You are on page 1of 9

1

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR JOAO NEÓRICO – FARO

DIREITO AGRÁRIO
Arrecadação de Terras de Particulares
Pelo Poder Público

ALUNO – EDINALVA OLIVEIRA DOS SANTOS

- TURMA - D87

PROFESSOR WALTER GUSTAVO,

PORTO VELHO 2011

1
2

INTRODUÇÃO

A Sesmaria foi um instituto jurídico português criado em 1375 e


recepcionado pelas Ordenações do Reino de Portugal, baseada nas “terras comunais
que na Idade Média eram cultivadas para o benefício comum, de todos os servos de
uma determinada gleba”.
No Brasil as Sesmarias adquiriram o caráter de concessão administrativa sobre o
domínio público com o encargo de cultivo, outorgadas pelos Governadores Gerais e
Provinciais.
A propriedade era concedida sob condição resolutiva, isto significava que o
Proprietário perderia sua propriedade se, ao final de 5 anos, a ela não tivesse dado,
efetivamente, destinação produtiva a terra tinha que ser devolvida a coroa portuguesa.
Inicialmente, as Sesmarias brasileiras se regiam pelas Ordenações do Reino de
Portugal. Devido ao fracasso da formação das capitanias como veículo da colonização,
foram revogados os poderes dos capitães e nomeado o Governador Geral.
A partir de então, estruturou-se a transformação do regime Sesmarial no Brasil
Colônia.
Este trabalho é apenas um resumo de como o Estado pode arrecadar
para si bens de particulares. Esta modalidade tem previsão legal no ordenamento
jurídico Pátrio, e o ESTATUTO DA TERRA- assim como a Constituição Federal de
1988 em vigência- Diploma que a terra precisa cumprir a sua função social, ou seja
precisa tornar-se produtiva, ser explorada racionalmente e sustentável, de forma a
desempenhar a sua função frente a sociedade.
Observa que, o Brasil tem por herança o modelo de colonização onde por
longos anos permaneceu muita gente sem terra e muita terra sem gente, e ainda hoje
o povo brasileiro clama por reforma agrária e legalização fundiária... pois de 1500
aos dias atuais passaram –se mais de 500 anos e há muito que fazer em relação a
legalização de assentamentos rurais e urbanos.

2
3

Arrecadação de Terras de Particulares pelo Poder Público

Para arrecadar para si bens privados o Poder Publico no Brasil dispõe de alguns
institutos que serão citados e conceituados abaixo.

o AÇÃO DE COMISSO ( Revalidar as sesmarias caídas em comisso (ou seja, que


não cumpriram as condições de Doação, não tornaram as terras produtivas ,
então instituiu-se o comisso , Revalidar as sesmarias caídas em comisso (ou
seja, que não cumpriram as condições de doação);Legitimar as posses de
período superior a um ano e um dia e que não ultrapassem meia légua quadrada
no terreno de cultura e duas léguas nos campos de criação;Registrar e demarcar
as posses num prazo de seis meses. Após esse prazo, aplicar multa e, caso
após seis anos, não tivessem sido demarcadas nem registradas, seriam
incorporadas ao Estado.

o AÇÃO DE CONFISCO é uma forma de aquisição coactiva da propriedade de entidades


privadas, pelo Estado, sem que haja lugar ao pagamento de qualquer compensação. Os
confiscos podem ter lugar designadamente em contextos políticos ou no âmbito de
processos penais. O confisco foi largamente usado no Antigo Regime até a abolição
generalizada por altura das revoluções liberais. A partir do final da década de oitenta
assiste-se a um renascimento do interesse no confisco como estratégia patrimonial de
combate à criminalidade, de acordo com o princípio segundo o qual o crime não deve
compensar.

