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APERFEIÇOAMENTO TÉCNICO-PEDAGÓGICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

DENTRO DE UMA PERSPECTIVA DE INTERDISCIPLINARIDADE

Ruth Mori Piovezam1


Selva Maria G. Barreto(O)2

1 - INTRODUÇÃO

Olhando e analisando as disciplinas que compõem o ensino fundamental


imaginei-as fazendo parte de um grande quebra-cabeça, onde as peças a serem encaixadas
seriam as disciplinas, e se caso uma delas ficasse de fora a conclusão da montagem, estaria
comprometida, impedindo sua finalização, ou seja, somente após o encaixe/junção de todas as
peças (disciplinas) o quebra-cabeça (educação satisfatória) estaria pronto.
Ma por que essa analogia? A sociedade como um todo sempre coloca as
disciplinas de português e matemática no pedestal perante as demais disciplinas. Esta
realidade está presente na forma como é verificado o rendimento do aluno no ensino
fundamental / médio: a prova do SARESP (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do
Estado de São Paulo), onde, no ano de 2005 somente estas duas disciplinas serviram como
referencial de avaliação.
Fato semelhante vivenciei ao matricular meus filhos em uma escola particular
de ensino fundamental, antes da efetivação da matricula eles foram submetidos a uma
avaliação de português e matemática para verificar se os mesmos encontravam-se em
condições de acompanhar a série requerida. Por que somente as disciplinas: português e
matemática, foram utilizadas como determinantes de aceite ou de evolução de rendimento?
Um motivo talvez seja o seguinte: observando o cotidiano escolar, pude
observar que funcionários, quadro docente, equipe diretiva e famílias, carregam e transmitem
uma construção hierárquica das disciplinas, onde, o aluno insatisfatório em matemática, a
pedido da própria família é encaminhado para assistir aulas de apoio no horário das aulas de
Educação Física ou de educação artística. Por outro lado nunca presenciei o encaminhamento
do aluno insatisfatório em Educação Física para realização de aulas extras em horário de outra

1
Professora de Educação Física da Rede Municipal de Araraquara/SP e aluna da I Turma do Curso de
Especialização em Educação Física Escolar (lato sensu) do DEFMH/UFSCar.
2
Professora Assistente do DEFMH/UFSCar e do Curso de Especialização em Educação Física Escolar.
2

disciplina! Veja como é visível a visão hierarquizada das disciplinas. Isso faz com que a
Educação Física seja uma peça desprezada. Será que é possível mudar essa visão?
Neste trabalho considero a Educação Física escolar uma disciplina que fazendo
parte de um quebra-cabeça não é inferior, nem superior às demais componente do processo
educacional.
Muito embora sendo vista como recreação, ela tem a sua importância dentro do
universo educacional, não substituindo e nem podendo ser substituída, uma vez que no
quebra-cabeça uma peça disposta no lugar errado não se encaixa, impedindo a construção do
todo.
Por ser professora de Educação Física na Rede de Ensino Municipal de
Araraquara, e por vivenciar (e não concordar) com esta realidade, venho desenvolvendo
algumas formas alternativas de trabalhar com a Educação Física através de “projetos
interdisciplinares”, mostrando aos demais funcionários da escola e aos pais em reuniões
bimestrais o que foi trabalhado na disciplina de Educação Física, sua participação essencial no
processo formador/educativo da criança, sua integração com as demais disciplinas e vice-
versa.
Desta forma, percebo a interdisciplinaridade como um caminho que pode
estimular nos alunos do Ciclos I e II do ensino fundamental a compreensão da totalidade,
despertando a reflexão de um determinado assunto pelas diferentes áreas do conhecimento, e
também o enriquecimento das relações entre as disciplinas.
Mas uma questão me incomodava: como os professores das demais disciplinas
percebem a possibilidade de ações interdisciplinares? Quais as relações percebidas entre as
demais disciplinas e a Educação Física?
Sendo assim objetivei verificar as concepções expressas por quinze professores
vinculados ao ensino fundamental e responsáveis pelo ensino das disciplinas (Polivalente
Pedagogia (três sujeitos), Pedagogia Especialização Deficiência Mental, Pedagogia Plena
(dois sujeitos), Magistério e Letras, Pedagogia Mestre em Educação Escolar, Magistério e
Pedagogia, PEB II de Ciências, PEB II de Língua Portuguesa, PEB II Plena em Física e
Matemática, PEB II de Matemática, PEB II de História e PEB II de Língua Portuguesa e
Inglês) sobre as relações, influências e possibilidades de ação conjunta destas disciplinas com
a Educação Física e vice-versa.
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De forma correlata intentei expor algumas ações interdisciplinares sob minha


responsabilidade de modo a exemplificar uma concepção de trabalho conjunto / educação
como um todo/quebra-cabeça completo.

2 - EDUCAÇÃO FÍSICA - ÁREA E DISCIPLINA CURRICULAR

A Educação Física iniciou sua participação no processo educacional brasileiro,


com fins militares e higiênicos. Para Castellani (1994,) a estruturação da Educação Física
escolar no Brasil, se confunde em muitos momentos com a história dos militares. Desde a
criação da Academia Real Militar em 1810, passando pela fundação da escola de Educação
Física da força policial do estado de São Paulo em 1910, além da criação do Centro Militar de
Educação Física em 1922, criado a partir de uma portaria do Ministério de Guerra, marcaram
a presença dos militares na formação dos primeiros professores de Educação Física.
Essa herança militar chega à escola como nos mostra o Soares, (1992 p. 53)
“As aulas de Educação Física nas escolas eram ministradas por instrutores físicos do exército,
que traziam para essas instituições os rígidos métodos militares da disciplina e da hierarquia”.
Necessário ressaltar que a Educação Física com fins militares visava desenvolver indivíduos
fortes e saudáveis capazes de lutar pela sua pátria caso houvesse necessidade (guerras ou
ameaças) (final séc. XIX inicio XX).
Outra tendência também verificada foi a higienista. Essa por sua vez teve a
contribuição dos médicos da época que, mediante a exigência de uma produção acadêmica,
tese obrigatória para a obtenção do diploma de doutor em medicina, muitos estudantes de
medicina escolhiam a Educação Física como tema de suas produções teóricas. Através dessa
tendência iniciava-se o processo de introdução da ginástica nos colégios, resultando numa
forte concepção biológica.
No inicio do século XX, a Educação Física, ainda com o nome de ginástica, foi
incluída nos currículos de alguns estados brasileiros. Nessa época a educação brasileira sofria
uma grande influência da escola novista e com isso, a importância da Educação Física estava
voltada para o desenvolvimento integral do ser humano.
Os métodos então utilizados na Educação Física escolar eram os europeus,
como o Sueco, o Alemão e posteriormente o Francês que se firmavam em princípios
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biológicos, que objetivavam conteúdos como os jogos (mais apropriados para as crianças), a
ginástica (predominante utilizada na instrução física militar que, por sua vez, compõe a aula
em sessão preparatória, lição propriamente dita e volta à calma), os esportes individuais e
coletivos.
Posteriormente na década de 1930 houve uma grande preocupação com a
eugênização das raças, buscando a melhoria e o aprimoramento da raça humana, objetivando
a formação de indivíduos fortes e saudáveis “perfeitos”, sendo a prática da Educação Física
estendido também às mulheres, a fim de gerar uma prole cada vez mais sadia.
Na elaboração da Constituição Federal de 1937 (BRASIL, 1937) é que se fez à
primeira referência explicita da Educação Física, incluindo-a no currículo como prática
educativa obrigatória (aqui não se considerava como disciplina curricular) assim como o
ensino cívico e os trabalhos manuais, sendo objetivo a formação de indivíduos capazes de
defender a pátria.
Ainda nos anos 30 outro fator bastante significativo foi o processo de
industrialização e a urbanização, mudando assim as referências da Educação Física para a
formação de mão-de-obra capacitada e resistente. Assim, a Educação Física passa a ser
utilizada no sentido de fortalecer o trabalhador, melhorando sua capacidade produtiva e
desenvolvendo o espírito de cooperação em benefício da coletividade.
Já em 1961, com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(BRASIL, 1961), a Educação Física passa a ser obrigatória para o ensino primário e médio.
Posteriormente após 1964 a educação de um modo geral sofre influência tecnicista; o ensino
passa a ser visto de maneira a formar mão-de-obra qualificada. Nessa perspectiva e com a
promulgação da Lei 5692/71 (BRASIL, 1971a) a Educação Física passa a ser considerada
uma atividade prática voltada para o desempenho técnico e físico do aluno. Ou seja, diante da
pedagogia tecnicista, a proposta para a Educação Física passa a ser a competição, sendo os
conteúdos centrados no esporte, objetivando a performance e o rendimento motor. Na busca
pelo campeão, promovia a seletividade, reproduzindo valores dominantes, não estimulando a
crítica e a criatividade. O professor educador assume um caráter totalmente técnico.
Soares (1992 p. 54) nos indica as mudanças na visão do professor e aluno,
provenientes destas mudanças.
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“O esporte determina, dessa forma o conteúdo de ensino da Educação


Física, estabelecendo também novas relações entre professor e aluno, que
passam da relação professor - instrutor e aluno – recruta para a de professor
- treinador e aluno – aluno – atleta. Não há diferença entre o professor e o
treinador, pois os professores são contratados pelo seu desempenho na
atividade desportiva” (Soares 1992 p.54).

