You are on page 1of 9

ARTIGO DE REVISÃO / REVIEW ARTICLE

Aspectos da absorção no metabolismo do cálcio e vitamina D*


Absorption aspects of calcium and vitamin D metabolism

Vera Sônia Grüdtner1, Pedro Weingrill2 e Antonio Luiz Fernandes2

RESUMO necessity of supplementation. The different forms of calcium pre-


sentation and the amount of this element in the various types of
Nesta revisão, analisam-se os aspectos da absorção do cálcio processed milk are discussed. Vitamin D, essential for the calcium
e da vitamina D, comenta-se a necessidade diária do íon, va- absorption, goes through a complex metabolism process at the in-
riando com a faixa etária e a suplementação, quando se fizer testinal and renal systems, until the formation of its active meta-
necessária. Salientam-se as formas de apresentação de cálcio e bolite. VDR receptors for vitamin D are discussed. Calcium has
a quantidade desse elemento nos leites em geral e nos reduzi- three steps in its absorption process: intraluminal, intracelular,
dos em lactose. A vitamina D, fundamental para a absorção do which is complex and is vitamin D dependent, and plasmatic, which
cálcio, passa por um processo metabólico complexo ao nível do is influenced by seric albumin, pH, and other factors. Analysing
aparelho digestivo e rins, até a formação do seu metabólito ati- all the absorption aspects makes it easier to understand the gene-
vo. Comenta-se a importância dos receptores de vitamina D sis of diseases related to deficiency of these elements. Thus the
(VDR) nas células intestinais. O cálcio apresenta três etapas correct determination of the causes of bone mineral content loss is
no processo absortivo, em que a primeira, intraluminal, sofre important for a correct therapeutic orientation.
influência de vários fatores que aumentam ou diminuem sua
absorção. A segunda, complexa, é a absorção transcelular, de-
Key words: osteoporosis, osteomalacia, absorption of
pendente de vitamina D. A terceira etapa, plasmática, varia
com o nível de albumina, com o pH sérico e outros fatores.
calcium, metabolism of vitamin D, bone mass
Analisando todos os aspectos da absorção, pode-se entender
melhor a gênese de doenças relacionadas à deficiência destes INTRODUÇÃO
elementos. Assim sendo, a determinação da causa da perda de
massa óssea é importante para uma orientação terapêutica ade- O equilíbrio nutricional é indispensável para manter todos
quada. os processos biológicos. O trato digestivo é a maior via de
absorção de nutrientes e não é surpresa encontrar-se signifi-
Palavras-chaves: osteoporose, osteomalacia, absorção cantes anormalidades no metabolismo mineral e ósseo, em
de cálcio, metabolismo da vitamina D, massa óssea pacientes com vários tipos de distúrbios digestivos que de-
sestabilizam o complexo mecanismo de absorção, como doen-
ABSTRACT ças gastrintestinais disabsortivas, doenças hepatobiliares,
The mechanisms of calcium and vitamin D absorption in the doenças pancreáticas, doenças inflamatórias intestinais, gas-
gastrointestinal tract are revised and coments about the daily ne- trectomias e ressecções intestinais(1,2). O cálcio é um elemento
cessity of the ion in the different ages are made, as well as the fundamental ao organismo, porém não é produzido endoge-
namente e somente é adquirido através da ingestão diária de
* Liga para Estudos e Investigação da Osteoporose (LEIO). Sociedade Join- alimentos que o contêm. A grande maioria da população não
villense de Medicina. Recebido em 16/10/96. Aprovado, após revisão, ingere quantidades adequadas deste elemento(2,3). Existem
em 13/6/97. várias formulações para suplementação de cálcio que, como
1. Gastroenterologista.
veremos adiante, devem, dependendo do paciente, ser indi-
2. Reumatologista.
vidualizadas, buscando-se uma melhor absorção. A vitamina
Endereço para correspondência: D, embora disponha de uma via endógena de formação (pele),
LEIO – Sociedade Joinvillense de Medicina tem em seu aporte exógeno um importante fator para a ma-
Rua General Sampaio, 34
89201-520 – Joinville, SC nutenção de níveis ideais às necessidades orgânicas. Seu me-
E-mail: weingril@netville.com.br tabolismo é complexo desde a fase intraluminal, em que ne-
Rev Bras Reumatol – Vol. 37 – Nº 3 – Mai/Jun, 1997 143
cessita manter-se em suspensão para ser absorvida e em se- A necessidade diária de cálcio no adulto é de 800 a 1.000
guida ser hidroxilada em nível hepático e renal para tornar- mg, sendo que as crianças, gestantes e os idosos necessitam
se ativa. de aporte maior (quadro 1).
Tanto o cálcio como a vitamina D, quando ingeridos, pas- A suplementação de cálcio necessária à manutenção da
sam por mecanismos de absorção em que interagem vários absorção, diminuída em várias situações clínicas, pode ser
fatores(4). Há efetivamente uma relação entre deficiência de feita com diversos tipos de sais de cálcio, tais como: citrato,
absorção de cálcio e/ou vitamina D e perda de massa óssea, lactogluconato, lactato, carbonato e outros(7). Devem ser ad-
o que leva a se considerar de muita importância o entendi- ministrados durante as refeições devido à maior solubilidade
mento dos mecanismos de absorção e dos fatores que neles do mineral por sua ligação com ligandinas(8), como descrito
interferem. Nesta revisão procura-se entender os principais adiante. Existem muitas formulações de cálcio, devendo-se
passos no processo de absorção dessas substâncias. levar em consideração a percentagem do cálcio elementar na
composição, como mostrado no quadro 2.
CÁLCIO Dos alimentos que contêm cálcio, destacam-se principal-
O cálcio é o mineral mais abundante do corpo humano. mente o leite e seus derivados (quadro 3).
Corresponde a 1 ou 2% do peso corporal e ocorre numa per- O mecanismo de absorção do cálcio é complexo, envol-
centagem de 39% em relação a outros minerais. Sua distri- vendo vários fatores como: vitamina D, ATPase, fosfatase
buição é de 99% nos ossos e 1% no sangue, espaço extrace-
lular e células de tecidos moles. É necessário, para a forma- QUADRO 2
ção e manutenção da matriz óssea, estabilizar membranas de Algumas formulações de cálcio
células excitáveis como músculos e nervos, participar do pro-
cesso de coagulação do sangue e na atividade de diversas Tipos de sal % cálcio
enzimas. O cálcio é necessário para o crescimento e desen-
Carbonato 40,0
volvimento dos ossos e dentes. A concentração de cálcio nos
Citrato 30,0
tecidos é variável e na célula é encontrado principalmente Fosfato (dibásico) 24,4
no retículo endoplasmático e mitocôndrias(4). A ingesta ideal Fosfato (tribásico) 38,8
de cálcio é aquela que conduz a um pico de massa óssea Lactato 18,4
adequado na criança e adolescente, mantenha-o no adulto e Lactogluconato 12,9
minimize a perda na senilidade(3,5,6).
QUADRO 3
QUADRO 1
Concentração de cálcio no leite e derivados
Necessidades ideais de cálcio recomendadas pelo
(estas concentrações variam de acordo com
Painel de Consenso do “National Institutes of Health”(5)
a marca comercial do produto)(9,10)

