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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA
REGISTRADO(A) SOB N°

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de


Embargos de Declaração n2 055697 6-
24.2010.8.26.0000/50000, da Comarca de São Paulo, em
que é embargante COOPERATIVA HABITACIONAL DOS
BANCÁRIOS DE SAO PAULO sendo embargado TEREZA
CRISTINA DE ALMEIDA MANTOVANI.

ACORDAM, em 1- Câmara de Direito Privado do


Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte
decisão: "REJEITARAM OS EMBARGOS. V. U.", de
conformidade com o voto do(a) Relator(a), que integra
este acórdão.

O julgamento teve a participação dos


Desembargadores GILBERTO DE SOUZA MOREIRA (Presidente
sem voto), ÁLVARO PASSOS E ELCIO TRUJILLO.

São Paulo, 4 de maio de 2 011.

PEDRO BACCARAT
RELATOR
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO
7a CÂMARA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO n°: 0556976-24.2010/50000

EMBARGANTE: Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo


EMBARGADO: Tereza Cristina de Almeida Mantovani
COMARCA: São Paulo - 10a Vara Cível

Embargos de Declaração.
Inocorrência de contradição,
obscuridade ou omissão no acórdão
recorrido. Pretendida reabertura de
discussão sobre matéria preclusa.
Embargos rejeitados.

VOTOn. 0 : 12.360

Vistos.

Trata-se de embargos de declaração


opostos contra acórdão que, por votação unânime, conheceu
parcialmente do agravo de instrumento, e na parte conhecida lhe
negou provimento. A Turma Julgadora não apreciou a alegação de
impossibilidade de penhora da sede da cooperativa porque tal
matéria fora objeto de outro agravo de instrumento, já julgado.
Entendeu que a substituição da penhora pelo terreno onde
construído o condomínio edilício traria prejuízo à exequente, vez que
a propriedade da cooperativa será extinta assim que vendidas todas
as unidades.

A Agravante aponta omissão do


julgado porque não considerou a natureza jurídica da cooperativa,
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na medida em que a penhora da sede prejudicará todos os


cooperados. Prequestiona os artigos 620, 656 e 668 do CPC.

Recurso tempestivo e regularmente


processado.

É o relatório.

A Embargante reitera matéria já


endereçada à instância recursal no corpo do agravo e não conhecida
em razão da preclusão: "O termo de penhora do imóvel foi lavrado
em 27 de maio de 2010. Contra a decisão que determinou a penhora
foi interposto o agravo de instrumento n° 990.10.332822-1, em que
também se alegou a existência de património de afetação, nos
termos do acordo firmado com o Ministério Público. Por essa razão o
presente agravo de instrumento não será conhecido nesta parte.
Observe-se que esta Câmara negou
provimento ao mencionado agravo, restando pendente de
julgamento apenas os embargos de declaração opostos pela
agravante. Eis o teor do acórdão: 'A agravante pretende seja
afastada a penhora que recaiu sobre o imóvel onde localizada sua
sede, ao argumento de que fere o património de afetação de cada
empreendimento, pois permite que o seu património seja utilizado
para a satisfação de dívidas do empreendimento Vila Inglesa, do
qual a agravada era associada, prejudicando a cooperativa e
comprometendo sua confiança, devendo a constrição ser limitada ao
património do empreendimento invocado. Razão, no entanto, não lhe
assiste, uma vez que todo o património da executada responde por
suas dívidas, independentemente do empreendimento do qual se
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originou o débito, cumprindo ressaltar que, em momento algum, a


agravante apontou bens que constituíam o património do
empreendimento Vila Inglesa para que fosse promovida a
substituição da constrição. Também não há que se falar em violação
a património de afetação, porque ajuste entre a Bancoop e o
Ministério Público firmado em ação civil pública previu
especificamente que: 'a celebração do presente acordo não impede
que os cooperados exerçam todos os direitos que lhe são
assegurados pelo ordenamento jurídico (especialmente pela Lei
Federal nr. 5.764/71) e pelo Estatuto da Bancoop, ou que ajuízem
ações individuais ou coletivas contra a Cooperativa visando
assegurar seus interesses' (fl. 42). Além disso, o acordo previu que a
Cooperativa manteria contas separadas para cada um dos
empreendimentos. Não há nos autos o mais pálido indício de que a
devedora disponha de aludida conta, ou que esta tenha fundos
suficientes para cobrir a dívida em aberto. Sob esse enfoque, parece
claro que o acordo não obsta a penhora de bens livres e
desimpedidos da cooperativa para saldar a dívida que lhe incumbe
por força de decisão judicial (TJSP - Agravo de Instrumento n.
994.09.282252-2, rei. Des. Francisco Loureiro, j. 13.01.2010) Por
tais fundamentos, nega-se provimento ao recurso' (rei. Milton Paulo
de Carvalho Filho, j. 29.09.2010)"(í\s. 250/251).

Os presentes embargos ao induzir o


reexame de matéria já apreciada, fogem de sua finalidade que é o
aclaramento de questões omitidas ou contraditoriamente decididas
pelo julgado.
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Acrescente-se que a Embargante


busca com os presentes embargos, prequestionar a matéria e
conferir efeito infringente ao recurso, o que é inadmissível. Não há
obrigatoriedade da Turma Julgadora manifestar-se expressamente
sobre os dispositivos legais invocados, para efeito de
prequestionamento, já que, como cediço, o julgador não está
obrigado a responder a cada um dos argumentos trazidos pela parte,
sendo suficiente que os tenha em conta no ato de decidir, e de
maneira especial os pontos controvertidos essenciais. Nesse sentido
já decidiu a jurisprudência: "Recurso - Embargos De Declaração -
Decisão Fundamentada - Menção Ao Dispositivo Legal Aplicado -
Desnecessidade: Não existe razão para a Turma Julgadora, em
sede de embargos de declaração, examinar a aplicabilidade de
dispositivos legais tidos como violados, incapazes de alterar a
conclusão do julgamento, quando o acórdão hostilizado contém os
fundamentos jurídicos suficientes à proteção jurisdicional. As
decisões judiciais valem pelo conteúdo de sua fundamentação
jurídica e não pela menção a este ou àquele artigo de lei comum ou
constitucional" (E. Del. 659.414-01/6, Rei. Renato Sartorelli).
"Recurso - Embargos De Declaração - Decisão Fundamentada -
Respostas A Todas Alegações - Desnecessidade: O Juiz, tendo já
formado o seu convencimento, não está obrigado a responder todos
os argumentos expendidos pelas partes, ou por quem intervenha no
processo, e nem a fazer a análise ou a interpretação de cada um
dos fatos, dos dispositivos legais ou de ensinamentos
jurisprudenciais em que os litigantes, ou os intervenientes, lastreiam
as suas teses" (E. Del. 521.582, Rei. Ricardo Tucunduva). "Recurso
- Embargos De Declaração - Decisão Fundamentada - Menção Aos
Dispositivos Legais Aplicados - Desnecessidade: Não cabem

Embargos de Declaração n": 00556976-24.2010/50000 - Comarca: São Paulo - 10a Vara Cível - voto n": ! 2.360 4
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embargos de declaração em matéria cível para o juiz mencionar qual


a lei ou o artigo dela ou da Constituição que esteja a aplicar. Para a
fundamentação do julgado o necessário e suficiente é que se
trabalhe mentalmente com os conceitos vigentes contidos no
sistema jurídico" (E. Del. 565.234-02/0, Rei. Ruy Coppola).

Inocorre, assim, omissão,


contradição ou obscuridade no julgado.

Ficam por isso rejeitados os


embargos.

Pedro BaccaTãt
Relator

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