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AS PRÁTICAS CORPORAIS NO AUXÍLIO AO DESENVOLVIMENTO DO

CONVÍVIO SOCIAL DE MULHERES COM IDADE DE 30 A 60 ANOS.

Rozany Cristina de Souza

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo analisar o papel da Educação Física no
contexto social feminino, para compreensão de como as práticas corporais, como a
dança e o teatro, podem auxiliar no desenvolvimento do convívio social de mulheres
entre 30 a 60 anos de idade. Neste trabalho falaremos de um grupo de mulheres nessa
faixa etária, que fazem aula de dança, em uma academia de Goiânia, a qual o grupo não
faz parte, pois o local é apenas cedido para os encontros. Para coleta de dados foi
utilizada a entrevista com todo grupo e apenas com a professora, além da observação
participante. Após a investigação do problema, foi realizada a intervenção que consistiu
na Técnica Klauss Vianna, sistematizada no livro de Jussara Miller, A Escuta do Corpo,
para que houvesse uma perspectiva renovadora da dança.

PALAVRAS-CHAVES: Práticas Corporais*. Dança. Mulher. Convívio Social.

_______________________________

* Práticas Corporais: são componentes da cultura corporal dos povos, dizem respeito ao homem em
movimento, à sua gestualidade, aos seus modos de se expressar corporalmente. Nesse sentido, agregam as
mais diversas formas do ser humano se manifestar por meio do corpo e contemplam as duas
racionalidades: a ocidental (ginásticas, modalidades esportivas e caminhadas podem ser exemplos) e a
oriental (tai-chi, yoga e lutas, entre outras) (CARVALHO, Yara Maria de. Promoção da Saúde, Práticas
Corporais e Atenção Básica. Revista Brasileira de Saúde da Família. Brasília: Ministério da Saúde,
2006).
1. INTRODUÇÃO

Por muito tempo as mulheres se encontraram inseridas num meio social


repleta de tabus e conceitos que as impediam de ter participação plena e ativa nos
assuntos sociais e eram impedidas de se apresentar em lugares públicos como parques,
praças, escolas, enfim, locais onde pudessem conversar ou até mesmo realizar
atividades juntas. Mas após alguns anos muitas questões em torno do papel da mulher
na sociedade começaram a se modificar e aos poucos a mulher teve liberdade para
começar a expressar o que sentia e queria (DUARTE, 2003). Os diversos tipos de
práticas corporais realizadas hoje por muitas mulheres também fazem parte destas
conquistas, pois estas práticas possibilitaram o convívio entre elas, o que acabou
gerando uma troca de experiências interpessoais.
Atualmente não é fácil encontrar trabalhos de atividades corporais que
envolvam pessoas com idade entre 30 até 60 anos. As discussões e a produção
acadêmica, em sua maioria, se focam apenas na velhice ou então na infância até a
juventude. As pessoas nessa faixa etária acabam não tendo muitas alternativas de lazer e
de realização de práticas corporais. Principalmente as mulheres que nessa fase da vida,
além de se preocuparem com o trabalho, precisam se preocupar com casa, marido,
filhos, entre outros, apesar das conquistas e quebras de tabus a respeito da mulher
(DUARTE, 2003).
Neste trabalho falaremos de um grupo de mulheres com mais de 35 anos
de idade, o qual faz parte de uma igreja evangélica de Goiânia, que começaram a se
reunir para compartilhar experiências da vida, orações, entre outros. Passado algum
tempo começaram realizar alguns exercícios físicos, como alongamentos e aulas de
dança, mais especificamente o Balé Clássico, mas que é articulado com outras
modalidades como Jazz, Contemporâneo e outros. O grupo se reúne uma vez por
semana, acontecendo normalmente toda a segunda-feira das 19h às 21h30min em uma
academia de dança situada no Setor Vila Nova em Goiânia, que aos finais de semana
tem seu espaço utilizado para reuniões de fiéis pela igreja evangélica citada acima.
O trabalho foi construído ao longo deste ano e foram realizadas leituras
de artigos e livros para auxiliar na produção do projeto, também foram feitos o projeto
inicial e logo depois o plano de ação e a discussão dos dados. O presente trabalho vem
discorrer sobre como as práticas corporais podem ajudar estas mulheres, nas relações
interpessoais, apresentar a atividade física sem focá-la apenas como sinônimo de saúde,
que tem sido o discurso defendido por muitos profissionais (BAGRICHEVSKY;
ESTEVÃO; PALMA, 2006). Planejou-se também relacionar o papel da Educação Física
com o contexto social feminino, para compreensão de como as práticas corporais, como
a dança e o teatro, podem auxiliar no desenvolvimento do convívio social de mulheres
entre 30 a 60 anos de idade. Esta pesquisa vem de forma qualitativa salientar as
discussões sobre as conquistas do grupo em questão. É importante ressaltar que o
mesmo não faz parte da academia, o espaço é apenas cedido para que elas tenham seus
encontros semanais.
Os objetivos específicos da pesquisa com esse grupo baseiam-se na
identificação dos motivos que levaram essas mulheres a buscar as práticas corporais; na
compreensão de como a dança e o teatro em grupo podem ajudar no desenvolvimento
social das participantes; em analisar se houve algum conflito interno ou externo para
que elas não realizassem tais práticas; na identificação das maiores dificuldades
encontradas pelas participantes na realização das práticas corporais e na análise da
organização do trabalho pedagógico da professora.
Neto (1994) aborda em seu texto sobre entrada no campo de trabalho, a
qual exige uma aproximação do pesquisador com os sujeitos em estudo. Por isso na
primeira parte deste trabalho, a observação participante foi um dos principais meios
para viabilizar uma relação mais próxima sem distanciar o sujeito do pesquisador
(NETO, 1994). Para a coleta dos dados foi realizada uma entrevista com a professora e
um grupo focal com as participantes para discussão acerca dos objetivos da pesquisa e
nesses encontros, tanto para a entrevista, quanto para o grupo focal houve a gravação do
diálogo.
Na segunda parte do trabalho que se consistiu na intervenção, foi
apresentada uma perspectiva diferenciada da dança. Essa seria capaz de promover o
conhecimento corporal de forma consciente, desmistificar as práticas corporais como
determinantes de saúde, como é importante o lazer a partir das práticas de movimento
do corpo e como este corpo pode definir a linguagem verbal e não verbal estabelecendo
o que chamamos de comunicação interpessoal (MATOS, 1994). O método de aplicação
seguiu os estágios de sistematização da Técnica de Klauss Vianna que é divida em
Processo Lúdico, Processo Dos Vetores e Processo Criativo e/ou Processo Didático
(MILLER, 2007). Como resultados do processo de aprendizagem tanto a professora
quanto as alunas se apresentaram bem disponíveis para a realização do trabalho
proposto e relataram ainda que se sentiam mais vivas.
2. DEBATENDO COM AUTORES