Faixa etária Miligramas de


Alimento (100 gramas) Miligramas
cálcio por dia
de cálcio

Lactentes
Leite de vaca magro 0.106
– Do nascimento aos seis meses 0.400
Leite de vaca desnatado 0.124
– Dos seis meses a um ano 0.600
Leite em pó desnatado 1.049
Crianças Leite em pó semidesnatado 0.982
– Um a cinco anos 0.800 Leite em pó integral 0.994
– Seis a dez anos 0.800 a 1.200 Leite em pó reduzido em lactose 0.600
Adolescentes e adultos jovens Leite em pó isento de lactose 090 a 450
– 11 a 24 anos 1.000 Iogurte com sabor de frutas, semidesnatado 0.157
Iogurte natural desnatado 0.226
Homens
Iogurte natural semidesnatado 0.207
– 25 a 65 anos 1.000
Leite condensado 0.262
– Mais de 65 anos 1.500
Chocolate com leite, açucarado 0.216
Mulheres Queijo prato 1.023
– 25 a 50 anos 1.000 Queijo-de-minas 0.685
– Mais de 50 anos (pós-menopausa) Queijo parmesão 1.357
– com terapia de reposição hormonal 1.000 Queijo provolone 0.925
– sem terapia de reposição hormonal 1.500 Queijo suíço 1.086
– Mais de 65 anos de idade 1.500 Sorvete de leite 0.137
Grávidas e lactantes 1.200 a 1.500
Adaptado da Tabela de composição química dos alimentos – Franco G.(9)

