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'ACORDA, TU QUE DORMES!

'
John Wesley

Pregado no domingo, 04 de Abril de 1742, diante da Universidade de Oxford, pelo


Rev. Charles Wesley, Mestre em Ciências Humanas. Estudante da Christ-Church.

'Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará'.


(Efésios 5:14)

Ao discursar sobre essas palavras, eu devo, com a ajuda de Deus:- -

I. Descrever os que dormem, a quem elas são dirigidas:


II. Reforçar a exortação: 'Acorda, tu que dormes, e levanta-te de entre os
mortos'.
III. Explicar a promessa feita a eles, quando acordarem e se erguerem: 'Cristo te
iluminará'.

1. Primeiro, aos que dormem, com relação ao texto aqui falado: Por dormir, está-se
referindo ao estado natural do homem; àquele sono profundo da alma, dentro do qual o
pecado de Adão tem lançado todos que se originaram dele: Aquela inércia, indolência e
estupidez, aquela inconsciência de sua real condição, para a qual cada homem vem ao
mundo, e continua nele, até que a voz de Deus o desperte.

2. Agora, 'aqueles que dormem, dormem na noite'. O estado da natureza é um estado


de completa escuridão; um estado em que 'as trevas cobrem a terra, e a densa escuridão,
as pessoas'. O pobre pecador adormecido, por mais conhecimento que tenha para outras
coisas, não tem para si mesmo: neste aspecto: 'ele sabe nada, ainda que devesse saber'. Ele
não sabe que ele é um espírito caído, cuja única tarefa dele, neste presente mundo, é
recuperar-se de sua queda, readquirir aquela imagem de Deus, na qual ele foi criado. Ele
não vê necessidade para a coisa necessária, até mesmo, para aquela mudança interior
universal, aquela do 'nascer do alto', simbolizada pelo batismo, que é o começo daquela
total renovação; aquela santificação do espírito, alma e corpo, 'sem o que nenhum homem
verá ao Senhor'.

3. Cheio de todas as enfermidades como ele está, ele se imagina em perfeita saúde.
Rapidamente mergulhando na miséria e prisão, ele sonha que ele está em liberdade. Ele diz,
'Paz! Paz', enquanto o diabo, como 'um forte homem armado', tem a completa possessão de
sua alma. Ele dorme na quietude, e descansa, embora o inferno se movimente, nas
profundezas, para encontrá-lo; embora o abismo, de onde não há volta, tenha aberto sua
boca para tragá-lo. O fogo está aceso ao redor dele, ainda assim, ele não sabe; sim, o fogo o
queima, mas, ainda assim, ele não coloca isto no coração.

4. Por aquele que dorme, entendemos, portanto, (e queira Deus, pudéssemos todos
entender isto!) um pecador satisfeito nos seus pecados; contente em permanecer em seu
estado de queda; viver e morrer, sem a imagem de Deus; alguém que é ignorante de sua
enfermidade, assim como do remédio para ela; alguém que nunca foi avisado, ou nunca se
preocupou com a voz de advertência de Deus, para 'fugir da ira que há de vir'; alguém que
nunca percebeu que ele está em perigo do fogo do inferno, ou clamou, na sinceridade de
sua alma, 'O que devo fazer para ser salvo?'.

5. Se esta pessoa adormecida for exteriormente corrupta, seu sono será o mais
profundo, afinal: mesmo que ele seja um espírito indiferente às questões religiosas, 'nem
frio, nem quente', mas um professor da religião de seus pais, quieto, racional, inofensivo,
afável; ou mesmo, ele seja zeloso e ortodoxo, e, 'segundo a facção mais restrita de nossa
religião', viva 'como um fariseu'; ou seja, de acordo com o relato bíblico, alguém que se
autojustifica; alguém que estabelece a sua própria retidão, como o alicerce para sua
aceitação com Deus.