Na procura do campo de trabalho e meios para mais investigações, vale


lembrar que “o trabalho de campo se apresenta como uma possibilidade de
conseguirmos não só uma aproximação com aquilo que desejamos conhecer e estudar,
mas também de criar um conhecimento, partindo da realidade presente no campo.”
(NETO, 1994, p. 51). Essa ideia nos cabe muito bem, pois o trabalho com pessoas na
maturidade, principalmente com mulheres na faixa etária de 30 a 60 anos não é muito
investigado sendo destacados apenas dois campos extremos de estudo da infância e da
velhice.
Ao analisar o contexto histórico feminino, podemos perceber que por
muitos anos, as mulheres viviam cercadas de tabus que as impediam de ter participação
ativa nos assuntos sociais. Algumas viviam escondidas por seus maridos, em suas casas
sem possuir nenhum tipo de contato com a sociedade e nem sequer tinham acesso a
informação ou a práticas de lazer (DUARTE, 2003). Mas após alguns anos,
principalmente com o surgimento do movimento Feminista no século XIX muitas
questões em torno do papel da mulher na sociedade começaram a se modificar. As
mulheres que antes se escondiam da sociedade aos poucos conquistaram espaços, antes
jamais pensado, aos poucos a mulher teve liberdade para começar a se expressar da
forma mais livre, ou melhor, do seu próprio jeito (DUARTE, 2003).
Duarte (2003) nos relata em seu texto sobre algumas conquistas do
movimento feminino como o direito de voto, inserção no mercado de trabalho, direito
de escolhas, entre outros. Mas essas conquistas não retiraram das mulheres a missão de
ser mãe, esposa, dona do lar e por isso o tempo destinado a descoberta de si mesma, do
lazer, foi esquecido.
À medida que amadurecemos somos marginalizados pela sociedade, pois
estamos “numa sociedade que cultua a juventude” (MINATO; TRAESEL, 2009, p. 3).
Realidade vivida principalmente por mulheres na faixa etária de 30 anos acima, que em
sua maioria se privaram do acesso ao esporte, a práticas de lazer, entre outros e
carregam consigo o pensamento de que não é mais possível ter um convívio social fora
de casa e do trabalho.
Diante desse pensamento equivocado, a Educação Física tem como um
de seus papéis, desmitificar esse distanciamento entre idade corporal, práticas corporais
e sociedade. O nosso papel não é apresentar o esporte como competição ou ainda
restringir as “associações entre atividade física e saúde” (FRAGA, 2006, p. 105), mas
temos como principal objetivo levar essas mulheres “à prática de esporte e de lazer
como direitos sociais que possibilitem a constituição da cidadania e da emancipação
humana numa perspectiva popular que leve as pessoas a conviverem melhor em suas
respectivas comunidades.” (FALCÃO; SARAIVA, 2006, p. 2).
Quando falamos do professor de Educação Física, seja qual for a sua área
de atuação, já nos lembramos do trabalho com o corpo e na maneira que este pode se
expressar. O corpo pode definir a linguagem verbal e não-verbal e pode estabelecer a
comunicação interpessoal (MATOS, 1994). Mas para que a comunicação seja clara é
preciso que cada indivíduo conheça o seu corpo e, para despertar a percepção do próprio
corpo é preciso um trabalho de consciência corporal (MILLER, 2007).
Vianna (2008) ressalta a importância de que é preciso um trabalho de
consciência corporal antes do ensino de qualquer técnica e acredito que para essas
mulheres, a consciência do trabalho corporal se faz necessário, pois essa percepção pode
estabelecer uma relação direta com a sociedade. É preciso ressaltar que essa ideia de
consciência corporal vale não somente para dança, mas para qualquer modalidade a ser
aplicada, uma vez que é essencial o conhecimento do corpo com suas possibilidades e
limitações.
Falcão e Saraiva (2006, p. 2) deixam claro uma realidade enfrentada por
muitos: “Não é de hoje que as cidades brasileiras, em geral, demonstram carência no
que diz respeito à prática de esporte e de lazer como direitos sociais”. Não há um
incentivo do esporte como um direito, as pessoas apenas articulam o esporte e o lazer
como algo exclusivamente ligado a saúde, como um milagre, pois quem faz exercício
físico tem saúde e quem não faz não a tem (FRAGA, 2006). É preciso superar esta visão
através da investigação e aproximação das mais diferentes práticas e, por isso a
necessidade de articular a Educação Física cada vez mais com a sociedade.
Esta colocação de exercício físico apenas como sinônimo de saúde é
percebida no texto de Bagrichevsky, Estevão e Palma (2006, p.24) que nos relata sobre
alguns conceitos defendidos pela Educação Física:

A dimensão exultada nessa tendência é a da ‘atividade física (ou aptidão


física) associada à saúde’, compreensão esta, recorrente em boa parte das
publicações acadêmicas na área e que busca advogar a existência de uma
relação de ‘causa e efeito’, quase exclusiva, entre ‘exercício’ e ‘saúde’. Em
outras palavras, para tais estudos, a saúde poderia ser tomada, a priori, como
conseqüência de efeitos fisiológicos (mensuráveis quantitativamente)
produzidos pela prática regular de atividades físicas sistemáticas.
Os professores de Educação Física precisam superar essa visão vinculada
somente ao biológico, a unicausalidade (BAGRICHEVSKY; ESTEVÃO; PALMA,
2006), pois a saúde não se restringe apenas a essa ideia, mas sim tendo em consideração
o sentido ampliado de saúde segundo Ros (2006, p.58 apud WOODWARD, 1986):

Em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante das condições de


alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte,
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso à serviços de
saúde. É, assim, antes de tudo o resultado das formas de organização social
da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de
vida,..., A saúde não é um conceito abstrato. Define-se no contexto histórico
de determinada sociedade e num dado momento de seu desenvolvimento,
devendo ser conquistada pela população em suas lutas cotidianas.

