ainda piores
do que as que contavam como lendas. E Edward estava ali,
desculpando-se por ter-me salvo a vida.
Eu não queria que ele se sentisse mal pelo que fez, apesar de todo o
meu pavor. Eu só precisava de um tempo para absorver a idéia, para
compreender tudo. Só um tempo. Mas Edward invadiu meu espaço,
sofrendo, pedindo perdão por um erro que ele não cometeu,
implorando por uma frase que lhe fizesse sentir bem.
— Edward... – Eu disse, elevando o olhar e me perdendo em seus
olhos. Não consegui completar a frase, porque em segundos eu já
tinha me atirado em seus lábios e o estava beijando. Ele se moveu por
sobre mim, empurrando meu corpo contra o couro perolado do sofá,
como estava se acostumando a fazer. Talvez não fosse preciso dizer
nada, então. Um simples gesto demonstraria tudo... até eu me
lembrar que ele podia ler meus pensamentos.
— Eu tive tanto medo de algo te acontecer. – Ele disse, as mãos em
meus cabelos, olhos nos olhos. – Eu acho que perdi um pouco o
controle... eu o teria matado só por ele cogitar qualquer coisa contra
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CAPÍTULO 14 – NORMALIDADE
*tema: O-town‖s Craving*
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estava certa, a morte era mesmo causada por mim. Alice tentara me
poupar daquele fato, e talvez Edward estivesse certo também. Eu não
suportaria conviver por tanto tempo com a certeza de causar a
morte de alguém próximo. Mesmo se Connor não fosse tão próximo
assim.
Isso não poderia ser considerado tão normal, segundo nenhuma das
acepções do termo. Mas Edward não parecia importar-se. E comecei
a ficar tentada a deixá-lo se preocupar somente por um fato: ele
passou a me dar tudo, tudo mesmo, que eu queria. Antes mesmo que
eu pensasse em algo, ele já trazia para mim. As noites passaram a ser
espetaculares, pois Edward sempre estava presente e eu podia
adormecer em seus braços. ―Passar a noite‖ era uma regra nossa, o
que me deixava muito satisfeita. Ao seu lado, eu tinha prazer em
dormir. E, para minha gratidão eterna, ele não mais se preocupava
com as roupas confortáveis. Sempre Edward dispensava calças e
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era fora do normal. Eu sabia, pelo que conhecia Rudolph, que ele
mandaria uma expedição atrás de Connor. Ele não queria saber de
mim porque eu fugi, e ele sabia. Mas Connor não havia fugido, e ele
também sabia. Connor era seu fornecedor de sangue humano. Aquele
pensamento deveria ser apagado de mim definitivamente.
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vez. O médico riu quando viu minha figura surgir na luz brilhante do
corredor.
— Entre, Beatrice. – Carlisle disse, fazendo uma reverência. –
Falávamos mesmo sobre você.
— Ela sabe. - O olhar de Edward era de repreensão. – Interessante é
que alguém me havia prometido privacidade...
— Desculpe-me. – Meu olhar era distante, e para o chão. – Acordei e...
— Tudo bem. – Edward abraçou-me e me beijou os cabelos. – Eu devia
ter imaginado que você acordaria assustada e que viria atrás de mim.
Isso não muda nada, claro. Você quebrou sua promessa assim
mesmo.
— Edward, acha que poderíamos conversar com ela um instante? –
Carlisle pareceu ter uma idéia.
— Sim, claro. – Ele se preparou para deixar o escritório.
— Não precisa ir. – Eu segurei sua mão. – Nada que Carlisle me disser
será privado, mesmo. – Era a lógica.
— Faz sentido... ela é mais esperta do que nós. – Carlisle sorriu. – Bea,
estávamos conversando... você teria problemas em ser examinada
novamente?
— Examinada por quê? Por quem??
— Por mim, inicialmente. Se for conveniente, posso sugerir um
especialista.
— Especialista em híbridos? – Eu parecia chocada, mas Carlisle
sorriu.
— Não... um médico humano. Mas somente se for necessário.
— Carlisle... – Edward parecia não concordar com a idéia. – Isso não
prece muito arriscado?
— Se não formos cuidadosos. Pelo que sei, o corpo de Beatrice é mais
próximo ao corpo humano. Ele tem batimentos cardíacos, atividade
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plena nos órgãos... ela pode muito bem passar-se por uma humana
em um exame clínico pouco elaborado.
— Ainda acho muito arriscado.
— Sobre o que é isso tudo, afinal? – Eu estava confusa.
— Eu gostaria de saber, - Edward tomou a palavra – se você... eu
gostaria de saber se você pode, como os humanos, conceber filhos.
Talvez a pergunta me chocasse, mas eu não dei muita importância
naquele instante. O meu foco estava mais na resposta do que na
intenção por trás das palavras de Edward.
— Eu não sei... mas não sou um exemplo de informação, nem sobre
minha própria espécie. Apesar de que, segundo as lendas de Felícia,
mulheres híbridas podem gerar filhos de homens comuns, humanos.
— Muito interessante. – Carlisle sorriu. – Edward, tem razão. É
arriscado levá-la a um especialista humano. Mas eu gostaria de testá-
la assim mesmo, se você não se importa.
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Ah! Meu cérebro dopado pelo perfume de Edward levou algum tempo
para processar como os nossos corpos poderiam encaixar melhor um
no outro. Já estávamos como se fizéssemos parte de um só ser.
Edward soltou minhas mãos, e elas imediatamente procuraram a
estrutura da cama, segurando-a com força. Edward me beijava bem
lentamente, e eu não precisaria responder quando achasse a
resposta. A sensação que eu sentia, com seu corpo naquela posição,
se tornou insuportável. A vontade de expandir-me era incontrolável,
então.
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Mais normal do que passar o dia na cama com o namorado era aturar
a família do namorado, curiosa para saber o que se estaria fazendo.
Principalmente se na noite anterior você quebrou os dedos
destruindo o encosto de uma cama. E como eu estava vivendo o meu
período de normalidade, antes mesmo que Edward pudesse pensar
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— Ew, não quero nem ver! – Ele fingiu que cobriu os olhos. Rosalie
vinha logo atrás, rindo.
— Se não queria ver, por que entrou? – Eu desafiei. Edward
recompôs-se, sentando-se na cama. Ainda estávamos por sob os
cobertores, apesar daquilo não fazer diferença em nossas
temperaturas. Era apenas divertido, a textura macia do tecido em
contato com nossas peles.
— O que vocês querem, Em? Rose? – Edward perguntou.
— Carlisle disse que Bea se machucou ontem...
— Eu já estou curada, totalmente recuperada. – Mexi as mãos,
estalando os dedos novamente para que eles vissem.
— Vamos jogar? – Emmett parecia animado. – Temos tanta coisa para
fazer em um sábado sem sol...
— Inclusive ficar em casa. – Edward disse, sorrindo.
— Sério? – Rosalie parecia curiosa com a decisão de Edward.
— Sério... se vocês pararem de interromper será mais divertido
ainda. Deu para perceber que estou me divertindo com Beatrice,
aqui, mesmo trancado no quarto?
— Trancados! – Emmett soltou uma risada sonora. – Vocês talvez
devessem mesmo ficar trancados... bem, vamos sair para jogar.
— Todos? – Edward confirmou.
— TODOS. – Rosalie riu, empurrando Emmett para fora do quarto. –
Use seu tempo com sabedoria.
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poderia saber tudo que eu pensava, pois tudo era relacionado a ele e
ao que ele me fazia sentir. Seu toque em minha pele, as suas digitais;
o hálito fresco que saía de sua boca quando ele sussurrava algo em
meus ouvidos; o peso de seu corpo sobre o meu; o movimento
delicado que ele fazia quando buscava seu espaço em mim; o cheiro
doce, quase nauseante, que ele exalava; o sabor de seu beijo e o toque
de sua língua em meus lábios. E a eletricidade que só ele conseguia
fazer correr em mim.
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A melodia que saía de seus dedos era a mais linda de todas que eu já
ouvira. Ele já havia me contado que compunha suas próprias
músicas, e aquilo era ainda mais surpreendente. Encostei-me ao
piano e o observei tocar, música após música, deixando-me levar por
cada uma delas. Quanto mais eu apreciava, mais Edward parecia
tentado a tocar, me propiciando uma sinfonia impressionante.
CAPÍTULO 15 – A VISÃO
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Todos na escola vão... você pode levar... seu primo. Aliás, você vai me
contar o que há entre vocês, hem?
A indiscrição não era exclusiva da casa dos Cullen, era verdade. Os
humanos também o eram, pude perceber cedo demais.
— Credo Syl... eles são primos! – Geoffrey fez uma careta.
— Somos primos distantes... bem distantes. – Eu já estava ficando
uma artista em mentir. Aprendi facilmente a ludibriar meus amigos
humanos.
— Então!!! Geoffrey Miller, não tem nada demais namorar primos, tá?
E convenhamos, Edward Cullen!!! Se ele fosse meu primo, eu já teria
atacado.
Pressionei os lábios, irritada. Olhei para Edward e ele ria,
descontroladamente, da situação. Senti ainda mais raiva, porque ele
estava se divertindo à custa da minha indignação. Excelente
comportamento para um namorado! Eu sabia que ele estava ouvindo
tudo que falávamos, e eu senti sua expressão mais suave. Ele não
estava mais tão nervoso como de manhã, e aquilo me fez sentir
alívio.
— Syl, se eu fosse a Bea eu te batia agora! – Layla me defendeu. –
Diga, Bea... vocês estão namorando?
— Sim. – Falei, segurando a maçã entre os dedos. A fruta vermelha de
aroma ácido sempre me tentara. Segundo as histórias de Felícia, os
humanos foram expulsos de um paraíso por causa de uma maçã. Eu
sempre tive curiosidade de saber o que aquele fruto tinha de tão
proibido assim. – Estamos namorando.. mas gostamos de ser
discretos.
— Aaaaaaah! – As duas amigas gritaram juntas. – Que máximo!!
Edward é tão lindo... pena que nunca dá muita bola para nós, é
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CAPÍTULO 16 – EXPERIÊNCIAS
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não seria pega desprevenida, e daquela vez eu não seria abatida por
eles. Eu realmente precisava de uma segunda chance com os ursos,
ou Emmett não me respeitaria nunca. Eu precisava ser respeitada
por mim mesma, era como pensava. Abater alguns ursos não poderia
ser tão difícil, eu tinha que tentar mais uma vez.
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do que eu, ou Rosalie. Mas tendo à sua disposição uma sensação tão
boa como aquela, por que resistir muito tempo? E como ela era a
mais discreta... era fácil para ela perder-se no companheiro sem
muitas explicações. Então, Rosalie. Edward decidiu não nos
acompanhar, porque ele sabia que se tratava de um programa de
garotas. Como a ida a Boston.
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Obviamente, não tanto quanto ela e Rosalie... mas seria bom ficar
bonita. Seria bom estar à altura da minha companhia, o homem mais
lindo que existia em toda a história da existência terrena. Entre
todas as espécies já existentes. Ou não. Mesmo eu dizendo que não
queria exageros, tudo para Alice era um exagero. E ela também
pretendia preparar-se, pois não deixaria que invadíssemos a festa
sozinha. Ela pretendia participar de tudo.
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— Não precisa ficar tão confusa. – Ele se sentou no que estava atrás
de si, e eu visualizei como uma mesa de bilhar. Puxou-me para entre
suas pernas, e me abraçou. Por pouco a taça não desabou de minhas
mãos. – Você também é humana... você pode muito bem ingerir
alimentos. Nunca experimentou, eu sei... mas você pode tentar
quando quiser. Eu só nunca quis te pressionar...
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Separei-me dele, empurrando seu peito com força. Como ele era
abusado, aquele puro infernal! Ele sorriu, recompondo-se. Peguei a
taça novamente e levei-a a boca, sorvendo uma parte considerável
do líquido. O choque foi imediato. Sucumbi parcialmente nos braços
de Edward, enquanto o líquido me escorria pela garganta,
queimando o que encontrava em seu caminho. Em poucos segundos,
Alice estava ao meu lado, ajudando-me a manter-me em pé.
— Edward, você está louco! – Alice repreendeu o irmão, repetindo-me
segundos antes. – Como pode deixá-la fazer isso?
— Acalme-se, Alice. Sabe que jamais colocaria Bea em perigo. Ela é
parcialmente humana, Carlisle já disse que ela tem estrutura para
alimentar-se com a comida deles. E ela estava morrendo de vontade
de provar esse Martini... eu só lhe dei incentivo.
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— Mas você está agindo como se fosse. – Ele ainda me apertava entre
os braços.
— Porque é novo para mim, oras. Tem certeza que não posso beber
mais?
— Bem... – Edward ponderou, segurando-me pelo queixo e levando
meus olhos até os seus. – Acho que duas taças não devem ser
problema. Mas só duas, Bea. Não podemos subestimar a força do
álcool.
