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Gabarito
LISTA DE EXERCÍCIOS
(Unidade 6)
Conceitos importantes:
Relação entre valorização/desvalorização cambial e a balança
Taxas de câmbio: vantagens e desvantagens do comercial.
sistema de taxas fixas, vantagens e desvantagens do Princípio das Vantagens Comparativas.
sistema de taxas flexíveis e sistemas usados Relação entre Investimento Externo Líquido, Exportações
atualmente nos vários países. Líquidas e Poupança Externa.
Relação entre os regimes cambiais, o Balanço de Teoria da Paridade do Poder de Compra.
Pagamentos e o nível das reservas internacionais. Teoria Macroeconômica da Economia Aberta
Taxas de câmbio real e nominal.
REGIMES CAMBIAIS
1. Como é determinada a taxa de câmbio nos regimes de câmbio fixo e de câmbio flutuante? Você conhece
algum exemplo contemporâneo de país que adote o regime de taxa fixa de câmbio?
No regime de taxas de câmbio fixas, o preço, em moeda local, da moeda estrangeira não se altera.
Esse sistema prevaleceu para grande número de países durante o século XIX, quando em geral as moedas
nacionais tinham seu valor fixado em gramas de ouro, tendo portanto uma relação fixa entre si (o chamado
regime do “padrão-ouro”). Nesse caso, havia um mecanismo automático que tendia a eliminar
desequilíbrios: ocorrendo, por exemplo, um déficit no balanço de pagamentos, isso acarretava remessas
de ouro para o exterior e, portanto redução dos meios de pagamento internos; a baixa de preços
consequente estimularia as exportações e desestimularia importações.
No período seguinte ao fim da Segunda Guerra Mundial, e até 1971, prevaleceu também um sistema
de taxas de câmbio fixas: as moedas tinham um valor fixo em relação ao dólar. Nesse caso, não sendo os
sistemas monetários baseados em ouro ou dólares, não havia um sistema automático de reequilíbrio. O
Fundo Monetário Internacional (FMI) foi criado, em 1943, com o propósito de facilitar o restabelecimento
do equilíbrio no balanço de pagamentos, sem que a taxa de câmbio variasse.
Um exemplo recente de economia com câmbio fixo é o da Argentina, até 2001: era um sistema
equivalente ao padrão-ouro, pois a oferta interna de moeda dependia do estoque de dólares no Banco
Central. Há também economias inteiramente dolarizadas, como a do Equador: não há moeda nacional, o
dólar circula internamente. No Brasil, entre 1994 e janeiro de 1999, adotou-se um regime em que a taxa
cambial não era fixa, mas tinha variação limitada, tendo em vista o objetivo de conter pressões
inflacionárias.
No regime de taxas de câmbio flutuantes ou flexíveis, o preço da moeda estrangeira é estabelecido
no mercado de câmbio (mercado de compra e venda de divisas). A maioria dos países, hoje, adota este
tipo de regime, inclusive o Brasil, desde janeiro de 1999. Todavia, mesmo nesses países, não é raro que a
autoridade governamental intervenha, comprando ou vendendo divisas, para evitar oscilações julgadas
excessivas. Em alguns casos, estabelecem-se formalmente limites de variação permissível (o chamado
regime de bandas cambiais): quando esse limite é atingido, o Banco Central intervém.
2. Na vigência de taxas de câmbio flexíveis, definidas em mercados livres, o equilíbrio no balanço de pagamentos
é sempre alcançado, de forma automática?
NÃO. O que ocorre é uma tendência ao equilíbrio. Vejamos: se, num país que tem inicialmente uma
taxa de câmbio de R$1/US$ (por exemplo), ocorre uma redução drástica nas exportações, isso acarretará
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uma redução na oferta de divisas (moeda estrangeira). A moeda estrangeira terá seu valor aumentado
(desvalorização do câmbio), ou seja, para se comprar uma unidade da moeda estrangeira será necessário
agora mais moeda nacional (R$1,20/US$, suponhamos). Como consequência, as importações ficam mais
caras para a população nacional, enquanto o produto nacional torna-se mais barato para os estrangeiros:
as exportações são estimuladas e as importações desestimuladas, o que tende a restabelecer o equilíbrio.