144 Rev Bras Reumatol – Vol. 37 – Nº 3 – Mai/Jun, 1997


alcalina intestinal, fatores que aumentam ou diminuem sua por apresentarem um mecanismo de absorção mais comple-
solubilidade, proteína ligadora de cálcio no enterócito (cal- xo, diminuem o trânsito intestinal, mantendo mais tempo o
bindin), proteína ligadora de cálcio no plasma e outros. Po- contato do cálcio com a mucosa e levando a aumento da
demos considerar três etapas neste processo(4,11,12). absorção. Já gorduras em excesso, não digeridas, como nos
Primeira etapa: intraluminal casos de pancreatite ou doenças disabsortivas intestinais, le-
A quantidade de cálcio absorvida é determinada pela in- vam a precipitação do cálcio por formação de sais insolúveis
gesta e pela capacidade de absorção intestinal. Se a ingesta é (estearato de cálcio). Nestes casos também há perda de vita-
baixa, a absorção é alta, enquanto na ingesta alta a absorção mina D, que, sendo lipossolúvel, não é mantida em suspen-
é menor(13). Tem-se a absorção saturável transcelular, depen- são(17).
dente de vitamina D, e a absorção não saturável intercelular, • Ácido fítico, ácido oxálico, celulose, alginatos, álcool,
que é dependente da concentração de cálcio intraluminal. antiácidos, bloqueadores da secreção ácida, colestiramina e
Nesta etapa há interferência de fatores na luz intestinal, au- tetraciclina(12,17-20) – Diminuem a absorção do cálcio por re-
mentando ou diminuindo a absorção. dução da solubilidade, quer por alteração do pH, quer por
• pH – O cálcio é solúvel em meio ácido, sendo que em formação de sais insolúveis como fitato e oxalato de cálcio.
pH alcalino precipita. Este mineral, para manter-se em sus- O ácido fítico é encontrado na casca de cereais, mais na aveia
pensão no conteúdo intestinal, está preso a ligandinas (grupo e soja, e se combina com o cálcio, formando fitato de cálcio.
carboxil ou grupos amino de proteínas e grupos quelados em O ácido oxálico é encontrado no chocolate, na pimenta, em
cofatores ou enzimas). As ligandinas, que têm duas cargas, nozes, em alguns vegetais como folhas de ruibarbo, folhas
ligam-se ao cálcio. A secreção normal gástrica (pH 1 a 2) é de beterraba, acelga, espinafre, cenoura, cebola verde, bata-
suficiente para liberar o mineral da ligandina em troca do ta doce, algumas frutas como morango, laranja, figo e bebi-
H+. Assim, o cálcio está pronto para ser absorvido, servindo das como chá e tipo “cola”(21,22). Combina-se com o cálcio
a ligandina para impedir sua precipitação(8). Em meio alcali- formando oxalato de cálcio (quadro 4).
no aumenta a ligação cálcio-fosfato, formando fosfato de cál-
cio, que é insolúvel e eliminado pelas fezes. No delgado, à QUADRO 4
medida que o pH aumenta em direção ao íleo, eleva-se a Relação entre a absorção do cálcio e substâncias ingeridas
concentração do fosfato intestinal, havendo precipitação do
Diminuem a absorção Aumentam a absorção
cálcio e deficiência da absorção. Dessa maneira, sua maior
absorção é ao nível de duodeno e jejuno proximal(12).
Fosfatos Proteínas
• Atividade de lactase(14-16), caseinato e citrato. O cálcio é
Fitatos (aveia, outros cereais) Lactose
muito pouco solúvel em água. A forma em que é ingerido e o
Celulose Lisina
seu grau de solubilidade no conteúdo intestinal afetam sua
absorção. Sabe-se que 60 a 75% do cálcio ingerido diaria- Triglicerídeos de cadeia longa Arginina
não metabolizados
mente é o contido no leite e/ou derivados. Como o pH do
Bloqueadores de secreção Triglicerídeos de cadeia média
leite é alcalino, o cálcio se mantém em suspensão pela for-
ácida (coco, água de coco, óleo de
mação de caseinato de cálcio, citrato de cálcio e complexa- milho, óleo de girassol, óleo
do a lactose(17). A lactose é um dissacarídeo formado por gli- de oliva)
cose e galactose que na borda em escova do enterócito sofre Alginatos (magaldrato) Triglicerídeos de cadeia longa
ação da lactase, desdobrando-se nestes monossacarídeos e metabolizados
liberando o cálcio. Em função destes três componentes, lac- Oxalatos (chocolate, nozes,
tose, caseinato e citrato, que mantêm a solubilidade do cál- pimenta, acelga, espinafre)
cio no leite, parece explicar-se a sua melhor absorção em Álcool Penicilina, Cloranfenicol
relação ao cálcio contido em outras formas alimentares. Antiácidos
Observando-se que nos leites com redução do conteúdo Colestiramina
de lactose também há redução da quantidade de cálcio, de- Cortisol
duz-se que a presença da lactose é importante para a manu- Tetraciclina
tenção do cálcio no leite.
• Aminoácidos – A lisina e a arginina levam a maior solu-
bilidade do cálcio, com diminuição de formação do sal fos- • Motilidade digestiva, secreção, digestão e absorção –
fato, aumentando assim sua absorção(12). São importantes no processo de absorção do cálcio. Sendo
• Gorduras – Triglicerídeos de cadeia longa – TCL (ovos, assim, cirurgias que alteram esta fisiologia (gastrectomias,
nata, manteiga, carnes gordas, leite integral, óleos e gordu- principalmente total e BII)(8,23), distúrbios pancreáticos, he-
ras contendo TCL, etc.) em quantidades normais na dieta, páticos, biliares, intestinais (doença celíaca, doença de Crohn,
Rev Bras Reumatol – Vol. 37 – Nº 3 – Mai/Jun, 1997 145
retocolite ulcerativa, síndrome do intestino curto) vão levar drag) ocorre entre as células do epitélio absortivo, é depen-
a alterações na absorção(24-31). dente de alta concentração do cálcio intraluminal e indepen-
• Gastrite atrófica, incluindo as induzidas por Helicobac- dente de vitamina D.
ter pylori, levam a hipocloridria, com conseqüente aumen- O transporte transcelular de cálcio ocorre do lume intesti-
to da flora aeróbica e anaeróbica na porção alta do tubo di- nal em direção ao capilar sanguíneo, por processo ativo na
gestivo e redução da absorção do cálcio e vitamina D(8). As sua maior parte, por diferença de potencial eletroquímico
bactérias anaeróbicas desconjugam sais biliares levando a transepitelial, através da borda em escova do enterócito(34).
deficiência de solubilização de vitamina D, como explicado Devido à alta concentração de cálcio no lume intestinal, em
adiante. relação ao citoplasma do enterócito, há maior negatividade
• Condições de hipoproteinemia – Causam problemas de intracelular, com grande diferença de potencial eletroquími-
absorção por edema de mucosa e deficiência de proteínas de co favorecendo a entrada de cálcio na célula. Na borda em
transporte. escova, o cálcio liga-se a calbindin (CaBP)(4), ligação esta
• Insuficiência renal – Leva a menor hidroxilação da vi- necessária para manutenção de cálcio em solução, já que é