6. Este é aquele que 'tendo a forma da santidade, nega o poder dela'; sim, e
provavelmente a ultraja, onde quer que ela seja encontrada, como mera extravagância e
ilusão. Enquanto isto, o desprezível auto-enganador agradece a Deus, já que ele 'não é
como os outros homens; adúlteros, injustos, usurários': não, ele não faz mal a homem
algum. Ele 'jejua, duas vezes por semana'; usa de todos os meios da graça; é constante na
igreja e no sacramento; sim, e 'dá o dízimo de tudo que ele tem'; faz todo o bem que ele
pode 'no tocante à retidão da lei'; ele está 'sem culpa': ele quer nada da santidade, a não ser
o poder; nada da religião, a não ser o espírito; nada do Cristianismo, a não ser a verdade e a
vida.

7. Mas você não sabe que, embora altamente estimado entre os homens, tal cristão é
uma abominação aos olhos de Deus, e um herdeiro de cada infortúnio que o Filho de Deus,
ontem, hoje, e para sempre, denuncia contra os 'escribas e fariseus, hipócritas?'. Ele
'limpou o lado de fora do copo e travessa', mas dentro está cheio de toda imundície. 'Uma
doença diabólica aderida a ele ainda, de modo que suas partes interiores são a própria
perversidade'. Nosso Senhor adequadamente o compara a um 'sepulcro caiado', que
'parece bonito por fora'; não obstante, 'está cheio de ossos de homens mortos, e de toda
sorte de impureza'. Os ossos, na verdade, já estão secos; os tendões e a carne estão sobre
eles, e a pele os cobre: mas não existe fôlego neles, não existe o Espírito do Deus vivo. E,
'se algum homem não tem o Espírito de Cristo, ele não é Dele'. 'Você é de Cristo, se o
Espírito de Deus habitar em você': mas, se não, Deus sabe que você habita na morte, até
mesmo, agora.

8. Esta é uma outra característica daquele que dorme, e de quem se fala aqui. Ele
habita na morte, embora ele não saiba disto. Ele está morto para Deus, 'morto nas
transgressões e pecados'. Uma vez que, 'estar carnalmente inclinado é estar morto'. Assim
como está escrito, 'Através de um homem, o pecado entrou no mundo, e a morte, através do
pecado; e então, a morte passou para todos os homens'; não apenas a morte temporal, mas,
igualmente, a morte espiritual e eterna. 'No dia que tu comeres', disse Deus a Adão, 'tu
certamente morrerás'; não fisicamente (exceto quando ele, então, se tornara imortal), mas
espiritualmente: tu perderás a vida de tua alma; tu deverás morrer para Deus: tua vida, e
felicidade essencial estarão separadas Dele.
9. Assim, primeiro, foi dissolvida a união vital de nossa alma com Deus; de tal
maneira que, 'em meio à vida' natural, 'nós estamos' agora na 'morte' espiritual. E nisto
permanecemos, até que o Segundo Adão se torna um Espírito vivificado para nós; até que
ele se ergue dos mortos, a morte no pecado, no prazer, riquezas e honras. Mas, antes que
sua alma morta possa viver, ele 'ouve' (ouve atentamente) 'a voz do Filho de Deus': ele se
torna consciente de seu estado perdido, e recebe a sentença da morte em si mesmo. Ele se
reconhece 'morto enquanto vive'; morto para Deus, para todas as coisas de Deus; tendo não
mais poder para executar as ações de um cristão vivo, do um morto fisicamente, para
executar as funções de um homem vivente.

10. E é mais certo que alguém morto no pecado não tem 'os sentidos exercitados, de
maneira a discernir o bem e mal espiritual'. 'Tendo olhos, ele não vê; ele tem ouvidos, mas
não ouve'. Ele não 'prova e vê que aquele Senhor é gracioso'. Ele 'não vê Deus em
momento algum'; nem 'ouve sua voz', nem 'faz uso da palavra da vida'. Em vão, é o nome
de Jesus, 'como o ungüento emanado, e todas as suas vestimentas com cheiro de mirra,
aloés, e canela'. A alma que dorme na morte não tem percepção de quaisquer objetos deste
tipo. Seu coração está 'insensível', e não entende qualquer uma dessas coisas.

