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Fichamento: O Culto do Amador

Citações retiradas de Keen


Comentários
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Referência a outros autores
Divagações relacionadas ao objeto anterior

Num tom extremamente crítico, generalista e perigoso de ex-


apaixonado, o texto de Keen assusta pela acidez das reflexões e traz um
menear de cabeça frequente. Acho que o que mais passou pela minha cabeça
durante a leitura foi "não é bem assim, não". Mas ao mesmo tempo, o texto
tem seus méritos por nos fazer refletir sobre o que muitas vezes pensamos ser
a terra das maravilhas e da democracia: a internet. Confesso que o autor me
fez refletir sobre coisas que ainda não havia pensado, além de me fazer ver
que existem outros lados na utopia de um conhecimento construído por todos
num espaço democrático e amplo em possibilidades. Seguem os trechos que
mais me chamaram atenção e que mais me inquietaram, entusiasta da
internet como sou:

"Mas o que outrora parecia uma piada agora parece predizer as


consequências de um achatamento da cultura que está embaçando as
fronteiras entre público e autor, criador e consumidor, especialista e
amador no sentido tradicional. Isso não tem graça nenhuma". (p. 1)

Já nesse início de livro dá para perceber a percepção do autor quanto as


possibilidades trazidas pelo mundo 2.0 de dar voz de autor a um usuário que
talvez não tenha tanto conhecimento assim para receber esse direito. Já aqui
percebemos e começamos a pensar no outro lado do discurso de amplas
possibilidades possuídas pelo homem comum: qual a qualidade da informação
que estamos produzindo, que estamos lendo e que estamos chamando de
revolucionária e igualitária? Será que o homem comum, que talvez não tenha
informação "de qualidade" a dizer, merece essa voz? E qual a "qualidade"
dessa cultura 2.0? Essas fronteiras não deviam ser transpostas? Mas o que
seria essa qualidade e o que a define?
Penso que o público merece sim ter voz, quem sabe alguma parte, ao se tornar
autor, busque mais conhecimento, pesquise mais e possa desenvolver outras
habilidades, quem sabe. E nada impede que, em alguns casos, o público que se
torna autor tenha coisas melhores a dizer, e de muito mais "qualidade" do que
os que estão acostumados a ser emissores. O que me preocupa é, na verdade,
o fato de às vezes aplaudirmos a web por quebrar barreiras e dar espaço de
expressão a "todos" e acabarmos aplaudindo junto a todas as produções da
rede. Uma rede feita por amadores, como diz o autor. No entanto não concordo
com o tom cético e, devo dizer, arrogante e generalista - pelo menos
inicialmente - com que ele trata as produções da internet.

"Os blogs tornaram-se tão vertiginosamente infinitos que solaparam


nosso senso do que é verdadeiro e do que é falso, do que é real e do
que é imaginário. Hoje em dia, as crianças não sabem distinguir entre
notícias críveis escritas por jornalistas profissionais objetivos e o que
leem em joeshmoe.blogspot.com. Para os utopistas da Geração Y,
toda postagem é a versão da verdade de mais uma pessoa; toda ficção
é a versão dos fatos de mais uma pessoa." (pg 1)

Esse parágrafo me fez refletir sobre a fé que colocamos nos blogs como
instrumento jornalístico. Claro que alguns são feitos por jornalistas e outros
percebemos, com alguma pesquisa, que são feitos por pessoas capacitadas.
Mas e nos outros casos? Lemos notícias, análises, resenhas, opiniões, críticas
de pessoas com uma formação que pode não coincidir com o nível de
credibilidade que depositamos nelas. Mas ao mesmo tempo, os blogs são
espaços de certa forma individuais, onde o pressuposto é que tenho o direito
de colocar a minha versão, o meu lado, a minha visão. O outro deve ver essa
visão como um fato jornalístico?

