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Observatório de Políticas de
Segurança Alimentar e Nutrição (OPSAN)
Índice
Aula 1: Introdução
Aula 2: Tipos de instrumento de exigibilidade em âmbito nacional
Aula 3: Cobrança de direitos em âmbito internacional
Aula 4: Fortalecimento d exigibilidade
Aula 5: Resumo
Mudanças por parte da população também devem ser buscadas, em especial quanto
ao seu entendimento sobre a função do Estado, dos governos e de seus servidores, bem
como das suas responsabilidades para a realização dos direitos humanos.
Sob a ótica dos direitos humanos, os fins não justificam os meios e os processos são
tão importantes quanto os resultados. Isto é, as ações públicas que visam a realização dos
direitos humanos devem ser coerentes com os seus princípios, devem reforçar, e jamais
ofender, portanto, o princípio da participação social, da igualdade, da informação, do
apoderamento, da não discriminação, e, sobretudo, da dignidade humana.
Além disso, a realização efetiva dos direitos humanos inclui o direito dos
titulares de exigir o cumprimento dos mesmos.
De acordo com os Princípios de Paris as instituições de direitos humanos devem ter atribuição, entre
outras coisas, para:
a) apresentar ao Governo, Parlamento, ou outro órgão competente, em caráter consultivo,
opiniões, recomendações, propostas para promoção dos direitos humanos;
b) promover e assegurar a harmonização entre preceitos nacionais e internacionais, e sua
efetiva implementação;
Os direitos de uso deste material pertencem à ABRANDH. É permitida sua reprodução
integral ou parcial, desde que citada a fonte; preservado o conteúdo e não tenha fins
lucrativos. 4
Entre os instrumentos atualmente disponíveis no Brasil, com maior ou menor
autonomia e independência, podemos listar o Ministério Público, a Defensoria Pública, os
Conselhos de Direitos Humanos e os Conselhos de Políticas Públicas.
2
Para maiores informações sobre a Plataforma DHESCA e sobre o Projeto Relatores visite o site:
http://www.dhescbrasil.org.br
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lucrativos. 5
Sobre os princípios e base legal da exigibilidade, veja também a Declaração de
Quito sobre a exigibilidade e a realização dos DESC3.
Introdução
No nível nacional, os direitos podem ser exigidos de forma mais eficaz quando
estão previstos na legislação nacional. Além disso, é fundamental que o Estado adote
medidas que reforcem a exigibilidade do DHAA e demais direitos humanos, como
mostraremos neste módulo.
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Declaração de Quito sobre a exigibilidade e a realização dos DESC:
http://www.abrandh.org.br/downloads/quitodesc.pdf
Administrativos
Políticos
Quase judiciais
Judiciais
Exigibilidade administrativa:
Junto ao Poder Legislativo e aos seus membros é possível exigir que sejam
elaboradas as leis necessárias para a realização dos direitos humanos e que deixem de criar
leis que possam ser obstáculos para a realização dos mesmos. Também compete, por força
constitucional ao Poder Legislativo, o acompanhamento de programas e ações executados
pelo Poder Executivo, bem como a sua fiscalização orçamentária.
Portanto, sempre que necessário, é possível exigir que o Legislativo faça uso desta
competência para averiguar possíveis irregularidades ou violação de direitos por parte da
Administração Pública Federal para preveni-los, corrigi-los ou repará-los. A Constituição
Federal prevê os casos em que o Poder Legislativo Federal pode realizar esse controle e as
constituições estaduais também podem prever alguns casos para o Poder Legislativo
estadual, desde que não ultrapassem as hipóteses que estão estabelecidas na Constituição
Federal.
Vale destacar que nos três níveis de poder e nas diversas esferas de administração
pública, geralmente existem ouvidorias ou corregedorias para que sejam feitas
denúncias contra os agentes da própria instituição. É fundamental fazer uso desses
mecanismos e exigir uma atuação eficaz das mesmas para a garantia dos direitos
humanos.
