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RELAÇÃO ENTRE DIREITO DE INFORMAÇÃO E DIREITOS DA


PERSONALIDADE
Mariana Araújo Cappello Ávilla1

RESUMO

O presente artigo tem como objeto o estudo da relação entre direito de informação e
direitos da personalidade, especialmente diante do excessivo uso indevido da
intimidade da pessoa humana pelos meios de comunicação. Uso esse, que muitas vezes
causa danos irreparáveis ao seu titular. O estudo destes institutos se faz necessário para
que haja uma delimitação de até onde a exposição da pessoa é válida no exercício ao
direito à liberdade de expressão e comunicação. Assim ao analisarmos esses direitos
pode-se ter uma melhor compreensão da atualidade constitucional brasileira, pois esses
institutos possuem grande relevância para a criação e manutenção do Estado
Democrático de Direito, uma vez que o Constituinte reconhece, ampara, protege e
individualiza a pessoa humana.

PALAVRAS-CHAVES: direitos da personalidade; direito a informação; limite entre


esses direito; aparente conflito; critério de solução.

INTRODUÇÃO

Tendo em vista a situação atual da globalização, com os meios de


comunicação de massa atingindo quase toda a população mundial, de forma imediata,
rápida e eficaz, proporcionando uma integração nunca antes verificada2, o direito a
informação, é necessário, pois não só propícia à atualização das pessoas como,
também, cria valores, muda opiniões, denuncia, interage e integra as pessoas como um
todo, possuindo, assim, um valor social. Além, é claro, de ser essencial para a
manutenção de um estado democrático de direito.
Porém, com o intuito de dar uma maior cobertura sobre a matéria ou assunto e
assim ganhar audiência, os meios de comunicação de massa utilizam-se deste direito
de informar, previsto constitucionalmente, para muitas vezes ferirem outros direitos

1
Acadêmica do 10º período de Direito da Escola de Direito e Relações Internacionais das
Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil.
2
GODOY, Cláudio Luiz Bueno de. A liberdade de imprensa e os direitos da personalidade.
São Paulo: Atlas, 2001, p. 11.
2

previstos, também, em nossa Constituição Federal, como é o caso dos direitos da


personalidade (honra imagem, intimidade) 3.
Os direitos da personalidade possuem características próprias que os colocam
em posição de destaque, são direitos essenciais ou fundamentais, que dão ao individuo
a própria noção de pessoa4.
Quando esses direitos da personalidade são violados pela imprensa, suas
conseqüências são de difícil e ineficaz reparação. Como exemplos de violações destes
direitos, têm-se O Caso Escola Base, em março de 1994; O Caso Ibsen Pinheiro
(“máfia dos anões do orçamento”), em maio de 1994 5; Vera Fischer como musa
delinqüente, no final de 1995; Chico Buarque e Celina Sjostedt, em Fevereiro de 2005
e Daniela Cicarelli e Renato Malzoni em setembro de 2006 entre outros6.
Como visto ambos os direitos, possuem tutela constitucional e integram os
chamados direitos fundamentais, porém os valores que revestem cada um desses dois
direitos (direitos da personalidade e liberdade de expressão e comunicação), muitas
vezes são opostos7.
Porém, por mais essencial que sejam os direitos a liberdade de expressão e
comunicação, por um lado, e, os direitos da personalidade, por outro, ambos, não
devem ser considerados absolutos. E ao entrarem em conflito, fora dos casos
ressalvados em lei, encontram seus limites8.
Estudar esses dois institutos através de princípios como a proporcionalidade,
adequação, necessidade e razoabilidade se faz necessário para que possamos encontrar
um ponto de equilíbrio, ou mesmo vislumbrar até que ponto poderia sobrepor-se um ao
outro.

3
NUNES, Gustavo Henrique Schneider. O direito à liberdade de expressão e direito à
imagem. www.flaviotartuce.adv.br/secoes/artigosc/Gustavo_imagem.doc, Pg 2
4
AFFORNALI, Maria Cecília Naréssi Munhoz. Direito à própria imagem. Curitiba: Juruá,
2003, p. 50.
5
TÓFOLI, Luciene. Ética no jornalismo. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 73 – 83.
6
Ibid., p. 38 – 39.
7
CENEVIVA, Walter. Informação e privacidade. In: XVIII CONFERÊNCIA NACIONAL
DOS ADVOGADOS: cidadania, ética e estado. 2002, Salvador. Anais. Brasília: OAB, 2003, p. 1513.
8
NUNES, op.cit., p.2
3

1 LIMITES ENTRE ESSES DIREITOS

O presente capítulo pretende abordar os possíveis limites existentes ao exercício


dos direitos aqui estudados (quais sejam limites do direito à imagem, da honra, da vida
privada e da intimidade).
Ao tentar exercer de forma plena os direitos fundamentais, conferidos pela
CF/88 (direitos da personalidade e direitos a informação), o seu titular, pode e em
muitos casos gera um conflito, um confronto ou até mesmo viola um desses direitos.
Vez que se vive em sociedade e ao exercer um direito próprio (seu) pode fazer com
que seus atos intervenham na esfera (privada e jurídica) de terceiro e como
conseqüência desses atos, direitos, também fundamentais, desses terceiros sejam
feridos.
Assim, os meios de comunicação de massa ao divulgarem as notícias, críticas
ou opinião, podem invadir a esfera privada das pessoas e SERRANO, ensina que “em
diversas situações, o exercício de um direito fundamental pode implicar a ofensa de
um ou outro direito, de igual ou diferente natureza.”9
Ou seja, pode-se dizer que há a colisão entre direitos, quando determinas
opiniões ou fatos relacionados ao âmbito de proteção constitucional de direitos como a
honra, intimidade, à vida privada e a imagem, não podem ser divulgados de forma
indiscriminada pela liberdade de expressão e comunicação.10
SARLET diz que “A identificação dos limites dos direitos fundamentais
constitui condição para que se possa controlar o seu desenvolvimento normativo...”11
Como já citado, o conteúdo aqui estudado, encontra sua previsão legal
Constitucional, principalmente, nos artigo 5 e 220 e seus incisos. E neste contexto,
CARVALHO, questiona:

9
SERRANO, op. cit., p. 21-22.
10
FARIAS, Edimilsom Pereira de. Colisão de direitos: a honra, a intimidade, a vida privada e
a imagem versus a liberdade de expressão e comunicação. 3. ed. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris,
2008. p. 152.
11
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos Direitos Fundamentais: Uma teoria Geral dos
Direitos Fundamentais na Perspectiva Constitucional.. 10. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado.
2009. p. 391.
4

Qual o elemento de contenção à liberdade de informação contido nestes dispositivos?