O problema é que esse processo não ocorre instantaneamente; o reajuste pode levar vários meses para se
tornar efetivo — tudo o mais constante. Além disso, é preciso considerar que, em situações concretas,
“tudo o mais” não é constante: as exportações, por exemplo, dependem muito das condições do mercado
internacional.
Um bom exemplo é o da forte desvalorização do real, em 1999: nesse ano, as importações de fato
se reduziram, mas as exportações também caíram de valor, devido em boa parte à redução das cotações
internacionais de alguns dos nossos principais produtos de exportação. O déficit da balança comercial
ocorrido em 1995–1998 só foi revertido em 2001 (ocorrendo superávits substanciais a partir de 2002).
4. Discuta, no contexto da matéria da agência FolhaPress, publicada no caderno Economia do Jornal do Brasil no
dia 4 de julho de 2006, os instrumentos da política cambial brasileira.
“...No câmbio, o dólar comercial terminou ontem em alta de 0,64%, vendido a R$ 2,18. Pela manhã, a moeda
americana caiu até R$ 2,157, mas o anúncio de um leilão de compra de divisas pelo Banco Central no meio da
tarde fez as cotações inverterem a tendência (...) O BC quebrou um jejum de um mês e meio – a última operação
do gênero havia sido realizada em 16 de maio”
a) A taxa de câmbio no Brasil é, desde janeiro de 1999, determinada pelo mercado cambial. Entretanto, o
Banco Central costuma intervir na compra e venda de moeda estrangeira quando julga necessário. Por que razão
intervenções como a relatada no jornal são realizadas?
Apesar de haver uma tendência do mercado cambial, no longo prazo, de uma auto-correção dos
desequilíbrios entre oferta e demanda de divisas (moeda estrangeira), o Banco Central interfere no
mercado cambial visando suavizar oscilações de curto prazo que julga bruscas ou excessivas. Assim, ele
confere uma maior previsibilidade ao mercado e um maior grau de confiança aos agentes econômicos
envolvidos.
b) Como são realizadas essas intervenções, ou seja, de que maneira a autoridade econômica consegue
influir na taxa de equilíbrio?
Quando o Banco Central julga necessário elevar a taxa cambial, como no caso da reportagem, ele
se compromete a vender ou comprar divisas a uma taxa acima do valor de equilíbrio. Por exemplo, caso a
intenção do BC fosse manter a taxa ao redor de R$ 3,00, evidentemente não haveria demanda
(importadores, turistas brasileiros no exterior...), pois poucos agentes econômicos aceitariam comprar
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dólares por um preço tão acima do valor de mercado. Com o BC comprometendo-se a comprar dólares
àquela taxa, ele automaticamente supriria essa escassez de demanda.
(Nota: Vale ressaltar que, na atual conjuntura econômica, o Banco Central não tem capacidade para
realizar uma operação dessa magnitude. Caso ele se propusesse a comprar dólares a esse preço, haveria
uma oferta tão grande que não existiriam reais suficientes para adquirir a quantidade oferecida de moeda
estrangeira. Uma saída não muito apreciada seria a emissão de mais moeda brasileira, o que,
provavelmente, provocaria um surto inflacionário.)
R$ 2,18/US$
R$ 2,157/US$
D
2
D1
Divisas
Escassez de demanda
absorvida pelo BC
d) Durante a 1ª metade de 2006 o Banco Central tem adquirido mais moeda estrangeira do que vendido
(com exceção do final de maio, quando da fuga de dólares para os títulos do tesouro americano). O que acontece
com as reservas internacionais quando há tendências como essa?
Quando há compra de dólares por parte do Banco Central, ocorre um aumento das suas reservas
internacionais.
A) Em regime de câmbio fixo, um aumento dos gastos dos turistas estrangeiros no Brasil levará a uma
redução do estoque de moeda estrangeira no Banco Central.
Falso. Num regime de câmbio fixo o Banco Central vende divisas (reduz suas reservas) quando há
excesso de demanda, e compra (aumenta suas reservas) quando há excesso de oferta. Um aumento nos
gastos dos turistas estrangeiros, tudo o mais constante, provoca um aumento na oferta de divisas e,
portanto, contribui para um aumento das reservas, tudo o mais constante.
