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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA

DISCIPLINA: GERAÇÃO DE ENERGIA


Prof.a: CARMINDA CÉLIA M. M. CARVALHO

CAPÍTULO 3- MODELOS DE DESEMPENHO ESTÁTICO E DINÂMICO

3.1- INTRODUÇÃO

Em um sistema operando com velocidade constante e sem variação no campo


de excitação dos seus geradores, qualquer acréscimo ou decréscimo de carga provocará uma
variação na rotação do conjunto máquina motriz-gerador, além de influenciar a tensão dos
barramentos. Para que esses parâmetros retornem aos seus valores normais, é necessário
adicionar ou retirar mais energia da máquina motriz ou alterar a excitação dos geradores.
Em uma máquina síncrona, a freqüência de oscilação da tensão alternada
induzida na armadura e da corrente que flui nos seus enrolamentos quando a carga é
conectada deve estar em sintonia com a velocidade do rotor acionado pela máquina primária
(daí a denominação de Máquina Síncrona). Logo, em um sistema com várias máquinas
operando em paralelo, as tensões e correntes do estator de todos os geradores devem possuir a
mesma freqüência e a velocidade mecânica dos rotores deve ser igual e estar em sincronismo
com essa freqüência.
Por outro lado, a natureza e a ordem de grandeza de um distúrbio influenciam o
comportamento do sistema de energia elétrica. A sua capacidade de encontrar um novo ponto
aceitável de equilíbrio quando submetido a alguma contingência é o que define o seu grau de
estabilidade. Pode-se concluir, então, que a estabilidade também é uma condição de equilíbrio
entre forças, pois para permanecer a condição normal de operação do sistema existe uma
força que é capaz de controlar as pequenas oscilações que ocorrem entre as máquinas e de
mantê-las em sincronismo. Quando um distúrbio muito grande acontece, pode ocorrer a perda
de sincronismo entre os geradores que, em última instância, pode ser contornada com o
desligamento de alguma unidade através da atuação dos equipamentos de proteção.
Para modelar o desempenho estático e dinâmico de um sistema gerador
(conjunto máquina motriz-gerador), deve-se analisar a sua capacidade de retornar a condição
normal de operação na presença de algum distúrbio. O presente capítulo trata da modelagem
estática do sistema e da análise do seu comportamento mediante pequenas variações em torno
do ponto de operação. As unidades geradoras são aproximadas por fontes de tensão alternada
constante, permitindo o emprego de equações linearizadas para substituir as equações
algébricas e diferenciais não-lineares do sistema.
3.2- DINÂMICA DO ROTOR E EQUAÇÃO DE OSCILAÇÃO

Considere-se o caso simplificado de um gerador isolado suprindo uma carga,


como mostrado na figura 3.1:

Te

T G

Tm

Fig. 3.1- Máquina motriz + gerador suprindo uma carga isolada

onde:

Tm: torque do eixo ou torque mecânico suprido pela máquina primária menos o torque de
retardo devido às perdas rotacionais (N-m)
Te: torque elétrico ou eletromagnético resultante (N-m)

A equação que descreve o movimento do rotor de uma máquina síncrona é:

2
d θm
J 2
= Ta (i)
dt

com:
Ta = Jαm

e
d 2θ m
αm =
dt 2

onde:

J: momento de inércia total das massas do rotor (kg-m2)


θm: deslocamento angular do rotor em relação a um eixo estacionário (rad.)
t: tempo (s)
Ta: torque de aceleração resultante (N-m)
αm: aceleração angular (rad/s2)

O torque de aceleração resultante corresponde a diferença entre o torque


mecânico da máquina primária e o torque elétrico do gerador, ou seja:

Ta = Tm - Te

2
Em regime permanente: Tm = Te e Ta = 0, ou seja, não existe aceleração ou
desaceleração das massas do rotor, tendo-se como resultado a velocidade síncrona entre as
massas do rotor do gerador e da máquina primária e entre as demais máquinas do sistema.
Para o gerador síncrono, Tm e Te são considerados positivos, sendo o torque
elétrico Te correspondente à potência resultante no entreferro da máquina (potência de saída
total do gerador + perdas no enrolamento da armadura) e o torque mecânico Tm tendendo a
acelerar o rotor no sentido positivo de rotação de θm (figura 3.2-a).
No motor síncrono, Tm e Te são considerados negativos. Te corresponde à
potência no entreferro necessária para acionar o motor e Tm representa o torque de oposição
da carga e as perdas rotativas, cujo efeito é o de atrasar o rotor (figura 3.2-b).

w Te w
Tm

Te Tm
a) b)

Fig.3.2- Comparação entre as direções de rotação e os torques mecânico e


elétrico do rotor de um gerador (a) e de um motor (b).