Minato e Traesel (2009) nos trazem também outra restrição do sinônimo


de saúde, que é o conceito de práticas corporais intimamente ligadas à estética e uma
grande aliada à massificação desse conceito é a mídia, que veicula padrões que poucas
pessoas têm acesso. As autoras trazem também a dificuldade que muitas mulheres
encontram na maturidade, pois a beleza está ligada a juventude que nos remete a busca
do corpo perfeito. Essa busca não está ligada muitas vezes a saúde, mas sim a aparência
física. Um exemplo bem real no que diz respeito à indução da mídia e meios de
comunicação com o “cuidado” com corpo são as revistas que trazem matérias com dicas
de emagrecimento e receitas até então milagrosas.
Para que haja um romper com estes conceitos fechados, os professores e
profissionais, independente de sua área de atuação, devem começar a mudar algumas
concepções e aplicar novos métodos de ensino e inclusão. Um exemplo disso é o
trabalho com a Técnica Klauss Vianna que vem sendo aplicada por Jussara Miller. Essa
técnica se apresenta em três estágios diferentes sendo o primeiro o Processo Lúdico, o
segundo processo dos Vetores e por último o Processo Criativo e/ou Processo Didático
que é opcional (MILLER, 2007). A leitura deste texto nos faz entender que é necessário
permitir que o aluno conheça seu corpo e trabalhe com ele sem que haja medo, mas sim
um despertar. Como proposta Miller “propõe, antes de mais nada, uma disponibilidade
corporal para o corpo que dança; o corpo que atua; o corpo que canta; o corpo que
educa; o corpo que vive.” (MILLER, 2007, p.52). O corpo aqui é tratado como um todo,
e não apenas como uma parte, como algo mecânico é levado em consideração que o
corpo vive e não apenas atua.
Segundo Miller (2007, p.52):
No processo lúdico, corpo é despertado, desbloqueado, causando a
transformação dos padrões de movimento para, na segunda etapa, ser levado
ao aprofundamento do processo dos vetores, quando são trabalhadas as
direções ósseas, resultando em um processo criativo...
Pode-se perceber que há um estímulo para que a pessoa reconheça o seu
corpo, saiba trabalhar cada parte deste conscientemente, o aluno é levado a criar, ele não
é apenas uma máquina que precisa gravar tudo e repetir gestos mecânicos, mas a pessoa
é estimulada a se movimentar de forma espontânea.
Bagrichevsky, Estevão e Palma (2006, p. 39) deixam claro no seu que:

É mais do que passada à hora de nos colocarmos à crítica, tentando


desenvolver, com toda cautela e perplexidade necessárias, uma análise
dialógica com outros campos do saber, sobretudo aqueles que privilegiam
discutir as questões profundamente demarcadas pelas desigualdades sociais
dos tempos atuais, não aceitando-as como um ‘curso natural’ da história da
humanidade. A Educação Física postada como campo de atuação social e
científica, mas que se ancora numa práxis, onde ainda predominam incursões
mensurativas que objetivam ‘classificar’ comportamentos de risco e de saúde,
precisa se interrogar urgentemente, sobre essas questões.

Essa frase impulsiona uma crítica urgente ao que tem sido defendido por
muitos profissionais da área que não querem se relacionar com outros saberes. Saberes
estes que devem ser levado em consideração seja um simples saber do aluno com suas
experiências de vida ou de um profissional atuante. As pessoas precisam ser respeitadas
pelo que elas são e não apenas pelo que elas têm a oferecer.

2.1 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS

Falcão e Saraiva (2006) nos traz que as cidades brasileiras têm carência
nos que diz respeito ao incentivo de práticas corporais. Essa carência é refletida na falta
de espaços para determinados grupos de pessoas como do grupo pesquisado que se
reúnem em um espaço cedido em academia de dança em Goiânia, onde os encontros
acontecem uma vez por semana, sendo na segunda-feira às 19h. Não é cobrado nenhum
valor para o grupo ocupar o local, elas tem toda liberdade dentro da academia e são
respeitadas como qualquer outra turma da academia.
O espaço físico é grande, mas não é todo utilizado pela academia. A sala
de aula utilizada pelo grupo fica uma sala, onde nos horários das aulas, acontece
ministrada uma aula de Hip-Hop e tanto os alunos quanto a professora são adolescentes
e daí eles colocam o som no último volume atrapalhando o grupo que está na sala ao
lado. Mas quando isso acontece à secretária da academia solicita que o volume seja
diminuído a sala ao lado, a do grupo, e objeções volume é diminuído. Esse fato é
interessante porque o grupo não é desprezado por não pagar mensalidade ou por não
fazer parte da academia, nem tão pouco por serem mulheres mais velhas. O Grupo é
respeitado porque na lógica da academia o que vale é o tentar aprender, a busca por
novas oportunidades. Durante toda observação no local os alunos respeitavam essas
mulheres por aquilo que tem a oferecer e não somente por serem pessoas que
necessitam de uma atenção mais específica devido à idade de cada uma.
Para uma aproximação e conhecimento da realidade vivida por estas
mulheres foi utilizada a entrevista com a professora, que tem 48 anos de idade e vinte e
cinco anos de atuação com dança, sendo feitas as seguintes perguntas: Qual a sua
proposta de trabalho para essas mulheres? Como você acredita que o teatro e dança
pode auxiliar no desenvolvimento social das participantes? Você se baseia em alguma
literatura para organizar as metodologias aplicadas nas aulas? Qual (is)? As
metodologias respondem as expectativas das alunas?Para você quais são maiores
dificuldades enfrentadas pelas alunas?A respeito do conhecimento corporal e superação
de limites físicos, emocionais, entre outros, você têm visto mudanças significativas na
vida de suas alunas?
Para a discussão com todas do grupo foi utilizada a entrevista, em forma
de grupo focal,que “é um grupo de discussão informal e de tamanho reduzido, com o
propósito de obter informações de caráter qualitativo em profundidade”( Gomes e
Barbosa, 2009, p.3) e foram levantadas as seguintes questões: Como o aprendizado da
dança e o teatro tem contribuído para o desenvolvimento pessoal de vocês; Qual o
principal objetivo na participação de vocês nesse grupo; Os objetivos têm sido
respondidos; Quais são as maiores dificuldades que vocês encontram para estarem aqui.
As aulas aplicadas pela professora têm respondido as expectativas de vocês. No dia do
grupo focal participaram apenas cinco alunas, pois as demais estão com dificuldade de
horário e enfrentado limitações como doença. As alunas serão identificadas como A, B,
C, D e E de idade 29, 53, 48, 58 e 55 anos.
Como resposta para algumas dessas perguntas temos uma fala importante
da aluna C: “É, a maior dificuldade é em horário né, porque nós temos uma carga horária
como esposa, como mãe né, então nós temos que da conta de lava, passa, cozinhá, cuida de
filhos, de marido [...] algumas até trabalham também né, quando tem seu serviço já sai seis
horas né.”
Podemos perceber que a dificuldade para a mulher ter o seu próprio
tempo não é fácil e por isso muitas não conseguem se programar ou de fato não tem
como ter acesso as práticas corporais somente para elas.Outra dificuldade que elas
encontram para estar ali é a questão de vencer as limitações do próprio corpo,
representada na fala da aluna D quando levantada a questão de maior dificuldade
encontrada para estar ali:

Pra mim é consegui acompanha. A idade 58 anos não é para qualquer um [...]
e também problemas de tendinite então isso tem me atrapalhado entendeu?
Eu não consigo fazer os exercícios, acompanhar, como eu gostaria, acho que
se eu estivesse bem na questão de meu ombro e meu braço acho que eu faria
melhor, porque e já comecei a fazer balé 3 a 4 anos atrás mas tive que parar
por causa do problema no ombro, se não fosse isso já estaria bem. Mas é uma
coisa muito prazerosa estar aqui para a saúde e comunhão.

Além da fala da aluna D, a professora também nos relata sobre outras


dificuldades como:
Dificuldade de coordenação motora [...] éh, dificuldades de enfermidades
também porque nós já estamos na menopausa, que é nos hormônios que tem
problemas emocionai né, várias coisas que afetam e... bursite, problemas de
diabetes tem uma das integrantes que tem o pé diabético e ela não pode forçar
o pé, tem vários problemas que estão em tratamento.

Essas são questões que não devem ser tratadas como empecilho para elas
estarem ali, pois até mesmo elas não acreditam que seja um fato para parar de praticar
os exercícios, uma vez que tem se tornado algo prazeroso e um meio de superação e
conquista como demonstra a aluna D em sua fala. E como superação, há um caso de
uma aluna que teve câncer e achou naquele lugar um novo começo: “estar aqui foi
maravilhoso pra mim, eu tenho uma nova vida, eu saber que eu poderia de novo, assim,
continuar minha vida né, depois que eu tava com seis meses de operada. Foi um marco na
minha vida né de reinício da minha vida.”
A professora relatou também sobre o relacionamento das alunas no grupo
e também como o fato delas estarem ali e realizar apresentações interferem nos
relacionamentos com as famílias, após a entrada delas no grupo. Ela diz:

Bom, isso é visível pelo que acontece nesses quatro anos é [...] umas
preocupando com as outras estar relacionando, participando da vida das
outras orando uma pelas outras e sabe dos problemas busca ajuda e isso é
uma forma de estar desenvolvendo. Agora elas entre a família ou mesmo
cada vez que elas apresentam a família se orgulham das mães participando,
são sonhos que foram enterrados talvez quando crianças, pessoas que não
tiveram oportunidade de aprender balé quando criança, então agora elas estão
realizando um sonho, isso é muito bom.

Outra questão levantada por uma das alunas diz respeito à aparência, a
beleza do corpo. Inclusive na fala a aluna A destaca que “quanto a postura cara eu era
toda entrevada sabe!?(risos) e assim eu andava na rua olhando pra baixo, mas hoje não. Hoje
eu ando grande, alta, bonita e assim exibida também(risos). Hoje eu tenho muito auto-estimo
entende!?”. A aluna expõe que o fato dela estar ali gerou uma segurança no seu próprio
comportamento, que antes se sujeitava ao controle que “ocorre através de artifícios
midiáticos, de imagens e discursos veiculados nos meios de comunicação que
convocam os sujeitos a falar de um lugar de ideal de corpo, ou seja, fala-se na beleza
associada à juventude.” (MINATO; TRAESEL, 2009, p.3).
Durante as aulas a professora faz bastantes elogios quanto aos
movimentos de cada aluno, usando isso como uma forma de incentivo. Ela não trata as
alunas como se estivesse dando aula para criança, mas sim respeitando os limites e
estimulando o que cada uma pode oferecer. Essas aulas não obedecem a um padrão
específico, mas a professora inclui o aprendizado dos movimentos do balé de uma
maneira descontraída e mais solta. São exercícios de resistência, flexibilidade, força,
tudo sem uma ordem correta, mas articulado com o que as alunas conseguem fazer. A
professora passa sempre alguns exercícios básicos para que elas façam em casa. Cada
passo ensinado é corrigido pela professora que fica bem atenta a cada movimento
realizado pelas alunas.
As alunas possuem comportamentos diversificados, algumas quando não
conseguem realizar os movimentos param e ficam esperado o próximo, outras até
conversam sobre assuntos do cotidiano e esquecem-se de fazer os exercícios e a
professora precisa chamar a atenção para que não haja conversas paralelas a aula, mas é
algo bem descontraído e nada com autoritarismo.
Após o ensino dos movimentos, elas se reúnem em uma conversa para
avaliar se aula foi boa, quais exercícios foram realizados de uma forma confortável e
satisfatória, daí em diante a conversa toma vários rumos. A aula acaba por volta de 22h
e algumas vão embora com a professora e outras moram perto da academia.
A partir destas observações e conversas, pode ser traçado o plano de
ação, para a intervenção no campo de trabalho, sendo efetivado na segunda etapa da
pesquisa. Esta intervenção teve como objetivo apresentar a dança em seus aspectos
gestuais, técnicos e conceituais, tendo como referência a Técnica Klauss Vianna
apresentada por Jussara Miller em seu livro A escuta do corpo e com isso promover as
práticas corporais, no caso à dança, como um auxílio no desenvolvimento do convívio
social dessas mulheres. O método de aplicação seguiu os estágios de sistematização da
própria Técnica de Klauss Vianna, que permite o desbloqueio do corpo, para que haja
uma transformação dos movimentos já padronizados, o conhecimento dar articulações e
ossos presentes no movimento e enfim o processo criativo (MILLER,2007).
O corpo é o meio pelo qual nos comunicamos, seja a comunicação verbal
ou não verbal. Comunicamo-nos através de gestos mecanizados e sem nenhuma
percepção durante o nosso dia a dia, estamos sempre em constante movimento, mas não
nos questionamos se estão certos ou não. Não somos ensinados a questionar, pensar
como queremos, devemos apenas repetir o que nos é ensinado. Com isso é preciso que
haja formas diferentes de ensino. São necessários métodos que nos façam ter
consciência do trabalho corporal realizado.
A dança e a movimentação cotidiana não se prendem ao passado ou ao
futuro, nem a um professor. O que interessa é o agora. Ninguém melhor do
que você pode questionar sua postura, suas ações. Não são as seqüências de
postura dadas por uma pessoa à sua frente que farão de você um bailarino ou
uma pessoa de movimentação harmônica. A dança começa no conhecimento
dos processos internos. Você é estimulado a adquirir a compreensão de cada
músculo e do que acontece quando você se movimenta. (VIANNA, 2008, p.
104)