Nenhum, além de outros direitos que a mesma Constituição assegura. As normas transcritas
têm, pois, eficácia plena, não admitindo qualquer tipo de contenção por lei ordinária, a não ser
meramente confirmativa das restrições que a própria Constituição menciona nos incisos do
artigo 5º e no artigo 220.12

Com relação aos limites aos direitos da personalidade, pose-se dizer que o
exercício de direitos como os da personalidade não poderiam sofrer limitações, mas
como exceção a essa regra, estaria a sofre limitação voluntária, desde que não
permanente, nem geral13, ou seja, cabe ao titular do direito conceder autorização, mas
essa autorização não diz respeito a todos os direitos e deve prever um prazo para essa
limitação.
Já em relação aos limites existentes a liberdade de imprensa, deve-se ter em
mente que, sendo a Liberdade de imprensa um direito de manifestação do pensamento
pela imprensa, ela (liberdade de imprensa), assim como os demais direitos, possui
como limite ao exercício de sua livre manifestação o direito de terceiro.14
Como formas de limites ao direito de informação têm se a proteção aos direitos
da personalidade, que podem se dar de duas formas: uma no sentido positivo, isto é a
sua proteção como um direito em si, e que está previsto na CF/8815 e outra visão, em
um sentido negativo, quando há sua proteção no artigo 220, §1º CF/88.16
Assim, por se tratarem de direitos igualmente protegidos pela CF/88, os limites
a esses direitos devem ser exceção, e deve-se utilizar de critérios como o da
proporcionalidade e de questões como da responsabilidade profissional, daqueles que
se utilizam desses direitos. E, devendo apenas o, magistrado, no caso concreto
acomodar de forma harmônica esses direitos.17
O direito à imagem sendo ele uma faculdade que o indivíduo (titular da
imagem) possui de “impedir que terceiros, sem autorização, registrem sua imagem ou
a reproduzam, qualquer que sejam o seu meio”. Assim, para que haja violação a esse

12
CARVALHO, op. cit. p. 50-51.
13
VIERIA, op. cit., p. 126.
14
GUERRA, op. cit., p. 101.
15
Artigo 5, X CF
16
FARIAS, op. cit., p. 141.
17
SERRANO, op. cit., p 87.
5

direito, basta que a imagem seja utilizada sem a autorização de seu titular. 18 Desta
feita, dois são os limites ao exercício ao direito à imagem: um que decorre da própria
vontade de seu titular (consentimento), isto é, da possibilidade que este tem de dispor
destes direito, que ira se revela nas autorizações, e outro que decorre de lei, que como
exemplos tem se os casos previstos no artigo 20 Código Civil. AFFORNALLI observa
que “o exercício do direito à imagem encontra limitações de duas espécies. As
primeiras limitações decorrem da própria natureza de direitos da personalidade que é,
de sua característica de direito essencial (...). A segunda ordem de limitações impostas
ao direito à própria imagem diz respeito à preponderância do interesse público.” 19
Observa-se assim, que é possível uma “violação” aos direito à imagem,
primeiramente, em razão da própria essência desse direito, direito essencial, do qual é
possível ao seu titular coloca-lo a disposição, assim nestes casos, cabe exclusivamente
ao titular desses direito, a possibilidade de “decidir sobre a captação ou exposição de
sua imagem”. E uma outra possibilidade de violação destes direitos e quando se trata
de interesses da coletividade (interesse público). Edilsom Pereira de FARIAS ensina o
que seriam os interesses da coletividade:

Notoriedade: as pessoas célebres, em face do interesse que despertam na sociedade, sofrem


restrições em seu direito à imagem; (...) Acontecimentos de interesse público ou realizações
em público: (...) não se exige o consentimento do sujeito quando a divulgação de sua imagem
estiver ligada a fatos, acontecimentos ou cerimônias de interesse público ou realizadas em
público; (...) Interesse científico, didático ou cultural: (...) justifica-se a publicação da imagem
de uma pessoa quando se visa alcançar fins científicos, didáticos ou culturais (...); Interesses
de ordem pública: diz respeito à necessidade de divulgar a imagem da pessoa para atender
interesses da administração da justiça e da segurança pública. 20

Para DE CUPIS, quando esse limite decorrente do consentimento, deve-se


atentar para que se utilize essa imagem, sempre dentro dos limites desta autorização,
devendo-se evitar, mesmo havendo essa possibilidade, ao máximo o consentimento
tácito.21 Em muitos casos divulga-se a imagem alheia, sem a devida autorização
(consentimento tácito) e sem fim informativo ou “jornalístico”, o que se faz é utilizar-
se de artifícios, relacionando essa imagem a hipóteses de se tratar de questões de

18
BORGES, op. cit., p. 156.
19
AFFORNALLI, op. cit., p. 59.
20
FARIAS, op. cit., p 137
21
CUPIS, op. cit., p. 146.
6

interesse público - manutenção da ordem publica ou, então administração da justiça - ,


e com isso ferem direito fundamental. De acordo com AFFORNALLI, “Para que o
fundamento do interesse público seja válido é necessário que, além de tratar-se de
pessoa pública ou notória, as imagens se refiram à sua vida pública e se destinem a
informação.”22
A notoriedade (pessoas notórias) seria uma forma de autorização tácita, por
parte do titular deste direito, em razão da necessidade de satisfazer o interesse do
público em conhecer a sua imagem, especialmente por serem, esses, pessoas evidentes,
conhecidas por todos em razão de destaque na atividade que exercem; são pessoas
ligadas a artes, ciência, esporte, política. Porém, mesmo essas pessoas (notórias),
possuem um espaço reservado, a esfera intima particular.23
Deve-se ter sempre em mente que tais exceções, também sofrem restrições, e
conforme BELTRÃO “quando sua exposição vier a atingir a honra, a boa fama e a
respeitabilidade da pessoa, facultado inclusive o direito de pedir indenização.”24
Assim, para que não haja abuso ao direito à imagem, é necessária a autorização
de seu titular da imagem para que essa possa circular, ou então é possível essa
divulgação sem a autorização nos casos em que a utilização da imagem sirva para a
administração da justiça ou manutenção da ordem pública.25
No que tange ao direito a honra, sua limitação é difícil, visto que a honra é a
forma que a sociedade vê a pessoa, qualquer atitude que fira esse direito, seria uma
afronta e não encontraria previsão legal. O que muitas vezes acorre é que violações ao
direito a honra tornar-se ilícitos penais, tais como a injúria, calúnia e difamação, porém
tal questão não merece destaque no presente trabalho.
Existem duas situações especificas em que poderia haver limitação ao exercício
da honra e que são bem descritas por DE CUPIS “Dois atos emanados de autoridade
pública têm o poder jurídico de diminuir a honra pessoal: a condenação penal e a
declaração de falência.”26

22
AFFORNALLI, op. cit., p.61.
23
CUPIS, op. cit., p. 148.
24
BELTRÃO, op. cit., p. 124.
25
Artigo 20 Código Civil.
26
DE CUPIS, op. cit. p. 128.
7