O deslocamento angular do rotor com respeito a um eixo estacionário, θm, pode


também ser obtido considerando-se o deslocamento do rotor em relação a um eixo de
referência que gira com velocidade síncrona (fig.3.3), através da seguinte equação:

θm = wsmt + δm

onde:

wsm: velocidade síncrona da máquina (radmec /seg).


δm: deslocamento angular do rotor a partir do eixo de referência da rotação síncrona (radmec).

δm
Eixo de referência rotativo

θs = wsmt
θm
w
Eixo de referência estacionário

Eixo do rotor

Fig.3.3: Deslocamento do rotor em relação a um eixo que gira com velocidade síncrona

3
Então:
dθ m dδ m
= w sm +
dt dt

Da equação anterior, pode-se concluir que a velocidade angular do rotor


(dθm/dt) é constante e igual a velocidade síncrona somente quando dδm/dt é zero. Logo:

dδ m
: desvio de sincronismo da velocidade do rotor (radmec/seg)
dt
e
2 2
d θm d δm
2
= 2
: aceleração do rotor (radmec/seg)2
dt dt

Substituindo-se a equação acima na equação (i), tem-se:

2
d δm
J 2
= Ta = Tm − Te (N.m)
dt

Como o produto do torque pela velocidade angular resulta em potência,


multiplicando-se a equação anterior por wm, obtém-se:

2
d δm
J wm 2
= Pa = Pm − Pe (ii)
dt

com:

dθ m
wm = : velocidade angular do rotor (rad/seg)
dt
Pm: potência de entrada no eixo da máquina menos as perdas rotacionais (HP)
Pe: potência elétrica no entreferro (W)
Pa: potência de aceleração (W)

Desprezando-se as perdas rotacionais e as perdas na armadura (I2R), tem-se:

Pm: potência elétrica suprida pela máquina primária (W)


Pe: potência elétrica na saída do gerador (W)

O produto Jwm é o momento angular do rotor. Na velocidade síncrona:

Jwsm = M: constante de inércia da máquina (Joule-seg/radmec)

Logo, a equação (ii) torna-se:

2
d δm
M 2
= Pa = Pm − Pe (W) (iii)
dt

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Outra constante importante relacionada à inércia das máquinas é a chamada
constante H ou constante de tempo de inércia, definida por:

energia cinética armazenada em MJ na velocidade síncrona


H=
potência nominal em MVA

Logo:
1 2 1
Jw sm Mw sm
2 2
H= = (MJ/MVA)
S maq S maq

Smáq: potência mecânica nominal da máquina, em MVA

Então, da equação anterior, obtém-se:

2H
M= S maq (MJ.seg/radmec) (iv)
w sm

Substituindo-se a equação anterior na equação (iii), tem-se:

2
2H d δ m Pa Pm − Pe
2
= = (v)
w sm dt S maq S maq

Pode-se, então, obter uma forma geral para a equação anterior, ou seja:
2
2H d δ
2
= Pa = Pm − Pe (pu): Equação de Oscilação da Máquina (vi)
w s dt

onde:

δm e Wsm: referem-se ao uso de unidades mecânicas na equação


δ e Ws: referem-se ao uso de unidades elétricas na equação

As grandezas mecânicas e elétricas podem ser relacionadas a partir da seguinte


expressão:

grandeza ( elé trica)


grandeza ( mecânica ) =
p

p: no de pares de pólos

Logo:
δ w α
δm = ; wm = ; αm = . . .
p p p

5
Para um sistema com freqüência elétrica em Hz, a equação de oscilação da
máquina fica:
2
H d δ
= Pa = Pm − Pe (δ em radianos elétricos)
πf dt
2

ou
2
H d δ
2
= Pa = Pm − Pe (δ em graus elétricos)
180f dt

A equação de oscilação da máquina é a equação fundamental que governa as


dinâmicas rotacionais das máquinas síncronas em estudos de estabilidade e pode ser escrita
como duas equações diferenciais de 1a ordem:

2H dw
= Pm − Pe
w s dt


= w − ws
dt

O gráfico que relaciona o ângulo δ com o tempo é denominado de curva de


oscilação da máquina e é através da análise das curvas de oscilação de todas as máquinas do
sistema que se obtém a indicação se as mesmas permanecerão em sincronismo após um
distúrbio.

