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AGG-309 Evolução de Dinâmica Interna da Terra

FUNDAMENTOS SOBRE ESTRUTURA


ATÔMICA E NUCLEAR

Introdução madas de átomos (a palavra átomo


tem origem grega que significa indi-
Os elementos químicos são as visível). Átomo é a menor partícula
substâncias mais fundamentais nas de um dado elemento que mantém
quais a matéria pode ser separada por todas as suas propriedades quími-
meio de métodos químicos. Cada e- cas.
lemento é identificado por um sím- Toda a matéria é constituída por
bolo, como H para hidrogênio e Si átomos, os quais são constituídos de
para silício. prótons (que possuem carga elétrica
A origem do nome dos elementos positiva), elétrons (que possuem car-
químicos é diversa, sendo que uma ga elétrica negativa) e nêutrons (que
grande parte deriva do latim, como não possuem carga elétrica) Para
por exemplo, o sódio (Na), que é manter a neutralidade elétrica, o nú-
proveniente da palavra natrium. Ou- mero de prótons deve ser igual ao
tras são provenientes do grego, como número de elétrons. (Fig.1, Fig. 1.1,
por exemplo, o fósforo (P) que é de- Fig. 1.2 e Fig. 1.3)
rivado de phosphoros, cujo signifi- Os prótons e nêutrons são densos
cado é “aquele que brilha”, já que e localizam-se no núcleo dos átomos.
este elemento sofre combustão es- Portanto, o núcleo contém quase toda
pontânea, quando exposto ao ar, libe- a massa do átomo. Os prótons dão ao
rando P2O5 (fumaça branca e densa). núcleo uma carga positiva e o núme-
Há ainda outros elementos, cujos ro de prótons no núcleo de um á-
nomes homenageiam cientistas fa- tomo é denominado de número a-
mosos (Es – eistênio (em homena- tômico, sendo geralmente represen-
gem a Einstein); Fm – Férmio (em tado pelo símbolo Z. É o número de
homenagem a Enrico Fermi); Gd – prótons que dá ao átomo suas carac-
gadolínio (em homenagem a Gadolin terísticas físicas, sendo também o
descobridor do elemento ítrio)), paí- que diferencia um elemento químico
ses (Fr – frâncio; Po – polônio), ci- de outro.
dades (Bk – berquélio), etc.
A soma do número de prótons e
nêutrons presentes em um núcleo
Átomos atômico é denominada de número
de massa, sendo geralmente repre-
Os elementos químicos puros são sentado pela letra A.
constituídos por um grande número Os elétrons são muito mais leves
de partículas idênticas que são cha- e bem menores do que os prótons e

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nêutrons (a massa de um elétron é mente) também não ocorrem natu-