"Com centenas de milhares de visitantes por dia, a Wikipédia tornou-


se o terceiro site mais visitado em busca de informação e eventos em
curso; uma fonte de notícias com mais crédito que os websites da CNN
ou da BBC, embora a Wikipédia não tenha nenhum repórter, nenhuma
equipe editorial e nenhuma experiência na coleta de notícias. É o cego
guiando o cego — infinitos macacos fornecendo informação infinita
para infinitos leitores, perpetuando o ciclo de desinformação e
ignorância." (p. 1)

Esse é um dos lados quando a questão se torna um problema: quando damos


mais créditos a essas construções coletivas, que sim, é em teoria algo
belíssimo, mas que, de fato, quando se refere aos fatos, podem deixar a
desejar. Quantos trabalhos de escola e até mesmo acadêmicos não são
baseados na Wikipedia? E qual a garantia de que dali estou tirando as
melhores informações e as mais corretas para o que preciso? Mas é o que está
acontecendo, estamos abandonando livros e enciclopédias, e até, como no
caso citado pelo autor, sites com maior credibilidade, pela fama e pela
facildade proporcionada por essas ferramentas da web 2.0. Isso me lembra
uma campanha do Estadão que acabou se tornando muito polêmica por ter
ofendido a vários blogueiros pois ela questionava justamente a credibilidade da
informação produzida pelos blogs - as peças traziam personagens
aparentemente lunáticos e loucos como autores de blogs sobre determinado
assunto, mostrando, assim, que os blogs podem ser feitos por pessoas que
mereceriam menos credibilidade. O jornal fez a campanha preocupado por
estar perdendo audiência pra muitos desses blogs, no entanto, no final acabou
se descobrindo (inclusive pela fúria dos blogueiros) que muitos blogs tiravam
as notícias do próprio Estadão e o citavam como fonte. Podemos julgar tão
severamente as produções do homem comum?

"A lógica do mecanismo de busca do Google, que os tecnólogos


chamam de seu algoritmo,reflete a “sabedoria” das massas. Em
outras palavras, quanto mais pessoas clicam num link resultante de
uma busca, mais provável se torna que esse link apareça em buscas
subsequentes. O mecanismo de busca é uma agregação dos 90
milhões de perguntas que fazemos coletivamente ao Google a cada
dia; em outras palavras, ele só nos diz o que já sabemos." ( p. 2)

"No atual culto do amador, os macacos é que dirigem o espetáculo.


Com suas infinitas máquinas de escrever, estão escrevendo o futuro. E
talvez não gostemos do que ele diz". (p. 3)

Achei essa frase emblemática pelo uso dessa ideia do homem comum como
produtor do espetáculo da produção e disseminação de informação, o homem
como a grande personalidade do momento.

"Público e autor haviam se tornado uma coisa só, e estávamos


transformando cultura em cacofonia." (p.5)

Essa frase mostra bem o posicionamento do autor de que a cultura produzida


pelo usuário, quando vista como um todo, se mostra muito aquém da cultura
que ele esperava que a rede produzisse, uma vez que ele esperava levar a
cultura (no caso dele, a musical) pronta, de nomes consolidados. Ao perceber
que a internet se mostrara um espaço muito mais de tornar o usuário o próprio
autor, compositor ou performista da música, e da cultura como um todo, ele
começa a rever seus conceitos sobre a rede, perdendo a fé nesta. Aqui eu acho
que ele perde um pouco a credibilidade, pelo menos comigo, pelo caráter
generalista do seu discurso. Claro que a internet possibilitou a explosão de
muitos fenômenos (e para usar o exemplo dele) musicais, como Stéfhany e
"Vou não, quero não, posso não" que, podemos admitir, são mais uma
expressão de baixa qualidade da cultura de massa, mas a internet permitiu,
também, que um jovem pudesse expressar seu talento como cantor, por
exemplo, e receber um feedback que o ajude e incentive a melhorar seu
talento. E esse exemplo é apenas uma das formas em que a internet pode se
mostrar positiva como lugar de expressão do usuário. Na mesma medida em
que ela permite que sejam produzidas, seguidas e divididas informações ruins,
ela também possibilita a difusão de boas informações e talento. Querendo ou
não a internet é uma plataforma que dá espaço, que era muito limitado, para
se experimentar talentos e por que não, a fama. Acho que o positivo é que ela
permite que todos provem um pouco do que é produzir a informação, como é
estar nesse lado. Concordo com o autor, no entanto, no que se refere a
valorização que estamos dando atualmente a essas produções feitas por
qualquer um em detrimento de espaços consolidados feitos por pessoas que
estudaram e são mais capacitadas tecnicamente.