Através do decreto nº 69450/71 (BRASIL, 1971b) a Educação Física escolar


passa a ser considerada: “A atividade que por seus meios, processos e técnicas, desenvolve e
aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando”. Entretanto pela
falta de especificidade do decreto a Educação Física manteve a ênfase na aptidão física, tanto
na organização das atividades como no seu controle e avaliação.
Um pouco mais tarde na década de 1980 inicia-se uma profunda crise de
identidade na educação física, originando uma significativa mudança nas políticas
educacionais.
Para Daolio, (1995 p. 97) “Somente a partir do inicio da década de 1980, com
a redemocratização do País, é que a educação física começou a ser discutida de forma mais
contundente, levando ao reconhecimento de que sua prática escolar é problemática e visando
uma redefinição de seus objetivos, conteúdos e métodos de trabalho”. Inicia-se então uma
preocupação quanto aos conteúdos, objetivos pedagógicos de ensino e aprendizagem, e
métodos de avaliação, vinculados ao ensino escolar da educação física.
Bracht (1992, p. 24) também se manifesta a este respeito e comenta: “A
questão dos objetivos – conteúdos (métodos de ensino) da Educação Física, é um dos pontos
centrais do desenvolvimento de sua identidade pedagógica”.
Atualmente conforme a Leis de Diretrizes e Bases 9394/96 (Brasil, 1996), a
Educação Física passa a ser considerada disciplina assim como as demais disciplinas que
formam a base comum (Língua Portuguesa, História, Geografia, Matemática, Ciência,
Educação Física e Educação Artística). Iniciando-se uma fase com reflexões sobre teoria e
prática, objetivando o desenvolvimento integral do aluno, dentro de uma perspectiva crítica
para que o aluno caminhe para sua autonomia.
Na atualidade os Planos Anuais de Educação Física, são em sua maioria
elaborados com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), sendo estes criados em
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dezembro de 1996, através do Ministério da Educação, com o objetivo de garantir a formação


comum e de unificar os currículos escolares para que nenhum individuo tenha uma educação
deficitária. Necessário ressaltar que os objetivos propostos nos parâmetros curriculares
nacionais concretizam as intenções educativas em termos de capacidades que devam ser
desenvolvidas pelos alunos ao longo da escolaridade. A decisão de definir os objetivos
educacionais em termos de capacidade é crucial nesta proposta, pois as capacidades, uma vez
desenvolvidas, podem se expressar numa variedade de comportamentos. Tendo a consciência
de que condutas diversas podem estar vinculadas ao desenvolvimento de uma mesma
capacidade, sendo assim acredita-se que o professor educador terá diante de si maiores
possibilidades de atender a diversidade de seus alunos.
De acordo com este documento todas as disciplinas estão ligadas aos temas
transversais (ética, saúde, meio-ambiente, orientação sexual e pluralidade cultural), de modo a
atender as exigências regionais e com o objetivo de garantir a formação do cidadão, sendo os
conteúdos assumidos como portadores de três características distintas: as conceituais, as
procedimentais e as atitudinais.

A Educação Física pode sistematizar situações de ensino e aprendizagem


que garantam aos alunos o acesso a conhecimentos práticos e conceituais.
Para isso é necessário mudar a ênfase na aptidão física e no rendimento
padronizado que caracterizava a Educação Física, para uma concepção mais
abrangente, que contemple todas as dimensões envolvidas em cada prática
corporal. (BRASIL, 2001 p. 27).

Por tudo isso, atualmente a Educação Física escolar se preocupa e tem a


responsabilidade de formar cidadãos críticos através da cultura corporal, além de objetivar
introduzir e integrar o aluno na cultura de movimento, de forma a proporcionar oportunidade
ao aluno de aprender a organizar-se socialmente, sabendo interpretar, interagir com o meio,
com objetos e com os outros, obtendo assim uma cultura corporal com um desenvolvimento
afetivo, social, cognitivo e motor.
Vivemos também uma época em que nasce a preocupação com a qualidade de
vida, que gira em torno da alimentação saudável, atividade cultural, lazer e principalmente
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atividade física. Esse novo desafio chega à Educação Física escolar, estimulando-o a conhecer
seu corpo, de modo a utilizá-lo como instrumento de expressão e satisfação, respeitando suas
experiências anteriores e dando-lhes condições de criar novas formas de movimento.
Por tudo isso a área da Educação Física contempla, hoje, múltiplos
conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento,
com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos, emoções, manutenção da saúde
entre outros. Assim, a concepção de cultura corporal amplia a contribuição da Educação
Física para o pleno exercício da cidadania, na medida em que, tomando seus conteúdos e
capacidades que se propõe a desenvolver como produto sócio culturais, afirma como direito
de todos o acesso a eles. Além disso, a Educação Física escolar vem adotando uma
perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem que busca o desenvolvimento da
autonomia, da cooperação, da participação social, afirmação de valores e princípios
democráticos. Uma vez que abre espaço para que se aprofundem discussões importantes sobre
os aspectos éticos ou sociais. Concomitantemente através da Educação Física a criança tem a
possibilidade de vivenciar, diferentes práticas corporais, das mais diversas manifestações
culturais de modo a relacioná-la como uma variada combinação de atividades presente na vida
cotidiana.
Ressalto a necessidade de se buscar o desenvolvimento de uma concepção da
Educação Física que associe atividade intelectual e atividade corporal, de forma a melhor
integrar o ser humano no seu relacionamento entre o seu eu e o outro, entre o eu e o objeto
entre eu e o mundo.
Segundo Freire, (1994 p. 134) “Quem faz é o próprio corpo, quem pensa é
também o corpo. As produções físicas ou intelectuais são, portanto, produções corporais.
Produções essas que se dão na interação do individuo com o mundo”. No entanto a escola
reserva para a mente a quase totalidade de sua construção e para o corpo quase nada, é
incompreensíveis o descuido com a educação motora, vejam o desprezo com relação à
Educação Física.
Para Kunz, (2004), a Educação Física deve estar comprometida com
finalidades mais amplas, ou seja, além da sua especificidade, deve ainda se inserir nas
propostas políticas educacionais de tendência crítica da educação brasileira. Para o autor em
foco a Educação Física escolar é capaz de atuar nas seguintes concepções:
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1- CONCEPÇÃO BIOLÓGICO-FUNCIONAL – A Educação Física tem


como função, o condicionamento físico do aluno, prescreve assim atividades
físicas de forma sistemática, metódica e diferenciada para diferentes grupos de
acordo com a idade e sexo.
2 – CONCEPÇÃO FORMATIVO - RECREATIVA – A Educação Física
tenta cumprir a função de contribuir na formação da personalidade e de
habilidades motoras gerais dos alunos para melhor adaptação as exigências
sociais, possibilitando também, organizar ludicamente seu tempo livre.
“Priorizando o prazer e a espontaneidade”.
3 – CONCEPÇÃO TÉCNICO – ESPORTIVA – É sem dúvida a concepção
hegemônica, atualmente no contexto escolar. Esta busca contribuir com o
sistema esportivo no sentido mais geral, ou seja, na descoberta e no fomento
do talento esportivo através da introdução e da adaptação de todos à cultura
esportiva.
4 – CONCEPÇÃO CRÍTICO – EMANCIPATÓRIA – Busca alcançar,
como objetivos primordiais do ensino e através das atividades com o
movimento humano, o desenvolvimento de competências como a autonomia, a
competência social e a competência objetiva. Esta última à competência
objetiva significa na prática, a instrumentalização especifica de cada
disciplina. Ou seja, o saber cultural, historicamente acumulado, é apresentado
e criticamente estudado pelo aluno. “Competência do aluno, a competência
social”. (Kunz, 2004).