Acredita-se que o trabalho de consciência corporal é muito importante


para o convívio social e por isso foi utilizado os meios cabíveis para proporcionar o
conhecimento específico de cada parte do corpo, utilizando a dança de forma
descontraída, sem que o grupo em questão fosse considerado máquinas, que são
obrigadas a repetir os gestos ensinados e que jamais são questionados.
A intervenção não pode acontecer diretamente com as alunas, pois o
argumento utilizado pela professora foi:
Desculpa, mas não terá como eu ceder as próximas aula pra você porque
fomos convidadas pra participar dançando no espetáculo de fim de ano aqui.
E o tempo que eu tenho pra trabalhar com elas nesse caso já é pequeno por
causa que elas tem certas dificuldades de aprender e gravar os passos
ensinados como você já percebeu né!? Mas eu queria que você me ajudasse
nesses dias, você vai me passando o que pensou e aos poucos vou colocando
junto com a sua ajuda.

Assim, o ensino da Técnica foi feito com o acompanhamento com a


professora para que a mesma passasse o conteúdo, a intervenção foi satisfatória, pois em
cada aula a professora se sentia mais segura sobre o que estava sendo passado e as
alunas começaram a despertar o seu corpo, que hoje é percebido e respeitado.
Participando das aulas e observando a forma de expressão de cada uma, era notória a
mudança de comportamento e disponibilidade para a realização do trabalho.
Infelizmente as questões familiares e cotidianas ainda interferem no compromisso com
as atividades, não permitindo que algumas mulheres tenham tempo suficiente para
realizar além do que elas já fazem, mas para elas esse momento de estar ali
compartilhando suas vivências e superando limites já é o importante.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Partindo do objetivo do trabalho que seria relacionar o papel da Educação


Física com o contexto social feminino, para compreensão de como as práticas corporais,
como a dança e o teatro, podem auxiliar no desenvolvimento do convívio social de
mulheres entre 30 a 60 anos de idade, pode-se perceber que é emergencial a mudança de
conceito de saúde, exercícios físicos, entre outros. Isso porque as práticas corporais não
devem ser ligadas somente a estes conceitos, mas uma lógica bem maior que leve em
consideração o sujeito e o convívio em sociedade.
É bom saber que existem pessoas como esse grupo que tem se reunido
por conta própria em busca de coisas novas, tal fato reflete não somente com mulheres
nessa idade, mas acredita-se que isso ocorra também com homens. Essa é uma
população que tem muito a oferecer como podemos perceber na fala de algumas da
alunas. Algumas delas tinham problemas com a família e depois de começarem a
dançar, se apresentarem como uma bailarina, a família reconheceu que a mulher, mãe
pode sim ter seus sonhos realizados.
A atitude dessas mulheres em se dispor a aprender a dançar mesmo com
tantas limitações, sem um lugar específico, dificuldade para sair de casa e deixar o
marido e os filhos, trabalhar, nos confronta como educadores, pois temos em nossa
mentalidade que para elas o tempo já passou que só devemos trabalhar com crianças,
para incentivar a prática de esporte desde cedo, ou então trabalhar com idosos que
precisam melhorar a “dita” saúde.
As pessoas precisam ser incentivadas por aquilo que são e não somente
por aquilo que elas têm a oferecer a sociedade. Não é apenas no trabalho ou em casa que
se deve ter relacionamento. É preciso práticas mais conscientes de ensino e isso é tarefa
de profissionais capacitados, livres de mentalidades fechadas que não são abertas ao
novo.
A pesquisa com estas mulheres foi bastante satisfatória, para
compreendermos onde o professor ou profissional seja como é colocado, de Educação
Física deve mudar, no que diz respeito a formas de intervenção e na forma de estudo,
que deve ser aprofundada e possa responder as necessidades de cada indivíduo. Este
grupo demonstra, assim como varias outra pessoas, que querem aprender e aprender
bem, não só para atingir um objetivo, mas todos os objetivos desejados e que possam
ser alcançados.
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26/06/2010.

NETO, O. C. O Trabalho de campo como descoberta e criação. In: MINAYO, M. C. de


S. (Org). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. p.
51-65.

ROS, M. A. da. Políticas Públicas de saúde no Brasil. In: BAGRICHEVSKY, M. (Org).


A Saúde em debate na Educação Física - Volume 2. Blumenau: Nova Letra,
2006.p.45-66.

