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Escola Superior Agrária de Coimbra

Licenciatura em Agricultura Biológica


Ano Lectivo 10/11

Trabalho de Climatologia

Caracterização Climática
Ponta Delgada, São Miguel -
Açores

Trabalho elaborado por:

Í
Klaus Gomes 20100464

n
d i
c
e

INTRODUÇÃO pág.2

O CLIMA DOS AÇORES – CARACTERIZAÇÃO


pág.4
ESCOLHA DA ESTAÇÃO pág.5

ELEMENTOS CLIMÁTICOS pág.7

✔ Temperatura do ar pág.8

✔ Precipitação pág.11

✔ Humidade Relativa do ar pág.19

✔ Vento pág.26

✔ Insolação pág.29

✔ Radiação Solar Terrestre pág.31

BALANÇO HÍDRICO
pág.35

CONCLUSÃO
pág.45

Introdução

A palavra Clima provém de um vocábulo grego que designava


uma zona da Terra limitada por duas latitudes e era associada à
inclinação dos raios solares e, por extensão, às características
meteorológicas predominantes.
O Clima pode ser entendido como um conjunto de factores
meteorológicos característicos de uma dada região e na atmosfera de
um Planeta.
A descrição climática de uma região tem por base dados
estatísticos dos diferentes elementos meteorológicos (ex:
precipitação, temperatura, vento), registados num determinado
período de tempo, que tanto pode ser de meses como de milhões de
anos.
Frequentemente ocorre confusão conceptual entre clima e
tempo, duas grandezas que se distinguem, designadamente, pelo
espaço temporal de referência. Numa simplificação de abordagem
poderá dizer-se que o estado de tempo refere-se ao conjunto das
condições meteorológicas num dado local, designadamente a
temperatura, a humidade do ar, a precipitação, a nebulosidade, o
vento e à sua evolução no dia-a-dia. Por outro lado, o Clima poderá
traduzir-se pelo conjunto de todos os estados que a atmosfera pode
ter num determinado local, durante um tempo longo, mas definido.
Este intervalo de tempo durante o qual podemos dizer que existe um
determinado tipo de clima é escolhido como “suficientemente longo”,
em geral 30 anos. O clima de um dado local depende do intervalo de
tempo utilizado e não é o mesmo para um ano, um decénio, ou um
século. Na descrição quantitativa do clima é necessário indicar o
período (intervalo de tempo) a que correspondem os valores
numéricos apresentados. Com efeito, o clima varia com o tempo e por
isso não devem comparar-se climas utilizando valores que
correspondam a intervalos de tempo com números diferentes de
anos, ou que correspondam ao mesmo número de anos, mas em
épocas diferentes.

Sendo assim, e no âmbito deste trabalho, temos por objectivo a


caracterização dos Elementos Climáticos, acima referidos, do local em
estudo – Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel, Açores – com base nas
classificações climáticas de Thornthwaite.
Thornthwaite.
O Clima dos Açores – Caracterização

O Clima dos Açores depende da posição do arquipélago no


contexto da circulação atmosférica e oceânica do Atlântico Norte. A
Região situa-se na zona de transição entre as massas de ar quentes e
húmidas com origem sub-tropical e as massas de ar com
características mais frescas e secas de proveniência sub-polar. A
latitude das ilhas é demasiado elevada para permitir a acção
directa da circulação tropical, mas não o suficiente para receber as
influências imediatas das correntes polares.

As condições climáticas dominantes resultam, dos gradientes


de pressão que condicionam esta faixa oceânica, ou seja, das
perturbações das baixas sub-polares e da evolução da cintura de
altas pressões sub-tropicais. Das células anticiclónicas salienta-se o
Anticiclo
ticiclone dos Açores:
Açores a sua posição, intensidade, orientação e
desenvolvimento, condicionam a variação sazonal do clima
insular.

Em síntese, pela classificação de K oppe n , o clima dos Açores


é do tipo mesotérmico húmid
húmido1 com características oceânicas. Em
comparação com outras regiões situadas às mesmas latitudes, as
temperaturas são mais amenas, com amplitudes térmicas
atenuadas, grande pluviosidade e elevados teores de humidade,
ventos persistentes e reduzida insolação.

Figura 1 – S. Miguel, Açores

1 O Clima mesotérmico húmido (tipo de clima C – Temperados) não tem


estação seca e depende da Massa Polar Atlântica (inverno e outono) e da Massa
Tropical Atlântica (verão e primavera) para as mudanças de estação e temperatura.

Fonte: Secção de Geografia, 2005 Figura 1. Loc


Localizaçã
ização do ar
arqui
quipél
pélago dos
Açores
Fonte: Secção de Geografia, 2005 Figura 2 - Loc
Localizaçã
ização do ar
arqui
quipél
pélago dos
Açores

Escolha da Estação

A realização deste trabalho, tem como objectivo caracterizar o


Clima dos Açores (Ponta Delgada – Ilha de S. Miguel).
Miguel) Como tal,
utilizámos os valores de três estações meteorológicas, em que duas
são climatológicas e uma udométrica (precipitação).
As duas estações climatológicas são de Ponta Delgada e
Fontinhas. Esta última localiza-se a uma altitude mais elevada que a
de Ponta Delgada daí também utilizarmos os valores desta, uma vez
que Ponta Delgada é uma zona de baixa altitude. Sete Cidades foi a
estação udométrica escolhida para utilizar os valores de precipitação
visto que, Ponta Delgada não possui nenhuma.

Ponta Delgada localiza-se a 37º45´ N de Latitude e a 25º38´ W


de Longitude, e encontra-se a uma altitude de 45 metros. Possui uma
estação climatológica a 37º45´N de latitude, a 25º40´W de longitude
e a uma altitude de 36 metros.

Fontinhas localiza-se a 36º57´N de latitude e a 25º05´W de


longitude, a uma altitude de 430 metros. Possui uma estação
udométrica a 36º57´N de latitude e a 25º05´W, a uma altitude de 430
metros.
Sete Cidades
Cidades localiza-se a 37º52´N de latitude e a 25º46´W de
longitude. Possui uma estação udométrica que se encontra a 37º51´N
de latitude e a 25º48´W de longitude, a uma altitude de 270 metros.

