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ESPÉCIES FORRAGEIRAS RECOMENDADAS PARA


PRODUÇÃO ANIMAL
Aníbal de Moraes; Sérgio José Alves; Marcos Weber do Canto e
Ulisses Cecato

IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DAS ESPÉCIES FORRAGEIRAS


NA PRODUÇÃO ANIMAL
INTRODUÇÃO

Escrever sobre a importância econômica das espécies forrageiras em um


país de tamanho como o Brasil parece simples, é só defrontarmos com alguns
números:
Mais de 150 milhões de hectares ocupados com pastagens.
• Um rebanho estimado em mais de 160 milhões de cabeças de
bovinos.
• Somente o setor de sementes de forrageiras perenes deve
movimentar mais de 200 milhões de reais anualmente.
• Milhares de toneladas de carne.

Por outro lado, é também uma grande responsabilidade escrever sobre o


tema. Pelo menos dois aspectos diferentes da forragicultura devem ser
ressaltados: ter permitido que a bovinocultura ocupe terras marginais e de
fronteiras, que apresentam restrições agroecológicas, sócio-econômicas, de
infra-estrutura, etc., e o grande potencial a ser explorado.
A quase totalidade das áreas de pastagens são ocupadas por gramíneas
exclusivas e grande parte encontram-se degradadas ou em vias de degradação
e com a produtividade comprometida. O manejo e a adubação deficientes
utilizados na maioria das áreas com pastagens, não tem permitido explorar
mais do que uma pequena parte do potencial genético da maioria das
cultivares disponíveis para os pecuaristas. O Brasil tem condições de ser
altamente competitivo na produção de carne e leite, desde que as tecnologias
disponíveis sejam utilizadas. Neste curso não se pretende esgotar o assunto,
que aliás é muito vasto, porém pretende-se com esta iniciativa, disponibilizar
informações para profissionais que têm o enorme desafio de ajudar o Brasil a
aumentar sua competitividade em carne e leite.
Os diversos módulos propostos pretendem dar uma idéia da
potencialidade e das dificuldades a serem enfrentadas e, com certeza, as
reuniões previstas serão uma excelente oportunidade de interação entre
profissionais que atuam na área, com benefício para todos.

UMA BREVE VISÃO HISTÓRICA

A pecuária bovina na América Latina é uma atividade recente quando


comparada com África e Ásia, onde a atividade tem milhares de anos. Os
bovinos foram introduzidos no Continente no século XVI pelos conquistadores
2

europeus. A bovinocultura assume especial importância econômica no Brasil


por:
1) O volume de recursos que utiliza, principalmente terra e capital
(gado).
2) Sua importância na dieta como fonte de proteína e a
participação significativa de carne e leite no gasto familiar em alimentos.
3) Uma demanda interna de carne e leite reprimida pela falta de
condições financeiras de boa parte da população.
4) O potencial de produção e a possibilidade de obtenção de
divisas no mercado internacional.
Até o século 19 a atividade se desenvolveu principalmente em pastagens
nativas para a produção de carne e couro e em pequenas áreas de pastagens
cultivadas para a produção de leite próximo aos centros urbanos. O couro era
muito valorizado para a confecção de calçados. Nesta fase haviam restrições
ao transporte e a conservação dos derivados, sendo a carne comercializada
principalmente desidratada (carne seca) ou com o deslocamento dos animais
para abate próximo a cidades. Nesta fase era comum a morte de grande
quantidade de animais durante o transporte. O leite era produzido nos
arredores dos centros urbanos e comercializados “in natura”.
No século XX iniciaram-se os plantios de pastagens cultivadas em maior
escala, inicialmente propagadas vegetativamente e posteriormente com
sementes. A partir dos anos 70, com a ocupação do Brasil Central e parte da
Amazônia, expandiu-se a utilização de pastagens cultivadas. A disponibilidade
de terras e de crédito a baixo custo, aliadas a disponibilidade de sementes de
Brachiaria decumbens cv. Basilisk, possibilitou a formação de milhares de
hectares de pastagens. A introdução e difusão da braquiária decumbens nos
anos 70 teve grande impacto na produção pecuária na região dos Cerrados,
possibilitando a ocupação de extensas regiões de solos ácidos, porém a falta
de diversidade genética, com grandes áreas ocupadas por apenas um
genótipo, possibilitou severos ataques de cigarrinha das pastagens.
A abundância de terras favoreceu o desenvolvimento de uma
bovinocultura extensiva, de baixa produtividade e risco, baseada na exploração
de pastagens. Apesar do grande potencial de produção da maioria das
espécies forrageiras tropicais, persiste em nosso meio, a idéia por parte da
maioria dos produtores, da exploração de pastagens em áreas marginais, sem
adubação e com manejo deficiente.

O CASO DO PARANÁ – UM EXEMPLO

As pastagens e os rebanhos bovinos que estas sustentam são uma parte


importante da Agricultura do Estado do Paraná. Conforme a revisão feita por
PELLINI (1996), o Paraná possuía em 1990, conforme resultados preliminares
do IBGE, 9.084.583 cabeças de bovinos, detendo o 7o maior rebanho bovino
brasileiro, e este valor corresponderia a aproximadamente 6% do rebanho
bovino do Brasil. Com relação a produção de leite, a SEAB\DERAL (1992)
relatou que em 1991 o Paraná foi o 5o maior produtor de leite no Brasil,
produzindo por volta de 1,165 bilhões de litros de leite, o quê corresponderia
aproximadamente à 8% de toda a produção de leite do Brasil. Pode-se afirmar
3

que, basicamente a produção de carne, leite e couro deste mercado são


oriundos de animais criados a pasto.
Ainda com relação a atividade pecuária, PELLINI (1996), mostrou que os
produtos primários representam 13% da arrecadação do ICMS no Paraná, no
ano de 1991, sendo o item bovinos o 4o em valor arrecadado, porém, cabe
ressaltar, que se nós levarmos em conta o “agribusiness” a participação da
produção bovina aumenta de importância pela geração de impostos e
circulação de riqueza na economia como um todo. Quanto a ocupação da
terra, a pecuária no Paraná utiliza por volta de 34,62% da área das
propriedades agrícolas deste Estado, ou 5.780.251ha (PELLINI, 1996).

O estudo feito por MORAES et al. (1995) mostrou que as pastagens


naturais ainda hoje são o principal recurso alimentar da exploração pecuária
nos estados da região Sul do Brasil, somando 71% do total das áreas
destinadas a pecuária, conforme observa-se na tabela 1.

TABELA 1 – Participação das áreas de pastagens naturais na exploração


pecuária dos estados do subtrópico brasileiro
Pastagens nativas (1000ha)
ANO RS SC PR TOTAL
1960 13.170 1.760 1.912 16.482
1970 14.078 2.088 1.809 17.975
1975 13.061 1.977 1.683 16.721
1980 12.241 1.903 1.534 15.678
1985 11.940 1.927 1.422 15.289
Anuário Estatístico do Brasil, 1985 – adaptado
Fonte: MORAES et al. (1995).

Analisando-se a tabela 1, verifica-se a grande importância das pastagens


nativas, principalmente no Estado do Rio Grande do Sul. As pastagens nativas,
no subtrópico brasileiro até 1950, praticamente eram o único recurso alimentar
da pecuária bovina. De acordo com MORAES et al. (1995), estas pastagens
nativas foi o que permitiu o ingresso das primeiras cabeças de bovinos nesta
região. Este fato ocorreu quando em 1634 o Padre Jesuíta Cristovão de
Mendoza conduziu 1500 cabeças de estâncias paraguaios, oriundas dos
primeiros rebanhos da capitania de São Vicente.
A tabela 2 mostra a participação das pastagens cultivadas na região Sul
do Brasil. Apreciando-se tabela 2, observa-se o aumento da área com
pastagens cultivadas, em todos os estados, sendo o Paraná o que apresenta
maior área com pastagens cultivadas, em torno de 4.577.000 hectares.

TABELA 2 - Participação das áreas de pastagens cultivadas na exploração


pecuária dos estados do subtrópico brasileiro.
Pastagens cultivadas (1000ha)
ANO RS SC PR TOTAL
1960 381 233 782 1.376
1970 557 379 2.700 3.636
1975 711 426 3.299 4.436
1980 1.060 587 3.986 5.633
1985 1.023 541 4.577 6.141
Anuário Estatístico do Brasil, 1985 – adaptado
Fonte: MORAES et al. (1995).
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Em áreas de pastagens, a baixa disponibilidade e qualidade de forragem


é o principal obstáculo para a produção de carne e leite na maioria das
propriedades. Regiões paranaenses que no passado apresentavam taxas
médias de lotação nas pastagens entre 2,5 e 3,0 U.A./ha, encontram-se agora
com inúmeras pastagens degradadas ou em vias de degradação e com
lotações médias de 0,8 a 1,2 U.A./ha. Dentre as causas que tem levado as
pastagens cultivadas a degradação, o esgotamento da fertilidade do solo e o
manejo inadequado das plantas, são os mais comuns (SOARES FILHO et al.,
1992) e aliados a esses fatores, o uso indiscriminado do fogo, a utilização de
monocultura forrageira (notadamente de gramíneas), o aparecimento de
plantas daninhas e o ataque de pragas e doenças (MELLA 1991). Quando o
manejo é inadequado e\ou os teores de nutrientes ficam abaixo dos níveis
críticos exigidos pelas espécies utilizadas, as plantas forrageiras definham e
observa-se um sintoma de superficialização das raízes, dando um aspecto de
compactação ao solo (MARUN & ALVES, 1995). Ao se encontrarem em
semelhante situação, muitos produtores tentam contornar o problema
substituindo a espécie forrageira por outras de menor exigência, e quase
sempre de menor valor nutritivo, como exemplo a substituição do capim
colonião pelas braquiárias no Arenito Caiuá (MARUN & MELLA, 1994). Não
menos preocupantes são os efeitos diretos ao solo, como a redução da
cobertura vegetal, aceleração do processo erosivo, redução na concentração
da matéria orgânica e a conseqüente queda na fertilidade destes solos.
Neste momento, e provavelmente ainda mais no futuro, observa-se uma
crescente necessidade de aumentar a produtividade e a competitividade
brasileira. Aumentar a quantidade e\ou a qualidade da forragem disponível
conduz a uma maior produção e produtividade animal. Existem basicamente
duas maneiras de aumentar a produtividade de plantas forrageiras: através da
melhoria do ambiente onde cresce a planta ou pela substituição da forrageira.

