Professional Documents
Culture Documents
2) A portaria relaciona os casos que saíram na imprensa com as medidas de proteção à honra da
comunidade universitária. Não é a primeira vez que essa instituição demonstra preocupação excessiva com o que
a imprensa veicula. Basta recordar a reação às denúncias feitas pela imprensa que questionou a relação da UFMG
com a FUNDEP, em 2009. Sabemos que a mídia atua, muitas vezes, segundo interesses perversos e
sensacionalistas. Mas porque a atenção sempre se volta para a indignação com a imprensa e não para a resolução
dos casos relatados? O que temos a esconder, afinal?
3) Por fim, o aspecto mais assombroso da portaria, que é a restrição da entrada das pessoas na
Universidade. São tantas as implicações nefastas dessa medida que seria possível escrever um artigo inteiro sobre
o tema. Faz-se necessário, porém, abordar dois aspectos. Um deles é o acesso ao espaço público da Universidade,
que em hipótese alguma deve ser controlado. O outro são as medidas usadas para controlar esse acesso. A portaria
prevê a identificação individualizada de cada uma dessas pessoas ou “outros atos pertinentes”. Primeira pergunta:
que atos são esses? Segunda pergunta: seria possível o controle individualizado? Ou a Universidade adotará o
método do “mais suspeito”, utilizando critérios discriminatórios, como tem já tem feito no ICEX? (Recentemente
ficamos sabendo de um estudante negro que foi interpelado ao entrar no Instituto, enquanto as demais pessoas a
sua volta transitaram sem problemas).
É por tudo isso que a Reitoria da UFMG está demonstrando, mais uma vez, sua inabilidade para
lidar com estudantes e a administração universitária. Não acreditamos que as festas deveriam continuar
acontecendo exatamente como estavam, reconhecemos que havia problemas, mas somos a favor do método da
construção coletiva e do diálogo com toda a comunidade universitária. Repudiamos o fazer político por meio de
portarias autoritárias.
Vale lembrar que não é a primeira vez que isso acontece. A ultima regulamentação sobre as festas
no campus foi feita em 2007, depois de muitos anos de proibição. A liberação foi fruto da resistência dos
estudantes e da luta do movimento estudantil que enfrentou as arbitrariedades da reitoria, por entender a
importância dos espaços de lazer e entretenimento no trajeto universitário de todos e todas, além de ser também
hoje uma das principais fontes de renda dos CA’s e DA’s da Universidade.
É por tudo isso que defendemos:
- Direito a organização pelas entidades estudantis das festas no campus
- Revogação da portaria 034/2011
- Reforço da segurança universitária nos dias de festa
- Por um real combate à homofobia, ao racismo e ao machismo na UFMG
- Realização de uma audiência pública para debater esses temas
- Convocação, pelo DCE/UNE, de um Conselho de DA’s e CA’s que tenha como pautas a luta
contra a homofobia e a questão das festas no campus.