B) Se há desemprego em uma economia com câmbio fixo, o Banco Central pode depreciar a taxa de
câmbio e assim melhorar a balança comercial e elevar a demanda agregada.
Verdadeiro. Considere a definição de produto pela ótica da despesa (Y = C + I + G + X – M).
Desvalorizar a moeda nacional aumenta as exportações e diminui as importações, fazendo, portanto,
aumentar a demanda agregada, o que reduz o desemprego.
b) as importações;
As importações ficarão mais caras para os residentes do País. Para comprar um determinado produto
de US$ 1,00 precisava-se de cerca de R$ 3,00; agora são necessários mais reais para comprar o mesmo
produto. Portanto, haverá uma redução das importações.
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Se o real se desvalorizasse, em termos nominais, passando a taxa de câmbio de R$3,00 / US$1 para
R$4,00 / US$1 (por exemplo), interessa ao exportador brasileiro saber qual é o valor real dessa maior
quantidade de moeda brasileira que ele vai agora receber, por cada dólar (ou seja, quanto ele pode
comprar, agora, com sua receita de exportação) — para que ele possa determinar se, de fato, ficou mais
lucrativo exportar. Se, nesse exemplo, o índice de preços interno aumentou em 20%, e o índice de preços
nos EUA não se alterou, isso significa que a taxa de câmbio real será:
d) Com base nos cálculos anteriores, o real valorizou-se ou desvalorizou-se em relação ao dólar, no
trimestre? Justifique sua resposta.
O real desvalorizou-se em termos da taxa de câmbio real, pois ficou necessário dar mais reais para
obter um dólar (no caso de uma só mercadoria, ficou necessário dar mais X por cada unidade de Y).
Para verificar como são os cálculos, novamente a resolução é por meio de regras de três:
9. A taxa de câmbio exerce grande influência sobre a balança comercial. Isso pode ser atestado pela matéria
publicada no caderno Economia do Jornal do Brasil, por Viviane Monteiro, no dia 4 de julho de 2006:
“A balança comercial brasileira registrou no primeiro semestre deste ano superávit de US$ 19,541 bilhões, 0,57%
abaixo dos US$ 19,654 bilhões obtidos nos seis meses iniciais do ano passado (...) Um dos motivos é o ritmo das
importações. (...) A tendência é de que o ritmo das importações continue crescendo devido à depreciação do
dólar...”
a) De que maneira uma “depreciação do dólar” contribui para o aumento das importações?
Uma depreciação da moeda estrangeira significa que seu valor em reais é menor. Aquelas pessoas
que desejam importar mercadorias devem, primeiramente, adquirir moeda estrangeira no mercado
cambial, fazendo parte daqueles que demandam divisas. Com a moeda estrangeira mais barata, os
agentes econômicos conseguem, com uma mesma quantidade de reais, comprar uma maior quantidade
dessa moeda estrangeira e, portanto, uma maior quantidade de mercadorias produzidas no exterior.
b) A depreciação da taxa de câmbio nominal (aquela divulgada pelos veículos midiáticos) é suficiente para
incentivar os importadores a aumentar suas compras?
Não. O fato de uma importação ser vantajosa ou não depende muito mais da taxa de câmbio real,
que consiste na taxa de câmbio nominal expurgada dos efeitos da inflação, ou seja, levando em conta as
inflações doméstica (do País) e externa. No exemplo da matéria do Jornal do Brasil, as importações
poderiam não ser vantajosas, mesmo com a queda na taxa cambial, caso houvesse uma inflação no
exterior (e os preços no País permanecessem inalterados) tão grande que superasse as vantagens obtidas
com a depreciação.
11. Considerando o caso simplificado em que existam só dois países e dois bens produzidos, mostre em que
sentido é vantajoso que cada país se especialize no bem em que tem vantagem comparativa (e importe o outro).
Considere o exemplo clássico de Portugal e Inglaterra (usado numa das primeiras exposições do
princípio das vantagens comparativas, por David Ricardo, no início do século XIX ).