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— Vocês têm duas escolhas. Eu levo Bea para a cabana ou vocês nos
ouvem fazer amor a noite toda. O que preferem? Já disse, ela está
fora de controle. Como vou conseguir fazê-la comportar-se? Por ela,
já estaríamos fazendo qualquer coisa que passe em sua cabeça agora,
aqui mesmo.
— Eeeeew!! – Emmett gritou, de dentro do jeep. – Deixem-no levá-la..
eu nem vou conseguir comer depois!
— Ainda assim, estou preocupada. – Alice parecia irredutível.
— Confie em mim, Alice... ela volta ao normal logo, eu a levo para
casa. Avisem Carlisle e Esme... vamos estar na cabana na campina,
você sempre vai poder observar-nos.
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frio, mas aquela noite estava bem melhor. O verão estava quase
chegando, e o período da neve e do gelo já tinha cessado. Uma brisa
não tão gelada soprava, anunciando que as temperaturas ficariam
amenas. Estava muito escuro, eu não podia ver quase nada. O céu
estava parcialmente encoberto, e as estrelas não reluziam seu brilho
no tapete negro da noite. A lua pálida parecia sem luz, enquanto se
escondia tímida na presença de Edward. Eu me livrei de suas mãos,
colocando-me de pé ao chão tão logo me senti em um local
conhecido. Edward parou, olhando para mim, braços cruzados.
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ver até onde eu chegaria com aquilo. Depois, meus dedos alcançaram
o zíper do vestido e o abriram, fazendo com que a vestimenta
deslizasse por meu corpo abaixo. Eu não sentia frio exatamente...
sentia mais frio do que os puros, mas a temperatura estava bem mais
satisfatória.
— Beatrice, você perdeu o juízo. – Edward rosnou, caminhando
lentamente para mim. – Vamos, deixe-me levá-la para dentro, lá
podemos...
— Venha, Edward. – Eu estiquei meus braços para ele, desejando que
ele me tomasse entre os seus. – Não tem problema nenhum...
ninguém vai nos ouvir, estamos no meio do nada.
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Edward era lindo, quase irreal. Meus olhos não cansavam de olhá-lo, e
meu coração sempre batia mais rapidamente quando ele estava por
perto. Eu já não sabia se meu coração parecia como antes; eu quase
podia senti-lo bater com intensidade demais para uma pessoa morta.
Nada naquele vampiro estava fora do lugar, se aquilo fosse possível.
Pisquei algumas vezes, treinando meu hábito humano, e pensei em
levantar-me para me aproximar dele. Mas em instantes Edward
estava ao meu lado, sentado na cama, sorrindo.
— Bom dia, meu amor. – Ele me beijou a testa. – Como está se
sentindo?
— Onde estamos? – Eu perguntei, deitando em seu peito nu.
— Na cabana... lembra-se dela, seu primeiro passeio ao sol?
— Acho que sim. – Eu estava então sentindo as coisas girarem.
Edward recostou-se no encosto da cama e me fez aconchegar em
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seus braços. Minha cabeça girava, e tudo parecia sair do lugar. – Mas
o que fazemos aqui?
— Viemos para cá depois da festa. Você não se lembra de nada... e eu
nem posso saber direito o que você pensava, porque você estava
totalmente borrada, para mim.
— Ai... – Eu reclamei, sentindo-me muito mal. – O que houve comigo,
Edward?
— Vou levar você para casa. – Ele me beijou a testa novamente. –
Você está com dores... Carlisle vai ajudar isso a passar.
— Primeiro me diga... o que houve.
— Você bebeu. – Ele riu.
— O Martini...
— Sim. Lembra-se, eu disse que aquilo era uma droga. Você bebeu e o
Martini reagiu de uma forma meio inesperada no seu organismo...
você ficou bêbada, e totalmente fora de controle. Por isso eu te
trouxe para cá...
— Ouch. – Eu me escondi em Edward, como fazia sempre que
embaraçada. – Nem quero imaginar o que eu fiz.
— Nada demais. – Ele me beijou novamente. – Vamos para casa...
Alice já ligou querendo saber de você, ela viu que você acordaria
logo.
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minhas mãos com a sua, e aquilo já era conforto o suficiente para que
eu melhorasse.
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— Você não sabe fazer isso direito! – Rosalie tomou algo das mãos de
Edward. – Se vai bancar o chef para sua namorada, então aprenda
com o mestre.
— Quanta arrogância, Rosalie. – Edward riu. – Mas tudo bem...
ensine-me.
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como fiz com o Martini. Demorei mais do que deveria para engolir,
porque minha garganta não se abriu corretamente para aquilo. Foi
difícil, como se impossível empurrar aquela pasta uniforme para
dentro do meu corpo. Mas eu consegui, e o alimento desceu por
minha garganta, queimando. Ardendo, como fogo. Respirei
lentamente... esperei a sensação passar, e abri meus olhos.
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ele próprio. Decidir ficar com ele, estar ao seu lado, não importasse
nada. Ele era tudo que eu pedi para acontecer, e tê-lo materializado
em minha frente sem qualquer restrição era quase como se eu
vivesse um sonho. Mas não, eu não abriria mão de ser plenamente
uma vampira, nem das caçadas com ele. Apesar de ter aceitado todas
aquelas experiências humanas.
CAPÍTULO 17 – EUROPA
*tema: Il Divo‖s Everytime I Look at You*
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— Mas você acha que pode encontrá-la agora? E se ela foi muito
longe?
— Posso rastreá-la, você sabe. – Rudolph considerou. – Vai levar
algum tempo, mas vou rastreá-la. Afinal, em Beatrice e Ferdinand
está a esperança da nossa geração. Eles são os filhos mais fortes dos
híbridos... precisamos de décadas para conseguir gerar Ferdinand, e
a união dos dois manterá nossa linhagem no poder.
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perda de tempo gastar tanto e viajar para tão longe para ficarmos o
tempo todo trancados sob alguma estrutura de concreto.
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Sim, ele estava. E aquilo era conforto suficiente para nenhum medo
resistir dentro de mim. Sim, ele estava ali, ao meu lado, comigo, tão
meu. Estávamos prontos para nossa viagem, a que ele idealizou
tanto. E ela seria perfeita, nenhum medo tolo me tiraria a
concentração. O avião podia ser assustador, mas Edward estava ali e
era só aquilo que importava.
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termo perfeição não devia lhe fazer jus. Ele tinha uma aura ao seu
redor que lhe permitia estar sempre além da perfeição.
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— Não precisa de muito esforço para saber o que pretendo, Bea. Pelo
menos hoje.
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não mudar nada, nunca. Ele me fez desejar estar como sempre,
imortal, para poder permanecer ao seu lado para sempre.
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E foi muito divertido, não pude negar. O vento gelado que batia em
meu corpo, na direção oposta ao movimento físico que ele exercia; a
sensação de liberdade, de estar voando. Eu caí algumas vezes dos
esquis, mas logo aprendi a equilibrar-me e consegui cumprir a tarefa
de descer a montanha. Uma, duas, cinco vezes. Os humanos já
tinham praticamente desistido do esporte, e a luz do dia não parecia
mais tão forte como antes, quando Jasper decidiu encerrar a
brincadeira.
— Devemos nos alimentar. – Ele considerou. – Podemos aproveitar a
floresta gelada logo abaixo...
— Sim, seria ótima ideia. Uma dieta diferente, provavelmente. – Alice
bateu palmas. Edward olhou para mim, sorrindo.
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O tempo em Grong não seria longo. Edward previu nossa estada por
quatro dias, aproximadamente. Ele não queria me contar todos os
detalhes, mas confessou alguns fatos que ele não conseguiria me
esconder totalmente. Depois da Noruega, iríamos a outro lugar
supostamente secreto. Ao menos para mim. Entre os Cullen era como
se nunca houvesse um segredo, todos sabiam de tudo. Menos eu. Só
tivemos contato com o casal desgarrado no último dia. Eles
perderam os melhores eventos. O esqui, a pescaria no lago, trilhas
em meio à floresta, um jantar à luz de velas com direito a comida
humana e um participante que efetivamente se alimentaria, sessão
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— Alice, eu não quero incomodá-la com essa história mais uma vez! –
Edward protestou, dentro do avião. Ele estava sentado em um
assento próximo ao corredor, e Alice exatamente em sua direção, do
outro lado do corredor. Eu dormia, mas a conversa deles fez meu
cérebro consciente mais alerta. Eu não sabia o quanto Edward podia
captar da minha consciência enquanto eu dormia, mas eu esperava
que fosse pouco. – Chega de visões, híbridos, mortes. Eu quero saber,
mas ela não precisa se preocupar com isso.
— Você é muito teimoso, Edward! – Alice reclamou. – Quer esconder
dela que aquela aberração está vindo buscá-la? Como pretende, já
que estamos voltando para casa?
— Você disse que ele não sabe como encontrá-la!
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— Mas ele vai acabar descobrindo, é a lógica!! Ele vai ter alguma
idéia, e eu vou vê-la, e como pretende que Bea não fique sabendo que
ela corre perigo?
— Ela não corre perigo. – Edward parecia no limite de perder a razão,
mas sua voz ainda era de baixo tom e resignação. – Ela nunca correrá
perigo, eu não permitirei.
— Edward!! – Alice protestou, novamente. – Você é irritante, como
pode...
— Se algo fosse acontecer você teria visto. – Ele pretendeu encerrar a
conversa. – Não pense que eu não estou péssimo com tudo isso,
Alice... eu estou agonizando, mas eu preciso manter uma aparência
de normalidade. Eu não a quero sofrendo por algo ainda incerto.
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CAPÍTULO 18 – VERTIGEM
*tema: David Bryan‖s Hear Our Prayers*
Estar ali, com minha nova família, nos braços do vampiro que eu
amava e escolhera para mim, aproveitando ao máximo o que a vida
terrestre me proporcionava, era impagável. Eu podia compreender
um novo estado de amnésia, daquela vez voluntária. Eu não queria
lembrar-me de nada do meu passado, eu não queria lembrar que um
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procurando a irmã pela sala. Mas Alice estava fora de seu alcance de
visão.
— Não tenho nada. – Disse, soltando-me dos braços de Edward. –
Veja, nada demais...
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A reação de Edward àquele fato foi muito pior do que a minha aos
olhos verdes. Ele deixou cair das mãos o livro que segurava, e me
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Eu carregava ali, dentro de mim, uma vida. Aquilo não fazia sentido
algum. Eu estava morta. Era como eu considerava, era o que eu sabia.
Eu fora transformada em um ser imortal quando tinha 20 anos, e
desde então a minha vida se resumiu à clausura total. Eu estava
morta. Edward também. Mas ambos geramos um filho. Não, nada
fazia sentido. Dois organismos mortos não podiam dar vida a outro,
podiam? O quanto aquilo desafiava as leis da ciência? O quanto
aquela concepção poderia desafiar o lógico, o racional, o óbvio?
Mortos não andam, comem ou falam. Seres míticos são lendas que os
humanos contam aos seus filhos, para amedrontá-los. Eu era uma
fábula, um conto de terror. Se eu mesma não devia existir, que
diferença faria a existência de meu filho? Se eu era uma aberração,
conceber uma criança não poderia ser nada tão mais errado... era só
outro item anormal na minha existência surreal. Além de me
alimentar de sangue e ser imortal. O quanto um filho poderia causar
de estranheza? Eu mesma era contra as leis da ciência. Eu era contra
qualquer tipo de lei existente. E assim o era Edward. Até que ponto
nós dois concebermos uma criança poderia ser considerado mais
estranho do que toda a nossa existência já era?
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E foi quando meu ventre mexeu-se mais uma vez que eu raciocinei a
única coisa que realmente importava. Se eu estava grávida – e
daquilo eu não poderia duvidar uma vez que a confirmação viera de
Alice, eu carregava em meu ventre um pedaço de Edward. Seus
genes. Eu tinha dentro de mim um pedaço do vampiro que eu amava;
o vampiro que me havia dado sentido à ―vida‖. Ali, dentro de mim.
Edward. Era só isso que importava.
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No hospital, Carlisle parecia tão perdido quanto todos. Ele não sabia
por onde começar os testes, e nem que tipo de testes meu organismo
poderia permitir. Ele sabia que eu rejeitava agulhas, e que a simples
entrada de um objeto externo potencialmente nocivo faria com que
meu corpo o expelisse, sem sobreavisos. O primeiro exame, então, foi
físico. Carlisle pediu que eu me deitasse em sua mesa e que elevasse
minha blusa, a fim de que ele pudesse observar o meu ventre. Eu
tinha certeza que aquela manifestação – o inchaço em minha barriga
– não estava ali dois ou três dias atrás. O médico, delicadamente,
pressionou os dedos contra minha pele, fazendo o inchaço aumentar
e diminuir. Senti algo mexer novamente, e aquilo me incomodou.
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Carlisle era mesmo muito sábio. Desde que Edward o avisara sobre a
gravidez, durante o meu afastamento repentino pela manhã, ele
havia feito pesquisas. Ele precisava saber tudo sobre meu caso, mas
aparentemente os humanos – e os vampiros – não tinham muitas
situações semelhantes para retratar. E não era por menos, os
híbridos foram banidos do território humano por séculos. E ainda o
eram. Como poderia haver relatos de híbridos engravidando, seja de
vampiros ou humanos? Sequer os vampiros eram autorizados a
vagar sob o sol, então realmente, os relatos não seriam muitos.