11. E, assim, não tendo sentidos espirituais; não tendo aberturas para o
conhecimento espiritual, o homem natural não recebe as coisas do Espírito de Deus; mais
do que isto, ele está tão longe de recebê-las, que quem quer que seja espiritualmente
preocupado é um mero tolo para ele. Ele não está satisfeito de ser extremamente ignorante
das coisas espirituais, mas nega a existência delas. E a própria sensação espiritual é para ele
a tolice do tolo. 'Como é', diz ele, 'que essas coisas podem ser?'. 'Como algum homem pode
saber que está vivo para Deus?'. Assim como você sabe que seu corpo agora vive! Fé é a
vida da alma; e se você não tem esta vida, habitando em você, você não necessita de marcas
para evidenciar isto em si mesmo, mas daquela consciência divina, daquele testemunho de
Deus, que é maior do que dez mil testemunhos humanos.

12. Se Ele não testemunha, agora, com teu espírito que tu és um filho de Deus, Ó,
que Ele possa convencer a ti; tu, pobre pecador adormecido, pela Sua demonstração e
poder, de que tu és um filho do diabo! Ó, que, como eu profetizo, possa existir agora 'um
barulho e um abalo'; e 'os ossos' possam se 'juntar, cada osso a seu osso!'. Então, 'virá dos
quatro ventos, Ó, Fôlego! E soprará neste pobre miserável, para que ele possa vive!'. E
que vocês não endureçam teus corações e resistam ao Espírito Santo, que, até mesmo agora,
está vindo para convencê-los de seus pecados, 'já que vocês não crêem no nome do
Unigênito Filho de Deus'.

II

1. O motivo do 'acorda, tu que dormes, e levanta-te dos mortos': Deus chamou a ti


agora, através da minha boca; e ordena a ti que conheças a ti mesmo, tu espírito caído, teu
verdadeiro estado, e que apenas se preocupa com as coisas que estão abaixo. 'O que tu
pretendes, Ó adormecido? Levanta-te. Atende ao teu Deus; se assim for, teu Deus pensará
em ti, para que tu não pereças'. Uma poderosa tempestade está derramada em volta de ti, e
tu estás mergulhado nas profundezas da perdição, no abismo dos julgamentos de Deus. Se
tu quiseres escapar deles, lança-te dentro deles. 'Julga a ti mesmo, e tu não serás julgado
pelo Senhor'.

2. Acorda, Acorda! Levanta-te neste exato momento, a fim de que tu não 'bebas,
das mãos do Senhor, o copo de sua fúria'. Levanta-te, e segura no Senhor, o Senhor de tua
Retidão, poderoso para salvar! 'Sacuda o pó de ti'. Por fim, deixe o terremoto das ameaças
de Deus te abalarem. Acorda, e clama com o carcereiro trêmulo, 'O que devo fazer para ser
liberto?'. E nunca descanse, até que tu creias no Senhor Jesus, com a fé que é o Seu dom,
através da operação de Seu Espírito.

3. Se eu falo a algum de vocês mais do que a outro, é para ti que te julgas


despreocupado quanto a essa exortação. 'Eu tenho uma mensagem de Deus para ti'. Em
nome Dele, eu aconselho-te 'a fugir da ira vindoura'. Tua alma iníqua vê teu retrato na
condenado Pedro, mentindo no escuro calabouço, entre os soldados, preso às duas algemas,
os carcereiros, diante da porta, vigiando a prisão. A noite já está alta, e a manhã está à mão,
quando tu serás conduzido para execução. E nestas circunstâncias terríveis, tu deverás
dormir rapidamente; tu dormirás nos braços do diabo, à beira do precipício, na garganta da
destruição eterna!

4. Ó, possa o Anjo do Senhor vir até ti, e a luz brilhar dentro de tua prisão! E que tu
possas sentir o toque de uma Mão Poderosa, erguendo-te, com o clamor, 'Levanta-te
rapidamente, prepara-te, e amarra tuas sandálias, joga tuas vestes sobre ti, e segue-Me'.