Assim, somente uma autoridade pública, após transito em julgado, pode


divulgar essa decisão e como conseqüência desse ato pode ocorrer a diminuição, ou
melhor, uma modificação na “imagem”, da visão que a sociedade tem desta pessoa.
Já uma outra situação em que haveria limite ao exercício deste direito seria a
"exceptio veritatis" (exceção da verdade) prevista na legislação penal, na qual consiste
na possibilidade de o agente, que imputou o fato falso, prove a veracidade deste fato,
em determinadas hipóteses de crime contra a honra (Calúnia e difamação27).28
Agora, como soluções para essas colisões no caso concreto, a doutrina prevê,
consensualmente, a possibilidade de duas espécies de limitação a direitos
fundamentais: A expressa disposição constitucional, que é quando a CF/88 prevê
expressamente limites, formas de solução para esses conflitos, como exemplo art. 5,
XII versus o arts. 136, §1º, I, b e 139, III;29 Outras vezes, utiliza-se da faculdade de
serem criados institutos jurídicos infraconstitucional, para delimitarem a questão de
forma mais especifica, são as normas legais promulgada com fundamento na
constituição.30 E há uma terceira hipótese, essa já não consensual, de colisão entre
direitos fundamentais, que para alguns poderia ser subespécie da segunda hipótese,
mas que segundo SARLET, “a distinção entre os três tipos de limites referidos torna
mais visível e acessível o procedimento de controle da atividade restritiva em cada
caso.” 31 Mas o que todas elas trazem como regra e o equacionamento desses conflitos,
com fundamento constitucional.32
Já em relação às limitações existentes no exercício dos direitos a vida privada e
a intimidade, estes serão tratados como único, como limites ao exercício a privacidade,
pois como estudado, esses dois direitos são muito próximos e possuem diferenças
muito pequenas e que para o assunto aqui abordado (limites) se tornam irrelevantes,
possibilitando, assim, que esses dois temas sejam tratados de forma única.
Na visão de BORGES, “reconhecer a vida privada é reconhecer a necessidade
de se proteger a esfera privada da pessoa contra intromissão, curiosidade e bisbilhotice

27
Artigo 138,§ 3 CP não é permitido e no artigo 139 CP não é aceita, a não ser no § único.
28
FARIAS, op. cit., p.122.
29
SARLET, op. cit., p. 392.
30
Ibid., p. 21.
31
Ibid., p. 391-392.
32
SERRANO, op. cit., p. 21.
8

alheia, além de evitar a divulgação das informações obtidas por meio de intromissão
indevida.”33
Os direitos da privacidade são irrenunciáveis, o que não impedem que exista
uma limitação temporária de seu exercício. O que pode existir é uma mobilidade em
relação aos limites da privacidade, dependendo de que Estado está se falando e da
pessoa titular deste direito, pois existem os “anônimos” e também aqueles que são
dependem da exposição de pública, como por exemplo, os políticos, os artistas.” 34 Na
visão de BITTELI, dois seriam esses limites:

A potencial invasão pelo agente da comunicação da privacidade do retrato na mensagem


informativa strictu senso (jornalística), que é uma violação evidente de um direito individual
ou a renúncia voluntária de partes da privacidade do(s) indivíduo(s) retratado(s) pelo agente,
com o intuito de propiciar entretenimento à massa de receptores ou à coletividade, classe ou
grupo de usuários de uma determinada conexão comunicativa, viabilizada por um provedor de
acesso e hospedagem por um programador ou um ofertante de conteúdo. 35

Essas limitações são umas espécies de exceções, pois normalmente não se pode
invadir este espaço privado da pessoa, porém nestas situações há a possibilidade de se
adentrar na esfera privada do indivíduo, em razão da preponderância do interesse
coletivo sobre o particular.36 Exceções, essas que se dão em razão de autorização
própria do titular deste direito, ou “por determinações da legislativo ou judiciário (...)
para administração da justiça e da ordem pública.”37 Assim, por tratar-se de um espaço
particular, profundo e secreto, teoricamente não poderia ser “invadido”. Porém, há a
possibilidade de invasão do espaço quando esses direitos estão ligadas a questões de:
interesse público, pessoa pública e também quando há a autorização do próprio
indivíduo para que assuntos de sua vida particular sejam divulgados, especulado por
terceiros e nas relações de emprego.38
Assim há uma dificuldade em delimitar, exatamente, o que diz respeito a
intimidade/vida privada (assuntos particulares) dos assuntos da vida

33
BORGES, op. cit. p 162.
34
Ibid., p 163.
35
BITELLI, Marcos Alberto Sant‟Anna. A privacidade e a crise do direito da comunicação
social: o controle regulatório. In: MARTINS FILHO, Ives Gandra ; MONTEIRO JUNIOR, Jorge.
(Orgs.). Direito a Privacidade. São Paulo: Idéias & Letras. 2005. p . 279.
36
BITTAR, op. cit., p. 111.
37
VIEIRA, op. cit., p. 132.
38
Ibid., p. 135.
9

privada/intimidade que são de interesse público (aqueles que devem ser divulgados),
pois normalmente vida privada e interesse publico estão intimamente relacionados.39
Para BITELLI, os limites encontrados para os direitos da vida
privada/intimidade seriam: interesse público o próprio consentimento (a autorização
outorgada) para que assuntos de sua intimidade/vida privada sejam discutidos,
comentados por terceiro, aqui há a necessidade de se verificar, alem da autorização, se
o assunto (relacionado a privacidade) e também de interesse da sociedade e por último
“os limites impostos pelo caráter público das pessoas.40 Quando se fala em interesse
público deve-se atentar ao fato de que interesse público não é a mesma coisa do que
curiosidade pública.41

2 APARENTE CONFLITO

Diante do crescente número de direito que, atualmente, vem sendo considerados


fundamentais, assim ensina TAVARES,

Com o transcorrer dos tempos, o rol dos direitos fundamentais aumentou. Inúmeras gerações
(dimensões) surgiram. Se, por um lado, há um fator seguramente positivo nessa majoração
quantitativa de direitos fundamentais, por outro, torna-se usual a existência de conflitos entre
estes, na medida em que alguns findam por ser, em algum momento, antagônicos. Isto porque
os direitos fundamentais apresentam natureza princípiológica, ou seja, são deveres abstratos e,
ao contrario das regras, não possuem diretrizes pré estabelecidas de resolução conflitual.42

Assim, observa-se que o crescente, ou melhor, o aumento dos direitos


fundamentais é bom, no sentido que a esfera de proteção também aumenta o que
da/gera/possibilita ao ser humano, melhores condições, possibilita uma vida mais
digna. Por outro lado, aumentam-se as possibilidades de colisões entre esses direitos.
CANOTILHO observa os “requisitos” que devem estar presentes nos casos de conflito
entre direitos fundamentais,

Concorrência de direitos fundamentais existe quando um comportamento do mesmo titular


preenche os pressupostos de fato de vários direitos fundamentais. (...) Uma das formas de

39
TAVARES, op. cit., p. 237.
40
BITELLI, op. cit., p. 280.
41
Id.
42
TAVARES, op. cit., p. 214.
10

concorrência de direitos é, precisamente, aquela que resulta do cruzamento de direitos


fundamentais: o mesmo comportamento de um titular é incluído no âmbito de proteção de
vários direitos, liberdades e garantias. O conteúdo destes direitos tem, em certa medida e em
certos sectores limitados, uma “cobertura” normativa igual. (...) Outro modo de concorrência
de direitos verifica-se com a acumulação de direitos: aqui não é um comportamento que pode
ser subsumido no âmbito de vários direitos que se entrecruzam entre si; um determinado “bem
jurídico” leva à acumulação, na mesma pessoa, de vários direitos fundamentais.43