Iremos ter em conta os vários elementos climáticos:


temperatura do ar; precipitação; humidade relativa do ar; vento;
insolação e radiação solar terrestre. Posteriormente, iremos referir
também o balanço hídrico do solo.
Elementos Climáticos

A medição dos elementos climáticos é efectuada nas estações


meteorológicas.
Estas estações contêm um conjunto de instrumentos que permite a
medição e registo da temperatura, humidade relativa do ar,
evaporação, precipitação, vento e da insolação ao longo do tempo.
As estações meteorológicas devem ser instaladas em locais
planos, isolados, onde não haja proximidade de árvores, ou edifícios
que possam interferir nas medições de vento e insolação. O solo das
estações deve ser coberto por relva, para que seja recriado o albedo
médio da superfície (cerca de 20%).
As condições de abrigo reservam-se à medição da temperatura,
humidade relativa do ar e da evaporação

✔ Temperatura do Ar
A Temperatura de um corpo é a condição que
determina a sua capacidade de transferir calor para outros corpos ou
de o receber deles. Num sistema de dois corpos, diz-se que aquele
que perde calor em favor do outro está a uma temperatura superior.
Um termómetro é um instrumento utilizado para determinar a
temperatura.

Em Ponta Delgada,
Delgada a temperatura média anual máxima, varia
entre os 18ºC e os 25ºC, enquanto a temperatura média anual
Tmens Média Media Tmáx Tmin
al Tmáx Tmin Abs Abs

Jan 15,4 18 12,8 26,9 8,4

Fev 15,2 18 12,4 27,3 6,5

Mar 15,8 18,9 12,8 30,5 8,8

Abr 16,1 19,1 13,1 25,5 8,6

Mai 17,5 20,7 14,3 30 11,1

Jun 19,2 22,3 16 27,4 12,3

Jul 20,3 23,1 17,5 30,1 13,6

Ago 21,5 24,7 18,3 30,8 15,5

Set 21,3 24,6 18 33,5 15

Out 20 23 16,9 33,4 12

Nov 17,6 20,2 14,9 28,2 11

Dez 15,9 18 13,8 27,6 9,1

mínima oscila entre os 12ºC e os 18ºC.


Tabela 1 – Temperatura do ar em Ponta
Delgada

Com base na análise do gráfico 1, podemos concluir que, a


temperatura em Ponta Delgada varia regularmente ao longo do ano,
não se observando diferenças muito significativas. É de salientar que
nos meses de Verão, nomeadamente, Julho, Agosto e Setembro, a
temperatura média máxima é superior à dos restantes, oscilando
entre os 23ºC e os 25ºC. No entanto, no mês de Setembro, a
temperatura máxima absoluta chega a atingir os 33,5ºC .
Por outro lado, nos meses de Inverno, nomeadamente, Janeiro,
Fevereiro e Março, a temperatura média mínima é inferior à dos
restantes, oscilando entre os 12ºc e os 13ºC. Em Fevereiro a
temperatura Gráfico 1 - Temperatura do ar em Ponta mínima
absoluta atinge os
6,5ºC.

Comparativamente a Ponta Delgada, em Fontinhas (Santa


Maria),
Maria) a temperatura média anual máxima, varia entre os 13ºC e os
20ºC, enquanto a temperatura média anual mínima oscila entre os
9ºC e os 17ºC.
Tmensa Média Média Tmax Tmin
l Tmax Tmin abs abs

Jan 11,8 13,6 10 17,1 3,5

Fev 11 12,9 9,1 16,5 4

Mar 11,5 13,4 9,6 17 3,7

Abr 12,4 14,6 10,3 20,5 6

Mai 13,4 15,5 11,3 20 6,8

Jun 15,4 17,7 13,2 21,5 7,8

Jul 17,6 19,9 15,3 24,7 11,3

Ago 18,7 20,9 16,5 25,3 13,4

Set 18 20,1 16 25,4 10,5

Out 16,2 18 14,3 25,5 9,5

Nov 13,6 15,5 11,8 21,5 6,2

Dez 12,5 14,3 10,7 18,9 4,5

Gráfico 2 - Temperatura do ar em Fontinhas (Santa Maria)

A
Tabela 2 - Temperatura do ar em Fontinhas (Santa
temperatura Maria) média
anual de Fontinhas é de aproximadamente 14,3ºC. Observando o
gráfico 2, podemos concluir que a temperatura em Fontinhas não
varia muito ao longo do ano. Verifica-se uma subida, nos meses de
Verão, especialmente em Agosto e Setembro, onde a temperatura
média máxima oscila entre os 20ºC e os 21ºC. A temperatura máxima
absoluta atinge os 25,5ºC em Outubro.
Por outro lado, nos meses de Inverno, não se verificam
variações muito significativas, a temperatura média mínima ronda os
13ºC e os 15ºC, não oscilando muito. A temperatura mínima absoluta
em Janeiro atinge, apenas, os 3,5ºC.

✔ Precipitação

O termo precipitação refere-se à queda de partículas, que


atingem o solo. Quando a precipitação atinge o solo, pode ser medida
em função de uma certa altura de água. Esta medição é definida
como precipitação, independentemente da sua forma ao atingir o
Globo.
Existem dois tipos de precipitação: Precipitação Oculta
Oculta e
Precipitação Visível.
isível

• Precipitação Oculta – Sob a forma de nevoeiro, orvalho e


geada.

• Precipitação Visível - Ocorre sob a forma de chuva,


granizo, saraiva ou neve.

A intensidade da precipitação é avaliada pela quantidade de


precipitação que se acumularia sobre uma superfície horizontal, se
fosse impedida de escoar. É também a quantidade de precipitação
recolhida num udómetro.
udómetro Pode ser descrita como sendo fraca,
moderada ou forte.

Pmáx(diár
ia)

Jan 61

Fev 65,4

Mar 59

Abr 62

Mai 63,5

Jun 27,1

Jul 37,1

Ago 28,9

Set 93

Out 127

Nov
Tabela 3 – Precipitação146,6
máxima de Ponta
Delgada
Dez 97
Gráfico 3 - Precipitação
máxima diária em Ponta
Delgada

Apesar do clima desta região ser bastante húmido, e chover


quase todos os dias, no gráfico 3, verifica-se que os meses com
valores de precipitação diária mais elevados são os meses de Inverno,
como por exemplo Outubro. O valor mais elevado de precipitação é
de 146,6 mm, correspondente à máxima diária do mês de Novembro.
O mês com valor de precipitação diária mais baixo é o de Junho, com
um valor de 27,1 mm.
Ptotal

Jan 141,4

Fev 114,4

Mar 119,5

Abr 65,8

Mai 61,1

Jun 36,6

Jul 29,5

Ago 27,2

Set 74

Out 116,8
Tabela 4 – Precipitação Total de Ponta
Delgada Nov 130,8
Gráfico 4 - Precipitação
Total em Ponta Delgada Dez 108,9

Como se pode
verificar no gráfico 4, de uma forma regular, a precipitação é mais
elevada nos meses de Inverno e menor nos meses de Verão. O valor
mais elevado de
Pmax(diár
precipitação é 141,4
ia)
mm, correspondente à
Jan 102,5
média mensal do mês
Fev 59,2
de Janeiro, que se
Mar 50,5
revela como o mês mais
chuvoso. O mês de Abr 97,1

menor precipitação é o Mai 50,2

de Agosto, com um Jun 25,4

valor de 27,2 mm Jul 40,3


mensais. Ago 98,5

Set 94,9

Out 75,9
De seguida,
passamos para a Nov 71,9

estação de Fontinhas.
Fontinhas Dez 83,7

Esta estação foi usada


para efeitos de registo dos valores da precipitação dos pontos mais
altos de Ponta Delgada. Nesta estação, ocorre uma ligeira diferença
de precipitação, apesar das ilhas se situarem bastante perto
geograficamente.