Suponhamos que:
1 homem-hora produz: 15 unidades de vinho na Inglaterra e 10 unidades de vinho em Portugal;
24 unidades de tecido na Inglaterra e 12 unidades de tecido em Portugal.
Inglaterra Portugal
Vinho Vinho
15
10
24 Tecido 12 Tecido
O princípio de David Ricardo diz que os países têm que se especializar naquilo em que possuem
vantagem comparativa. Possui vantagem comparativa na produção de um bem aquele país que tiver
menor custo de oportunidade, que é medido pela quantidade de um bem que se deve abrir mão para
produzir outro bem. No exemplo, o custo de oportunidade da produção de 10 unidades de vinho em
Portugal é de 12 unidades de tecido (por conseguinte, o custo de oportunidade da produção de uma
unidade de vinho é de 1,2 unidade de tecido). Já o custo de oportunidade da produção de 15 unidades de
vinho na Inglaterra é de 24 unidades de tecido (consequentemente, o custo de produção de uma unidade
de vinho é de 1,6 unidade de tecido).
Deste modo, podemos medir os custos de oportunidade na produção de vinho:
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C.O. vinho ING => 1,6 tecido CO. tecido ING => 0,625 vinho
POR => 1,2 tecido POR => 0,83 vinho
Vemos que Portugal tem menor custo de oportunidade na produção de vinho e que a Inglaterra tem
menor custo de oportunidade na produção de tecido. Ou seja, a Inglaterra deveria se especializar em
tecido e Portugal em vinho. O benefício do comércio, para Ricardo, reside no fato de que os países
especializarão naquilo que produzem melhor, aumentando a eficiência na alocação de recursos e o
número de bens e serviços produzidos na economia.
Países
Produtos A B
X 2 1
Y 3 2
Letra “A”. De acordo com a teoria clássica do comércio internacional as relações de troca entre os
países são estabelecidas com base no princípio da vantagem comparativa. Ao contrário do conceito de
vantagem absoluta, na qual um país terá vantagem quando possuir maior produtividade, a vantagem
relativa ou comparativa existirá para aquela nação que detiver o menor custo de oportunidade para a
produção. Observamos que, para o caso acima, o país A tem custo de oportunidade de 3/2 Y para produzir
um X e de 2/3 X para um Y; o país B, por outro lado, tem custo de oportunidade de 2 Y para produzir um X
e de 1/2 X para um Y. Portanto, se A tem vantagem comparativa na produção de X e B na de Y, O país A
deverá exportar o bem X e importar o bem Y.
14. Ao longo da última década, nota-se uma tendência internacional no sentido da generalização de práticas de
livre comércio (como no Brasil, a partir de 1990), dentro do que se convencionou chamar de processo de
globalização. Persistem, por outro lado, formas de protecionismo, mesmo entre países mais industrializados.
Que tipos de instrumentos protecionistas você conhece? Cite exemplos, mostrando como são aplicados.
Podemos citar como forma de protecionismo o subsídio concedido a certas atividades produtivas por
alguns governos, a fim de diminuir os custos de produção e tornar o produto mais barato, favorecendo
sua exportação e dificultando a importação de produção concorrente, que na ausência desses subsídios
seria competitiva (ex.: subsídios à produção agrícola nos Estados Unidos e em países da União Européia);
barreiras fitossanitárias que impedem a importação de determinados produtos agrícolas e seus derivados,
sob o pretexto de impedir a contaminação da produção local ou proteger a saúde dos consumidores (a
carne brasileira não é aceita na Europa, em certos períodos, devido a temores quanto à febre aftosa,
embora a ocorrência dessa doença no Brasil seja restrita a áreas limitadas); tarifas preferenciais a
determinados países, como ex-colônias; “selo ecológico”, que impede a importação de produtos extraídos
ou fabricados sob condições supostamente agressivas ao meio ambiente; regras trabalhistas, que
impedem importação de produtos em cuja produção foi utilizada mão-de-obra em desacordo com
determinadas normas vigentes no país importador; acusações de prática do dumping, que consiste em
vender produtos a preços inferiores aos custos, com a finalidade de eliminar concorrentes e/ou ganhar
maiores fatias de mercado (por ex.: os Estados Unidos costumam estabelecer, unilateralmente, tarifas
para compensar supostas ocorrências de dumping em paises exportadores); etc. Em todos os casos, são
barreiras que têm, em princípio, motivação legítima, mas que são às vezes usadas apenas como pretexto
para o protecionismo à produção local.