Para saber se está diante de um caso de conflito de direitos, deve-se analisar


cada caso concreto, a existência ou não da colisão, e existira a colisão desses direitos,
quando o exercício de um desses direitos por parte de seu titular, colidir com o
exercício de outro desses direitos por parte de outro titular e conforme BELTRÃO,
“necessita-se valorizar o caso concreto para verificar se houve violação do fundamento
ético da dignidade da pessoa humana, a fim de concluir se estamos diante de direitos
da personalidade”.44
Na pratica, é freqüente, a colisão de direitos fundamentais ou o choque deste
com outros bens jurídicos protegidos constitucionalmente. “É quando há, como no
caso em tela, colisão entre próprios direitos fundamentais, ocorre quando o exercício
de um direito fundamental colide com o exercício de outro direito fundamental.”45
Porém, quando esses dois direitos – direitos da personalidade e direito à
informação - colidem, são ângulos opostos, pois o conjunto de valores da informação,
para o jornalismo, corresponde à quantidade e qualificação contraria ao mesmo nível a
privacidade das pessoas. Para evitar dúvidas, é necessário analisar cada caso
concreto.46 Como exemplo da colisão desses direitos, tidos como fundamentais, “(...) é
a contraposição que há entre o direito de a pessoa (normal47) não ver sua imagem
publicada em um jornal, versus à divulgação de publicidade utilizando fotos de
jogadores de futebol. Nos dois casos existe a divulgação da imagem de uma pessoa,
contudo, para saber se houve lesão a direito da personalidade, é necessário estudar

43
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional: e a teoria da constituição. 7.
ed. Coimbra: Edições Almedina, 2003. p. 1268.
44
BELTRÃO, op. cit., p. 51.
45
FARIAS, op. cit., p. 105.
46
CENEVIVA, op. cit., p. 1513.
47
Não notória ou pública.
11

cada caso em sua essência, a fim de verificar a existência de violação ao fundamento


ético da dignidade da pessoa humano”.48
Não são raros os casos em que, à veiculação da noticia, da critica ou da opinião,
se oponha à vedação da invasão da intimidade ou da privacidade da pessoa humana,
assim, o que se tem observado, nos últimos anos, é a gama de casos em que se invoca
o Supremo Tribunal de Justiça, para que este se manifeste a respeito da colisão entre
os direitos da personalidade e direito a informação. Abaixo, alguns exemplos de
possíveis conflitos que podem ocorrer, como é o caso de alguns julgados que irá se
demonstrar.
Com relação a direitos da vida privada, tem-se o Recurso Especial, nº. 595.600 -
SC (2003/0177033-2)49.

EMENTA: DIREITO CIVIL. DIREITO DE IMAGEM. TOPLESS PRATICADO


EM CENÁRIO PÚBLICO.
Não se pode cometer o delírio de, em nome do direito de privacidade, estabelecer-
se uma redoma protetora em torno de uma pessoa para torná-la imune de qualquer
veiculação atinente a sua imagem.
Se a demandante expõe sua imagem em cenário público, não é ilícita ou indevida
sua reprodução pela imprensa, uma vez que a proteção à privacidade encontra
limite na própria exposição realizada.
Recurso especial não conhecido.

A autora ajuizou ação contra a ré, em razão de publicação desautorizada da


autora em topless, fotografada em praia pública, em momento de lazer. O Recurso
Especial não conhecido, razão de não ter sido ilícita ou indevida a utilização da
imagem, vez que a autora estava em cenário público, um dos limitadores a proteção à
privacidade. Um julgado interessante no que diz respeito à honra, é o Recurso Especial
nº. 984.803 - ES (2007/0209936-1) 50:

48
BELTRÃO, op. cit., p. 50-51.
49
BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. Federal. Ação de indenização por dano moral.
Recurso Especial n. 595600. Maria Aparecida de Almeida Padilha e RBS. Zero Hora Editora
Jornalística S/A. Relator: Ministro César Asfor Rocha. 13. set. 2004. Supremo Tribunal de Justiça.
Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=200301770332&dt_publicacao=13/09/2004>.
Acesso em: 29. set. 2009.
50
BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. Federal. Ação de indenização por dano moral.
Recurso Especial n. 984803. Hélio de Oliveira Dorea e Globo Comunicações e Participações S/A.
Relatora: Ministra Nancy Andrighi. 19. ago. 2009. Supremo Tribunal de Justiça. Disponível em: <
12

EMENTA: Direito civil. Imprensa televisiva. Responsabilidade civil. Necessidade de


demonstrar a falsidade da notícia ou inexistência. Direito civil. Imprensa televisiva.
Responsabilidade civil. Necessidade de demonstrar a falsidade da notícia ou inexistência de
interesse público. Ausência de culpa. Liberdade de imprensa exercida de modo regular, sem
abusos ou excessos.
A lide deve ser analisada, tão-somente, à luz da legislação civil e constitucional pertinente,
tornando-se irrelevantes as citações aos arts. 29, 32, § 1º, 51 e 52 da Lei 5.250/67, pois o Pleno
do STF declarou, no julgamento da ADPF nº 130/DF, a não recepção da Lei de Imprensa pela
CF/88.
A liberdade de informação deve estar atenta ao dever de veracidade, pois a falsidade dos dados
divulgados manipula em vez de formar a opinião pública, bem como ao interesse público, pois
nem toda informação verdadeira é relevante para o convívio em sociedade.
A honra e imagem dos cidadãos não são violados quando se divulgam informações
verdadeiras e fidedignas a seu respeito e que, além disso, são do interesse público.
O veículo de comunicação exime-se de culpa quando busca fontes fidedignas, quando exerce
atividade investigativa, ouve as diversas partes interessadas e afasta quaisquer dúvidas sérias
quanto à veracidade do que divulgará.
O jornalista tem um dever de investigar os fatos que deseja publicar. Isso não significa que sua
cognição deva ser plena e exauriente à semelhança daquilo que ocorre em juízo. A elaboração
de reportagens pode durar horas ou meses, dependendo de sua complexidade, mas não se pode
exigir que a mídia só divulgue fatos após ter certeza plena de sua veracidade. Isso se dá, em
primeiro lugar, porque os meios de comunicação, como qualquer outro particular, não detém
poderes estatais para empreender tal cognição.
Ademais, impor tal exigência à imprensa significaria engessá-la e condená-la a morte. O
processo de divulgação de informações satisfaz verdadeiro interesse público, devendo ser
célere e eficaz, razão pela qual não se coaduna com rigorismos próprios de um procedimento
judicial.
A reportagem da recorrente indicou o recorrido como suspeito de integrar organização
criminosa. Para sustentar tal afirmação, trouxe ao ar elementos importantes, como o
depoimento de fontes fidedignas, a saber: (i) a prova testemunhal de quem foi à autoridade
policial formalizar notícia crime; (ii) a opinião de um Procurador da República. O repórter fez-
se passar por agente interessado nos benefícios da atividade ilícita, obtendo gravações que
efetivamente demonstravam a existência de engenho fraudatório. Houve busca e apreensão em
empresa do recorrido e daí infere-se que, aos olhos da autoridade judicial que determinou tal
medida, havia fumaça do bom direito a justificá-la. Ademais, a reportagem procurou ouvir o
recorrido, levando ao ar a palavra de seu advogado. Não se tratava, portanto, de um mexerico,
fofoca ou boato que, negligentemente, se divulgava em cadeia nacional.
A suspeita que recaía sobre o recorrido, por mais dolorosa que lhe seja, de fato, existia e era, à
época, fidedigna. Se hoje já não pesam sobre o recorrido essas suspeitas, isso não faz com que
o passado se altere. Pensar de modo contrário seria impor indenização a todo veículo de
imprensa que divulgue investigação ou ação penal que, ao final, se mostre improcedente.
Recurso especial provido.