"Eu chamo isso de a grande sedução. A revolução da Web 2.0


disseminou a promessa de levar mais verdade a mais pessoas — mais
profundidade de informação, perspectiva global, opinião imparcial
fornecida por observadores desapaixonados. Porém, tudo isso é uma
cortina de fumaça. O que a revolução da Web 2.0 está realmente
proporcionando são observações superficiais do mundo à nossa volta,
em vez de análise profunda, opinião estridente, em vez de julgamento
ponderado. O negócio da informação está sendo transformado pela
internet no puro barulho de 100 milhões de blogueiros, todos falando
simultaneamente sobre si mesmos." (p. 5)
Mais uma vez o autor peca pela generalização e exagero. Em muitos casos a
informação na rede pode ser muito mais densa do que das grandes mídias,
exatamente pela suposta liberdade proporcionada pela internet. É claro que ao
mesmo tempo nela são estimuladas respostas e informações vazias (isso me
lembra os comentários em postagens de blogs, que muitas vezes são somente
um 'gostei, passa no meu blog', ou seja, como um único instrumento de
também ser lido, mas também pode haver uma discussão interessante e muito
mais viva, por ser instântanea, além de ser bem mais densa, pois querendo ou
não a discussão das notícias nas mídias tradicionais são feitas em grupos
pequenos ou para si mesmo, já na rede, a discussão é aberta a "todos"). O que
quero dizer é: nem sempre as análises e observações na rede é simplesmente
barulho, pode ser sim informação, e informação de qualidade e de acesso mais
amplo e participativo. O autor repete essa visão apocalíptica e generalista
nessa passagem: "estamos sendo seduzidos pela promessa vazia da
mídia “democratizada”. Pois a consequência real da revolução da Web
2.0 é menos cultura, menos notícias confiáveis e um caos de
informação inútil. Uma realidade arrepiante nessa admirável nova
época digital é o obscurecimento, a ofuscação e até o
desaparecimento da verdade." (p. 5)

"O que talvez não se perceba é que o grátis está na verdade nos
custando uma fortuna. Os novos vencedores – Google, YouTube,
MySpace, Craigslist e as centenas de startups, todos famintos por um
pedaço do bolo da Web 2.0 – não são capazes de preencher o vazio
das indústrias que estão ajudando a destruir, em termos de produtos
produzidos, postos de trabalho criados, receitas geradas ou benefícios
conferidos. Atraindo nossos olhares, os blogs e wikis estão dizimando
as indústrias da publicidade, da música e da reunião de informação,
que criaram o conteúdo original do “conteúdo” desses sites. Nossa
cultura está essencialmente canibalizando seus jovens, destruindo as
próprias fontes do conteúdo que almeja. Esse é o novo modelo de
negócios do século XXI?". (p. 9)

Talvez seja muito mais uma questão de entender como criar um formato
dessas indústrias que estão perdendo lugar pra rede, um formato que permita
lucros, não só financeiros, mas também em produção de conteúdo, para a rede
e para as indústrias. Muitas publicações, por exemplo, vêm disponibilizando
suas edições online e cobram por anúncios nessa edição, pensando em
propagandas adequadas ao meio. Portanto, acredito que seja uma questão de
estudo e adequação.

“With Web 2.0, the madness is about the crowd falling in love with
itself.” (p. 96)

Internet e democracia

" O desfoque da fronteira entre o público e o autor, entre fato e


ficção, entre invenção e realidade obscurece mais ainda a
objetividade. O culto do amador tornou cada vez mais difícil
determinar a diferença entre o leitor e o escritor, entre o artista e o
portavoz, entre arte e propaganda, entre amadores e especialistas. O
resultado? A queda da qualidade e da confiabilidade das informações
que recebemos, o que desvirtua, ou até corrompe, descaradamente,
nossa conversa cívica nacional". (p. 9)

“In theory, Web 2.0 gives amateurs a voice. But in reality it's often
those with the loudest, most convincing message, and the most
money to spread it, who are being heard.” (p. 92)

A internet e a verdade

"Hoje a mídia está estilhaçando o mundo em um bilhão de verdades


personalizadas, todas parecendo igualmente válidas e igualmente
valiosas. Para citar Richard Edelman, o fundador, presidente e CEO da
Edelman PR, a maior empresa de relações públicas privada do mundo:
“Nesta era de tecnologias de mídia em explosão não existe nenhuma
verdade exceto aquela que você cria para você mesmo.”" (p. 6)

A construção de uma verdade coletiva a partir da individualidade de cada autor


da rede acaba, para Keen, retirando a credibillidade dessa verdade. Mas e se
pensarmos que é a primeira vez em surge esse espaço tão amplo de "cada
um" postar a sua verdade, sua visão? Não pode se tirar o mérito da internet
como espaço "democrático" de forma assim tão totalizante, tem que se pensar
é no valor dado a essas produções.

