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Zhen Jiu

Auriculoterapia na Obesidade – Parte 1


Posted: 02 Apr 2011 12:51 PM PDT

Este artigo é uma colaboração do leitor Elber Viana. Por ser extenso, eu tomei a liberdade
de dividí-lo em três partes.

Introdução

Podemos dizer que a auriculoterapia constitui um ponto de partida para a integração


da medicina tradicional e a ocidental moderna. O microssistema da orelha nos oferece a
possibilidade de localizar e utilizar pontos sob o respaldo, tanto da teoria dos zang fu e jing
luo, como sob os princípios da fisiologia moderna (Garcia, 1999, p.62).

É o microssistema mais elegido no tratamento da obesidade atualmente,


principalmente pela facilidade de aplicação e efeito sobre o tratamento da ansiedade que
consequentemente repercute no apetite compulsivo. Entretanto pouco se sabe da eficácia
do tratamento sobre a obesidade como um todo, como uma síndrome que é, e também há
grande divergência de seleção de pontos que também tem a ver com a divergência do
diagnóstico correto das causas da obesidade sob o ponto de vista da MTC. Torna-se
fundamental encontrar antes de tudo um consenso entre muitos autores sobre diagnósticos
e tratamentos para a partir daí tratar eficazmente e aperfeiçoar o tratamento da obesidade e
suas causas pela auriculoterapia.

1 – Etiologia da obesidade

A medicina ocidental considera que a obesidade é uma síndrome e por isso tem um
conjunto de fatores, suas causas podem ser genética, neuroendócrinas, familiares,
comportamentais (dieta, sedentarismo), fisiológicas (puberdade, gestação, menopausa,
retardo do crescimento, “efeito sanfona”, etc.) e psicopatológicas (depressão, ansiedade,
transtornos alimentares e da auto-imagem, baixa auto-estima, etc.) (ABESO, 2007,
disponível na internet, vide bibliografia).

A obesidade é vista na MTC além de ser decorrente da polifagia, é geralmente


causada por retenção umidade-fleuma retida entre pele e músculos, ligada a deficiência do
qi do baço-pâncreas e/ou do Yang do rim (MACIOCIA, 2006, p. 259 e 595). Segundo
Xiaofeng (1997, p. 55-56), existem 7 diferenciações de síndromes principais, sendo do tipo
estômago exuberante, tipo obstrução interna de fleuma, tipo calor no Intestino e
constipação, tipo Yang, tipo alcoólico, tipo deficiência de baço e tipo obesidade pós parto.
Botsaris (1998, p. 110), defende que a obesidade deve-se ao acúmulo de fleuma endógena,
que pode combinar com frio ou calor, obstruindo o fluxo de qi. Além do aspecto energético-
fisiológico, a MTC leva sempre em consideração as emoções, e como foi citado, é uma parte
relevante na síndrome da obesidade. Fialho (2010) considera que a obesidade (fei pang
pela MTC) é devida a duas causas distintas, fleuma e umidade acumulados internamente
ou vacuidade do baço-pâncreas e sugere os seguintes pontos: BP9, BP6, E36, E40, VC10,
VC9 e; BP20, B23, VC6, E36, BP6 respectivamente.

2- Conceito de obesidade Yin e Yang na MTC

No aspecto psicofísico, Curvo (1998, p. 52), a obesidade pode se


dividir em Yin e Yang. Uma pessoa gorda de natureza predominantemente
Yin, engorda pela lentidão e resfriamento de seus processos metabólicos
podendo ou não ter uma insuficiência hormonal. Estes indivíduos possuem
digestão lenta por diminuição da função de transporte e transformação dos
alimentos. Há uma tendência à formação de varizes, pela diminuição de
energia Yang em seus músculos, inclusive dos que compõem as paredes dos
vasos. Podem comer freqüentemente devido à depressão ou ao tédio, estão
mais propensos a ganhar peso, pois a deficiência de Yang resulta na
debilidade das funções de transformação e transporte do baço, assim como
no acúmulo de fleuma. Outro fato importante é que estes indivíduos
preferem menores quantidades de bebidas, porém mais quentes, pois a
deficiência de Yang está associada ao frio e a umidade. A gordura é de
distribuição ginecóide, ou seja, mais concentrada nas coxas, culotes e
glúteos. Língua: aumentada, apresentando marcas de dentes nas bordas,
com saburra fina, branca e úmida. Pulso: lento, escorregadio, é sentido
mais na profundidade do que na superfície.