5. Acorda, tu, espírito eterno, do teu sonho de felicidade mundana! Deus não te
criou para Si mesmo? Então, tu não podes descansar, até que tu descanses Nele. Retorna,
tu, viandante! Fuja de volta para tua arca. Este não é teu lar. Não pensa em construir
tabernáculos aqui. Tu não passas de um estranho, um hóspede sobre a terra; uma criatura de
um dia, mas daqui a pouco partindo para um estado permanente. Apressa-te! A eternidade
está à mão. A eternidade depende deste momento. Uma eternidade de felicidade, ou uma
eternidade de miséria.

6. Qual o estado de tua alma? Se Deus, enquanto eu ainda estou falando, a


requeresse de ti, será que tu estarias pronto para encontrares a morte e o julgamento? Podes
tu estar diante dos olhos de Deus; tu és tão 'puro de olhos que não podes ver a iniqüidade?'.
(Habacuque 1:13). Serás tu 'parceiro da herança dos santos na luz?'. (Colossense 1:12).
Tens 'lutado a boa luta, e mantido a fé?'. (I Timóteo 6:12). Tens assegurado a única coisa
necessária? Tens recuperado a imagem de Deus, até mesmo a retidão e a santidade
verdadeira? Tens te despojado do velho homem, e colocado o novo no lugar? Estás de
acordo com Cristo?

7. Tens tu óleo na candeia? Graça no teu coração? 'Tu amas o Senhor teu Deus, com
todo teu coração, e com toda tua mente e toda tua alma, e com todas as tuas forças?'. Está
em ti aquela mente que também estava em Jesus Cristo? Tu és um cristão, de fato; ou seja,
uma nova criatura? As coisas velhas já se passaram, e todas as coisas se tornaram novas?
8. És tu 'parceiro da natureza divina?'. Tu sabes que 'Cristo está em ti, exceto se tu
fores réprobo?'. Tu sabes que Deus 'habita em ti, e tu em Deus, através do Espírito Dele, e
que Ele deu a ti?'. Tu sabes que 'teu corpo é o templo do Espírito Santo, o qual tu tens de
Deus?'. Tens o testemunho em ti mesmo? A garantia de tua herança? Tu tens 'recebido o
Espírito santo?'. Ou tu foges à questão, não sabendo, 'se existe algum Espírito Santo?'.

9. Se isto ofende a ti, estejas seguro de que tu nem és um cristão, nem desejas ser
um. Mais do que isto, mesmo teu prazer tornou-se pecado; e tu solenemente tens zombado
de Deus, neste mesmo dia, orando pela inspiração do Espírito Santo, quando tu não crês
que existiu alguma coisa assim para ser recebida.

10. Ainda assim, na autoridade da Palavra de Deus, e de nossa própria igreja, eu


devo repetir a questão: 'Tu já recebeste o Espírito Santo?'. Se tu não recebeste, tu não és
ainda um cristão. Porque um cristão é um homem que está 'ungido com o Espírito Santo e
com o poder'. Tu ainda não foste feito um parceiro da religião pura e imaculada. Tu sabes o
que é a religião? – que ela é a participação da natureza divina; a vida de Deus na alma do
homem; Cristo formado no coração; 'Cristo em ti, a esperança da glória'; felicidade e
santidade; o céu iniciado na terra; 'um reino de Deus, dentro de ti; não carne e bebida'; não
coisas exteriores; 'mas a retidão, paz, e a alegria no Espírito santo'; um reino eterno
trazido para dentro de tua alma; 'a paz de Deus que ultrapassa todo entendimento'; 'a
alegria inexplicável, e cheia de glória?'.

