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Introdução
2. Metodologia:
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1. Montagem da pesquisa: localizou-se a população a ser investigada – fabrico de roupas
femininas em malhas para tamanhos G e XG, mediada pelo IPA-Caruaru.
2. Diagnóstico: construído por meio do diálogo com as comunidades, visitação ao
fabrico; registro iconográfico e entrevistas semi-estruturadas. Foram realizadas quatro
visitas: duas para levantamentos de dados, seguida de intervenções direcionadas.
3. Análise dos problemas encontrados: realizada por meio de discussões com os
integrantes do projeto, articulando teoria com a realidade encontrada.
4. Plano de Ação comunitária: as ações de intervenção foram planejadas antes do retorno
à comunidade, aliado aos testes com protótipos, conforme o caso.
5. Feedback: foi realizada análise conjunta do efeito das ações no fabrico até o momento,
subsidiada pela aplicação de uma entrevista as confeccionistas do fabrico de malhas
para tamanhos G e XG.
3. Referencial teórico:
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Quanto aos processos de trabalho, vale salientar que referido fabrico faz parte do
segmento de moda denominado de Plus Size, termo em inglês que em tradução literal seria
tamanho extra. De acordo com Batista (2010) o evento Plus Size brasileiro é inspirado no
evento Full Figured Fashion - desfile sediado na cidade de Nova Iorque em julho de 2009. O
Fashion Weekend Plus Size foi o primeiro evento no Brasil composto por marcas dedicadas
apenas ao público XG reunindo 10 grifes de todo o país. Neste desfilaram modelos com
manequins entre 44 e 50. O que denota a percepção das empresas do segmento de vestuário
para a oportunidade de mercado, visto que segundo pesquisa divulgada no ano passado pelo
Ministério da Saúde, 43,3% dos moradores das capitais têm excesso de peso. Destes, 13% são
obesos.
4. Resultados
4.1- O diagnóstico
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as entrevistadas, em função da anatomia das próprias produtoras e da carência de oferta de
manequins grandes na feira.
Quanto ao espaço produtivo e projeto de trabalho, apresentaram algumas fragilidades
no âmbito da ergonomia organizacional e da ergonomia cognitiva, tais como motivação,
tomada de decisões e treinamento. Desse modo, as primeiras discussões em torno do cenário
apresentado tomaram como referência a ergonomia organizacional e cognitiva, considerando
parte delas, o projeto de trabalho e neste os processos referentes ao design de moda, que
segundo Moura (2008) inclui as etapas da criação e do projeto do vestuário. Assim, por meio
do inquérito procurou-se saber como se dava tais fases.
A confeccionista (2010) relatou durante entrevista que, antes de produzir, procuram
por peças em revistas, nas telenovelas e em lojas locais, numa tentativa de direcionar a
produção de acordo com o gosto do seu público alvo. Esse processo, a nosso ver, apresentou
problemas na técnica de uso das informações, quer dizer, ao invés de filtrar os elementos para
produção de uma coleção, por exemplo, seu uso era feito na integra – o que caracteriza a
cópia, ou seja, a reprodução de um produto que já existe no mercado.
No referente à parte projetual, a modelagem era planificada de forma intuitiva, ou
seja, desenhada em papel Kraft com referência em uma roupa pronta. Em seguida, montava-
se a peça piloto e na seqüência - a prova em uma das costureiras do fabrico, que possui
medidas (ampliadas), considerada representantes do público para o qual fabricam. As
confeccionistas (2010) afirmaram também que, “[...] se ficar bom nela, fica bom nas outras
[...]”. Ou seja, se a peça-piloto for aprovada, são produzidas cerca de vinte peças. Estas são
expostas na feira e se a aceitação for satisfatória, são produzidas em maior quantidade.
Depois de produzidas as peças – elas são comercializadas na feira da Sulanca de
Caruaru, cujo público-alvo - são consumidoras finais e, em suas maiorias revendedoras – que
segundo as entrevistadas, priorizam os preços baixos. A procura ocorre pela moda que já se
popularizou, quer dizer, pela roupa que foi vista em alguma vitrine ou na novela. Entende-se,
portanto que as produtoras conhecem suas consumidoras e as descrevem como um público
que busca por informação de moda em meios de comunicação massificados - nas telenovelas,
nas ruas, nas vitrines de lojas da região. Este fato é um indicativo da dificuldade imposta pelo
contexto em comercializar produtos que não correspondam à forma estética difundida por
estes meios.
4.2- As intervenções
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Enquanto na parte projetual, havia uma tendência em modelar e pilotar de forma
intuitiva, mencionado anteriormente, por isso, optamos em demonstrar a técnica da moulage.
A demonstração se deu sobre o corpo de uma das proprietárias que tem formas aumentadas –
ela já era a manequim de prova da peça-piloto, assim foi possível unir a prática existente com
pequenas inclusões de outras técnicas (Figura 1).
Figura 1: intervenção nos processos de trabalho (criação e construção do vestuário). Fotos das autoras
5. Considerações finais
Referências
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Paulo. Veja São Paulo. São Paulo: 20/01/2010. Disponível em:
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