Assim, para Kunz, (2004 p. 193) “A problematização do ensino tem na


Educação Física uma função interdisciplinar, pois as tarefas apresentadas para a busca de
soluções devem também possibilitar que os alunos observem a realidade fora da escola de
uma forma crítica e sujeita a sofrer intervenções”.
Mediante o exposto e buscando uma aplicação viável das idéias assumidas,
desenvolvi alguns projetos na escola em que eu trabalho atualmente, tendo como foco a
interpretação da Educação Física e demais disciplinas curriculares.
Um deles foi o Projeto: Alimentação Saudável & Atividade Física, que
explicarei a seguir.
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Ao perceber que cada vez mais a tecnologia e a comodidade promovem uma


redução na movimentação humana, gerando uma vida sedentária desde a infância, e que o
cotidiano alimentar foi drasticamente alterado pela particularidade da alimentação rápida (fast
food), as crianças deixaram de ter uma alimentação balanceada e passaram a consumir
sanduíches, salgadinhos e refrigerantes de modo (quase) exclusivo.
Outro fator que merece atenção é o cotidiano da vida familiar. Em todas as classes
sociais houve significativas mudanças com relação ao processo educacional familiar. Com a
possibilidade, necessidade do trabalho feminino fora do ambiente familiar, as crianças deixaram
de receber muitas informações que antes eram passadas no convívio mãe-filho / a(s).
Diante dessa realidade a escola como espaço aberto para a transmissão do
conhecimento, tem assumido novas responsabilidades no processo educativo como, por
exemplo, conscientizar as crianças da importância da alimentação saudável e da atividade
física, e dos benefícios que estas ações podem lhes proporcionar futuramente, contribuindo
para a prevenção de doenças e na melhoria da qualidade de vida.
Este projeto foi aplicado para crianças do ensino fundamental Ciclos I e II em
uma unidade escolar (região periférica) na cidade de Araraquara-SP.
Para iniciar o projeto, comecei contando uma história (anexo 1.1) para as
crianças explicando de maneira simples o entendimento do funcionamento do corpo, e na
seqüência perguntei para as crianças quais os alimentos consumidos rotineiramente. Cada um
contou uma história de vida alimentar e comentou o que entendia por uma alimentação
saudável. Posteriormente trabalhei com eles a pirâmide alimentar (anexo 1.2), mostrando a
importância dos alimentos e promovendo uma reflexão a respeito de uma alimentação
adequada para os bebes, adultos, atletas, idosos e principalmente para eles. Para o
entendimento do gasto de energia fizemos uma brincadeira e ao final da brincadeira
questionei o que eles estavam sentindo, alguns responderam sede, outros fome, outros
cansaço, com isso fomos debatendo a respeito da ingestão de água e dos alimentos.
Também foi comentado que uma alimentação saudável significa consumir
alimentos variados, pois não existe sozinho um alimento que possua a quantidade adequada
de todos os nutrientes, e também o consumo deve ser feito em quantidades equilibradas, pois
quando o organismo recebe pelo alimento mais energia do que gasta, a massa (peso corporal)
do consumidor (criança, adulto...) aumenta, o que pode gerar a obesidade.
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Associada a estas informações enfatizei que a prática regular de uma atividade


física, contribui para uma melhor qualidade de vida. Já que auxilia na prevenção de várias
doenças, garantindo ao praticante uma longevidade com qualidade.
Diante de tanta informação uma forma de verificar e chamar o aluno para
reflexão foi solicitar aos mesmos a confecção de cartazes, com temas livres ligados à
alimentação.
Alguns fizeram sobre a alimentação saudável, outros fizeram sobre os doces
explicando sobre os cuidados com a higiene bucal (utilizaram desenhos à mão livre, figuras de
jornais e revistas, folhetos de propagandas de supermercado), mediante tantos cartazes e para
que todos os alunos pudessem compartilhar desse conhecimento na semana de finalização do
projeto já estava programada a nossa semana de atividades físicas e os cartazes ficariam
expostos na quadra para que todos pudessem ler (anexo 1.3).
Dando prosseguimento ao projeto fiz a distribuição da cartilha da nutrição
(anexo 1.4), que com a ajuda da turma do sitio do Pica Pau Amarelo (Emilia, Dona Benta, Tia
Anastácia etc...) reforçava o aprendizado. Ao final de cada cartilha existiam pequenos textos
tratando sobre a obesidade, a desnutrição, as vitaminas nos alimentos, a importância das
proteínas, o porque o excesso de gordura faz mal à saúde, a diferença da alimentação do bebê
até a fase adulta e um texto finalizando com tema: pouco sal, pouco açúcar e muita saúde.
E para finalizarmos esse trabalho, fizemos uma semana de jogos interclasses,
(anexo 1.5) conforme havíamos combinado no inicio do projeto, sendo solicitados às crianças
que também neste período se alimentassem de maneira saudável. Como não havia frutas na
merenda escolar, com a colaboração de todos (alunos, professores e demais funcionários)
conseguimos servir salada de frutas para todas as crianças no último dia dos jogos (anexo 1.6).
Para o nosso torneio as crianças confeccionaram as mascotes, que acompanhou
as atividades todos os dias de jogos e no final foi sorteado entre as crianças (anexo 1.7). Neste
torneio interno as crianças também escolheram os temas paz e amor para as torcidas, e como
não tínhamos uniformes ou coletes, resolvi desenhar no rosto das crianças para saber quem
constituía o grupo azul e quem formava o vermelho utilizando tinta guache, com isso as
crianças solicitaram para que eu escrevesse na cabeça deles o tema da torcida “paz / amor”
(anexo 1.8).
Foi um trabalho gratificante com o envolvimento de todas as turmas. Os alunos
demonstraram bastante interesse e foram criativos nas confecções dos cartazes.
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Trabalhar com os temas alimentação & atividade física, propondo a finalização


com uma semana de jogos, foi muito interessante porque quando trabalhamos um tema ligado a
uma atividade que nos dá prazer com certeza “mergulhamos de cabeça e absorvemos muito
mais do que quando tentamos trabalhá-los de forma individualizada”.
Neste projeto um outro fator que considerei muito positivo foi à interação das
crianças do Ciclo I com as crianças Ciclo II nas trocas de informações, porque para o torneio
final, elaborei um sorteio que nas duas chaves entraram crianças do Ciclo I e Ciclo II. Portanto
em vários momentos eles estavam “batalhando pelo mesmo objetivo”, pois dentro das rodadas
dos jogos eles montavam as torcidas organizadas juntos, a construção da mascote também tem
o dedinho das crianças do Ciclo I e Ciclo II.
Ao finalizar esse projeto, observei que vários temas poderiam estar interligados
com as outras áreas do conhecimento e de certa forma poderíamos ter trabalhado de forma
interdisciplinar, por exemplo, em ciências poderia ter trabalhado a importância da água, dos
alimentos etc..., matemática se encarregaria de controlar a tabela de pontuação, elaborar os
gráficos e desenvolver atividades com base nos resultados, português com as redações, artes
com a confecção dos cartazes entre outros.
(Para compreender melhor o trabalho em referência buscar informações no anexo
1).

3 - EDUCAÇÃO FÍSICA: VISÃO INTERDISCIPLINAR

A Interdisciplinaridade surgiu no final do século XX, pela necessidade de se


responder à fragmentação causada pela concepção positivista. Subdivisão das ciências em
várias disciplinas. O prefixo “inter” dentre as diversas conotações que podemos lhes atribuir
tem o significado de “troca, reciprocidade” e “disciplina” de “ensino, instrução, ciência”.
Ferreira (citado por Fazenda, 1998) descreve que a “interdisciplinaridade pode
ser compreendida como sendo a troca de reciprocidade, entre as disciplinas ou ciências, ou
melhor, áreas do conhecimento”. Para Fazenda, enquanto prática educacional a
interdisciplinaridade é uma forma de agir, de pensar, muito mais crítica, construtiva e
recheada de significados tanto para os alunos quanto para os professores. Quando entre as
disciplinas há uma integração (entrelaçamento) para atingir um todo maior, ocorre o
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envolvimento expresso através do respeito e da responsabilidade, esse é o espírito da


interdisciplinaridade.
Assim, Interdisciplinaridade compreende a busca constante de novos
caminhos, outras realidades, novos desafios, a ousadia da busca e do construir. É ir além da
mera observação, mesmo que o cotidiano teime em nos colocar inseguros diante do
desconhecido ou estimulando a indiferença para evitar maiores compromissos.
Portanto a ação pedagógica na interdisciplinaridade aponta para a construção
de uma nova escola participativa que deriva da formação do ser social, em articular
conhecimento e vivência.
Para Japiassu, (1976 p.74) “a interdisciplinaridade caracteriza-se pela
intensidade de trocas entre os especialistas e pelo grau de integração das disciplinas no
interior de um projeto”. Como é o caso do projeto pedagógico da escola, fio condutor de
nossas ações educativas e compromisso profissional.
Fazenda (1998 p. 13) complementa:

Um olhar interdisciplinar atento recupera a magia das práticas, a essência de


seus momentos, mas, sobretudo, induz-nos a outras superações, ou mesmo
reformulações. Exercitar uma forma interdisciplinar de teorizar e praticar
educação demanda, antes de mais nada, o exercício de uma atitude ambígua.
Tão habituados nos encontramos à ordem formal convencionalmente
estabelecida, que nos incomodamos ao sermos desafiados a pensar com
base na desordem ou em novas ordens que direcionem ordenações
provisórias e novas.