" Como disse o exprimeiroministro britânico James Callaghan: "Uma mentira


pode dar a
volta ao mundo antes da verdade ter a chance de colocar suas botas". Isso
nunca foi mais
verdadeiro do que com a veloz cultura não apurada em livre movimento da
blogosfera de hoje." (p. 6)

O autor discute também a rede como um espaço propagador de mentiras


sobre corporações e a rede usada pelas corporações para transmintir
mensagens como se estas fossem produzidas por usuários e não porque
equipes de marketing das próprias empresas. No primeiro caso, Keen cita
exemplos de empresas que tiveram sérios prejuízos financeiros e em imagem
de marca por mentiras que algum internauta contou. A rapidez de difusão de
informação na rede é imensa e é muito difícil de ser rastreada, portanto,
apesar de ser, também, um espaço cheio de possibilidades interessantes para
empresas é, também, um espaço perigoso, pois é um espaço livre. No que se
refere as corporações usando a rede para fazer marketing e não assinar como
tal, isso diz muito mais do nível ético das empresas do que da rede em si. Mas
sobre esse tema, um caso interessante são os posts publieditoriais dos blogs,
um assunto polêmico na blogosfera e que pode acabar fazendo com que
muitos blogs percam sua credibilidade perante o público e se tornem menos
confiáveis no que se refere a indicações de marca e produtos, pois muitas
empresas vêm apostando nesse tipo de postagem e o blogueiro não avisa ao
leitor, em alguns casos, que esses posts são pagos e portanto, aquela opinião e
indicação não é genuína do blogueiro, é influenciada por um pagamento. Essa
é uma questão delicada e há movimentos na blogosfera que pretende acabar
com os publieditoriais e os mais radicais querem acabar com toda espécie de
publicidade em blogs. No entanto, uma medida simples é o que muitos
blogueiros fazem: avisar o caráter publieditorial daquela determinada
postagem.

“It is deeply disturbing that in our filter-free Web 2.0 world, rumors and lies
concocted by anonymous (and no doubt amateur) reporters are lent legitimacy
and propagated by mainstream media channels”. (p. 81)

Esse é um sério caso onde as muitas vezes anônimas mentiras (ou sob
pseudônimos e falsas identidades) da rede geram consequências e buzz fora
do ambiente virtual. Quantas empresas não sofreram com isso? Quantos
políticos? Como controlar a ética de uma rede produzida e frequentada por
amadores?

Internet como espelho do eu (LINK: a moda é, também, um espelho do


EU)

"À medida que a mídia convencional tradicional é substituída por uma


imprensa personalizada, a internet torna-se um espelho de nós mesmos. Em
vez de usá-la
para buscar notícias, informação ou cultura, nós a usamos para sermos de
fato a notícia, a informação, a cultura." (p. 3)

Assim como na moda utilizamos as roupas para projetar nossa imagem para o
outro, usamos a internet para divulgar uma imagem de nós mesmos como nos
vemos e como queremos ser vistos, mas no lugar da indumentária são
utilizados vídeos, fotos, textos e mensagens em 140 caracteres. Ambos, moda
e internet, são espaços de construção e exposição do EU.