Gráfico 5 - Precipitação máxima diária em Fontinhas

No
Tabela 5 – Precipitação máxima diária em Fontinhas
gráfico (Santa Maria) 5,
verifica-se que a precipitação é constante ao longo do ano, tendo,
apenas umas pequenas descidas nos meses de Verão. O dia mais
chuvoso foi no mês de Janeiro (102,5 mm). O mês em que a máxima
diária de precipitação foi menor foi no de Junho, com um valor de
25,4 mm.
Ptotal

Jan 192,2

Fev 162,3

Mar 139,6

Abr 74

Mai 56,2

Jun 44,4

Jul 46

Ago 75,6

Gráfico 6 - Set 77,6 Precipitação


Tabela 6 – Precipitação Total em Fontinhas (Santa
Total de Out Maria)
174,6 Fontinhas

Como se pode Nov 163,2

verificar no gráfico 6, de Dez 187,7


uma forma regular, a
precipitação é mais elevada nos meses de Inverno e menor nos
meses de Verão. O valor
Pmáx(diár
mais elevado de
ia)
precipitação é 192,2
Jan 161,8
mm, correspondente à
Fev 197,3
média mensal do mês
Mar 85,3
de Janeiro, que se
Abr 67,3
revela como o mês mais
chuvoso. O mês de Mai 88,5

menor precipitação é o Jun 41,8

de Junho, com um valor Jul 78,9

de 44,4 mm. Ago 52,3

Set 96,4

Out 116,3
A Tabela e
Nov 148,7
Gráficos seguintes,
dizem respeito á Dez 84,3

estação Udométrica de
Sete Cidades (S. Miguel). Esta estação foi utilizada, para caracterizar
o nível de precipitação em Ponta Delgada. Como Ponta Delgada não
possui nenhuma estação udométrica, tivemos de recorrer à estação
de Sete Cidades, por ser a única estação udométrica na ilha.

Gráfico 7 - Tabela 7 – Precipitação máxima diária de Sete Cidades


(S. Miguel)
Precipitação máxima diária

No gráfico 7, a variação de precipitação mantém-se igual ao


longo dos dias, apresentando algumas diferenças consoante as
estações do ano.
O valor mais alto de precipitação diária, verifica-se no mês de
Fevereiro com 197,3mm,
Ptotal
e o valor mais baixo,
Jan 267,9
verifica-se no mês de
Fev 216,5
Junho com 41,8mm.
Mar 194,6

Abr 109,6

Mai 110,3

Jun 72

Jul 72,1

Ago 68,1

Set 129,7

Out 205,8

Nov 241,6

Dez 193,9

Tabela 8 – Precipitação Total de Sete Cidades


(S. Miguel)
Gráfico 8 - Precipitação Total em Sete Cidades

O gráfico 8, mostra uma variação de precipitação constante ao


longo do ano, sem grandes mudanças a registar. Os meses de Verão
são aqueles em que chove menos, e os de Inverno, aqueles em que
chove mais.
O valor de precipitação mais alto, verifica-se em Janeiro e ronda
os 267,9mm, e o valor mais baixo de precipitação verifica-se em
Junho, apenas com 72mm.

De seguida, apresentamos o gráfico Termopluviométrico de


Ponta Delgada, onde relaciona os valores entre Temperatura e
Precipitação anuais.

Tmens Ptotal
al

Jan 15,4 141,4

Fev 15,2 114,4

Mar 15,8 119,5

Abr 16,1 65,8

Mai 17,5 61,1

Jun 19,2 36,6

Jul 20,3 29,5

Ago 21,5 27,2

Set 21,3 74

Out 20 116,8

Nov 17,6 130,8

Dez 15,9 108,9

Tabela 9 – Tabela Termopluviométrica de Ponta


Delgada

Gráfico 9 - Termopluviométrico de Ponta Delgada


Com base na análise do gráfico Termopluviométrico de Ponta
Delgada, podemos concluir que há 9 meses húmidos e 3 meses
secos, ou seja, há 9 meses em que as barras do gráfico (referentes à
precipitação) se encontram acima da linha da temperatura; e há 3
meses em que acontece o oposto. Tal acontece porque quando está
mais frio, o ar húmido arrefece formando nuvens que originam
precipitação. Logo quando as temperaturas são mais baixas, a
precipitação é mais elevada.
Os valores da temperatura mantêm-se mais ou menos
constantes verificando-se, apenas, pequenas alterações nos meses de
Verão.
No entanto podemos afirmar que o clima é húmido pois a
precipitação é abundante durante todo o ano.

✔ Humidade Relativa do ar

Á medida que o ar circula, transporta grandes quantidades de


vapor de água invisível. Este vapor entra na atmosfera pelo processo
de evaporação, que ocorre quando a radiação do sol aquece as águas
dos oceanos. Se este, e outros, processos físicos terminassem, a vida
na Terra não poderia continuar como actualmente.

A humidade relativa é um processo que nos indica


convenientemente até que ponto o ar está próximo da saturação de
vapor de água, ou seja, é o quociente entre a massa de vapor de
água realmente presente na unidade de volume de ar e a massa
necessária para o saturar à mesma temperatura.
O conforto humano é afectado pelo vapor de água existente na
atmosfera. Quando o ar está seco, pode dar-se a transpiração pela
pele e o corpo refresca. Quando, pelo contrário, o ar está saturado,
não se pode realizar a HR Tmen
evaporação. As média sal

pessoas sentem-se Jan 81 15,4

então desconfortáveis Fev 80 15,2

e dizem que o dia Mar 78 15,8


está húmido. Abr 76 16,1

Mai 76 17,5

Jun 78 19,2
Nos gráficos a Jul 74 20,3
seguir, apresentamos
Ago 74 21,5
resultados da
Set 74 21,3
Humidade relativa na
Out 76 20
Ilha de S. Miguel –
Nov 78 17,6
Ponta Delgada.
Delgada
Dez 81 15,9

Gráfico 10 - Termohigrométrico de Ponta Delgada

O gráfico 10 explicita a relação da humidade relativa com a


temperatura mensal.
Em todos os meses, a humidade relativa do ar é bastante
elevada, mantendo-se constante ao longo do ano. Enquanto a
temperatura vai oscilando entre os meses, tendo um aumento
significativo Tabela 10 – Tabela Termohigrométrica de Ponta no Verão.
Delgada

O vapor de água acumula-se nos núcleos de condensação,


formando pequenas gotículas. As partículas de sal marinho e de fumo
são núcleos de condensação vulgares, porque o vapor de água
geralmente condensa-se sobre essas partículas, a humidades
relativas inferiores a 100%, isto é, antes de o ar ficar saturado.
Quando uma amostra de ar húmido é arrefecida a pressão
constante, atinge-se uma temperatura à qual o ar fica saturado. Essa
temperatura é denominada ponto de orvalho.
orvalho

De seguida, apresentamos resultados relativos ao ponto de

orvalho em Ponta Delgada.

