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Centro Universitário Metodista do Sul IPA

CURSO DE ENFERMAGEM
Acadêmicos de Enfermagem do 5º Semestre
Prfª. Orientadora Enfª. Daiane Dal Pai

Estudo de Caso: Cuidados de Enfermagem


para Pacientes Traqueostomizado

Carla Rangel
Hermenegildo
Jucileide Gomes
Maria Berenice
Roberto Vieira
Sônia Vieira

Porto Alegre
Novembro 2007
RESUMO

Nosso trabalho é baseado num estudo de caso que teve como objetivo
analisar a fundo os cuidados específicos de paciente que faz uso de uma
traqueostomia e os riscos e benefícios que ela causa.
Nosso paciente em análise é um senhor de 68 anos, ex-tabajista, internou
numa unidade hospitalar com dor ao deglutir, suspeita de câncer (CA) de laringe.
Após exames mais detalhados, foi constatado que se tratava de uma
neoplasia maligna de laringe. Foi realizada cirurgia, onde foram feitas uma
laringectomia total e uma tireoidectomia.

Palavras Chaves: subjetivo, objetivo, diagnóstico e conduta.


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JUSTIFICATIVA

Nosso trabalho visa mostrar os cuidados de enfermagem em um paciente


que apresentava uma neoplasia de laringe onde foi feita a retirada total da laringe
e consecutivamente a retirada da glândula da tireoide por metástase causando
assim, vários desconfortos como a dificuldade para se comunicar e respirar.
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1. INTRODUÇÃO

Em uma conversa que tivemos com a acompanhante do paciente. a


esposa, ela nos relatou que ele não dormia direito à noite, “ele sente muita falta de
ar, depois que vocês aspiraram ele, ficou bem melhor para respirar, desde ontem
de manhã ninguém veio aspirar ele”. Esposa também relatou “ele está cansado e
a vontade dele é querer ir para casa”. “Ele se sente mal porque quer falar e não
consegue dizer nada, está agoniado”.
Em nosso objetivo constatamos que o paciente estava lúcido, orientado e
consciente, acamado, pouco receptivo, fazia uso de uma sonda nasoentérica
(SNE), traqueostomizado, tinha uma ferido operatória (FO) na região do pescoço
apresentando uma fístula com bastante secreção sem coloração e nem cheiro,
uso de cateter nasal com oxigênio a 2 litros na traqueostomia, acesso venoso em
membro superior direito (MSD), fazendo uso de fraudas, início de úlceras de
pressão em região sacra e trocantérica esquerda, eliminações espontâneas e
normais, região escrotal e perineal com dermatite.
Após termos identificados à patologia e condições que fazem com que
coloquem o paciente aos cuidados de enfermagem específica, nos sugerem que
se trata de um paciente com um potencial de riscos grande e que requer cuidados.
Com base nos Diagnósticos de Enfermagem que a Capenito nos definiu, é
que poderemos analisar nossa conduta em relação a cada particularidade de
nosso paciente em questão. Sugerimos como diagnósticos de enfermagem:
⇒ Risco para lesão na região nasal devido a SNE instalada, na traqueostomia
e à própria cânula da traqueostomia, e também na região sacra e perianal;
⇒ Risco para aspiração e sufocação devido à secreção em excesso;
⇒ Nutrição desequilibrada menos que as necessidades corporais devido a
alimentar-se através de sonda;
⇒ Deglutição prejudicada e dentição prejudicada por alimentar-se apenas por
sonda;
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⇒ Risco de integridade da pele prejudicada devido a início de úlceras de
pressão;
⇒ Risco para infecção devido a traqueostomia e fístula causada na FO;
⇒ Manutenção do lar prejudicada;
⇒ Mobilidade física prejudicada;
⇒ Mobilidade no leito prejudicada devido ao quadro delicado e a falta de ar
que sente;
⇒ Risco para função respiratória prejudicada;
⇒ Incapacidade de manter a ventilação espontânea;
⇒ Padrão respiratório ineficaz devido à falta de aspiração seguida na
traqueostomia facilitando sua respiração;
⇒ Conforto prejudicado devido a não poder ficar por muito tempo em outra
posição a não ser na posição dorsal;
⇒ Ansiedade devido à vontade de ir embora para sua casa;
⇒ Comunicação verbal prejudicada;
⇒ Interação social prejudicada devido a não aceitação da do seu quadro
clínico.

