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Diga-me por onde navegas e eu te direi quem és1

Joanicy Brito2

Na era em que o computador conectado a rede mundial de computadores está cada dia
mais presente nos lares, nas escolas, no trabalho, quem tem dúvida sobre algo sabe logo
onde encontrar respostas rápidas e de todo tamanho. O nome desse lugar varia, pode ser
google, yahoo, Cadê, ou qualquer outro buscador. Perguntas que você não faria por
vergonha ou para não causar má impressão sobre sua reputação têm vez na internet.
Baseado na idéia de que nesse ambiente virtual os indivíduos expressam
comportamentos que não admitiriam em uma pesquisa de opinião, associado ao fato de
que a todo momento pessoas estão voluntariamente indicando que temas despertam o
interesse delas, Bill Tancer sugere a possibilidade das empresas conhecerem o
comportamento dos usuários da internet e utilizarem essa informação para embasar
decisões corporativas.

O método e os resultados de pesquisas de Tancer apresentados no livro Click: o que


milhões de pessoas estão fazendo on-line e por que isso é importante despertam a
curiosidade de leitores comuns e aguçam comunicadores como eu, a imaginar o que
poderia ser feito na empresa onde trabalhamos. No caso da Embrapa, na área de
comunicação interna da qual faço parte, visualizei que uma forma de conhecer o que
empregados e colaboradores pensam seria identificar e analisar os sites mais acessados
por eles dentro da instituição.

Obter a lista do sites mais visitados, saber sobre a porcentagem de acesso a eles,
conhecer a quantidade de tempo que os usuários passam por ali, observar os dias e
horários em que alguns têm mais “ibope”, verificar quais Unidades da empresa e que
segmentos de público mais utilizam esses endereços eletrônicos são ações que podem
resultar em um bom material para análise sobre o comportamento do público interno.

Da informação sobre o que os empregados e colaboradores estão buscando na internet


se tem uma idéia do que atrai a atenção deles e o que pode ser trabalhado na intranet
corporativa para estimular o relacionamento desse público com a empresa utilizando esse
meio virtual. A reformulação da intranet da Embrapa é uma solicitação da Presidência da
empresa, está no plano de comunicação como ação de 2009 e intervenções que gerem
impacto real de adesão do público interno têm mais chances de sucesso se baseadas em
pesquisa, no interesse do usuário e não apenas em inferência dos gestores da intranet.

Futuramente, se identificada uma expressiva utilização do mecanismo de busca da


intranet, o que Tancer fez com os buscadores da web pode ser feito na rede da Embrapa.
Ao saber os temas mais procurados pelo público interno, os gestores poderão tomar
decisões quanto a quantidade e disposição de conteúdos e conhecer um pouco do perfil
dos empregados e colaboradores, dado útil para embasar estratégias de relações
públicas e comunicação em geral.

Acompanhando o comportamento dos trabalhadores internautas, os gestores da intranet


podem oferecer informações, sistemas, serviços mais úteis ao público interno e chamá-los
cada vez mais a conhecer a empresa e assunto de interesse corporativo.

1
Texto escrito em março de 2009.
2
Relações Públicas, jornalista, especialista em Assessoria em Comunicação Pública (IESB/DF) e analista da Secretaria
de Comunicação da Embrapa. E-mail: joanicy.brito@embrapa.br .
Basear ações em análises de dados de pesquisa em buscadores é válido, mas nem
sempre. Variáveis externas devem ser relacionadas em cada caso, como apresenta
Tancer ao falar sobre política. O autor cita experiências onde a amostra da opinião de
internautas não seria confiável se analisada separadamente a outros fatores. Um exemplo
marcante foi a lacuna “aberrrante” entre o voto popular a Ron Paul e os dados da internet.
Segundo Tancer, a dominância do candidato aparecia em vários serviços de medição e
em uma pesquisa realizada pelo canal noticioso a cabo CNBC Paul recebeu votação
“esmagadora”, registrando mais de 75% de aceitação depois do debate do Partido
Republicano veiculado naquela emissora. Os resultados foram tão impressionantes que o
diretor editorial da CNBC.com, explicou que o resultado da pesquisa do site, que davam a
Paul a vitória no debate, estavam distantes de qualquer outra pesquisa legítima que eles
decidiram tirá-los do ar, com medo de terem sido alvo de hackers ou de fazer parte de
uma campanha para aumentar os números de Paul. Ficou o recado: antes de dar um
resultado de pesquisa on-line como confiável é importante avaliar o contexto e a validade
da amostra.

Que o mundo da internet pode oferecer uma visão do comportamento de determinados


públicos, Tancer já comprovou. Que não é o único lugar para coleta de dados, que falhas
relacionadas à amostra e análise das estatísticas podem ocorrer, ele também disse.
Restou aos comunicadores e gestores de sites e intranets, refletir sobre como aproveitar
esse conteúdo “vivo”, em constante construção, com número de usuários crescendo a
passos largos, disponível nas redes de computadores, com o intuito de fortalecer a
comunicação com os públicos de interesse e melhorar os negócios das empresas.

Fonte: TANCER, Bill. Click: o que milhões de pessoas estão fazendo on-line e por que
isso é importante. São Paulo: Globo, 2009.

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