apenas de 1/1840 da massa de um ralmente.
próton). Os elétrons circundam con- O átomo de hidrogênio é o mais
tinuamente o núcleo dos átomos, em simples de todos, pois tem apenas
órbitas específicas, em uma região um próton formando o seu núcleo
denominada de eletrosfera. (seu número atômico é um) e um elé-
O diâmetro dos átomos chega a tron orbital. Entretanto o número de
ser cerca de 100.000 vezes maior do nêutrons presentes em seu núcleo
que o dos respectivos núcleos. As varia de zero a dois. A forma mais
órbitas dos elétrons são agrupadas comum do hidrogênio (hidrogênio
em sete camadas, convencionalmente leve) é aquela na qual o número de
indicadas pelas letras K, L, M, N, O, nêutrons é zero. As outras formas,
P e Q, sendo K a mais interna e Q a com um nêutron e dois nêutrons no
mais externa. Cada camada pode núcleo, são mais raras, sendo deno-
conter um limite máximo de elétrons. minadas de deutério e trítio, respec-
A camada K tem duas órbitas, a L tivamente. Portanto, o hidrogênio
contém 8, a M contém 18, as cama- apresenta três isótopos naturais (to-
das N e O contém 32 órbitas cada dos têm mesmo número atômico Z,
uma, a camada P possui 18 órbitas e mas cada um possui diferente núme-
a Q apenas duas. As camadas são ro de massa A).
preenchidas a partir do núcleo e em Os átomos de elementos quími-
cada órbita há apenas um elétron. cos distintos que possuem o mesmo
(Fig.2, Fig. 2.1, Fig. 2.2, Fig. 2.3, número de massa A são denomina-
Fig. 2.4, Fig. 2.5 e Fig. 2.6) dos de isóbaros. Por exemplo, os á-
Na natureza, existem 90 tipos na- tomos de 87Rb e 87Sr são isóbaros. Os
turais de átomos, com diferentes pro- átomos de elementos que apresentam
priedades químicas. Há também al- o mesmo número de nêutrons são
guns elementos químicos que foram denominados de isótonos.
sintetizados através de reações nu-
cleares. Estes elementos são denomi-
Configuração Eletrônica e
nados de transurânicos e possuem
número atômico superior a 92 (nep- Reações Químicas
túnio - Np, plutônio - Pu, amerício -
Am, cúrio - Cm, berquélio - Bk, cali- As reações químicas são intera-
fórnio - Cf, eistênio - Es, férmio - ções entre átomos, de dois ou mais
Fm, mendelévio - Md, nobélio - No, elementos químicos, que ocorrem em
laurêncio - Lw, ruterfórdio - Rf, certas proporções fixas, de modo a
dúbnio - Db, seabórgio - Sg, bóhrio - produzir novas substâncias químicas.
Bh, hássio -Hs e meitenério - Mt). O Por exemplo, quando dois átomos de
tecnécio (Tc) e o promécio (Pm) em- hidrogênio se combinam com um á-
bora possuam números atômicos me- tomo de oxigênio, há a formação de
nores (Z = 43 e Z = 61, respectiva- uma molécula de água (H2O), que
apresenta características físicas e

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químicas completamente distintas mente neutro, pois a carga positiva


daquelas dos átomos que a origina- do íon Na+ é balanceada pela do íon
ram. Cl-.
A configuração eletrônica de um Uma vez que em átomos neutros
átomo é o fator determinante para o o número de prótons é igual ao nú-
seu comportamento químico, ou seja, mero de elétrons, cada elemento
o tipo de reação química que este á- químico possui também diferente
tomo poderá fazer com o(s) de ou- número de elétrons. Portanto, o nú-
tro(s) elemento(s). Isto se deve ao mero atômico de um elemento, indi-
fato de que as combinações entre á- ca como será a reação química com
tomos de diferentes elementos, ou outros elementos.
até mesmo de um único elemento,
ocorrem principalmente pelas intera-
ções entre os elétrons das camadas A Tabela Periódica
mais externas dos átomos.
Portanto, para se compreender o Várias tentativas foram efetuadas
que ocorre nas reações químicas é para classificar e agrupar os elemen-
fundamental saber como os elétrons tos químicos. A classificação adota-
estão distribuídos nas eletrosferas da hoje é a elaborada por Mendeleev
dos átomos envolvidos. em 1869. De acordo com essa propo-
sição, os elementos são organizados
Íons: cátions e ânions em um quadro, por ordem crescente
de massa atômica, de modo que os
Nas reações químicas os elétrons
elementos de uma mesma família
das camadas mais externas podem
(coluna) apresentem propriedades
interagir de diferentes formas. Por
químicas semelhantes, devido ao fato
exemplo, na reação entre Na e Cl,
de apresentarem a mesma configura-
que forma o sal cloreto de sódio (Na-
ção eletrônica na camada de valên-
Cl), o átomo de sódio perde um elé-
cia. Elementos pertencentes a um
tron de sua camada mais externa, en-
mesmo período (linha), possuem re-
quanto o de cloro ganha um elétron
gularidade na variação de suas pro-
em sua camada exterior.
priedades físicas. (Fig.3)
Nesses processos, após ganhar ou
Na tabela periódica, os átomos de
perder elétrons, os átomos do novo
um mesmo elemento (mesmo número
composto químico formado não são
atômico Z) e com diferentes números
mais eletricamente neutros. No e-
de massa (A), ocupam o mesmo lu-
xemplo anterior, os átomos de sódio
gar. Esta é a origem da palavra isó-
e cloro, passam a ser íons desses e-
topo, que em grego significa “mes-
lementos, com carga elétrica +1 e -1,
mo lugar” (isos = mesmo e topos =
respectivamente. Os íons positivos
lugar), ou seja, isótopos ocupam o
são denominados de cátions (Na+) e
mesmo lugar na tabela periódica.
os íons negativos (Cl-) são denomi-
nados ânions. O sal NaCl é eletrica-