"Esse infinito desejo de atenção pessoal está movendo a parte mais


dinâmica da nova economia da internet — redes sociais como
MySpace, Facebook, Bebo e Orkut. Como santuários para o culto da
autotransmissão, esses sites tornaram-se repositórios de nossos
desejos e identidades individuais. Eles se dizem devotados à interação
social, mas na realidade existem para que possamos fazer propaganda
de nós mesmos: desde nossos livros e filmes favoritos até as fotos de
nossas férias de verão, sem esquecer “testemunhos” elogiando
nossas qualidades mais cativantes ou recapitulando nossas últimas
farras." (p. 3)

A internet como Grande Irmão

"Os motores de busca como o Google sabem mais sobre nossos


hábitos, nossos
interesses, nossos desejos do que nossos amigos, nossos entes
queridos e nosso psiquiatra juntos. Mas ao contrário do « 1984 », este
Grande Irmão é muito real. Temos de confiar que não revele nossos
segredos, uma confiança que, como veremos, já foi traída repetidas
vezes." (p. 7)

O autor faz também traz a internet como grande conhecedora de nós e dos
nossos hábitos, desejos, medos, neuras e etc. Através do que navegamos, do
que buscamos e coisas do tipo, pode ser feito um estudo dos nós muito mais
revelador do que um relatório psiquiátrico, por exemplo. E, de fato, por
estarmos tão expostos na rede há vários perigos iminentes, onde o mais
simples talvez seja que empresas podem estar coletando essas informações e
armazenando em seus bancos de dados.

Internet e publicidade

"Paradoxalmente, o Santo Graal dos anunciantes em todo o mundo


plano da Web 2.0 é conseguir a confiança dos outros. E isso está
deixando de cabeça para baixo a indústria da publicidade
convencional." (p. 7)

A internet oferece um espaço publicitário diferenciado e que vem ganhando


cada vez mais espaço pela simplicidade, baixo custo e alto poder de atingir o
público diretamente e de formas diversas, mas principalmente, pela
possibilidade de interagir com esse público que não se contenta mais em ter
um papel simplesmente passivo nas relações de comunicação. Assim, a chave
para o sucesso de uma publicidade na internet, de fato, é a confiança do
público não só na postagem que ele está lendo, no banner que está vendo ou
na newsletter que recebeu, mas em aceitar receber e, portanto, querer receber
essa publicidade.

“ According to a Pew Internet and American Life Project study, while


most people can distinguish between regular programming and
infomercials on television, and between regular content and
advertisements in print publications, 62 percent of Web browsers
could not distinguish between paid and unpaid sites among search
results”. (p 87)

“The past few years have seen something of a crisis in traditional TV


and advertising, due in large part to two words that have only come
into existence in the past half-decade or so: TiVo and blogs. These two
phenomena have been the cornerstone of the shift in formula of most
marketing programs away from the 30-second TV ad centerpiece
toward a more fluid interaction with a highly knowledgeable
audience.” (p. 89) (citação do editor da PR Week)

“Given our mistrust of traditional commercials, the challenge for


marketers in the Web 2.0 democratized media is to advertise without
appearing to do so—by creating and placing commercial messages
that appear to be genuine content. The challenge, and the
opportunity, is
to do this while building "authenticity"—authentic content, authentic
brands, authentic commercial messages. But, of course, such
authenticity is utterly contrived.” (p. 89)

“An executive at the Weber Shandwick PR agency described such


strategies in PR Week as "seeding" the market with guerrilla publicity,
product placement, and public relations stunts. The anonymous,
editor-free Web 2.0 media provides an ideal environment for this,
because if we don't know who produced an advertisement, we can be
convinced that it was created by people "like us." Amateurism sells.
The more unofficial the message, the more likely the consumer will
take ownership of it”. (p. 89)
É como a velha história de que a propaganda boca a boca é a mais efetiva. E
isso acontece, online e off-line, porque nos dá a sensação de uma opinião que
não está interessada, que não vai receber nada em troca. O amadorismo vende
porque nos dá a sensação de verdade e portanto, de maior confiança,
principalmente quando, na conjuntura atual, o consumidor está farto de
mensagens publicitárias – talvez por recebê-las de todos os lados a ponto de
tornar-se ‘cego’ a elas.
Mas na rede, nos blogs, como buscar essa autenticidade de maneira ética?
Como realizar propaganda na internet pra se utilizar do seu caráter ‘amador’
quando se envia um release dizendo ao blogueiro o que escrever? E as táticas
de criar perfis falsos, como se fossem amadores, mas que na verdade não o
são, para realizar publicidade e marketing de empresas?
É um trabalho árduo saber como lidar com a publicidade na rede, como
aproveitar seus benefícios sem ferir eticamente a sua estrutura.