Por tudo isso, pensar na Educação Física de forma interdisciplinar é


desenvolver atividades que através de eixos temáticos, possa entrelaçar conteúdos buscando
atingir um objetivo comum. Algumas atividades desenvolvidas na Educação Física podem
servir de auxilio para outras disciplinas. Por exemplo, quando trabalhamos lateralidade,
estamos auxiliando no processo de utilização do caderno para a escrita, uma vez, que o
sistema de leitura e escrita inicia-se sempre do lado esquerdo para o direito. Brincadeiras
como a amarelinha, auxilia a criança na vivencia prática da seqüência crescente da
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matemática. Brincadeiras realizadas em duplas, trios, quartetos, também são exemplos de


grupamentos de jogadores / companheiros e de número de pessoas.
Assim, para Fazenda,

Todos se tornam parceiros. Parceiro de que? Da produção de um


conhecimento para uma escola melhor, produtora de pessoas mais felizes (...)
a obrigação é alternada pela satisfação, a arrogância pela humanidade, a
solidão pela cooperação, a especialização pela generosidade, o grupo
homogêneo pelo heterogêneo. A produção pelo questionamento(...)(Fazenda
sp. 1991).

Especificamente com respeito à relação Educação Física e


interdisciplinaridade, Kunz (2004 p. 182) ressalta:

Não é suficiente preocupar-se somente com mudanças nos conteúdos ou nas


formas ou métodos de transmissão dos mesmos; é necessário, isto sim, uma
mudança total da própria concepção da Educação Física e do seu processo
de ensino-aprendizagem. Isto significa que ela não pode ser visualizada
como uma atividade isolada do contexto da educação nacional, e muito
menos no contexto social onde ela se realiza (Kunz p. 182 2004).

Na busca de encontrar caminhos para que a Educação Física não seja uma
disciplina isolada na escola, e levando em conta os interesses das crianças, descrevo abaixo
minha experiência com o projeto, através da interdisciplinaridade na escola:
Projeto – Africanidade.
Mediante um debate praticado na escola a respeito da Lei 10639/2004
(BRASIL 2004) que trata especificamente da inclusão do conteúdo da história e cultura afro-
brasileira, na educação básica, nos níveis de educação infantil, educação fundamental,
educação média, educação de jovens e adultos e educação superior.
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Foi iniciado um trabalho de forma a resgatar as origens da formação do povo


afro-descendente no Brasil, e o que eles trouxeram de contribuição culturalmente conhecida
até os nossos dias.
O objetivo principal constituiu-se em trabalhar com o tema de forma a
conscientizar professores e alunos a refletirem sobre a questão do preconceito racial,
diferentes etnias e conhecer a herança cultural que herdamos dos Africanos e dos Afros-
descendentes.
Entre livros, reportagens de jornal, mídia, filmes, também as falas dos
professores e das crianças foram utilizadas como conteúdo de vivencias e discussões. Na
Educação Física trabalhei com o samba, capoeira e congada. Dei início ao trabalho
desenvolvendo um tema de cada vez, optei pela congada, contei a história às crianças e ao
som do CD “Palavras Cantadas” desenvolvemos as vivências da dança no rítmo da congada.
Na seqüência trabalhei com os diferentes ritmos sendo um deles o samba e sua origem,
utilizei os ritmos através dos CDs “Beth Carvalho e Paulinho da Viola”. Já a Capoeira as
crianças fizeram uma pesquisa da sua origem e história, e utilizando alguns instrumentos
simbólicos, como tambor, chocalho etc. utilizei o CD de Capoeira “Mestre Barrão volume V”
para que as crianças conhecessem e apreciassem participar vivenciando o ritmo das palmas, o
círculo, o cumprimento a ginga. Todas essas atividades foram desenvolvidas relacionadas
com a história dos negros / Africanos.
Já no mês de outubro e nos programando para trabalhar com o tema sobre o dia
nacional da consciência negra (20 de novembro), propus ao meu grupo de estudo realizarmos
uma semana de evento com os conteúdos que tínhamos estudado e refletido sobre o tema
história e cultura africana.
Depois de aprovada a semana e liberado o espaço pela direção da escola,
dividimos as tarefas e iniciamos nosso trabalho em cima do cronograma de apresentações.
Cada professor pensou em uma proposta de participar do evento utilizando-se dos recursos já
trabalhados com seus alunos.
A Educação Física participou da abertura do evento, utilizando a expressão
corporal para encenar a formação do povo brasileiro, onde as crianças expressavam a chegada
dos europeus, a mistura das raças, formando o povo brasileiro (anexo 2.1).
Na segunda apresentação considerando o samba como herança cultural afro-
descendente, montamos duas apresentações com o samba (samba de roda e samba enredo
nacionalmente conhecido através dos blocos carnavalescos) (anexo 2.2).
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Depois apresentamos a capoeira com a realização de atividades vivenciadas nas


aulas de educação física (anexo 2.3).
Esse trabalho foi desenvolvido de forma interdisciplinar, conforme havíamos
combinado. Descrevo abaixo os trabalhos apresentados pelas outras disciplinas:
Apresentaram no decorrer da semana: A - Poesia de Solano Trindade “Sou Negro”, as
crianças aclamaram e encenaram (anexo 2.4); B – Uma peça de teatro demonstrou a questão
da cor de cada um, para isso foi efetuada a adaptação da peça através do Livro “Menina
Bonita do Laço de Fita” (anexo 2.5); C - As crianças cantaram a música “Banzo Negro”,
mostrando os negros acorrentados e no final a libertação (anexo 2.6); D - Outro grupo
apresentou a música “Somos Todos Iguais” trabalhando com o tema de direito a igualdade
(anexo 2.7); E – Uma encenação da violência sofrida pelo negro ao som de Dorival Caymmi
com a música “Vida de Negro” (anexo 2.8); F – fizeram a apresentação da história cantada
pelas crianças das borboletas, pois haviam estudado sobre as diferenças das cores,
relacionando com a cor de cada um (anexo 2.9); G – desenvolveram uma coreografia com a
música “Vi a Estrela – Cia Brasileira de Teatro” (anexo 2.10).
O presente trabalho que surgiu a partir da Lei 10639/2004 (BRASIL 2004),
serviu de base para que cada um (professores, alunos, e demais funcionários da escola) dentro
da sua particularidade aprendesse e ensinasse, haja vista, que a semana inteira o espaço foi
aberto para todos tanto se apresentarem como assistirem as apresentações. O importante desse
projeto é que não existiu o melhor, ou o pior, mas, o diálogo, as trocas, a soma das partes é
que gerou a totalidade do evento. Foi um sucesso.
(Para uma melhor compreensão do trabalho interdisciplinar descrito, verificar
maiores informações através do anexo 2).

4 – INTER-RELAÇÃO ENTRE A EDUCAÇÃO FÍSICA E DEMAIS DISCIPLINAS /


SONHO E REALIDADE NO PROCESSO METODOLÓGICO

Após utilizar os projetos como forma alternativa de trabalhar os conteúdos da


Educação Física e também de relacioná-los com aqueles expressos pelas demais disciplinas,
senti necessidade e curiosidade em saber como os “outros” professores percebiam a inter-
16

relação entre a sua área de conhecimento e a Educação Física e vice-versa. Na busca deste
entendimento convidei, alguns professores para responder duas questões, sendo elas:
1) Quais as influências que você pode notar da disciplina de Educação Física
na sua atuação docente?
2) Quais as influências que você pode notar da disciplina sob sua
responsabilidade na Educação Física?
Quinze profissionais aceitaram participar desta empreitada: Necessário
ressaltar que minha escolha pela construção de perguntas abertas, devem-se ao desejo de
proporcionar aos entrevistados liberdade de expressão e que a opção por uma análise
qualitativa foi devido ao fato desta não envolver a “... manipulação de variáveis, nem
tratamento experimental, é o estudo do fenômeno em seu acontecer natural. Qualitativa
porque se contrapõe ao esquema quantitativista de pesquisa defendendo uma visão holística
dos fenômenos ” (André 1995) isto é, que leve em conta todos os componentes de uma
situação em suas interações e influência recíprocas.
De posse dos questionários respondidos, utilizei-me da Matriz Nomotética
(utilizando-se Discursos X Categorias), para a obtenção de uma compreensão, dos dados
coletados, não estabelecendo critérios de certo ou errado diante das repostas dos sujeitos
questionados. Para tanto, os Discursos foram, caracterizados pelos números de questionários
numerados um a um para posteriormente serem lançados em ordem crescente escritos em
algarismos romanos. As Categorias foram analisadas e numeradas em ordem crescente na
medida em que aparecem, sendo lançadas em algarismos arábicos.
Ressalto que a Matriz Nomotética foi composta por linhas e colunas inter-
relacionadas conforme indicação a seguir, sendo: Os discursos lançados em algarismos
romanos e as categorias, levantadas através do questionário lançadas verticalmente e por
escrito e também identificadas com letras maiúsculas do nosso alfabeto. Da interseção das
linhas e colunas surgiram as caselas que foram preenchidas ou não (conforme respostas
levantadas nos questionários) por algarismos arábicos.
Utilizei a questão nº (1) Quais as influências que você pode notar da disciplina
de Educação Física na sua atuação docente? para compor a Tabela I.