tamina D, com conseqüente diminuição da absorção de cál- pouco solúvel em meio aquoso. Esse processo é regulado
cio(4,11). pela vitamina D, independentemente de transcrição genéti-
ca. A vitamina D interage na membrana plasmática da borda
QUADRO 5 em escova, cuja camada lipídica tem baixa permeabilidade a
Doenças que afetam a absorção do cálcio no intestino íons bivalentes e trivalentes, abrindo os canais de cálcio(11,33).
Isso parece dever-se ao aumento da síntese de fosfatidilcoli-
Reduzem Aumentam
na a partir de fosfatidiletanolamina na borda em escova, le-
vando a aumento da fluidez da membrana citoplasmática e
Deficiência de 1,25(OH)2D3 Aumento de 1,25(OH)2D3
– Deficiência de vitamina D – Durante crescimento permeabilidade ao cálcio. Esta resposta é específica para a
– Raquitismo tipo 1, vitamina D – Hiperparatiroidismo 1,25(OH)2D3 (calcitriol) e não a outros lipídios(34). Dechant
– dependente et al. mostraram que a deficiência de calcitriol leva à má
– Insuficiência renal crônica absorção de cálcio devido à resistência da membrana do en-
– Hipoparatiroidismo – Sarcóide e outros granulomas
terócito à entrada deste íon(35). A administração de calcitriol
– (síntese extra-renal
– de1,25(OH)2D3) foi associada a um aumento da passagem de cálcio através
Resistência a 1,25(OH)2D3
de vesículas pela borda em escova. Ao entrar na borda em
– Raquitismo tipo 2, vitamina D escova do enterócito o cálcio deve ligar-se a um transporta-
– dependente – ausência ou dor que até 1970 acreditava-se ser a fosfatase alcalina intes-
– anormalidade de receptores tinal, assim como uma cálcio-ATPase. Naquele ano foi iden-
– (VDR), para 1,25(OH)2D3 tificada a presença da proteína carreadora – calbindin (Ca-
Doenças gastrintestinais Idiopática BP) – na membrana da célula e ficou demonstrado que a
– Gastrite atrófica – Hipercalciúria (pode também
1,25(OH)2D3 fixa a CaBP em pequena quantidade na mem-
– Doença celíaca, Crohn, – incluir aumento da sensibilidade
– Retocolite ulcerativa – a 1,25(OH)2D3 ou aumento da brana apical do enterócito. Já a concentração de CaBP no
– absorção por mecanismo citoplasma é muito maior(32). A calbindin é dependente de
– independente de vit. D calcitriol(4,36). O cálcio é deslocado na célula em direção ao
– Deficiência de lactase interior das organelas(37) (mitocôndrias e retículo endoplas-
– Cirurgias do aparelho digestivo
mático), onde é estabilizado e estocado em formas não cris-
– Gastrectomia total e à BII
– Ressecções de intestino delgado talinas por ligandinas como Mg-ATP e fosfocitrato(4).
O cálcio estocado necessita ser liberado para o exterior da
* Adaptado de Bockus Gastroenterology, 1994(14)
célula. Pela ação da neurotensina, serotonina e acetilcolina,
há ativação da hidrólise do fosfatidil-inositol (P1P2), encon-
Segunda etapa: intracelular trado na membrana plasmática, originando o 1,4,5 trifosfato
A absorção do cálcio intestinal ocorre 50% por mecanis- de inositol (P1P3), que se difunde para o interior da célula,
mos transcelulares e 50% por transferência passiva através estimulando a liberação do cálcio destes estoques(38). Na
do espaço intercelular (solvent drag)(11). O transporte celular membrana basolateral, o cálcio é liberado para o espaço in-
de cálcio é intenso no duodeno e jejuno proximal, sendo em tersticial por dois processos ativos:
menor quantidade no cólon proximal, pouco ocorrendo no • Dependente de Ca++-ATPase. Para hidrólise de cada mo-
jejuno distal e no íleo, pela ausência de sistemas carreadores lécula de ATP há efluxo de uma molécula de cálcio. Este
específicos dependentes de 1,25(OH)2D3 e pH adequado nes- processo é estimulado pela fosfatase alcalina intestinal, cuja
tes segmentos(32,33). O transporte passivo intercelular (solvent atividade é aumentada pela 1,25(OH)2D3(4,11).
146 Rev Bras Reumatol – Vol. 37 – Nº 3 – Mai/Jun, 1997
• Dependente de Na+K+-ATPase localizada na membrana trações de cálcio iônico. Na acidose aumenta a concentração
basolateral (bomba de sódio-potássio). Para cada cálcio efluí- do íon, por haver diminuição da ligação cálcio-albumina,
do há entrada de três sódios na célula. enquanto que na alcalose aumenta esta ligação, com conse-
Estes mecanismos de influxo e efluxo de cálcio e sódio qüente diminuição de cálcio iônico, que é fisiologicamente
regulam a concentração de cálcio intracelular. Na ausência ativo(4). Assim, em um pH de 7,4 cada g/dl de albumina liga
destes mecanismos, as células não manteriam a concentra- 0,8g/dl de cálcio. Essa simples relação pode ser usada para
ção de cálcio e haveria acúmulo do íon no ambiente intrace- “corrigir” mentalmente o cálcio sérico total quando a con-
lular(4). centração de albumina for anormal (ex.: em um soro com
Tem sido descrito que o óxido nítrico (NO) teria efeito albumina de 2,0g/dl o cálcio “corrigido” é de 7,4mg/dl; se a
pró-absortivo no transporte do cálcio no trato gastrintestinal. albumina fosse 4,0g/dl, o cálcio seria 9,0mg/dl).
Assim sendo, poderia estar envolvido na regulação da absor- Na circulação há três tipos de cálcio (quadro 6): 1) cálcio
ção do íon, mas os resultados têm sido conflitantes. Parece ligado à albumina; 2) cálcio complexado a citrato, sulfato ou
que o NO tem um papel na absorção de cálcio em condições fosfato; 3) cálcio iônico.
fisiológicas, sendo que nos casos de má absorção não está O cálcio ligado à albumina não é ultrafiltrável; o cálcio
definido se exerceria alguma ação(39). complexado e o cálcio iônico são ultrafiltráveis, porém só o
Trabalhos mostram que a absorção do cálcio pode ocorrer cálcio iônico é fisiologicamente ativo. O cálcio iônico, con-
também no cólon, onde foram identificados vários recepto- forme as necessidades orgânicas, passa para as células dos
res para 1,25(OH)2D3 com características similares aos do tecidos excitáveis e ao tecido ósseo.
delgado. Esta capacidade de absorver cálcio parece repre-
sentar uma reserva funcional em situações em que há queda QUADRO 6
importante da absorção em conseqüência de ressecção ou Esquema demonstrativo das maneiras como
o cálcio circula na corrente sanguínea
doença extensa de delgado. Em condições normais, porém,
não está bem definido se o cólon contribuiria significativa-
Não ultrafiltrável Ultrafiltrável
mente nesta absorção(40).
Observações sobre a atividade de peptídeos nestes níveis, Cálcio ligado à albumina Cálcio complexado – Cálcio ionizado
principalmente gastrina e colecistoquinina, que, quando ad-
(4)
Adaptado de Bourdeau & Attie
ministrados em altas doses via parenteral, são estimuladores
