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O que a Estratégia Nacional de Defesa não previu?

Aluno: Carlos Alberto José Corrêa.

Turma: C052
O que a Estratégia Nacional de Defesa não previu?

“O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em 18 de dezembro de


2008, assinou decreto que aprova a Estratégia Nacional de Defesa e determina aos
órgãos da administração federal que considerem, em seus planejamentos, ações
destinadas ao fortalecimento da Defesa Nacional.

A Estratégia Nacional de Defesa (END) relaciona tarefas com prazos


determinados para modernizar a estrutura nacional de defesa atuando em três eixos
estruturantes: reorganização das Forças Armadas, reestruturação da indústria brasileira
de material de defesa e política de composição dos efetivos das Forças Armadas (Site
Administradores.com.br – 10/10/2010)”.

Tendo em vista que uma gestão estratégica faz supor, entre outras coisas, que
sejam identificados pontos fortes e fracos na gestão dos recursos humanos envolvidos e
analisando todo o texto dessa Estratégia, pode-se observar que algo foi esquecido.

Apesar de proporem a criação de uma carreira típica de estado chamada de


Carreira de Defesa Nacional os estrategistas desprezaram a mão de obra que hoje atua
na manutenção e preparação de todos os equipamentos militares sejam terrestres, aéreos
ou navais: os integrantes da Carreira de Tecnologia Militar (CTM).

Os servidores de nível superior da CTM, em sua maioria engenheiros, atuam


nas organizações militares e exercem atividades importantes e estratégicas para os
vários órgãos das três forças realizando tarefas com tecnologias de ponta do país e
também do exterior. A Carreira requer profissionais de dedicação exclusiva o que, com
uma experiência (ou treinamento) de, no mínimo, dois anos os tornam de difícil
substituição no mercado.

Para darem o suporte tecnológico necessário às ações relacionadas no


documento, os recursos humanos devem ter uma identidade com seus propósitos, ser
renovados e motivados. A Estratégia Nacional de Defesa parece ter sido dedicada aos
militares. Ela deixou de lançar diretrizes que buscassem incentivar o outro braço forte
de dedicação específica: os servidores civis já lotados nas organizações do Ministério da
Defesa.

É verdade que, mesmo para suprir carência de pessoal com experiência na área
militar, seria possível contratação de empresas especializadas em equipamentos desse
gênero, mas como nosso governo não tem incentivado as industrias nacionais do ramo,
isso acabaria nos tornando refém das empresas internacionais o que, em se tratando de
defesa, não seria uma boa estratégia. A terceirização também é um remédio que se pode
dispor de forma emergencial; pode-se alocar mão de obra oriunda do mercado para
diminuir a carência de profissionais. Neste aspecto, se deve observar que estes
funcionários não tem vínculo direto com a organização militar e tem um alto índice de
rotatividade, pois fazem deste emprego um trampolim para o mercado ou para outros
setores públicos. Por consequência, tem se mostrado arriscado investir na formação
destes profissionais

Sendo a estratégia uma ciência das operações militares e em se tratando de


estudo relacionado aos colaboradores envolvidos em seu próprio âmbito, pode-se dizer
que não seria difícil constatar algumas das expectativas dos integrantes da força de
natureza civil de nível superior do Ministério da Defesa, tais como:

- remuneração compatível com os profissionais do setor petrolífero e de


construção naval (ambos em aquecimento);

- recomposição da força de trabalho, admitida através de concurso público -


para substituição daqueles que saíram por aposentadoria ou mesmo para integrar outras
carreiras cujo salário fosse mais atrativo - diminuindo a carga sobre os remanescentes,
já em idade avançada, contratados há mais de 20 anos;

- ampla reestruturação salarial com a busca de uma isonomia aos militares,


redução das perdas na aposentadoria, melhoria da relação vencimento básico x
remuneração, avaliação da concessão e dos valores das gratificações por titulação e
especialização, estruturação de carreira com a importância que se espera de uma carreira
típica de Estado.

Além das expectativas desses elementos, uma análise cuidadosa com vistas ao
tempo de serviço de cada um deles, irá revelar uma grande proximidade da faixa de
possível aposentadoria. Em muitos dos casos restam menos de 3 anos para que se atinja
o tempo mínimo para requerer o benefício, o que aumenta a possibilidade de perda de
colaboradores.

É evidente que a expansão da atuação das Forças Armadas dará por resultado a
mobilização de recursos humanos em todo o território nacional. A estruturação de uma
carreira se fará necessária para atender estas demandas, gerando servidores com
dedicação exclusiva e com previsão de mobilidade, por exemplo para uma esquadra no
rio Amazônas, para dar proteção aos recursos do mar (dentre eles o energético) e para a
construção de novos meios navais como submarinos nucleares e navios patrulha. Caberá
cada vez mais aos civis manter a identidade cultural das organizações, reter e propagar o
conhecimento obtido, para outros servidores e para emprego na indústria de defesa.

As tarefas que a Estratégia Nacional de Defesa não relacionou se traduzem em:

1) Elaboração e aprovação de projeto de lei objetivando a reestruturação da


Carreira de Tecnologia Militar, tanto financeiramente quanto em formação
complementar (capacitação e especialização), com o intuito de torná-la
simpática aos profissionais que desejam um emprego público; e

2) Obtenção junto ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão


(MPOG) de autorização para realização de concurso público para
preenchimento de vagas para o Plano de Cargos da Carreira de Tecnologia
Militar.
Como todo planejamento, o Plano Nacional de Defesa, de onde deriva a END,
deve ser realinhado para correções de direção que se observem necessárias ao longo do
caminho. O que se espera é que haja celeridade suficiente para não ficar refém do
envelhecimento do capital humano ainda existente nas Forças Armadas. Cabe prezar o
conhecimento como grande patrimônio das organizações e incentivar o servidor, hoje
com grande experiência, a articular seu saber para transmitir aos novos concursados
grande parte da tecnologia adquirida e desenvolvida ao longo do tempo.

Cabe agora, ao alto escalão do governo se reunir e traçar os novos planos e as


novas diretrizes. O momento de transição entre governos é oportuno e deve-se sempre
aproveitar a energia dos novos elementos.

Bibliografia:

http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/plano-para-defesa-
nacional/32441/

http://www.mobilizacaonacional.org.br/mobnac/end_acoes_prazos.html

DECRETO Nº 6.703, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2008.

http://www.servidor.gov.br/publicacao/tabela_remuneracao/tab_remuneracao/tab_rem_
10/tab_54_2010.pdf

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