PASTAGENS NO PARANÁ

As pastagens nativas da região Sul do Brasil apresentam uma grande


diversidade florística, tendo uma alta participação de espécies da família das
gramíneas e reduzida participação de leguminosas. Estas pastagens nativas
caracterizam-se por ter uma redução tipicamente estacional, sendo que o
período que concentra maior produção de forragem normalmente abrange os
meses de outubro a março, o rebrote começaria no final do mês de agosto ou
no mês de setembro. Os meses restantes corresponderiam ao período de
escassez de forragem.
No Rio Grande do Sul, as pastagens nativas tem sido motivo de uma série
de estudos. MORAES et al.(1995), citam os trabalhos feitos com animais em
pastejo em pastagens nativas durante os anos 1986 – 1995, em que uma
pastagem nativa localizada na Depressão Central do Rio Grande do Sul foi
submetida a diferentes níveis de pressão de pastejo, através de ofertas de
forragem de 4,0; 8,0;12,0 e 16Kg de MS/100Kg de peso vivo(%PV) por dia. Os
resultados mostraram que estas pastagens tem potencial de atingir 150 a
180Kg de ganho de peso vivo/ha, durante o período de crescimento da
pastagem. Estes estudos evidenciaram, que nas pastagens nativas da região
da Depressão Central do Rio Grande do Sul pode-se obter um desempenho
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por animal de até 0,5Kg/animal/dia e pressão de pastejo em que a pastagem


deve ser utilizada está na faixa de 11 a 13 Kg de MS/100Kg de peso vivo/dia.
As principais espécies forrageiras de verão e de inverno juntamente com
o seu grau de importância relativa atual estão descritas nas tabelas 3 e 4.
Verifica-se pela tabela 3, que as espécies de capim colonião, braquiária
brizantha, Cynodom spp., grama missioneira, pensacola, hemártria, milheto e
papuã são as mais utilizadas. Quanto as espécies forrageiras de inverno,
observa-se na tabela 4 que o azevém, aveia preta, aveia branca, centeio,
triticale, ervilhaca, trevo vesiculoso, trevo branco, trevo vermelho e cornichão
são as espécies mais cultivadas no Estado do Paraná.

TABELA 3 – Principais espécies forrageiras cultivadas no subtrópico brasileiro.

Espécies
Nome comum PR SC RS

Gramíneas de verão Grau de importância relativa atual*

Panicum maximum Colonião ++ + +

B. brizantha Brizanta,braquiária +++ + +

B. decumbens Braquiária, decumbens + + +

B. humidicola Espetudinha, humidícula + + +

D. eriantha Pangola + + ++

Cynodon spp Estrela, Coast Cross +++ + ++

Axonopus compressus Missioneira, Jesuíta ++ +++ +++

Pennisetum clandestinum Quicuio + + +

Pennisetum purpureum Capim elefante + + +

Paspalum saurae Pensacola ++ ++ +++

Hemarthria altissima Hemartria ++ ++ +

Hyparrbenia rufa Jaraguá + - -

Setaria sphacelata Setaria + + +

Chloris gayana Rhodes + + +


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Gramíneas Anuais de Verão

Pennisetum Milheto +++ +++ +++


americanum
Sorghum spp Sorgo + + ++
Euchlaena mexicana Teosinto + + +
Brachiaria plantaginea Tapuã ++ + ++

*+ = pouco cultivada; ++ = medianamente cultivas;


+++ = muito cultivada.
Fonte: MORAES et al. (1995).

TABELA 4 – Principais espécies forrageiras de inverno cultivadas no subtrópico


brasileiro.

Espécies Nome comum PR SC R


S

Gramíneas Anuais Grau de importância relativa atual*

Lolium multiflorum Azevém +++ +++ +++

Avena strigosa Aveia preta +++ +++ +++

Avena sativa Aveia branca +++ +++ +++

Secale cereale Centeio ++ ++ +

X Triticosecale Triticale ++ ++ ++

Hordeum vulgare Cevada + + +

Gramíneas perenes de inverno

Festuca arundinaceae Festuca + + +

Bromus catharticus Cevadilha + + +

Dactylis glomerata Capim dos pomares + + +

Falaris tuberosa Falaris + + +

Leguminosas anuais de inverno


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Vicia sativa Ervilhaca, Vica ++ ++ ++

Vicia villosa Ervilhaca peluda + + +

Trifolium vesiculosum Trevo vesiculoso ++ ++ +++

Trifolium subterraneum Trevo subterrâneo + + +

Ornithopus sativus Serradela + + +

Lathyrus sativus Chícharo + + +

Leguminosas perenes de inverno

Trifolium repens Trevo branco ++ + ++

Trifolium pratense Trevo vermelho ++ ++ ++

Lotus corniculatus Cornichão ++ ++ ++

Medicago sativa Alfafa + + +

*+ = pouco cultivada; ++ = medianamente cultivas;


+++ = muito cultivada.

Fonte: MORAES et al. (1995).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

SOARES FILHO, C.V., MONTEIRO, F.A., CORSI,M.R., Recuperação de


pastagens degradadas de Brachiaria decumbens. 1. Efeitos de Diferentes
tratamentos de fertilização e manejo. Pasturas Tropicales, Cali, V. 14, n.2, p
2 – 6, 1992.
MELLA, S.C. Recuperação de pastagens. In: CURSO DE
ATUALIZAÇÃO EM PASTAGENS. (1991: Cascavel). Anais.
Cascavel: OCEPAR. 1991. P. 165 – 174.
PELLINI,T.A., Bovinocultura no Estado do Paraná: Evolução recente e
importância. In: MONTEIRO, A.L.G., MORAES, A., CORRÊA, E.A.S. et al.
Forragicultura no Paraná. Londrina: Comissão Paranaense de Avaliação de
Forrageiras. 1996. P. 1 – 14.
8

SEAB/DERAL – SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO


ABASTECIMENTO/DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL.
Acompanhamento da situação Agropecuária Municipal. Curitiba, 18(2),
fev/mar., 1992.
MORAES,A., MARASCHIN,G.E., NABINGER,C. Pastagens nos ecossistemas
de clima subtropical. In: Simpósio Sobre Pastagens nos Ecossistemas
Brasileiros: pesquisas para o desenvolvimento sustentável, 1995, Brasília.
Anais...Brasília: SB2, 1995. P. 147 – 200.
MARUN, F., MELLA, S.C., Recuperação de pastagens no Noroeste do
Paraná através da sucessão de culturas por um ano. Londrina,
IAPAR,1994. 15p. ( IAPAR – Informe da Pesquisa, 111).

GÊNERO ANDROPOGON

Andropogon gayanus Kunth var. bisquamulatus é uma gramínea tropical


originária da África Ocidental, de hábito de crescimento ereto, porte alto,
alcançando 3 m de altura, possui entrenós curtos em seus rizomas e forma
touceiras de até 1m de diâmetro. As folhas são lineares lanceoladas,
pubescentes, de até 100 cm de comprimento e 4 a 30 mm de largura. Plantas
de dias curtos com fotoperíodo critico para floração entre 12 e 14 horas,
alógama, C4, com sistema radicular profundo e bem desenvolvido, alta
resistência a seca, boa adaptação entre 0 e 980 m de altitude. A. gayanus
desenvolve-se em solos variando de arenosos à argilosos, tendo ótima
tolerância a acidez do solo, a alta saturação de alumínio e ao estresse
causado por nutrição deficiente, existindo porem registros de respostas a
adubação.
A semeadura pode ser realizada por sementes ou mudas.
Recomenda-se uma densidade de semeadura de 2 a 4 Kg de sementes puras
viáveis por hectare.
A qualidade nutricional do Andropogon pode ser considerada como
moderada, sendo que a digestibilidade média (54%) e os teores de fósforo
(0,08 a 0.14%) podem limitar a produção animal. Os ganhos de peso
alcançados em áreas de pastagens exclusivas com esta gramínea variaram
normalmente de 180 a 400 Kg P.V./ha/ano e de 90 a 140 Kg/an/ano.
Resultados de literatura encontrados, demonstram a possibilidade de
consorciação do Andropogon com as leguminosas Zornia latifolia,
Stylosanthes e Centrosema o que pode melhorar a produtividade animal.
O manejo das pastagens de Andropogon deve ser preferencialmente
rotacionado, com os animais entrando nos piquetes quando as plantas tiverem
em torno de 90 à 100 cm de altura e sendo retirados deixando um resíduo
pós-pastejo de aproximadamente 40 à 50 cm. Deve-se procurar evitar
um desenvolvimento excessivo das plantas, sendo que se este fato ocorrer,
os caules podem se tornar grossos e fibrosos, dificultando o manejo e
podendo ferir a boca dos animais.
Entre as pragas e doenças que podem causar danos as pastagens
de Andropogon destaca-se a formiga Acromirmex landolti, que pode
ocasionar a perda das plântulas durante o estabelecimento. Observa-se
também uma tendência de aumento do numero de formigueiros desta praga
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nas áreas de Andropogon, ao contrário do que ocorre em pastagens formadas


por Brachiarias.
No Brasil foram lançadas duas cultivares: Planaltina e Baetí. A
cultivar Planaltina corresponde ao acesso CIAT 621 e foi lançada em diversos
países da América Latina com os nomes de Carimaguá 1 (Colômbia), San
Martin (Peru), Sabanero (Venezuela), Veranero (Panamá) , Llanero (México) e
Otoreño (Cuba). A cultivar Baetí foi desenvolvida pela EMBRAPA/São Carlos-
SP através de seleção dentro da cultivar Planaltina e apresenta como
vantagens:
maior vigor de plântulas, desenvolvimento inicial mais rápido e rebrota
mais vigorosa.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

CENTRO INTERNACIONAL DE AGRICULTURA TROPICAL. Andropogon


gayanus Kunth: Un pasto para los suelos ácidos del trópico. Cali,
Colômbia, 1989, 406p.

GÊNERO BRACHIÁRIA

O gênero Brachiaria compreende cerca de 90 espécies e tem seu


principal centro de origem e diversificação no leste da África, com grande
diversidade morfológica e fenológica. Apesar da grande variabilidade existente,
poucos são os ecótipos utilizados comercialmente. Estima-se que existam no
país mais de 40 milhões de hectares de pastagens plantadas com gramíneas
deste gênero, dos quais aproximadamente 85 % ocupadas por B. decumbens
cv Basilisk e B. brizantha cv Marandu. Existem atualmente centenas de
ecótipos de Brachiaria em avaliação em diversas instituições brasileiras e dois
programas de melhoramento em andamento (CIAT e EMBRAPA - CNPGC), de
onde espera-se o lançamento de novas cultivares num futuro próximo.
As braquiárias utilizadas até o momento, são plantas pouco tolerantes a
baixas temperaturas, não sendo indicadas para regiões onde ocorrem geadas
fortes. A temperatura ótima para o desenvolvimento das plantas é de
aproximadamente 30 º C e temperaturas inferiores a 25 º C reduzem a sua taxa
de crescimento. As plantas deste gênero adaptam-se a variadas condições de
solo e clima, mas a sua expansão deveu-se principalmente a adaptação de
diversas cultivares a condições de solos com baixa e média fertilidade, onde
proporcionam produções satisfatórias de forragem.

BRAQUIÁRIA BRIZANTA - Brachiaria brizantha (Hochst. ex A. Rich)


Stapf
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Atualmente existem duas cultivares sendo utilizadas comercialmente:


Marandu e MG-4. Abaixo são descritas as características principais de cada
uma das cultivares.