3.3- OUTRAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A EQUAÇÃO DE OSCILAÇÃO

A constante de tempo de inércia H representa, fisicamente, o período de tempo


durante o qual a máquina girante (gerador + turbina) continuaria a fornecer potência nominal,
supondo-se a ocorrência hipotética de corte brusco da energia primária recebida pela mesma.
A constante de inércia M varia amplamente com o tamanho e o tipo da
máquina, enquanto a constante H assume uma faixa mais estrita de valores. Por isso, a
constante M é raramente utilizada na prática e as formas da equação de oscilação envolvendo
H são mais freqüentemente encontradas.
O MVA base utilizado na equação (v) para se obter a forma geral da equação
de oscilação dada pela equação (vi) considera a utilização de valores nominais da própria
máquina. Deve-se, no entanto, considerar uma expressão que relacione os valores individuais
de MVA das máquinas a um valor base comum para todo o sistema. Isso é conseguido
utilizando-se a seguinte fórmula de conversão:

S maq
H sist = H maq
S sist

Pode-se também relacionar a velocidade do conjunto turbina-gerador com a


variação ocorrida nas potências mecânica e elétrica a partir da equação (iii). Considerando-se
o operador constante k definido por:

6
d
k=
dt

Obtém-se, da equação (iii):

d
Pa = M ( kδ m )
dt

E, aplicando-se a Transformada de Laplace à equação anterior, tem-se:

Pa(s) = MSk(δm(s))

e
1
kδ m ( s ) = Pa ( s )
MS

Mas:

Pa(s) = Pm(s) - Pe(s)


Pm(s) = Pmo(s) + ΔPm(s)
Pe(s) = Peo(s) + ΔPe(s)

E, em regime permanente, Pmo(s) = Peo(s), logo:

Pa(s) = ΔPm(s) - ΔPe(s)

Correspondendo ao diagrama de blocos mostrado na figura 3.4, a seguir:

ΔPe(s)
- 1
+
ΔPm(s)
MS kδ ( )

Fig.3.4- Diagrama de blocos relacionando a velocidade


na saída com variações nas potências de entrada

Considerando-se um sistema funcionando sem regulação de velocidade, ou


seja, com ΔPm(s) = 0, tem-se:

1
kδ m ( s ) = − ΔPe ( s )
MS

Para uma variação brusca de carga, tem-se:


7
ΔPe
ΔPe ( s ) = (aumento de carga)
S

Logo:

ΔPe
kδ m ( s ) = − 2
MS

E, no domínio do tempo:

ΔPe
kδ m = − t
M

Graficamente:

ΔPe(t)

ΔPe
t

(a)

kδ(t) (erro de velocidade ou freqüência)

(b)

Fig.3.5- Erro de velocidade para um sistema [em (b)]


considerando uma entrada degrau [em(a)].

8
3.4- RELAÇÃO ENTRE A CONSTANTE DE INÉRCIA (M) E A CONSTANTE DE
TEMPO DE INÉRCIA (H)

A equação que relaciona as constantes M e H é:

2H
M= S maq (iv)
w sm

Se forem tomados os valores da potência nominal e da velocidade angular


como valores base, obtém-se, em p.u.:

S pu
M = 2H
w pu
onde:
Spu = 1
wpu = 1

Logo: 2H = M

O valor da constante de tempo de inércia equivalente para o sistema é dado


pela expressão:

H eq = ∑H sist ( i )
i

Hsist(i): constante de tempo da máquina i, referida à base do sistema.