MATRIZ NOMOTÉTICA – TABELA I


17

TABELA I – Quais as influências que você pode notar da disciplina Educação Física na sua atuação docente?

Discurso I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII XIII XIV XV


Categoria
A Lateralidade 1 1 2
B Compreender 2 3 1,2 2 2 4 2
regras – ser
disciplinado.
C Desenvolvimentos 1 2
afetivo, físico e
motor
D Coordenação 2 2 1,3
motora /
motricidade
E Projetos 3 1 1 6
F Socialização 1 1
G Cooperação, 4 3,4
trabalho em
equipe.
H Respeito e 5 3,4 1 1
responsabilidade
I Consciência 3 1 1 1,2
corporal /
qualidade de vida
J Organização 5
K Influência negativa 2,3 1
se for no mesmo
período de aula.

Resultados da MATRIZ I.

Na categoria “A” lateralidade, foi instituída por ser indicada como ferramenta
utilizada para iniciar o processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita, por alguns
entrevistados.
Esta realidade pode ser verificada nos seguintes discursos:

“Para iniciar o aprendizado da leitura e da escrita à criança precisa dominar


a lateralidade” (Discurso sujeito I, Unidade l);
“Essa disciplina me ajudou durante todo o ano, no inicio principalmente os
alunos de 7 anos chegam sem lateralidade” (Discurso sujeito III, Unidade 1
);
“... e lateralidade auxilia no desenvolvimento das aulas” (Discurso sujeito
VI, Unidade 2).
18

Na categoria “B” compreender regras, ter disciplina, sabemos que a própria


sobrevivência em uma sociedade nos leva a não somente compreender regras, mas a cumpri-
las de forma a sermos disciplinados. Esse processo a criança inicia através de regras simples,
e as brincadeiras nesse sentido são fantásticas, pois adestram de forma prazerosa.
Esta relação esta presente nos discursos:

“...compreender regras” (Discurso sujeito I, Unidade 2);


“... valores como disciplina” (Discurso sujeito V, Unidade 3);
“... melhora da disciplina, respeito às regras estabelecidas” (Discurso sujeito
VII, Unidade 1,2);
“... o educando quando freqüenta as aulas de Educação Física ele aprende
regras” (Discurso sujeito XI – Unidade 2);
“... disciplina, respeito às regras que a Educação Física desenvolve através
dos jogos” (Discurso sujeito XIII, Unidade 4);
“... vejo as aulas de Educação Física como uma boa oportunidade para se
adquirir aceitação às regras (Discurso sujeito XV, Unidade 2)”.

No meu entendimento, essa relação (regras e disciplinas), sofre uma influência


da mídia, que diariamente adentra os lares transmitindo conceitos de que os esportistas
seguem regras, numa visão dos esportes organizados dentro das regras das federações.

Na categoria “C” Desenvolvimentos físicos, afetivos e motor, conforme


consta no PCN p. 33: “... o aluno precisa ser considerado como um todo no qual aspectos
cognitivos, afetivos e corporais estão inter-relacionados em todas as situações”. Fato indicado
nos seguintes fragmentos:

“O trabalho do professor de Educação Física auxilia a criança no


desenvolvimento físico, afetivo e motor” (Discurso sujeito II, Unidade 1);
“... o aluno passa a compreender o corpo humano e sua saúde como todo
integrado por dimensões biológicas, afetivas e sociais” (Discurso sujeito X,
Unidade 2).
19

Na categoria “D” coordenação motora e motricidade, visualizar a realização


de diversos movimentos em uma aula de Educação Física, a relação esta clara em muitos
momentos:

“... além da coordenação motora muito comprometida, fizemos um trabalho


conjunto que deu muito certo” (Discurso sujeito III, Unidade 2);
“... desenvolvimento da criança que pode melhorar... e
motricidade”(Discurso sujeito V, Unidade 2),
“... como contribuição da disciplina no âmbito da sala de aula percebo que o
trabalho com a motricidade, auxiliam na sala de aula... coordenação motora
..” (Discurso sujeito VII , Unidade 1,3);

De certa forma para qualquer atividade o ser humano necessita de uma


coordenação, a criança ao nascer não tem quase coordenação, ela vai desenvolvendo aos
poucos, esse processo na fase escolar é muito importante ex. caminhar, agarrar uma bola etc...

Na categoria “E” projetos, a relação é explicita nos seguintes momentos:

“Além de projetos que foram desenvolvidos, como alimentação, olimpíadas,


diferenças individuais e outros” (Discurso sujeito III, Unidade 3);
“A disciplina Educação Física muito contribui para a minha atuação uma
vez que é desenvolvido projetos com todos os alunos como: alimentação /
olimpíada / conscientização cultura negra” (Discurso sujeito IV , Unidade
1);
“... projetos que envolvam temas interdisciplinares” (Discurso sujeito IX,
Unidade 1);
“... desenvolve projetos como a elaboração de jogos, resgate de
brincadeiras, narração de fatos, interpretação de jogos, elaboração de
coreografias e todos estes projetos estão perfeitamente articulados com a
língua portuguesa” (Discurso sujeito XI, Unidade 6);
20

Trabalhar com projetos para mim tem sido uma experiência positiva, pois
percebo que os alunos se envolvem mais quando trabalhamos alguns temas em projetos do
qual eles são construtores também, por exemplo, os projetos citados neste trabalho.

Na categoria “F” socialização, a relação esta presente nos seguintes


fragmentos:

“...o bom desempenho do profissional desta área contribui muito no


desenvolvimento da criança que pode melhorar sua socialização” (Discurso
sujeito V, Unidade 1);
“... melhor socialização” (Discurso sujeito VIII, Unidade 1);

Na categoria “G” cooperação e trabalho em equipe, utilizo como exemplo as


seguintes afirmações:

“... além de valores como disciplina, cooperação” (Discurso sujeito V,


Unidade 4);
“... vejo as aulas de Educação Física como uma boa oportunidade...
capacidade de cooperação e trabalho em equipe” (Discurso sujeito XV,
Unidade 3,4).

Na categoria “H” respeito e responsabilidade, são referências as seguintes


anotações:

“... respeito ao outro e ao espaço físico” (Discurso sujeito V, Unidade 5);


“... o educando quando freqüenta as aulas de Educação Física ele aprende...
respeito a si e aos outros, responsabilidade” (Discurso sujeito XI, Unidade
3,4);
21

“... proporciona condições de participação ativa no processo ensino-


aprendizagem valorizando a iniciativa, responsabilidade...” (Discurso
sujeito XII, Unidade 1);
“... aprendem a competir com respeito” (Discurso sujeito XIV, Unidade 1).

As atividades coletivas, podem ter servido de base para as respostas das


categorias “F, G e H”, pois estes conceitos dentre outros podem ser trabalhados através dos
jogos.

Na categoria “I” consciência corporal e qualidade de vida, utilizo-me dos


seguintes fragmentos:

“Aumento da consciência corporal” (Discurso sujeito VII, Unidade 3);


“A influência na área de ciências o aluno passa a compreender o corpo
humano e sua saúde” (Discurso sujeito X, Unidade 1);
“As atividades de Educação Física traz, extraordinários benefícios a
qualquer outra disciplina, porque através da Educação Física os alunos terão
uma melhor qualidade de vida e isso refletirá dentro da sala de aula durante
o processo ensino-aprendizagem” (Discurso sujeito XI, Unidade 1);
“A educação física proporciona ao aluno o conhecimento do próprio corpo,
o desenvolvimento auto-cuidado e conseqüentemente melhor qualidade de
vida” (Discurso sujeito XIII , Unidade 1,2).