CULTIVAR MARANDU

O capim Marandu é um ecótipo de B. brizantha que foi cultivada por


vários anos em Ibirarema, estado de São Paulo, de onde foi distribuída a
diversas regiões. Em 1977 esta gramínea foi fornecida a Embrapa, tendo sido
incluída em ensaios de avaliação de forrageiras. Em 1984, o CNPGC e o
CPAC lançaram este ecótipo como alternativa forrageira para cerrados de
média e boa fertilidade. Marandu é atualmente a forrageira perene tropical com
maior volume de sementes comercializadas anualmente em todo o país, sendo
conhecida também pelo nome de brizantão.
Planta cespitosa, muito robusta, de 1,5 a 2,0 m de altura, com colmos
iniciais prostrados, mas produzindo afilhos predominantemente eretos.
Rizomas muito curtos e encurvados. Colmos floríferos eretos, freqüentemente
com afilhamento nos nós superiores, que leva a proliferação de inflorescências,
especialmente sob regime de corte ou pastejo. Bainhas pilosas e com cílios
nas margens, geralmente mais longas que os entrenós, escondendo os nós, o
que confere a impressão de haver densa pilosidade nos colmos vegetativos.
Lâminas foliares linear lanceoladas, esparsamente pilosas na face ventral e
glabras na face dorsal. inflorescências de até 40 cm de comprimento,
geralmente com 4 a 6 racemos, bastante eqüidistantes ao longo do eixo,
medindo de 7 a 10 cm de comprimento, mas podendo alcançar 20 cm nas
plantas muito vigorosas. Espiguetas unisseriadas ao longo da raque, oblongas
a elíptico-oblongas, com 5 a 5,5 mm de comprimento por 2 a 2,5 mm de
largura, esparsamente pilosas no ápice.
Esta gramínea se desenvolve bem em condições tropicais desde o nível
do mar até 2000 metros de altitude e com precipitação pluvial anual superior a
700 mm e cerca de 5 meses de seca. Se adapta bem a solos de média e boa
fertilidade, tolerando altas saturações de alumínio. Textura média ou arenosa
são as mais adequadas. Apresenta média proteção dos solos, podendo ser
indicada para áreas de relevo plano a ondulado. Tem boa tolerância ao
sombreamento, ao fogo e a seca. É considerada resistente a cigarrinha das
pastagens e a formigas cortadeiras. Não tolera solos encharcados e é
suscetível a geadas. Marandu tem boa resposta a adubação e as
consorciações podem ser feitas com Arachis pintoi, estilosantes e puerária.
O estabelecimento é feito por sementes. Para uma boa formação de
pastagens com esta gramínea recomenda-se utilizar de 1.6 a 2.5 kg de
SPV/ha. Em semeadura aérea normalmente os pecuaristas utilizam 20 a 30 %
a mais de sementes por hectare. Em média, uma grama de sementes dessa
cultivar contem 145 sementes viáveis e a melhor profundidade de plantio está
na faixa de 2 a 4 cm.

PRODUÇÃO DE FORRAGEM / DESEMPENHO ANIMAL:

As produtividades nos ensaios variam normalmente de 8 a 15 t de MS/ha,


porém produtividades superiores a 20 t já foram obtidas. Marandu é
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considerada uma cultivar de bom potencial de produção e boa qualidade


nutricional quando comparada a outras gramíneas tropicais..

Na tabela 1 podemos notar o potencial desta forrageira para engorda de


bovinos , quando em comparação com Colonião.

Tabela 1 - Ganhos de peso de novilhos nelorados em pastagens de B.


brizantha cv Marandu e Panicum maximum cv Colonião, na região
de Dourados - MS, durante o ciclo experimental 1984/85.
ESTAÇÕES TRATAMENTOS PESO MÉDIO (KG) GANHO DE PESO LOTAÇÃ
O
3
MÉDIA
Inicial Final Kg/An g/An/dia kg/h UA/ha
a
1
Chuvosa Marandu 448 528 80 519 399 4.4
Colonião 452 548 95 616 384 3.7
2
Seca Marandu 243 283 41 293 293 2.3
Colonião 247 288 40 289 289 1.8
1 2 3
Estação chuvosa 153 dias; Estação seca 140 dias; média ponderada no período. (Nunez,
S. G. - 1986 citado por Zimmer, A. H. - 1986)

UTILIZAÇÃO E MANEJO

O manejo da pastagem deve visar a uma boa produção de forragem tanto


em quantidade como em qualidade. Com práticas de manejo adequadas é
possível melhorar a qualidade da forragem oferecida aos animais. Para que
isto seja possível, o manejo deve objetivar uma boa porcentagem de folhas e
permitir um bom rebrote e, em certas condições, garantir uma associação com
leguminosas visando melhorar a dieta oferecida pela pastagem. A entrada dos
animais com 50-60 cm de altura e saída dos animais com 25-30 cm. Período
de descanso mínimo de 30 dias. Na estação das águas 2,5 UA/ha e estação da
seca 1,0 UA/ha. Com essa carga animal pode-se obter um ganho médio de 500
g/An./dia no período chuvoso. Produz de 12 a 20 t de MS/ha/ano, com 9 a 11%
de P.B. e 50 a 60% D.I.V.M.S.. A Brachiaria brizantha cv. Marandu é muito
utilizada em todo o País, porém freqüentemente adubada de forma insuficiente
e mal manejada, levando a rápida degradação destas pastagens
É bem aceita por eqüinos e bovinos. Não sendo verificado casos de
fotossensibilização hepatógina em bezerros.
O capim brizantão pode ser utilizado na forma diferida (pasto vedado). Em
experimento com diferimento do capim em janeiro, fevereiro e março e
utilização em maio, julho e agosto, concluiu-se que março é muito tarde para
diferir o capim. No entanto, independente da época de diferimento, a qualidade
da forragem é considerada boa .

CULTIVAR MG-4

Esta cultivar foi liberada comercialmente em 1994 no Estado de São


Paulo e está sendo utilizada em diversos países latino-americanos. MG-4 é
uma nova opção dentro do gênero Brachiaria, tendo maior adaptabilidade a
12

solos ácidos e inférteis do que a cultivar Marandu e apresenta maior resistência


a cigarrinha das pastagens do que a cultivar Basilisk de B. decumbens.
Gramínea de touceira vigorosa, com altura de 0,75 a 2,1 m, apresenta
rizomas horizontais curtos, duros e curvos, cobertos de escamas glabras de cor
amarela ou arroxeada.
Produz uma grande quantidade de raízes profundas de cor branca
amarelada e de consistência branda. Os talos são vigorosos, eretos ou semi-
eretos, com escassa ramificação e de cor verde intenso. Os nós são
proeminentes, glabros, de cor verde ou amarelo pálido e escasso
enraizamento. As folhas são glabras, geralmente mais curtas que os entrenós,
de cor verde intenso e de coloração arroxeada no extremo inferior. A lígula
apresenta uma borda ciliada de cor branca, de aproximadamente 2 mm de
comprimento.
As folhas são linear-lanceoladas, arredondadas na base e em forma de
quilha, de 16 a 40 cm de comprimento e 10 a 20 mm de largura e de cor verde
intenso a claro; são glabras, com margens denticuladas de cor arroxeada e
branca. As nervuras são numerosas e finas, sendo a central de cor clara. Os
entrenós são aplanados, de cor verde intenso e arroxeado no extremo superior.
A inflorescência é uma panícula racemosa de 10 a 20 cm de longitude
com 2 racemos unilaterais retos, em forma de espiga. Os racemos unilaterais
são de 4 a 10 cm de comprimento. A raque é estriada de cor arroxeada e
verde, com cílios laterais de 2 a 4 mm de comprimento. As espiguetas são
oblongas ou oblongo-elípticas de aproximadamente 6 mm de comprimento e 2
a 2,5 mm de largura, com pilosidade branca no ápice; as pontas geralmente
são de coloração arroxeada.
MG-4 se adapta a regiões tropicais, desde o nível do mar até 1800 m de
altitude e com precipitação anual superior a 800 mm. O ecótipo de Brachiaria
brizantha cv MG4 apresentou bom comportamento em solos ácidos e de baixa
fertilidade, de textura arenosa ou argilosa. Tolera secas prolongadas, tem boa
recuperação após queima e boa capacidade de rebrota. Não tolera solos
encharcados e é suscetível a geadas. Tem boa tolerância a cigarrinha das
pastagens. Em observações preliminares, constatou-se maiores possibilidades
de consorciação deste genótipo com leguminosas do que com outras
Braquiárias, principalmente devido a seu hábito de crescimento ereto. MG-4
tem maior palatabilidade do que outras braquiárias, é bem consumida por
eqüinos e apresenta valor nutritivo de moderado a bom. Em rebrotes de 15 a
60 dias, as flutuações de valor nutritivo foram as seguintes: Proteína 7 a 15 %;
Digestibilidade 'in vitro' 65 a 72%; Cálcio 0,14 a 0,22% e Fósforo 0,15 a 0,17%.
Este genótipo foi observado em condições de pastoreio, em diferentes
sistemas de manejo e com diferentes categorias animais. Em sistemas de cria
e recria, utilizando a cultivar MG-4 nas diferentes épocas do ano, não se
observaram quaisquer sintomas de intoxicação de animais, mesmo quando a
pastagem foi utilizada por longos períodos com animais jovens ou vacas em
gestação/lactação. O material é uma opção para a engorda de bois em solos
de Cerrado. O plantio, manejo e utilização são similares a cv. Marandu.

Brachiaria decumbens STAPF


13

A Brachiaria decumbens é originária da África Equatorial, cresce de forma


natural em savanas, em solos férteis e clima moderadamente úmido. No Brasil
são encontradas duas cultivares distintas: IPEAN e Basilisk.

CULTIVAR IPEAN

Foi introduzido pelo IPEAN (Instituto de Pesquisas Agropecuária do Norte)


em 1952 sob a denominação de B. brizantha, erroneamente identificada.
Posteriormente, o mesmo ecótipo foi reintroduzido, em 1965, vinda do
Suriname já identificada como B. decumbens. O menor porte, a grande
produção de estolhos e a baixa produção de sementes, com a propagação
ocorrendo principalmente de forma vegetativa limitaram a propagação deste
cultivar.
É uma planta perene, de 30 a 60 cm de altura, prostrada, geniculada,
emitindo raízes adventíceas e brotos nos nós inferiores. Os rizomas
apresentam-se na forma de nódulos pequenos. As folhas são macias e
densamente pilosas. A distinção entre esta cultivar e a Basilisk é possível
somente por comparação quando se verifica que a ultima é mais robusta, sub-
ereta, e com folhas menos pilosas enquanto a cultivar IPEAN é decumbente,
com raízes nos nós e folhas muito pilosas.