T0

Jan 12,16

Fev 11,78

Mar 11,97

Abr 11,87
Gráfico 11 -
Temperatura do Ponto de Mai 13,23
Orvalho em Ponta Delgada
Jun 15,27

Jul 15,52
No verão, a
temperatura do ar é mais Ago 16,67

elevada, logo, o Set 16,48

Out 15,64
Tabela 11 – Tabela relativa ao Ponto de Orvalho de
Nov 13,72
Ponta Delgada
arrefecimento é mais
Dez 12,65
demorado pelo que o
ponto de orvalho é mais alto. Tal facto evidencia-se no gráfico 11.
es ea

Jan 17,42 14,11

Fev 17,20 13,76

Mar 17,87 13,94

Abr 18,22 13,85

Mai 19,91 15,13

Jun 22,15 17,28

Jul 23,72 17,55

Ago 25,53 18,89


Tabela 12 – Tabela relativa á Tensão de Vapor de Água de Ponta
Set 25,22 18,66
Delgada
Out 23,28 17,69

Nov 20,04 15,63

Dez 17,99 14,57

Gráfico 12 - Tensão de Vapor de Água em Ponta Delgada

Quando a água se evapora, as moléculas de vapor exercem


sobre a atmosfera uma certa pressão que se torna parte da pressão
atmosférica total. Quanto maior for o número de moléculas de vapor
de água presentes na atmosfera, maior será a pressão de vapor, ou
seja, maior será a tensão de vapor de água
água (ea).
(ea)
Se a pressão de vapor aumentar até um ponto tal que impeça
as moléculas de abandonarem a água, a evaporação pára. A pressão
de vapor necessária para que este fenómeno se verifique é
denominada tensão de saturação (es).
(es) Quando o ar está muito
saturado, significa que a humidade relativa é 100%, logo a tensão de
vapor de água (ea) é igual à tensão de saturação do ar (es)
(es). Esta
E
relação corresponde ao ponto de orvalho.

No gráfico 12, verifica-se que a tensão de vapor de água (ea) e


a tensão de saturação do ar (es) atingem valores superiores nos
meses de Verão, e diminuem nos meses de Inverno. Tal facto
justifica-se, pois no Verão como as temperaturas são mais elevadas
que no Inverno, há
HR Tmens
mais evaporação. média al

Jan 90 11,8

De seguida, Fev 89 11

passamos para os Mar 88 11,5

gráficos referentes á Abr 87 12,4


humidade relativa do Mai 83 13,4
ar na estação de Jun 87 15,4
Fontinhas. Jul 84 17,6

Ago 85 18,7

Set 84 18

Out 86 16,2

Nov 87 13,6

Dez 89 12,5

Tabela 13 – Tabela Termohigrométrica de


Fontinhas

Gráfico 13 - Termohigrométrico de Fontinhas


O gráfico 13 explicita
a relação da humidade relativa com a temperatura mensal.
Em todos os meses, a humidade relativa do ar é bastante
elevada, mantendo-se constante ao longo do ano, enquanto a
temperatura vai subindo gradualmente entre os meses, tendo um
aumento bastante significativo durante o Verão.
T0

Jan 9,08

Fev 8,26

Mar 8,54

Abr 9,15

Mai 9,39

Jun 11,63

Jul 12,97

Ago 14,00

Set 13,29

Out 12,14

Nov 10,15

Dez 9,53

Tabela 14 – Temperatura do Ponto de Orvalho em Fontinhas

Gráfico 14 - Temperatura do ponto de Orvalho em Fontinhas

Com base na observação do gráfico 14, podemos concluir que a


temperatura do ponto de orvalho é maior nos meses de Verão. Este
facto, tal como já foi referido, deve-se à temperatura ser mais
elevada nesses meses, logo, demorará mais a atingir o ponto de
orvalho, pois o arrefecimento demora mais tempo.

es ea

Jan 13,78 12,40

Fev 13,07 11,63

Mar 13,51 11,89

Abr 14,34 12,47

Mai 15,31 12,70


Jun 17,42 15,16

Jul 20,04 16,83

Ago 21,47 18,25

Set 20,55 17,26

Out 18,34 15,77

Nov 15,51 13,49

Dez 14,43 12,84

Tabela 15 – Tensão de Vapor de Água em Fontinhas

Gráfico 15 - Tensão de Vapor de Água em Fontinhas

No gráfico 15, verifica-se que a tensão de vapor de água (ea) e


a tensão de saturação do ar (es) atingem valores superiores nos
meses de Verão, e diminuem nos meses de Inverno. Tal facto
justifica-se, pois no Verão as temperaturas são mais elevadas que no
Inverno, logo há mais evaporação.

✔ Vento

O vento é o ar atmosférico em movimento natural. Este


desloca-se das zonas de alta pressão para zonas de baixa pressão. O
vento desempenha um papel muito importante na vida e no
ambiente, pois permite a renovação do ar, repondo os níveis
adequados de oxigénio e restabelecendo o défice higrométrico de
forma a permitir a ocorrência de evaporação. O vento é influenciado
por 2 factores: gradientes de pressão e pelo efeito de Corriolis. Este
último afecta a direcção e diz respeito à rotação da Terra.
O movimento do ar raramente é regular. Normalmente há
turbulência, com remoinhos de diversas formas e dimensões a
gerarem-se no interior da massa de ar e a interferirem com a sua
progressão directa. O efeito da turbulência junto à superfície e a
produção de alterações rápidas e irregulares, tanto na velocidade
como na direcção do vento. Estas flutuações ocorrem
independentemente umas das outras, a intervalos curtos, e
constituem a turbulência do vento.

O instrumento utilizado na medição da velocidade do vento à


superfície é denominado anemómetro e este deve ser colocado o
mais alto possível.

Existem dois tipos principais de anemómetros:

• Anemómetros de rotação;

• Anemómetros de pressão.
pressão.