11. Tu sabes que 'em Jesus Cristo, nem a circuncisão tem proveito algum, nem a
incircunscisão; mas a fé que é operada pelo amor'; mas a nova criação? Vês a necessidade
daquela mudança interior; daquele nascimento espiritual; daquela vida de entre os mortos;
daquela santidade? Estás totalmente convencido de que sem ela, nenhum homem verá o
Senhor? Estás te esforçando em busca dela? – 'aplicando toda diligência, para tornares teu
chamado e eleição, verdadeiros'; 'operando tua salvação com medo e tremor', 'agonizando
para entrares pelo portão estreito?'. Estás tranqüilo com respeito à tua alma? Podes dizer
ao Pesquisador dos corações, 'Tu, Ó, Deus, és o que eu há muito procurava! Senhor, tu
sabes todas as coisas; Tu sabes que eu amo a Ti!'.

12. Tu esperas ser salvo. Mas que motivo tens tu para teres esperança? Será porque
tu não tens causado mal? Ou, porque tu tens feito o bem? Ou, porque tu não és, como os
outros homens; és sábio, ou culto, ou honesto, e moralmente bom; estimado pelos homens,
e de uma reputação justa? Ai de mim! Tudo isto nunca irá levar-te até Deus. Ele considera
isto mais brilhante do que a vaidade. Tu conheces Jesus Cristo a quem Ele enviou? Ele te
ensinou que 'pela graça somos salvos, através da fé; e isto, não pelos nossos meios: mas
pelo dom de Deus: não pelas obras, a fim de que nenhum homem se vanglorie?'. Tens
recebido as palavras fiéis, como todo o alicerce de tua esperança, 'de que Jesus Cristo veio
para o mundo, para salvar os pecadores?'. Tu tens aprendido que isto significa, 'Eu não
vim chamar o justo, mas os pecadores ao arrependimento?'. Eu não fui enviado, a não ser
para as ovelhas perdidas? Tu já estás (aquele que ouve, que entenda!) perdido, morto e
condenado? Conheces teus desertos? Conheces tuas necessidades? És 'pobre em espírito?'.
Murmuras por Deus, e recusa-te a seres confortado? É o pródigo 'volte a si', e fique
satisfeito, embora que sendo considerado 'fora de si', por aqueles que estão ainda se
alimentando dos restos, que Ele tem deixado? Tu tens desejado viver devotadamente em
Jesus Cristo? Tu sofres, portanto, perseguição? Os homens dizem toda forma de mal contra
ti, falsamente, por causa do Filho do Homem?

13. Que em todas essas questões, tu possas ouvir a voz daquele que acorda o morto;
e sinta aquele martelar da Palavra, que parte as pedras em pedaços! 'Se ouvires a voz dele
hoje, enquanto é chamado hoje, não endureça teu coração'. Agora, 'acorda, tu que
dormes', na morte espiritual, para que tu não durmas na morte eterna! Conscientiza-te de
teu estado perdido, e 'ergue-te dos mortos'. Deixa tuas velhas companhias no pecado e
morte. Segue Jesus, e deixa os mortos enterrarem seus mortos. 'Salva a ti mesmo desta
geração perversa'. 'Sai do meio deles, fica de fora, e não toca em coisa impura, e o Senhor
irá receber a ti'. 'Cristo irá te dar a luz'.

III
1. Esta promessa, eu vou finalmente explicar. E quão encorajadora consideração é
esta, a de que quem quer que tu sejas, que obedeças ao chamado Dele, tu não terás buscado
tua face em vão! Se, até mesmo agora, tu 'acordas, e te ergues dos mortos', ele se verá
inclinado a 'dar a ti a luz'. 'O Senhor dará a ti graça e glória'; a luz de sua graça aqui, e a
luz de sua glória, quando tu receberás a coroa que se desvaneceu. 'Tua luz deverá irromper
como a manhã; e a tua escuridão será como o sol do meio-dia'. 'Deus, que ordenou que a
luz brilhasse na escuridão, deverá brilhar em teu coração; para dar o conhecimento da
glória de Deus, na face de Jesus Cristo'. Sobre aqueles que temem, o Senhor 'fará o Sol da
Retidão se erguer com cura em suas asas'. E naquele dia será dito a ti: 'Levanta, brilha;
porque tua luz está vindo, e a glória de Deus está sobre ti'. Porque Cristo revelará a si
mesmo em ti: e ele é a Luz verdadeira.