da secreção de calcitonina, estão levando à observação de
possível existência de uma célula C enteral que regularia a VITAMINA D
secreção de calcitonina(41). A doença celíaca é uma doença A vitamina D, além de ser obtida exogenamente, tem tam-
que pode levar a uma redução de massa óssea por diminui- bém síntese endógena. Necessita ser metabolizada até
ção da absorção de vitamina D e cálcio. É descrito que tam- 1,25(OH)2D3, que é sua forma ativa e age similarmente aos
bém atua diminuindo as secreções digestivas e hormonais hormônios esteróides. Origina-se de duas fontes: presente em
gastrintestinais. Dessa forma, levaria a alteração da regula- fontes naturais (na ingesta) e a sintetizada na pele. A vitami-
ção da célula C na secreção de calcitonina. Essa relação en- na D da ingesta apresenta-se sob duas formas: D2 (calcife-
tre célula C enteral e trato gastrintestinal necessita de maio- rol), sintetizada em plantas a partir do precursor ergosterol e
res investigações. a D3 (colecalciferol), dos alimentos não vegetais. Ambas so-
Terceira etapa: plasmática frem o mesmo processo de metabolização para se tornarem
Ao entrar no capilar venoso o cálcio circulante apresenta- ativas (fig. 1).
se ligado a proteína em 45 a 50%, sendo que 80% liga-se a As doses diárias recomendadas são difíceis de serem obti-
albumina e 20% a globulina. Outros 45 a 50% circulam em das na alimentação normal, pela pequena quantidade conti-
forma iônica e 8% estão complexados ao citrato, fosfato e da nos alimentos, a não ser naqueles enriquecidos com esta
sulfato. A albumina apresenta em sua molécula mais ou me- vitamina(9) (quadros 7 e 8).
nos 12 sítios (hipotéticos) de ligação para o cálcio. Em geral
nem todos estes sítios estão ocupados, porque, dependendo
QUADRO 7
de vários fatores como, por exemplo, o pH, o cálcio se libera Dose diária recomendada de vitamina D
do lócus e circula na forma iônica(4). A variação na concen-
tração de albumina sérica não interfere no cálcio iônico. As- Até 6 meses 300UI
sim, em diversas doenças crônicas há substancial redução de Mais de 6 meses 400UI
albumina sérica, o que pode diminuir a concentração total de Adultos com mais de 24 anos 200UI
cálcio circulante, mas a concentração de cálcio livre perma- Gestantes e lactantes 400UI
Na ausência de exposição ao sol 600 a 800UI
necerá normal. Já as alterações do pH modificam as concen-
Rev Bras Reumatol – Vol. 37 – Nº 3 – Mai/Jun, 1997 147
F’gado Colecalciferol zação de muitos esteróides e drogas(43). A enzima 25(OH)ase
é também encontrada nas mitocôndrias e é responsável pela
Vitamina D3 concentração de 25(OH)D3 circulante. A 25(OH)D3 liga-se
Vitamina D3
25(OH)ase
a uma proteína transportadora que tem alta afinidade e espe-
Bile cificidade por este metabólito, a transcalciferina, uma α-glo-
25(OH)D3 Micela
Cap. venoso Enter—cito bulina sintetizada no fígado. Ínfima quantidade de 25(OH)D3
Vit D3 é encontrada livre. A 25(OH)D3 ligada vai ao rim, onde, no
túbulo contornado proximal, sofre uma segunda hidroxila-
ção ao nível do carbono 1 de sua molécula, pela ação da
Estr—genos
Cap. linf‡tico ? enzima 1-α-hidroxilase 1α(OH)ase(4). Esta enzima é de ori-
VDR
gem renal e é ativada pelo PTH, pelo AMPc nefrogênico,
Estr—genos estrógenos, prolactina e hormônio de crescimento. Obtém-
1,25(OH)2D3 PTH
Calcitriol Prolactina se assim a 1,25 diidroxicolecalciferol 1,25(OH)2D3, o calci-
HGH
25(OH)D3 triol, que é a vitamina D3 hidrossolúvel e ativa no metabo-
+
Transcalciferina 1alfa(OH)ase lismo do cálcio(4,12,32,43). O calcitriol age no intestino delgado
ao nível do enterócito, onde estimula a síntese da proteína
Sangue
25(OH)D3 ligadora de cálcio, calbindin (CaBP), necessária ao trans-
porte intracelular do cálcio(4), conforme descrito anteriormen-
te. Também atua na borda em escova do enterócito, facili-
Rim tando a penetração do cálcio, por alterar a permeabilidade
da membrana a este íon. A 1,25(OH)2D3 tem seu efeito bio-
Fig. 1 – Esquema representativo do metabolismo da vitamina D a lógico através de receptores para vitamina D (VDR), predo-
partir da sua ingestão sob forma de colecalciferol, lipossolúvel, minantemente nucleares(42), com afinidade mil vezes maior a
até seu retorno ao enterócito em forma de calcitriol, hidrossolúvel
este metabólito, quando comparado a 25(OH)D3. Parece ter
o estrógeno uma ação indutora na síntese destes receptores(44).
QUADRO 8 Analogamente a outros hormônios esteróides, a 1,25(OH)2D3
Fontes naturais de vitamina D(8) circulante entra na célula-alvo e liga-se a um receptor nu-
clear VDR. Sabe-se que este VDR deve se complexar ao re-
Peixes: salmão. ceptor X do ácido retinóico (RXR), para formar um comple-
Óleo de fígado de bacalhau, arenque, atum, lambari.
xo heterodímero com a 1,25(OH)2D3.
Óleos de certas espécies de cação.
Alimentos enriquecidos: pão, cereais, leite. Uma vez formado, este complexo interage com o elemen-
to de resposta da vitamina D (VDRE) no DNA. Esta intera-
ção leva à transcrição dos genes e a síntese de RNAm para
A vitamina D3 da pele é produzida a partir do 7-diidroco- várias proteínas, como a osteocalcina e fosfatase alcalina nos
lesterol (pró-vitamina D3), precursor imediato do coleste- osteoblastos e calbindin nas células intestinais. Os genes VDR
rol(11). Por ação da radiação solar (ultravioleta B), é transfor- são polimorfos, o que determina diferentes respostas a 1,25
mada em pré-vitamina D3, que sofre uma isomerização in- (OH)2D3 na absorção do cálcio intestinal. Estudos vêm de-
duzida pelo calor, durante algumas horas, formando-se a vi- monstrando que indivíduos com genótipo VDR de genes ale-
tamina D3(42). Esta atinge a circulação, sendo transportada los “bb” têm maior densidade mineral óssea, quando compa-
até o fígado, onde se inicia o processo de hidroxilação. A rados aos de alelos “BB”(45). Mulheres com a variante “BB”
vitamina D ingerida precisa ser mantida em suspensão no do VDR têm menor absorção de cálcio quando em regime de
intestino delgado proximal, para ser absorvida. Por ser lipos- baixa quantidade deste íon na dieta(46). A concentração do
solúvel, há necessidade da formação de micelas através de VDR intestinal diminui com a idade(47), podendo ser uma
sais biliares conjugados para manter-se em suspensão no lume causa da resistência a 1,25(OH)2D3 no idoso, com conse-
intestinal, que é aquoso. É absorvida pela membrana do en- qüente diminuição da absorção de cálcio.
terócito por simples difusão. Dentro da célula é metaboliza- A absorção da vitamina D está prejudicada nas doenças