RECURSO ESPECIAL Nº 1.053.534 - RN (2008/0093197-0)51:

https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=200702099361&dt_publicacao=19/08/2009>.
Acesso em: 29. set. 2009.
51
BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. Federal. Ação de indenização por dano moral.
Recurso Especial n. 1053534. Roberta Salustino Cyro Costa e Empresa Jornalística Tribuna do Norte.
Relator: Ministro Fernando Gonçalves. 06. out. 2008. Supremo Tribunal de Justiça. Disponível em:
<
13

EMENTA: RECURSO ESPECIAL. DANO MORAL. PUBLICAÇÃO DE FOTOGRAFIA


COM NOTÍCIA DE FATO NÃO VERDADEIRO.
A publicação de fotografia, sem autorização, por coluna social veiculando notícia não
verdadeira, causa grande desconforto e constrangimento, constituindo ofensa à imagem da
pessoa e, conseqüentemente, impondo o dever de indenizar (dano moral).
Recurso especial conhecido e provido.

Esse julgado refere-se a uma foto que fora publicado pela ré, na qual a autora
estava ao lado de um ex-namorado e a legenda, notícia que acompanhava a foto, é de
os dois se casariam naquele dia, quando, na verdade, o homem da foto se casaria com
outra mulher. O fato veio a causar grande constrangimento moral, pois, segundo narra
o julgado, a recorrente estava noiva e com casamento marcado com outro homem. Diz,
ainda, que houve reconhecimento do erro, através de errata publicada pelo Jornal, mas
sem pedido de desculpas, tudo levando a crer que houve malícia na publicação da foto.
Os julgados citados acima, são só alguns dos exemplos, dos vários52 casos
existentes na justiça brasileira, onde é possível visualizar nos casos concreto o conflito
existente entre o direito a informação e direito da personalidade e suas conseqüência.
Anualmente, inúmeros são os processos relacionados a essa matéria que são julgados
pelo STJ. Em publicação recente53, sobre o assunto percebe-se que os Ministros, estão
utilizado de técnicas de ponderação para buscar uma possível solução para esses tipos
de colisões no caso concreto.

3 APLICAÇÃO COM OUTROS PRINCÍPIOS

Princípios Constitucionais são importantes na efetivação do ordenamento


jurídico, pois auxiliam na interpretação de normas (Constitucionais e
Infraconstitucionais), desta forma, no meio jurídico, quando se está diante de questões
em que há um conflito de premissas constitucionais, a serem aplicadas em um mesmo

https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=200800931970&dt_publicacao=06/10/2008>.
Acesso em: 29 set. 2009.
52
REsp.nº. 58101; REsp.nº.783139; REsp.nº.818764; REsp.nº.141638; REsp.nº.883630;
REsp.nº. 1025047 e Apn. nº.338.
53
Em 19 jul. 2009 - O conflito entre liberdade de informação e proteção da personalidade na
visão do STJ.
14

caso onde a questão não é regulamentada através de limites claros e positivados,


busca-se utilizar a proporcionalidade e a razoabilidade, para evitar que um direito
constitucional se sobreponha a outro.54 SALET ensina que:

Independente de suas expressas previsões em textos constitucionais (ex: arts. 1º e 5º, inciso
LIV) ou legais (ex: art. 2º da Lei nº. 9.784/99), o que importa é a constatação, amplamente
difundida, de que a aplicabilidade dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade não
está excluída de qualquer matéria jurídica.55

O Princípio Proporcionalidade, não está explicitado em nossa CF/88, mas foi


reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal, e hoje, possui estatus constitucional. Esse
princípio tem como objetivo, a ponderação correta e harmoniosa entre dois interesses
que esteja em conflito perante um caso concreto, em uma hipótese real e fática. Busca
esse princípio, equilibrar a relação para que entre o que se deseja e os meios para se
obter esse resultado, não sejam excessivos, devendo, existir adequada entre eles.
Assim, nos casos em que ocorre a colisão, para que um desses direitos possa ter
efetividade é necessário ponderar. Desta feita, quando se está diante de um caso
concreto (situação específica e bem determinada) um desses direito será preterido em
relação ao outro, pela sua importância naquele caso em questão.56 Ou seja, presente
dois direitos fundamentais – direitos da personalidade e direitos da informação - deve-
se realizar a ponderação entre eles em razão do que pretende-se tutelar.
ALEXY, ensina que o princípio da proporcionalidade em sentido amplo,
abrange os sub-princípios ou princípios parciais: princípio da adequação; princípio da
necessidade e o princípio da proporcionalidade em sentido estrito.57
Assim, o sub-princípio da adequação ou princípio da idoneidade ou princípio da
conformidade, é o mandamento do meio menos gravoso.58 E qualquer medida

54
SECO, Andréia. Direito de Imagem Frente ais ditames Constitucionais da Privacidade de
do Direito de Informação. Disponível em:
<http://www.almeidalaw.com.br/news/noticia.php?noticia_id=128.> Acesso em: 12 out. 2008.
55
SARLET, op. cit., p. 396.
56
CAMPOS, Helena Nunes. Princípio da proporcionalidade: a ponderação dos direitos
fundamentais. Caderno de Pós-Graduação em Direito Político e Econômico, São Paulo, v. 4, n. 1, p.
23-32. Disponível em: <
http://www.mackenzie.br/fileadmin/Pos_Graduacao/Mestrado/Direito_Politico_e_Economico/Cadern
os_Direito/Volume_4/02.pdf.>. Acesso em: 25 jun. 2009.
57
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Trad.: Virgilho Afondo
as Silva. São Paulo: Malheiros, 2002. p. 116.
15

restritiva deve ser idônea à consecução da finalidade pretendida. Isto é, deve haver a
existência de adequação para se atingir o os objetivos pretendidos.59
O sub-princípio da necessidade, ou princípio da exigibilidade, ou do meio mais
benigno, busca que a medida restritiva seja realmente indispensável para a
conservação do direito fundamental e, que não possa ser substituída por outra de igual
eficácia e, até menos gravosa, isto é nenhum meios menos gravoso se mostrara eficaz.
60
Assim, se houver diversas formas para que se busque o resultado, deve-se buscar a
que menos afete os direitos em questão.
Por fim, o sub-princípio da proporcionalidade em sentido estrito que se
caracteriza pela idéia de que os meios devem ser razoáveis com o resultado
perseguido. É o mandamento do sopesamento propriamente dito.61 E o ônus causado
pela norma deve ser inferior ao benefício por ela engendrado. É o que se pode chamar
de custo beneficio, a ponderação entre os danos causados e os resultados a serem
obtidos.62 O equilíbrio no conflito entre esses direitos, deve seguir a proporcionalidade
no sentido estrito – “proporcionalidade é um consectário lógico da natureza da norma
de direito fundamental.”63
Assim, diante do caso concreto de colisão de direitos fundamentais, a solução
para os conflitos entre os princípios exige exercício de ponderação, pois é possível
atingir vários resultados, através de diferentes argumentos, sem que um invalide o
outro. Para atingir de forma satisfatória o princípio da proporcionalidade, deve-se
verificar qual a disposição constitucional que tem peso maior para a questão concreta a
ser decidida.64 Através da utilização dos critérios da adequação e necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito..