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E meu vampiro não falou mais comigo, nem depois que chegamos em
casa. Nem depois que a vertigem me acometeu mais uma vez, e eu
precisei sentar no sofá branco enorme da sala. Ele ficou apenas ao
meu lado, como se me velasse.
— Isso não pode ser verdade! – A voz de Rosalie foi ouvida pela porta.
— Calma, Rose... digamos que Alice viu, Carlisle confirmou, e agora
eu estou doido para checar. – Emmett vinha logo atrás.
— Cale a boca, Em! – Rosalie parecia irritada. – Eu não acredito que
essa híbrida está... grávida!!!
Sempre que Rosalie desejava despejar sua animosidade sobre mim,
ela recordava a minha origem. Híbrida era uma palavra de baixo
calão, para ela. Eu não sabia os motivos da irritação de Rosalie, mas
ela simplesmente passou por mim bastante insatisfeita, e me olhou
com ferocidade. Edward cerrou os punhos e encarou a irmã de volta,
em uma daquelas conversas silenciosas que eu só o via ter com Alice.
Emmett deu de ombros, como que pedindo desculpas pelo
comportamento exagerado da companheira. Em poucos segundos,
Alice e Jasper chegaram, com um humor completamente diferente.
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Alice saiu cantarolando pela casa, a fim de resgatar Jasper das garras
cruéis de Edward. Eu me recostei no sofá, respirando lentamente.
Meu ventre estava agitado, eu sentia o... bebê se mexer
constantemente. Talvez o meu estado de espírito o afetasse. Era um
talvez, porque eu nada entendia de proles. Mas eu estava tão agitada
e tudo estava acontecendo tão caoticamente que era de se esperar
que o... bebê... estivesse sentindo o ambiente. Edward deixou a
cozinha, subiu as escadas, demorou-se por alguns minutos e depois
retornou para o meu lado. Eu estava definitivamente aborrecida, mas
tentando me manter calma. Minha mão direita repousava sobre meu
ventre, como que embalando o que estivesse ali dentro. Ele me
observou, por alguns instantes, e se ajoelhou à minha frente.
— Bea... – ele deitou a cabeça em minhas pernas, visivelmente
chateado. – Desculpe-me por deixar-te assim. – Suas mãos enlaçaram
minha cintura, e eu senti novamente o alívio bom que ele me
causava. Não era o mesmo alívio de Alice, o alívio ―tudo-vai-ficar-
bem‖. Era o alívio ―mesmo-que-nada-fique-bem-estarei-com-você‖. Eu
nem sabia qual deles preferia. – Eu só... desculpe-me, eu só precisava
do meu tempo para colocar algumas coisas no lugar.
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CAPÍTULO 19 – MATERNAL
*tema: Bryan Adam‖s When You Love Someone*
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Talvez por isso ele tenha estado comigo durante todos os instantes
em que eu ansiava por ele. Talvez por isso seu simples olhar fizesse
com que Alice compreendesse que não era ele quem precisava de
mim desesperadamente, mas o inverso.
Seattle ficava bem mais longe do que Port Angeles, mas com Alice ao
volante chegamos em muito pouco tempo. Ela dirigia ainda mais
enlouquecidamente do que Edward... era quase como se ela voasse. E
a estrada estava vazia, o que a permitiu explorar todas as suas
habilidades. Como a cidade era grande o suficiente para que eu não
fosse notada, seria seguro transitar pelas ruas ao lado de dois
vampiros. Mãos segurando as de Edward, Alice falando como se
estivesse ligada em uma bateria, a tarde seria muito prazerosa.
— Você quer comer alguma coisa? – Edward sussurrou em meus
ouvidos, enquanto carregava diversas sacolas. As pequenas compras
de Alice renderam uma visita a cinco lojas diferentes, e despenderam
o absurdo de mais de mil dólares americanos. Somente com algumas
roupas para eu usar por menos de três semanas! Se eu tivesse
sucesso em completar a gravidez, porque Carlisle não conseguiu
esconder a possibilidade de que o parto pudesse se antecipar.
— Comida humana? – Fiz uma careta. – Não... faz algum tempo que
não tenho a menor vontade de comer alimentos humanos.
— Deve ser o bebê. – Alice intrometeu-se. – Mulheres grávidas
sempre têm desejos esquisitos.
— Ah, beber sangue é esquisito para mim... – O sarcasmo nunca tinha
me abandonado.
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— Preferia que você não precisasse sair para caçar nessas condições.
– Edward mostrou-se aborrecido com o fato de eu preferir sangue
durante a gravidez. Na verdade, eu tinha verdadeira aversão à
comida humana desde os momentos de vertigem. Eu sequer
arriscava comer algo, pois meu organismo rejeitava a simples ideia
de alimentar-me com todos aqueles aromas e cores. Eu queria
sangue, e mataria um humano se fosse preciso.
— Sinto muito, Edward, mas eu não consigo. Eu deixo você pegar as
presas para mim, se acha mais conveniente.
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peso do bebê. Era como se ele soubesse que ele estava ali... seus lábios
tocaram meus cabelos, e eu senti o ventre mexer, rapidamente.
— Bea, você está diferente. Era de se esperar que estivesse; você está
se transformando para poder abrigar nosso filho até o seu
nascimento. Mas isso não te faz horrível. Eu te amo como sempre te
amei, eu quero você como sempre quis, e eu só não perco o controle
mais facilmente porque eu sei que ele não gosta muito dessa
intimidade.
Ou Edward era inacreditavelmente bom com as palavras ou eu era
inacreditavelmente fácil de convencer. Ou ambos. Ele nunca
precisava de muito esforço para me fazer mudar de idéia, para me
dominar totalmente. Eu sentia, uma impressão muito firme, que ele
exercia uma atração insuportável sobre mim. Como um tipo de
magia, de intervenção. Como se ele me dopasse, sempre. Quando me
dei conta de mim, eu já estava plenamente rendida em seus beijos.
Felicia poderia considerar aquilo como um feitiço, porque nem nas
fábulas eu me lembrava de existir mocinha indefesa tão...
verdadeiramente indefesa. Sem muito esforço, e sem deixar meus
lábios, Edward desligou a água e nos envolveu nas toalhas brancas,
macias, que Esme havia deixado ali mais cedo. Ele pareceu muito
maior, naquele instante.
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vivo... morto vivo... eu nem sabia o que viria, era uma verdade. – Ele
não quer que façamos isso de novo?
— Ele não tem vontade muito bem definida, eu acho. – Edward
continuava acariciando meu ventre, e eu pude sentir que o bebê
parecia se acalmar. Mesmo ele estando quieto, eu podia senti-lo
agitado, calmo, nervoso, tranquilo. Naquele momento, ele parecia
somente apreciar o carinho que lhe era destinado. – Ele me deixa
perceber o que gosta... e o que não gosta. Por exemplo, ele gosta
disso. – Edward considerou as carícias suaves que a palma de sua mão
desenvolvia em meu ventre. – Ele também gosta de ouvir... ele gosta
de nos ouvir conversar.
— Ele pode nos ouvir? – Então eu estava surpresa verdadeiramente.
Minha experiência com bebês era inexistente, e eu sequer tinha
ouvido falar de algo parecido. Edward insistiu para que eu lesse
livros de bebês, mas eles todos se referiam a bebês humanos. Como
eu poderia considerar que o meu bebê fosse como um bebê humano?
— Sim, mas ele não entende tudo que falamos. Quase nada, para ser
exato. Ou sou eu que o entendo menos do que imagino. – Edward riu
daquela vez. Seus lábios capturaram os meus, porque meus olhos
estavam cheios de questionamentos, dúvidas e êxtase. – Ele gosta do
que você sente quando eu te beijo. Mas o resto... acho que o deixa
desconfortável.
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CAPÍTULO 20 – REALIDADE
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mais cedo você conversará mais com sua mãe. Por favor, venha para
a cama.
— Edward! – Disse seu nome, voz mais elevada do que de costume. –
Não seja irritante. Você não percebe como me sinto?
Edward respirou fundo, aquele cacoete demonstrando que ele já
havia ultrapassado os limites da irritação. Mas ele precisava
controlar-se, sempre... por mais irritante que eu fosse; por mais
insuportavelmente irritante que eu fosse, Edward era sempre um
cavalheiro. Gentil, educado, polido como nunca nenhum dos híbridos
fora. Ele me olhou, com total desalento, como se meu
questionamento fosse um grande absurdo.
— Claro que eu percebo, Beatrice! – Ele passava os dedos pelos
cabelos, desarrumando-os. – Bea, eu percebo tudo. Como você se
sente, como ele se sente; eu sofro com tudo isso em dose tripla, agora.
Por favor, acalme-se e deite-se aqui comigo...
— Eu acabo de descobrir que sou filha de um vampiro.
— Você ama um vampiro. – Ele sorriu, apesar da minha atitude. – E
está grávida dele.
— Eu sou filha de alguém, Edward! Fui gerada! Concebida! Como não
me lembro de nada disso?
— Você terá tempo de perguntar a Felicia...
— Eu fui prometida ao garoto que ajudei a criar!
— Ele agora é um homem; ele iria crescer uma hora ou outra.
— Você quer fazer o favor de não rebater minhas considerações? –
Parei-me em frente a Edward, mãos nos quadris, sentindo dores
horríveis na região do ventre. O bebê se mexia demais, e cada chute
significava uma pequena hemorragia interna. Que rapidamente se
curava, mas que causava dor o suficiente para me incomodar. – Eu
estou muito inquieta, eu não consigo pensar com clareza.
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Edward estendeu o braço longo para Alice, que lhe entregou uma
pequena caixa. Ele segurou entre os dedos o objeto, e o abriu. Virou a
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— Tudo bem, foi uma ideia tola, mesmo. – Edward entendeu a minha
total ausência de tudo como um não. Seus dedos cerraram a caixa
preta aveludada, enquanto Alice ainda esperava algo acontecer. Ela
já sabia. – Por que você iria pretender aceitar isso, afinal eu sou um
vampiro e...
— Eu aceito. – As palavras atropelaram o pensamento, e saíram de
meus lábios de forma descoordenada. Alice abriu um largo sorriso, e
Edward olhou-me com alegria, sem rastro da decepção momentânea
que o abatera. – Eu aceito me tornar a sua esposa, Edward Cullen...
seja lá o que isso signifique.
Edward então sorriu verdadeiramente, aquele sorriso que costumava
iluminar todo o ambiente, em alívio. Abriu novamente a caixa e
retirou o anel, colocando-o em meu dedo. Coube... caberia melhor
depois que desaparecesse o inchaço da gravidez. A medida era
perfeita.
— Posso contar para todos os Cullens? – Alice já estava agitada,
novamente. Eu ainda olhava para o anel, não muito certa se em
transe pela beleza irreal da pedra, se pela semelhança com os olhos
de Edward, se pela situação em que me colocara. A situação de noiva.
— Depois, Alice... preciso que Beatrice durma. – Edward me beijou a
testa.
— Estraga prazeres! – E a pequena Cullen jogou-se para meu lado,
abraçando-me com muita força. Quase força demais. Edward
suspirou, provavelmente repreendendo Alice mentalmente, mais
uma vez. – Bea, eu estou muito feliz. Eu sei que você já era parte da
família desde quando chegou, mas... essas tradições humanas que
nós, vampiros, abandonamos... são perfeitas! Será o primeiro
casamento entre os Cullen... ah, melhor eu ir para meu quarto antes
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que Jazz possa ter as mesmas ideias de Edward... não que eu esteja
repreendendo você, Edward, mas é que um casamento por século é o
ideal, não?
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esperava, para ter certeza que Edward sabia a resposta que eu queria.
– Você conta, ou ele conta. – Felicia franziu o cenho. – É irritante,
não? Estar com alguém que sabe tudo a seu respeito, sem você ter
como esconder nada dele...
— Ouch. – Edward resmungou, em protesto. Ele não tinha o direito de
me repreender, depois da quantidade de adjetivos com os quais eu
estava acostumada. Cobaia, ingênua, estúpida...
— Eu te amo. – Falei bem baixo, sussurrando só para ele.
— Que conversa mais enjoada! – Emmett entrou sala adentro em um
repente, chegando do jardim. – Dá para ouvir essa melação de vocês
lá de fora, pelos céus!! Vamos, eu também quero saber a resposta!
Por que minha irmãzinha acha que foi transformada...
— Rudolph apagou sua memória. – Felicia baixou o olhar novamente.
– Ele... tem vários conhecimentos e vários conhecidos. Ele o fez, eu
não sei como... mas ele apagou sua memória da infância. Por isso
você não se lembra de nada, nem de ter sido transformada, nem de
ter sido jovem.
— Isso foi cruel. – Emmett não era tão polido quanto a mãe e o irmão.