Temos que considerar que nos últimos tempos a mídia tem tido um papel
significativo nos incentivos às práticas das atividades físicas sempre relacionando-as com a
saúde (qualidade de vida).

Na categoria “J” organização utilizo-me da seguinte anotação:


22

“O educando quando freqüenta a s aulas de Educação Física ele aprende...


organização, etc... provavelmente ele aplicará tudo isso em sala de aula”
(Discurso sujeito XI, Unidade 5).

Na categoria “K” influência negativa se for no mesmo período de aula.


São estes os exemplos:

“... causa um “alvoroço” depois da aula, pois os alunos vem agitados,


suados, sendo difícil colocá-los em concentração. Deveria ser feita as aulas
em período oposto da jornada do aluno. A influência acaba sendo negativa
porque é feito dentro do horário normal de aula” (Discurso sujeito XIV ,
Unidade 2,3).
“As aulas de E. F. deveriam ocorrer em período diverso ao que o aluno
freqüenta as aulas, pois assim não chegaria à sala suado e agitado, o que por
sua vez dificulta o trabalho intelectual” (Discurso sujeito XV, Unidade 1).

Mediante esta relação não consigo me calar. Quem vive o cotidiano escolar
sabe que após as aulas de Educação Física, as crianças geralmente retornam para à sala de
aula, suadas e agitadas, é normal. Mas discordo com a idéia expressa de que o aluno após as
aulas de Educação Física apresenta seu trabalho intelectual dificultado.
É curioso, mas a categoria “B” obteve mais de 50% das participações em que
demonstram que regras e disciplinas aprendidas na Educação Física auxilia o trabalho das
demais disciplinas. Na minha opinião esse índice foi elevado em função dos esportes,
(influência da mídia), pois sem regras, disciplinas, respeito, organização entre outros não seria
possível desenvolvê-lo.
E a menos votada foi à categoria “H” Organização, quem olha de longe uma
aula de Educação Física geralmente a relaciona com uma bagunça total, talvez essa foi à
relação para receber um único voto.

Utilizei a questão nº (2) Quais as influências que você pode notar da disciplina
sob sua responsabilidade na Educação Física? para compor a Tabela II.
23

MATRIZ NOMOTÉTICA – TABELA II

TABELA II – Quais as influências que você pode notar da disciplina sob sua responsabilidade na Educação Física?
Discurso I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII XIII XIV XV
Categoria
A Desenvolvimento 1
cognitivo
B Motivado a 1 2
freqüentar aulas
de E.F.
C Importância da 1 1 1 1
atividade física
com textos e
atividades de
classe
D Ciências quando 1 1
trata do corpo
humano
(conhecer) e dele
cuidar “qualidade
de vida”

Resultados da MATRIZ II

Na categoria “A” desenvolvimento cognitivo, a relação está explicita no


seguinte discurso:

“Como sou polivalente sei que alguns conceitos trabalhados, em todas as


disciplinas sob minha responsabilidade são muito importantes em todas as
atividades da criança, se ela não compreende mensagens verbais não
conseguirá participar efetivamente das atividades físicas, se ela não
consegue abstrair não se adequa ao grupo e provavelmente irá manifestar
problemas de comportamento, etc. acredito que as disciplinas em sala de
aula têm uma contribuição sutil para a Educação Física, pois se volta
somente ao cognitivo” (Discurso sujeito I , Unidade 1)

Conforme a descrição, a impressão que tenho é que a criança inicia no ensino


fundamental com dificuldades para compreender mensagens verbais, isso é trabalhado em
sala de aula, visando o desenvolvimento cognitivo do aluno, com isso auxiliando a Educação
24

Física no momento em que verbaliza as atividades. Fica uma dúvida, e a Educação Física não
trabalha o desenvolvimento cognitivo através das atividades?

Na categoria “B” motivados a freqüentar aulas de Educação Física. Esta


presente nos seguintes exemplos:

“O professor polivalente exerce grande influência sob o comportamento dos


alunos nas demais disciplinas ministradas por outros professores. Desta
forma quando o aluno é motivado pelo professor da sala a freqüentar as
aulas de Educação Física, certamente sua forma de agir, (principalmente no
que diz respeito à disciplina), será favorável. (Discurso sujeito II, Unidade
1).
“A própria valorização que o professor de classe demonstra pela disciplina
de Educação Física já é um fator diferencial dos alunos com relação à
disciplina” (Discurso sujeito VI, Unidade 2).

Na categoria “C” importância da atividade física através de texto e atividade


de classe. Exteriorizado nos seguintes fragmentos:

“ As contribuições das disciplinas por mim ministradas em relação a


Educação Física esta mais no aspecto teórico, principalmente no que diz
respeito a importância da atividade física para a saúde do corpo e da mente”
(Discurso sujeito V , Unidade 1);
“... temas abordados em sala, tendo continuidade na Educação Física
(saúde, esportes, gincanas etc..) (Discurso sujeito VI , Unidade 1);
“Influência através de textos e atividades de classe” (Discurso sujeito VIII,
Unidade 1);
“O professor de língua portuguesa terá sempre de buscar inter-relações entre
as disciplinas, inclusive com a Educação Física. Acho que tenho a
responsabilidade de trabalhar textos que tenham o objetivo de despertar no
25

educando o gosto, o interesse, a conscientização pela prática do esporte


(educação física)” (Discurso sujeito XI, Unidade 1).

Nas categorias “B e C” descritas existe uma semelhança, pois o fator é que o


aluno se conscientize da importância através de textos, atividades trabalhados em sala de aula,
neste contexto poderá o professor valorizar a disciplina de Educação Física ou motivar os
alunos a freqüentarem essas aulas.

Na categoria “D” Ciências quando trata do corpo humano (conhecer) e dele


cuidar “qualidade de vida”. Cita como exemplo:

“A disciplina de ciências influência na área de Educação Física, pois o


aluno aprende a conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando a
adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de
vida e agindo com responsabilidade em relação a sua saúde e a saúde
coletiva”. (Discurso sujeito X, Unidade 1).

Esta é a disciplina que mais trabalha conteúdos que também são vistos de
formas menos aprofundadas na Educação Física, por exemplo, conforme citado anteriormente
no trabalho alimentação saudável & atividade física, tratamos da importância da água para o
nosso corpo, após uma atividade as crianças perceberam que ficaram com sede, elas
entenderam a importância da água ligada à atividade física, de maneira superficial citamos a
desidratação (doença causada pela falta de água), sendo que em ciências eles vêem a água de
forma mais aprofundada, como os cuidados com a água, as doenças transmitidas pela água
etc...
Os seguintes sujeitos (III, IV, IX, XII, XIII, XIV E XV) não apresentaram
parecer referente esta questão, isso fez com que as caselas permanecessem em branco.
26

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por muitos anos, as transformações ocorridas no âmbito das ciências e na


educação, eram afirmadas, regidas e compreendidas em um outro ritmo, já que o envio e o
recebimento de informações eram demorados e nada confiáveis. Atualmente tudo mudou. A
velocidade e a transitoriedade das informações nos proporciona uma vida e um pensar
diferente. Posicionamo-nos diante do novo com a mesma ansiedade e certeza que a criança se
porta diante de um jogo ou de uma brincadeira interessante: sabemos que cada obstáculo
superado, a cada grau de dificuldade alcançado, um novo desafio nos é imposto. Superar a si
mesmo e aos novos desafios que hão de vir pelo caminho da vida, um caminho ainda não
traçado, sem direcionamento previsto em sua totalidade, cheios de diversidade de grandes e
velozes transformações, é nossa tarefa.
Certamente atuar hoje na educação é estar aberto a enfrentar os desafios e
buscar melhores caminhos para superar cada obstáculo nele encontrado. Assim não foi minha
intenção neste trabalho promulgar que, por meio das realizações de projetos
(interdisciplinares), tudo é (pode ser) resolvido, já que acredito que muitos outros caminhos
precisam ser estruturados. Mas, para que a Educação Física realmente seja uma peça
importante no do contexto educacional, e como professora atuante no mercado de trabalho
desejo me despir de rótulos como tapa buraco, aquela que só brinca...
Para mim a interdisciplinaridade foi aqui o caminho que busquei, e me utilizei
para promover a integração com o todo de modo a somar/formar o indivíduo/aluno de
maneira global, e não fragmentada.
Durante o percurso muitos pontos mostraram-se estimulantes. Consegui
associar conhecimentos oriundos de outras áreas de conhecimento (valor nutricional dos
alimentos, história do negro Africano, sua heranças musicais e o jogo capoeira, entre outros)
com aqueles próprios da Educação Física escolar (aprendizagem e diversificação das
habilidades motoras, por exemplo) sem perder o foco desta disciplina curricular e sem me
tornar escrava de delimitações prévias.
Por outro lado, ainda percebi uma resistência enorme dos demais
representantes/componentes do processo educacional escolar com relação ao que significa a
educação promovida/gerada pelas (e nas) aulas de Educação Física. Ainda pude notar a
exclusividade com relação ao porquê da Educação Física na escola: para se ensinar/aprender
27

algum esporte. Infelizmente esta realidade é constituída pelo pensamento visão de várias
pessoas que vivenciam uma realidade promovida... por nós, professores de Educação Física.
Assim, advogo sermos responsáveis por este infortúnio... mas também, acredito
sermos capazes e corajosos o suficiente para alterar tal realidade . Ao compartilhar desta
certeza e desta necessidade com todos aqueles que realmente pensam e atuam em prol de uma
educação consistente e digna, e ciente do papel que devo cumprir, finalizo este texto
utilizando-me de uma citação estruturada de Delours (2001 p. 89).

