Professional Documents
Culture Documents
Ele significa
muito mais do que isso; é uma projecção do eu corporal, como tal, pode permitir uma
visualização dos conflitos psíquicos e relacionais. O desenho implica um movimento
transferencial; é um compromisso entre a realidade interna e a realidade externa da
pessoa, entre os processos primários e secundários.
As crianças até aos dez anos desenham fundamentalmente figuras humanas, imagens
corporais habitadas por fantasmas e desejos. O desenho representa a projecção do Eu
Corporal, casas, carros, são formas do corpo metamorfosear-se. É claro que a análise
dos desenhos infantis é sempre subjectiva, tal como é único o perfil do psicólogo; no
entanto, existem sempre características fundamentais nos desenhos que em norma são
interpretadas do mesmo modo; por exemplo, uma árvore sem raízes poderá indicar
insegurança, mas se for desenhada com frutos pode dar-nos algumas indicações sobre o
investimento da criança relativamente a um ou aos dois progenitores; uma casa dividida
pela cor pode representar um indício de alguma problemática entre os pais, etc.
Ter uma identidade, é ter um nome, é ter um rosto e é ter um sexo. O processo de
identificação implica uma relação triangular; quando a criança ultrapassa melhor ou pior
o Complexo de Édipo, tal, pode ser constatado no desenho através da sua profundidade,
por exemplo, a inclusão de determinados elementos – o Sol, as nuvens, os campos, etc.
Quando há um espaço bidimensional e o dentro e o fora coexistem, uma casa, por
exemplo, em que o interior é perfeitamente visível, tal, já nos dá uma perspectiva de
alguma triangulação.
As crianças com dificuldades em desenhar, que não gostam de brincar, que são muito
agressivas, evoluíram num quadro de falso self, têm dificuldade em projectar-se através
do corpo. Esta dificuldade em desenhar implica que a vida interna do sujeito é pobre e
pouco subjectiva. É muito frequente os adolescentes traçarem figuras corporais tipo
palito, simulando ou dissimulando, o que pode indicar dificuldades de expressão
subjectiva.
Fernando Barnabé
mensagens que o desenho transmite, e não sua perfeição estética”, adverte Bédard.
Segundo ela, se a criança escolhe uma folha de papel pequena, indicacapacidade de
concentração e certa tendência à introversão. Se nessa mesma folhaela aplicar traços
menos definidos, superficiais ou feitos com pouca pressão do lápis,estará exteriorizando
uma falta de confiança em si própria.
Se for pelo lado esquerdo da folha, significa que seus pensamentos estão
girando ao redor do passado; se for pelo lado direito, quer dizer que ela
deposita fé e esperanças no futuro; o início no centro indica que ela estáaberta a tudo à
sua volta e no momento não vive ansiedades nem tensões demaior monta. Ainda
segundo Bédard, as cores37 também fornecem pistas sobre o que vai pela
esquerda, significa que seus pensamentos estão ligados ao passado – edessa forma ela
busca confiança para enfrentar o futuro. Essa criança não apreciatransformações bruscas