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ASSOCIAÇÕES E
COOPERATIVAS
BRASÍLIA
2002
Catalogação elaborada de acordo com o código AACR2.
Bibliotecária Responsável: Giselle Guimarães dos Santos – CRB 1626/DF
CDU 347.471.1:334
Associativismo : Brasil
Cooperativismo : Brasil
Associações : constituição
Cooperativas : constituição
Associações : gestão
Cooperativas : gestão
Educação cooperativa
Nenhuma parte desta edição pode ser reproduzida, sejam quais fo-
rem os meios ou formas, sem a expressa autorização do Serviço Nacional de
Aprendizagem do Cooperativismo.
Sumário
1 Introdução ....................................................................... 5
2 Associações .................................................................... 7
2.1 A Associação como Sistema Social ................................. 8
2.1.1 Os Associados ................................................... 9
2.1.2 Os Dirigentes ...................................................... 9
2.1.3 Os Colaboradores .............................................. 9
2.2 A Associação como Sistema Econômico .......................... 10
2.2.1 As Normas de Funcionamento: Estatuto Social . 10
2.2.2 Quem Decide: Assembléia Geral0 ..................... 11
2.2.2.1 Assembléia Geral Ordinária ............................. 13
2.2.2.2 Assembléia Geral Extraordinária ...................... 14
2.2.3 Quem Fiscaliza: Conselho Fiscal ....................... 14
2.2.4 Quem Administra: Conselho de
Administração ou Diretoria ............................... 15
2.2.5 Direitos dos Associados ..................................... 16
2.2.6 Deveres dos Associados .................................. 17
2.3Constituição de Associações ...................................... 18
3 Cooperativas .................................................................. 27
3.1Princípios Cooperativistas ........................................... 30
3.2 Fundamentos do Cooperativismo ............................... 35
3.3 Educação Cooperativista ............................................ 35
3.3.1 Nível de Preparo dos Associados ....................... 36
3.4 Direitos e Deveres dos Associados ........................... 37
3.4.1 Direitos ............................................................... 37
3.4.2 Deveres ............................................................. 37
3.5 Quando Constituir uma Cooperativa........................... 38
3.6 Como Constituir uma Cooperativa ............................. 38
3.6.1 Passos para a Constituição de uma
Cooperativa ........................................................ 39
3.7Processo Administrativo de uma Cooperativa ............. 42
3.7.1 Estrutura de Funcionamento .............................. 43
3.7.1.1. Quem Administra: Conselho de
Administração ou Diretoria. ............................. 44
3.7.1.2 Quem Decide: Assembléia Geral . .................. 46
3.7.1.3 Quem Fiscaliza: Conselho Fiscal .................... 48
3.8 Normas e Atribuições: O Estatuto Social .................... 51
3.8.1. O Capital Social ................................................. 52
3.8.2 Dos Custos e Resultados .................................. 52
3.8.3 Dos Fundos. ....................................................... 53
3.8.4 Das Distribuições de Despesas ......................... 54
3.8.5 Da Distribuição das Sobras ................................ 55
Bibliografia ............................................................................. 57
1 Introdução
O associativismo é uma forma de cooperação, processo
utilizado desde os primórdios da vida na terra, tanto pela
humanidade como também por outros seres vivos, em momentos
em que se tornava difícil a solução de problemas de forma
individualizada.
Na sociedade humana, os exemplos também são inúmeros.
Podemos observar cooperação numa brincadeira de crianças, no
esporte, nos mutirões, nas guerras, nas caçadas dos homens
primitivos e em muitas outras situações.
A cooperação pode ser informal e passageira, como a ajuda
para desencalhar um carro; ou caminhar para uma situação mais
organizada, como as associações, que são grupos juridicamente
constituídos, que podem evoluir para uma sociedade, em que
direitos e deveres ficam legalmente definidos. Entre outras, são
formas de associativismo a associação e a cooperativa.
O objetivo do presente trabalho é o de fornecer os subsídios
básicos para grupos de empreendedores interessados em Turismo
Rural que, após terem analisado profundamente as características
do problema comum que desejam resolver, tenham concluído que
a forma associativa é o melhor caminho a ser seguido.
Para ser uma atividade econômica competitiva, o Turismo
Rural deve apresentar uma atração turística organizada e
diversificada capaz de satisfazer as expectativas dos turistas
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visitantes a ponto de transformá-los em divulgadores das atrações
oferecidas.