2. Deus é luz, e dará a si mesmo a todo pecador desperto que esperou por Ele; e tu
serás, então, o templo do Deus vivo, e Cristo deverá 'habitar em teu coração, pela fé'; e
'estando enraizado e alicerçado no amor, tu serás capaz de compreender com todos os
santos, o que é a largura, comprimento, profundidade de altura daquele amor de Cristo
que ultrapassa o conhecimento'.

3. Você verá seu chamado, irmão. Nós seremos chamados a estarmos 'na habitação
de Deus, através de seu Espírito'; e, através de seu Espírito, habitando em nós, para sermos
santos aqui e parceiros da herança dos santos na luz. Tão excessivamente grandes são as
promessas que são dadas a nós; efetivamente dadas a nós que cremos! Porque, pela fé, 'nós
recebemos, não o espírito do mundo, mas o Espírito que é de Deus'. – a soma de todas as
promessas – 'para que possamos conhecer as coisas que nos são livremente dadas por
Deus'.

4. O Espírito de Cristo é aquele grande dom de Deus, que em diversos momentos, e


de diversas maneiras, Ele tem prometido ao homem, e tem concedido, desde o tempo em
que Cristo foi glorificado. Aquelas promessas, antes feita aos antepassados, ele tem assim
cumprido: 'Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus
estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis. (Ezequiel 36:27). 'Porque
derramarei água sobre o sedento, e correntes sobre a terra seca; derramarei o meu
Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre a tua descendência' (Isaías 44:3).
5. Vocês todos podem ser testemunhas vivas dessas coisas; da remissão dos
pecados, e do dom do Espírito Santo. 'Se tu podes crer, todas as coisas são possíveis a ele
que crê'. 'Quem, entre vocês, teme ao Senhor, e', ainda assim, caminha 'na escuridão, e não
tem a luz?'. Eu pergunto a ti, em nome de Jesus: Tu crês que os braços dele não são curtos,
afinal? Que ele é ainda poderoso para salvar? Que Ele é o mesmo ontem, hoje, e para
sempre? Que Ele tem agora poder sobre a terra para perdoar os pecados? 'Filho, alegra-te;
teus pecados foram perdoados'. Deus, por causa de Cristo, perdoou a ti. Recebe isto, 'não
como a palavra do homem; mas como ela é, a palavra de Deus'; tu estás justificado
livremente pela fé. Tu serás santificado também, através da fé, que está em Jesus, e
colocarás o teu selo, até mesmo tu; 'Aquele que nos foi dado por Deus na vida eterna, e
esta vida está em seu Filho'.

6. Homens e irmãos, deixem-me falar livremente a vocês, e permitir-lhes a palavra


de exortação, mesmo do menos estimado na igreja. A consciência de vocês são suas
testemunhas no Espírito Santo, de que essas coisas são assim; portanto, vocês
experimentaram que o Senhor é gracioso. 'Esta é a vida eterna: conhecer o único Deus
verdadeiro, e Jesus Cristo, a quem Ele enviou'. Este conhecimento experimental, e apenas
este, é o Cristianismo verdadeiro. Ele é um cristão que recebeu o Espírito de Cristo. Ele não
é um cristão que não O recebeu. Nem é possível recebê-Lo, e não saber disto. Porque, até
aquele dia' (quando ele virá, diz nosso Senhor), 'vocês deverão saber que eu estou no Meu
Pai, e vocês estão em Mim, e Eu em vocês'. Este é aquele 'Espírito da Verdade, a quem o
mundo não pode receber, porque ele não O vê; nem O conhece: mas vocês O conhecem; já
que Ele habita convosco, e deverá estar em vocês'. (João 14:17).

7. O mundo não pode recebê-Lo, e rejeita extremamente a Promessa do Pai,


contradizendo e blasfemando. Mas cada espírito que não confesse, este não é de Deus. Sim,
'este é aquele espírito de Anticristo, o qual vocês ouviram viria para o mundo; e mesmo
agora está no mundo'. É Anticristo quem quer que negue a inspiração do Espírito Santo,
ou aquele Espírito de Deus que é o privilégio comum de todos os crentes; a bênção do
evangelho; o inexprimível dom; a promessa universal; o critério de um cristão verdadeiro.