VIANNA, K. Percepção Corporal a partir de movimentos básicos. In: VIANNA, K. A


DANÇA. São Paulo: Editora Summus, 2008. p. 119-131.
APÊNDICE I

Acadêmico (a): Rozany Cristina de Souza

Plano De Intervenção Data: 27/09/2010

Horário: 19h às 21:30h

Roda de Conversa e Acompanhamento da Aula de


Tema da intervenção
Dança

Conteúdo Explicação Do Trabalho E Das Metodologias

Explicar o que será realizado durante as próximas


Objetivo geral
semanas
Expor o plano de intervenção;
Objetivos específicos Acompanhar a aula e a participação das alunas;
Analisar a aula dada pela professora.

Metodologia Observação participante e conversa

VIANNA, Klauss. Percepção Corporal a partir de


movimentos básicos. In: VIANNA, Klauss. A
DANÇA. São Paulo: Editora Summus, 2008. p. 119-
131.
Bibliografia

MILLER, Jussara. A Escuta do corpo:


Sistematização da Técnica Klauss Vianna. São
Paulo: Summus, 2007.
RELATÓRIO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
27/09/2010

 Cheguei à academia às 18h30min, mas só a professora estava no local.


 A sala utilizada estava sendo ocupada pelas crianças, sendo que está sala é
reservada para as crianças até as 18h40min.
 Enquanto esperávamos o horário da aula, conversamos sobre a minha intervenção e
ela me explicou que eu não poderia intervir de forma direta, ou seja, eu não poderia estar
à frente das ministrações das aulas. Mas ele disse que eu poderia orientá-la quanto ao
método que seria utilizado na intervenção pra que ela passasse, com o meu
acompanhamento.
 A justificativa para não permitir a intervenção foi que elas foram convidadas para
participar do evento de final de ano da academia e o tempo estava muito curto. Apesar
de não poder intervir diretamente, a professora me pediu para participar das aulas, pois
ela percebeu que as aluna ficaram mais disposta por participarem da pesquisa e ela disse
que eu poderia auxiliá-la nas atividades.
 Eram 19h e ainda não havia nenhuma aluna, continuamos a conversar.
 Por volta das 19h40min a primeira aluna chegou, justificando que ela se atrasou por
que teve que fazer a janta pros filhos e pro seu marido. Após a chegada dessa aluna,
mais três pessoas chegaram para a aula.
 A aula começou de fato às 20h. Hoje estavam todas as alunas, que ao todo são
sete.Antes de iniciar a prática, a professora cedeu um espaço para que eu pudesse falar
com as alunas e explicar sobre o trabalho. Expus sobre o trabalho e fui muito bem
recepcionada quanto a minha atuação. Uma das alunas disse que seria um incentivo para
ela o meu trabalho durante as aulas.
 Para começar a aula elas fazem uma oração, agradecendo a Deus, de acordo com os
costumes da religião do grupo que é o protestantismo. Depois a professora colocou uma
música para fazer o aquecimento. Os movimentos eram dirigidos por ela e nem todas as
alunas executavam no mesmo tempo e ainda tinham muita dificuldade para mover o
corpo.
 É importante lembrar que as alunas têm idade variada entre 30 e 65 anos de idade e
apresentam algumas doenças como diabetes, artrite, artrose e hipertensão.
 O aquecimento foi bem rápido e logo depois elas iniciaram a criação de uma
coreografia, a qual será apresentada no final do ano no espetáculo que a academia
promoverá.
 Foi um momento muito interessante, pois algumas auxiliaram a professora na
montagem da coreografia, enquanto outras ficaram quietas aguardando as orientações.
Nesse momento houve um momento de descontração entre todas. A professora me pediu
para ajudá-la na montagem da coreografia.
 O mais motivante da aula é ver algumas mulheres com dificuldade de locomoção,
coordenação motora não parar e continuar as atividades. E isso se dá ainda mais pelas
palavras de motivação diz em toda aula.
 Para terminar a aula a professora colocou a música da coreografia, passou uma vez
o que foi montado e logo depois todas se sentaram no chão da sala e fizeram um
exercício de relaxamento. A atividade consistiu em desligar a luz da sala e ficar a
iluminação que vinha de fora, uma música bem calma com sons de águas, pássaros e
praticar alongamentos leves no chão e exercícios de respiração.
 No final, por volta de 22h,(aula terminou mais tarde para compensar o atraso no
começo) todas se reuniram e oraram por uma das participantes que está muito doente
por causa da diabetes e agradeceram novamente. A aula terminou e ficamos
conversando um pouco e depois fomos embora (22e15h).
 A recepcionista da academia esperou a aula acabar para fechar a academia.
Lembrando que a academia tem suas atividades encerradas às 21e30hs.
APÊNDICE II

Acadêmico (a): Rozany Cristina de Souza


Plano de Intervenção Data: 04/10/2010
Horário: 19h às 21:30h

Planejamento
Tema da intervenção

Planejamento do ensino da Dança (Método Klauss


Conteúdo
Vianna)

Organizar o plano de intervenção e as metodologias


Objetivo geral
que serão utilizadas na intervenção.

Planejar o conteúdo das aulas


Estipular horários determinados para cada atividade
Objetivos específicos Elaborar um plano para ser apresentado para a
professora e para as alunas.

(Re) Leitura dos livros de Vianna e Miller e


Metodologia
produção

VIANNA, Klauss. Percepção Corporal a partir de


movimentos básicos. In: VIANNA, Klauss. A
DANÇA. São Paulo: Editora Summus, 2008. p.
119-131.
Bibliografia
MILLER, Jussara. A Escuta do corpo:
Sistematização da Técnica Klauss Vianna. São
Paulo: Summus, 2007.
RELATÓRIO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
04/10/2010

MANHÃ: 8-12HS

 Hoje reservei o espaço da manhã para produzir o plano de aula.


 Comecei refletindo sobre o que de fato eu quero alcançar e como posso cooperar para
a melhora do trabalho já realizado por estas mulheres.
 Uma vez feito isso, retomei a leitura dos capítulos do livro A ESCUTA DO CORPO
de Miller, que me fizeram refletir o que de fato significa a dança.
 Também refleti um pouco com o livro A DANÇA do próprio Vianna e comecei
traçar o plano de intervenção.
 Fiz algumas anotações e estruturei um roteiro e para entregar à professora para
informá-la corretamente do que iria ser feito.