A opção pela constituição de ASSOCIAÇÃO ou
COOPERATIVA deverá levar em conta as demandas a serem
atendidas pelo grupo, já que cada modalidade tem características
próprias.
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2 Associações
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As características das associações são:
colaboradores (empregados).
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2.1.1 Os associados
A razão de ser de uma associação é o seu associado. Este
subsistema tem como principal característica um papel múltiplo,
ou seja, os associados podem ser, ao mesmo tempo, donos
(sócios), clientes, usuários, fornecedores e controladores
(gestores) da associação.
2.1.2 Os dirigentes
Os dirigentes também têm papel múltiplo dentro da
associação, pois são, ao mesmo tempo, associados e executivos.
2.1.3 Os colaboradores
O subsistema dos colaboradores (funcionários) tem a base
econômica como principal característica de sua relação com a
associação, oferecendo basicamente o fator trabalho. Os
colaboradores executam diversas atividades funcionais e
operacionais nas associações, mantendo com essas um vínculo
empregatício.
c) O nome da associação.
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d) A localização da associação (sede).
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A Assembléia Geral deve ser convocada com uma certa
antecedência, normalmente o mínimo é de 10 dias, para que os
associados possam se programar e se preparar para participar da
mesma. Deve ser convocada por meio de um “edital de
convocação”, a ser afixado em locais apropriados das
dependências mais comumente freqüentadas pelos associados,
enviado aos associados por intermédio de circulares ou publicado
em jornais de circulação local, conforme determinado no estatuto
social.
a) a denominação da associação;
b) o tipo de Assembléia Geral (ordinária ou extraordinária);
c) a data e a hora da reunião, bem como o local onde será
realizada;
d) os assuntos a serem tratados (ordem do dia);
e) o número de associados com direito a voto, na data da
convocação;
f) a assinatura do responsável pela convocação.
Para que a Assembléia Geral seja instalada em 1ª (primeira)
convocação, é necessário que haja “quorum”, ou seja, é necessária
a presença de, pelo menos, 2/3 (dois terços) dos associados. Caso
a Assembléia não seja realizada em primeira convocação, pode
ser realizada em 2ª (segunda) ou 3ª (terceira) convocação, no
mesmo dia da primeira, com intervalo mínimo de 1 (uma) hora
entre elas, desde que o estatuto social permita e conste no edital
de convocação.
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Para ser instalada em 2ª (segunda) convocação, é
necessária a presença de metade mais um (50% + 1) dos
associados e, em 3ª (terceira) e última convocação, com qualquer
número de associados, ou a critério do estatuto social.
outros
assuntos, desde que constem no Edital de
Convocação.
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mudança do objetivo social;
dissolução voluntária da associação;
outros assuntos constantes no edital de convocação.
a) Estatuto Social:
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Na elaboração do estatuto social devem-se observar regras
pertinentes a formulações de qualquer ato legal, tais como:
denominação social, linguagem correta e precisa, idéias
coordenadas, concisas e claras.
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b) Assembléia Geral de Constituição de Associações:
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e rubricadas, em todas as folhas, pelo presidente da
associação e por um advogado com registro na OAB (a
critério do Cartório);
ata da Assembléia Geral de Constituição em 2 (duas) vias,
uma original e uma cópia, assinadas ao vivo por todos os
associados na última folha e rubricada, em todas as folhas,
pelo presidente da associação e por um advogado (a
critério do Cartório);
cópiado RG (Carteira de Identidade) do presidente da
associação.
Os Cartórios ainda podem exigir:
relação dos membros da diretoria (ou do Conselho de
Administração), com nacionalidade, estado civil e
profissão, assinada pelo presidente e pelo secretário da
Associação;
relação dos associados fundadores, com nacionalidade,
estado civil e profissão de cada um, assinada pelo
presidente e pelo secretário.
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cópia do CIC (CPF) e do RG (Carteira de Identidade) do
presidente da associação.
e) Inscrição Estadual:
f) Inscrição no INSS:
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g) Registro na Prefeitura Municipal:
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Livro de Atas de reuniões da Diretoria (ou do Conselho
de Administração);
Livro de Atas de reuniões do Conselho Fiscal;
Livro de presença de associados em Assembléias
Gerais;
Outros livros fiscais, contábeis, trabalhistas, etc.,
exigidos pela Lei e/ou pelo Regimento Interno da
associação (consultar escritório de contabilidade no
município).