da a quilomícrons, assim passa ao sistema linfático e após ao que apresentam alterações do fluxo biliar: colestase, litogê-
venoso, indo ao fígado, onde é hidroxilada a 25(OH)D3. Esta nese, diminuição da circulação entero-hepática de sais bilia-
primeira hidroxilação em nível hepático ocorre pela ação da res(48,49), nos casos em que há desconjugação dos sais biliares
enzima 25-hidroxilase (25(OH)ase), encontrada no sistema por aumento da flora anaeróbica (cirrose biliar primária(49-
51), Crohn(52), doença do íleo terminal, alça cega)(1,48,51), nas
microssomal do fígado, onde também há uma NADP-cito-
cromo P450-redutase, sendo esta a mesma via de metaboli- doenças disabsortivas (doença celíaca, Crohn, síndrome do
148 Rev Bras Reumatol – Vol. 37 – Nº 3 – Mai/Jun, 1997
intestino curto)(52,53), e nas gastrectomias (por alteração da D e conseqüentemente interferência na absorção do cálcio.
motilidade e absorção)(26,28). Na doença hepática crônica têm Parece que a diminuição da densidade mineral óssea é uma
sido encontradas concentrações séricas normais de 25(OH) forma comum de apresentação da doença celíaca(56,57). Nos
D3; só em casos de doença acentuada há diminuição desses casos de perda de massa óssea sem causa aparente e sem
níveis devido a dois fatores(43,50): 1) diminuição da atividade clínica de má absorção ou distúrbio digestivo, tem-se dado
da enzima 25(OH)ase; 2) diminuição de proteína ligadora de mais atenção aos testes imunológicos de diagnóstico de doen-
25(OH)D3. ça celíaca (anticorpo antigliadina = AGA, anticorpo antien-
Em condições em que há prejuízo da segunda hidroxila- domísio = IgA – EMA), reduzindo-se assim a necessidade
ção, em nível renal, da 25(OH)D3, os níveis sanguíneos des- de biópsia de delgado para diagnóstico(58,59).
te metabólito podem aumentar muito e inibir a ação da 25 Alguns aspectos que na prática diária podem passar des-
(OH)ase hepática (feed-back)(48-50). percebidos também devem ser vistos, como a deficiência de
lactase, problema comum em adultos e que vem sendo ob-
COMENTÁRIOS servado cada vez com maior freqüência(10,13,16). Nestes casos,
Analisando-se todos os aspectos, principalmente no que o teste de sobrecarga de lactose se faz necessário. Uma vez
se refere aos mecanismos de absorção do cálcio e vitamina detectada tal deficiência, deve-se orientar o paciente a inge-
D, pode-se verificar de forma mais clara a importância que rir leite que contenha baixo teor de lactose. Como estes pro-
isso vem a ter na gênese de doenças relacionadas à deficiên- dutos contêm menor quantidade de cálcio, deverá ser feita a
cia destes elementos. Sabe-se que tanto a deficiência de um suplementação. Conforme a literatura vem mostrando, a in-
ou outro pode levar a desmineralização óssea. Nesse sentido gestão de leite é sem dúvida uma das melhores formas de se
é que se deve determinar a causa principal da osteomalacia obter cálcio e, com relação às formulações, sugere-se a to-
ou da osteoporose. Nestes casos, tem-se que optar por trata- mada junto com os alimentos, quando parece haver melhor
mentos que irão corrigir, ou de alguma forma diminuir, os aproveitamento e absorção do cálcio(8). Da mesma forma,
distúrbios causadores da absorção prejudicada, pois assim deve-se estar atento à vitamina D, que, sendo lipossolúvel,
vai-se ao encontro da alteração metabólica e sua correção e sua absorção será prejudicada quando houver alterações de
não somente tentar obter resultados no sentido de bloquear a secreção biliar como colestase, desconjugação de sais bilia-
desmineralização do osso. Deve-se observar que a adminis- res como a alça cega e outras afecções. Nestes casos, deve-
tração de cálcio a indivíduos com distúrbios da absorção deve mos utilizar a forma hidrossolúvel de vitamina D (calcitriol),
ser adequada na formulação do sal. O carbonato de cálcio, para que haja absorção adequada.
que é o sal mais utilizado na suplementação deste íon, não A idade traz uma série de modificações em todo o meta-
terá seu efeito satisfatório em situações em que haja aumen- bolismo orgânico e dessa forma acomete também o aparelho
to do pH gástrico, como gastrites atróficas ou gastrectomias digestivo. Indivíduos com mais de 60 anos podem já apre-
tipo BII. Nestes casos, seria ideal o uso de sais que têm sua sentar hipocloridria(60) e deficiência de absorção de cálcio e
absorção em pH mais alto, como é o caso do citrato. Deve-se vitamina D, bem como diminuição da metabolização da 25
também levar em consideração indivíduos com doenças úl- (OH)D3 em nível renal e maior resistência ao calcitriol, por
cero-pépticas que estão utilizando antiácidos, bloqueadores diminuição da concentração dos receptores VDR nas células
H2 ou bloqueadores da bomba de prótons. Os preparados intestinais. Assim, além da suplementação de cálcio, o apor-
com citrato têm menor proporção de cálcio; no entanto, são te de vitamina D também deve ser em forma adequada.
muito mais solúveis que o carbonato, o que os torna impor- Pelo exposto, podemos concluir que na avaliação do pa-
tantes para pacientes com hipocloridria(2). Todavia, em pa- ciente com síndrome de má absorção e indivíduos idosos,
cientes com diarréia crônica a suplementação de cálcio em devemos ter em mente os possíveis fatores que interferem na
forma de citrato poderá manter a diarréia. absorção do cálcio e da vitamina D, para que possamos ade-
Nos casos de síndromes disabsortivas como a doença de quar a cada caso uma terapêutica eficaz.
Crohn e a doença celíaca, sendo esta a que se tem observado
REFERÊNCIAS
causar maior perda de massa óssea, o tratamento da doença
básica, principalmente com suporte nutricional adequado, é 1. Gasbarrini G, Corazza GR: Intestinal malabsorption and related clinical
syndromes. Ann Ital Med Int 7: 185-188, 1993.
o fator predominante para se dar condições a que o tubo di-
2. Leverson DL, Bockman RS: A review of calcium preparations. Nutr
gestivo possa novamente absorver cálcio e vitamina D. A
Rev 52: 221-232, 1994.
doença celíaca pode se apresentar de forma monossintomá-
3. Olsen WA, Lloyd ML: Bockus Gastroenterology, 5th ed, Saunders, 1994,
tica com quadro prematuro de osteoporose(33,54-56). Osteoma- Vol. 2, p. 955-963.
lacia, fraturas patológicas e osteoporose podem ocorrer como 4. Bourdeau JE, Attie MF: Calcium metabolism. In Maxwell & Kleeman’s:
aspecto da doença celíaca, particularmente nos quadros in- Clinical disorders fluids and eletrolites metabolism, 5th ed, McGraw
tensos de má absorção que levam a deficiência de vitamina Hill, 1994, p. 243-306.

