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Esse parágrafo me fez refletir sobre a fé que colocamos nos blogs como
instrumento jornalístico. Claro que alguns são feitos por jornalistas e outros
percebemos, com alguma pesquisa, que são feitos por pessoas capacitadas.
Mas e nos outros casos? Lemos notícias, análises, resenhas, opiniões, críticas
de pessoas com uma formação que pode não coincidir com o nível de
credibilidade que depositamos nelas. Mas ao mesmo tempo, os blogs são
espaços de certa forma individuais, onde o pressuposto é que tenho o direito
de colocar a minha versão, o meu lado, a minha visão. O outro deve ver essa
visão como um fato jornalístico?
Achei essa frase emblemática pelo uso dessa ideia do homem comum como
produtor do espetáculo da produção e disseminação de informação, o homem
como a grande personalidade do momento.
"O que talvez não se perceba é que o grátis está na verdade nos
custando uma fortuna. Os novos vencedores – Google, YouTube,
MySpace, Craigslist e as centenas de startups, todos famintos por um
pedaço do bolo da Web 2.0 – não são capazes de preencher o vazio
das indústrias que estão ajudando a destruir, em termos de produtos
produzidos, postos de trabalho criados, receitas geradas ou benefícios
conferidos. Atraindo nossos olhares, os blogs e wikis estão dizimando
as indústrias da publicidade, da música e da reunião de informação,
que criaram o conteúdo original do “conteúdo” desses sites. Nossa
cultura está essencialmente canibalizando seus jovens, destruindo as
próprias fontes do conteúdo que almeja. Esse é o novo modelo de
negócios do século XXI?". (p. 9)
Talvez seja muito mais uma questão de entender como criar um formato
dessas indústrias que estão perdendo lugar pra rede, um formato que permita
lucros, não só financeiros, mas também em produção de conteúdo, para a rede
e para as indústrias. Muitas publicações, por exemplo, vêm disponibilizando
suas edições online e cobram por anúncios nessa edição, pensando em
propagandas adequadas ao meio. Portanto, acredito que seja uma questão de
estudo e adequação.
“With Web 2.0, the madness is about the crowd falling in love with
itself.” (p. 96)
Internet e democracia
“In theory, Web 2.0 gives amateurs a voice. But in reality it's often
those with the loudest, most convincing message, and the most
money to spread it, who are being heard.” (p. 92)
A internet e a verdade
“It is deeply disturbing that in our filter-free Web 2.0 world, rumors and lies
concocted by anonymous (and no doubt amateur) reporters are lent legitimacy
and propagated by mainstream media channels”. (p. 81)
Esse é um sério caso onde as muitas vezes anônimas mentiras (ou sob
pseudônimos e falsas identidades) da rede geram consequências e buzz fora
do ambiente virtual. Quantas empresas não sofreram com isso? Quantos
políticos? Como controlar a ética de uma rede produzida e frequentada por
amadores?
Assim como na moda utilizamos as roupas para projetar nossa imagem para o
outro, usamos a internet para divulgar uma imagem de nós mesmos como nos
vemos e como queremos ser vistos, mas no lugar da indumentária são
utilizados vídeos, fotos, textos e mensagens em 140 caracteres. Ambos, moda
e internet, são espaços de construção e exposição do EU.
O autor faz também traz a internet como grande conhecedora de nós e dos
nossos hábitos, desejos, medos, neuras e etc. Através do que navegamos, do
que buscamos e coisas do tipo, pode ser feito um estudo dos nós muito mais
revelador do que um relatório psiquiátrico, por exemplo. E, de fato, por
estarmos tão expostos na rede há vários perigos iminentes, onde o mais
simples talvez seja que empresas podem estar coletando essas informações e
armazenando em seus bancos de dados.