Intrometer-se era da sua natureza. Mas eu não me importava mais;
como havia dito eu não tinha segredos para os Cullen.
— Bem, pelo menos agora eu tenho as respostas. – Terminei de
comer as panquecas, e descartei o prato para o meu lado. Antes que
eu pudesse pensar no que fazer, Esme recolheu a louça e levou para a
cozinha. Por vezes eu me sentia constrangida quando eles cuidavam
tão bem de mim. – Mesmo que eu não goste, saber a verdade é
melhor do que viver na ignorância.
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havia escolhido para mim. Não importava o que fora ou o que seria,
eu sabia que a minha família, a que eu chamaria de família, seria
sempre a família dos Cullen. E eu não estava preparada para abrir
mão da vida que eu havia escolhido para mim.
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Não era da minha natureza ser prática, menos ainda lógica. Eu era
um ser muito pouco racional. E grávida eu poderia me considerar
completamente irracional. Toda aquela ponderação ia de encontro a
todas as expectativas. Rosalie foi quem decidiu buscar-me no jardim,
alguns minutos depois. Estavam todos preocupados comigo, e eu
preocupada com todos. Eu era forte o suficiente, eles não precisavam
se preocupar. Tudo sempre se ajeitaria, comigo.
— Bea, venha para dentro... logo vai escurecer e Edward...
— Seu irmão agora manda recados? – Eu a interrompi e impliquei,
um tanto quanto amarga. Talvez fosse uma defesa natural, repelir as
pessoas amadas para não fazê-las sofrer.
— Ele ia dizer que está lá dentro, parado, da mesma forma que você o
deixou. – Rosalie confessou. Virei-me para ela, um tanto surpresa
com a constatação. – Pensei que talvez você conseguisse fazê-lo
mover-se...
— Ele não deve estar muito satisfeito comigo, no momento.
— Você decidiu ir embora? – Então ele não havia contado a minha
decisão. Nem Alice. Talvez esperassem que eu mudasse de idéia.
— Eu decidi resolver a questão sem envolver vocês mais do que já se
envolveram. – Falei, tentando ser mais educada.
— É um pouco tarde agora, Bea. – Rosalie moveu os ombros,
intentando deixar-me. – Todos já estão envolvidos, e o sofrimento é
inevitável.
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CAPÍTULO 21 – REDENÇÃO
*tema: Tchaikovsky‖s Piano Concerto 1 – B flat minor*
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Nenhuma noite poderia ser pior do que uma noite sem Edward.
Ele não estava ali, e ele não chegaria. Ele não estava ali, e eu não
sabia o que fazer. Meus olhos se encheram de líquido, e a visão ficou
turva. Passei os dedos pelos olhos úmidos, assustada com a reação de
meu corpo. Eu estava chorando. Lágrimas vertiam violentamente de
meus olhos, e eu não conseguia fazê-las parar.
Beatrice estava fora de seu juízo normal. Sim, ela estava grávida e
aquilo já era suficiente para deixá-la desajuizada. Mas decidir ir com
os híbridos era descabido e irresponsável. Na última semana de
gravidez, tão frágil e desamparada. Ela não podia submeter-se àquilo.
Ela não podia submeter-me àquilo. Mas eu desisti de colocar-lhe
algum juízo na cabeça quando Alice a viu no covil. As visões de Alice
não mentiam, a não ser que Bea mudasse de idéia completamente.
Ela não me parecia disposta a reconsiderar sua decisão.
Eu não tinha muito tempo com ela até que os híbridos chegassem.
Um turbilhão de pensamentos passou ao mesmo tempo por minha
cabeça, misturando-se com as vozes da minha família, da mãe de Bea,
dela mesma. Do meu filho. Todos tão perturbados, e eu querendo
colocar as duas mãos nos ouvidos e ficar completamente surdo.
Gritar pela floresta, correr em disparada sem rumo algum. Mas eu
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Pensei em tomá-la nos braços e fugir. Ela estava tão suscetível que
não seria tão difícil arrastá-la até a garagem e desaparecer com ela.
Pensei em ir para bem longe, um lugar no qual os híbridos jamais nos
encontrariam. Mas... ela estava para ter um bebê. Eu ignorava
qualquer procedimento que fosse referente ao parto, porque aquele
parto nunca fora realizado por nenhum de nós. Em verdade, somente
a sua mãe, Felicia, poderia ajudá-la naquele momento. Eu sabia que
Felicia sabia o que fazer. Ela já passara por aquilo; e tantas híbridas
sob seus cuidados. Eu não podia arriscar a vida de Bea, ou do meu
filho, em uma fuga ensandecida. Se ao menos Felicia visualizasse o
que deveria ser feito; se eu pudesse roubar-lhe a informação nos
pensamentos. Mas ela inconscientemente mantinha seu segredo
escondido o suficiente de mim.
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aquilo por mim, fazia por egoísmo. E desejar que ela não fizesse
aquilo por mim era egoísmo meu.
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Não seria certo. Nada do que eu pensava seria certo, e eu não podia
tomar atitudes que desagradassem Beatrice. Ao lado de todo
egoísmo, do desejo de mantê-la ao meu lado, estava a vontade de
fazê-la feliz. De fazê-la sorrir todo dia, de vê-la radiante como o sol
no verão. Só ela sabia ser assim. Só Bea podia dar-me a sensação de
estar com um ser humano, vibrante, ao mesmo tempo de estar com
um vampiro, durável e inquebrável. Eu não podia magoar Beatrice;
de todas as feridas que ela pudesse ter, nenhuma delas poderia ser
proporcionada por mim. Eu a amava demais para aceitar a hipótese
de feri-la.
Mas o que fazer quando tudo que você ama está prestes a
desaparecer? O que fazer quando, depois de um século de existência,
depois de ter vivido acima do bem e do mal, e depois de finalmente
ter-se encontrado, tudo que mais importa, e tudo que importará por
uma eternidade, está prestes a ir embora, deixando nada no lugar?
O sol de meio dia raiava cintilante no céu quando Alice chegou à sala,
olhar distante e fixo. Eu poderia ouvi-la à distância, mas ela tinha
razão ao afirmar que eu perdera minha objetividade. Minha
concentração estava fixada no semblante de Bea, que se recostava
por sobre mim enquanto assistíamos à televisão. Não havia agonia
maior do que aquela espera. Por um lado, foi bom que tivesse
acabado.
— Edward. – Alice disse, olhar divagando. – Eles chegaram.
Em poucos instantes, todos os Cullen estavam reunidos novamente.
Bea não moveu um músculo; manteve sua serenidade como se não
tivesse realmente ouvido Alice. Se eu não soubesse que sim, eu podia
crer que ela estava muito distraída com a programação diurna. O
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Eu não podia levantar-me do lado de Bea. Não podia e não queria. Ela
continuava recostada em meu peito, respirando calmamente,
cantarolando uma canção. Mentalmente. De novo, se eu não
soubesse, eu poderia dizer que ela estava alheia aos acontecimentos
recentes. Aprisionada em seu próprio mundo. Concentrei-me então
no diálogo que acontecia, enquanto a porta da casa estava apenas
entreaberta.
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Bea então decidiu reagir aos estímulos externos. Seu corpo contraiu-
se todo, e ela levou uma das mãos ao ventre, fechando os olhos.
Cerrei os punhos... mas eu precisava estar calmo. Eu gostaria de
poder conversar com meu filho e fazê-lo compreender que ele
precisava respeitar os limites de sua mãe. Eu sabia que ele estava
desconfortável, crescendo de forma acelerada e ficando
gradualmente sem espaço dentro do ventre de Bea. Eu sabia que ele
desejava deixar aquele lugar. Mas ele ainda não sabia como fazê-lo...
e eu não podia ajudá-lo. Eu queria poder falar com meu filho, e dizer
a ele que convencesse sua mãe a ficar. Para que ele pudesse ficar
comigo. Eu não conseguia resistir à sensação de perda que a decisão
de Bea me causava.
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— Parem com isso agora!!! – Beatrice disse. Não, Beatrice exigiu. Seu
tom era ameaçador; ela acabara de emitir uma ordem. Para mim, era
uma ordem. – Rudolph, solte Edward imediatamente. Em, Carlisle,
por favor... e vocês dois, saiam daqui! Vão lá para fora com
Ferdinand. Eu não vou pedir novamente. – Eu poderia soltar-me e
matar Rudolph. Rudolph poderia matar-me. Tudo poderia acabar tão
rapidamente como começou. Mas todos nós obedecemos Beatrice, de
uma forma inexplicável. Ela havia definitivamente emitido uma
ordem. Seu olhar era mais feroz ainda do que o meu, e seus olhos
púrpura eram assombrosos. Rudolph soltou-me, e Beatrice colocou-
se entre nós dois. Meu pai e meu irmão acalmaram-se, enquanto
Brandon e Richard simplesmente deixaram a casa, indo para a
varanda. Provavelmente estariam à procura de Ferdinand, como ela
exigira. – Vocês me irritam! – Ela retomou o discurso. – Eu não posso
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Todos obedeceram, mais uma vez. Eu não sabia o que sentir ao ver
Beatrice reagir daquela forma ao pequeno caos que se formara na
sala, naquele instante. A híbrida tola e assustada que chegou meses
atrás à minha casa deu lugar a uma mulher de fibra impressionante.
Em um instante, em apenas uma fração de segundo, Beatrice
transformou-se. Eu sabia que aquela era uma reação ao ocorrido. Por
um minuto Beatrice ficou em branco. Eu não pude lê-la, era como se
nada passasse por sua cabeça. E então era retornou com todo aquele
potencial destrutivo. Dando ordens, falando com segurança,
controlando a situação. Os Cullen, Rudolph e Felicia deixaram a sala,
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indo para outros lugares. Eles realmente nos deixaram a sós, como
ela tão decididamente exigiu.
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CAPÍTULO 22 – RECONSTRUÇÃO
*tema: Westlife‖s Butterfly Kisses*
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deixando claro que não queria mais ser tocada. – Então não preciso
de nada, obrigada.
— Seu bebê é para logo. – Ela sorriu, mas eu não parecia feliz. Ela
nem tinha entendido que eu a estava ofendendo. Tentando, ao
menos. – Talvez amanhã...
— Quanto antes ele nascer, antes eu desapareço.
— Vai mesmo desafiar Rudolph? – Felicia se sentou, e eu pude notar
que ela não estava zangada pela minha insolência. Ela estava curiosa,
talvez muito curiosa sobre como eu teria conseguido encontrar tanta
coragem dentro de mim. Eu detestava desapontá-la, mas nem mesmo
eu sabia como.
— Não vou desafiá-lo. Felicia, você sabe o que é estar apaixonada?
Você já sentiu isso? Você sabe como o organismo responde a esse
sentimento? – Ela nada respondeu. Eu imaginei que a resposta fosse
positiva, porque ela pareceu demonstrar empatia ao meu discurso. –
Eu estou cansada de afirmar a mesma coisa uma vez atrás da outra,
sem parar. Sinceramente? Estou cansada. – Fechei o livro, fazendo
um ruído abafado. – Eu não quero mais conversar.
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novamente. – Tem uma pessoa aqui dentro que tem algum senso...
por incrível que isso possa parecer.
— Quem? – Eu levantei uma sobrancelha, curiosa. Ansiosa, talvez,
porque a hora que Alice e Felicia previam se aproximava... e Edward
estava ali, tão proibido.
— Ferdinand. Ele... nós tivemos uma conversa, e ele compreendeu.
Ele me ajudou a entrar, me trouxe até seu quarto... e está montando
guarda na porta. Ele é puro, Bea... você lhe fez um bom trabalho.
— Cuidei dele por dois anos, apenas. – Eu ainda digeria o que Edward
me dizia. – Sempre soube que era bom... e bem... ele é meu irmão,
certo? Biologicamente...
— Sim, ele é. Ele compreende isso, e deseja o seu bem. Isso me
colocou em vantagem. Aparentemente, ele compreende que o seu
bem se resume a mim.
— Ele é perceptivo, então. – Escalei Edward, alcançando seus lábios. –
Eu senti tanto a sua falta...
— Não tanto quanto eu senti a sua.
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Reuni os Cullen porque não era possível tomar nenhuma decisão sem
que Alice estragasse a surpresa. Eu não podia sair sem que ela
soubesse, e fazê-lo com ela sabendo era inútil. Eu não os queria me
seguindo, então a melhor política era a honestidade. Informei a
todos da minha decisão, deixando claro que haveria duas
alternativas. Ou eu traria Beatrice comigo ou eu ficaria com ela. Eu
não a deixaria, e se ficar com ela significava ficar recluso no covil,
então eu o faria. Logicamente Esme achou a ideia ridícula, e tentou
convencer-me a não ir. Mas ela sabia que eu era particularmente
teimoso demais para mudar de ideia. Ela sabia que eu raramente me
demovia de minhas decisões. De qualquer forma, havia sempre duas
possibilidades. Alice lhes informaria quando a decisão fosse tomada,
no covil.