CULTIVAR BASILISK

Foi introduzida da Austrália, sendo também conhecida no Brasil como


braquiária Australiana. É uma cultivar perene, com 60 a 100 cm de altura, sub-
ereta, mais robusta, geniculada em alguns dos nós inferiores e pouco
radicante. Os rizomas apresentam-se na forma de pequenos nódulos e emitem
grande quantidade de estolões, bem enraizados e com pontos de crescimento
protegidos (rizomas, gemas axilares). As folhas são rígidas e esparsamente
pilosas. A difusão desta cultivar deu-se de forma acentuada, devido a boa
produção e germinação de sementes, alta produtividade em solos ácidos e de
baixa fertilidade, com ótima adaptação a solos de cerrado, alta agressividade
na competição com vegetação nativa, elevada disseminação pela semeadura
natural, formação de populações exclusivas, dispensando roçadas freqüentes e
elevada persistência. Basilisk se recupera rapidamente depois do pastoreio e
após queima e tem boa tolerância ao sombreamento. Apesar da boa tolerância
a solos ácidos, responde bem a adubação e tem alto potencial de rendimento
em solos férteis. Não tolera solos inundados e é suscetível a cigarrinha das
pastagens. Cresce bem no verão, porem tem sua produção afetada por baixas
temperaturas, sofrendo bastante com geadas. A cobertura do solo é rápida
quando se utiliza adequada densidade de semeadura, com sementes livres de
dormência. O fechamento do solo é bom, sendo este material utilizado em
áreas de declive acentuado.
B. decumbens cv Basilisk é considerada espécie invasora de difícil
controle em áreas cultivadas.
Foram constatados casos de fotossensibilização em animais de 8 a 16
meses de idade. O agente causal da fotossensibilização hepatógena é o fungo
Phitomyces chartarum. Hoje, sabe-se que em pastagens de B. decumbens,
com manejo adequado, não permitindo o acúmulo de muitas folhas mortas, a
doença não ocorre ou é de baixa freqüência. Bezerros não devem ser
14

desmamados nesta cultivar, pois o estresse do desmame associado á idade do


animal são fatores predisponentes ao aparecimento da fotossensibilização. A
retirada dos animais afetados da pastagem, a colocação deles em áreas
sombreadas e o uso de dessensibilizantes pode ser recomendado. A
diversificação das pastagens pelos pecuaristas, tem contribuído para o controle
deste problema e não tem limitado a utilização desta excelente forrageira.
O estabelecimento pode ser feito por sementes ou mudas. Em condições
adequadas de semeadura, recomenda-se a utilização de 1,5 a 1,8 kg de
sementes puras viáveis por hectare. As sementes apresentam dormência
acentuada após a colheita, no entanto, quando são colhidas no verão para
serem utilizadas na primavera seguinte, a maioria das sementes perde a
dormência durante o período de armazenamento. O plantio por mudas utiliza
de 1500 a 2500 kg de talos por hectare e quase não é utilizado no país.

UTILIZAÇÃO E MANEJO:

A Brachiaria decumbens é indicada para os sistemas de criação de


bovinos de corte e bubalinos, para as fases de cria, recria e engorda. No
entanto, não é muito bem aceita por eqüinos, ovinos e caprinos. O crescimento
denso e vigoroso desta gramínea, assim como sua agressividade , limitam sua
capacidade de consorciação com a maioria das leguminosas, sendo porem,
possível a formação de consorciações estáveis e produtivas, especialmente
com Arachis pintoi, Pueraria phaseoloides e Desmodium heterophylum. Um
bom manejo e controle das populações de cigarrinha, é o uso estratégico do
pastejo mediante a utilização de cargas animais variáveis para regular as
populações dos insetos. Os pecuaristas normalmente sobrepastoreiam as
pastagens de decumbens no período de maior incidência de ninfas, o que
propicia um microclima desfavorável ao inseto.
Para pastejo controlado, a entrada dos animais deve ser com a gramínea
em torno de 30 a 40 cm e a saída quando este porte for reduzido a 10-15 cm,
com período de descanso de 30-35 dias. Para pastejo contínuo procurar
manter a vegetação com porte de 15 a 20 cm.

Brachiaria dictyoneura (FIG & DE NOT.) STAPF

Duas cultivares são utilizadas comercialmente no Brasil: Llanero e IAPAR


56. As dictyoneuras recomendadas até o momento são semelhantes a B.
humidicola, podendo inclusive serem reclassificadas como humidicolas no
futuro, dependendo de estudos taxonômicos. Do ponto de vista forrageiro,
diferem da humidicola utilizada no Brasil por apresentarem folhas mais macias,
com maior aceitação por bovinos e eqüinos e maior qualidade nutricional. A B.
dictyoneura se adapta bem em regiões tropicais desde o nível do mar até 1800
m de altitude, se adapta a solos ácidos e de baixa fertilidade, se desenvolve
bem em solos francos a argilosos com boa drenagem. Tem maior tolerância a
encharcamento que a Marandu e menor do que humidicola.

CULTIVAR LANERO

É uma cultivar perene, semi-ereta a prostrada, estolonífera e rizomatosa,


de 40 a 90 cm de altura, estolões compridos de cor púrpura com pilosidade de
15

cor branca, folhas lanceoladas de 4 a 6 cm de comprimento e 0.8 cm de


largura, raízes adventícias superficiais, as folhas são lineares lanceoladas,
eretas, glabras, de cor púrpura, com uma das bordas denticulada. Os talos e as
nervuras das folhas são verdes com manchas púrpuras. A inflorescência é uma
panícula com três ou quatro racemos de 4 a 6 cm de comprimento, cada um
com 10 a 22 espiguetas alternas, sobre uma raque de cor purpura e verde em
forma de zig-zag. Llanero se adapta bem a solos ácidos e de baixa fertilidade,
é tolerante a seca e se recupera bem depois de queimadas. Tem boa
tolerância a cigarrinha-das-pastagens, boa capacidade de rebrota e boa
palatabilidade. Ataques esporádicos de cigarrinha podem ocorrer,
principalmente em áreas manejadas com baixas lotações de animais, sendo
que a pastagem normalmente se recupera satisfatoriamente.
O estabelecimento pode ser feito por estolões, cepas ou sementes
(cariópse). A quantidade de sementes depende do sistema de plantio utilizado
e das condições do terreno. Deve-se procurar obter de 6 a 8 plantas por metro
quadrado, 30 dias depois do plantio. Normalmente recomenda-se a utilização
de 2 a 3 kg de sementes puras viáveis por hectare. As sementes apresentam
dormência, inclusive depois de 8 meses de colhidas. Recomenda-se escarificar
as sementes com ácido sulfúrico comercial, variando o tempo de tratamento de
15 a 25 minutos, dependendo do lote de sementes e de sua capacidade para
germinar. Se o teste de tetrazólio indicar mais de 60 % de sementes
dormentes, deve-se utilizar 25 minutos. Sementes dormentes quando utilizadas
contribuem para a lenta formação da pastagem. O estabelecimento é lento
devido ao escasso enraizamento dos estolões, sendo recomendada maior
densidade de semeadura em áreas com alta infestação de plantas invasoras. O
plantio solteiro de material vegetativo deve ser feito no espaçamento de 0,6 a 1
m entre linhas e 0.5 m entre plantas. No plantio consorciado com milho deve
ser plantada em fileiras duplas de 0,6 x 1,8 m.
Esta espécie se caracteriza por uma cobertura inicial baixa do solo, em
conseqüência, o estabelecimento é lento. Seu crescimento estolonífero
rizomatoso permite uma proteção eficiente do solo e apresenta boa
persistência baixo pastoreio excessivo.
Llanero tem mostrado boa compatibilidade com leguminosas de hábito
trepador ou estolonífero. O hábito de crescimento ereto desta gramínea e seu
lento desenvolvimento, favorecem o estabelecimento simultâneo com
leguminosas forrageiras. Boas consorciações foram obtidas com Desmodium
heterocarpum sp. ovalifolium, Centrosema acutifolium, Pueraria phaseoloides e
Arachis pintoi.
O valor nutritivo da cultivar Llanero pode ser considerado como moderado
em termos de composição química, digestibilidade e consumo. Na época das
chuvas o conteúdo de proteína varia de 6 a 10.5 % e a digestibilidade entre 55
e 65 % em rebrotes de 35 a 50 dias de idade. Na época seca o conteúdo de
proteína pode diminuir até 3 % e a digestibilidade de 35 a 45 %. Em pastagens
desta cultivar associadas com Arachis pintoi foram obtidos ganhos de peso vivo
por animal por ano de 124 a 183 kg e ganhos por hectare variando de 267 a
540 kg de peso vivo.

CULTIVAR IAPAR 56
16

O cultivar IAPAR 56 foi lançado pelo Instituto Agronômico do Paraná


(IAPAR) em 1991. Este cultivar é proveniente da coleção de forrageiras
pertencente ao IBEC Research Institute (IRI). É semelhante a Llanero, porém
com colmos e folhas mais macias. Tem alta capacidade de suporte (Tabela 1 ),
boa cobertura do solo e palatabilidade. Destaca-se por ter uma alta relação
folha/colmo, com poucos colmos expostos. Ataques de cigarrinha foram
observados quando o pasto foi mantido com baixa lotação. As sementes
apresentam elevada dormência, fato que tem limitado a expansão de sua
utilização. A propagação tem sido efetuada por material vegetativo, de modo
semelhante ao recomendado para Llanero.

UTILIZAÇÃO E MANEJO

É utilizada para pastejo e fenação. Pode ser usado no controle da erosão.


Tem boa aceitação por bovinos, ovinos e eqüinos. A entrada dos animais é
com 15 a 20 cm de altura e a retirada destes com 10 cm de altura. O período
de descanso mínimo é de 30 e máximo de 42 dias.
Produz de 10 a 12 t de MS/ha/ano e apresenta boa resistência a seca e
pisoteio. Suscetível ao ataque de cigarrinha. Mantém-se relativamente verde
mesmo no período seco.
Em relação a B. humidicola apresenta produção de matéria seca por
hectare, melhor palatabilidade, maior teor de proteína bruta.

TABELA 1. Desempenho animal e por área do capim B. dictyoneura.


IAPAR/Paranavaí, 1991.
ANO PESO MÉDIO GANHO MÉDIO LOTAÇÃO GANHO/ÁREA
(Kg/an) (kg/an) (An/ha) (Kg/ha)

1987/88 182,5 0,35 12,46 1.065


1988/89 190,8 0,24 7,57 433

Média 186,7 0,30 10,00 749


Fonte: MELLA & SOARES, 1991. Dados não publicados.

TABELA 2. Composição bromatológica e digestibilidade do capim B.


dictyoneura. IAPAR/Paranavaí, 1991
MESES P.B. CÁLCIO FÓSFORO D.I.V.M.
S.
% na matéria seca
Outubro 11.44 0.38 0.19 71.01
Novembro 9.77 0.31 0.19 69.48
Dezembro 8.41 0.35 0.15 66.64
Janeiro 8.28 0.33 0.16 69.99
Fevereiro 8.66 0.35 0.18 69.77
Março 9.60 0.37 0.20 69.08
Abril 10.37 0.38 0.21 64.14
Maio 11.85 0.41 0.24 64.12
Junho 11.06 0.40 0.20 60.56
Julho 11.11 0.40 0.22 55.15
Agosto 9.46 0.40 0.23 46.53
Setembro 10.56 0.52 0.29 53.88
Fonte: MELLA & SOARES FILHO, 1991. Dados não publicados.
17