Confisco e a CF, art. 243:

“As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas


ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e
especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo

3
4

de produtos alimentícios medicamentosos, sem qualquer indenização


ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.”

o DEVOLUÇÃO - No período colonial, o termo “terra devoluta” era empregado


para designar a terra cujo concessionário não cumpria as condições impostas
para sua utilização, o que ocasionava a sua devolução para quem a concedeu:
a Coroa. Com o tempo, esse termo passou a ter o significado de vago.

o AQUISIÇÃO (COMPULSÓRIA OU NÃO) – O pode publico pode adquirir um


bem particular - Através da compra ou pagamento de tributos por parte deste.
Herança jacente.

o DOAÇÃO; quando um particular doa um terreno para Prefeitura, ou Estado


para construção de um hospital publico, Escola Publica, Delegacia de
Policia ou outros,

II - ARRECADAÇÃO POR AÇÕES DISCRIMINATÓRIAS:


Ação discriminatória é conferida à União e aos Estados para separar as terras de
seu domínio das de propriedade de particulares em determinado perímetro. – Foi criada
pela Lei Régia de Terras de 1375 (promulgada por D. Fernando I, o Formoso;

DO PROCESSO DISCRIMINATÓRIO:
Conceito: O processo discriminatório é aquele destinado a assegurar a
discriminação e delimitação das terras devolutas da União e dos estados-membros,
além de separá-las das terras particulares e de outras terras públicas. A discriminação
das terras devolutas da União está prevista na Lei nº 6.383, de 7 de dezembro de
1976.
Existem duas modalidades de processos discriminatórios: a efetivada
administrativamente e por meio judicial.

III - PROCESSO ADMINISTRATIVO:

4
5

É aquele efetivado pela própria Administração. Está elencado nos arts. 2º aos
17 da Lei nº 6.383/76.

Podemos dividi-lo em três fases:

I – Instauração
II – Instrução
III – Conclusão

AÇÃO DISCRIMINATÓRIA ADMINISTRATIVA: A Lei Nº 601, de18.9.1850 (Lei de


Terras), regulamentada pelo Decreto Nº 1318 de 30.01.1854, adotou a ação
discriminatória administrativa.
AÇA0 ADMINISTRATIVA E JUDICIAL -
O Decreto-Lei n. 9760, de 5.9.1946 adotou o processo misto (administrativo e
judicial).

Processo judicial contencioso:

PROCESSO JUDICIAL: O processo discriminatório judicial é aquele que se efetiva por


intermédio do Poder Judiciário. Disciplinada está a discriminação das terras da União
nos art. 18 a 23 da Lei nº 6383/76;A Lei n. 3081, de 22.12.1956, aboliu a fase
administrativa, restando apenas o processo judicial contencioso.

Fase administrativa

O art. 1, § 1º, da Lei n. 4504, de 30.11.1964, Estatuto da Terra, restabelece a


Fase administrativa

Processo misto:

Atualmente a Lei n. 6383, de 7.12.1976, disciplina a matéria, estabelecendo o


processo misto.

Na ação discriminatória há uma inversão do ônus da prova, o particular (réu) é que


tem que provar a legitimidade de seu domínio ou de sua posse.

III - Expropriação:

A expropriação é a forma arrecadação compulsória de bens de particulares pelo


Poder Público:

5
6

SÃO FORMAS DE EXPROPRIAÇÃO:

• Diversas: - por ações judiciais como ass anulatórias, usucapião, etc. –


• Por herança jacente, perdimento, arrematação pelo credor,
• Adjudicação confisco e expropriações específicas

IMPORTANTE: O poder expropriante não será obrigado a consignar, para fins de imissão de
posse dos bens, quantia superior à que lhes tiver sido atribuída pelo proprietário na sua última
declaração, exigida pela Lei do Imposto de Renda, a partir de 1965, se tratar de pessoa física ou o
valor constante do ativo, se tratar de pessoa jurídica, num e noutro caso com a correção
monetária cabível; efetuada a imissão de posse, fica assegurado ao expropriado o levantamento
de oitenta por cento da quantia depositada para obtenção da medida possessória.

DESAPROPRIAÇÃO:

É o tipo de expropriação que pelo qual o Poder Público obriga o titular de um


bem móvel ou imóvel a desfazer-se por transferência desse bem, mediante o recebimento
de justa indenização.

QUANTO À FINALIDADE DA DESAPROPRIAÇÃO PODE SER POR:

o Necessidade pública (DL 3365/41),


o Utilidade pública (DL 3365/41,
o . Interesse social (CF/1946 e Lei n. 4132/62),
o Interesse social para fins de reforma agrária (ET).
o Desapropriação urbanística (art. 182/CF e Lei 10257/2021 – Estatuto da Cidade -
envolve a necessidade e utilidade públicas e o interesse social).