8. Em nada os ajuda dizer: 'Nós não negamos a assistência do Espírito de Deus;


mas apenas esta inspiração; este receber do Espírito Santo: e estar consciente disto. É
apenas esta consciência do Espírito; este ser movido pelo Espírito; ou preenchido com Ele,
que nós negamos existir, em qualquer parte da religião perfeita'. Mas em apenas negar
isto, vocês negam todas as Escrituras; toda a verdade, e promessa e testemunho de Deus.

9. Mesmo nossa excelente igreja conhece nada desta distinção diabólica; mas fala
claramente da 'consciência do Espírito de Cristo' [Artigo 17]; do ser 'movido pelo Espírito
Santo'. [Ofício dos Sacerdotes consagrados] e do conhecer e 'sentir que não existe outro
nome do que o de Jesus', [Visitação do Doente], por meio do qual podemos receber vida e
salvação. Ela nos ensina a orar pela 'inspiração do Espírito Santo'. [coleta: oração que na
missa precede a epístola, antes da Comunhão Santa]; sim, e que nós podemos ser
'preenchidos com o Espírito Santo' [Ordem da Confirmação]. Mais ainda: que cada
Presbítero dela professa receber o Espírito Santo, pela imposição de mãos. Portanto, negar
qualquer um desses, é, em efeito, renunciar à Igreja da Inglaterra, assim como toda a
Revelação Cristã.

10. Mas 'a sabedoria de Deus' foi sempre 'tolice para os homens'. Não é de se
admirar, então, que o grande mistério do evangelho pudesse agora também ser 'oculto do
sábio e prudente', assim como, nos dias dos antepassados; para que ele fosse quase
universalmente negado, ridicularizado, e demolido, como mero frenesi; e para que todos
que se atreveram a admiti-lo ainda sejam estigmatizados com os nomes de loucos e
entusiastas! Este é 'aquele se apostatar', que viria – aquela apostasia geral de todas as
ordens e graus de homens, que nós, até mesmo agora, constatamos tem se espalhado sobre a
terra. 'Percorram, de um lado a outro, as ruas de Jerusalém, e vejam se vocês podem
encontrar um homem'; um homem que ame o Senhor seu Deus, com todo seu coração, e O
serve com todas as suas forças. Como nossa própria terra pranteia (para que não vejamos
mais além), debaixo da inundação de iniqüidade'! Que vilanias de todos os tipos são
cometidas, dia a dia; sim, tão freqüentemente, com impunidade, por aqueles que pecam
com a mão direita, e gloriam-se de sua vergonha! Quem pode somar as pragas, maldições,
blasfêmias profanas; a mentira, calúnia, maledicência; a quebra do Sabbath, glutonaria,
bebedeira, vingança; as prostituições, adultérios, e várias impurezas; as fraudes, injustiça,
opressão, extorsão, que se espalham sobre a terra como uma inundação?

11. E mesmo em meio àqueles que se mantiveram puros daquelas abominações mais
grosseiras; quanta ira e orgulho; quanta indolência e ócio; quanta fraqueza e efeminação;
quanta luxúria e auto-indulgência; quanta cobiça e ambição; quanta sede de
reconhecimento; quanto amor do mundo; quanto temor do homem, é encontrado!
Entretanto, quão pouco da verdadeira religião! Porque, onde está aquele que ama a Deus,
ou ao seu próximo, como Ele nos ordenou? Por um lado, estão aqueles que não têm tanto
da forma de santidade; por outro, aqueles que têm apenas a forma: lá se situa o notório, e
pintado, sepulcro. De modo que, no mesmo feito, quem quer que fosse honestamente
observar qualquer público reunindo-se (eu temo que esses, em nossas igrejas, não devem
ser esperados), poderia facilmente perceber que, uma parte seria Saduceus, e a outra,
Fariseus'; uma tendo quase tão pouco entendimento sobre a religião, como se não existisse
'ressurreição, nem anjo, nem espírito'; e a outra, fazendo dela uma forma sem vida, uma
sucessão entorpecida de manifestações externas, sem tanto a fé verdadeira, quanto o amor
de Deus, ou a alegria do Espírito Santo!