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15. Belíndia e Atlântida são economias exatamente iguais, exceto pelo fato de que em Atlântida as exportações
totais e as importações totais são duas vezes maiores do que em Belíndia como proporção do PIB. Em qual
desses países uma desvalorização cambial seria mais eficaz para aumentar a demanda agregada? Por quê?
A desvalorização afeta diretamente a Balança Comercial, estimulando exportações e desestimulando
importações; assim, vai ter efeito positivo sobre a demanda agregada e o produto (no caso em que o
produto efetivo é menor do que o produto potencial). Esse efeito vai ser maior na economia onde
exportações e importações tenham maior participação no PIB, ou seja, em Atlântida, pois aí as
consequências da desvalorização vão ser proporcionalmente mais fortes, no que toca ao estímulo à
produção local.
16. "Contabilmente, o investimento líquido proveniente do exterior será sempre igual às importações
líquidas". Diga se concorda com a afirmativa, justificando.
A expressão Investimento Externo Líquido se refere à aquisição de ativos estrangeiros por
residentes internos menos a aquisição de ativos internos por residentes no estrangeiro. Deve-se lembrar,
ademais, que tais investimentos podem assumir a forma de investimentos externos diretos ou de portfolio
(de carteira). Exportações Líquidas, por outro lado, representam as despesas de estrangeiros em bens
produzidos internamente (exportações) menos despesas dos residentes internos em bens produzidos no
exterior (importações).
Dessa forma, as exportações líquidas (EL) e os investimentos externos líquidos (IEL) medem, cada
um, um tipo de desequilíbrio entre as exportações e importações de um país. Um fato importante da
contabilidade explica que esses dois desequilíbrios devem se compensar, isto é, EL=IEL. “Essa igualdade
se mantém porque cada transação que afeta um de seus lados deve afetar o outro lado em mesmo
montante. (...) Isso decorre do fato de que toda transação internacional é uma troca. Quando um vendedor
de um país transfere um bem ou serviço a um comprador de outro país, este comprador lhe entrega algum
ativo para pagar pelo bem ou serviço. O valor deste ativo iguala o valor do bem ou serviço vendido”
(Mankiw, cap. 29). Ao contabilizar tudo, o valor líquido dos bens e serviços vendidos por um país (EL) deve
ser igual ao valor líquido dos ativos adquiridos (IEL). O fluxo internacional de bens e serviços e o fluxo
internacional de capitais são, assim, dois lados de uma mesma moeda.
Uma importante aplicação se faz presente: quando as importações superam as exportações, ou
seja, quando M>X, incorre-se em um déficit comercial; este, por outro lado, nem sempre é mal para um
país. O déficit é uma medida do IEL, pois representa, de certa forma, um investimento do exterior no país.
Ao contrário, um superávit representaria um investimento nacional no exterior. Assim, os Investimentos
Líquidos do Exterior no país (ILEP) seriam o oposto do IEL e, por conseguinte, das EL.
ILEP = – IEL = – EL
Além disso, partindo da identidade do produto, é possível obter outra aplicação:
Y=C+G+I+(X–M)
Y–C–G–X+M=I
Levando em consideração os tributos, mas sem alterar a identidade, teremos:
(Y–C–T)+(T–G)+(M–X)=I
Poupança Privada + Poupança Pública + Poupança Externa = Investimento
Vendo que a poupança externa, definida pela diferença entre importações e exportações, só é
positiva se houver déficit comercial ( como prova ILEP = – EL ), pode-se concluir que ela pode contribuir
para elevar o nível geral de investimentos.
17. As transações internacionais são tema recorrente nos jornais de todo o País. Discuta, no contexto do trecho
abaixo, publicado no Jornal do Brasil, as questões a seguir:
“De acordo com o relatório, o País receberá neste ano US$ 15,45 bilhões em investimento estrangeiro direto
(IED), volume US$ 100 milhões maior do que o apostado na semana passada.”
