A terapia com a luz laser em baixa intensidade deve seguir os seguintes
parâmetros: escolha do comprimento de onda, densidade de energia,
densidade de potência, tipo de regime de operação do laser, freqüência do pulso, número de sessões, características ópticas do tecido, como os coeficientes de absorção e espalhamento. Os lasers de baixa intensidade são usados com o propósito terapêutico, em virtude das baixas densidades de energias usadas e comprimento de onda capazes de penetrar nos tecidos. Muitos estudos têm demonstrado a utilização do laser em baixa intensidade em odontologia promovendo uma recuperação mais rápida e menos dolorosa, nos casos de estomatite aftosa recorrente (afta), úlceras traumáticas, lesões herpéticas, pericoronarite, gengivite, gengivoestomatite herpética primária, gengivoestomatite herpética secundária - Herpes Simples, hipersensibilidade dentinária, queilite angular, pericimentite, síndrome da ardência bucal, alveolite, disfunção temporomandibular (DTM) e mucosite. Os lasers em baixa intensidade mais utilizados na terapêutica são os de Hélio-Neônio (He-Ne), cujo comprimento de onda é de 632,8 nm e o de Arseneto de Gálio-Alumínio(GaAlAs), cujo comprimento de onda é 780-830 nm. As propriedades terapêuticas dos lasers vêm sendo estudadas desde a sua descoberta, sendo a sua ação analgésica observada particularmente sobre as formas da dor crônica de diversas etiopatogenias, desde os receptores periféricos até o estímulo no sistema nervoso central. Portanto a terapia laser quando utilizada nos tecidos e nas células não é baseada em aquecimento, isto é, a energia dos fótons absorvidos não será transformada em calor, mas sim nos seguintes efeitos: fotoquímicos, fotofísicos e/ou fotobiológicos. Portanto, quando a luz laser interage com as células e tecido na dose adequada, certas funções celulares poderão ser estimuladas, tais como: a estimulação de linfócitos, a ativação de mastócitos, o aumento na produção de ATP mitocondrial e a proliferação de vários tipos de células. O entendimento da interação entre os lasers e os tecidos, baseia-se principalmente no entendimento das reações que podem ser induzidas nestes tecidos pela luz laser. Cada tipo de laser resulta em luz de comprimento de onda específico, e cada comprimento de onda reage de uma maneira diferente com cada tecido. Outro fator importante é a densidade de energia, que é a quantidade de energia por unidade de área entregue aos tecidos. Temos também que considerar os fatores temporais, tais como: a forma de emissão de luz (contínua ou pulsátil), a taxa de repetição e a largura do pulso, para lasers de emissão pulsátil (Karu 1987, Veçoso 1993, Brugnera Junior et al. 2003). Todavia, além dos fatores inerentes do laser devemos observar as características peculiares de cada tecido, principalmente os que controlam as reações moleculares e bioquímicas. Quando a luz laser incide em um tecido biológico, uma parte da luz é refletida e uma parte da luz remanescente que foi transmitida é espalhada dentro do tecido (que em alguns casos leva a danos em regiões distantes da área onde o feixe aparentemente se propaga), a parte da luz remanescente é absorvida, tanto pela água do tecido ou por algum outro cromóforo absorvedor, como a hemoglobina e a melanina. Finalmente uma parte da luz pode ser transmitida ao longo de toda a espessura do tecido Os efeitos terapêuticos dos lasers de baixa potência são a ação analgésica, antiinflamatória e reparador tecidual. A ação anti-álgica da radiação laser parece resultar de uma soma de intervenções em diferentes níveis, entre outras causas, analgesia que dura pouca (de 12 a 24 horas), tornando-se mais intensa com o decorrer do tratamento aplicado a cada caso, podendo transforma-se em durável ou definitiva. Como um dos efeitos analgésicos da laserterapia de baixa intensidade foi observado um aumento de beta-endorfina no líquor cefalorraquidiano, depois da irradiação com este, sendo esse um método natural de analgesia. A resposta analgésica da fototerapia pode ser medida por mecanismos hormonais/opióides e suas respostas dependem diretamente da dose e do comprimento da onda A terapia com laser de baixa intensidade influência mudanças de caráter metabólico, energético e funcional porque favorece o aumento da resistência e vitalidade celular, levando-as a sua normalidade funcional com rapidez. A ação antiinflamatória é exercida pela