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Abstract
This study analyses problems related to the scheduling of radiological examinations made at
University Hospital Clementino Fraga Filho of Federal University of Rio de Janeiro using
theoretical and methodological background derived from the Ergonomic analysis of work
and Applied Linguistics. According to this perspective, real betterment of work supposes
both the collective formulation of problems - researchers and workers involved with the
whole process of the service - and knowledge of the operative regulations made by
workers to improve their tasks. Based on this assumption, this study observes and analyses
the day- by- day activities at Radiology trying to share the vision worker have of what they
really do and of what they are supposed to do using communicational and technological
supports. This study also poses the question of how discourse analyses may add to improve
the activities related to the scheduling of radiological examinations.
Organização do trabalho
Key words: hospital ergonomics, Applied Linguistics, discourse analyses
Como prevê a AET, depois da análise da demanda, realizamos uma série de análises
estruturadas acerca da organização e de seu ambiente, que nos permitiu a segunda
pontuação da intervenção: a escolha das situações a analisar. Por situações, em ergonomia,
entende-se um posto ou posição-chave que melhor permita captar o sentido e a estrutura do
funcionamento do setor em que se insere.
Consideramos fundamental para dar seguimento aos trabalhos no HU nos
posicionarmos nos setores do hospital onde os exames eram demandados - Enfermaria e
Ambulatório - eram marcados - Marcação de exames laboratoriais e Marcação de exames
radiológicos - eram realizados - Laboratório de Patologia Clínica e de Radiodiagnóstico - e
finalmente onde eram anexados aos prontuários e arquivados - Serviço de Documentação
Médica.
A escolha do setor a ser observado por cada um dos membros da equipe obedeceu
ao critério de um nível de implicação do pesquisador com o tipo de trabalho realizado
naquele local. Aqueles que já tinham uma “história” ligada à enfermagem, por exemplo,
foram para as enfermarias; quem já trabalhava com logística optou pelo setor de marcação
de exames. Em sendo uma lingüista, poderia envolver-me com qualquer um dos setores
considerados chave para a análise do problema dos exames, afinal a linguagem é essencial
no trabalho do hospital. Fiquei responsável pelo setor de Radiodiagnóstico, encarregada de
estudar os problemas ligados à identificação de exames e à emissão de laudos.
7. Algumas hipóteses:
(a) falta das informações necessárias sobre os tipos de exame realizados no setor e sobre as
rotinas de preparo de certos exames.
(b) a rotatividade dos funcionários contratados para o posto não é compatível com a
quantidade e a complexidade de informações sobre exames e seus respectivos preparos
necessárias para o trabalho real de marcação.
(c) A marcação de exames para o mesmo dia da consulta evidencia a possibilidade
incorporada pelo funcionamento do serviço de Radiologia de o próprio paciente levar a
radiografia sem o laudo para seu médico.
(d) A recepcionista que marca o exame mobiliza não apenas as competências previstas pela
organização formal para realização da tarefa de checar a condição de alérgico do
paciente. Sua atividade se fundamenta num uso simbólico da linguagem: “O sr. tem
alergia a camarão?” Uma das recepcionistas observada que estava há apenas um mês e
meio no serviço simplesmente perguntava ao paciente: “O sr. é alérgico?” Em geral,
obtendo resposta negativa. No dia do exame o paciente passava mal ao realizá-lo,
obrigando o médico a interromper os procedimentos. O fato de ele ser alérgico
demandava a presença de um anestesista e o auxílio, em alguns casos, de um aparelho
respirador.
(e) A interação recepcionista-paciente determina pontos chave no sucesso da realização do
exame no que diz respeito à marcação do dia para a realização do exame; à transmissão
do preparo ao paciente e a caracterização de “não-alérgico” do paciente.
(f) a atividade de registrar exames exige um nível de cooperação não previsto pela
organização formal entre a recepcionista, técnicos e funcionários do fluxo: a “tradução”.
(g) A legibilidade dos escritos parece ser a condição básica de funcionamento desse
instrumento de trabalho, o que, no entanto, não é garantida pela escrita médica.
Esta intervenção passou por uma etapa de recontratação da ação ergonômica. Com
a mudança da Direção e das chefias de setores como resultado da eleição ocorrida em
dezembro de 1997 no HU, houve mudança também nas políticas de gestão acarretando uma
transformação nas estratégias de intervenção.
Reiniciamos uma escuta das pessoas que planejam, gerenciam e exercem diferentes
atividades localizadas em diferentes setores do cenário que pretendemos focalizar, para que
elas apontem brechas por onde a entrada dos pesquisadores seja benvinda no sentido de
poder estar contribuindo para uma mudança e uma melhoria desejada. Estamos também
reiniciando a construção das relações interpessoais com os grupos de trabalhadores da
Radiologia a partir da apresentação de relatório sobre o que realizamos até agora.
Apresentamos todo o trabalho do grupo de pesquisadores na I Jornada de Ergonomia
Hospitalar realizada no dia 7 de maio de 1998 no HU. Nessa ocasião, formalizamos a
segunda etapa desta ação ergonômica através do estabelecimento de novos termos da
contratação. A demanda com relação aos exames realizados no setor de Radiodiagnóstico
continua mantida pela atual direção.
A etapa seguinte, portanto, consistirá em suprir o pré-diagnóstico com fatos e análises ainda
mais detalhadas do setor de Raio-X.
Bibliografia