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a) O que a matéria publicada chama de “investimento estrangeiro direto” consiste no investimento
líquido do exterior no País (ILEP)? Por quê?
Não. O IED, sendo investimento estrangeiro, faz parte do ILEP, que é o resultado de todos os
investimentos feitos por estrangeiros no aís menos os investimentos feitos por residentes brasileiros no
exterior. Entretanto, o ILEP engloba ainda outros tipos de investimentos, como os investimentos indiretos,
também chamados de investimentos em carteira (ou ainda, investimentos de portfolio), os derivativos e
empréstimos junto ao sistema financeiro internacional ou ao Fundo Monetário Internacional. A diferença
entre investimentos diretos e indiretos reside no fato de os primeiros serem investimentos feitos
diretamente na produção do País, como uma empresa multinacional que se instala em território nacional.
Já os investimentos indiretos são feitos por meio de capital financeiro aplicado no país em questão, como
a compra de títulos do governo ou de ações negociadas em bolsas de valores.
Letra “D”. Veja a resposta às pergunta anteriores. Notar que esta é uma questão que, geralmente,
causa confusão, em função da definição macroeconômica de poupança externa. A rigor, o déficit em conta
corrente de um país é equivalente macroeconomicamente à sua poupança externa, isto é, se um país tem
saldo negativo entre suas exportações e importações de bens e serviços, isto significa que ele está
absorvendo poupança externa para financiar este déficit.
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a) As taxas de câmbio variam consideravelmente ao longo do tempo. A teoria mais simples para
explicar essas variações nas taxas de câmbio é a Teoria da Paridade de Poder de Compra. Tal teoria afirma
que uma unidade de qualquer moeda dada tem que poder comprar a mesma quantidade de bens em todos
os países. É neste ponto que esta teoria se assenta num princípio chamado de lei do preço único: um bem
deve ser vendido pelo mesmo preço em todas as localidades. Caso isso não ocorresse, haveria
oportunidades de lucro não exploradas. O processo de tirar vantagem das diferenças de preço em
diferentes mercados é chamado arbitragem. Suponha, por exemplo, se um dólar puder comprar mais café
no Brasil do que nos EUA, os vendedores internacionais poderiam lucrar comprando café no Brasil e
vendendo-os nos EUA. Esta exportação de café do Brasil para os EUA elevaria os preços do produto no
Brasil e os reduziria nos EUA. Esta lógica nos leva à teoria da paridade de poder de compra, segundo a
qual uma moeda tem que ter o mesmo poder aquisitivo em todos os países.
b) Como implicações, temos que a taxa de câmbio nominal entre as moedas de dois países deve
refletir os níveis de preços destes dois países. Consequentemente, os países com taxa de inflação
relativamente elevada verão sua moeda se depreciar e os países com taxa de inflação relativamente
reduzida deverão ver sua moeda se apreciar.
No curto prazo, a fixação de quotas ou tarifas realmente pode contribuir para a redução de um
déficit na balança comercial, pois desestimularia as importações. Entretanto, uma importante implicação
do regime de taxas flexíveis é que os desequilíbrios tendem a se auto-corrigir. Para entender esse
mecanismo, basta ter em mente que os importadores precisam, a princípio, comprar divisas (moeda
estrangeira) no mercado cambial para poderem adquirir os produtos importados. Com as restrições à
importação, cairia a demanda por divisas, o que levaria a apreciação da moeda nacional (o dólar, por
exemplo, ficaria mais barato). O barateamento da moeda estrangeira, num horizonte temporal maior,
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incentivaria novamente as importações, restabelecendo o nível anterior da Balança Comercial.
É interessante observar também que esse tipo de política não provoca nenhuma alteração no nível
do Investimento Líquido do Exterior no País e, tampouco, no mercado de fundos emprestáveis:
2. O nível do Investimento Líquido do Exterior
Mercado de fundos emprestáveis no País permanec eria inalterado.