A publicidade na rede é vista como entretenimento

“What is so disconcerting is that, to the uncritical eye, all these


commercials appear to be entertainment. YouTube is a long
commercial break dressed up as democratized media”. (p. 90)

“As Chad Hurley, the founder of YouTube, told Adweek:


We think there are better ways for people to
engage with brands than forcing them to watch a
commercial before seeing content. . . . We wanted
to create a model where our users can engage with
content and create a two-way communication
between advertisers and users.” (p. 91)

A publicidade usada como entretenimento seria uma maneira, ética, de


aproveitar as possibilidades da rede? Acho que sim.
Não só na internet divertir o consumidor tem sido uma tática para chamar
atenção do consumidor. As várias práticas do marketing de guerrilha provam
isso.
A internet se mostra, então, como uma plataforma extremamente rica em
possibilidades de interação dinâmica com o consumidor e consequente criação
de um relacionamento com ele. Mais uma prova de que a comunicação precisa
ser uma via de mão dupla.

“But there is a fundamental difference between advertising and user-


generated content—one is a paid message carefully calibrated to
entice people to buy a product, while the other is an expression of
information, creativity, or art”. (p. 92)

Internet e autoria: "cleptomania intelectual"?

"Nossas atitudes com relação a "autoria" também estão passando por


uma mudança radical, como resultado da cultura democratizada da
Internet de hoje. Em um mundo no qual plateia e autor são cada vez
mais indistinguíveis, e onde a autenticidade é quase impossível de ser
verificada, a ideia original de autoria e propriedade intelectual tem
sido seriamente comprometida." (p. 8)

Não só é mais difícil detectar a autoria na rede e definir a quem ela pertence,
como há sérios problemas de dar crédito aos reais autores nesse ambiente e
fora dele. Quantos trabalhos escolares, simplesmente pela facilidade, não
foram simplesmente copiados da rede e entregues como autorais? É muito fácil
utilizar o trabalho de outro, mas infelizmente é difícil ver esse trabalho sendo
creditado. "Esta definição nebulosa de propriedade, agravada pela
facilidade como podemos copiar e colar o trabalho de outras pessoas
para fazêlo parecer como se fosse nosso, resultou em uma nova
permissividade preocupante sobre a propriedade intelectual." (p. 8)

"As consequências intelectuais desse roubo são profundamente


perturbadoras. A cultura do remix onipresente de Gibson não só está
destruindo a santidade da autoria, mas também minando nossas
salvaguardas tradicionais da criatividade individual. O antigo valor de
um livro de um grande autor está sendo desafiado por um sonho
coletivo de uma comunidade de autores hiperconectados que o
comenta e revisa infinitas vezes, sempre conversando uns com os
outros em um ciclo interminável de autoreferências." (p.8)

Nesse ponto eu concordo que a extrema valorização do texto construído por


retalhos e costurado com links vem trazendo uma desvalorização do texto off-
line, os livros, as bibliotecas têm dado lugar aos buscadores virtuais... É nesse
ponto, nessa valorização extrema, que concordo que está havendo um erro.
Mas acho que a convergência desses dois pontos e o reconhecimento de
ambos os valores é a chave para construção de conhecimento mais completa,
densa e interativa.

Crítica a Cauda Longa

"Chris Anderson está certo ao afirmar que o espaço infinito da


internet vai dar cada vez mais oportunidades para os nichos, mas o
lado negativo é que isso vai garantir que tais nichos gerarão menos
receitas. Quanto mais especializado o nicho, mais estreito o mercado.
Quanto mais estreito o mercado, mais curto o orçamento de produção,
o que compromete a qualidade da programação, reduzindo ainda mais
o público e alienando os anunciantes." (p. 11)
Dados interessantes

"O New York Times (NYT) noticia que 50% de todos os blogueiros
blogam com o propósito exclusivo de relatar e partilhar experiências
sobre suas vidas pessoais." (p. 3)

Amador – conceito

Tradicional: “The traditional meaning of the word "amateur" is very


clear. An amateur is a hobbyist, knowledgeable or otherwise,
someone who does not make a living from his or her field of interest,
a layperson, lacking credentials, a dabbler”. (p.34)