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tentava não pensar nisso. Meu irmão não era muito bom em
esconder seus pensamentos, e acabou entregando-me tudo que eu
queria. Achar o covil não era fácil, mesmo com as indicações de
Jasper. E, após a minha chegada, entrar nele seria definitivamente
mais difícil. Por minha sorte – se eu acreditasse em sorte – Ferdinand
estava com alguns vampiros na porta do covil, a mesma imagem que
eu vi em Jasper. E porque todos os deuses estavam a meu lado, Em
poucos minutos os vampiros se foram floresta adentro e deixaram o
jovem híbrido sozinho.
Excelente momento para o bote. Como se faz com uma presa, tive
diversas ideias de como raptar Ferdinand e trocá-lo por Beatrice. Ele
parecia frágil e inexperiente, uma presa bastante fácil. Nenhum
desafio para mim, mesmo estando sozinho. Um contra um era justo
somente se as habilidades fossem equivalentes. E Ferdinand era
definitivamente um híbrido jovem e sem qualquer experiência em
combate. Fácil demais, eu pensei comigo mesmo por diversas vezes.
Até que a consciência novamente dominou o instinto e eu me
apresentei a ele, como um cavalheiro faz. Nada de presas ou
predadores, nada de rapto ou resgate. Eu me apresentaria a
Ferdinand e pediria a sua compreensão.
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— Acha que eu devo levar sangue para o covil? – Uma súbita ideia me
ocorreu.
— Temos sangue lá... e os caçadores saíram, logo voltam com mais.
— Sim, mas sangue fresco... para Beatrice. Ela estava... havia tanto
sangue saindo dela, provavelmente ela precisará repor suas
reservas...
— Talvez seja uma boa idéia. Pretende caçar?
— Venha comigo. Depois... você me leva de volta até ela?
Ferdinand riu, e me seguiu pela floresta. Ele estava acostumado com
aqueles caçadores híbridos sem nenhuma classe. Ele precisava ver
como um vampiro caçava, de verdade.
**********
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— Não... na verdade, ele é uma surpresa. Somente Alice sabia, e ela foi
brilhante em esconder de mim. Felicia...
— Alimente-o primeiro, Edward. Depois você pode vê-la.
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— Bea, você está sendo muito difícil. – Ela reclamou. – Edward ficará
magoado ao saber que você está recusando o sangue que ele trouxe.
— Edward... – eu disse, segurando firmemente a taça com os dedos
trêmulos. Meus olhos abertos focalizaram Felicia, e sua fisionomia
era tensa e inconclusiva.
— Não pense que aprovo tudo isso... mas ele demonstra real
preocupação com você. Ele e Ferdinand trouxeram um cervo inteiro
para você... vamos, beba. Quanto mais sangue beber, mais facilmente
vai se regenerar.
Deixei que o sangue escorresse por minha garganta, engolindo toda
gota que pudesse estar naquela taça. Não eram os caçadores, era meu
Edward. A dor ainda era nauseante, e minha visão ainda não era
clara. Mas eu podia sentir que melhorava, aos poucos. Mais devagar
do que eu estava acostumada, talvez.
— Felicia... como estou?
— Horrível. – Ela limpou-me o sangue da face e do pescoço. – Como
toda híbrida que acabou de parir.
— Cubra-me. – Pedi, exigente. – Não me deixe... não quero que
ninguém veja...
— Cobrir-te para que, Bea? Seu ventre ainda está em pedaços... ainda
verte sangue de suas entranhas... de que adianta cobrir-te com um
lençol que em segundos estará embebido em sangue?
— Como vocês resistem ao nosso sangue? Não é... humano demais?
— O cheiro é diferente. – Felicia levantou-se, e pude vê-la pegar algo.
– Bem diferente... os humanos tem um aroma completamente
diferente. E fomos bem treinados... não sei quanto ao seu vampiro lá
fora. – Gentilmente, Felicia depositou sobre mim um lençol. Aquela
era a mesma Felicia de sempre... repreendia-me mas sempre fazia
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Era impossível atendê-la, então. Eu estava ansiosa, mas não era por
Edward. Eu sabia como era Edward, quem era Edward, o que esperar
de Edward. Ele estava lá, e eu o amava tanto quanto ele me amava.
Ele não era um enigma para mim, era o vampiro que eu amava. Mas
ele tinha consigo algo que me era totalmente desconhecido, e o
desconhecido assustava. O desconhecido me causava a ansiedade que
Felicia desejava que eu repelisse. Edward tinha consigo, em seus
braços, o meu filho. Por mais que eu amasse meu filho – e eu amava,
considerando todas as formas de amor que aprendi – eu não podia
deixar de imaginar o que ele era, afinal. Um menino, sim. Um macho.
Mas... ele era um híbrido? Era um vampiro? Havia calor em sua pele?
Seu coração batia? Ele precisava respirar? Depois de tanta mutação
genética, o que era o meu filho? Eu não sabia o que esperar, até
porque eu nunca havia visto um bebê, então. Livros e filmes não
contavam; eu nunca tivera um bebê em meus braços.
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ver tudo, eu queria ver o que ele trazia para mim. Mas Edward livrou
uma das mãos e passou por minha face, causando um choque
estranho. Minha temperatura estava alta, então. Ele sorriu, um
sorriso de canto de boca, e pegou a compressa de Felicia, colocando
sobre minha testa. Retirou cabelo de minha face, delineou os
contornos de meu queixo, acariciou meu pescoço... eu estava muito
quente.
— Você tem febre. – Ele disse, quase incrédulo. – Humana demais,
não? – Eu apenas pisquei, assentindo. Meus olhos novamente
pousaram no que ele carregava. – Você quer vê-lo? – Edward sentou-
se, ainda ao meu lado. Com a mão livre, ele elevou meu corpo,
colocando-o por cima de si, apoiado em sua perna. Eu estava então
recostada em seu corpo, e a dor já não era mais tão angustiante.
— O que faz? – Perguntei.
— Tento te deixar confortável. – Ele sorriu, descobrindo-me um
pouco. O lençol estava realmente embebido em sangue, como Felicia
previa. – Pode mover os braços, meu amor?
Assenti novamente, retirando os braços de baixo dos lençóis e
posicionando-os por sobre mim. Eu podia mover-me, mas estava
insuportavelmente fraca. Mal sustentava o peso de meu próprio
corpo. A regeneração trabalhando em velocidade máxima, e
consumindo todas as minhas poucas reservas de energia. Talvez eu
precisasse de mais sangue... mas escondi aquele desejo para que
Edward não fizesse nada antes de me mostrar o meu filho. E ele não
me faria esperar mais. Com uma gentileza que lhe era peculiar,
Edward entregou-me o pequeno ser que estava com ele, descobrindo
sua pequena face para que eu pudesse enxergá-lo. Colocou-o em
meus braços trêmulos, ajudando-me a sustentar o peso insignificante
do que eu segurava. Meus olhos se perderam na imagem mais linda
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— Vou buscar sangue para você. – Ele disse, com toda suavidade
possível. – Acha que pode ficar sozinha com ele?
Assenti sem palavras mais uma vez, enquanto meu vampiro deixava
o quarto. Eu não tive tempo de sentir a sua falta, nem de ficar um
momento sozinha. Edward retornou em alguns segundos, agitado,
apressado. Eu devia parecer péssima, para ele estar tão cuidadoso
comigo. Ele era cuidadoso, mas eu era geralmente bastante durável.
Ele não precisava preocupar-se tanto... talvez a reação fosse normal à
minha sombria imagem. Eu ainda observava o pequeno híbrido em
meus braços, enquanto ele parecia observar-me. Não, eu não
entendia nada de bebês. Eu nunca tivera um em meus braços. E
nunca, nada pareceu tão natural quanto segurá-lo comigo, naquele
momento. Ele tinha poucas horas de vida. E esticou uma de suas
mãozinhas em minha direção. Mãozinha tão pequena que não
parecia pertencer a um... imortal.
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— Mais? – Ele pareceu surpreso, uma vez que minha sede ainda não
estava saciada.
— Gostaria do cervo inteiro, se possível.
— Ferdinand? – Edward chamou, tom de voz tão baixo que eu duvidei
que o híbrido lhe tivesse ouvido. Mas Ferdinand estava espreitando
na porta tão logo meu vampiro o chamou.
— Sim, Edward?
— Você poderia pegar mais sangue para Beatrice? – Edward
estendeu-lhe a taça, gentilmente, com um sorriso. – Ela está
sedenta... – O híbrido deixou o quarto com urgência, sem esperar por
Edward terminar a frase, aparentando uma animação nada
condizente com a situação real. Fechou a porta e desapareceu.
Edward sorriu, e sentou-se novamente ao meu lado. Depois,
depositou meu filho novamente em meus braços, olhando para ele
com as sobrancelhas franzidas. Depois olhou para mim, também os
olhos confusos. – Muitas perguntas ao mesmo tempo. – Ele riu. –
Ferdinand desenvolveu uma admiração não muito natural por mim.
Devo confessar que estou me aproveitando da situação. – Edward
baixou o olhar, encarando o pequeno híbrido nos meus braços. – E
ele parece bastante ansioso por estar com você... então, melhor
deixá-lo em seus braços.
— Ele pensou isso? – Eu estava maravilhada, olhando para Edward, e
para o bebê, e para Edward novamente.
— Ele ainda é inconclusivo. Mas sim, ele queria voltar para perto de
você. Ele... ele é seu filho, é normal que ele deseje estar com a mãe.
Aliás... você precisa escolher um nome para ele.
Edward tinha o cenho franzido, e olhava para mim e para o bebê com
total adoração. Eu podia sentir adoração em seu semblante rígido,
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mas suave. Ele respirou algumas vezes, e levou as mãos até o lençol
embebido em sangue. O sangue coagulado já exalava um aroma
ultrajante, mas eu não queria que ele me visse. Mesmo assim, ele se
moveu para descobrir-me; um movimento muito rápido. Eu não
poderia impedi-lo, porque o bebê em meus braços não me permitia
fazê-lo. Edward puxou os lençóis no mesmo instante em que a
música estridente do aparelho celular se fez ouvir. Ele torceu os
lábios, mas terminou a sua tarefa. Seus dedos tocaram toda a minha
região do ventre; eu pude senti-lo, mas não via nada. A minha
posição não era privilegiada. O telefone continuava tocando, mas
Edward não parecia preocupado em atendê-lo.
— Não se incomode, é Alice. – Ele disse, respondendo-me. – E ela não
vai desistir. Isso está... está muito bom. – Seus dedos pressionavam
minha pele, e eu sentia um pequeno incômodo. Sem dor, só um
pequeno desconforto. – Você já pode pensar em vestir alguma coisa...
posso?
— Atenda sua irmã primeiro. – Eu disse, já irritada com a música
vibrante do telefone. Tentei retomar o controle de meu corpo, sem
temor de ferir-me mais do que já estava, sentindo que meus órgãos
internos já estavam recompostos o suficiente. Ajeitei-me na cama,
recostando-me mais comodamente na cabeceira da cama, tomando
maior consciência do espaço necessário para acomodar o bebê em
meus braços. Edward pegou o telefone para atender Alice, enquanto
eu considerava sua última frase. Nosso filho precisava de um nome.
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fazendo-o ficar de frente para mim. Ele tinha cabelos fartos, e eram
loiros... Edward tinha cabelos de fogo, como que fossem ruivos; eu
tinha cabelos claros, mas não conseguia vê-los de cor definida. Mas
nosso bebê tinha cabelos loiros pálidos, como os de tantos outros
híbridos que eu conhecia. Talvez ser loiro fosse uma característica
dos híbridos... principalmente dos geneticamente modificados. –
Charles Henry. – Falei, passando os dedos pela pele lisa e quase
transparente do bebê.
— Alice, estamos todos bem... eu sei, eu lidarei com isso no momento
certo. Avise a Esme que ela é... avó? Avó de um menino. Isso tudo é
tão estranho... totalmente anormal. – Edward conversava com a
irmã, e apesar das palavras duras seu tom de voz era suave e
zombeteiro. Como se os comentários sobre a surrealidade da situação
fossem um divertimento. – Vou dar atenção à minha nova família
agora, se me permite. Voltaremos logo. – Edward desligou o telefone
e me encarou, o semblante concentrado, cenho franzido, lábios
levemente contraídos. – Charles Henry Cullen?
— Sim... – Eu sorri. Ele estava prestando atenção, então. – Mas você
não parece ter gostado... – minha empolgação durou frações de
segundos.
— Eu gostei. Considero apenas que você precisa conhecer a família
real britânica...
— Família real? – Como uma híbrida tola que eu era, as perguntas
estúpidas nunca acabavam.
— Sim. – Edward sentou-se ao nosso lado, abraçando-me e puxando-
me para mais perto. Seus dedos acariciaram os cabelos descoloridos
de nosso filho, enquanto ele concluía seus pensamentos. – Charles é
o nome de um príncipe...
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CAPÍTULO 23 – DECISÃO
*tema: Roxette‖s Almost Unreal*
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deveria ser não poderia adiar-se por muito tempo, e quando o sol
começou a desaparecer no horizonte, os caçadores estavam de volta.