58
Ibid., p.117.
59
MENDES, op. cit., p.250.
60
CAMPOS, op. cit. p. 23-32.
61
ALEXY, op. cit., p. 116.
62
CAMPOS, op. cit., p. 23-32.
63
BARROS, Suzana de Toledo. O princípio da proporcionalidade e o controle de
constitucionalidade das leis restritivas de direitos fundamentais. Brasília: Brasília Jurídica, 1996.p.
160.
64
ALEXY, op. cit., p.116.
16

4 CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO

Neste capítulo, tentará demonstrar, como proceder para resolver, no caso


concreto uma possível colisão de princípio. Tal solução se dará através da avaliação do
peso e da importância que cada um deles possui, para que assim, seja possível
identificar qual deles deverá prevalecer ou cederá ao outro, pela lei de colisão.65
Ou seja, ao se observar o caso concreto e presente o conflito entre os direitos
aqui estudados, deve-se tentar soluciona-los não com base apenas na e escolha entre
um deles, como se o escolhido fosse absoluto e solucionasse todos os casos que
relacionassem tais direitos, pois nenhum deles é mais importante do que o outro como
lembra ALEXY, “as relação de tensão não pode ser solucionada com base em uma
procedência absoluta de um desses deveres, ou seja, nenhum desses deveres goza „por
si só, de prioridade‟. A colisão entre esses direitos, deve, ser resolvido, por meio de
sopesamento66 entre os interesses conflitantes.”67
Em um primeiro momento, cabe uma observação em relação a que tipo de
norma, seriam os direitos aqui estudados, para que melhor se possa compreender esse
tópico, e para que melhor se compreenda, se isso for possível, qual desses direitos
deveria então prevalecer. Já que, como se verá, não há hierarquia entre esses direitos e
não podem eles, serem, considerados em absolutos. Assim, pode-se dizer que os
direitos aqui estudados, são tidos como normas Constitucionais de Direitos
Fundamentais, sendo elevados ao grau de cláusulas pétreas previstas na Lei Maior e
considerados como prerrogativas fundamentais dos cidadãos.68
Para ALEXY, esses direitos são normas de caracter princípiologico, pois, “os
princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível
dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes”. 69

65
FARIAS, op. cit., p. 152-153.
66
Para verificar qual dos interesses possui maior peso no caso concreto.
67
Ibid., p. 95.
68
O conflito entre liberdade de informação e proteção da personalidade na
visão do STJ. Diponivel em:
<http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=92895&tmp.area_
anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=liberdade de expressao>. Acesso em: 26 jun. 2009
69
ALEXY, op. cit., p. 90.
17

DWORKIN, a diferença entre princípio e regra, decorre de uma questão


lógica70, as regras, possuem grau baixo de generalidade, uma vez que são elas normas
jurídicas destinadas a concretizarem os princípios. Já em relação aos princípios,
observa-se que eles estão relacionados a um grau de generalidade relativa,isto é, são
eles normas jurídicas de natureza lógica anterior e superior às regras71, e no
entendimento de SILVA, “princípios são mandamentos nuclear de um sistema”72, pois
pode-se dizer que servem de base para a criação, aplicação e interpretação do direito.
Assim, pode-se dizer que diante do caso concreto, a regra é aplicada de forma
que “é tudo ou nada”. Ou seja, ou uma regra é válida, e a solução que ela indica a uma
determinada situação deve ser aceita, ou, em não sendo ela válida, a determinação que
ela contém não produzirá efeitos no mundo juridico.73 Em razão da forma em que
devem ser aplicadas - tudo ou nada -, as regras não admitem exceções, porque ou elas
são aplicadas de modo completo, ou elas não são aplicadas e como conseqüência são
afastadas do ordenamento jurídico.74
Já os princípios, na visão de DW, “não apresentam conseqüências jurídicas que
se seguem automaticamente quando as condições são dadas”75. Isto é, para ele “os
princípios possuem uma dimensão que as regras não têm que é a de peso ou da
importância”76, dessa forma, o princípio que resolverá o conflito entre esses direitos,
deve levar em conta cada um dos direitos/princípios em conflito, pois não é possível
determinar, de forma absoluta e satisfatória qual é mais importante que o outro.77
Assim, pode-se dizer que os princípios não exigem o tudo ou nada de um direito, eles
apenas irão determinar que as melhores condições sejam criadas para o direito em
questão possa ser cumprido, dentro de uma reserva do possível.78

70
DWORKIN, Ronald. Levando o Direito a sério.Trad.: Nelson Boeira. São Paulo: Martins
Fontes, 2002. p. 39.
71
SUIAMA, Sergio Gardenghi. Censura, liberdade de expressão e colisão de direitos
fundamentais na Constituição de 88. Disponível em:
<http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/congresso/xtese5.htm.> acesso em: 15
set 2009
72
SILVA, op. cit., p. 91.
73
DWORKIN, op. cit., p. 39.
74
BARROS,op. cit., p. 158.
75
DWORKIN, op. cit., p. 40.
76
Ibid., p. 39.
77
Ibid., p. 41 42.
78
CANOTILHO, op. cit., p.1255.
18

Em razão de serem, os direitos aqui estudado, princípios79, existe a


possibilidade de no caso concreto um deles ser afastado em detrimento do outro,
fazendo com que haja a precedência de um deles (não absoluta) sobre o outro.80 Ou
seja, no caso concreto, quando houver o conflito entre dois desses direito, retira-se um
deles, o que continuar a ser exercido, terá prioridade em relação ao cedente, mas essa
relação de prioridade só serve para o caso concreto especifico.
Observa-se que os “princípios devem ser aplicados de acordo com as
possibilidades fáticas e jurídicas de sua realização.”81 Isto é, muitas vezes um princípio
poderá restringir as possibilidade jurídicas de realização do outro. Essa restrição se
dará com base em uma relação de precedência condicionada entre princípios, com base
nas circunstâncias do caso concreto. Assim ao analisar cada um desses direitos,
verifica-se que muitas vezes há uma contradição entre eles, o que significa que ao
exercer um desses direitos a possibilidade de exercer o outro, em muito pode ficar
prejudicada.82
E por fim, tratar-se-á da questão referente à inexistência de hierarquia entre
esses direitos, pois ambas as categorias de direitos aqui estudados – liberdade e
personalidade - encontram proteção na CF/88, mas precisamente no artigo 5, razão
pela qual se pode afirmar que não há hierarquia entre esses direito. GODOY observa
que a CF/88 “deve ser entendida como um complexo de normas coerentes e de igual
83
grau hierárquico” , e que os direitos fundamentais nelas previstos se auto-limitam,
uma vez que agiriam como reflexos, uns refletindo os outros.84
Então, para dirimir conflitos entre princípios hierarquicamente iguais previstos
na CF/88, existem técnicas de interpretação jurídicas, que no caso concreto
determinam qual o direito que deve preponderar sobre o outro. Assim, estando diante
de um caso concreto em que haja um conflito entre esses direitos (informação e
personalidade), um deles deverá ceder em razão do outro, o que não significa que será