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Existem na tabela periódica, as dade é que esses não metais compar-


famílias A e as famílias B. Os ele- tilhem os elétrons até conseguirem
mentos que constituem a família A, que a camada de valência de ambos
são denominados elementos repre- os átomos em ligação seja preenchi-
sentativos, e seus elétrons mais e- da.
nergéticos estão situados em sub- Em geral, átomos com 3 elétrons
níveis s ou p. Nas famílias A, o nú- na camada de valência tendem a
mero da família indica a quantidade perdê-los formando cátions, como
de elétrons na camada de valência. Já por exemplo, Al3+, enquanto aqueles
os elementos da família B são deno- com 4 elétrons têm a tendência em
minados genericamente elementos partilhá-los de modo a preencher a
de transição. Uma parte deles ocupa camada de valência.
o bloco central da tabela periódica,
de IIIB até IIB, e apresenta seu elé- A primeira coluna do lado direito
tron mais energético em sub-níveis d. é formada pelos gases nobres, que
A outra parte deles está localizada no correspondem a átomos cujas cama-
corpo central da tabela, constituindo das exteriores estão completamente
as séries dos lantanídeos e dos acti- preenchidas.
nídeos. O elétron mais energético Desde 1984 a União Internacio-
está contido em sub-nível f. Os lan- nal de Química Pura e Aplicada pas-
tanídeos e actnídeos são conjunta- sou a adotar números de 1 a 18 para
mente chamados de elementos de designar as famílias. Desta forma, a
transição interna. família IA passou a ser denominada
Nas duas primeiras famílias, lo- apenas de família 1, a família IIA
calizadas do lado esquerdo da tabela passou a ser 2, a família IIIB passou
periódica, situam-se os metais alcali- a ser 3, a família IB passou a ser 11 e
nos (família IA; com um elétron na assim por diante.
camada mais externa da eletrosfera)
e os metais alcalino-terrosos (família
IIA; com dois elétrons na camada de Ligações Químicas
valência), os quais possuem a ten- A grande diversidade de substân-
dência em formar cátions (perder elé- cias que existem na natureza deve-
trons), como por exemplo, Na+, K+ e se à capacidade de combinação dos
Ca2+. átomos de um mesmo elemento ou
Os não metais (localizados na de elementos diferentes. As combi-
parte direita da tabela periódica, fa- nações entre os elementos ocorrem
mílias VA, VIA e VIIA, contendo 5, de algumas maneiras: pela perda,
6 ou 7 elétrons, respectivamente, na pelo ganho ou, também, pelo sim-
camada de valência podem ganhar ples compartilhamento de elétrons
elétrons até que essa camada seja da última camada de valência do
preenchida, formando ânions (ao ga- átomo. Com isso, as forças que u-
nhar elétrons), como por exemplo nem átomos formando moléculas,
N3-, O2- Cl- e F-. Uma outra possibili-

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agrupamentos de átomos ou sólidos Os núcleos atômicos