No gráfico abaixo, apresentaremos os dados referentes à

N NE E SE S SW W NW C Total

Jan 11,6 9,6 4,2 11,2 11,2 17,8 14 10,8 9,6 100

estação meteorológica de Ponta Delgada.


Delgada

N NE E SE S SW W NW C Total

Jul 20,9 23 3,8 8,2 6,9 8,5 8,9 3,8 16 100

Gráfico 16 - Tabela 16 – Vento em Ponta Delgada Vento em


Ponta Delgada

O Este domina os ventos no Inverno e o Oeste domina os ventos

no Verão. O vento vem dos anticiclones, estes posicionam-se sempre

em zonas frias, onde a superfície aquece gerando baixas pressões –

Ciclones.
Ciclones Quando pelo contrário a superfície arrefece geram-se altas

pressões – Anticiclones.
nticiclones
No Verão os oceanos arrefecem mais do que a terra, logo, os
ventos que dominam são aqueles vindos do lado Oeste.
Oeste O anticiclone
dos Açores domina o clima de Portugal Continental no Verão. O
gráfico 16 corresponde ao vento em Ponta Delgada.

De seguida, passamos para a estação meteorológica de

Fontinhas.
Fontinhas
N NE E SE S SW W NW C Total

Jan 10,4 10 8,5 9,2 18,5 14,5 16,2 10,5 2,2 100

N NE E SE S SW W NW C Total

Jul 17,9 30,5 8,6 4 5,4 9,8 11,6 10,1 2,2 100,1
Gráfico 17 - Vento em Fontinhas

Tabela 17 – Vento em Fontinhas


Como já foi
referido em cima, o Este domina os ventos no Inverno e o Oeste
domina os ventos no Verão. O gráfico 17 diz respeito ao vento em
Fontinhas.
Fontinhas
✔ Insolação

A insolação define-se como sendo o número de horas de sol


descoberto (sol á vista). Pode ser expressa em horas por dia, horas
por mês ou horas por ano. Esta relaciona-se com a radiação solar na
medida em que dependendo da hora de sol há maior ou menor
radiação a atingir a superfície.
Outra forma de exprimir a insolação é por insolação relativa.
relativa A
insolação relativa proporciona uma ideia acerca de nebulosidade do
período em estudo. Com efeito, se a insolação relativa for de, por
exemplo, 100% significa que o sol esteve descoberto durante todo o
dia.
A insolação relativa é condicionada pela duração dos dias, o que
por sua vez varia ao longo do ano. A duração dos dias é influenciada
pela latitude, pois há medida que nos afastamos do equador, os dias
de Inverno tornam-se mais curtos e os dias de Verão mais longos.
O aparelho utilizado para fazer a medição da insolação chama-
se heliógrafo de Campbell- Stokes.

Em seguida, apresentamos os gráficos referentes á insolação de


Ponta Delgada.
Delgada
n N n/N*10
0

Jan 84,50 307,0 27,52


0

Fev 91,50 303,0 30,20


0

Mar 122,2 370,0 33,03


0 0

Abr 140,6 398,0 35,33


0 0

Mai 168,6 441,0 38,23


0 0

Jun 166,0 444,0 37,39


0 0
Tabela 18 – Insolação em Ponta Delgada
Gráfico Jul 201,1 450,0 44,69 18 - Insolação em

Ponta Delgada 0 0

O valor de Ago 209,4 422,0 49,62


0 0
N corresponde à
insolação Set 177,5 374,0 47,46
0 0
máxima possível,
possível
ou seja, Out 139,3 347,0 40,14
0 0
corresponde a
um dia onde há Nov 97,90 304,0 32,20
0
sempre sol. Ao
longo dos dias, o Dez 86,10 295,0 29,19
0
valor de N é
influenciado pela latitude. Ao longo do ano o valor de N é influenciado
pela data em que nos encontrarmos. O valor de n corresponde à
insolação total ou real,
real exprime-se em horas/dia, horas/mês ou
horas/ano. O valor de I corresponde à relação entre a insolação total
ou real (n) sobre a insolação máxima possível (N),
(N), vezes 100%.
O gráfico 18 diz respeito ao valor de I, durante um ano em
Ponta Delgada. Com base no mesmo, podemos concluir que em Ponta
Delgada, ao longo do ano, o nível de insolação máxima possível (N) é
bastante elevado, verificando-se valores superiores no Verão,
nomeadamente em Maio, Junho, Julho e Agosto.
O nível de insolação total ou real (n) vai aumentando consoante
a estação e mês do ano, por exemplo, nos meses de Verão verifica-se
uma incidência maior que nos meses de Inverno.
Em relação ao valor de I, este mantém-se mais ou menos
regular durante os meses de Inverno, tendo ligeiras subidas mês após
mês. No Verão, especialmente em Agosto, regista-se um pico nos
valores de I, voltando a decrescer nos meses de Outono e Inverno.

✔ Radiação Solar Terrestre

A insolação é um elemento climático que se relaciona com a


radiação solar.
solar Porém, radiação solar é a energia que o sol transmite
expressa pela relação energia/área/tempo.
Existem dois tipos de radiação:
• Radiação Solar Global (chega à superfície);
• Radiação Solar Terrestre (radiação solar que chega à
troposfera)

Com efeito, estando o sol descoberto a radiação solar global é


manifestamente maior que com sol encoberto. Contudo, não se pode
estabelecer uma relação directa entre insolação e radiação solar.
Uma hora de sol descoberto ao meio dia solar fornece muito
mais radiação que uma hora de sol ao amanhecer ou ao entardecer.
Esta situação deve-se há inclinação dos raios solares ser diferente,
sendo que quanto mais inclinados são os raios de sol menor será a
radiação que atinge a superfície.
Da mesma forma, uma hora de insolação no Inverno
proporciona, á mesma hora, menos radiação solar que uma hora de
insolação no verão. A radiação no topo da troposfera depende da
inclinação dos raios solares, ou seja, da latitude e da época do ano.
O gráfico abaixo, diz respeito á radiação solar terrestre em
Ponta Delgada.
Delgada

RT Rs Rns

Jan 16,10 6,24 4,99

Fev 21,60 8,66 6,93

Mar 28,00 11,62 9,30

Abr 34,70 14,80 11,84

Mai 37,40 16,50 13,20

Jun 41,10 17,96 14,37

Jul 40,10 18,99 15,19

Ago 36,70 18,28 14,62

Set 31,40 15,30 12,24

Out 24,00 10,82 8,65

Nov 17,70 7,28 5,82

Dez 14,80 5,86 4,69

Tabela 19 – Radiação Solar Terrestre em Ponta Delgada

Gráfico 19 – Radiação Solar Terrestre em Ponta Delgada


Se
quisermos saber o valor da radiação solar num dado instante temos
de ter em conta que ela é influenciada por diversos factores: hora,
data e latitude. Se quisermos saber apenas ao ano, só depende da
latitude.
Devido à falta de dados por parte da estação meteorológica de

Fontinhas,
Fontinhas não é possível calcular a insolação e radiação solar

terrestre.