Eu senti a presença de Rudolph pela contração dos músculos de
Edward; seus punhos cerrados ao redor de minha cintura. Sua pele
ainda mais fria do que o esperado.
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Eu não precisava falar, para Edward saber o que ele deveria fazer.
Mas eu quis falar; eu queria que todos estivessem prestando atenção
em minhas palavras. Ferdinand moveu-se para o lado de Edward, e
desapareceu no quarto escuro com ele. Definitivamente, Ferdinand
estava possuído por algum tipo bizarro de entidade que o fazia
admirar Edward como a um deus. Ficamos nós quatro, uma família
nada convencional, e uma decisão sobre outra, para tomar.
— Adeus, Rudolph. – Eu disse, ainda sentindo aquele arrobo
instantâneo de coragem.
— Beatrice... – Ele comprimiu os lábios, olhando para mim e para o
bebê em meus braços. – Você sabe que só você considerei como
minha filha. Você sabe que... sempre foi somente você, não sabe?
— Sim, por isso eu sei que você vai me deixar partir. Eu sempre
soube, por isso retornei ao covil. Só pretendia que você
compreendesse isso, e não que eu precisasse impor a minha decisão.
Meus olhos se perderam por um segundo no semblante de Charles, e
tão logo dedos gélidos me tocaram o ombro. Edward já tinha tudo
preparado, e segurava as duas malas que Alice me havia preparado.
Ferdinand estava logo ao lado, os olhos faiscando.
— Vamos vê-la novamente? – Felicia perguntou, ainda ansiosa.
— Vocês sabem onde vou ficar. – Eu sorri, sinceramente, pela
primeira vez. Parecia fácil demais, e talvez o fosse. O amor, aquele
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Eu não vi chegarmos aos Cullen, mas sei que a viagem não foi tão
longa quanto eu esperava. Edward dirigiu mais depressa do que
usualmente, ele também desejava chegar em casa tanto quanto eu.
Ou mais. Eu tinha certeza que tolerava o covil um tanto mais do que
ele. Talvez ele me amasse de uma forma doentia, pois ele havia
aceitado abrir mão de sua liberdade, de sua vida sob o sol, para
acompanhar-me naquele covil insalubre. Talvez ele amasse Charles
de uma forma doentia, e não a mim. Ou talvez ele nos amasse, ambos
da mesma forma. Eu não sabia, e não importava. Edward me amar,
era o fator relevante. Talvez ele nunca me amasse como eu o amava.
Mas qualquer coisa seria suficiente.
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Eu estava feliz que Charles tinha tantas mães à sua disposição, e que
ele era apenas uma pequena criatura que provavelmente não
causaria nenhum problema aos Cullen. Porque bastou Edward
terminar a sua frase para que eu me rendesse a ele novamente,
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fazendo-me crer que não chegaríamos à casa dos Cullen antes do por
do sol.
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CAPÍTULO 24 – HUMANIDADE
*tema: O-town‖s Baby I Would*
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Aquilo era uma família, eu considerava. Uma família nos moldes das
famílias humanas... completamente diferente do que eu vivia no
covil. A família pela qual eu lutei, pela qual eu desafiei, pela qual eu
arrisquei tudo que eu considerava de valor. Minha família. Eu
considerava que nunca mais precisaria de nada, e que toda felicidade
do mundo já estava em minhas mãos. Mas eu sabia que meu vampiro
estava aprontando algo. Principalmente após ele ter se levantado,
segurado minha mão e me puxado com ele para o andar de cima,
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— Você está feliz. – Aquela não foi uma pergunta, até porque Edward
não tinha o direito de fazer uma pergunta como aquela se ele podia
ler minha mente. Seus dedos seguravam minha mão e brincavam
com o anel brilhante que estava em meu dedo anular direito. O
topázio, a pedra da cor de seus olhos. Era a cor dos olhos de todos os
Cullen, mas eu só enxergava Edward naquela pedra.
— Claro que eu estou feliz... – franzi a sobrancelha e olhei para ele,
que ainda tinha aquele sorriso insuportável no canto dos lábios e
fazia um bico irresistível. Edward era lindo demais, resistir a ele por
si só era uma tortura inadmissível. – Você faz cada comentário...
como eu poderia não estar feliz?
— Acho que me preocupo demais com você, e acabo por me frustrar
nas expectativas. – Ele fechou a porta de nosso quarto e começou a
abrir os botões do punho da camisa, passando rapidamente para o
colarinho.
— Edward, falar por enigmas não é uma boa idéia agora. – Eu parei
exatamente em sua frente, assumindo a tarefa de abrir-lhe a camisa.
– Eu não consigo ler você. E não estou muito objetiva, ainda.
— Eu sempre julgo que você quer mais do que você aparenta querer.
– Ele disse quase no mesmo instante em que tomou meus lábios para
si. Se ele fosse começar aquilo, não poderia me mandar parar, depois.
Edward sempre me provocava ao limite máximo e depois me
mandava parar, alegando que precisávamos de equilíbrio. Mas eu
definitivamente ainda não estava apta a tanto autocontrole.
— Isso não faz sentido algum. – Meu corpo já estava por sobre o
colchão de nossa cama, e eu falava o mais baixo que conseguia. Não
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desejava mais derrubar uma casa, como algumas horas atrás, mas
isso não me tornava menos assustadora. – Você continua falando
através de enigmas!
— Bea, eu pedi você em casamento. – Ele se ajeitou ao meu lado, seus
olhos atentos capturando os movimentos da minha face, seus dedos
acariciando meus cabelos. – Você aceitou, e logo depois tudo se
tornou um caos. Os vampiros apareceram; você foi para o covil, eu
fui atrás de você, Charles nasceu, seu irmão enfrentou Rudolph...
tudo isso deveria ter feito você perder o juízo. Eu perdi o meu, por
alguns instantes. Foi difícil me encontrar, eu garanto. Mas você...
onde foi que você escondeu a Beatrice assustada e submissa que
chegou a esta casa? – Ele sorria, apesar do tom sério de sua voz. –
Você está linda... está tão feliz... sequer parece incomodar-se com o
fato de que ainda nem pensamos em marcar a data do nosso
casamento.
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Havia poucas coisas mais ―sexy‖ do que Edward, e uma delas era
Edward falando gírias. Quando ele deixava de lado seu vocabulário
mais erudito para proferir palavras profanas ou de pouca cultura,
definitivamente não havia nada mais sexy. E como eu já estava muito
no seu ritmo, foi fácil deixar-me seduzir por mais uma noite inteira.
Principalmente sabendo que Charles estava em tão boas mãos; foi
muito fácil esquecer-me de tudo por algum tempo. Por mais algum
tempo. Felizmente, nada que justificasse ruídos insuportáveis e
móveis destruídos.
Mas meu vampiro estava correto, como lhe era de costume. Alice
estava totalmente engajada no projeto casamento, e considerando
que ele havia pedido pressa... ela começou o dia bastante agitada. Eu
duvidava que os humanos estivessem disponíveis para qualquer
coisa naquele horário, mas Alice entrou por nosso quarto adentro
dando saltinhos e rodopiando, como lhe era de costume. Durante as
três noites que passei no covil eu acabei por sentir falta da ausência
absoluta de privacidade na casa dos Cullen... era muito melhor ser
surpreendida sem as vestes, em momentos íntimos, o que fosse
possível de se surpreender, mas que eu estivesse com Edward. Por
sorte, Edward já sabia que Alice chegaria antes mesmo de ela pensar
em abrir a porta do quarto, o que foi providencial para que ela não
presenciasse nada inadequado.
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você, Bea. – Edward sorriu. – Fique com ele o máximo de tempo que
puder...
— Não é sacrifício algum. – Sorri para Edward, em um daqueles
momentos típicos dos filmes do covil. Os momentos felizes, nos quais
tudo dava certo e todos os desejos se realizavam. Os momentos de
conto de fadas.
— Como pretende que ela saia comigo para organizar o evento se ela
precisa ficar com Charles? – Alice resmungou, ainda com um enorme
bico nos lábios.
Alice emburrou, mas percebi que daquela vez era definitivo. Ela não
tentaria novamente persuadir Edward a deixar por sua conta toda a
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Não havia sol algum no dia claro de Forks, e certamente não havia
sol algum em Seattle. Minha família vampírica não precisaria
preocupar-se com a exposição, e eu não precisaria me preocupar
com o fato de o sol exercer algum efeito sobre Charles.
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— Você e Bea? Se eu não estivesse aqui você teria decidido tudo e ela
seria expectadora. – Edward aproximou-se. Charles inquietou-se em
seus braços, e ele modificou o tom de voz. – Não vou explicar de
novo, o casamento é dela, ela escolhe tudo.
— Já sei! – Alice pegou o celular. – Vou chamar reforços!
— Reforços? – Arregalei os olhos, tentando interferir na discussão.
— Jasper! – Alice começou a discar os números, em velocidade maior
do que eu considerei ser tolerada, na presença de humanos. – Vou
chamar Jasper para tirar Edward daqui... assim podemos trabalhar.
— Jasper está em Forks, Alice. – Edward tentou contemporizar.
— E ele chega aqui em alguns minutos. Vamos tomar um café! Isso,
saímos para tomar um café, e quando Jazz chegar ele arrasta você
para algum lugar! Não posso lidar com isso agora, tenho muita coisa
a fazer!
— Alice. – Eu decidi, então, interferir. Aquela briga tola entre os dois
precisava acabar. Segurei o aparelho de telefone e o desliguei, antes
que Jasper atendesse. – Você não precisa fazer isso. Quer saber?
Escolha o vestido. Por favor, escolha algo que você sabe que eu vou
adorar. Pode ser lilás... eu vou adorar se ele tiver cor de lavanda. Ou
então cor de baunilha. Eu adoro baunilha, certo? Então... escolha. Não
importa muito a renda ou o modelo, eu confio no seu senso de
equilíbrio. Aliás, escolha tudo que for preciso, sim? Quando
chegarmos em casa, você me mostra as opções de decoração. – E
virei-me para Edward sem dar chance de que nenhum dos dois
esboçasse qualquer reação. – E você, meu amor... vamos dar uma
volta. Vamos andar por Seattle até que Alice tenha terminado suas
tarefas. Leve-me a algum lugar divertido, sim?
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CAPÍTULO 25 – O CASAMENTO
*tema: Secondhand Serenade‖s Fall For You*
Não foi uma missão difícil fazer os dois irmãos pararem de discutir
por minha causa. Por causa do casamento. Afastar Edward de Alice e
deixá-la trabalhar sozinha foi a melhor idéia dentre todas as idéias
que eu poderia ter. Eu até poderia sentir-me um pouco inteligente,
apesar de tudo. Quando a cidade de Seattle começou a anoitecer e os
humanos começaram a recolher-se em casa, fugindo da friagem que
assolava aquele dia, retornamos para nossa casa em Forks. Durante o
trajeto tentei idealizar mentalmente a lista dos convidados, pois essa
era a única escolha real que eu faria. Eu não queria mais discussão
entre Edward e Alice, então eu não queria mais saber de decidir
sobre o casamento. Que Alice tomasse as rédeas de tudo.
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Eu tinha uma idéia muito clara em mente, mas eu não sabia como
realizá-la. Eu precisava, inicialmente, distrair Beatrice para que ela
não desconfiasse de nada. Se ela suspeitasse de minhas intenções ela
jamais me deixaria concretizar meu plano, então ela precisava ser
distraída. Novamente, eu precisaria contar com minhas irmãs e seus
métodos nada ortodoxos. Como Beatrice não estava indo à escola,
não seria tão difícil assim sair da casa e mentir a ela para onde eu
iria. Mas eu sinceramente não estava feliz com a idéia de mentir. Eu
sabia que não havia outra opção, mas aquilo não me deixava
satisfeito. Depois, eu precisava assumir que eu ainda exercia a
mesma atração sobre Ferdinand, o irmão híbrido de Beatrice. Eu
precisava crer que ele ainda me adorasse, como antes. Pois só assim
eu teria sucesso em minhas pretensões.
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E então eu expliquei a ela meu plano. Que não era nada simples, devo
confessar. Eu pretendia, sim, resolver o problema de quem levaria
Beatrice ao altar. Ela queria casar-se, eu queria dar o casamento a
ela, e tinha que sair tudo como ela queria. Exatamente como ela
sonhava. E eu sabia o que ela queria; aquele dom de ler mentes era
conveniente e insuportável, às vezes. Saber o que ela queria
significava obrigar-me a aventurar-me em uma viagem louca. Que
Esme refutou, imediatamente.
— Isso é uma completa falta de senso, Edward. – Minha mãe me
repreendeu. – Você não pode considerar retornar àquele lugar
horrível. O que Beatrice diz disso?
— Ela não sabe. Por isso preciso da ajuda de todos vocês.
— Pretende ir escondido? Ela ficará louca quando souber... é muita
preocupação para nós, Edward.