Taxa de Taxa de
juros O juros
ILEP
Taxa 1
Taxa de
câmbio
Mercado
cambial
1. A fixação de quotas à importação
diminuiria as importaç ões e, portanto, a Taxa 1
demanda por moeda estrangeira, reduzindo
a taxa cambial e o déficit na balança Taxa 2
comercial do país. Entretanto, no longo
prazo esse desequilíbrio tenderia a se D
restabelecer.
Divisas
22. “Programas bem sucedidos de ajuste fiscal, ao reduzir o déficit público contribuem para aumentar as
exportações líquidas do país, diminuindo, assim, o déficit da Balança Comercial.” Avalie.
Trata-se do problema dos déficits gêmeos. Uma redução do déficit governamental eleva a
poupança doméstica. Esse aumento dos recursos disponíveis reduz as taxas de juros e diminui a entrada
de capitais no país, já que, ceteris paribus, o diferencial de juros ficou menor. A redução da oferta de
dólares conduz à elevação da taxa de câmbio e a consequente depreciação da moeda nacional. Essa
depreciação reduz as importações e aumenta a competitividade de nossas exportações reduzindo, assim,
o déficit comercial. Basta ver o gráfico abaixo:
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2. Um a taxa de juros real m enor desestimula
Mercado de fundos emprestáveis o Investimento Líquido do Exterior no País.
Taxa de Taxa de
juros O O juros
ILEP
1 2
Taxa 1
Taxa 2
Taxa de
câmbio
ILEP Mercado
cambial
Taxa 2
Taxa 1
3. Um a redução no ILEP diminui a oferta de
moeda estrangeira no mercado cambial, o
que contribui para um aumento da taxa de D
câmbio, fac ilitando as exportações,
diminuindo o déficit na balança comercial.
Divisas
23. Durante a crise asiática, em 1997, o governo brasileiro aumentou fortemente as taxas de juros tendo sido, por
isso, duramente criticado por alguns setores da sociedade que alegavam o conhecido efeito recessivo dessas
medidas. Com base nos conhecimentos adquiridos no curso explique algumas das possíveis razões que teriam
levado o governo a adotar essa política.
Uma possível razão foi o fato de o governo precisar atrair capitais (com o aumento do diferencial
entre a taxa de juros doméstica e internacional), aumentar a oferta de dólares, para uma dada demanda, e
assim reduzir a pressão sobre a taxa de câmbio, para evitar a forte depreciação da moeda brasileira, a
exemplo do que estava ocorrendo nos países asiáticos. Veja o gráfico.
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1. Um aumento nas taxas de juros nominais
Mercado de fundos emprestáveis atraem capitais do exterior, aumentando o
Taxa de Investimento Líquido do Exterior no País.
Taxa de
juros O O juros
ILEP1
1 2
ILEP2
Taxa 1
Taxa 2
Taxa de
câmbio
Mercado
cambial
ILEP
Taxa 1
Taxa 2
3. Ao mesmo tempo, o ILEP provoca um
fluxo de moeda estrangeira para o mercado
cambial, contribuindo para um aumento da D
oferta e, portanto, uma diminuição da taxa
de câmbio, o que facilita as importações e
Divisas
diminui as exportações.
Na década de 90, o Brasil e a Argentina adotaram estratégias de combate à inflação que tinham como um
[de seus] ingredientes a estabilização da taxa de câmbio. Ao redor do final da década, ambos os países foram
forçados a abandonar esse regime cambial. Sobre as diferentes políticas cambiais, é correto afirmar que:
A) com a taxa de câmbio fixa, e na ausência de políticas de esterilização no mercado aberto, os movimentos de
reservas internacionais não alteram a base monetária.
B) a livre flutuação implica comprometimento das reservas internacionais oficiais com as transações internacionais
do setor privado.
C) no regime de bandas cambiais, as reservas internacionais oficiais podem vir a ser utilizadas nos pagamentos
internacionais do setor privado.
D) regimes de câmbio livremente flexível são mais propensos a ataques especulativos contra as reservas oficiais.