Exigibilidade Judicial:
A Ação baseou-se nos dados fornecidos pelo diagnóstico realizado pela Ação Brasileira
pela Nutrição e Direitos Humanos - ABRANDH, que aplicou questionários na
comunidade Sururu de Capote com objetivo de estudar a situação de insegurança
alimentar da referida comunidade. Os dados nutricionais apresentados apontaram que não
há políticas públicas de alimentação, saúde, educação, trabalho e lazer que atendam às
crianças e adolescentes da comunidade, notadamente diante de seus problemas mais
severos: desnutrição, exploração sexual, verminose e dependência química.
Caso o Poder Judiciário julgue procedente a Ação Civil Pública, deverá também o
Município de Maceió formar uma comissão multidisciplinar de profissionais para realizar
um perfil sócio-econômico das crianças e adolescentes da comunidade da Orla Lagunar;
garantir condições adequadas para o funcionamento do Conselho Tutelar da Região;
apresentar um cronograma de curto prazo de ampliação da rede de proteção à criança e ao
adolescente, com a abertura de abrigos para crianças e adolescentes em situação de risco;
garantir creche em horário integral e educação infantil, em quantidade suficiente a atender
à população de 0 a 6 anos da referida comunidade bem como assegurar as matrículas de
todas as crianças e adolescentes em idade escolar no ensino fundamental.
Nos casos em que não haja reparação em nível nacional, ou que a mesma demore a
ser prestada, um indivíduo pode recorrer a um mecanismo internacional de exigibilidade de
direitos humanos.
Os Relatórios dos Estados Partes são analisados pelo Comitê na presença desses
Estados. O Comitê faz as suas considerações aos relatórios dos Estados Parte emitindo
“observações finais”, que constituem a decisão do Comitê sobre a implementação do
PIDESC em um determinado Estado Parte.
Embora o Direito Humano à Alimentação Adequada não seja garantido como tal
pela Carta Africana, a Comissão o considerou irreversivelmente ligado à dignidade dos
seres humanos e, portanto, essencial para a fruição de outros direitos tais como o direito à
vida, o direito à saúde, à educação e ao trabalho.
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lucrativos. 12
Comissão Interamericana de Direitos Humanos
A Comissão observou que o dano ambiental causado pela extração de madeira havia
debilitado as fontes de alimentos dos Maya e ameaçava contaminar solos e águas,
enfatizando que o desenvolvimento de atividades deveria ser acompanhado de medidas
apropriadas e eficazes para assegurar que essas atividades não fossem praticadas sem o
devido respeito aos direitos fundamentais das pessoas que pudessem ser negativamente
afetadas inclusive comunidades indígenas e o meio ambiente do qual essas pessoas
dependem para o seu bem estar físico, cultural e espiritual.
A Comissão considerou, ainda, que o fato de o Estado não haver consultado o povo
Maya em relação às concessões em questão no Distrito de Toledo e os efeitos ambientais
negativos decorrentes dessas concessões, constituem violações de vários outros direitos no
âmbito da lei internacional de direitos humanos, inclusive o direito à vida e o direito à
preservação da saúde e do bem estar garantidos pela Declaração Americana dos Direitos e
Deveres do Homem.
Como os Estados são os maiores responsáveis pela realização dos direitos humanos,
acabam por ser também os maiores violadores desses direitos. Portanto, grande ênfase e
investimentos concretos devem ser aplicados para a responsabilização - administrativa,
civil e penal - dos agentes públicos, cujas ações têm um impacto nos direitos das pessoas.
Arranjos e instrumentos legais e administrativos que visem a assegurar a responsabilização
de autoridades competentes devem ser implementadas pelos Estados.
Vale destacar também que o resultado desse trabalho foi incorporado nas
recomendações ao PNAE elaboradas pela Comissão Permanente de Direito Humano à
Alimentação Adequada do CONSEA, quando da análise do PNAE sob a perspectiva do
DHAA. O trabalho realizado pela Comissão Permanente de DHAA do CONSEA será
explicado no módulo 4, bem como o trabalho das demais instituições e instrumentos de
defesa e exigibilidade dos direitos humanos.
AULA 5: RESUMO
Nos casos em que não haja reparação em nível nacional, ou que a mesma demore a
ser prestada, um indivíduo pode recorrer a um mecanismo internacional de exigibilidade de
direitos humanos.