— Eu sei. – Senti constrangimento. Não queria que ninguém se
incomodasse ou se preocupasse comigo, eu sabia que não correria
nenhum risco. Eles não me queriam, as decisões já haviam sido
tomadas. – Mas Esme, eu quero muito dar a Beatrice esse casamento
perfeito. Não sei se o pai dela pode vir até aqui, creio que seja uma
temeridade trazer um vampiro bebedor de sangue humano para o
meio de humanos. Mas o irmão, Ferdinand... ele é bem controlado.
Posso tentar.
— Seu pai pode entrar com Beatrice e conduzi-la até o altar. – Esme
insistiu.
— Não seria a mesma coisa, apesar de que eu sei que ela se sentiria
honrada.
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Sorri para minha mãe, e fui até o quarto de Charles. Ele ainda
dormia, e ele definitivamente parecia irreal. De todas as coisas
surreais com as quais lidei, de todas as coisas absurdas que eu já vivi,
Charles parecia a mais irreal delas. Eu não acreditaria, nem em mil
anos, que aquela criança perfeita, loira, imaculada, era minha. Que
ela tinha meus genes, que ela havia sido concebida por mim. Quando
Beatrice ficou grávida eu estava apenas apavorado. Eu temi que ela
engravidasse desde a primeira vez, mas depois o tempo passou e
nada aconteceu. Parecia que ela fosse incapaz de conceber, então não
havia risco algum. Mas depois daquela viagem maravilhosa à Europa
ela retornou carregando uma incógnita em seu ventre, e aquilo me
aterrorizou por vários dias. Eu não sabia o que esperar, eu não sabia
o que ela poderia gerar. Seja o que fosse, tinha que ser um monstro.
Afinal, o que um vampiro poderia conceber? Por mais que eu
acreditasse que Beatrice fosse uma coisa diferente, que ela tivesse
humanidade o suficiente dentro de si, eu era uma monstruosidade.
A aceitação dela me fez compreender que tudo ia dar certo. Ela disse,
era meu filho. Ela chamou o pequeno ser de filho, ela quis gerá-lo e
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pari-lo. Para ela, estava tudo bem. Mesmo quando ele lhe chutava os
órgãos internos e lhe quebrava vários ossos, para ela estava tudo
bem. Beatrice enfrentou aquilo como toda mãe enfrenta uma
gravidez: assustada, apavorada, e completamente apaixonada por
seu filho. E então eu sabia que tudo ficaria bem, porque ela tinha essa
certeza dentro de si. Mas eu ainda não sabia o que esperar. Meu filho
foi um mistério até a mãe de Beatrice, Felicia, aparecer e confirmar
que Beatrice havia sido gerada da mesma forma que ele. Se ela era a
coisa mais perfeita que eu conhecera em toda a minha existência, o
pequeno ser que ela gerava também seria.
Tomei Charles em meus braços com bastante cuidado para que ele
não despertasse, e beijei sua testa. O bebê moveu-se em minhas
mãos, mas continuou seu sono. Passei os dedos pelos cabelos muito
loiros e admirei sua pele corada por vários instantes. Eu não podia
medir o quanto eu o amava. Estava além da capacidade de qualquer
unidade de medida. Era impossível mensurar o meu amor por
Charles Henry. Bem como era impossível mensurar o que eu sentia
por Beatrice.
— Onde você vai, Edward? – Rosalie sabia que eu não iria à escola.
Mulheres, sempre tão conscientes de tudo!
— Esme explicará a você, Rose. Não me faça contar essa história
novamente.
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— Você sabe que sim. Está... tudo bem? – Era uma pergunta legítima,
mesmo eu já sabendo a resposta.
— Mesmo assim, é estúpido e você sabe. Sua noiva ficará arrasada.
— Não conte a ela, Alice. Por favor.
— Ela vai descobrir.
— Distrai-a e mantenha-a feliz até meu retorno. Leve-a para fazer
alguma coisa, faça-a esquecer de mim por algumas horas, apenas.
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Obviamente falar com o líder dos Caldwell não era uma missão
simples. Eu precisava testar como estava a minha popularidade com
meu ―cunhado‖ híbrido, porque só se ele continuasse meu fã número
um eu conseguiria uma audiência com Rudolph. Por sorte, Ferdinand
ainda parecia tentado a agradar-me e conduziu-me por mais
corredores, até outro salão. Daquela vez, as coisas não foram tão
simples. Inicialmente, vacilei em adentrar o cômodo. Rudolph sentiu
meu cheiro, e recebeu Ferdinand com agressividade. “Aquele vampiro
maldito”, era meu nome. Eu não temia lutar com Rudolph nem me
importaria em matá-lo naquele covil imundo. Ele era um vampiro
experiente e um cientista, mas eu duvidava que ele pudesse lutar
melhor do que eu. Eu era um estrategista e muito habilidoso. Jasper
me havia ensinado táticas de batalha que só eram vistas nos campos,
nas guerras. Rudolph não teria grandes chances contra mim, a não
ser que ele conseguisse destacar seu exército de caçadores antes que
eu fugisse. Contra dez vampiros, eu não seria número suficiente.
Mesmo assim, ele não me assustava em nada.
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Porém matá-lo significaria ter que lidar com Beatrice. Ela poderia me
perdoar por matar seu pai? Por mais abominável que Rudolph
estivesse sendo para ela, ele ainda era seu pai biológico e quem ela
aprendeu a admirar e respeitar por toda a existência. Eram mais de
100 anos amando Rudolph, um simples erro que ele cometesse, por
mais terrível que fosse, não faria desaparecer aquele sentimento. Eu
sabia o que ela sentia por ele, ou eu não teria ido até ali para fazer o
que ela queria. Ela nem sabia que queria. Então, era melhor que eu
conseguisse me entender com aquele vampiro mal humorado, ou eu
ficaria muito irritado por não conseguir o que eu queria.
— Saudações, Rudolph.
— Edward Cullen. – Ele ainda lembrava meu verdadeiro nome, então.
– És mesmo muito ousado em vir aqui novamente. O que quer?
Tripudiar sobre minha desgraça? Já não é suficiente ter-me tirado
Beatrice?
— Acalme-se, Rudolph… não é nada disso, não vim aqui tripudiar
sobre nada. Eu sequer tenho motivo para fazê-lo… eu vim aqui por
Beatrice.
— O que tem ela? – O semblante de Rudolph suavizou-se. Minha
noiva tinha razão, ele a amava. Um tipo de amor suficientemente
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perturbado, mas era amor. – O que houve com Beatrice? Deixou que
algo acontecesse a ela?
— Rudolph… – Ferdinand colocou a mão por sobre o ombro do pai,
em um gesto de conforto. – Edward veio nos fazer um convite.
— Eu e Beatrice vamos nos casar. Um casamento como os casamentos
humanos. Teremos uma celebração, um juiz de paz, documentos que
não têm muita validade para nós, alianças, convidados e uma festa.
Pode parecer ridículo, eu sei, mas é o que Beatrice quer. E eu gostaria
de convidá-los para estar presente nesse momento… porém há um
problema. Humanos estarão presentes, também. Amigos de Beatrice.
Eu disse tudo de uma vez, porque Rudolph não ficaria de guarda mais
baixa por muito tempo. E eu não queria me demorar, porque se eu
chegasse muito tarde em casa Beatrice perceberia minha ausência. O
vampiro em encarou por diversos segundos, e eu tentei não
demonstrar muito claramente que o estava lendo. Eu não sabia como
ele reagiria àquela informação.
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— Pretendia fazer-lhe uma surpresa. Ela sequer sabe que estou aqui…
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A híbrida não fez qualquer pergunta, correu para fora do salão a fim
de cumprir a ordem que lhe fora dada. Eu ainda resistia àquela
situação. Não que eu não gostasse de visitas… os Cullen adoravam
visitas, porque não recebíamos nenhuma. Mas aquelas visitas não
estavam em meus planos naquele momento.
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— Diga, Alice.
— Edward, onde você está?
— Não faça perguntas tolas, você sabe onde estou.
— Por que foi que eu vi os híbridos vindo para cá novamente?
— Porque eles estão mesmo indo. Alice, como está Bea? E Charles?
— Seja bem vindo ao meu inferno particular. Sua irmã Rosalie abriu a
boca e contou a Bea que você havia escapado para o covil. Ela está
rodando de um lado para o outro feito uma maluca desde que ficou
sabendo, e não para de falar. Charles está nervoso porque ela está
nervosa, e eu não sei lidar com isso, Edward!! Esme teve que sair com
o bebê de casa… por favor, fale com sua noiva e diga a ela que está
tudo bem!
para onde estava estacionado meu carro. – Bea, eu já estou indo para
casa sim? Já saí do covil, estou na floresta. Está ouvindo os pássaros
cantando? Está ouvindo? Acalme-se meu amor.
— O que foi fazer aí? Você está louco, quer morrer antes de casar-se?
Se não queria casar-se era só dizer e…
— Bea, preciso desligar agora. Tenho que dirigir e quero chegar aí
bem rapidamente, sim? Por favor, acalme-se e vá buscar Charles. Ele
precisa de você.
Eu acordei tarde, porque ele não estava ao meu lado. Foi um indício
de que as coisas estavam diferentes, porque Edward não saía para ir à
escola sem despedir-se de mim. Esme também parecia que escondia
alguma coisa, quando desci com Charles para alimentá-lo. Eu pude
notar, na forma como ela me olhava, que ela estava relutante em me
dizer algo, que provavelmente eu não poderia saber. Mas o que
poderia estar errado, se eu estava bem, Charles estava bem e
bastante sonolento, o que era uma anomalia, e Edward estava na
escola, como o aluno aplicado que ele era? Tudo estava tão
perfeitamente encaixado e adequado que eu tive certeza que estava
inventando coisas para ver problemas onde eles não existiam.
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Eu ainda não estava vendo nada. Eu ainda não estava ciente do que
estava ao meu redor. Os Cullen estavam todos entre a sacada e o
salão, apenas Carlisle ainda não havia retornado do hospital. Eu não
percebi que eles tinham a expressão de curiosidade, e que
conversavam sobre algo com alguém. Eu estava surda pela voz de
Edward e cega por sua imagem. Meu coração estava praticamente
parado, como se ele nunca tivesse batido antes.
— Esme… vamos precisar organizar o quarto de hóspedes. – Então eu
pude ouvir meu vampiro falar, e olhei para ele confusa. Por que
precisaríamos do quarto de hospedes?
— Sim… podemos colocar Charles para dormir com vocês e oferecer
o quarto dele a Felicia, então.
— Aha, quero ver o que vão fazer com o bebê no meio! – Emmett deu
uma risada. Meus ouvidos me traíram ao ouvir o nome de Felicia, e
eu imediatamente passei a me conscientizar dos arredores. Olhei em
volta e vi Edward segurando uma mala, o que ele provavelmente
havia derrubado antes, enquanto atrás de si vinha Ferdinand, meu
irmão híbrido, carregando outra mala. Felicia vinha logo atrás de
Ferdinand, não tão tímida quanto antes. Esme segurava Charles, que
movia os bracinhos em minha direção. Jasper chegava da cozinha
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com uma mamadeira para ele, uma vez que Rosalie parecia
desaparecida. Alice recebia os recém chegados, e Emmett fazia
piadas com nossa vida sexual, como de costume.
Os híbridos estavam ali, na casa dos Cullen. Minha mãe híbrida e meu
irmão, ex prometido, que desistiu daquela sandice e me permitiu ir
embora com Edward. Meus olhos procuraram Edward, e ele tinha um
sorriso delicioso nos lábios, demonstrando que ele já tinha
compreendido minha confusão e que pretendia explicar-me tudo
que acontecia. Até porque os demais Cullen também não pareciam
muito conscientes do que os híbridos faziam ali.
mais irritado que ele estivesse, ele jamais faria nada contra ela, eu
sabia. – De qualquer forma, após conversar com Rudolph, ele
considerou…
— Rudolph? – Arregalei os olhos e deixei a palavra escapar em
sonoro volume. – Você… falou com ele?
— Sim, meu amor. – Edward beijou-me os lábios com bastante
suavidade. Maldito vampiro, ele não podia ser tão cruel! – Afinal, eu
precisava da permissão dele… você entende das regras do covil muito
melhor do que eu! Como eu poderia trazer Felicia sem falar com ele?
E… bem, eu queria que ele viesse também.
— Rudolph? – Foi a fez de Emmett repetir o nome de meu pai
vampiro. Obviamente Emmett, que não lia mentes, também não
tinha entendido as intenções de Edward. Ninguém entenderia,
porque elas não faziam o menor sentido prático. Por que ele teria
retornado àquele lugar horrível, e por que ele pretendia ter uma
conferência com um vampiro cruel. Pior ainda, por que ele pretendia
trazê-lo de volta a nossas vidas.
— Sim. Eu sei que vocês devem estar todos confusos, mas eles são a
família de Bea. Por mais conflitos que tenham acontecido, vocês
deveriam dar-me um pouco mais de crédito. Afinal, eu estou dentro
da cabeça de todos vocês… eu sei, eu tenho absoluta ciência do que
pensa Rudolph. E Bea. E eu sei o quanto ela ama, mesmo que ela não
saiba disso, a família do covil. Eu também sei que eles a amam.