SÃO OBJETOS DE DESAPROPRIACAO BENS MOVEIS E IMÓVEIS.

a) QUANTO AO SUJEITO:
o União,
o Estado
o Municípios

6
7

a) QUANTO À FORMA:
o Desapropriação típica (com ou sem imissão de posse)
o Desapropriação indireta.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA:

o Apossamentos e apropriações ilegítimas pelos soberanos até a Declaração


dos Direitos do homem e do cidadão/
o 1789. – A desapropriação com indenização/Código Napoleônico (1804). –
Nas constituições brasileiras: consta a indenização, até que a CF/1937 remete
para legislação ordinária (DL 3365/41, Lei Básica da Desapropriação alterada
pela Lei n. 9785/99). –
o Desapropriação por interesse social. – diplomada na a CF/1946
o Desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária. EC n. 10/

À DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL TEM POR FIM:

a) condicionar o uso da terra à sua função social;

b) promover a justa e adequada distribuição da propriedade;

c) obrigar a exploração racional da terra;

d) permitir a recuperação social e econômica de regiões;

e) estimular pesquisas pioneiras, experimentação, demonstração e assistência


técnica;

f) efetuar obras de renovação, melhoria e valorização dos recursos naturais;

g) incrementar a eletrificação e a industrialização no meio rural;

LEGITIMIDADE ATIVA:
É da incumbência do INCRA promover a ação discriminatória da União
(art.18, LAC); Cabimento: Promove-se o processo judicial discriminatório:

7
8

I) quando o processo administrativo for dispensado ou interrompido por


absoluta ineficácia; (art. 19, I)
II) contra aqueles que não atenderem ao edital de convocação ou
notificação; (art. 14)
III) quando ocorrer alteração de divisas, ou transferências de benfeitorias a
qualquer título, sem assentimento da União (atentado) (arts. 19, II, 24 e 25);

V - BANCO DA TERRA.
FINALIDADE: financiar programas de reordenação fundiária e de assentamento rural. –
A compra direta do imóvel rural é regulamentada pelo Decreto 433/92, alterado pelos
2624/98 e 2689/98.

(CRIAÇÃO DO BANCO DA TERRA - LC n. 93, de 4.02.98 (institui o Fundo de Terras e


de Reforma Agrária - Banco da Terra), regulamentada pelo Decreto n. 2622/98 – é
um fundo especial de natureza contábil )

O QUE PODE SER FINANCIADO

• Compra de imóveis rurais;


• Taxas e custos cartoriais e do registro de imóvel;
• Serviços topográficos, quando necessários;
• Infra-estrutura (investimentos fixos e semifixos).

O QUE NÃO PODE SER FINANCIADO

• Imóveis localizados em unidades de conservação ou em áreas


indígenas;
• Imóveis que não disponham de documentação de legítimo domínio;
• Imóvel passível ou indicado para desapropriação.

8
9

BENEFICIÁRIOS

• Trabalhadores rurais (assalariados), parceiros, posseiros e


arrendatários, que comprovem, no mínimo, cinco anos de experiência
na agropecuária.

• Trabalhadores proprietários de imóveis rurais cuja área não alcance a


dimensão da propriedade familiar (ou módulo rural), como definida no Estatuto
da Terra - Lei nº 4.504, de 30/11/1964.

REFERENCIA DE CONSULTA

BRASIL , Lei nº 601/1850: -

BRASIL - Estatuto da Terra- Lei nº 4.504, de 30/11/1964/ organização dos textos,


notas remissivas e índices por Juarez de Oliveira. 11. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1995.
_______Constituição Federal do , 1988.

_______ Lei nº 6.383/76:

_______Emenda Constitucional nº 42/2003: CF/88,

BORGES, Paulo Torminn - Institutos básicos do Direito Agrário. 10. ed. rev. e ampl. São
Paulo: Saraiva 1996.
www.cirnelima.org/emerito.htm -
http://www.scribd.com/doc/39632773/APOSTILA-DIREITO-AGRARIO

You might also like