aceleração da microcirculação originando alterações de pressão hidrostática capilar, com reabsorção de edema e eliminação do acúmulo de catabólicos intermediários como o ácido pirúnico e láctico. Sob a ação do laser, opera-se uma transformação no metabolismo celular situação que conduz a menor utilização do oxigênio e da glicose pela célula. A ação antiinflamatória e a antiedematosa é exercida mediante a aceleração da microcirculação, originando as alterações na pressão hidrostática capilar, com reabsorção do edema e eliminação do acúmulo de reabsorção do edema e eliminação do acúmulo de catabólitos intermediários. Por outro lado, o laser aumenta a celularidade dos tecidos irradiados acelerando o tempo de mitose, a ação que se observa principalmente na reparação cicatricial das lesões, por maior vascularização e formação abundante de tecido de granulação. A grande vantagem do laser é a não interferência do efeito térmico, uma vez que a irradiação é acalórica. Atualmente recomenda-se o tratamento a laser logo no início do processo de inflamação, cuidando-se apenas com a dosagem aplicada. Vários estudos têm demonstrado lesões distróficas da pele curada com radiações laser de baixa intensidade. A radiação laser de baixa intensidade aumenta significantemente o desenvolvimento da circulação sanguínea, regenera o tecido lesado, ativando sua cicatrização. O efeito da luz laser ativa o estímulo da proliferação de fibroblastos, com produção de fibras elásticas e colágenas. A laserterapia de baixa intensidade nos tecidos moles da cavidade oral pode ser aplicada nos seguintes casos: Herpes, estomatite aftosa recorrente (afta), ulcerações traumáticas, síndrome da ardência bucal e mucosite. No Herpes Simples e estomatite herpética, a ação do laser tem papel relevante sobre os processos viróticos que envolvem fatores imunitários. A ação do laser nessas patologias produz um efeito antiviral proporcional ao efeito estimulante da imunidade do paciente. A melhor resposta terapêutica é no estágio prodrômico e no momento do aparecimento das vesículas, podendo a irradiação pelo laser enfraquecer o microrganismo, diminuindo a sintomatologia, diminuir o tempo de evolução da doença e impedir a recorrência das lesões nos mesmos locais. A ação analgésica, antiinflamatória e bioestimulante do laser são um tratamento coadjuvante e não o tratamento definitivo. Vários estudos têm sido publicados abordando o uso dos lasers de baixa intensidade para o tratamento de úlceras traumáticas e ulcerações aftosas com resultados satisfatórios, no alívio da sensibilidade dolorosa e rápida cicatrização A síndrome da ardência bucal também chamada de queimação bucal é uma manifestação clínica comum. Afeta em maior quantidade mulheres em período pós-menopausa, mas também ocorrem em homens. É caracterizada clinicamente por sensação dolorosa e/ou ardência na ponta ou metade da língua, e a superfície interna dos lábios também pode estar envolvida. A dor somática pode ser superficial típica constante e contínua sem causa orgânica específica com a aplicação da laserterapia a sintomatologia da queimação é diminuída proporcionando alívio da dor e controle da inflamação. A mucosite é a complicação oral mais comum do tratamento oncológico, podendo ocorrer muitas vezes à necessidade de pausa ou alteração do tratamento, o que pode interferir no prognóstico da doença. É a complicação estomatológica mais freqüente em pacientes com câncer, sendo esta condição uma importante causa de morbidade e até de mortalidade nos pacientes sob tratamento anti-neoplásico. A mucosite da cavidade oral e faringe causada pela radioterapia nos tumores da cabeça e pescoço determinam graus variáveis de dor e desconforto, constituindo um dos maiores fatores dose-limitante, podendo causar até mesmo a interrupção do tratamento. Costuma ser mais intensa nos casos em que recebem quimioterapia. A laserterapia é indicada na prevenção e tratamento da mucosite oral podendo ser usada isoladamente ou associada a tratamento medicamentoso. Proporciona alívio da dor, maior conforto ao paciente, controle da inflamação, manutenção da integridade da mucosa e melhor reparação tecidual. A laserterapia tem a ação analgésica, antiinflamatória e reparadora de tecido, podendo ser aplicado de forma de varredura (em toda a cavidade oral ) ou pontual, distribuído na área acometida com eritema, pseudomembrana ou lesões ulcerativas.