Cidadãos-jornalistas

“Wikipedia is far from alone in its celebration of the amateur. The


"citizen journalists," too—the amateur pundits, reporters, writers,
commentators, and critics on the blogosphere—carry the banner of
the noble amateur on Web 2.0”. (p. 46)

“Citizen journalists simply don't have the resources to bring us


reliable news. They lack not only expertise and training, but
connections and access to information.” (p. 48)

E os jornalistas, fromados, treinados e com acesso a fontes que disponibilizam


conteúdo na rede através de blogs de qualidade? E os blogueiros não
treinados, pessoas comuns, que por procurar produzir um conteúdo bom, com
fontes seguras e bem pesquisado acaba garantindo para si fontes, às vezes até
melhores que a dos próprios jornalistas? E se, pela prática, o blogueiro (claro
que o bom blogueiro) possa sim produzir informação com tanta qualidade
quanto os jornalistas? Mais uma vez o generalismo incomoda e me faz
discordar de Keen, ainda que ele tenha razão a questionar o predomínio dos
nobres amadores sob profissionais treinados e a queda de grandes instituições
produtoras de informação.

“ On the blogosphere, publishing one's own "journalism" is free,


effortless, and unencumbered by pesky ethical restraints or
bothersome editorial boards”. (p. 47)

É errado dizer que não há regras nem uma ética na blogosfera. Muito pelo
contrário, há sim uma “etiqueta virtual” e toda uma cultura de regras que,
aqueles que pertecem ao meio e procuram ser respeitados pelos demais,
obedecem e procuram perpetuar. Por exemplo, a blogosfera se sentiu
ameaçada com os posts publieditoriais dos blogs, então eles se reuniram,
fizeram uma campanha e muitos blogueiros postaram sobre a importância de
avisar ao seu leitor que aquele post é pago. Existem sim regras, existem sim os
bons costumes e aqueles que procuram ser respeitados e reconhecidos,
procuram obedecer. Um leitor consciente sabe diferir um blog bem feito e
preocupado com essas questões de um que não é, acho até que se pode
observar só visualmente a diferença entre um blog de qualidade e um blog que
não tem. O que quero dizer é que também cabe muito ao leitor julgar a
qualidade daquilo que está lendo e sua credibilidade, não só virtualmente, mas
nas outras mídias também. Assim como existem blogs ruins existem revistas
de baixa qualidade, com fontes inseguras.
Não vou negar, é claro, que as regras as quais um jornalista de uma mídia
tradicional tem que seguir são maiores e mais seriamente cumpridas e
cobradas.

“They flaunt their lack of training and formal qualifications as


evidence of their calling, their
passion, and their selfless pursuit of the truth, claiming that their
amateur status allows them to give us a lessbiased, less-filtered
picture of the world than we get from traditional news. In reality this
is not so.” (p. 48)

Blogueiros, pelo menos teoricamente, devem escrever sobre aquilo que


gostam, que conhecem. Presume-se, portanto, que há um mínimo de
conhecimento envolvido, de pesquisa. O nível de embasamento de um
produtor de informação não depende se ele escreve para uma mídia digital ou
tradicional, mas do seu nível ético e informacional. E acho que nos dois
mundos há um pouco de cada caso.

“One leading champion of citizen journalism, Dan Gillmor, author of


the crusading We the Media: Grassroots Journalism by the People, for
the People, argues that the news should be a conversation among
ordinary citizens rather than a lecture that we are expected to blindly
accept as truth. But the responsibility of a journalist is to inform us,
not to converse with us.” (p. 49)

Ainda não li Nós, os midia, mas concordo com Gillmor desde já que a notícia
precisa ser uma conversa com o receptor da mensagem, pois na sociedade
atual o leitor não se contenta mais com uma postura passiva, a ‘bala mágica’
perde a magia e não acerta o alvo se não lhe der chance de dar algo em troca,
de participar. A conversa com o jornalista e com os outros leitores torna a
informação mais rica pois permite que dela participem muitas visões.

