Professional Documents
Culture Documents
conclusão eu copia ela inteirinha o resto do trabalho não, o meu é outro material.
Ocorre que o sistema jurídico brasileiro é ainda mais rigoroso na matéria tributária, pois
vige o princípio da estrita legalidade tributária, pelo qual se entende lei em seu
sentido estrito, que somente lei ordinária (5)pode criar o tributo. Ou seja, não basta que,
por exemplo, o Município expeça um decreto para que o tributo esteja sob a legalidade.
O sistema brasileiro prescreve que a lei que cria ou aumenta tributo deve ser editada
somente pelo poder legislativo mediante lei ordinária. E ainda, este poder legislativo
deve ser o competente para tanto. (6)
Deve-se esclarecer precisamente o que esse princípio quer significar. O seu conteúdo
exige que a norma tributária que exige (cria) ou aumenta tributo seja detalhadamente
definida pela lei ordinária. Ou seja, devem ser descritos abstratamente "sua hipótese de
incidência, seu sujeito passivo, seu sujeito ativo, sua base de cálculo e sua alíquota.(...)
Portanto, as exigências do princípio da legalidade tributária são cumpridas quando a lei
delimita, concreta e exaustivamente, o fato tributável. " (7)
Por conseqüência, as obrigações tributárias acessórias, que são "meros deveres
instrumentais que o contribuinte deve cumprir no interesse da arrecadação ou da
(8)
fiscalização dos tributos" , não estão sujeitas ao princípio da legalidade estrita,
podendo ser estabelecidas por lei em sentido amplo.
O Princípio da Legalidade, bem como da Estrita Legalidade Tributária são garantias
decorrentes dos direitos fundamentais da pessoa humana, decorrentes do art. 5º da
Constituição Federal, especificamente do seu inciso II que determina que ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei.
O Princípio da Legalidade, já de longa data instituído no ordenamento
jurídico pátrio, decorre da história do Direito Tributário, eis que a instituição de
tributos, durante muitos séculos, ficava ao arbítrio do governante, vindo o referido
princípio a limitar o poder tributante.
O professor Roque Carrazza destaca em sua obra que o Princípio da
Legalidade visa, ainda, a limitação do direito de tributar do Estado: “De fato, em nosso
ordenamento jurídico, os tributos só podem ser instituídos e arrecadados com base em
lei. Este postulado vale não só para os impostos, como para as taxas e contribuições
que, estabelecidas coercitivamente, também invadem a esfera patrimonial privada.”.
A questão proposta provoca a reflexão sobre o momento do pagamento
de tributos, se a alteração da data de vencimento traduz um fato que reclama a
regulamentação por lei para que a Fazenda possa exercer o seu direito de exigir o
pagamento do tributo.
Na alteração da data do vencimento do tributo, devemos analisar se a
legislação e o sistema constitucional tributário exige regulamentação legal para que o
sujeito ativo da obrigação tributária possa alterar a data do vencimento sem previsão
legal, mesmo que a alteração gere a antecipação da exigência.
De acordo com a questão proposta, não estamos diante da majoração ou
criação de exação, mas apenas modificação no prazo de recolhimento e se a alteração
deste prazo exige previsão legal ou pode se dar por ato normativo do Poder Executivo,
isto é, do próprio Poder Tributante.
Mas antes de ingressar no cerne da questão proposta, precisamos fazer
algumas considerações sobre a previsão constitucional e o Princípio da Estrita
Legalidade.
1. Da Previsão Constitucional
No Brasil, exceto a Constituição de 1934, todas trazem o Princípio da Legalidade em
seu conteúdo, asseverando a necessária segurança jurídica, especialmente nas relações
entre contribuintes e Azienda.
“nenhum imposto de qualquer natureza poderá ser cobrado senão em virtude de uma lei
que o autorize (art. 72, parágrafo 30).”
(...)”
“O tributo criado por lei, só por lei pode ser aumentado. Nem seria necessário que a
Constituição fosse explícita no pertinente ao aumento”.
Pelas considerações do ilustre professor Hugo de Brito, já resta claro que o Princípio em
exame está intimamente ligado à criação e aumento da tributação. O autor denomina de
‘imposições tributárias’, sendo que interpretamos esta expressão como a exigência ou
aumento da tributação.
Explica ainda o ilustre professor que a lei instituidora deve conter: “a)a descrição do
fato tributável; b) a definição da base de cálculo e da alíquota, ou outro critério a ser
utilizado para o estabelecimento do valor do tributo; c) o critério para identificação do
sujeito passivo da obrigação tributária; d) o sujeito ativo da relação tributária, se for
diverso da pessoa jurídica da qual a lei seja expressão da verdade.”
Na questão aqui em exame, qual seja, a simples alteração da data de recolhimento, não
reflete aumento ou criação de tributo.
Ao analisar a alteração de data de vencimento à luz do Princípio da Legalidade
Tributária, o Supremo Tribunal Federal assim decidiu a matéria:
“ICMS. FATO GERADOR. DESEMBARAÇO ADUANEIRO DAS MERCADORIAS
IMPORTADAS DO EXTERIOR. ANTECIPAÇÃO DA DATA DE
RECOLHIMENTO. LEGITIMIDADE POR MEIO DE DECRETO.
1. O mandado de segurança contra lei em tese é o que tem por objeto o ato normativo
abstratamente considerado, ou seja, "...quando a impetração nada indica, em concreto,
como representativo de ameaça de lesão à esfera jurídica do impetrante" (STF, RE
99.416/SP, Primeira Turma, Min. Rafael Mayer, DJ de 22.04.1983). No caso,
entretanto, a norma impugnada constitui mero fundamento do pedido e não seu objeto,
havendo, portanto, indicação de situação individual e concreta a ser tutelada.
2. No Estado do Rio de Janeiro, o prazo para recolhimento do ICMS, previsto em ato do
Secretário de Estado da Receita, guarda consonância com a legislação estadual. Tanto a
Lei Estadual 846/85, como o Decreto 27.427/2000 autorizam que a exigência seja feita
quando da entrada, no Estado, da mercadoria tributada sob o regime de substituição
tributária.
3. Nos termos do art. 97 do CTN, o princípio da estrita legalidade tributária não se
aplica à definição da data de pagamento do crédito tributário. Precedentes do STF e do
STJ.
4. Recurso ordinário a que se nega provimento.”
Conclusão
Bibliografia