79
SUIAMA, op. cit.
80
ALEXY, op. cit., p. 93-96.
81
Ibid., p. 94.
82
Ibid., p 93-96.
83
GODOY, op. cit., p. 66.
84
CARVALHO, Luiz, Liberdade...p. 47-48.
19

o mesmo declarado inválido ou que nele deverá ser acrescido cláusula de exceção.85 O
que ocorre é que há uma prevalência de um desses princípios sobre o outro no caso
concreto. E conforme demonstra ALEXY, “se dois princípios colidem – o que ocorre,
por exemplo, quando algo é proibido de acordo com um princípio e, de acordo com o
outro, permitido -, um dos princípios terá que ceder”86 , então deve-se buscar qual será
a melhor aplicação, qual deles merece ser sobreposto ao outro, no caso concreto. Pois
MENDES ensina que:

O importante é perceber que essa prevalência somente é possível de ser determinada em


função das peculiaridades do caso concreto. Não existe um critério de solução de conflitos
validos em termos abstratos. No máximo pode-se colher de um precedente uma regra de
solução de conflitos, que consistirá em afirmar que, diante das mesmas condições de fato, num
caso futuro, um direito haverá de prevalecer sobre o outro.”87

Desta forma, no meio jurídico, quando se está diante de questões em que há um


conflito de premissas constitucionais a serem aplicadas em um mesmo caso, onde a
questão não é regulamentada através de limites claros e positivados, busca-se utilizar a
proporcionalidade e a razoabilidade, para evitar que um direito constitucional se
sobreponha a outro.88 A solução para essa colisão, segundo ALEXY:

Consiste no estabelecimento de uma relação de precedência condicionada entre os princípios,


com base nas circunstancia do caso concreto. Levando-se em consideração o caso concreto, o
estabelecimento de relações de precedência condicionadas consiste na fixação de condições
sob as quais um princípio tem procedência em face do outro. Sob outras condições, é possível
que a questão da procedência seja resolvida de forma contraria.89

ALEXY, fala que “os princípios não dispõem da extensão de seu conteúdo em
face dos princípios colidentes”90 isto é, não há como determinar com base no próprio
princípio qual deles deva prevalecer, no caso de conflito, então deve-se levar em
consideração a carga argumentativa a favor de um dos princípios e contra o outro
princípio.91 Assim, a solução se da por sobrepesamento, tenta-se definir qual dos

85
Acrescida há umas das regras, quando há conflito entre duas regras.
86
ALEXY, op. cit., p. 93
87
MENDES, op. cit., p. 183.
88
SECO, op. cit.
89
ALEXY, op. cit., p. 93-96
90
Ibid., p. 93-94;105-106.
91
Ibid., p. 105-106.
20

interesses, que abstratamente estão no mesmo nível, tem maior peso no caso concreto -
entre os interesses conflitantes.92 E como bem observado por GODOY, que: “como
princípios que são, os direitos da personalidade e a liberdade de imprensa suscitam
constante concorrência, cedendo um, diante do outro, conforme o caso, e no mínimo
possível, mas nunca se excluindo, reciprocamente, como aconteceria se tratasse de
simples regas.”93
Nos casos em que a solução do conflito decorre de uma limitação à um desses
direitos prevista na Constituição, segundo o qual FARIAS chama de “reserva de lei” 94,
o legislador resolverá o conflito reduzindo o direito que está sujeito a essa reserva de
lei, isso sempre dentro do limite.95 Assim, no que se diz respeito à resolução destes
conflitos por parte do legislado, pode-se dizer que no art. 220, § 1º CF, funciona como
uma reserva de lei, a qual possibilitaria ao legislador disciplinar sobre o exercício da
liberdade de expressão e comunicação. Ocorre que, embora haja essa autorização,
expressa na CF/88, para que os limites referente as esses direitos sejam traçados de
forma mais clara, com o intuito de prevenir possíveis confrontos com outros direitos
fundamentais, o legislador, não se preocupa em elaborar lei que regulamente a matéria
e que esteja em consonância com a CF de 88. Como norma infraconstitucional que
disciplina a questão de liberdade de expressão e comunicação, tem-se a Lei nº. 5250
que é de 1967, e trata de crimes de “calúnia e difamação se o fato imputado ainda que
verdadeiro, disser „respeito à vida privada do ofendido e a divulgação não foi motivada
em razão de interesse público”. Há também a Lei nº. 7.232/84, lei de informática, que
em seu artigo 2º, VIII, determina que devem ser protegidos os dados armazenados,
processados e veiculados, que digam respeito ao interesse da privacidade e de
segurança das pessoas físicas e jurídicas, privadas e públicas.96
O projeto da nova lei de imprensa, lei nº. 3.232/92, em seu artigo 23, pretende
tratar dos conflitos entre a liberdade de informação e os direitos da personalidade,
entre eles os relativos à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem, de forma mais
pontual. Com base nessa lei, esses conflitos serão resolvidos em favor do interesse
92
Ibid., p. 94- 95.
93
GODOY, op. cit., p. 68.
94
FARIAS, op. cit., p. 171.
95
Id.
96
Ibid., p. 153-154.
21

público visado pela informação, utilizando-se, até mesmo, de mecanismos legais como
limites de ponderação a direitos fundamentais.
E segundo FARIAS “em se tratando de direitos submetidos à reserva legal
expressa, compete ao legislador, primeiramente traçar os limites adequados, de modo a
assegurar o exercício pacífico de faculdades eventualmente conflitantes.”97
Mas enquanto esses projetos não são aprovado e novas regulamentações
infraconstitucionais sobre o assunto não são editadas, pode-se mencionar que a forma
de resolução de conflitos entre direitos da personalidade e direito a informação, por
intermédio da legislação infraconstitucional, não é adequado. Assim, cabe ao
legislador brasileiro, para que, possa legislar de forma mais adequada e satisfatória os
assuntos referentes à colisão entre direitos fundamentais, observar a atitude de paises
como a Espanha, por exemplo, que possui uma “lei orgânica com escopo de amparar
os direitos à honra, à intimidade pessoal e familiar e a própria imagem em face dos
choques oriundos das publicações de opiniões, fatos ou imagens que afetam esses
direitos da personalidade.”98
E enquanto isso cabe a jurisprudência solucionar os casos de conflito entre
direitos fundamentais, quando não está presente a reserva de lei, e ela busca faze-lo de
forma mais adequada, vem tentando solucionar tais conflitos, de forma que os direitos
contrapostos sejam sacrificar o mínimo possível, através de elementos fornecidos pela
doutrina. Assim, para que essa solução ocorra da forma mais adequada possível, ela
utiliza-se de critérios como o da ponderação dos bens envolvidos em cada caso 99,
conforme já demonstrado nos julgados acima. Para FARIAS, “a jurisprudência guia-
se, principalmente, pelos princípios da unidade da constituição, da concordância
pratica e da proporcionalidade, articulados pela doutrina.”100 Pois para ela
(jurisprudência), não existe um caminho pré-determinado, para que possa ser seguido
de forma metódica a cada caso.
Isto é, para a jurisprudência, não existe uma formula a priori que deva ser
aplicada a todos os casos, o que ela deve fazer é verificar cada caso, estudando-o,

