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P.J.U.

- TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO


PROCESSO TRT - RO – 001195-2007-010-18-00-9

PODER JUDICIÁRIO DA UNIÃO


TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO

PROCESSO TRT - RO - 01195-2007-010-18-00-9


RELATORA : DES. IALBA-LUZA GUIMARÃES DE MELLO
REVISOR : JUIZ MARCELO NOGUEIRA PEDRA
RECORRENTE(S) : EVALDO PEREIRA BARBOSA
ADVOGADO(S) : FERNANDA ESCHER DE OLIVEIRA XIMENES E
OUTRO(S)
RECORRIDO(S) : SERVI - SEGURANÇA E VIGILÂNCIA DE
INSTALAÇÕES LTDA
ADVOGADO(S) : PAULO ANÍZIO SERRAVALLE RUGUÊ E OUTRO(S)
ORIGEM : 10ª VT DE GOIÂNIA
JUÍZA : MARIA APARECIDA PRADO FLEURY BARIANI

EMENTA: JORNADA 12x36. INTERVALO


INTRAJORNADA. INDENIZAÇÃO INDEVIDA. No
sistema de revezamento de jornada 12x36 não
incide o disposto no art. 71 e § 4º da CLT,
sendo incompatível a concessão do intervalo
mínimo legal. O trabalhador pode fazer suas
refeições no local de trabalho, o que
rotineiramente ocorre, e se beneficia da
longa folga usufruída. Sentença que indeferiu
a indenização referente ao intervalo
intrajornada mantida.

ACÓRDÃO

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Vistos, relatados e discutidos estes autos,


em que são partes as acima indicadas.

DECIDIU a Primeira Turma do egrégio TRIBUNAL


REGIONAL DO TRABALHO DA 18.ª REGIÃO, unanimemente, conhecer
do recurso e, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, nos
termos do voto da Desembargadora Relatora.

Participaram do julgamento as Excelentíssimas


Desembargadoras Federais do Trabalho, IALBA-LUZA GUIMARÃES DE
MELLO (Presidente) e KATHIA MARIA BOMTEMPO DE ALBUQUERQUE e o
Excelentíssimo Juiz convocado MARCELO NOGUEIRA PEDRA (nos
termos da RA 46/2007). Representando o Ministério Público do
Trabalho, o Excelentíssimo Procurador do Trabalho LUIZ
EDUARDO GUIMARÃES BOJART. Goiânia, 17 de outubro de 2007
(data de julgamento).

RELATÓRIO

Pela r. sentença de fls. 260/264, o MM. Juiz


a quo declarou prescritas as parcelas anteriores a 19/06/2002
e julgou procedente em parte o pedido feito por EVALDO
PEREIRA BARBOSA em face de SERVI - SEGURANÇA E VIGILÂNCIA DE
INSTALAÇÕES LTDA, condenando esta no pagamento de aviso
prévio indenizado e reflexos e honorários advocatícios.

O Reclamante maneja recurso ordinário, às


fls. 267/271, visando a reforma da sentença para que seja
deferido o pagamento de intervalo intrajornada não concedido
e as horas de curso de reciclagem.

Conforme certidão de fl. 273, a Reclamada não

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apresentou contra-razões.

Não houve manifestação da Douta Procuradoria


Regional do Trabalho, tendo em vista o disposto no art. 25 do
Regimento Interno desta Egrégia Corte.

É o relatório.

VOTO

ADMISSIBILIDADE

Presentes os pressupostos objetivos e


subjetivos de admissibilidade, conheço do recurso.

MÉRITO

INTERVALO INTRAJORNADA

Requer o Reclamante a reforma da sentença


para que, mesmo na jornada cumprida de 12x36, seja deferido o
intervalo intrajornada e reflexos.

Conforme reconhecido e do que se vê nas


folhas de ponto de fls. 189/243, o Reclamante cumpria
jornada na escala de 12 horas de trabalho por 36 de descanso.

Nesse sistema a folga de 36h constitui um


atrativo para a categoria, permitindo até que o empregado
exerça outras atividades, o que é conveniente aos interesses
das partes.