Brachiaria humidicola (RENDLE) SCHWEICKERDT

A Brachiaria humidicola é nativa do leste e sudeste da África tropical,


especialmente de zonas com altas precipitações. É utilizada em diversos
países e é conhecida também por quicuio da Amazônia.
É uma gramínea perene, estolonífera, de hábito de crescimento semi-
ereto a prostrado, os entrenós superiores medem de 8 a 10 cm de
comprimento e os inferiores de 2 a 3 cm, são glabros e de cor verde claro. As
nervuras das folhas carecem de pilosidade. Os estolões são fortes, longos, de
cor purpura e enraízam com facilidade. As folhas são lineares, lanceoladas,
semi-coriáceas, com o ápice acuminado. As folhas dos talos tem de 10 a 30 cm
de comprimento e de 0.5 a 1 cm de largura. As folhas dos estolões tem de 2.5
a 12 cm de comprimento e de 0.8 a 1.2 cm de largura. A inflorescência é
terminal, racemosa, com 1 a 4 racemos de 3 a 5 cm de comprimento. As
espiguetas são uniseriadas, biflorais, alternadas ao larga da raque com
pedicelos curtos e medem de 5 a 6 mm de comprimento. Tem crescimento
estolonífero, com grande numero de gemas rente ao solo, o que explica sua
tolerância a manejo baixo e intenso, suportando altas cargas animais,
apresenta cobertura densa, é agressivo e pouco compatível com leguminosas,
exceto Arachis pintoi e Desmodium heterocarpum ssp. ovalifolium. Estas
leguminosas podem ser estabelecidas ao mesmo tempo que a gramínea, a
lanço ou em sulcos alternos, com material vegetativo ou com sementes.
A B. humidicola apresenta ampla adaptação climática, desde o nível do
mar até 1800 m de altitude, com precipitações de 1100 a 4000 mm por ano.
Tem bom comportamento em solos ácidos, com alta saturação de alumínio e
baixa fertilidade, e adapta-se a solos com textura de franco a argilosos. Tem
uma velocidade de cobertura do solo intermediária, é mais lenta que B.
decumbens e mais rápida do que B. dictyoneura. Depois de estabelecida
proporciona boa proteção contra erosão dos solos. Tem boa tolerância a seca,
sombreamento, queima, pragas e doenças. Em zonas muito úmidas pode ser
atacada por ferrugem (Uromyces setariae italicae). Esta cultivar é tolerante a
cigarrinha das pastagens, podendo, entretanto, hospedar altas populações da
praga que ocasionalmente podem causar danos nesta gramínea ou em outras
espécies suscetíveis. O manejo baixo da pastagem desfavorece o
desenvolvimento de altas populações do inseto. Tolera bem os excessos de
umidade no solo, porem não suporta alagamento prolongado.
A qualidade nutritiva é considerada baixa, principalmente em termos de
proteína, a qual afeta o consumo voluntário e os ganhos de peso pelos
animais. A qualidade diminui rapidamente ao longo do tempo e a produtividade
animal é menor que a de outras espécies de braquiárias. A produção de
forragem é alta, principalmente em solos argilosos e em locais de boa
precipitação. O rendimento baixa a medida que diminuí a precipitação
principalmente em solos arenosos.
O estabelecimento pode ser feito tanto por sementes como por material
vegetativo. Para uma bom estabelecimento se utiliza normalmente de 1,4 a 2,0
kg de sementes puras viáveis por hectare. O plantio por sementes pode
apresentar problemas devido a dormência. Quando se planta por estolões,
necessita-se aproximadamente 1 t por hectare. O espaçamento pode variar de
0,5 a 1 m entre sulcos e 0,5 a 0,6 m entre plantas.
18

UTILIZAÇÃO E MANEJO:

O lento crescimento desta gramínea durante o período de


estabelecimento, da mesma forma que as leguminosas compatíveis com ela,
exige um manejo cuidadoso dos primeiros pastejos para assegurar a
persistência da consorciação. O primeiro pastejo deve ser efetuado de forma
suave para estimular o perfilhamento e o enraizamento dos estolões. Para o
manejo de pastagens consorciadas, recomenda-se pastejo alterno ou
rotacionado com períodos de utilização e descanso variando de acordo com a
composição botânica da pastagem, ajustando a carga animal de acordo com a
disponibilidade estacional de forragem. Quando existir um excesso de
leguminosa, deve-se ampliar o período de descanso da pastagem.
A humidicola perde a qualidade mais rapidamente que outras braquiárias
quando manejada com maiores intervalos de utilização. A utilização da
pastagem com altas cargas animais ou com maior freqüência pode resultar
melhoria da qualidade do alimento disponível, porem com menor produtividade
de forragem. Recomenda-se portanto uma utilização mais freqüente e deixando
um resíduo pós-pastejo de 5 cm de altura. Em pastagens exclusivas de
humidicola ocorre uma baixa taxa de mineralização do nitrogênio e em solos
deficientes de matéria orgânica, a pastagem apresenta baixo conteúdo de
proteína, principalmente na época seca do ano, fato que limita o consumo pelo
animal e o ganho de peso. De modo geral Brachiaria humidicola suporta cargas
animais altas, podendo ser utilizada em pastejo contínuo ou rotacionado.

Brachiaria ruziziensis GERMAIN & EVRARD

Espécie perene, sub-ereta, com 1 a 1.5 m de altura, que apresenta base


decumbente e radicante nos nós inferiores, possui rizomas arredondados e
com até 15 mm de diâmetro. Folhas macias com 6 a 15 mm de largura e 10 a
25 cm de comprimento, possuindo aspecto aveludado devido a grande
quantidade de pelos nela presentes. A inflorescência é uma panícula ereta de 5
a 7 racemos, os quais são curtos e com fileiras duplas de sementes, ráquilas
aladas e bastante largas. Espiguetas biflorais, sendo a inferior masculina e a
superior hermafrodita.
Adapta-se desde o nível do mar até 1800m de altitude. Tolera
sombreamento. Apresenta boa cobertura do solo, podendo ser utilizada em
solos ondulados. Pouco tolerante a seca, a solos encharcados e a queima. É
bastante palatável, tem boa qualidade nutricional e suporta bem o pastejo.
Exige solos mais férteis que a B. decumbens e é suscetível a cigarrinha das
pastagens, razão pela qual não tem tido grande difusão. A propagação pode
ser feita por sementes ou mudas.

Brachiaria mutica (FORSK.) STAPF

Espécie perene, que emite estolões compridos, ocos e fortes de 5mm de


espessura que enraízam somente nos nós inferiores formando uma cobertura
densa do solo. O crescimento das plantas é decumbente. Os talos podem
alcançar 3 metros de comprimento, possui entrenós de 15 a 20 cm, as folhas
são glabras, podendo ocasionalmente apresentar pilosidades, lineares a
lanceoladas de 10 a 30 cm de comprimento e de 8 a 20 mm de largura. Os
19

talos florais são altos (1 a 2 m) e as inflorescências em panícula alcançam 20


cm de comprimento e contem de 10 a 20 racemos em pares ou agrupados
irregularmente e ocasionalmente se ramificam. As espiguetas são oblongo-
elípticas, glabras de cor verde ou purpura de 3 a 3,5 mm de comprimento e 1,3
mm de largura. A flor é fértil, de 3 mm de comprimento, de cor amarela clara
quando madura. É conhecida vulgarmente como capim-angola, capim-bengo,
capim angolinha, capim de boi, capim fino e capim de planta.
Gramínea que se adapta bem a baixadas úmidas e áreas que apresentam
períodos curtos de inundação. Não tolera secas prolongadas. Tem ótima
cobertura do solo quando as condições de umidade e fertilidade são
adequadas. Em locais úmidos não inundáveis pode ser atacado por
cigarrinhas. A propagação é feita principalmente por mudas, sendo que a
produção de sementes normalmente é baixa.

Brachiaria arrecta (HACK. EX. TH. DUR. & SCHINE) STENT

Nativa na África tropical, encontrada principalmente crescendo em áreas


pantanosas e nas margens de rios e lagos. Planta perene, de hábito de
crescimento prostrado ou sub-ereto. Desenvolve talos rasteiros e eretos. Os
talos rasteiros podem alcançar 3m ou mais de comprimento, são fortemente
radicantes nos nós inferiores e parcialmente radicantes nos nós superiores,
que são glabros. A partir dos nós inferiores que enraízam, surgem os talos
eretos que podem alcançar de 0.8 a 1.5m de altura. A folha é lanceolada de
ápice acuminado, de 30 a 50 cm de comprimento e largura variável, sendo
mais larga na base. A inflorescência terminal mede de 15 a 22 cm de
comprimento e tem entre 8 e 12 racemos alternos. Encontrada em diversos
países da América Latina, sendo também conhecida por pasto thanner, tanner,
tanner grass ou capim braquiária do brejo. Seu sinônimo é Brachiaria radicans
Napper.
A tanner grass se desenvolve bem do nível do mar até 2000 m de altitude
e com precipitações de 1000 a 4000 mm por ano. Se adapta a solos ácidos,
com textura arenosa ou argilosa e proporciona uma excelente cobertura do
solo quando adulta. Tem boa resposta a altas doses de nitrogênio, entretanto
tende a acumular nitratos tóxicos para os animais. Bastante apreciado pelo
gado, teve entretanto, sérios problemas de intoxicação relatados, causando a
morte de animais. O plantio desta cultivar foi proibido pelo Ministério da
Agricultura por constituir-se no hospedeiro preferido por um hemíptero de
nome Blissus leucopterus, praga extremamente perigosa para outras
gramíneas de grande importância econômica como arroz, milho e cana
(Alcântara, et al).
A propagação é feita por estolões, utilizando-se de 1 a 1,8 toneladas por
hectare.

Brachiaria arrecta x Barirachia mutica

O capim pangola é um híbrido natural entre o capim angola (B. mutica) e


o tanner grass (B. arrecta), coletado em 1971 no Estado do Rio de Janeiro e
estudado pela primeira vez na Estação Experimental de Itaguaí.
20

Gramínea perene, estolonífera, radicante nos nós em contato com o solo ,


de 0.5 a 1.0 m de altura. Apresenta folhas glabras, nós mais ou menos pilosos
e inflorescências em panícula aberta (Alcântara, et al).
Gramínea perene, agressiva, adaptada a solos de baixa fertilidade e a
locais secos ou úmidos, tolerando alagamento periódico.
Foram constatados alguns casos de intoxicação leve de bovinos pastando
esta cultivar em 1984, no estado de São Paulo. Os animais apresentavam
diarréia e urina sanguinolenta, sintomas estes, que desapareciam quando os
animais eram removidos destes pastos (Ghisi, et al).
A propagação é similar a recomendada para tanner grass.

Brachiaria plantaginea (LINCK) MITCH.

Gramínea anual, decumbente, de 50 a 80 cm de altura e radicante nos


nós inferiores. Amplamente disseminada no Estado do Paraná, sendo
considerada a principal invasora nos cultivos anuais de verão.
Utilizada ocasionalmente em pastejo ou como forragem verde para corte e
ensilagem. Tem rápido crescimento de primavera e verão e bom valor nutritivo.

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do gênero Brachiaria. In: 2º ENCONTRO PARA DISCUSSÃO SOBRE
CAPINS DO GÊNERO Brachiaria, Nova Odessa, 1991. Anais Nova Odessa,
Instituto de Zootecnia, 1991. p187-261.

GÊNERO CYNODON

O gênero Cynodon é bastante conhecido pelo seu caráter colonizador e a


espécie Cynodon dactylon (L.) Pers, é encontrada nas regiões subtropicais e
tropicais do mundo.
Existem várias espécies, que servem para pastagem e para a produção
de feno. Das espécies e/ou variedades oriundas da África, a C. dactylon e c.
plectosthacyus são as de maiores facilidades de distinção entre elas, através
de algumas características morfológicas.
A Cynodon aethiopicus é uma das formas mais robusta do leste da África.
E apresenta racemos avermelhados. Todavia dentro das espécies utilizadas a
mais importante é a nlenfluensis com as variedades robusta e nlenfluensis (a
inflorescência lembra a da Cynodon dactylon (L.) Pers).
Essas variedades e/ou espécies tem um bom desenvolvimento desde
precipitações de 500 a 1800 mm/ano e altitudes de até 2000 m de altitude. Tem
muito boa tolerância a seca e geadas. Temperaturas próximas a 370 C são
ideais, para uma ótima atividade fotossintética do gênero.. Em condições de
temperaturas adequadas o gênero Cynodon pode ter um bom crescimento
durante 6-8 meses no ano.