3.5- INFLUÊNCIA DA FREQUÊNCIA NA POTÊNCIA ELÉTRICA CONSUMIDA

Conforme citado no capítulo 2, todo sistema de potência está constantemente


sujeito a variações na demanda que alteram o perfil da sua freqüência. Existe, no entanto, uma
capacidade própria dos sistemas de encontrar um novo estado de equilíbrio “por si só”,
denominada de regulação própria, expressa através do parâmetro D (“Damping”), chamado
de Coeficiente de Amortecimento. Então:

ΔPD
D=
Δf

Considerando-se n geradores acoplados, a variação total de carga nos mesmos


é dada pela expressão:
n
ΔPD = ∑ ΔP Di
i=1
ΔPDi: variação na carga i devido a uma variação Δf na freqüência.

Logo:
9
n
ΔPD = Δf ∑D i
i=1

Di: coeficiente de amortecimento da carga i.

Portanto, o coeficiente de amortecimento é uma característica própria que


depende do tipo de carga que o sistema possui, ou seja, é uma constante inerente do sistema
devido à variação de sua carga com a freqüência.

Define-se por característica de freqüência da carga o parâmetro expresso por:

D
D' =
Peo

Peo: potência nominal da carga a uma freqüência nominal

Logo:

ΔPD 1
D' =
Δf Peo

Considerando-se Peo = Pbase e utilizando-se a variação da freqüência em p.u,


fica:

D’pu = Dpu

Considerando-se a freqüência nominal como freqüência base e a carga nominal


como valor base de potência, a característica de freqüência da carga representa, em geral,
variações de 1 a 2 p.u. na carga do sistema.

Em geral, a carga de um sistema é composta por uma variedade de dispositivos


elétricos. Para cargas resistivas, como lâmpadas incandescentes e aquecedores, a potência
elétrica consumida é independente da freqüência. No caso de cargas como motores,
ventiladores e bombas, a potência varia com variações na freqüência devido a alterações na
velocidade do motor. A característica geral de uma carga composta pode, então, ser expressa
por:

ΔPe = ΔPL + DΔf

ΔPL: variação de carga do sistema independente da freqüência.

As figuras 3.6 e 3.7 mostram o diagrama de blocos levando em consideração o


amortecimento da carga:

10
ΔPm + 1
Δf
- MS

ΔPe
+
D
+

ΔPL

Fig.3.6- Diagrama de blocos considerando o amortecimento da carga


ou:

ΔPL

-
ΔPm + 1
Δf
MS
-

Fig.3.7- Diagrama de blocos considerando o amortecimento da carga

De acordo com o Teorema da Superposição:

1
Δf ( s ) = ΔPm ( s ) − ΔPL ( s )
( D + MS )

Então, o diagrama de blocos equivalente será:

ΔPL

- 1
ΔPm +
MS + D Δf

Fig.3.8- Diagrama de blocos equivalente considerando o amortecimento

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O termo Δf na saída dos diagramas das figuras 3.6 a 3.8 pôde ser utilizado
porque, em p.u.: kδm = Δf, pois:

δm = θm - wsmt

Então:

dδ m dθ m
= − w sm
dt dt

kδm = wm - wsm = Δw (erro de velocidade)

Logo:

kδm = 2πΔf

E, em p.u.: kδm(pu) = Δf(pu)

Considerando-se a não atuação dos reguladores de velocidade das turbinas, ou


seja, ΔPm = 0, e supondo-se um impacto de carga aproximado por um degrau (ΔPL/S), tem-se
para a variação na freqüência de saída:

1
Δf ( s ) = − ΔPL
S ( MS + D )

E, no domínio do tempo:

ΔPL −Mt
D

Δf ( t ) = − (1 − e )
D
Que corresponde a curva da figura 3.9, a seguir:

Δf(t)

ΔPL

D

Fig.3.9- Resposta do sistema no domínio do tempo

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3.6- POTÊNCIA ELÉTRICA TRANSMITIDA ENTRE DUAS MÁQUINAS

O diagrama unifilar da figura 3.10 representa duas máquinas ou dois sistemas


equivalentes eletricamente acoplados:

~ ~
.
(i) I (j)
. r + jx .
. Sij Sji .
Vi Vj

Fig.3.10- Representação esquemática de dois sistemas eletricamente acoplados

onde:

V& = V ∠α : tensão do barramento i


i i
V& = V ∠β : tensão do barramento j
j j

I& : corrente na linha i-j


r: resistência da linha i-j
x: reatância da linha i-j

Considerando-se a tensão Vi adiantada em relação à tensão Vj, a potência Sij


transmitida entre os barramentos i e j é:

& &I ∗ = P + Q
S& ij = Vi ij ij

Vi ∠ − α − V j ∠ − β
Com: &I ∗ =
r − jx

Assim, as equações das potências ativa e reativa resultantes são:

1 2
Pij = 2 2
[ rVi − rVi V j cos δ + xVi V j sen δ ] (vii)
r +x

1 2
Q ij = 2 2
[ xVi − xVi V j cos δ − rVi V j sen δ ]
r +x

Com: δ = α - β: ângulo de carga ou ângulo de potência

A potência Sji transmitida do barramento j para o barramento i é dada por:

& ( − I& ∗ )
S& ji = V j

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Logo:
1 2
P ji = 2 2
[ rV j − rVi V j cos δ − xVi V j sen δ ]
r +x

1 2
Q ji = 2 2
[ xV j − xVi V j cos δ + rVi V j sen δ ]
r +x

Com: -δ = β - α

A perda de potência ativa na linha de transmissão é obtida através da seguinte


equação:

PLOSS = Pij + Pji

3.7- COEFICIENTE DE POTÊNCIA SINCRONIZANTE

Considerando-se a potência de entrada fornecida pela máquina primária Pm


constante, a potência elétrica na saída Pe determinará as condições para que o rotor acelere,
desacelere ou permaneça na velocidade síncrona. Deseja-se, agora, analisar a estabilidade de
um determinado ponto de operação Peo, δo e determinar se, nesse ponto, o sistema gerador
não perde o sincronismo quando submetido a pequenas alterações na potência de saída. Para
isso, consideram-se pequenas variações incrementais em torno do ponto considerado, ou seja:

Pe = Peo + ΔPe

δ = δo + Δδ

Que, substituídos na equação (vi), resultam em:


2
2H d ( δ o + Δδ )
2
= Pm − ( Pe + ΔPe ) (viii)
o
ws dt

Desprezando-se a resistência da linha de transmissão, tem-se para a potência


ativa na saída:

Pe = Pmáxsenδ

Logo:
Peo + ΔPe = Pmáxsen(δo + Δδ)

Peo + ΔPe = Pmáx(senδocosΔδ + cosδosenΔδ)

Como Δδ é apenas um pequeno deslocamento incremental em torno de δo, tem-


se:
senΔδ ≈ Δδ e cosΔδ ≈ 1
Logo:
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Peo + ΔPe = Pmáxsenδo + Pmáxcosδo.(Δδ) (ix)

Utilizando-se, então, uma igualdade restrita, onde se tem:

Pm = Peo = Pmáxsenδo

E, substituindo-se a igualdade acima na equação (ix), encontra-se:

Pm - (Peo + ΔPe) = -Pmáxcosδo.(Δδ)

Substituindo-se o lado direito da equação (viii) pela equação acima, obtém-se:


2
2H d ( Δδ )
2
+ ( Pmax cos δ o ) Δδ = 0 (x)
ws dt

Onde o termo Pmázcosδo é a declividade da curva de ângulo de potência para o


ângulo δo, mostrada na figura 3.11:

Pe

Pmáx

Peo

δ
δo 90o δ’

Fig.3.11- Exemplo de uma curva de ângulo de potência

Deve-se ressaltar que a potência mecânica de entrada é constante e intercepta a


curva do gráfico acima no ângulo de operação δo. Essa é a posição angular inicial do rotor do
gerador, correspondente às condições de operação dadas. Então:

dPe
= Pmax cos δ o = T
dδ δ=δo

Onde T é chamado coeficiente de potência sincronizante ou torque de potência


sincronizante e mede a “firmeza elétrica” da linha de transmissão.

A equação (x) pode ser reescrita da seguinte forma:


2
d ( Δδ ) w sT
2
+ Δδ = 0 (xi)
dt 2H

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Tem-se, então, uma equação diferencial linear de 2a ordem, cuja solução
depende do sinal algébrico de T. Quando T é positivo, a solução Δδ(t) corresponde à do
movimento harmônico simples, cuja solução gráfica é uma senóide sem amortecimento e de
freqüência angular w. Quando T é negativo, a solução Δδ(t) cresce exponencialmente sem
limite. Portanto, o ponto de operação (ou ângulo δo no gráfico da figura 3.11) correspondente
ao valor positivo de T é um ponto de equilíbrio estável, sendo a oscilação do rotor limitada
quando a máquina é submetida a pequenas oscilações. Por outro lado, quando T é negativo, o
ponto correspondente (δ’ no gráfico da figura 3.11) é um ponto de equilíbrio instável, não
sendo válido como ponto de operação.
Pode-se concluir, então, que a solução da equação (xi) é representada por
oscilações senoidais, uma vez que o coeficiente de potência sincronizante deve ser positivo. A
velocidade angular das oscilações não amortecidas é dada por:

w sT
wn = (rad.elét./seg.)
2H

Correspondendo a uma freqüência de oscilação dada por:

1 w sT
fn =
2π 2H

De acordo com a equação (ix):

Peo + ΔPe = Pmáxsenδo + Pmáxcosδo.(Δδ) (ix)

Mas, de acordo com a igualdade estrita utilizada anteriormente:

Pm = Peo = Pmáxsenδo

Logo:
ΔPe = Pmáxcosδo.(Δδ)

ou seja:
ΔPe = T(Δδ)

Tomando-se, agora, uma variação angular geral entre duas máquinas, ou seja:

Δδ = Δδ1 - Δδ2

Encontra-se:

Δδ = (δ1 - δ2) - (δo1 - δo2)

com:
δo1 e δ1: ângulos inicial e final da máquina 1.
δo2 e δ2: ângulos inicial e final da máquina 2.

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Então:

d( Δδ )
= k (δ 1 − δ 2 )
dt

Aplicando-se a Transformada de Laplace à equação anterior, encontra-se:

kδ 1 ( s ) − kδ 2 ( s )
Δδ ( s ) =
S

Logo, a variação de potência elétrica transmitida entre duas máquinas ou dois


sistemas interligados [ΔP12(s)] pode ser escrita como:

T
ΔP12 ( s ) = [ kδ 1 ( s ) − kδ 2 ( s )]
S

Como visto anteriormente, os termos kδ1(s) e kδ2(s) representam, em p.u.,


variação em torno da freqüência nominal, logo:

ΔPm 1 ( s ) − ΔPL 1 ( s )
Δf 1 ( s ) =
( D 1 + M 1S )

e
ΔPm 2 ( s ) − ΔPL 2 ( s )
Δf 2 ( s ) =
( D 2 + M 2S )

A representação, em diagrama de blocos, é:

ΔPL1 (s)

+ - 1
ΔPm1 (s) Δf1 (s)
- D 1 + M 1S

+
ΔP12 (s) T
S -

+ + 1
ΔPm2 (s) Δf2 (s)
- D 2 + M 2S

ΔPL2 (s)
Fig.3.12- Diagrama de blocos mostrando a interligação entre duas máquinas

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No diagrama da figura 3.12, o intercâmbio de potência entre as máquinas 1 e
2 (ΔP12) é percebido como carga pela máquina 2 e geração adicional pela máquina 1.

3.8- SISTEMA FINITO INTERLIGADO A UM GRANDE SISTEMA (BARRA


INFINITA)

Podem acontecer situações onde um sistema de pequeno porte (barramento


finito) seja interligado a um grande sistema, em cujo barramento a tensão permanece
constante e não existe variação de freqüência, mesmo que ocorram variações na potência de
entrada ou na excitação de campo do gerador síncrono a ele ligado (barramento infinito).
Portanto, um barramento infinito pode ser considerado como um barramento
onde está localizada uma máquina de tensão interna constante, com impedância zero e inércia
infinita. O diagrama de blocos considerando o sistema 2 como um barramento infinito é
mostrado na figura 3.13. Nesse caso: Δf2 = 0 e considerando-se ΔPm1(s)= 0, obtém-se:

Δf 1 ( s ) S
=−
ΔPe 1 ( s ) S ( M 1S + D 1 ) + T

ΔPe1 (s)

+ - 1
ΔPm1 (s) Δf1 (s)
- D 1 + M 1S

+
ΔP12 (s) T
S -

Δf2 (s) = 0

Fig.3.13- Sistema finito interligado a um barramento infinito

3.9- REFERÊNCIAS

1- Ribeiro, R. R. P., Notas de Aula, Universidade Federal do Pará, 1992.

2- Stevenson Jr., W. D., “Elementos de Análise de Sistemas de Potência”, McGraw-Hill, 2a


edição em português, São Paulo, 1986.

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