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Portanto, entendo que, no caso, não incide o


disposto no art. 71 da CLT, porquanto o obreiro não sofre
prejuízos. Ele pode fazer suas refeições no local de
trabalho, como ocorre rotineiramente, e se beneficia da longa
folga usufruída. Tal atividade pressupõe ainda trabalho sem
solução de continuidade, pelo que incompatível com ele a
fruição de intervalo intrajornada.

E por ser jornada especial, não incide o


entendimento pacificado pelo Col. TST através de sua OJSDI-1
de nº 342.

Neste sentido, o seguinte aresto, verbis:

JORNADA 12x36. INTERVALO INTRAJORNADA.


Havendo jornada 12x36 não incide o disposto
no art. 71 da CLT, porquanto não sofre
prejuízos o obreiro. Ele pode fazer suas
refeições no local de trabalho, o que
rotineiramente ocorre, e se beneficia da
longa folga usufruída. Tal serviço pressupõe
ainda labor contínuo, sem solução de
continuidade, pelo que incompatível com ele a
fruição de intervalo intrajornada. (TRT 18ª
Região, RO-00173-2005-171-18-00-8, Relatora
Juíza Ialba-Luza Guimarães de Mello, DJE do
dia 12.09.2005, pág. 91).

Mantenho, pois, a sentença que indeferiu a


indenização referente ao intervalo intrajornada.

CURSO DE RECICLAGEM

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Alega o Reclamante que a Reclamada não nega a


participação no curso de reciclagem e, considerando que os
documentos de fls. 246/247 comprovam sua realização nos dias
18/11/2005 a 20/11/2005 e 05/03/2004 a 07/03/2004, tendo sido
demonstrado através das folhas de ponto que laborou em sua
jornada normal, requer a reforma da sentença para que seja
deferido o pagamento de horas extras correspondentes aos
referidos cursos, conforme cláusula 27ª das CCT's.

A Cláusula 27ª das CCT's de fls. 62/77


estabelecem que os cursos, quando o comparecimento for
obrigatório do trabalhador, deverão ser realizados durante a
jornada de trabalho ou quando, fora deste, mediante o
pagamento de horas extras.

Os documentos juntados às fls. 246/247


demonstram que nas datas ali constantes o Reclamante
participou dos cursos, durante três dias, mas é certo que
somente em um dia coincidiu com dia trabalhado, conforme se
vê dos correspondentes controles de jornada de fls. 195 e
217, devendo neste caso ser considerado como realizado
durante a jornada de trabalho. Nos demais dias, restou
demonstrado que os cursos foram realizados fora da jornada de
trabalho, isto tendo em vista a assertiva constante da
inicial de que cada curso tinha carga horária de 32 horas,
fato contestado de forma genérica pela Reclamada.

Ora, se o curso tinha carga de 32 horas, isso


dividido por três dias, não é crível que o curso, no dia
trabalhado, tenha sido após a jornada de 12 horas.

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Assim, reformo a sentença para condenar a


Reclamada no pagamento de horas extras correspondentes a dois
cursos realizados pelo reclamante, conforme documentos de
fls. 246/247, sendo 20 horas referentes a cada curso, pois as
outras 12 horas considero como coincidentes com a jornada do
Reclamante.

CONCLUSÃO

Ante o exposto, conheço do recurso e, no


mérito, dou-lhe parcial provimento.

Arbitro novo valor à condenação no importe de


R$ 3.000,00, na forma da Instrução Normativa nº 03/93 do Col.
TST.

É o meu voto.

IALBA-LUZA GUIMARÃES DE MELLO


Desembargadora Relatora
CERTIDÃO DE PUBLICAÇÃO

CERTIFICO, para ciência das partes, que o v.


acórdão proferido no presente feito foi disponibilizado no
Diário da Justiça Eletrônico Ano I, Número 181, Goiânia/Go
págs. 4/11 , do dia 30/10/2007 (3ªf.). e publicado em 31 de
outubro de 2007 (4ªf.) (Lei nº 11.419/2006, art. 4º, § 3º).

Goiânia, 31/10/2007 (4ªf.)

Edna Maria Camargo


Assistente – 3
Setor de Acórdão-STP

DILGM RO 01195-2007-010-18-00-9/M

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