ESTABELECIMENTO:

O estabelecimento de uma pastagem, depende de um planejamento que


envolve: o tamanho da área a ser cultivada, o número de animais a serem
alimentados e a quantidade de alimento a ser consumido neste período. Para
tanto deve-se conhecer o potencial de produção da forragem ( condições de
clima e solo), sob um determinado manejo ou sistema de produção.
O local de plantio, deve-se ser observado, apesar desta espécie ter
características bastante rústica e colonizadora. No entanto prefere-se áreas
com solos de média a alta fertilidade e com topografia plana ou levememte
inclinada, onde não ocorra encharcamento durante longos períodos. Nestas
22

condições, o manejo e a utilização da forragem pode ser mais intensivo


(mecanização). Recomenda-se também o plantio em áreas com declividade
alta e pedregosa, devido às suas características de rápida e densa cobertura
de solo, respeitando-se, é claro, a capacidade de uso do solo usando-se
técnicas de plantio apropriadas (em faixas, covas, etc...) para se evitar
processos erosivos com a retirada da cobertura vegetal indesejável.
Como toda cultura perene a ser implantada a correção do solo é
imprescindível pois, a durabilidade de uma pastagem pode ser superior a 10
anos se bem manejada. A quantidade de calcário a ser aplicada depende dos
resultados da análise do solo, e deve ser suficiente para elevar o índice de
saturação de bases ao nível de 60%. O calcário deve ser distribuído na área e
incorporado no solo a uma profundidade de 20 - 30 cm, através de aração, pelo
menos 30 a 45 dias antes do plantio. Esta aração também servirá para o
controle de invasoras, remoção e escarificação do solo. A importância do
preparo do solo está em melhorar o pegamento das mudas, diminuir a
infestação de ervas daninhas, facilitar os tratos com a cultura e melhorar a
infiltração e retenção de água no solo, podendo-se para isso também ,utilizar o
terraceamento mecânico obedecendo-se as recomendações para cada
situação ( declividade e tipo de solo).
Logo após a última gradagem e antes do plantio das mudas, com base
nos resultados da análise dos solos, recomenda-se uma adubação inicial com
P2O5 para a elevação do nível de fósforo no solo ( maior que 10ppm ), que
normalmente é muito baixo. Assim como, a aplicação de adubo orgânico (
esterco de curral, cama de aviário, etc... ) quando o solo está com baixo teor de
matéria orgânica.
Quando a disponibilidade de mudas não é alta, é importante planejar a
área do viveiro na proporção de 1: 20, ou seja, 1 hectare de viveiro para 20
hectares de área de plantio, quando este for feito em sulcos e com mudas
maduras por volta de 100 dias de idade livres de pragas, doenças e plantas
invasoras. O plantio em sulcos pode ser distanciados de 50 cm e com 15 cm de
profundidade e logo após o plantio faz-se uma gradagem leve para o enterrio
das mudas. Quando em covas, o espaçamento é de 0,5 m x 1,0 m, já o plantio
com mudas sobre o solo há maior necessidade dessas, sendo elas
espalhadas inteiras ou picadas na superfície do solo e imediatamente
incorporada por gradagem leve ou rolos especiais. Outra estratégia para o
plantio é de se usar os terraços da área a ser plantada como viveiro de mudas,
evitando-se o transporte.
O plantio tem que ocorrer em épocas do ano com maior precipitação de
chuvas e com solo úmido, caso não haja irrigação disponível.
Preferencialmente, logo após o corte das mudas deve-se fazer o plantio, em
função da facilidade de desidratação que tem esta espécie. O plantio feito
durante a primavera, pode proporcionar uma pastagem formada após
decorridos 90 a 120 dias.
Para o bom estabelecimento da pastagem é necessário: o controle de
plantas invasoras, corte ou rebaixamento para uniformização ( pastejo leve) e
se preciso, uma adubação de cobertura com nitrogênio e potássio.

UTILIZAÇÃO E MANEJO:
23

Em condições favoráveis de clima e solo com aproximadamente 90 a 120


dias após o plantio a pastagem estará disponível para o pastoreio ou corte,
conforme o cultivar utilizado. De uma forma ou outra a altura residual da
forragem deve ser de 7 a 10 cm, para garantir a permanência e o vigor na
rebrota das plantas. Pesquisas ainda em andamento tem mostrado que a altura
residual de pastagem com a grama Coast-cross deve ser acima de 10 cm. Esta
espécie se beneficia muito com intervalos de descanso após a sua utilização (
pastejo rotacionado ou corte para feno). O período destes intervalos varia
conforme as condições de clima, solo e manejo a ser adotado. Da mesma
forma a quantia de fertilizantes na adubação de reposição, depende da
produção de matéria seca ( extração de nutrientes do solo). Portanto a cada
corte ou utilização é importante repor principalmente os elementos nitrogênio e
potássio, visando manter a fertilidade do solo e a produção de forragem de boa
qualidade e em quantidade.
Utilizando-se níveis de nitrogênio crescentes, vários pesquisadores tem
mostrado elevação na produtividade das pastagens, permitindo maior número
de animais em pastejo e/ou maior frequência de cortes, além de aumentar o
teor de proteína das plantas, sendo necessário a continuidade das aplicações
para níveis sustentáveis de produtividade e qualidade da
forrageira(MARASCHIN, 1996).
Recentemente em um trabalho realizado na Universidade Estadual de
Maringá, GOMES & CECATO et al. (1997) utilizando o cultivar Tifton 85
comparados com outros 4 cultivares do gênero Cynodon, apresentou uma
maior produção de matéria seca 13,7 t/há e maior relação folha/colmo 0,55,
quando submetidos a adubação nitrogenada de 400 kg N/há no período
chuvoso. Existe uma uma grande variação qualitativa e quantitativa entre as
espécies forrageiras, e a adubação nitrogenada por si só é capaz de mudar
essas duas variáveis (ASSIS, 1997).
Alguns cultivares como o cultivar Coastcross-1, quando bem manejados,
podem proporcionar elevados teores de PB e DIVMS (HERRERA,
1983),resultando em produções de 15. 000 kg de leite/há/ano (GARCIA
TRUJILO, 1983). Com altos níveis de adubação e em idades diferentes da
planta, VILELA e ALVIM (1996) verificaram valores para PB de 17,1%, FDN de
66,7% e DIVMS de 63,8% em pastagem de grama Coastcross-1, e obtiveram
uma produção de 27.448 litros de leite/há/ano, com suplementação de 3 kg de
concentrado/vaca/dia e uma taxa de lotação de 5,7 UA/há. Em outro
experimento, avaliando o ganho de peso diário de novilhos em pastagens de
Tifton 85, HILL e BURTON (1996), obtiveram 1156 kg de peso vivo/ha e ganho
médio diário de 0,67 kg/cab/dia, na Universidade de Georgia - EUA. Em um
ensaio de pastejo, HILL et al. (1993) mediram o desempemho de novilhos em
pastagem de Tifton 85, com aproximadamente 2500 kg MS/ha disponível,
obtendo 0.67 kg/cab/dia e uma taxa de lotação média de 10,8 cab/ha( 1cab =
325 kg de PV), durante 169 dias.

GRAMA ESTRELA:

Destaca-se a espécie Cynodon nlenfuensis Vanderyst, não rizomatosas,


com as variedades: robustus e nlenfuensis. Existe muita polêmica quanto a
classificação das estrelas branca e roxa, que são bastante difundidas nas
regiões Sul e Sudeste do país. A grama estrela produz estolões longos e
24

grossos, que cobrem rapidamente o solo, se enraízam nos nós e por isso
resistem muito bem ao pisoteio. Sua propagação é por meio do plantio de
colmos e estolões, já que suas sementes são de baixa fertilidade. A qualidade
da forragem é boa, permitindo um bom desempenho animal na produção de
leite e carne. Recentemente foram lançadas duas cultivares da grama estrela:
Florico e Florana (MISLEVY et al., 1989) e receberam registro em 1993. Tanto
uma como outra são cultivares susceptíveis a temperaturas baixas
(PEDREIRA,1996)

COASTCROSS - 1:

Destaca-se entre as gramíneas desta espécie em função do diâmetro do


colmo, quantidade de folhas, produção de matéria seca, resistência ao frio e
valor nutritivo, principalmente, pela digestibilidade da matéria seca. Esta é
oriunda do cruzamento de gramas bermudas (Cynodon dactylon L.Pers). É
excelente na produção de feno e exige mais em fertilidade do solo. Sua
propagação é por meio de estolões ou mudas.

TIFTON 68 E TIFTON 85:

A Tifton 68 é um híbrido F1 de alta digestibilidade e apesar de não possuir


rizomas e de ser Cynodon nlenfuensis é considerada por Burton & Monson
como sendo uma grama bermuda e não estrela( PEDREIRA, 1996). A Tifton 85
foi selecionada por sua alta produtividade e digestibilidade, quando comparada
com a maioria das outras cultivares de bermuda (BURTONet al.,1993).
São híbridos com exelentes características, tanto em quantidade (kg/ha)
como em qualidade, portanto quando bem manejadas podem produzir bons
resultados no desempenho animal. São exigentes quanto a fertilidade do solo e
se propagam através de mudas. Existem diferenças entre os dois cultivares
são elas:
A Tifton 68 tem hastes mais grossas e ásperas do que a tifton 85;
Nas folhas a tifton 68 possui uma pilosidade mais intensa e é de
pigmentação roxa mais pronunciada nos estolões e internódios, elas são
maiores e de cor verde mais clara que a tifton 85;
A tifton 68 não possui rizomas o que não acontece com a tifton 85 e,
portanto, esta tem rebrotas mais rápidas após o pastejo, cortes ou geadas;
Quanto ao frio a tifton 85 é mais resistente devido às suas características
genéticas.

FLORAKIRK:

É uma cultivar híbrida de grama bermuda (MISLEVY et al.,1995),


desenvolvido pelo Dr. Burton em Tifton, cujo cruzamento é semelhante ao da
Tifton 78, apenas as linhagens maternas e paternas são invertidas. Vários
experimentos foram e estão sendo conduzidos para se registrar dados técnicos
deste cultivar, sabendo-se que a produtividade e qualidade da forragem é
satisfatória com animais em pastejo e ganho de peso médio por hectare de 447
kg/ ano( PEDREIRA, 1995).