Tmáx Tmáx Tmin Tmin ea ea(KP Rs RT Rso RnL


(K) (K) (mBa) a)

Jan 18,00 291,1 12,80 285,9 11,16 1,12 6,24 16,10 12,08 -2,27
5 5

Fev 18,00 291,1 12,40 285,5 10,46 1,05 8,66 21,60 16,20 -2,48
5 5

Mar 18,90 292,0 12,80 285,9 10,54 1,05 11,62 28,00 21,00 -2,67
5 5

Abr 19,10 292,2 13,10 286,2 10,90 1,09 14,80 34,70 26,03 -2,78
5 5

Mai 20,70 293,8 14,30 287,4 11,63 1,16 16,50 37,40 28,05 -2,94
5 5

Jun 22,30 295,4 16,00 289,1 13,59 1,36 17,96 41,10 30,83 -2,76
5 5

Jul 23,10 296,2 17,50 290,6 14,83 1,48 18,99 40,10 30,08 -3,10
5 5

Ago 24,70 297,8 18,30 291,4 15,89 1,59 18,28 36,70 27,53 -3,31
5 5

Set 24,60 297,7 18,00 291,1 15,21 1,52 15,30 31,40 23,55 -3,25
5 5

Out 23,00 296,1 16,90 290,0 13,93 1,39 10,82 24,00 18,00 -2,92
5 5

Nov 20,20 293,3 14,90 288,0 12,10 1,21 7,28 17,70 13,28 -2,54
5 5

Dez 18,00 291,1 13,80 286,9 11,69 1,17 5,86 14,80 11,10 -2,34
5 5
Rns RnL Rn

Jan 4,99 -2,27 2,72

Fev 6,93 -2,48 4,45

Mar 9,30 -2,67 6,63

Abr 11,84 -2,78 9,06

Mai 13,20 -2,94 10,26

Jun 14,37 -2,76 11,60

Jul 15,19 -3,10 12,09

Ago 14,62 -3,31 11,32

Set 12,24 -3,25 8,99


Tabelas 20 e 21 – Radiação Líquida em Ponta Delgada

Out 8,65 -2,92 5,74

Nov 5,82 -2,54 3,28

Dez 4,69 -2,34 2,35

O gráfico 20
refere-se à relação entre a radiação solar líquida total (Rns), o fluxo
de calor latente (Rn) e o balanço energético de radiação (RnL).

A Radiação Solar Líqui


Líquida
da Total (Rns)
(Rns) fica absorvida na
superfície. No topo da troposfera a radiação é mais elevada que a
radiação solar global.
No Verão existe mais radiação que no Inverno, tal facto explica-
se por haver
Gráfico 20 – Radiação Líquida em Ponta Delgada
menos
nebulosidade, mais horas de sol e dias mais longos. Nas noites sem
nuvens, o clima arrefece mais do que em noites com nuvens.
Radiação solar global e radiação solar terrestre, distinguem-se
pois a radiação solar terrestre, tem um comprimento de onda maior
que a radiação solar global, esta emite infra-vermelhos com valores
superiores, seja da atmosfera para a superfície ou vice-versa. Numa
superfície, o balanço energético de radiação é a diferença entre a
radiação que entra e aquela que sai.
Os factores que influenciam a radiação solar são:
• Temperatura;
• Tensão actual de vapor de água;
• Humidade do ar;
• Radiação Solar Global.

Para o balanço de radiação terrestre, quanto mais sol estiver,


mais negativo é o valor. O CO2 tem grande influência no cálculo do
balanço de radiação terrestre, pois irá aquecer mais a atmosfera,
num determinado local do que em outro. Será menos negativo
quando o ar estiver húmido e quando o céu estiver encoberto. As
condições que levam a um ar seco são as noites que se seguem a
dias de céu limpo e ar seco.

A radiação solar liquida total (Rns) e o fluxo de calor latente


(Rn), tem valores mais elevados nos meses de Verão, diminuindo
drasticamente nos meses de Inverno. O balanço energético de
radiação é constante ao longo do ano. Este atinge valores negativos
devido ao número de horas de sol e às mudanças de estado da água,
ou seja, durante a noite devido á diminuição da temperatura, a água
liberta mais energia através da evaporação, logo, o balanço é
negativo.

Devido à falta de dados relativos à estação meteorológica de


Fontinhas, não é possível calcular a radiação solar líquida.

Balanço Hídrico
Por último iremos fazer o cálculo do balanço hídrico. Este
faz-se tendo em conta a chegada, armazenamento e perda de água.
Para tal admitimos que a capacidade de armazenamento do nosso
local é de 100 mm de água. Um dos métodos para calcular o balanço
hídrico de uma região é o método de Thornthwaite-Matter. Este
apenas relaciona a latitude, a temperatura e a precipitação.
Como já foi referido optámos por utilizar os dados de 3
estações, sendo duas delas climatológicas e uma udométrica (onde
apenas são medidos os valores de precipitação). Para fazer o balanço
hídrico dividimos o terreno em 2 zonas. A zona 1 é referente a Ponta
Delgada (S. Miguel) e apenas utilizámos os valores da estação
climatológica da mesma. A zona 2 já relaciona os valores de
precipitação da estação udométrica (Sete Cidades) com os valores da
temperatura da estação climatológica de Fontinhas (Santa Maria). Tal
sucede devido à localização das estações em altitude.
Necessitávamos de uma estação que nos apresentasse valores de
temperatura em pontos elevados. Tal não existia na ilha de S. Miguel
pelo que tivemos que optar por uma estação de outra ilha que se
encontrasse, aproximadamente, à mesma latitude.