NOITE: 19-21e30HS

 Cheguei na academia e professora já estava me aguardando para conversamos sobre a


intervenção.
 Ela me pediu desculpas e disse que não teria como eu dar a minha aula conforme
combinado, pois a academia tinha convidado elas e as meninas pra participar do
espetáculo do final de ano, e o tempo era muito curto para ela organizar e aplicar a
coreografia. Ela disse que sentia muito e que queria que a auxiliasse na construção da
coreografia e se eu podia passar para ela o que eu tinha construído do trabalho e aos
poucos ela apresentaria nas aulas.
 Concordei com ela e disse que seria muito bem ajudá-la. Indiquei ainda a leitura dos
livros de Miller e Vianna e ela concordou. Enquanto a aula não começava fui explicando
a ela como era feito o trabalho e juntas realizamos alguns experimentos.
 A professora me disse que quando começou a dançar teve um contato com a escola
dos Viannas, mas não aprofundou seus conhecimentos e que já pensava na dança como
estava na proposta.
 Depois de algum tempo, por volta da 19:40h as alunas começaram a chegar.
 Como nas outras aulas elas fizeram uma breve oração e foi feito o aquecimento, hoje
com movimentos mais soltos, no ritmo da musica, algo bem descontraído. Logo em
seguida começamos a montagem da coreografia.
 Depois disso elas oraram novamente e todas foram embora. Uma das alunas ficou
com a professora e pediu ajuda sobre um problema particular. As duas se afastaram e
conversaram por alguns instantes. A aluna chorou um pouco e por fim deu um abraço na
professora.
 Vejo esse fato como algo além de uma relação aluno professor, mas de
companheirismo.
 Enfim fomos embora.
 Hoje estavam presentes todas as alunas.
APÊNDICE III

Acadêmico (a): Rozany Cristina de Souza


Plano De Intervenção
Data: 18/10/2010
Horário: 19h às 21:30h

Processo lúdico
Tema da intervenção
(Acordar O Corpo)

Conhecer as partes do corpo através de movimentos e


gestos realizados. Somos levados a nos conscientizar de
Conteúdo como o nosso como produz a dança. Nessa fase o
processo é considerado com “o acordar” (MILLER,
2007).

Proporcionar o conhecimento do corpo


Objetivo geral

Acordar o corpo
Objetivos específicos Despertar a sensibilidade das alunas em relação aos
movimentos

Exposição de movimentos e utilização de músicas bem


Metodologia
suaves.

VIANNA, Klauss. Percepção Corporal a partir de


movimentos básicos. In: VIANNA, Klauss. A DANÇA.
São Paulo: Editora Summus, 2008. p. 119-131.

Bibliografia

MILLER, Jussara. A Escuta do corpo: Sistematização


da Técnica Klauss Vianna. São Paulo: Summus, 2007.
RELATÓRIO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
18/10/2010

 Neste dia a professora me ligou por volta de quatro horas da tarde dizendo
que não haveria aula, porque uma das alunas, a mais velha de 65 anos, estava
muito doente devido alguns agravos da diabetes. Ela havia combinado com duas
alunas para ir visitar essa aluna que estava doente.
 A professora me disse que esta lendo os livros e que qualquer dúvida me
ligaria para questionamentos.
 Então fui embora para casa para continuar produzindo os planos de ação e
projeto.
APÊNDICE IV

Acadêmico (a): Rozany Cristina de Souza


Plano De Intervenção
Data: 25/10/2010
Horário: 19h as 21:30h

Tema da intervenção Processo dos Vetores

“O trabalho de direções ósseas está mapeado em oito vetores de


força distribuídos ao longo do corpo. Inicia-se o estudo desses
vetores pelos pés e finaliza-se no crânio, estando todos os eles
inter-relacionados, reverberando no corpo inteiro. Os vetores de
Conteúdo força têm suas respectivas funções, ou seja, cada direção óssea
aciona musculaturas específicas, funcionando como alavancas
ósseas numa ação organizada que dirige e determina o
movimento” (MILLER, 2007, p. 75-76).

Objetivo geral Iniciar o estudo dos vetores

Promover o conhecimento sobre cada região do


corpo que é trabalhada durante um exercício;
Objetivos específicos Permitir que cada aluna reconheça os ossos
trabalhados.

Metodologia Explicação do processo, dialogando com as alunas.

VIANNA, Klauss. Percepção Corporal a partir de


movimentos básicos. In: VIANNA, Klauss. A
DANÇA. São Paulo: Editora Summus, 2008. p. 119-
131.
Bibliografia
MILLER, Jussara. A Escuta do corpo:
Sistematização da Técnica Klauss Vianna. São
Paulo: Summus, 2007.
RELATÓRIO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
25/10/2010

 Como proposta de aquecimento da aula a professora permitiu que eu falasse um


pouco da importância da atividade física e do conhecimento do corpo.
 Esse momento foi muito gratificante , pois pude expor alguns conceitos ligados a
atividade física, desmistificando alguns conceitos e pude compartilhar um pouco do
trabalho.
 Logo em seguida a professora começou a passar alguns exercícios que
estimulassem os movimentos dos ossos e pediu que tudo fosse feito bem de vagar
para que elas conseguissem sentir o que estavam fazendo.
 Ela conduziu muito bem os movimentos e soube estimular cada aluna a realizar
os movimentos.
 Feito isso ela deu seqüência na aula conforme os outros dias.
 Fomos embora mais cedo as 21:15h, uma vez que a aula começou as sete horas
em ponto.
 Nesse dia foram apenas três alunas de sete, uma das que faltaram é a aluna que
está doente.
APÊNDICE V

Acadêmico (a): Rozany Cristina de Souza


Plano De Intervenção Data: 08/11/2010
Horário: 19h às 21:30h

Tema da intervenção Processo Lúdico

Momento de Criação. Permite o aluno se identificar


com o que foi dado e a intenção em manifestar a
transformação do jeito de tratar o seu corpo.
“Na Técnica Klauss Vianna não existe modelo, não existe a
relação binária e dicotômica de certo/errado, feio/bonito ou
Conteúdo bom/ruim. Buscamos ampliar a disponibilidade do corpo em
diversas realidades, ou melhor, na sua realidade hoje,
flexibilizando-o e não o enrijecendo no que supostamente possa
ser considerado o “melhor”. Escutar o corpo... Isso já causa um
movimento e uma alteração no corpo. O corpo presente. Aqui e
agora” (MILLER, 2007, p.101-102).