Principais cultivares do gênero Cynodon:


25

Estrela ( stargrass):
C. nlenfuensis Vanderyst :
var. robustus
var. nlenfuensis (Porto Rico)
var. tifton 68
Outros cultivares:

Mc Caleb ( C. aethiopius)
Ona
Florico (var. nlenfuensis)- 1993
Florona - 1993
Jamaicana
Panamenha

Bermuda: (Cynodon dactylon (L.) Pers)


Suwanne
Callie ( var. aridus)
Alicia ( var. elegans)
Coastal
Tifton 85 ( Tifton 68 x PI 290884 - Africa do Sul)-1993
Florakirk ( Tifton 44 x cv. Callie)-1995
Tifton 44 ( cv. Coastal x cv. da Alemanha)-1978
Tifton 78 ( cv. Callie x Tifton 44 ) - 1984
Coastcross - 1(cv. Coastal x C. nlenfuensis var. robustus)-1967

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ASSIS, M.A. Digestibilidade in vitro, degradadbilidade insitu e composição


química de gramíneas do gênero Cynodon submetidas ou não a adubação
nitrogenada. In : Tese de Mestrado, Universiade Estadual de Maringá -
PR.1997.
BURTON,G.W.;MONSON,W.G. Registration of tifton 68 bermudagrass. Crop
Science, Madison, v. 24, p. 1211, 1984.
BURTON, G.W.; GATES,R.N.; HILL,G.M. Registration of tifton 85
bermudagrass.Crop Science, Madison, v. 33, p. 644 - 645, 1993.
GARCIA TRUJILLO, R. Potencial y utilizacion de los pastos tropicales para la
producion de leche. In: Instituto de Ciencia Animal, La Habana. Los pastos
en Cuba. La Habana: Instituto de Ciencia Animal, Tomo 2, 1983, p. 247 -
299.
GOMES,L.H.; CECATO, U. Et al.. Avaliação de cultivares do gênero Cynodon
sob dois níveis de adubação nitrogenada. In: Anais da XXXIV Reunião da
SBZ - Juiz de Fora, 1997HERRERA,R.S. La calidade de los pastos. In:
Instituto de Ciencia Animal, La Habana. Los patos en Cuba. La Habana:
Instituto de ciencia Animal, Tomo 2, !983, p. 59 - 115.
HILL,G.M.; BURTON, G.W. Tifton85 bermudagrass utilization in beef, dairy and
hay production. In: Anais do Workshop sobre o potencial forrageirp do
gênero Cynodon, Juiz de Fora, p. 139 - 150, 1996.
26

HILL,G.W.;GATES,R.N.;BURTON,G.W. Forage quality and granzing steer


performance from tifton 85 and bermudagrass pastures. Journal of Animal
Science, Champaign, v.71, p. 3219 - 3225, 1993.
MARASCHIN,G.E. Manejo de coastcross-1 sob pastejo. In: ALVIM,M.J. et al.
Anais do Workshop sobre o potencial forrageiro do gênero Cynodon. 1996,
Juiz de Fora. Anais Juiz de Fora : Embrapa - CNPGL, p. 93 - 107. 1996.
MISLEVY, P. Et al registration of Florico stargrass. Crop Science, Madison, v.
33, p. 358 - 359 , 1993 a. MISLEVY, P. Et al. Registration of Florana
stargrass. Crop Science, Madison, v. 33, p. 359- 360, 1993 b
MISLEVY,P. Et al. Florakirk bermudagrass. Ona: 1995 (Florida Agric. Exp. Stn.
Circ. S - 395).
PEDREIRA, C.G.S. Plant and animalresponses on grazed pastures of Florakirk
and tifton 85 bermudagrass. Gainesville : University of Florida, 1995. 153 p.
PEDREIRA,C.G.S. Avaliação de novas gramíneas do gênero Cynodon para a
pecuária do sudeste dos Estados Unidos. In: Anais do Workshop sobre o
potencial forrageiro do gênro Cynodon, Juiz de Fora, p. 139 - 150, 1996.
RESENDE,H.; ALVIM,M.J. Estabelecimento e manejo sob corte do Capim
coastcross. In : Anais do Workshop sobre o potencial forrageiro do gênero
Cynodon, Juiz de Fora, p. 3 - 8, 1996.
VILELA,D.; ALVIM, M.J. Produçào de leite em pastagegm de Cynodon dactylon
(L.) Pers, cv. Coastcross. In: Anais do Workshopsobre o potencial forrageiro
do gênero Cynodon, Juiz de Fora, p. 77 - 91, 1996.

GÊNERO HEMÁRTRIA

Originária do vale do rio Limpopo, região ao norte de Transvaal, na África


do Sul, o gênero Hemarthria vem sendo estudado e difundido pela pesquisa
(EMBRAPA e IAPAR) em Ponta Grossa desde 1968, quando foram feitas as
primeiras introduções no Paraná.
É uma gramínea perene de estação quente, da tribo Andropogoneae.
A inflorescência é um racemo, freqüentemente subdividido. Nas nossas
condições ambientais floresce de dezembro a fevereiro e, apesar de ser grande
o número de inflorescências, a percentagem de formação de sementes viáveis
é muito baixa (POSTIGLIONI, 1983).
Apresenta hábito de crescimento estolonífero, formando no início do
desenvolvimento uma extensa rede de estolhos, enraizando-se através de nós
inferiores.
A hemártria tem sido uma das melhores opções para formação de
pastagens nas regiões abaixo do paralelo 24o S no Estado do Paraná.
Em geral apresenta maiores produções nas regiões sujeitas a
temperaturas baixas, quando comparada com as espécies do gênero Cynodon,
Paspalum, Chloris, Brachiaria e Pennisetum.

HEMÁRTRIA - IAPAR 35-ROXINHA

Foi introduzida no Brasil pelo Instituto de Pesquisa IRI em São Paulo,


sendo desenvolvida no Paraná através da EMBRAPA como IPEACO 336 e
lançada pelo IAPAR de Ponta Grossa como IAPAR 35-Roxinha.
27

No início do desenvolvimento forma uma extensa rede de estolhos,


enraizando-se através dos nós inferiores, para depois constituir uma massa
vegetativa que pode atingir até 90 cm de altura.
Espécie de estação quente, entretanto apresenta boas produções no
outono e inverno.
É tolerante a temperaturas baixas, tem capacidade de rebrote precoce,
propiciando sua utilização com boa disponibilidade de forragem já em agosto e
início de setembro, nas regiões frias do Estado.
Regiões que ocorrem períodos de secas, associadas a temperaturas
altas, não são recomendadas para o cultivo de hemártria Roxinha.
Pode ser cultivada em todos os tipos de solos das regiões Sul, Oeste e
Sudoeste do Estado do Paraná.
É tolerante a solos ácidos, sendo considerada uma planta pouco exigente
em nutrientes, porém responde de forma significativa à adubação química e
orgânica quando cultivada em solos pobres.

ESTABELECIMENTO

Época de plantio: a hemártria Roxinha pode ser plantada durante o ano


todo, sendo que a melhor época para estabelecimento é no período que ocorre
maior quantidade de chuvas e temperaturas mais altas (outubro a fevereiro).
Forma de multiplicação: por mudas, usando-se a parte aérea com raízes
ou apenas os colmos, na quantidade de 2.500 a 3.000 kg de mudas por
hectare.
O plantio pode ser feito em sulcos ou covas, distribuindo as mudas no
espaçamento de 1,00 x 0,50 m, cobrindo 2/3 de cada muda, que deve ser bem
compactada depois do plantio. A lanço, utilizando-se somente a parte aérea
(colmos maduros) como mudas, que são distribuídas a lanço e cobertas com
uma gradagem leve e/ou rolo compactador.
A hemártria Roxinha deve ser implantada em solos sem alumínio e com
valores médios de fósforo (6 a 8 ppm), 0,15 a 0,20 meq de potássio e 3 a 4
meq de Ca + Mg. Solos pobres em matéria orgânica recomenda-se aplicar 20 a
30 kg/N/ha no plantio, e anualmente em cobertura, como adubação de
manutenção, 30 a 90 kg/N/ha.
Os nutrientes fósforo, potássio, cálcio e magnésio devem ser
acompanhados através da análise química do solo, recomendando-se manter
através de adubações de manutenção os níveis indicados para implantação.

UTILIZAÇÃO E MANEJO

Na forma de pastejo a hemartria Roxinha pode ser utilizada em pastejo


rotacionado ou contínuo. Através do pastejo contínuo é recomendável uma
carga animal variável conforme a disponibilidade estacional de forragem,
mantendo-se o pasto a uma altura média de 12 a 20 cm de altura.
Quando for utilizada através de pastejo rotacionado pode-se iniciar o
pastejo ao atingir 20 a 25 cm de altura, deixando um resíduo de 5 cm para
rebrote. Visando obter uma forragem de melhor qualidade da hemártria
Roxinha, resultados de experimentos em parcelas de campo, demonstram que
é recomendável um período de descanso de 4 a 6 semanas na estação quente
e 6 a 8 semanas na estação fria (POSTIGLIONI, 1977).
28

Quando cultivada para produção de feno, o manejo adequado com a


hemártria Roxinha é realizar o corte no estádio vegetativo quando atinge 50 a
70 cm de altura, deixando um resíduo de 5 a 7 cm para facilitar o rebrote.
Para utilização na forma de feno em pé, a hemártria Roxinha deve ser
diferida em fins de fevereiro e adubada com 20 a 40 kg/N/ha, iniciando sua
utilização através de pastejo ou corte a partir de maio, proporcionando
forragem até o final da estação fria.
Com relação a produção de matéria seca a hemártria Roxinha é uma das
espécies recomendadas com maior potencial para produção de forragem nas
regiões Sul e Centro Sul do Paraná.
Sob condições adequadas de manejo e fertilidade pode produzir além de
12 t de matéria seca/ha/ano.
Fator importante na produção de matéria seca da cv. Roxinha, é a
distribuição da forragem produzida. Conforme demonstra a Figura 1, esta
cultivar proporciona uma oferta de forragem nas quatro estações do ano,
característica importante para os sistemas de produção das regiões mais frias
do Estado.
Quanto aos valores de proteína bruta e digestibilidade encontrados na
hemártria Roxinha, resultados obtidos em trabalhos de pesquisa, revelam
variação conforme o manejo e época de utilização da espécie.
Na primavera, com corte ou pastejo no estádio vegetativo (3 a 4 semanas
de crescimento) é o momento que a cv. Roxinha apresenta os teores mais altos
de proteína bruta e digestibilidade da matéria seca.

TABELA 1. Efeito dos intervalos entre cortes sobre a porcentagem e


rendimento da proteína bruta da hemártria cv. Roxinha. UEPAE de
Ponta Grossa, 1977.
Intervalo entre cortes Proteína bruta
(dias)
Porcentagem kg/ha/ano
28 8,31 365
56 6,98 424
84 6,37 556
112 5,38 557

Quando é utilizada em estádios mais avançados de crescimento, verifica-


se uma acentuada redução no seu valor protéico (Tabela 1).
Submetida a freqüência de cortes de 35,70 e 105 dias e avaliação
realizada em P.Grossa-PR, POSTIGLIONI (1987) obteve os valores para
digestibilidade da matéria seca conforme demonstra os dados da Tabela 2.
Informações sobre o comportamento de bovinos para corte em pastagem
de hemártria Roxinha têm sido obtidas através de pesquisas realizadas pelo
IAPAR em Ponta Grossa-PR.

TABELA 2. Influência de intervalos entre cortes sobre a digestiblidade da


matéria seca da Hemártria cv. Roxinha. IAPAR. Ponta Grossa,
1987.
Intervalos entre covas Estação do ano Digestibilidade (%)
35 dias Primavera 69,78
Verão 74,37
29

Outono 65,56
70 dias Primavera 68,59
Verão 66,71
Outono 57,58
105 dias Primavera 67,50
Verão 64,79
Outono 55,42

O desempenho animal, ganhos por hectare e capacidade de suporte


numa pastagem de hemártria Roxinha podem ser observados através da
Tabela 3 e Figura 2. São resultados obtidos por POSTIGLIONI, (1990) num
trabalho de recria de bezerros com hemártria Roxinha sem qualquer
suplementação, realizado no período 1982/84.