A educação deve transmitir, de fato, de forma maciça e eficaz cada vez mais
saberes e saber-fazer evolutivos, adaptados a civilização cognitiva, pois são
as bases das competências do futuro. Simultaneamente, compete-lhe
encontrar e assinalar as referências que impeçam as pessoas de ficar
submergidas nas ondas de informações, mais ou menos efêmeras, que
invadem os espaços públicos e privados e as levem a orientar-se para
projetos de desenvolvimentos individuais e coletivos. À educação cabe
fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e
constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permita navegar
através dele, deve fazer com que cada individuo saiba conduzir seu destino,
num mundo onde a rapidez das mudanças se conjuga com o fenômeno da
globalização.
28

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRÉ, M. E. D. – Etnografia da Prática Escolar – Ed. Papirus – Campinas 1995.


BRACHT, V. - Educação Física e Aprendizagem social – Ed. Magister, 1992.
BRASIL - Secretaria de Educação fundamental - PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais –
Educação física Brasília-Mec / 2001.
_______ Constituição Federal de 1937 de 10 de novembro de 1937.
_______ Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e
para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana Lei nº 10639/2004.
_______ Diretrizes e Bases da Educação Lei 4024/61 de 20 de dezembro de 1961.
_______ Diretrizes e Bases da Educação Lei 5692/71 de 11 de agosto de 1971.
_______ Diretrizes e Bases da Educação Lei nº 9394/96 de 20 de dezembro de 1996.
________ Decreto Lei nº 69450 de 11 de novembro de 1971.
CASTELLANI, L. (1994) 4ª edição– Educação Física no Brasil – Campinas-SP – Papirus.
DAOLIO, J. - Da Cultura do Corpo Papirus, 1995 - Campinas-SP.
DELORS, J. – Educação: Um Tesouro a Descobrir 6ª ed. – São Paulo : Cortez; Brasília DF :
MEC: UNESCO, 2001
FREIRE, J. B. (1994) – Educação de Corpo Inteiro – Ed. Scipione.
FAZENDA, I.C.A. (org) – Didática e Interdisciplinaridade – Campinas-SP – Papirus 1998
(coleção práxis)
___________ Interdisciplinaridade. Um projeto em parceria. São Paulo. 1991 Ed. Loyola.
JAPIASSU, H. (1976) – Interdisciplinaridade e Patologia do Saber – Ed. Imago Ltda.
KUZ, E. – Educação Física Ensino & Mudanças terceira edição 2004 – Editora Unijuí.
SOARES, C.L. (Org.) Metodologia do Ensino de Educação Física – Ed. Cortez 1992.
29

ANEXOS
30

ANEXO 1

ANEXO 1.1

HISTÓRIA SOBRE O FUNCIONAMENTO DO CORPO.

Para um carro se mover ele necessita de combustível seja álcool ou gasolina,


uma máquina ou um aparelho doméstico para funcionar precisa estar ligado a uma tomada seu
combustível é a energia elétrica. Dá para imaginar um automóvel fabricando suas próprias
peças e usando como matéria prima a gasolina ou o álcool que foi colocado no tanque de
combustível? Certamente não.
A máquina que é o nosso corpo também não funciona sem energia, só que a
máquina corpo tem qualidades que nenhuma outra tem.
- Transforma a energia a partir de “combustíveis” fornecidos pela digestão de
alimentos como feijão, arroz, salada, banana, bife etc...
- Com esses mesmos combustíveis fabrica os materiais necessários ao
crescimento, para desenvolver atividades físicas e ao reparo de partes danificadas como, por
exemplo, cortes, arranhões, etc...
31

ANEXO 1.2 PIRÂMIDE ALIMENTAR

Pirâmide alimentar

Divisão por grupos de alimentos


32

ANEXO 1.3 - CARTAZES CONFECCIONADOS PELOS ALUNOS

Crescimento através da alimentação Alimentação saudável

Importância das frutas


33

As vitaminas Os doces.

ANEXO 1. 4

Veja as fotos das cartilhas distribuídas:

Cartilha nº 1 Cartilha nº 2 Cartilha nº 3

ANEXO 1. 5
34

Crianças comendo a salada de frutas.

ANEXO 1.6 SEMANA DE JOGOS


35

ANEXO 1.7

Mascote do período da manhã Mascote do período da tarde.

ANEXO 1.8 TEMA DA TORCIDA “PAZ / AMOR”


.
36

ANEXO 2
ANEXO 2.1

O BRASILEIRINHO.
Era uma vez, um lugar enorme onde moravam homens morenos, fortes e
pelados que viviam soltos na natureza. Certo dia, porém, apareceram em suas terras uns
homens brancos vestidos falando diferente, foram logo chamando os homens pelados de índio
e suas terras resolveram chamar de Brasil. Esses brancos vinham de longe de um lugar
chamado Portugal, depois da chegada deles não parou mais de chegar gente para morar na
terra do Brasil, vieram negros, holandeses franceses, espanhóis, italianos, japoneses, árabes,
alemães... ufa... Gente de lugares que os homens pelados nunca poderiam imaginar que
existissem. Com tanta gente junta a terra do Brasil foi ficando pesada, mas tão pesada que
acabou explodindo scabrum... E no meio da fumaça e do barulho fez se um arco íris que
anunciava o nascimento de um novo ser que iria morar na terra. Era o brasileirinho, não tinha
rosto, nem pernas, nem braços, nem bumbum, o corpo dele era um enorme coração. E dentro
se viam portugueses, mais holandeses, mais índio, mais franceses, mais negros, mais italianos,
mais japoneses, mais árabes, mais alemães, abraçados cantando, eles eram todos juntos os
pais do brasileirinho. O engraçado é que cada um cantava uma música diferente, num tom
diferente, mas o som que faziam era tão bonito que parecia até que a música era a mesma foi
ai que fiquei curiosa e resolvi chegar bem perto pra ver que musica cantavam. Descobri tudo e
agora quero convidar você a cantar e dividir comigo nosso imenso amor “brasileirinho”.
Eu sou a soma de tudo,
37

Do português bigodão,
Do índio pelado e forte e também do negro irmão,
Eu sou brasileirinho e só tenho coração
Eu sou brasileirinho e só tenho coração.
Sou a soma das três raças,
E outras mais que se juntaram,
E com tantas raças juntas,
Foi que a coisa aconteceu,
Explodiu um arco íris desse tal Brasil nasceu
Explodiu um arco íris desse tal Brasil nasceu.
Brasil, Brasil, bemleirinho brasileirinho sou eu.
Não tenho corpo, nem pernas, nem braços, nem bumbum,
Tenho apenas coração pra sempre caber mais um,
E esse um que é você a quem convido a cantar,
Um sambinha, um forró o que a gente combinar.
De cada parte que trago, dentro do meu coração,
De Lisboa, de uma tribo ou ainda do Japão.
O canto é a língua que falo,
É como posso abraçar
Todas as minhas raças sem sair do lugar
Todas as minhas raças sem sair do lugar.”

Fotos da apresentação da abertura do evento.

Inicio da apresentação em terras brasileira só existiam os índios, a cortina do fundo mostra o


mapa do mundo de onde vieram todos os povos do qual formou o povo brasileiro.
38

Assim o Brasil formou a sua população, com a mistura de todas as raças.