12. Deus permitisse, eu gostaria que nos excluíssemos dessa condição! 'Irmãos, o
desejo de meu coração, e oração a Deus, por vocês, é que vocês possam ser salvos' deste
transbordamento de iniqüidade; e que aqui suas ondas orgulhosas permaneçam! Mas é desta
forma, na verdade? Deus sabe que não; sim, e nossa consciência, também. Nós não temos
nos mantidos puros. Nós somos também corruptos e abomináveis; e poucos existem que
entendem um pouco mais; poucos que adoram a Deus em espírito e verdade. Nós também
somos 'uma geração que não fixa seus corações corretamente, e cujo espírito não se adere
firmemente a Deus'. Ele nos designou, de fato, para sermos 'o sal da terra; mas se o sal
tiver perdido o seu sabor, ele será, dali pra frente, bom para nada; a não ser, para ser
lançado fora, e pisoteado pelos homens'.
13. E 'eu não deverei ver, por causa dessas coisas, diz o Senhor? Minha alma não
se vingará de tal nação como esta?'. Sim. Nós não sabemos, quão logo Ele poderá dizer à
espada: 'Espada, vá através desta terra!'. Ele nos deu muito tempo, para que nos
arrependêssemos. Ele nos deixou sozinhos este ano também: mas Ele nos acautela e nos
desperta, trovejando. Seus julgamentos estão nos arredores da terra; e nós temos todas as
razões para esperar a maior colheita de todas, até mesmo aquela de que Ele 'viria a nós
rapidamente, e removeria nosso castiçal de seu lugar, exceto, se nos arrependêssemos e
realizássemos as primeiras obras'; a menos que retornemos aos princípios da Reforma, a
verdade e simplicidade do evangelho. Talvez, estejamos agora resistindo ao ultimo
empenho da graça divina em nos salvar. Talvez, tenhamos quase 'preenchido a medida de
nossas iniqüidades', rejeitando o conselho de Deus, contra nós mesmos, e expulsando Seus
mensageiros.

14. Ó, Deus, 'durante Tua ira, tenha misericórdia!'. Seja glorificado em nossa
reforma, não em nossa destruição! 'ouve o açoite, e ele que o designou!'. Agora que Teus
'julgamentos estão nos arredores da terra', que os habitantes do mundo 'aprendam a
retidão!'.

15. Chegou a hora, meus irmãos, de acordarmos do sono, antes que 'a grande
trombeta do Senhor seja soprada', e nossa terra se torne um campo de sangue. Ó, que nós
possamos rapidamente ver as coisas que são feitas para nossa paz, antes que elas
desapareçam de nossos olhos! 'Volta-te a nós, Ó, bom Senhor, e permite que Tua ira cesse.
Ó, Senhor, vê dos céus, observa e visita esta vinha'; e nos faze saber 'a hora de nossa
visitação'. 'Ajuda-nos, Ó, Deus da nossa salvação, para a glória de Teu nome! Liberta-nos,
e é misericordioso para com nossos pecados, por causa de Teu nome! E, assim, nós não
nos afastaremos de Ti. Ó, permite que vivamos, e sermos chamados pelo Teu nome. Volta
para nós novamente, Ó Senhor dos Exércitos! Mostra a luz de Teu semblante, e seremos
completos'.

'Agora, junto a Ele que é capaz de fazer abundantemente mais acima de tudo que
possamos pedir ou pensar, de acordo com o poder que opera em nós; a Ele seja a glória
na Igreja, por de Cristo Jesus, através de todos os tempos; mundo sem fim. – Amém!'.

[Editado anonimamente no Memorial University of Newfoundland, com correções de


George Lyons da Northwest Nazarene College para a Wesley Center for Applied Theology.]

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