Em nossa conduta, percebemos que:


⇒ aspirar a traqueostomia seria sempre uma ação necessária;
⇒ realizar a higiene da traqueostomia e cuidados;
⇒ realizar curativo e troca do cadarço sempre que necessário,
⇒ proteger proeminências ósseas;
⇒ cuidados de enfermagem.
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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 TRAQUEOSTOMIA

2.1.1 Conceito:

Traqueostomia é um procedimento cirúrgico ao nível do pescoço que


estabelece um orifício artificial na traquéia, abaixo da laringe, indicado em
emergências e nas intubações prolongadas. O objetivo é não prejudicar as cordas
vocais do paciente ao passar o tubo de ar.

2.1.2 Indicações:

Atualmente a traqueostomia, não é o procedimento de escolha no manejo


da obstrução aguda das vias aéreas. Hoje em dia, a sua principal utilização é no
manejo de pacientes que necessitam períodos prolongados de suporte ventilatório
mecânico.

2.1.3 Cuidados ao manuseio com a traqueostomia:

⇒ Uso de avental, máscara e óculos, se suspeitam de processo infeccioso


pulmonar ou HIV+;
⇒ Atenda o portador de traqueostomia colocando-se ao seu lado, evite deixar
seu rosto à frente do estoma, o paciente pode apresentar episódio de tosse
inesperado;
⇒ Oriente-o quanto aos cuidados durante a tosse;
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⇒ Mantenha toalhas ou lenços de papel ao alcance do paciente e também um
recipiente ou saco descartável para receber lenços ou toalhas utilizados.

2.1.4 Diagnósticos de Enfermagem:

⇒ Comunicação verbal prejudicada;


⇒ Risco de integridade da pele prejudicada;
⇒ Integridade tissular prejudicada (mucosa traqueal);
⇒ Risco de lesão e infecção;
⇒ Risco de sufocação e aspiração;
⇒ Desobstrução ineficaz das vias aéreas

2.1.5 Cuidados de Enfermagem:

⇒ Técnica asséptica nos procedimentos envolvendo o estoma (curativo,


limpeza e fixação da cânula, aspiração);
⇒ Manter curativo e fixador da cânula limpos e secos;
⇒ Manter ambiente arejado;
⇒ Evitar penetração de água, pêlos e partículas durante higienização;
⇒ Avaliar presença de secreções nas vias aéreas inferiores, e providenciar
sua eliminação quando necessário (tosse, drenagem postural, fisioterapia
respiratória e /ou aspiração);
⇒ Uso de máscara pelos profissionais ou visitantes que estejam com
processos infecciosos respiratórios;
⇒ Evitar locais fechados e aglomerações.
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Aspiração traqueal: trata-se de um procedimento invasivo a ser realizado
quando constada a presença de secreção e a incapacidade do paciente em
eliminá-la por meio da tosse.

2.2 ÚLCERAS DE PRESSÃO

2.2.1 Conceito:

Úlceras de pressão são lesões, feridas, produzidas pela falta de circulação


sanguínea em várias partes do corpo, onde estas exercem uma certa pressão
contínua em pacientes que permanecem acamados, na maioria das vezes, por
longos períodos, provocando assim, trombose capilar e prejudicando a nutrição
da região sob compressão.

2.2.2 Fases de evolução:

1. eritema (vermelhidão);
2. edema (inchaço);
3. isquemia (irrigação sanguínea deficiente);
4. necrose (morte dos tecidos).