“The New Yorkers Lemann points out that "societies create structures
of authority for producing and distributing knowledge, information,
and opinion."11 Why? So that we know we can trust what we read.”
(p. 53)

Acho que esse é um argumento válido: instituições tradicionais, de fato, trazem


peso, credibilidade.
Isso também me fez pensar dos blogueiros famosos: seu nome, sua fama, sua
credibilidade, se estendem aos produtos? Como? Eles são pessoas comuns ou
‘celebridades’ ou ‘jornalistas amadores com nome de peso’? Os limites ficam
confusos, podemos confiar no que uma pessoa comum indica? Como se deu
essa construção de credibilidade, de peso, para essas pessoas comuns? Em
que ponto tudo muda?
“ The price we pay for the growth in egalitarianism offered by the
Internet is the decentralized access to unedited stories. In this
medium, contributions by intellectuals lose their power to create a
focus.” (p. 55) Keen cita Jurgen Habermas

“in the anonymous world of the blogosphere, there are no such


assurances, creating a crisis of trust and confidence.” (p. 77)

Para Keen, os autores da blogosfera não possuem credibilidade e podem ser


qualquer um – desde uma pessoa que não tem formação nem conhecimento o
suficiente para produzir informação de qualidade até pessoas que possuem
interesses ocultos (seja de uma empresa, uma filiação política, etc) e não o
deixam claro, produzindo informação dúbia.
Claro que na mídia tradicional, quando se imprime um nome que acaba se
tornando reconhecido e tem o endosso da marca e da história de um jornal,
por exemplo, isso se torna mais difícil. Mas não se impede que hajam
interesses escondidos e que se produza informação viciada.

Blogs formando comunidades

“ today in the Web 2.0 world is a nation so digitally fragmented that


it's no longer capable
of informed debate. Instead, we use the Web to confirm our own
partisan views and link to others with the same ideologies. Bloggers
today are forming aggregated communities of like-minded amateur
journalists— at Web sites like Townhall.com, HotSoup.com, and
Pajamasmedia.com—where they congregate in selfcongratulatory
clusters”. (p. 54)

Aqui acho que Keen esquece dos conglomerados de jornais e da grande mídia,
que publica, muitas vezes, somente o que lhe interessa e esquece a visão
global da notícia, quando esta é publicada (o que acontece quando não fere
interesses da mídia, de seus patrocinadores...). Nesse ponto acho que a web
tem muito mais liberdade e permite uma visão muito mais ampla, ainda que
amadora.
Exemplifico com algo que acabei de reparar exatamente enquanto lia as
palavras de Keen: na lista do DATA estão comentando sobre restaurantes, no
caso o Coco Bambu, que tinha uma lagarta na comida de um cliente, assim
foram seguindo-se uma série de exemplos sobre outros restaurantes e casos
semelhantes. É um assunto que interessa as pessoas, mas será que a grande
mídia publica? É um caso a se pensar.

Valor do jornalista cidadão

“the real value of citizen journalism was its ability to address niche
markets otherwise ignored by mainstream media.” (p. 51) *
Resposta de Gillmor ao Keen*
Web 2.0 e a fragmentação da cultura

"What the Web 2.0 gives us is an infinitely fragmented culture in


which we are hopelessly lost as to how to focus our attention and
spend our limited time”. (p. 60)

Uma cultura fragmentada que ajuda a buscar o conteúdo que interessa ao


indivíduo de maneira mais fácil.
Tal fragmentação é interessante do ponto de vista publicitário: um público
segmentado por áreas de interesse que, de forma geral, assiduamente tem
acesso aquele conteúdo e nele deposita credibilidade. Essa possibilidade vem
sido muito explorada pela publicidade que vem criando fórmulas específicas
para a mídia digital através de uma propaganda direta, muitas vezes
colaborativa e interativa.

Cultura moderna e Web 2.0

Identidades ocultas
“ as anthropologist Ernest Gellner argues in his classic Nations and
Nationalism, the core modern social contract is rooted in our common
culture, in our language, and in our shared assumptions about the
world. Modern man is socialized by what the anthropologist calls a
common "high culture." Our community and cultural identity, Geller
says, come from newspapers and magazines, television, books, and
movies. Mainstream media provides us with common frames of
reference, a common conversation, and common values. Benedict
Anderson, in Imagined Communities, explains that modern
communities are established through the telling of common stories,
the formation of communal myths, the shared sense of participating in
the same daily narrative of life. If our national conversation is carried
out by anonymous, self-obsessed people unwilling to reveal their real
identities, then Anderson's imagined community degenerates into
anarchy.” (p. 80)

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