iônicos, são denominadas ligações
Considerando que os prótons são
químicas.
cargas positivas, para que os núcleos
sejam estáveis deve haver então al-
Os tipos de ligações químicas en- guma outra força de atração, que seja
tre os átomos são: muito mais intensa do que a repulsão
Ligação Iônica: Ocorre entre íons coulombiana.
positivos (cátions) e negativos (â- Forças nucleares de atração (ou
nions) e é caracterizada pela existên- forças fortes) que atuam tanto em
cia de forças de atração eletrostática prótons, como em nêutrons são as
entre estes íons. Nesta ligação, há responsáveis pela existência dos nú-
transferência de um ou mais elétrons cleos atômicos. Estas forças atrativas
de um átomo para o outro (Fig. 4). atuam somente em distâncias muito
Ligação Covalente ou Molecular: pequenas, da ordem de grandeza dos
Este tipo de ligação ocorre quando os diâmetros nucleares, sendo suficien-
átomos envolvidos tendem a receber temente intensas para contrabalançar
elétrons. Como é impossível que to- a repulsão elétrica entre prótons.
dos os átomos recebam elétrons sem (Fig.7).
ceder nenhum, eles compartilham Quando a força de repulsão cou-
seus elétrons, formando pares eletrô- lombiana é maior do que a de força
nicos. Cada par eletrônico é constitu- nuclear forte de atração, o núcleo
ído por um elétron de cada átomo e emite partículas e/ou radiação ele-
pertence simultaneamente aos dois tromagnética para atingir a estabili-
átomos. Como não ocorre nem perda dade. (Fig. 8) Esse processo é deno-
nem ganho de elétrons, formam-se minado de radioatividade.
estruturas eletricamente neutras, de-
nominadas moléculas. Por este mo-
tivo, essa ligação também é denomi-
Bibliografia
nada molecular (Fig. 5).
PRESS, F. & SIEVER, R. (1997).
Ligação metálica: Os metais possu- Understanding Earth, cap.2.
em a tendência de perder elétrons da
última camada, formando cátions. SKINNER, B.J. & PORTER, S.C.
Estes íons positivos são unidos pelos (1995). The Dynamic Earth: an in-
elétrons que se movem livremente troduction to physical geology,
entre eles. Os orbitais das camadas cap.2.
de valência se interpenetram em to-
das as direções formando uma “nu-
vem eletrônica” que abrange todo o
sólido cristalino. Esta característica
faz com que os metais sejam exce-
lentes condutores de eletricidade e
calor (Fig. 6).

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Fig.1 Partículas do Átomo

Fig 1.1 Estrutura do Átomo


O átomo é constituído por um núcleo muito denso, carregado positivamente,
onde se concentra praticamente toda a massa. Ao redor desse centro positivo, en-
contram-se os elétrons, distribuídos espaçadamente. Modelo similar ao sistema
solar, onde o Sol seria o núcleo, e os planetas, os elétrons.

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Fig.1.2. Corte dimensional da estrutura atômica.

Fig. 1.3. Representação de modelos atômicos.


a) geométrica, onde os orbitais são trajetórias geométricas percorridas por elé-
trons; b) quântica, onde os orbitais são representados por nuvens envolvendo o
núcleo, onde para cada posição geométrica existe uma probabilidade associada
de encontrar o elétron.

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Os elétrons estão distribuídos na eletrosfera em níveis e subníveis energéti-


cos (camadas e subcamadas eletrônicas, respectivamente):

Camadas K L M N O P Q

Níveis Energéticos 1 2 3 4 5 6 7

Energia crescente.
Fig2. Camadas e Níveis Energéticos

Subníveis de Energia
s p d f

Fig2.1. Subníveis Energéticos

De acordo com esses dados, temos os seguintes níveis e respectivos subní-


veis:
Níveis de Energia 1 2 3 4 5 6 7
Subníveis de Energia s s, p s, p, d s, p, d, f s, p, d, f s, p, d s

Cada tipo de subnível apresenta uma determinada quantidade máxima de elétrons:


s=2 p=6 d = 10 f = 14
Fig2.2. Níveis e Subníveis Energéticos

Subnível Representação do Número Máximo de Elétrons


Nível No subnível No nível
1 1s 1s2 2
2 2s 2p 2s2 2p6 8
3 3s 3p 3d 3s2 3p6 3d10 18
4 4s 4p 4d 4f 4s2 4p6 4d10 4f14 32
5 5s 5p 5d 5f 5s2 5p6 5d10 5f14 32
6 6s 6p 6d 6s2 6p6 6d10 18
7 7s 7s2 2
Fig. 2.3. Distribuição Eletrônica dos Átomos.

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Fig. 2.4. Diagrama de Distribuição de Ener-


gia de Linus Pauling

Fig. 2.5 Estrutura Eletrônica do Átomo

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Fig. 2.6. Diagrama de Linus Pauling para distribuição dos elétrons segun-
do os níveis de energia.

Fig. 3 Tabela Periódica.

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Fig. 4 Ligações iônicas.

Fig. 5 Ligações covalentes.

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Fig. 6 Ligações metálicas.

Interação nuclear forte

Interação nuclear
fraca

Fig. 7 Forças Nucleares.

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Fig. 8 Instabilidade nuclear.

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