Ferdinand com sua desistência, Rudolph com a resignação, Felicia
com a doação absoluta… eu não podia deixar que as coisas ficassem
mal. Fui até o covil para buscá-los para o casamento sim, e pretendia
que Rudolph conduzisse Beatrice ao altar. Mas como ele não veio,
espero que Ferdinand nos faça essa gentileza.
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isso. Mas eu precisava estar do lado dele, afinal tudo que ele estava
fazendo era por mim. Ele havia inventado aquela história toda
porque ele sabia que eu tinha dúvidas quanto à história do altar.
Edward então decidiu levar minha mãe e meu irmão para caçar tão
logo eles foram devidamente acomodados. Ferdinand ficaria no
quarto de hóspedes, enquanto Felicia dormiria no quarto de Charles.
Ela disse que não era preciso que ele dormisse conosco, mas eu quis
que assim fosse. Eu gostava de ter meu filho por perto, sempre, o
máximo de tempo que eu pudesse tê-lo. Jasper e Emmett acabaram
por decidir acompanhar Edward; os dois nunca dispensavam uma
boa caçada. E meu vampiro efetivamente precisava de uma ajuda,
pois os híbridos não estavam acostumados a caçar. Eu sabia, e
imaginava que Felicia teria ainda mais dificuldade do que eu tive,
para alimentar-se. Ferdinand ao menos era um homem, ele fora
criado com os caçadores e sabia mais sobre caçadas.
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Meu sono foi daqueles inquietos que eu tanto abominava, e que não
me deixavam sucumbir ao completo estado de inconsciência. Eu tive
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Fui até onde meu instinto me conduziu para achar Edward, ainda
vestido em seu moletom preto, sem camisa, com Charles na sacada.
Um vento muito frio soprava, e Edward parecia mais uma figura
pintada no meio da paisagem do que uma pessoa. Aproximei-me, e
notei que ele conversava com Charles. Eu não queria fazê-lo perceber
a minha chegada, mas aquilo era impossível. O status de curiosidade
prejudicava seriamente o status de coerência. Eu não me considerava
apta a disfarçar meus pensamentos quando toda a minha
concentração estava voltada para o que Edward fazia. Mesmo assim,
ele pareceu não se importar inicialmente comigo, prosseguindo com
seu discurso para o bebê.
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Vesti-me com alguma coisa pré selecionada por Alice, porque não
estava interessada em ocupar-me com vaidades, e escolhi uma roupa
para vestirmos em Charles. Ele precisaria parecer mais humano do
que nunca, e muito mais novo do que ele era. Charles não parecia um
bebê de uma semana, mas de várias. E se ele teria que ser
apresentado como um bebê prematuro – e eu sabia exatamente o que
aquilo significava! – ele não podia aparentar tanta idade. E eu teria
que agasalhá-lo o máximo possível, pois bebês sentiam muito mais
frio. Toda aquela informação ao mesmo tempo, eu tendo que
processar tudo enquanto estava completamente enlouquecida com a
idéia.
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Tomei os envelopes nas mãos e olhei um por um. Cada envelope roxo
estava endereçado a cada um de meus amigos humanos; seus nomes
impressos em tons prateados e com uma caligrafia impressionante.
Abri um dos envelopes e me deparei com um papel em um tom de
roxo mais claro, mas ainda muito forte, também escrito em tons
prateados, e as informações de nosso casamento.
Carlisle Cullen e Esme Anne Platt Evenson Cullen - Rudolph Caldwell e
Felicia Marie Caldwell
Convidam para o casamento de seus filhos
Edward Anthony Masen Cullen e Beatrice Ann Caldwell
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Se era a minha deixa ou não, eu não sabia. Mas tão logo Edward
mencionou o nascimento do bebê eu olhei para trás e vi Felicia e
Ferdinand aguardando, resistindo tranquilamente à presença dos
humanos saborosos, e decidi sair detrás de Edward. Movi-me
lentamente e me fiz ver por completo. Meus amigos me encararam e
se levantaram, todos ao mesmo tempo, intencionando uma
aproximação.
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sobre ele. Beatrice falava pouco sobre tudo, e aquilo era culpa minha.
Eu tolhia demais a sua possibilidade de falar, porque eu sempre
estava ansioso demais para dar coisas a ela. De qualquer forma, eu
considerei seriamente que eu estava me enganando desde o início.
Eu queria aquele casamento tanto quanto Beatrice, talvez mais do
que ela. Afinal, eu era um vampiro antiquado.
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— Por que está aqui pensativo, meu filho? Pensei que passaria esta
noite com sua noiva…
— Ela está dormindo, e eu preciso de um momento…
— Está ansioso? – Esme sentou-se ao meu lado.
— Se eu disser que sim, mas que não estou nervoso, você acreditaria?
– Olhei para Esme com um bico em meus lábios. – Eu estou ansioso
porque eu quero muito que isso aconteça… pode parecer tolo, porque
vampiros não se casam, não seguem essas tradições. Mas eu sou um
homem à moda antiga, certo?
— Você sempre foi. – Esme sorriu, e depositou Charles em meu colo.
– Fique com ele, você não passa tanto tempo com seu filho.
— Passo o suficiente. – Sorri, acariciando a face do pequeno. – Ele
cresceu muito, não?
— Sim, bastante. Você compreende o que ele sente, o que ele pensa?
— Quase. Eu compreendo algumas coisas, ele é muito seguro do que
quer. Mas ele tem dificuldades de se expressar de forma que eu possa
decodificar… muitas vezes eu não leio nada.
— Edward, você sabe que eu, seu pai e seus irmãos só queremos sua
felicidade. – Esme preparou-se para um discurso de mãe, o qual eu já
sabia por inteiro mas a deixaria falar sem interromper. – Não
importa que você tenha passado mais de um século e que Beatrice
seja um híbrido; não importa que toda a situação seja bastante fora
do que estamos acostumados. E não importa que precisemos mudar
de Forks mais uma vez… isso aconteceria mais cedo ou mais tarde.
Beatrice é a sua escolhida? É ela que você quer?
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altar. Ele era a peça que faltava para tudo ser como o idealizado… por
mim. Eu não podia mais negar que o casamento também era um
desejo meu, e que nada me faria mais feliz do que chamar Beatrice de
esposa. Ela já era minha, a partir daquele dia ela seria minha esposa.
Carlisle encontrou-me no quarto sorrindo como um bobo sem
conseguir ajeitar a gravata, e dispôs-se a fazê-lo por mim. Ele
percebeu que eu estava pouco objetivo, porque eu jamais teria
dificuldades com um nó de gravata.
não teve todas as possíveis. Você não teve tudo que poderia ter tido,
e essa experiência agora é apenas mais um exemplo de humanidade
que você havia perdido. Você amou pela primeira vez, foi
correspondido pela primeira vez, teve uma relação sexual pela
primeira vez, foi pai pela primeira vez, provou o gosto amargo da
perda da pessoa amada pela primeira vez, e depois pode sentir o
sabor de tê-la de volta. Tudo isso você viveu em menos de dois anos;
os seus séculos de vida não te proporcionaram todas essas coisas.
Posso dizer que você viveu mais experiências humanas do que todos
nós da família, e isso é maravilhoso. Agora, você vai viver mais uma…
você vai casar-se de acordo com as convenções humanas. É normal
estar nervoso, eu diria que é esperado.
— Ela sabe que eu a amo. – Eu disse, lábios franzidos. – Eu digo isso
sempre; eu a lembro do quanto a amo todo dia que estamos juntos.
— Ela sabe. – Carlisle afagou-me os cabelos. – Fique tranquilo, meu
filho. Vocês serão felizes; todos nós seremos felizes juntos.
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Não havia mais luz do lado de fora, ou meus olhos não estavam
enxergando suficientemente bem. Com um sorriso iluminado e
encantador, minha mãe Esme, em um vestido vinho estonteante, me
aguardava para que fôssemos para o altar. Senti um mal estar súbito,
e aquilo foi muito esquisito. Vampiros não sentem mal estar, nosso
organismo não funciona o suficiente para isso. Minhas mãos
tremiam, e se eu pudesse suar… Alice me segurava pelo braço, e se
ela não estivesse me puxando com toda a sua força eu estaria travado
no mesmo lugar, observando tudo enquanto ninguém ainda
conseguia me ver.
Minha mão foi colocada por sobre a mão de Esme, e ela continuava
sorrindo sem parar. Eles estavam tão felizes com o casamento
quanto eu, mas eu praticamente não conseguia prestar atenção em
nenhum pensamento, naquele instante. Meus sentidos estavam
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— Você entra logo atrás dos seus padrinhos. – Alice piscou para mim,
mas eu também não prestei muita atenção. Eu tinha três padrinhos;
depois que eu fui até o covil buscar Ferdinand eu não podia tê-lo
excluído. Ele ainda me adorava, e eu tinha uma dívida de eterna
gratidão para com ele, por ele ter desistido tão altruisticamente de
Beatrice. Notei que por sob meus pés tinha um tapete vermelho, e
que Esme calmamente moveu-se para frente. Eu deveria segui-la.
Meus pés ainda estavam prostrados no tapete vermelho.
— Vamos, filho. É a nossa vez. – Esme me olhou mais uma vez.
Sim, era a minha vez. Nada importava, além daquele momento. Era
fantástico demais, eu não era merecedor de nada daquilo. A vida não
podia me ser tão gentil e me agraciar com tanto. Só ter Beatrice já
era mais do que qualquer eu poderia esperar. Tê-la como esposa, e
ainda ter um filho… eu ainda esperava que tudo se acabasse em um
passe de mágica, quando como se acorda de um sonho.
Segui Esme pelo corredor criado por Alice até o altar totalmente
ornamentado por lilases e rosas brancas. O aroma era tão adocicado
que eu tinha certeza que causaria enjôos em Bea. O juiz de paz – que
eu não conhecia – nos aguardava pacientemente. Carlisle me sorria.
Entre os convidados, eu reconheci todos os amigos humanos de
Beatrice; todos os nossos amigos humanos. Havíamos convidado os
Denali, mas eles não puderam vir. Enviaram suas desculpas e um
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presente que eu ainda não havia aberto, então todos os convidados ali
eram humanos. E as duas famílias de vampiros e híbridos, anfitriões.
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do que meus instintos. Eu sabia que era! Ela estava tão nervosa
quanto eu, e seus pensamentos eram uma mistura de desespero,
ansiedade e felicidade. Seus olhos não se desviaram o juiz nem um
instante, enquanto eu precisei resistir à tentação de olhá-la o tempo
todo. Teria eu a chance de vê-la tão linda em outros momentos?
Faria diferença, afinal? Estariam meus olhos sensíveis aos meus
sentimentos, enxergando Beatrice ainda mais perfeita do que ela era?
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— Bea, você precisa prometer que não vai nos esquecer. – Felicia
finalmente disse, e eu pude ver lágrimas em seus olhos. Os híbridos
choravam, e aquilo era ainda mais emocionante.
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— Para você eu não sei. Para mim, nunca me senti tão completo.
— E poderemos ficar assim para sempre, certo? – Ela me abraçou pela
cintura e colou sua cabeça em meu peito, amassando seu penteado
antes da hora.
— Se para sempre não for suficiente para você, inventaremos uma
nova medida de tempo só para satisfazê-la.
EPÍLOGO
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avião fretado por Edward; eu, ele e Charles Henry, para passarmos
alguns dias juntos, a sós, sob o sol.
Mesmo sabendo que o sol, astro da natureza, não era tudo aquilo que
eu imaginava e mesmo sabendo que eu havia encontrado outro sol
para mim, ao redor do qual eu girava como se fosse um planeta e
nele se resumisse todo o sistema, eu ainda gostava de estar sob a luz
do sol, aquele que provinha a vida para todos os humanos; para tudo
que havia na Terra. Era como se eu me sentisse mais humana, mas
viva, mais parte de tudo aquilo. O pavor de tornar-me humana já
estava há muito superado; eu não precisava temer algo que eu era,
algo que era tudo que Edward queria.
E ter Edward sob a luz do sol era ainda mais fantástico, porque a luz
que dele emanava era tudo que eu precisava para enxergar. Com ele
eu conseguia ver, efetivamente. E meus dias de híbrida tola que
morava em um buraco sob a terra haviam acabado; e meus dias de
Beatrice Caldwell, a ignorante, eram apenas um passado distante,
que parecia nunca ter acontecido de verdade. Um fragmento, um
sonho, um momento necessário para que eu tivesse acesso à vida,
afinal.
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— Alice, estamos falando de Charles... meu filho. Acha que ele pode
nos colocar em risco? Eu vejo seus pensamentos, ele é uma
criancinha, feliz, ama seus pais... o que você viu de tão ruim assim?
— Eu não sei explicar! Volte para casa, Edward... assim você poderá
ver. Esme está aqui tão ansiosa quanto eu, desde que tive a visão...
— Vou desligar agora, preciso conversar com Bea sobre isso.
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