Todos estes livros poderão ser registrados no Cartório de
Títulos e Documentos, devendo ser numerados tipograficamente.
É admitido, entretanto, a adoção de livros de folhas soltas ou fichas.
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3 Cooperativas
Ao conhecermos um pouco mais sobre associativismo e
cooperativismo, podemos perceber que as entidades associativas
são administradas por empreendedores, que são ao mesmo tempo
donos e usuários de seu próprio negócio.
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A cooperativa como empresa é formada por um modelo
organizacional subdividido em Assembléia de associados, Diretoria,
Conselho Fiscal e Conselho de Administração.
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Outro fator importante a ser observado é a concorrência
entre associados. Quando pessoas que fazem parte de um mesmo
time concorrem entre si estão prejudicando o negócio, pois estão
buscando interesses particulares. Desse modo, abrem espaço para
intrigas e desmotivação e desaceleram o crescimento da
cooperativa. Os associados são os donos da cooperativa e quanto
mais produzirem mais resultados obterão, sendo que ao
trabalharem em prol de um objetivo comum se tornam mais fortes
e tornam o negócio mais promissor para todos.
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O êxito de uma cooperativa depende de sua capacidade de
se sustentar econômica e financeiramente, e da sua capacidade
de envolver os cooperados em suas estratégias e decisões.
São eles:
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5º) Educação, formação e informação:
6º) Intercooperação:
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7º) Interesse pela comunidade:
As cooperativas trabalham para o desenvolvimento
sustentado de suas comunidades por meio de políticas aprovadas
pelos membros.
A atividade das cooperativas tem sempre um grande efeito
social no meio em que atuam, o que nem sempre é percebido pela
sociedade, porque não recebe a devida atenção por parte do próprio
sistema cooperativista. Poucas são as cooperativas que divulgam
o seu “Balanço Social”.
Podemos observar, portanto, que os fundamentos da
doutrina e os princípios do cooperativismo se voltam ao ser humano
e visam o desenvolvimento econômico, social, político e cultural a
fim de atender as necessidades, as aspirações e a cidadania de
seus associados.
3.4.1 Direitos
votar em todas as Assembléias realizadas pela
cooperativa para eleger os dirigentes e conselheiros, como
também discutir, analisar e aprovar normas e
empreendimentos;
participar de todas as operações e serviços prestados;
solicitar
esclarecimentos ao Conselho de Administração
e ao Conselho Fiscal, quando houver dúvidas;
receber as sobras na proporção das operações realizadas
durante o exercício, sendo estas decididas e aprovadas
pelos sócios na Assembléia Geral;
oferecer sugestões;
Participar dos comitês educativos, comissões,
colegiados, núcleos de cooperativas onde este programa
for implantado;
solicitar sua demissão do quadro social.
3.4.2 Deveres
ser um associado exemplar e fiel;
operar com a cooperativa em todas as atividades;
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f) Os interessados estão dispostos a operar integralmente
com a cooperativa?
3° Passo – A Comissão:
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4° Passo – Realização da Assembléia Geral de Constituição
da cooperativa, com a participação dos interessados, com um
mínimo de 20 pessoas físicas.
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Observações:
Conforme o art. 107 da Lei Cooperativista (Lei n°
5.764/71), as cooperativas são obrigadas a se
registrar na Organização das Cooperativas
Brasileiras, por meio de suas Unidades Estaduais.
O número do registro é único e nacional, e será
concedido para o funcionamento no Estado-sede da
cooperativa.
O registro na OCB será efetuado em duas etapas:
a primeira denominada de registro provisório, e a
segunda denominada de registro permanente.
ASSEMBLÉIA GERAL
CONSELHO FISCAL
CONSELHO DE
ADMINISTRAÇÃO
GERÊNCIA
COLABORADORES
ASSOCIADOS
Funções:
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CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO:
programa os planos de trabalho e os serviços da
cooperativa;
fixa as taxas de serviços a serem pagas pelos
associados;
estabelece normas administrativas e financeiras para
o funcionamento da cooperativa;
contrata o gerente e o contador;
delibera sobre a admissão, demissão, eliminação e
exclusão de associados;
zela pelo cumprimento da legislação cooperativista,
trabalhista e fiscal.