Rev Bras Reumatol – Vol. 37 – Nº 3 – Mai/Jun, 1997 149


5. NIH Consensus Development Panel on Optimal Calcium Intake. JAMA 29. Pistorius LR, Sweidan WH, Purdie DW et al: Coelic disease and bone
272: 1942-1948, 1994. mineral density in adult female patients. Gut 37: 639-642, 1995.
6. Cooper C, Cawley M, Bhalla A et al: Childhood growth, physical activi- 30. Carbonel F, Cosnes J, Chevret S et al: The role of anatomic factors in
ty, and peak bone mass in women. J Bone Miner Res 10: 940-947, 1995. nutritional autonomy after extensive small bowel resection. J Parenter-
7. Nicar MJ, Park C: Calcium bioavailability from calcium carbonate and al Enteral Nutr 20: 275-279, 1996.
calcium citrate. J Clin Endocrinol Metab 61: 391-393, 1985. 31. Lupattelli G, Fuscaldo G, Costellucci G, Ciuffetti G, Pelli M, Mannarino
8. Cater RE: The clinical importance of hypochlorhydrya (a consequence E: Severe osteomalacia due to gluten-sensitive enteropathy. Ann Ital
of chronic Helicobacter infection): its possible etiological role in mine- Med Int 9: 40-43, 1994.
ral and aminoacid malabsorption depression and other syndromes. Med 32. Karbach U: Neuere befunde über mechanismen und regulation des in-
Hypotheses 39: 375-383, 1992. testinalen kalziuntransport. Z Gastroenterol 32: 500-513, 1994.
9. Franco G: Tabela de composição química dos alimentos, 9ª ed, 1996. 33. Colston KW, Mackay AG, Finlayson C, Wu JCY, Maxwell JD: Localisa-
10. Galvão LC, Fernandes MIM, Sawamura R: Conteúdo de lactose e ativi- tion of vitamin D receptor in normal human duodenum and in patients
dade de B galactosidase em derivados de leite no Brasil. Arq Gastroen- with coeliac disease. Gut 35: 1219-1225, 1994.
terol 32: 8-14, 1995. 34. Liang CT, Barnes J, Sacktor B, Takamoto S: Alterations of duodenal
11. Johnson JA, Kumar R: Renal and intestinal calcium transport: roles of vitamin D calcium-binding contents and calcium uptake in brush bor-
vitamin D and vitamin D-dependent binding proteins. Semin Nephrol der membrane vesicles in aged Wistar rats: role of 1,25(OH)2D3. Endo-
14: 119-128, 1994. crinology 128: 1780-1784, 1991.
12. Turnberg LA, Riley SA: Digestion and absortion of nutrients and vita- 35. Dechant KL, Goa KL: Calcitriol: a review of its use in the treatment of
mins. In Sleisenger & Fordtram: Gastrointestinal Disease, 5ª ed, Saun- post menopausal osteoporosis. Drugs Aging 5: 300-317, 1994.
ders, 1993, p. 977-1008. 36. Cannigia A, Nuti R, Lore F, Martini G, Turchetti V, Righi G: Long-term
13. Norman DA, Fordtran JS, Brinkley LJ et al: Jejunal and ileal adaptation treatment with calcitriol in post menopausal osteoporosis. Metabolism
to alterations in dietary calcium. Clin Invest 67: 1599-1603, 1981. 39 (Suppl 1): 43-49, 1990.
14. Selub SE: Digestion and Absorption. In Bockus Gastroenterology, 5th 37. Lissoos TW, Beno DWA, Davis BH: 1,25-dihydroxyvitamin D3 acti-
ed, Saunders, 1994, p. 941-953. vates Raf Kinase and Raf Perinuclear Translocation via a Protein Ki-
15. Corazza GR, Benati G, DiSario A et al: Lactose intolerance and bone nase C-Dependent Pathway, 1993, Vol. 268, p. 25132-25138.
mass in post menopausal Italian women. Br J Nutr Mar 73: 479-487, 38. Kawakami E: Fisiologia do transporte intestinal de eletrólitos. Revisão.
1995. Arq Gastroenterol 28: 101-113, 1991.
16. Vernia P, Ricciardi MR, Frandina C, Bilotta T, Frieri G: Lactose malab- 39. Shleiffer R, Mgalluser RF: Intestinal absorption of calcium in vivo is
sorption and irritable bowel syndrome. Effect of a long-term lactose- dependent on endogenous nitric oxid. J Pharmacol Exp Ther 275: 1427-
free diet. Ital J Gastroenterol 27: 117-121, 1995. 1432, 1995.
17. Corman LC: Nutrição clínica. Clin Med Am Norte 4: 958-969, 1993. 40. Elsharyd A, Syed R, Tyagi S, Khudeira AK, Haring JM, Dudeja PK:
18. DeAngelis RC: Nutrition – Physiology Link. Arch Gastroenterol 32: Calcium transport mechanism in human colonic apical membrane vesi-
35-39, 1995. cles. Gastroenterology 109: 876-884, 1995.
19. Weser E, Urban E: Short bowel syndrome. In Bockus Gastroenterology, 41. Deftos LJ: Calcitonin. In: Primer on the Metabolic Bone Diseases and
5th ed, Saunders, 1994, Vol. 2, p. 609-613. Disorders of Mineral Metabolism, 2ª ed, Raven, 1993, p. 70-75.
20. Heaney RP, Weaver CM, Fitzsimmoms ML: Soybean phytate content: 42. Holick MF: Vitamin D: photobiology, metabolism, mechanism of ac-
effect on calcium absorption. Am J Clin Nutr 53: 745-747, 1991. tion, and clinical applications. Primer on the metabolic bone diseases
and disorders of mineral metabolism, 3ª ed, Lippincott-Raven, 1996, p.
21. Weaver CM, Heaney RP, Martin BR, Fitzsimmonms ML: Human calci-
74-81.
um absorption from whole-wheat products. J Nutr 121: 1769-1975, 1991.
43. Cannigia A, Lore F, DiCairano G, Nuti R: Main endocrine modulators
22. Avioli LV: La controversia sobre el calcio y la ración dietética recomenda-
of vitamin D hydroxilases in human pathophysiology. J Steroid Bio-
da. In El Sindrome Osteoporótico – Detección, Prevención y Tratamien-
chem Mol Biol 27: 815-824, 1987.
to, Madrid, Ediciones CEA, S.A., 1989, p. 45-52.
23. Belloso R: Consecuencias nutricionales de la cirurgia gastrointestinal. 44. Marsch MS: Bone disease and gluten sensitivity: time to act, time to
GEN 45: 127-130, 1991. treat and to prevent. Am J Gastroenterol 89: 2105-2107, 1994.

