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RESUMO
INTRODUÇÃO
Este artigo visa apresentar alguns resultados da pesquisa que vimos realizando1,
1
Este trabalho resulta de pesquisa de iniciação científica intitulada “Finanças e Informação na cidade
de São Paulo: um estudo da BM&FBovespa”, realizada no IG/UNICAMP sob financiamento da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e orientação da Profª. Drª.
Adriana Maria Bernardes da Silva.
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Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. 978-85-99907-02-3
Anais XVI Encontro Nacional dos Geógrafos
Crise, práxis e autonomia: espaços de resistência e de esperanças
- Espaço de Socialização de Coletivos -
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Crise, práxis e autonomia: espaços de resistência e de esperanças
- Espaço de Socialização de Coletivos -
Concordamos com Lojkine (2002, p. 115), quando afirma que não se pode
separar a transformação da natureza material do grande desenvolvimento das funções
informacionais. Também para este autor é necessário vincular (e não isolar) em nossas
análises informação, poder e relações de produção (LOJKINE, 2002, p. 120).
A partir dessa importância crescente da informação, consideramos a existência
de um novo setor da economia, o quaternário, que agruparia as atividades
informacionais, conforme proposição de Porat2. Tomelin - que destaca o papel da
ciência nesse quaternário - as atividades deste setor seriam caracterizadas “pela ação de
conceber, criar, interpretar, organizar, dirigir, controlar e transmitir” (TOMELIN, 1988,
p. 71).
Essa reorganização produtiva corresponde geograficamente a uma nova divisão
territorial do trabalho, onde alguns espaços “comandam” outros por meio dessas redes
de informação. Conforme afirma Santos (2009 [1994], p. 38) o papel de direção da
cidade de São Paulo na dinâmica espacial brasileira se dá hoje em função de suas
atividades quaternárias de criação e controle, pois “agora são os fluxos de informação
que hierarquizam o espaço urbano”.
Para Dantas (2003, p. 20) graças às redes telemáticas desaparece a necessidade
de a organização capitalista concentrar recursos no menor espaço possível. A
liberalização dos fluxos de informação está, segundo Mattelart (1994, p. 218), “na
própria base do novo modo de organização da empresa-rede”.
E que informação é essa? Em primeiro lugar, seria possível diferenciarmos a
informação banal, do cotidiano de todos, da informação produtiva ou estratégica
(SILVEIRA, 1997; SILVA, 2001; 2009). A partir daí, conforme proposição de Silva
(2001, p. 110-112), poderíamos avançar para uma tipologia que considere dentre as
informações estratégicas quatro subgrupos: (1) a informação sobre negócios, produzida
pelas empresas de consultoria e marketing; (2) informação enquanto imagem, produzida
pelo circuito da publicidade; (3) a informação tecnológica e (4) a informação financeira,
objeto de nosso estudo.
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Este autor agrupou as atividades informacionais contidas nos três setores clássicos da economia –
primário, secundário e terciário - em um outro setor (quaternário) baseado na informação. Conferir
Porat (1977).
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Santos (2006 [1996], p. 202) afirma que o que mais circula nas redes
informacionais globais são informações pragmáticas, manipuladas por poucos agentes
em benefício próprio. O autor acrescenta que o mercado de informação (tanto a
especializada quanto a geral) é concentrado e controlado. Ianni (2001, p. 71) destaca
que as novas tecnologias estão organizadas em empresas, corporações ou
conglomerados, na forma de empreendimentos capitalistas articulados com grupos,
classes ou blocos de poder predominantes em escala nacional ou mundial.
Nossa análise se dá a partir das informações financeiras, que são hoje base para
o funcionamento do mercado de capitais. Há uma intensa circulação dessas
informações, atualizadas em tempo real, que embasam o trabalho dos operadores
(“traders”) nesse mercado. Eles coletam essas informações e as analisam para a tomada
de decisões de compra e venda de títulos.
Segundo Dias (2005, p. 62), o alargamento da esfera monetária da circulação e a
organização das redes financeiras se associam diretamente ao acelerado
desenvolvimento das redes eletrônicas de telecomunicação, em função da importância
da circulação de informações para o circuito financeiro. Para esta autora, o valor da
informação financeira reside, também, na extraordinária poupança de tempo que as
tecnologias de comunicação proporcionam.