Permitir a criação de movimentos a partir do que foi


Objetivo geral
passado.
Encorajar as alunas a criarem movimentos que as
façam refletir sobre tudo o que foi feito;
Objetivos específicos
Estimular a criação de movimentos soltos, sem gestos
mecânicos.

Metodologia Colocar uma música e auxiliar as alunas.


VIANNA, Klauss. Percepção Corporal a partir de
movimentos básicos. In: VIANNA, Klauss. A
DANÇA. São Paulo: Editora Summus, 2008. p. 119-
131.
Bibliografia
MILLER, Jussara. A Escuta do corpo:
Sistematização da Técnica Klauss Vianna. São
Paulo: Summus, 2007.
RELATÓRIO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
08/11/2010

 A aula hoje começou com um atraso de meia hora e estavam presente cinco
alunas.
 Na sala ao lado estava acontecendo a aula de Hip-Hop dos adolescentes e o
som estava muito alto. Como a música estava com o volume muito alto, a
professora utilizou o som para começar o aquecimento. Nesse momento ela colocou
o tema da intervenção em prática.
 A música era bem agita e professora começou dirigindo os movimentos. Após
algumas sequências dirigidas, ela pediu que cada uma fizesse um movimento livre
de forma bem solta, mas consciente, pensando no que poderia ser feito.
 O resulto foi surpreendente. A maneira como cada aluna se deslocava,
inventava novos movimentos era muito interessante. Algumas um pouco tímidas,
outras já se soltaram e expuseram o que, conforme relato de algumas, estava
guardado dentro delas.
 A professora adorou a experiência e até utilizou alguns movimentos feito pelas
alunas na coreografia.
 Durante toda aula vivenciei juntamente com as alunas as experiências e foi algo
maravilhoso, poder compartilhar o estudo realizado e aprender a viver com cada
uma delas. Uma vez que a vida de cada uma ali ensinava sem que fosse necessário
utilizar palavras.
 A aula terminou por volta de 21:40h e estávamos com alegria imensurável.
APÊNDICE VI

Acadêmico (a): Rozany Cristina de Souza


Plano de Intervenção Data: 15/11/2010

Horário: 19:00h as 21:30

Tema da intervenção Avaliação e Agradecimento

Hoje irei apresentar algumas considerações entorno do


Conteúdo trabalho realizado e agradecer a ajuda e a compreensão de
todas.

Objetivo geral Apresentar o que foi feito durante o ano

Apresentar o trabalho escrito sobre as intervenções


durante o ano;
Agradecer a disponibilidade de cada uma;
Objetivos específicos
Impulsionar o trabalho do grupo a partir do que foi
coletado.
Avaliar a minha atuação com o grupo
Expor o que foi realizado durante o tempo do trabalho
realizado com o grupo, em forma de um diálogo e
participar da aula.
Metodologia Para a avaliação pedirei que elas exponham o que
acharam da minha participação do durante o período que
estive presente com elas, de forma bem tranqüila,
verbalmente, nada escrito.
VIANNA, Klauss. Percepção Corporal a partir de
movimentos básicos. In: VIANNA, Klauss. A DANÇA.
São Paulo: Editora Summus, 2008. p. 119-131.
Bibliografia
MILLER, Jussara. A Escuta do corpo: Sistematização
da Técnica Klauss Vianna. São Paulo: Summus, 2007.
RELATÓRIO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
15/11/2010

 Hoje cheguei mais cedo, por volta de 18:30h e fiquei conversando com a
secretária da academia, ela tem em média 42anos e me disse que adora trabalhar ali.
Disse-me também que se tive tempo gostaria de participar das aulas que o grupo
faz, pois gosta muito do método que a professora utiliza, acha muito bom o carisma
que a professora tem e o cuidado com as alunas.
 Fato importante, pois indica que o trabalho realizado por este grupo traz
interesse em outras pessoas.
 A professora chegou por volta de sete horas e ficamos conversando sobre
assuntos variados como novelas, trabalho, família. Neste momento falamos também
do meu trabalho realizado ali e pedi que ela me cedesse cinco minutos da aula para
apresentar alguns resultados apurados por mim, referente ao trabalho. Ela falou que
não teria problema algum e pediu para ver o que eu tinha preparado. Mostrei a ela e
expliquei algumas anotações. Ela gostou muito e disse que seria um incentivo para
a turma.
 As alunas chegaram, como de costume, atrasadas devido os condicionantes
sociais (atraso de ônibus, trabalho, família, e outros).
 Antes de iniciar a aula apresentei o resultados da minha intervenção, que foram
quanto a participação das alunas nas aulas, o incentivo a mudança de pensamento
quanto ao movimentos realizados na dança e como é falho o incentivo e trabalho
com mulheres na idade delas.
 Elas gostaram das colocações e disseram que realmente não é fácil estar ali,
mesmo que seja uma vez na semana. Isso porque praticamente todas trabalham, tem
filhos e até netos, precisam cuidar da casa. Elas também disseram que acha falha do
governo não apresentar programas de incentivo ao esporte para pessoas da idade
delas. O incentivo seria disponibilizar mais lugares adequados, com informação e
pessoas qualificadas e fácil acesso, demonstrando como o papel do professor de
Educação Física nessa contribuição, pois é ele quem pode promover junto com a
comunidade meios de incentivo.
 Pedi que elas fizessem uma breve avaliação de minha participação nas aulas, de
forma verbal, bem rápido, pois a hora já estava avançada.
 A professora começou e me pediu em primeiro lugar desculpas por ter cedido o
momento para que eu mesma ministrasse as aulas, mas que o que eu tinha passado
para elas foi de suma importância, uma vez que ela tinha essa teoria como suporte
para programar suas aulas e esse tema da Técnica Klauss Vianna possibilita
planejar uma aula mais abrangente, sem focar apenas a técnica do Balé.
 As alunas agradeceram a minha presença e disseram que é muito bom saber que
a Universidade disponibiliza trabalhos assim e esperam que isso sempre continue,
não só com elas, mas em outros lugares como abrigos para menores e hospitais.
 Feita a intervenção, passamos para a aula e depois fomos embora as 22h.

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