24. Bernstein CN, Seeger LL, Sayer JW, Anton PA, Artinian L, Schanahan 45. Morrison Na QIJC, Tokita A, Kellu PJ et al: Prediction of bone density
F: Decreased bone density in inflammatory bowel disease is related to from vitamin D receptor alleles. Nature 367: 284-287, 1994.
corticosteroid use and on disease diagnoses. J Bone Miner Res 10: 250- 46. Dawson-Hughes B, Susan HS, Susan F: Calcium absorption on high
256, 1995. and low calcium intakes in relation to vitamin D receptor genotype. J
25. Rocha AFG, Meguerian BA, Alzamona CC: Densitometria óssea. Ars Clin Endocrinol Metab 80: 3657-3660, 1995.
Curandi 24: 24-26, 1992. 47. Wémeau JL: Calciotropic hormones and ageing. Horm Res 43: 76-79,
26. Leitão OR, Amarante HBMS: Síndrome pós-gastrectomia. JBM 46: 28- 1995.
34, 1984. 48. Wills MR, Savoy J: Vitamin D metabolism and chronic liver disease.
27. Mazure R, Vasquez H, Gonzales D et al: Bone mineral affection in asymp- Ann Clin Lab Sci 14: 189-197, 1984.
tomatic adult patient with celiac disease. Am J Gastroenterol 89: 2130- 49. Dible JB, Sheridan P, Lorowsky MS: A survey of vitamin D deficiency
2134, 1994. in gastrointestinal and liver disorders. Q J Med 53: 119-134, 1984.
28. May RJ, Nath BJ, Schapiro: Absorção intestinal alterada na doença. Nu- 50. Compston JE: Hepatic osteodystrophy: vitamin D metabolism in pa-
trição em cirurgia: 515-538, 1995. tients with liver disease. Gut 27: 1073-1090, 1986.

150 Rev Bras Reumatol – Vol. 37 – Nº 3 – Mai/Jun, 1997


51. Diamond T, Stiel D, Mason R et al: Serum vitamin D metabolites are not 56. Valdimarsson T, Toss I, Lofman O, Strom M: Bone mineral density in
responsible for low turnover osteoporosis in chronic liver disease. J Clin coelic disease. Scand J Gastroenterol 29: 457-461, 1994.
Endocrinol Metab 69: 1234-1239, 1989. 57. Gonzalez D, Mazure R, Mautalen C, Vazquez H, Bai J: Body composi-
52. Vogelsang H, Ferenci P, Resch H, Kiss A, Gangl A: Prevention of bone tion and bone mineral density in untreated and treated patients with coelic
mineral loss in patients with Crohn’s disease by long-term oral vitamin disease. Bone 16: 231-234, 1995.
D supplementation. Eur J Gastroenterol Hepatol 7: 609-614, 1995. 58. Grodzinsky E, Hed J: IgA antiendomysium antibodies have a high pos-
itive predictive value for celiac disease in asymptomatic patients. Skoght
53. Goggins M, Kelleher D: Celiac disease and other nutrient related inju-
Allergy 49: 593-597, 1994.
ries to the gastrointestinal tract. J Gastroenterol 89: S2-S13, 1994.
59. Vogelsang H, Genser D, Wyatl J et al: Screening for coeliac disease: a
54. Masure RM, Vazquez H, Gonzalez D et al: Early changes of body com- prospective study on the value of noninvasive tests. Am J Gastroenterol
position in asymptomatic celiac disease patients. Am J Gastroenterol 90: 394-397, 1995.
91: 726-730, 1996.
60. Ravaglia G, Forti P, Maioli F et al: Calcium regulating hormones in
55. McFarlane XA, Bhalla AK, Reeves DE, Morgan LM, Robertson DAF: healthy elderly men: regulation to intestinal calcium absorption. J Biol
Osteoporosis in treated adult coelic disease. Gut 36: 710-714, 1995. Res 12: 323-328, 1994.

Rev Bras Reumatol – Vol. 37 – Nº 3 – Mai/Jun, 1997 151

You might also like