Letra “C”. Em um regime de bandas cambiais o governo pode atuar de forma a evitar que grandes
choques no câmbio alterem substancialmente o patamar dos preços e da produção econômica e, para tal,
faz uso das reservas internacionais. O erro das letras B e D está em afirmar que num regime de câmbio
flexível há maior vulnerabilidade das reservas oficiais com a flutuação do câmbio. Já na letra A incorre-se
em erro ao afirmar que a variação das reservas não altera a base monetária (ou seja, a soma do total de
dinheiro em poder do público, da caixa dos bancos comerciais e dos depósitos destes no Banco Central).
Se há aumento de reservas, a compra de moeda estrangeira pelo Banco central excede as vendas e,
portanto haverá um aumento na base monetária (e o inverso quando houver redução nas reservas).
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25. INSTITUTO RIO BRANCO [2003 – nº29]
A) Se o investimento doméstico excede a poupança doméstica, então, o investimento líquido [do exterior no
país] é positivo e a economia apresenta um excedente na balança comercial.
Errado. A primeira parte da assertiva está certa. O erro reside na segunda conclusão. Apesar de o
investimento líquido do exterior no país ser realmente positivo, isso significa que o saldo da balança
comercial é negativo pois, conforme visto na questão 13, essa entrada de capitais (ILEP) terá um montante
igual ao valor dos gastos das importações líquidas (- EL).
B) De acordo com a hipótese da paridade do poder de compra, a longo prazo, a taxa de câmbio [nominal]
entre duas moedas nacionais quaisquer deve refletir o diferencial de inflação existente entre essas duas
economias.
Certo. A hipótese da Teoria da Paridade do Poder de Compra é que a taxa de câmbio real seja
constante, sendo a taxa de câmbio real igual a Taxa Nominal x (Preços Externos / Preços Internos ).
Segue-se que, para manter fixa a taxa real, a taxa nominal deverá refletir o diferencial de preços entre os
dois países.
C) Em uma economia globalizada, taxas de juros elevadas em um país, ceteris paribus, atrairão mais capital
estrangeiro, provocando a apreciação da moeda nacional e a expansão das exportações e do PIB.
Errado. A atração de capital estrangeiro aumenta a oferta de dólares, o que realmente provoca a
apreciação da moeda nacional. Entretanto, tal apreciação leva a uma contração, e não expansão, das
exportações e do PIB.
26. (Instituto Rio Branco, 2003) Explique como o financiamento da guerra no Iraque, mediante o aumento
substancial do déficit público americano, pode reduzir o investimento em outros países.
Para demonstrarmos a validade da assertiva, devemos partir da identidade macroeconômica
fundamental: DA=RA.
A demanda agregada (DA) é composta por gastos em consumo (C), investimentos (I), gastos do
governo (G) e exportações (X). A renda agregada (RA) é a soma dos gastos em consumo, da poupança
privada (Sp), dos gastos com impostos (T) e das importações (M). Igualando as duas equações, temos
que:
(G-T) = (Sp – I) + (M – X)
1 2 3
O déficit público americano (1) deve ser financiado por aumento proporcional da poupança privada
ou do déficit externo (3, que é a poupança externa). O aumento da poupança externa para financiar
incremento do déficit público americano significa que países outros estão transferindo poupança para
sustentar o esforço de guerra dos EUA. A questão está correta em ressaltar que o déficit pode ser
financiado por poupança externa, já que um incremento na poupança privada seria outra opção.
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Do ponto de vista dos outros países, temos que, partindo da igualdade DA=RA, o investimento
pode ser traduzido na seguinte fórmula:
I = Sp + (T - G) + (M - X)
Sg Se
Ora, se a poupança externa desses países diminui (pois estão financiando o esforço de guerra dos
EUA), haverá redução no nível de investimento, caso não haja compensação pela poupança do governo ou
privada.
(E) No modelo ricardiano das vantagens comparativas, o papel desempenhado pelas economias de escala na
produção é fundamental para o entendimento das razões do comércio entre países.
(C) Em presença de um sistema de taxas de câmbio fixas, a solução de crises no balanço de pagamentos exige
ajustamentos consideráveis nas políticas econômicas domésticas.
(E) Em economias pequenas, cuja taxa de câmbio é flutuante, as políticas fiscais são particularmente eficazes,
porque a expansão das despesas públicas, ao reduzir a taxa de câmbio, contrai as importações e aumenta a
produção doméstica.
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