Walton (apud Warf, 1989, p. 262), afirma que a globalização das finanças é
vantajosa para se vender informações financeiras. Dentre as agências globais de
informações financeiras, algumas delas lembradas por Warf (1989, p. 263), destacamos
a Reuters, a Bloomberg, a Globex e a Dow Jones' Telerate. Outras empresas, como SIX
Telekurs, Interactive Data, Thomsom Reuters, CQG Inc., Infobolsa, SDS Financial
Technology e Aspen Graphics também merecem ser citadas entre importantes
produtoras e comercializadoras de informação financeira.
Buscamos construir uma tipologia que dê suporte ao entendimento da
informação financeira no mercado de capitais considerando os principais tipos de
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A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão governamental normativo do sistema financeiro,
responsável pela regulação e fiscalização do mercado de capitais (FORTUNA, 2008, p. 22).
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Para uma referência, a taxa anual do serviço para empresas, em junho de 2009, era de R$12.000,00
para acesso direto pela BM&FBovespa, ou R$7.000,00 através de intermediários autorizados.
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acadêmico e outras fontes mais gerais como livros e periódicos. Três atividades de
classificação se destacam: as perspectivas, que são avaliações sobre a provável direção
de um rating no médio prazo (18 meses) podendo ser positivas, negativas, estáveis ou
“em desenvolvimento”; a revisão, quando um crédito é colocado em observação para
elevação ou rebaixamento da nota; e a confirmação, que é a manutenção do rating após
a revisão formal do comitê da agência (MOODY'S apud FILGUEIRAS, 2008).
Conforme nota Arroyo (2006, p. 187), “com a emergência das finanças como
variável-chave do período histórico atual, os países passam a ser classificados segundo a
capacidade de pagar suas dívidas”. Com base nas informações das agências de rating,
os investidores decidem como aplicar o dinheiro e quanto cobrar de juros sobre os
empréstimos concedidos.
Uma das principais classificações das agências5 nesse contexto é o risco
soberano que é “o risco de crédito associado a operações de crédito concedido a Estados
soberanos” (CANUTO & SANTOS, 2003, p. 8). Também merece destaque, segundo
estes autores (2003, p. 16) o risco país, que embarca, além do risco ligado ao governo
central, também aquele relacionado aos demais credores residentes no país, referindo-se
especialmente com fatores que podem estar sob controle do governo.
Entre os principais fatores e variáveis considerados na avaliação do risco
soberano, de acordo com Canuto & Santos (2003, p. 24), são: (1) risco político, civil e
institucional, sendo avaliada essencialmente a estabilidade e legitimidade das
instituições públicas; (2) setor real e estrutura econômica, avaliando-se o crescimento
econômico e a orientação à economia de mercado; (3) setor fiscal, verificando a
condução da política fiscal do governo; (4) setor monetário e financeiro, onde avalia-se
a “coerência e sustentabilidade” das políticas monetárias e cambiais; e (5) o setor
externo, avaliando o impacto das políticas monetárias sobre as contas externas.
Devido à adoção de políticas alinhadas com estes critérios no Brasil, as agências
Standard & Poor's e Fitch deram ao Brasil em 2008 a classificação chamada “grau de
investimento” (investment grade) que incentiva o investimento no país6. A classificação
5
Embora, como destacam Canuto & Santos (2003, p. 9), essa não seja a atividade econômica central
das agências privadas de rating.
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A esse respeito, sugerimos o acesso às seguintes notícias: “Agência de risco dá categoria de grau de
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Referências bibliográficas
DIAS, Leila. Por que os bancos são o melhor negócio do país? Hegemonia financeira e
geografia das redes bancárias. In: ALBUQUERQUE, Edu Silvestre de (org.). Que
país é esse? Pensando o Brasil Contemporâneo. São Paulo: Globo, 2005.
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SANTOS, Milton. Por uma economia política da cidade: o caso de São Paulo. São
Paulo: Edusp, 2009 [1994].
TOMELIN, Mário. O quaternário: seu espaço e poder. Brasília, Editora UNB: 1988.
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