ZONA 1
➢ Estação climatológica de Ponta Delgada (S. Miguel)

Latitude:
Latitude: 37º45’ N Longitude: 25º40’ W

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Tmé
15,40 15,20 15,80 16,10 17,50 19,20 20,30 21,50 21,30 20,00 17,60 15,90
dia
i 5,49 5,38 5,71 5,87 6,66 7,67 8,34 9,10 8,97 8,16 6,72 5,76
ETPn 1,64 1,60 1,72 1,78 2,08 2,47 2,74 3,05 2,99 2,66 2,10 1,74
k 25,70 25,30 30,90 32,90 36,70 36,70 37,30 35,20 31,20 29,20 25,70 25,10
ETP 42,2 40,6 53,2 58,7 76,4 90,6 102,1 107,2 93,4 77,8 54,0 43,7
R 141,4 114,4 119,5 65,8 61,1 36,6 29,5 27,2 74,0 116,8 130,8 108,9
R-
99,2 73,8 66,3 7,1 -15,3 -54,0 -72,6 -80,0 -19,4 39,0 76,8 65,2
ETP
L ----- ----- ----- ----- 15,3 69,3 141,9 221,9 241,3 ----- ----- -----
A 100,0 100,0 100,0 100,0 85,9 50,0 24,2 10,9 9,0 48,0 100,0 100,0
∆A 0,0 0,0 0,0 0,0 -14,1 -35,8 -25,8 -13,3 -1,9 39,0 52,0 0,0
ETR 42,2 40,6 53,2 58,7 75,2 72,4 55,3 40,5 75,9 77,8 54,0 43,7
D 0,0 0,0 0,0 0,0 1,1 18,2 46,8 66,7 17,5 0,0 0,0 0,0
S 99,2 73,8 66,3 7,1 0 0 0 0 0 0 24,7 65,2

Altitude: 36 m Capacidade de água utilizável (mm): 100

Tmédi
i ETPn k ETP R R-ETP L A ∆A ETR D S
a

689, 150,
ANO ----- 83,85 ----- ----- 839,9 1026 186,1 ----- ----- ----- 336,4
6 2

Tabelas 22 e 23 – Balanço hídrico em Ponta Delgada

Estas tabelas são referentes aos valores de temperatura média,


índice calórico (i), evapotranspiração potencial não ajustada (ETPn),
factor de ajustamento (k), evapotranspiração potencial ajustada
(ETP), precipitação (R), saldo do mês (R-ETP), perda de água potencial
(L), armazenamento de água no solo (A), quanto ficou armazenado de
um mês para o outro (∆A), evapotranspiração real (ETR), défice de
água (D), excesso de água (S). Todos estes valores estão
relacionados e permitem-nos calcular o balanço hídrico.
Gráfico 21 – Armazenamento de água no solo em Ponta
Delgada

O gráfico 21 diz respeito à quantidade de água,


proveniente da precipitação, que o solo é capaz de
armazenar. O solo é considerado um reservatório de água. No
entanto há um limite para a sua capacidade. A quantidade
máxima de armazenamento admitida para o nosso solo foi
100mm. Mesmo que a precipitação registada fosse superior a
esse valor, o solo não armazenava mais pelo que, como se
observa no gráfico anterior, os meses de Janeiro, Fevereiro,
Março, Abril, Novembro e Dezembro apresentam um
armazenamento de 100mm.
A subida da linha do gráfico é rápida devido à
precipitação. A descida é lenta, pois há medida que o solo vai
ficando seco, as plantas têm dificuldade em absorver a água,
o que faz com que o solo vá perdendo cada vez menos água e,
assim, naturalmente a água existente no solo vai
estabilizando.
Gráfico 22 – Défice e excesso de água no solo em Ponta

O gráfico 22 diz respeito ao défice e excesso de água no solo


de Ponta Delgada.
Delgada
O défice é a diferença entre a evapotranspiração potencial
ajustada (ETP) e a evapotranspiração real (ETR). Quando os valores
de ambas são iguais o défice é nulo. Quando ETR é superior ao valor
de ETP existe défice, ou seja, a água precipitada e retida no solo é
insuficiente para o bom desenvolvimento das plantas no local. Neste
caso, em Ponta delgada existem apenas 4 meses em que existe
défice (Junho, Julho, Agosto e Setembro).
Por outro lado, o excesso de água verifica-se a maior parte do
ano, ou seja, o solo não consegue armazenar toda água que chega.
No entanto o solo também não desperdiça a água que recebe se
ainda a poder armazenar. Quando o A é inferior a 100mm, o excesso
de água é nulo. Quando o A é superior a 100mm, o excesso de água é
a diferença entre (R-ETP) e ∆A. O S do nosso mês de Outubro é igual
a zero porque ainda está no início do armazenamento, ou seja, é
inferior a 100mm.

Gráfico 23 – Balanço hídrico em Ponta Delgada

O gráfico 23 diz respeito ao balanço hídrico de Ponta


Delgada. Este relaciona 3 valores: ETR (evapotranspiração real), R
(precipitação) e ETP (evapotranspiração potencial ajustada). Os
valores de ETP e ETR igualam-se nos meses húmidos (Jan., Fev., Mar.,
Abr., Out., Nov. e Dez.) porque nestes o consumo de água é máximo
independentemente da quantidade de precipitação. Nos meses secos
(aqueles em que R-ETP<0 ) os valores de ETP e ETR divergem.
Enquanto ETP aumenta, ETR diminui. Tal sucede porque se está mais
calor haverá menos precipitação, logo o armazenamento diminui e
faz com que haja um défice de água.
Relativamente à precipitação, esta atinge valores elevados no
Inverno, e muito baixos no Verão, logo, a quantidade de humidade
existente no solo irá ser reduzida.

Para realmente classificarmos o clima da nossa região existe


a fórmula climática. Esta é dividida em 4 partes. O resultado do índice
hídrico dá-nos acesso à primeira parte, o ∑ETP à segunda, o índice de
humidade e o índice de aridez à terceira e a CEET (concentração
estival de eficiência térmica) à última:

1º 2º 3º 4º
Ia ou
IH ∑ETP CEET
Ihum

Valores
FÓRMULAS
Obtidos
(Excesso de água/necessidades de água)
Índice de humidade (Ihum) 40,05 %
*100
(Deficiência de água/necessidade de água)
Índice de aridez (Ia) 17,89 %
*100
Índice hídrico (IH) Ihum - 0,6*Ia 29,32 %
Concentração estival da
(∑ ETP (3 meses mais quentes) / ∑ETP)* 100 36,04 %
eficiência térmica

1º 2º 3º 4º
Ia = 17,89
29,32 839,9 Ihum=40,0 36,04
5
Dados os valores obtidos podemos concluir que:

1º- Como 40 > IH ≥ 20,a letra obtida é o B, que significa “tipo


climático húmido”;
2º- Como 855 > ∑ETP ≥ 712, a letra obtida é o B’, que significa “tipo
climático mesotérmico”;

3º - Como 33,3 > Ia ≥ 16,7 e Ihum ≥ 20 ,a letra obtida é o r, que


significa “nula ou pequena deficiência de água”.
4º - Como 48 ≥ CEET ≥ 25, a letra obtida é o a’, que significa “nula
ou pequena concentração estival de eficiência térmica.

 Na zona 1 temos, então, um clima húmido mesotérmico com


nula ou pequena deficiência de água e uma nula ou pequena
concentração estival de eficiência térmica no verão.