2.2.3 Principais fatores de risco para o desenvolvimento:

⇒ limitação dos movimentos;


⇒ estados nutricionais debilitados;
⇒ nível de consciência comprometido;
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⇒ perda da sensibilidade tátil e /ou térmica;
⇒ umidade (paciente muito tempo molhado por suor, urina e fezes);
⇒ falta de asseio;
⇒ excesso de calor ou frio;

2.2.4 Cuidados de Enfermagem na prevenção:

⇒ Observar qualquer alteração da pele;


⇒ Cuidado constante com a higiene do paciente;
⇒ Proteção das proeminências ósseas;
⇒ Massagem para conforto e circulação da pele;

2.2.5 Tratamento:

Geralmente o tratamento vem a partir das medidas preventivas.

COMO EVITAR AS ÚLCERAS DE PRESSÃO?


Evitar as úlceras de pressão é um grande desafio para as equipes de
saúde. É comum associarem a presença das úlceras como consequência negativa
da assistência de enfermagem. Entretanto esta questão é discutida mundialmente,
pois o aparecimento das úlceras envolve outros fatores como:
declínio das condições físicas do paciente;
falência das condições nutricionais, deficiência de vitaminas, proteínas e água
nos tecidos;
idade, quando a pele torna-se mais frágil e propensa a desenvolver lesões;
indivíduos muito emagrecidos ou muito obesos; etc.
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Todas as medidas preventivas utilizadas, tanto no atendimento hospitalar
como no domiciliar, e a úlcera de pressão atingir o paciente, os tratamentos são os
mais diversos e sempre devem ser feitos levando em consideração o paciente
como um todo. Devem ser avaliados os fatores internos e externos que levaram
ao aparecimento das lesões e trabalhar em conjunto com todos os profissionais
que atuam para a saúde do paciente (enfermeiros, auxiliares de enfermagem,
médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais e psicólogos).

2.3 SONDA NASOENTÉRICA (SNE)

2.3.1 Conceito:

A nutrição enteral é definida como um alimento para fins especiais, com


ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição
definida ou estimada, especialmente formulada e elaborada para uso por sondas
ou via oral, industrializada ou não, utilizada para substituir ou complementar a
alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades
nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese ou
manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas.

2.3.2 Cuidados com a via de administração:

Conforme a via utilizada, são necessários cuidados específicos, tanto locais


como gerais.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos Diagnósticos de Enfermagem que a Capenito nos definiu, é


que poderemos analisar nossa conduta em relação a cada particularidade de
nosso paciente em questão. Em nossa conduta, percebemos que aspirar a
traqueostomia seria sempre uma ação necessária e junto realizando a higiene e
os cuidados que exigem na traqueostomia, como também o curativo na FO,
proteger as proeminências ósseas evitando as úlceras de pressão e os cuidados
de enfermagem na prevenção de dermatites.
Com base em todo os estudos e pesquisas que realizamos para concluir
esse trabalho, a nossa avaliação e diante dos Diagnósticos da Carpenito,
podemos chegar à conclusão de que os cuidados que devemos ter com o nosso
paciente, específicos da sua patologia ou decorrentes, são imprescindíveis para
sua melhora da saúde e reabilitação.
Esse cuidado tem que ser contínuo, e que por muitas vezes é
negligenciado. Vale lembrar também que, dar uma atenção especial, apoio
psicológico, conversar com o paciente, saberem quais suas prioridades, tirar suas
dúvidas em relação ao seu diagnóstico, ficar a disposição para ouvi-lo, aos
familiares uma orientação de como proceder diante de tanta mudança em suas
vidas, de como lidar com a situação, como adaptar o seu cotidiano a nova vida.
Para esse paciente é como se estivesse nascendo novamente, tudo será novo
diante de sua nova perspectiva de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPEDELLI, Maria C.; GAIDZINSKI, Raquel R. Escara: Problema na


hospitalização. Série Princípios.
CARPENITO, L. J. M. Manual de Diagnóstico de Enfermagem. 3ª Ed.
KAWAMOTO, Emilia E.; FORTES, Júlia I. Fundamentos de Enfermagem.
EPU,1997.

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