97
MENDES, Gilmar Ferreira. Prefácio.In: FARIAS, op. cit. p. 17.
98
FARIAS, op. cit., p. 154.
99
Ibid., p. 156.
100
Id.
22

analisando-o e ponderando-o, em razão do peso ou da importância que tal


direito/princípio terá no caso específico. O que existem são critérios, que podem ser
utilizados, para verificar se o exercício da liberdade de informação está dentro do
limite lícito de seu exercício.
Primeiro, deve a liberdade de informação estar a serviço da opinião pública, ou
seja, esse critério está relacionado diretamente ao assunto que será tratado pela
informação trazida pelo meio de comunicação em massa. Nesse critério, deve-se
também, diferenciar o que é público do que é privado, pois só poderá ter
preponderância sobre demais direitos se a questão tratar-se de interesse público. O
segundo critério, que deve ser utilizado, diz respeito à veracidade da questão trazida,
assim uma informação que não seja pautada na verdade, não tem preferência sobre
outros direito, pois a mesma na cumpre a função social da liberdade de informação. 101
Sobre o assunto LARENZ expõem que: “haverão de confrontar-se entre si: de um
lado, a importância para a opinião pública do assunto em questão, à serenidade e à
intensidade do interesse na informação; de outro lado, a espécie e a gravidade do
prejuízo causado ao bem da personalidade.”102
Assim, na prática, quem resolve os conflitos existentes entre direitos da
personalidade e direito a informação, e a jurisprudência, que se utiliza de critérios de
solução para resolver antinomia real de normas. Isto é para solucionar essa colisão,
deve-se utilizar do juízo de ponderação, que se faz entre os direitos a imagem, a vida
privada, a intimidade e a honra, versus o direito a informação.103 E como ensina
MENDES “assim, devem ser levados em conta, em eventual juízo de ponderação, os
valores que constituem inequívoca expressão desse princípio (inviolabilidade da
pessoa humana, respeito á sua integridade física e moral, inviolabilidade do direito à
imagem e a intimidade).”104

101
Ibid., p. 156-159.
102
LARENZ, Karl. Metodologia da ciência do direito. Trad.: José Lamego. 3. ed. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1997. apud. GODOY, op. cit., p. 74.
103
GODOY, op. cit., p. 70-72.
104
MENDES, Gilmar. Prefácio...p. 21.
23

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Em razão do momento atual de globalização, nos quais os meios de


comunicação de massa atingem grande parte das pessoas, de maneira instantânea. E
em decorrência dessa facilidade, a cada dia se torna mais fácil à invasão a direitos,
especialmente aqueles que estão relacionados aos direitos da personalidade – invasão
da vida privada, à intimidade, à honra e divulgação de imagem – tentou-se, neste
trabalho, abordar da forma mais clara possível os direitos referentes a personalidade,
informação e o apresentar um possível limite e equilíbrio entre eles.
Pode-se observar que tanto o direito à informação, assim como os direitos da
personalidade, são direitos fundamentais do ser humano e assim o sendo, ambos
possuem proteção constitucional, mas cada qual com características que lhe são
próprias.
Os direitos da personalidade, dentre os quais se encontram os direitos aqui
estudados: direito à imagem, direito a honra, direito a intimidade e a vida privada, são
direitos essenciais ou fundamentais, que dão ao individuo a própria noção de pessoa.
Esses direitos se consolidam no momento em que se considera o homem, ser dotado de
razão e dignidade. Assim, observa-se que a teoria dos direitos da personalidade, e sua
tutela, evoluíram e sistematizaram-se conforme o desenvolvimento de idéias de
valorização do homem, sua compreensão como centro e fundamento, do ordenamento
jurídico. Os direitos da personalidade são bens próprios do individuo, que se
confundem com seu próprio titular, e constituem o próprio sujeito. Enfim, não há valor
que supere o valor da pessoa humana. É neste sentido de valor que se fundamenta o
direito da personalidade como projeção da personalidade humana. E possuem como
características a: Intransmissíveis, indisponíveis, irrenunciáveis, absolutos, inatos ou
originários, imprescritíveis, ilimitados e inalienáveis.
Já por sua vez o direito de informação, busca desde a Grécia antiga, seu
reconhecimento e proteção, mas é com a Revolução Francesa (1789), que surge como
hoje é conhecido, como um direito fundamental, que tem como finalidade a troca de
conhecimentos, experiências e emoções entre os indivíduos através da disseminação
da informação. Esse direito divide-se em: direito de informa, direito de ser informado
24

e liberdade expressão. É um direito de importância, uma vez que possui interesse


social, formando conceitos e valores na população, difundindo as idéias e propiciando
mudanças políticas e sociais, o que o torna fundamental para a consolidação do Estado
Democrático de Direito. A disseminação de comunicação através do progresso
tecnológico atinge rapidamente quase a todos, de forma que acompanha as
necessidades do mundo globalizado.
Assim, pode-se observar, que ambos os direitos (o da personalidade e o direito à
informação), possuem valores próprios e opostos. E por mais essencial que sejam não
devem ser considerados absolutos, principalmente quando colidem. E em razão de
possuírem idéias muitas vezes opostas, ocorre a colisão entre eles, pois o conjunto de
valores da informação, para o jornalismo, corresponde à quantidade e qualificação
contraria ao mesmo nível a privacidade das pessoas. E ressalvada exceções em lei,
possuem seus limites.
A Liberdade de informação possui como limitador de seu exercício o direito de
terceiro e a proteção aos direitos da personalidade.
Como limitadores ao exercício do direito à imagem, tem-se como limite a
vontade, ou seja, o consentimento e a lei. Em relação à honra, o limitador são atos de
autoridade publica e exceção da verdade. Já em ralação a limitação ao exercício dos
direitos a vida privada e a intimidade, esses estariam relacionado a questão de:
interesse público, o consentimento do titular mais interesse da sociedade e questões
relacionada a pessoas notórias. E assim, ao exercer seus direitos, o titular deve tentar
faze-lo da forma mais sensata e consciente possível, pois uso indevido e sem limite
desses direitos, causa danos a seus titulares.
E diante de um caso concreto, o que deve se buscar é um ponto de equilíbrio,
uma vez que não há hierarquia entre os dois direitos; não é possível, no caso concreto
considera-los absoluto, são eles direitos de igual dignidade constitucional. Devemos
buscar a solução para esse conflito sempre em favor do interesse público. E a
interpretação e a aplicação dos preceitos constitucionais em situações de conflito,
ressalvando a proteção da dignidade da pessoa humana, devem-se dar através da
ponderação de princípios como: razoabilidade, proporcionalidade, necessidade e
25

adequação. Ansiando um equilíbrio para melhor realização individual, coletiva e


social.
26

REFERÊNCIAS

AFFORNALI, Maria Cecília Naréssi Munhoz. Direito à própria imagem. Curitiba:


Juruá, 2003.

ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Trad.: Virgilho Afondo as Silva.
São Paulo: Malheiros, 2002.

ALONSO, Félix Ruiz. Pessoa Intimidade e o Direito à Privacidade. In: MARTINS


FILHO, Ives Gandra; MONTEIRO JUNIOR, Jorge. (Orgs.). Direito a Privacidade.
São Paulo: Idéias & Letras. 2005. p. 11-35.

AMARAL, Francisco. Direito Civil: Introdução. 6. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.

ARAUJO, Luiz Alberto David. A proteção constitucional da própria imagem: pessoa


física, pessoa jurídica e produto. Belo Horizonte: Del Rey. 1996.

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e a Liberdade de Imprensa. Disponível em: http:<www.aang.org/dirfund.htm.> Acesso
em: 31 agost. 09.

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