ZONA 2
A
➢ Estação udométrica de Sete Cidades (S. Miguel)
➢ Estação climatológica de Fontinhas (Santa Maria)
B

Latitude:
Latitude: 37º51’ N Longitude: 25º48’ W
A Altitude: 270 m Capacidade de água utilizável (mm): 100

Latitude:
Latitude: 36º57’ N Longitude: 25º05’ W
B Altitude: 430 m Capacidade de água utilizável (mm): 100

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Tmé 11,0
11,80 11,50 12,40 13,40 15,40 17,60 18,70 18,00 16,20 13,60 12,50
dia 0
i 3,67 3,30 3,53 3,96 4,45 5,49 6,72 7,37 6,95 5,93 4,55 4,00
ETPn 1,41 1,27 1,36 1,51 1,69 2,06 2,50 2,73 2,58 2,22 1,73 1,53
25,4
26,00 30,90 32,80 36,40 36,50 37,10 35,10 31,20 29,30 25,90 25,40
k 0
32,3
36,64 41,96 49,63 61,55 75,36 92,77 95,74 80,57 65,05 44,74 38,88
ETP 6
267,9 216, 194,6 109,6 110,3 129,7 205,8 241,6 193,9
72,00 72,10 68,10
R 0 50 0 0 0 0 0 0 0
R- 184,
231,3 152,6 60,0 48,7 -3,4 -20,7 -27,6 49,1 140,7 196,9 155,0
ETP 1
L 3,4 24,0 51,7
100,
100,0 100,0 100,0 100,0 96,7 78,6 59,7 100,0 100,0 100,0 100,0
A 0
∆A 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 -3,3 -18,1 -19,0 40,3 0,0 0,0 0,0
ETR 36,6 32,4 42,0 49,6 61,6 75,3 90,2 87,1 80,6 65,1 44,7 38,9
D 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 2,6 8,6 0,0 0,0 0,0 0,0
184,
231,3 152,6 60,0 48,7 0,0 0,0 0,0 8,8 140,7 196,9 155,0
S 1

Tmé
i ETPn k ETP R R-ETP L A ∆A ETR D S
dia
AN 1882,1 1178,
59,92 715,24 1166,9 703,9 11,3
O 0 2

Tabelas 24 e 25 – balanço hídrico em Fontinhas

Como já foi referido anteriormente, os valores da tabela serão

utilizados para o cálculo do balanço hídrico de Fontinhas.

O gráfico 24 diz respeito à quantidade de água,


proveniente da precipitação, que o solo é capaz de
armazenar. Comparativamente a Ponta Delgada as únicas
diferenças de Fontinhas são os meses em que o solo armazena
100mm (Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Setembro, Outubro,
Novembro e Dezembro). Tudo o que foi anteriormente dito em

Gráfico 24 – Armazenamento de água no solo em


Fontinhas
relação ao gráfico de armazenamento em Ponta Delgada é
válido para este.

O gráfico 25 diz respeito ao défice e excesso de água no solo


de Fontinhas.
Fontinhas
O défice é a diferença entre a evapotranspiração potencial
ajustada (ETP) e a evapotranspiração real (ETR). Quando os valores
de ambas são iguais o défice é nulo. Quando ETR é superior ao valor
de ETP existe défice, ou seja, a água precipitada e retida no solo é
insuficiente para o bom desenvolvimento das plantas no local. Neste
caso, em Fontinhas existem apenas 3 meses em que existe défice
(Junho, Julho e Agosto).
Por outro lado, o excesso de água verifica-se a maior parte do
Gráfico 25 – Défice de água no solo em Fontinhas
ano, ou seja, o solo não consegue armazenar toda água que chega.
No entanto o solo também não desperdiça a água que recebe se
ainda a poder armazenar. Quando o A é inferior a 100mm, o excesso
de água é nulo. Quando o A é superior a 100mm, o excesso de água é
a diferença entre (R-ETP) e ∆A.

O gráfico 23 diz respeito ao balanço hídrico de Ponta


Delgada. Este relaciona 3 valores: ETR (evapotranspiração real), R
(precipitação) e ETP (evapotranspiração potencial ajustada). Os
valores de ETP e ETR igualam-se nos meses húmidos (Jan., Fev., Mar.,
Abr., Out., Nov. e Dez.) porque nestes o consumo de água é máximo
independentemente da quantidade de precipitação. Nos meses secos
(aqueles em que R-ETP<0 ) os valores de ETP e ETR divergem.
Enquanto ETP aumenta, ETR diminui. Tal sucede porque se está mais

Gráfico 26 – Balanço hídrico em Fontinhas


calor há menos precipitação, logo o armazenamento diminui e faz
com que haja um défice de água.
Relativamente à precipitação, esta atinge valores elevados no
Inverno, e muito baixos no Verão, logo, a quantidade de humidade
existente no solo irá ser reduzida.

Para classificarmos o clima da zona dois utilizámos a mesma


fórmula que utilizámos anteriormente para a classificação do clima da
zona 1.

Valores
FÓRMULAS
Obtidos
(Excesso de água/necessidades de água)
Índice de humidade (Ihum) 164,72 %
*100
(Deficiência de água/necessidade de água)
Índice de aridez (Ia) 1,58 %
*100
Índice hídrico (IH) Ihum - 0,6*Ia 163,77 %
Concentração estival da
(∑ ETP (3 meses mais quentes) / ∑ETP)* 100 37,62 %
eficiência térmica

1º 2º 3º 4º
Ia =1,58
163,77 715,24 Ihum=164, 37,62
72

Dados os valores obtidos podemos concluir que:

1º- Como IH ≥ 100, a letra obtida é o A, que significa “tipo climático


super húmido”;
2º- Como 855 > ∑ETP ≥ 712, a letra obtida é o B’, que significa “tipo
climático mesotérmico”;

3º - Como 16,7 > Ia ≥ 0 e Ihum ≥ 20 ,a letra obtida é o r, que significa


“nula ou pequena deficiência de água”.
4º - Como 48 ≥ CEET ≥ 25, a letra obtida é o a’, que significa “nula
ou pequena concentração estival de eficiência térmica.
 Na zona 2 temos, então, um clima super húmido mesotérmico
com nula ou pequena deficiência de água e nula ou pequena
concentração estival de eficiência térmica no verão.

Conclusão

Em suma, pelo cálculo do balanço hídrico através da

classificação climática de THORN


HORNTHWAITE (1948), concluímos que

o clima em Ponta Delgada é classificado como sendo um clima

húmido mesotérmico com nula ou pequena deficiência de água e uma

nula ou pequena concentração estival de eficiência térmica no verão.

Em Fontinhas, o clima é classificado como sendo super húmido

mesotérmico com nula ou pequena deficiência de água e nula ou

pequena concentração estival de eficiência térmica no verão.

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