Uma pessoa gorda de natureza predominantemente Yang, engorda


pelo excesso de absorção de todas as formas de energia que a ela chegam,
aliado a um aquecimento de todos os processos metabólicos, construtores
de tecidos. As pessoas deste grupo estão propensas a hiperatividade física,
mental, sexual, à irritabilidade pré-menstrual e a ter calor na menopausa. O
excesso se faz também no hábito de superalimentação. Os músculos são
grandes e fortes, os depósitos de gordura são importantes e o tecido ósseo
mostra um esqueleto de conformação larga e bem desenvolvida. O tipo Yang
tende ficar com fome mais freqüentemente e se não for saciada, poderá ter
sensações de irritabilidade, agitação motora ou dores de cabeça. Com
relação aos líquidos, estes indivíduos tendem a beber maiores quantidades
de bebidas mais frias, pois a deficiência de Yin está associada com o calor e a
secura. A distribuição da gordura se faz do tipo andróide. Com suas
características de excesso de calor e energia, apresenta respiração forte, voz
alta, humor e emoções exaltadas, sudorese abundante, pele quente, face
corada, pressão arterial tendendo a alta. Língua: bordas e ponta
avermelhadas, freqüentemente recoberta por uma saburra amarelada.
Pulso: superficial, amplo e rápido. Em resumo as condições mais associadas
na tabela 1:

Tabela 1 – Diferenças fundamentais entre obesidade Yin e Yang

OBESIDADE TIPO YIN OBESIDADE TIPO YANG


Metabolismo lento Metabolismo frequentemente alto
Obesidade ginóide Obesidade andróide
Pés e mãos frias, também abaixo do Sensação de calor, transpira bastante,
umbigo sobretudo na cabeça e nas costas
Rosto pálido ou amarelado Face avermelhada, tendência a acumular
sangue no pescoço e rosto
Preguiça, cansaço Ativo, dinâmico
Pode apresentar pouco apetite ou normal Polifágico
Despertam com vontade de comer doce ou Predileção por bebidas alcoólicas, churrasco,
café com leite embutidos, temperos forte
Celulite, varizes, edema de membros Cistites, faringite, sinusite, amidalite,
inferiores e palpebral, cabelos e unhas hipertensão arterial, morte súbita,
frágeis, tumores frios, colite irritativa, constipação intestinal por ressecamento.
constipação intestinal por diminuição do
peristaltismo ou diarréia
Percentual de gordura alto e musculatura Músculos normais ou fortes
pequena
Tristes, magoados, depressivos. Baixa Expansíveis, sociáveis, as vezes irritados.
libido Sexualmente ativos

3- Princípios da auriculoterapia

A técnica remonta de milênios e não somente da China antiga, há relatos de


tratamento através de estimulação do pavilhão auditivo pelos antigos egípcios e gregos
também (SOUZA, 2001, p. 27). Curiosamente, apesar de esta ciência ter sido mais estudada
na China antiga, foi o neurologista francês Paul Nogier na década de 50 que retomou o
interesse pela auriculoterapia no mundo com o desenvolvimento de novos pontos
terapêutico e formulando a teoria de que havia uma relação entre os pontos da orelha e a
posição de um feto invertido e seus órgãos e regiões anatômicas correspondentes (GARCIA,
1999, p. 15). A partir daí diversos trabalhos, principalmente na China expandiu em muito o
uso deste microssistema como meio de diagnóstico e tratamento validado em torno de 150
patologias (GARCIA, 1999, p. 25). Em 1991 a professora Huang Li Chun editou em Pequim
um dos tratados mais importantes de auriculoterapia publicados na China intitulado
Tratado sobre o Diagnóstico e Tratamento Através dos Pontos Auriculares apresentando
um dos mapas auriculares mais reconhecidos (Fig. 1).

3.1 Diagnóstico pelo pavilhão auricular

Além do diagnóstico pela anamnese clínica, pelo pulso e pela língua, é possível
realizar através da observação de modificações do aspecto geral da orelha revelando
desequilíbrios e processos patológicos já instalados:

a) Modificações de pigmentação:

– palidez: Indica deficiência orgânica, diminuição de atividade ou paralisação das


funções orgânicas, ou processo degenerativos. O procedimento nesses casos é a tonificação
dos pontos auriculares.

– eritema: indica hiperatividade funcional, processo de desequilíbrio por


hiperfunção. Deve-se aplicar estímulo de sedação.

– manchas senis ou condensação de melanina: indica a incidência de problemas


crônicos. A prescrição é a tonificação da área reflexional atingida.

b) Modificações morfológicas:

– ressecamento da pele: indica enfermidade de natureza crônica, exigindo estímulo


de tonificação

– exsudação sebácea: indica enfermidade de natureza sub-aguda, usa-se estímulo de


sedação.

– sudorese: indica tendências a doenças degenerativas. Tonifica-se estes pontos.

– quistos e tubérculos: são sinais de patologia aguda que está ocorrendo ou irá
ocorrer em órgãos a que esses pontos se referem. No caso da existência da enfermidade
deve-se fazer sedação nesses pontos, Não havendo sintomas, tonifica-se os pontos.

– pêlos e escamações: indica o primeiro caso, degeneração senil e o segundo,


enfermidade crônica. Tonifica-se nos dois casos.

c) Modificações de sensibilidade:

– hiperestesia, indicativa de enfermidades agudas ou subagudas. Recomenda-se


sedar.

– hipoestesia: indica enfermidade crônica, a conduta recomendada é a tonificação.

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