O Conselho de Administração é obrigado a reunir-se, pelo
menos, uma vez por mês.
COLABORADORES:
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3.7.1.2 Quem decide: Assembléia Geral
A Assembléia Geral dos associados é o órgão supremo da
sociedade, dentro dos limites legais estatutários, tendo poderes
para decidir os negócios relativos ao objeto da sociedade e tomar
as resoluções convenientes ao desenvolvimento e defesa desta, e
suas deliberações vinculam a todos, ainda que ausentes ou
discordantes.
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e) Eleição e posse dos componentes do Conselho de
Administração, do Conselho Fiscal e de outros
conselhos, quando for o caso.
f) Fixação dos honorários, gratificações e da cédula de
presença para os componentes do Conselho de
Administração e do Conselho Fiscal.
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b) Estrutura:
Em sua primeira reunião, os conselheiros escolherão, entre
si, um secretário, para a lavratura de atas, e um coordenador, este
incumbido de convocar e dirigir as reuniões.
c) Atribuições: Lei n° 5.764/71:
Compete ao Conselho Fiscal exercer assídua fiscalização
sobre as operações, atividades e serviços da cooperativa,
examinando livros, contas e documentos.
d) Composição e mandato:
Art. 56 – A administração da sociedade será fiscalizada
assídua e minuciosamente por um Conselho Fiscal, constituído
de três (3) membros efetivos e três (3) suplentes, todos associados,
eleitos anualmente pela Assembléia Geral, sendo permitida apenas
a reeleição de 1/3 (um terço) dos seus componentes.
e) Eleição:
f) Responsabilidades:
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crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno,
concussão, peculato, ou contra a economia popular, a fé
pública e a propriedade.
Crime falimentar: falência fraudulenta, simulada;
Prevaricação: falta ao dever (funcionário público);
Peita: corrupção, suborno;
Concussão: extorsão, peculato (funcionário público);
Peculato: apropriação indébita de bens;
Contra a economia popular: interesse do povo;
Contra a fé pública: contra os órgãos que têm fé pública
(Cartório).
Art. 56 – Parágrafo 1º - Não podem fazer parte do conselho
fiscal, além dos inelegíveis (art. 51, acima) os parentes
dos diretores até o 2º grau, em linha reta ou colateral, bem
como os parentes entre si até esse grau. Segundo o
Código Civil brasileiro, artigos 330, 331 e 333, são parentes
de 1º grau: pai e filho; e são parentes de 2º grau: avô e
neto; em linha colateral até o 2º grau: irmãos. O mesmo
parentesco não pode ocorrer com relação aos membros
do Conselho de Administração ou Diretoria.
Art.
56 – Parágrafo 2º - O associado não pode exercer
cumulativamente cargos na Diretoria ou Conselho de
Administração e no Conselho Fiscal.
Grau de parentesco:
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Para o procedimento nesse caso, devem ser observados
os artigos 330 e 331 do Código Civil brasileiro, que tratam do
assunto:
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denominação, sede, foro, prazo de duração, área de ação
e ano social;
metas, missão e objetivos;
admissão, eliminação e exclusão de associados;
capital social;
Assembléia Geral Ordinária e Extraordinária;
Conselho de Administração;
Conselho Fiscal;
Conselho de Ética;
das eleições;
do voto;
dissolução e liquidação;
disposições gerais, transitórias e outros;
outros de interesse da sociedade cooperativa, desde que
não transgridam a lei cooperativista.
O Estatuto Social existe para ser respeitado e cumprido,
pois o conhecimento e a aplicação de seu conteúdo é do interesse
do associado.
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autogestionada e investindo no seu negócio. Dessa forma, não se
tornam dependentes de empréstimos e financiamentos bancários.
Portanto, é saudável destinar um certo percentual na conta
capital de cada associado e, do restante, efetuar a distribuição na
conta corrente de cada um; mas quem decide é a Assembléia
Geral.
As cooperativas somente serão eficientes se os associados
que fazem parte dela forem verdadeiros empreendedores e tiverem
visão de futuro.
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Bibliografia
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ORGANIZAÇÃO das Cooperativas Brasileiras. O que você precisa
saber sobre o cooperativismo. Brasília, [199?].
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