Internet e publicidade
Não só é mais difícil detectar a autoria na rede e definir a quem ela pertence,
como há sérios problemas de dar crédito aos reais autores nesse ambiente e
fora dele. Quantos trabalhos escolares, simplesmente pela facilidade, não
foram simplesmente copiados da rede e entregues como autorais? É muito fácil
utilizar o trabalho de outro, mas infelizmente é difícil ver esse trabalho sendo
creditado. "Esta definição nebulosa de propriedade, agravada pela
facilidade como podemos copiar e colar o trabalho de outras pessoas
para fazêlo parecer como se fosse nosso, resultou em uma nova
permissividade preocupante sobre a propriedade intelectual." (p. 8)
"O New York Times (NYT) noticia que 50% de todos os blogueiros
blogam com o propósito exclusivo de relatar e partilhar experiências
sobre suas vidas pessoais." (p. 3)
Amador – conceito
Cidadãos-jornalistas
É errado dizer que não há regras nem uma ética na blogosfera. Muito pelo
contrário, há sim uma “etiqueta virtual” e toda uma cultura de regras que,
aqueles que pertecem ao meio e procuram ser respeitados pelos demais,
obedecem e procuram perpetuar. Por exemplo, a blogosfera se sentiu
ameaçada com os posts publieditoriais dos blogs, então eles se reuniram,
fizeram uma campanha e muitos blogueiros postaram sobre a importância de
avisar ao seu leitor que aquele post é pago. Existem sim regras, existem sim os
bons costumes e aqueles que procuram ser respeitados e reconhecidos,
procuram obedecer. Um leitor consciente sabe diferir um blog bem feito e
preocupado com essas questões de um que não é, acho até que se pode
observar só visualmente a diferença entre um blog de qualidade e um blog que
não tem. O que quero dizer é que também cabe muito ao leitor julgar a
qualidade daquilo que está lendo e sua credibilidade, não só virtualmente, mas
nas outras mídias também. Assim como existem blogs ruins existem revistas
de baixa qualidade, com fontes inseguras.
Não vou negar, é claro, que as regras as quais um jornalista de uma mídia
tradicional tem que seguir são maiores e mais seriamente cumpridas e
cobradas.
Ainda não li Nós, os midia, mas concordo com Gillmor desde já que a notícia
precisa ser uma conversa com o receptor da mensagem, pois na sociedade
atual o leitor não se contenta mais com uma postura passiva, a ‘bala mágica’
perde a magia e não acerta o alvo se não lhe der chance de dar algo em troca,
de participar. A conversa com o jornalista e com os outros leitores torna a
informação mais rica pois permite que dela participem muitas visões.
“The New Yorkers Lemann points out that "societies create structures
of authority for producing and distributing knowledge, information,
and opinion."11 Why? So that we know we can trust what we read.”
(p. 53)
Aqui acho que Keen esquece dos conglomerados de jornais e da grande mídia,
que publica, muitas vezes, somente o que lhe interessa e esquece a visão
global da notícia, quando esta é publicada (o que acontece quando não fere
interesses da mídia, de seus patrocinadores...). Nesse ponto acho que a web
tem muito mais liberdade e permite uma visão muito mais ampla, ainda que
amadora.
Exemplifico com algo que acabei de reparar exatamente enquanto lia as
palavras de Keen: na lista do DATA estão comentando sobre restaurantes, no
caso o Coco Bambu, que tinha uma lagarta na comida de um cliente, assim
foram seguindo-se uma série de exemplos sobre outros restaurantes e casos
semelhantes. É um assunto que interessa as pessoas, mas será que a grande
mídia publica? É um caso a se pensar.
“the real value of citizen journalism was its ability to address niche
markets otherwise ignored by mainstream media.” (p. 51) *
Resposta de Gillmor ao Keen*
Web 2.0 e a fragmentação da cultura
Identidades ocultas
“ as anthropologist Ernest Gellner argues in his classic Nations and
Nationalism, the core modern social contract is rooted in our common
culture, in our language, and in our shared assumptions about the
world. Modern man is socialized by what the anthropologist calls a
common "high culture." Our community and cultural identity, Geller
says, come from newspapers and magazines, television, books, and
movies. Mainstream media provides us with common frames of
reference, a common conversation, and common values. Benedict
Anderson, in Imagined Communities, explains that modern
communities are established through the telling of common stories,
the formation of communal myths, the shared sense of participating in
the same daily narrative of life. If our national conversation is carried
out by anonymous, self-obsessed people unwilling to reveal their real
identities, then Anderson's imagined community degenerates into
anarchy.” (p. 80)