O brasileiro nasceu e com ele inicia uma nova cultura, carregando um pouco da herança
cultural de todos que aqui chegaram. Todas as raças formando o brasileirinho. O Brasileirinho
simbolizado por um enorme coração.
39

ANEXO 2.2

O texto apresentado ficou assim:

O samba é tocado com instrumento (tambores, surdos, entre outros), e


acompanhados por cavaquinho e violão. De origem africana tem significados ligados a danças
tribais do continente. ·Suas raízes foram fincadas em solo brasileiro na época do Brasil
colonial, com a chegada da mão de obra escrava em nosso país. Existem vários tipos de
samba, samba de roda, samba enredo etc... Tempos depois o samba torna as ruas e espalha-se
pelo carnaval do Brasil.

Fotos das apresentações.

Samba de roda. Todos dançam no circulo e de dois em dois entram e saem da roda.
40

Samba enredo, trabalhamos com os sambas das escolas do Rio e São Paulo. As mascaras para apresentação foram construídas
na sala de artes, com auxilio da professora de arte.

As crianças participando da apresentação do samba enredo.

ANEXO 2.3

A equipe da capoeira pesquisou a história da capoeira, e o nosso texto final


para anunciarmos a apresentação ficou assim:
Na África mais precisamente na região de Angola, os negros lutavam com
cabeçadas e pontapés, nas chamadas lutas das zebras disputando as meninas de suas tribos
com a finalidade de torná-las suas esposas. Na ausência de armas os negros buscaram nas
danças guerreiras sua forma de defesa. Da necessidade da preservação da vida surgiu à
capoeira.
41

Tendo como mestra a mãe natureza notando brigas de animais, coices, saltos,
botes entre outros, os negros utilizando-se das manifestações culturais trazidas da África
(brincadeiras, competições), os negros criam e praticam uma luta de autodefesa para enfrentar
o inimigo. A capoeira era praticada nos momentos de folga, e para enganar os fazendeiros
enquanto praticavam, aliaram aos golpes a ginga e a música.
Nas fugas para os quilombos foi muito útil para os escravos nas lutas contra os
capitães.

Fotos da apresentação.
42

ANEXO 2.4

SOU NEGRO – POESIA DE SOLANO TRINDADE.

Sou Negro
Meus avós foram queimados pelo Sol da África
Minh’alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gonguês e agogôs.
Contaram-me que meus avós vieram de Loanda
Como mercadoria de baixo preço plantaram cana pro senhor do engenho novo
E fundaram o primeiro Maracatu.
Depois meu avô brigou como um danado nas terras de Zumbi
Era valente como quê na capoeira ou na faca
Escreveu não leu o pau comeu
Não foi um pai João humilde e manso.
Mesmo vovó não foi de brincadeira
Na guerra dos Malés ela se destacou.
Na minha alma ficou: o samba, o batuque, o bamboleio e o desejo de
libertação...

Fotos da apresentação.
43

Leitura da poesia.
Todos os alunos participaram do evento, ora assistindo, ora apresentando.

ANEXO 2.5

Narrador 1: Era uma vez uma menina linda, linda!


Narrador 2: Os olhos dela pareciam duas azeitonas pretas.
Narrador 3: Os cabelos dela eram bem enroladinhos e negros.
Narrador 4: A pele dela era escura e lustrosa.
Narrador 5: Ah! Que menina linda!
Narrador 1: A mãe da menina sempre enfeitava o cabelo dela com fitas coloridas.
Narrador 2: Que menina linda! Parece uma princesa!
Narrador 3:Do lado da casada menina morava um coelho branco, branco.
Coelho: Que menina linda! Como será que ela conseguiu ficar assim? ... Já sei! Vou perguntar. ( vai
até onde está a menina ). Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
Menina: Ah! Deve ser porque eu caí na tina preta quando era pequenina...
44

Narrador 4: O coelho saiu dali e tomou um banho na tinta preta.


(coelho preto pula de alegria)
Narrador 5: Aí, veio a chuva e ele ficou branco outra vez.
(coelho com fisionomia triste volta a casa da menina)
Coelho: Menina bonita do laço de fita, qual e teu segrego pra ser tão pretinha?
Menina: Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequena...
Narrador 1: O coelho saiu de lá e tomou tanto café, tanto café...
Narrador 2: Que ficou vários dias e várias noites sem dormir.
Coelho: Não agüento mais tomar café e o meu pelo não muda de cor. Desisto. Vou voltar lá! (Vai
até a casa da menina)
Coelho: Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
Menina: Ah! Deve ser por causa da feijoada...
Mãe da Menina: Não, Nada disso! Você é assim porque eu sou negra e sua avó é negra também.
Menina: Ah! Quer dizer que os filhos se parecem com os pais, os avós, os tios, mamãe?
Mãe da Menina: É isso mesmo!
Coelho: Já sei! Vou casar com uma coelha preta.
Narrador 3: O coelho saiu dali a procura da coelhinha preta.
Narrador 4: Procurou...
Narrador 5: Procurou...
Narrador 1: encontrou!
Narrador 2: Namoraram... e casaram!
Narrador 3: Aí, nasceram os filhotes, cada um de uma cor.
Narrador 4: E um casal de coelhinhos bem pretinhos.
Narrador 5: Que eram os favoritos da menina bonita do laço de fita.

Texto adaptado do livro Menina bonita do


laço de fita – Ana Maria Machado

Fotos da apresentação:

Apresentação da Peça baseada no Livro Menina Bonita do Laço de Fita.


45

Mostra a mistura das raças.

ANEXO 2.6

BANZO NEGRO
Negro clama liberdade
Negro clama liberdade
Negro clama liberdade
Negro não sabe o que é dor
Negro não tem alma não
Assim, dizia o feitor
Com seu chicote na mão
Malvado banzo me mata
Quero a Pátria voltar
Na minha terra sou livre
Qual avezinha no ar.
Negro, negrooooooo .........
Negro, negrooooooo.......

Fotos da apresentação

Corrente simbolizando a escravidão


46

Negro Clama liberdade. Estouram as correntes em sinal de liberdade.

ANEXO 2.7
SOMOS TODOS IGUAIS

Mas foi a Foram mais de 300 anos


De sofrimento para os negros africanos
Chegavam em navios e acorrentados
E aqui eram vendidos como escravos
Trabalhavam por um prato de comida
Castigados com uma vida bem sofrida
Alguns fugiam e se escondiam pelas matas
Com medo, do feitor e da chibata.
O mundo inteiro começou a pressionar
Para o Brasil acabar com a escravidão.
Internamente o movimento foi crescendo e aos poucos veio a decisão
Primeiro foi a Lei do Ventre Livre
Depois a Lei do sexagenário
Por fim veio a Lei Áurea, que acabou de vez com esse cenário.
Princesa Isabel
Que pôs fim com essa escravidão
Mostrou sua grande igualdade
E que a igualdade nasce em cada coração.
Mas foi a Princesa Isabel
Que pôs fim com essa escravidão
Mostrou sua grande igualdade
E que a igualdade nasce em cada coração.

Fotos da apresentação:
47

ANEXO 2.8

Vida de Negro
Vida de negro é difícil, é difícil com quê
Vida de negro é difícil, é difícil com quê
Eu quero morrer de noite na tocaia me matar
Eu quero morrer de açoite se tu negra me deixar
Vida de negro é difícil, é difícil com quê
Vida de negro é difícil, é difícil com quê
Meu amor eu vou me embora nessa terra vou morrer
O dia não vou mais ver nunca mais eu vou viver
Vida de negro é difícil, é difícil com quê
Vida de negro é difícil, é difícil com quê

Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê
Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê
Fotos da apresentação.
48

A violência com os negros.

ANEXO 2.9

As borboletas
Brancas, azuis, amarelas e pretas.
Brincam na luz as belas borboletas
Borboletas brancas são alegres e francas.
Borboletas azuis gostam muito de luz.
As amarelinhas são tão bonitinhas!
E as pretas, então .. ............
Oh, que escuridão!

Fotos da apresentação.

alunos do ensino fundamental 2ª série Ciclo I


49

Borboletas confeccionadas pelas crianças.

ANEXO 2.10

VI A ESTRELA – CIA LIBERDADE DE TEATRO.

Vi a estrela
Aprendi a lição
As mulheres chorando e os homens no chão
As crianças gemendo e o feitor com a chibata na mão
As crianças gemendo e o feitor com a chibata na mão
Onde filho do negro era escravo, coronel tinha liberdade
Trabalhar na capital e o negro no arraial
Onde o lápis do negro era a foice e o caderno o canavial
Ê Ê, vem vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz na hora, não espera acontecer
Vem vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz na hora, não espera acontecer.

Fotos da apresentação.
50

Apresentação das crianças da 2ª séries ciclo II.

2ª série ciclo II ensino fundamental .

ANEXO 3

Fazem parte do anexo 3 os questionários do sujeito I ao sujeito XV.


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