TABELA 3. Ganhos de peso vivo estacionais e capacidade suporte de


hemártria Roxinha na região de Ponta Grossa-PR.
Lotação Peso Vivo Peso Vivo
Estações do ano animais-dia/há g/a/dia kg/ha
Primavera 309 464 145
Verão 427 248 102
Outono 128 75 11
Inverno 196 95 35

A combinação da hemártria Roxinha com a estrela IPEAME utilizada na


forma de feno em pé, foi estudada em Ponta Grossa-PR e os resultados,
conforme demonstra a Tabela 4, foram significativos sobre os ganhos de peso
por animal e por unidade de área (POSTIGLIONI, 1990).
O uso das supletivas aveia e azevém, alternando com pasto italiano na
fase de engorda de bovinos em pastagens de hemártria Roxinha, foi avaliado
em Ponta Grossa, no período de 1986/87. A influência das supletivas sobre o
desempenho dos animais pode ser observada nas Figuras 3 e 4, as quais
evidenciam as vantagens da utilização das mesmas, melhorando os ganhos
individuais e propiciando o abate dos animais de forma antecipada,
(POSTIGLIONI, 1991).

Tabela 4. Ganhos de peso vivo em (g/a/d) e (kg/ha/ano) na pastagem de


hemátria Roxinha com e sem as alternativas de feno em pé.
IAPAR, Ponta Grossa-PR, 1982-84.
Pastagem Peso vivo Peso vivo
g/a/dia kg/ha/ano
Somente hemártria 241 293
Hemártria + feno em pé de hemártria 244 296
Hemártria + feno em pé de estrela IPEAME 340 360

Com o objetivo de melhorar os ganhos em pastagens de hemártria


Roxinha, foi estudado em Ponta Grossa-PR, a utilização do guandu (no verão)
e cornichão (no inverno) na forma de bancos de proteína para bovinos
mantidos em hemártria Roxinha. Os resultados, conforme ilustra a Figura 5
30

demonstram que foram positivos, determinando melhores ganhos aos animais


que tiveram acesso às áreas de leguminosas, (POSTIGLIONI, 1991).

HERMÁRTRIA - IAPAR 36-FLÓRIDA

É um ecotipo originário da Africa do Sul, introduzido nos Estado Unidos na


Universidade da Flórida com a identificação X-93-2. Em nosso meio após ser
introduzida no Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite -
CNPGL/EMBRAPA foi para a Estação Experimental de Lages - SC e
posteriormente, para a Estação Experimental da Fazenda Modelo em Ponta
Grossa - PR, recebendo o número de introdução 7918. No Paraná após ser
avaliada em diversas regiões está sendo difundida como hemártria IAPAR 36 -
Flórida. Alastra-se rapidamente na superfície do solo e é muito vigorosa,
crescendo até a altura de 1,50 m. Suas folhas têm uma coloração verde
escuro, com alguma tonalidade roxa. Os talos ou colmos no início são verdes
passando para roxo depois de maduros, os quais são bem desenvolvidos, o
que facilita sua propagação por via vegetativa. As folhas e os colmos
apresentam pilosidade. Dentre as hemátrias recomendadas pelo IAPAR é a
cultivar mais robusta e a mais rápida na fase de formação.

ESTABELECIMENTO

A sua propagação é feita por via vegetativa e recomenda-se o plantio na


primavera e verão em solos com boa umidade, livres de alumínio tóxico e com
níveis adequados de fertilidade. Para formar um hectare são necessários 2.000
a 2.500 kg de mudas, que podem ser constituídas da parte aérea com raízes
ou somente a parte aérea, talos ou colmos maduros mas não secos. O plantio
pode ser feito em sulcos ou covas com espaçamentos de 1,0 m ou a lanço
distribuindo as mudas em solo preparado e nivelado e depois cobertas com
uma gradagem leve e/ou com um rolo compactador.
Sua formação é rápida, do plantio à completa cobertura vegetal do solo
são necessários 4 a 6 meses.

UTILIZAÇÃO E MANEJO

A cultivar Flórida pode ser utilizada para pastejo e fenação. Na forma de


pastejo deve-se adotar uma altura de 25 a 30 cm no início do pastejo. Para
fenação o corte pode ser feito quando as plantas atingem 50 a 55 cm de altura.
Em ambos os casos é importante deixar um resíduo de forragem com 7 cm de
folhas e talos para facilitar a rebrota.
Quando o pastejo for rotacionado, recomenda-se período de descanso de
35 dias na primavera-verão, aumentando o intervalo de descanso para 60 a 70
dias no outono/inverno.
Através de avaliações feitas em parcelas experimentais na região de
Ponta Grossa-PR, esta cultivar proporcionou um rendimento de até 12.500 kg
de MS/ha/ano, onde 78% da sua produção concentrou-se nos meses de
primavera-verão, e o restante, no outono/inverno.
O seu valor protéico e a DIVMS apresentam uma variação conforme o
estádio de crescimento, estação do ano e nível de fertilidade do solo.
31

Na Tabela 5 são apresentados os valores médios estacionais de proteína


bruta e DIVMS da hemártria Flórida obtidos numa área submetida a pastejo na
região dos Campos Gerais do PR. (POSTIGLIONI, 1997).

Tabela 5. Valores médios estacionais de proteína bruta e DIVMS na hemátria


Flórida. IAPAR. Ponta Grossa, 1992/94.
Estação/ano PB DIVMS
% %
Primavera 12,0 75,3
Verão 7,2 74,3
Outono 6,7 64,1
Inverno 7,7 65,2

Através da Tabela 6 pode-se verificar os ganhos de peso vivo estacionais


e a capacidade de suporte da hemártria Flórida utilizada na forma de pastejo
contínuo na região de Ponta Grossa-PR (POSTIGLIONI, 1997).
Ainda em Ponta Grossa - PR POSTIGLIONI (1997) comparando
hemártria Roxinha com hemártria Flórida verificou que, embora mais exigente
em nutrientes a hemártria Flórida demonstrou ser mais eficiente para
terminação de bovinos. A Figura 6 ilustra o melhor desempenho dos novilhos
mantidos na hemártria Flórida, os quais atingiram peso para abate mais
rapidamente, liberando de forma antecipada a área para a entrada de outro
grupo de animais.

Tabela 6. Ganhos de peso vivo estacionais e capacidade de suporte de


hemártria Flórida na região de Ponta Grossa - PR. IAPAR -
1992/94.
Estação g/a/d ad/ha kg/ha
Primavera 1.157 101 117
Verão 709 239 169
Outono 599 172 103
Inverno 217 111 24
Média ou Total 671 623 413

HEMÁRTRIA - IAPAR 37 - PREFERIDA

Foi introduzida nos Estados Unidos na Universidade da Flórida com o


número de FL 976. No Brasil, o Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite
- CNPGL/EMBRAPA foi a instituição que realizou a introdução desta gramínea
em nosso meio.
No Paraná ela foi introduzida através da Estação Experimental Fazenda
Modelo em Ponta Grossa - PR, onde recebeu o número de introdução 7919.
Após ser avaliada em diversas regiões, está sendo difundida como hemártria
IAPAR 37 - Preferida. Forma uma massa vegetativa que pode atingir até 120
cm de altura. As folhas são de coloração verde brilhante e mantém essa
tonalidade em estádios mais avançados de crescimento.
É mais tolerante ao frio quando comparada com a cv. Flórida, e menos
resistente a temperaturas baixas em relação a cv. Roxinha.
32

ESTABELECIMENTO

A época para o plantio é de outubro a abril, podendo ser implantada


através de mudas formadas pela parte aérea com raízes ou somente através
de mudas formadas pela parte aérea, utilizando-se 2.000 a 2.500 kg de
mudas/ha, que podem ser plantadas no espaçamento de 1,00 m uma muda da
outra ou distribuídas a lanço, e cobertas com uma gradagem leve e, ou
passagem de um rolo compactador.

UTILIZAÇÃO E MANEJO

A hemártria Preferida pode ser utilizada para pastejo e fenação. Na forma


de pastejo a altura recomendada para iniciar a sua utilização é 20-25 cm, e
para fenação o corte pode ser feito quando atinge a altura de 50-55 cm,
deixando-se em ambos os casos uma resteva de 7 cm para facilitar o rebrote.
Quando é utilizada sob pastejo beneficia-se pelo sistema de pastejo
rotacionado sendo recomendável um período de descanso de 4 a 5 semanas
no período de primavera/verão, e de 8 a 9 semanas no outono/inverno.
Avaliações em parcelas experimentais na região de Ponta Grossa-PR, a
hemártria Preferida chegou a produzir 12.000 kg de matéria seca/ha/ano, onde
73% da produção foi obtida na estação quente, e o restante na estação fria do
ano. O seu valor protéico é variável de acordo com o estádio que se encontra,
época do ano e fertilidade do solo, sendo que em média, está em torno de 5%
a 12%.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

POSTIGLIONI, S.R. & PICANÇO, R.G. Avaliação sob pastejo de três


gramíneas subtropicais e do campo nativo, na região dos Campos Gerais do
Paraná. PESQUISA AGROPECUÁRIA BRASILEIRA, 14(1):53-61, 1979.
POSTIGLIONI, S.R. Utilização de pastagens supletivas na terminação de
novilhos mantidos na Hemarthria alissima cv. Roxinha. In: REUNIÃO DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 28, 1991. 721p.
POSTIGLIONI, S.R. Efeito de nitrogênio mineral e leguminosas sobre a
produção forrageira de quatro gramíneas subtropicais. Londrina, IAPAR,
1985. 18p. (IAPAR. Boletim técnico, 17).
POSTIGLIONI, S.R. Efeito de intervalos entre cortes sobre o rendimento de
matéria seca e proteína bruta de quatro gramíneas subtropicais. Ponta
Grossa, 1977. 15p. (Comunicado técnico, 5). EMBRAPA-UEPAE de Ponta
Grossa.
POSTIGLIONI, S.R. Hemarthria altissima uma forrageira para a região dos
Campos Gerais do Paraná. Londrina, 1983. 19p. (Circular IAPAR, 36).
POSTIGLIONI, S.R. Recria de bezerros em Hemarthria altissima cv. IAPAR 35-
Roxinha. Londrina, 1990. 9p (IAPAR. Informe da pesquisa, 93).
POSTIGLIONI, S.R. Resultados de pesquisas com Hemarthria altissima na
região dos Campos Gerais do Paraná. IAPAR, 1995. 22p. (IAPAR. Circular,
85).
33

POSTIGLIONI, S.R. Produção animal em pastagens de hemártria na região


dos Campos Gerais do Paraná. IAPAR, 1997. 16p. (IAPAR. Boletim Técnico,
53).

Figura 1. Rendimento estacional de matérias verde e seca de hemártria


Roxinha na região de Ponta Grossa.
34

Figura 2. Desempenho de bezerros na fase de recria na pastagem de hemártria


IAPAR 35. Roxinha. Média de 1982 a 1984.

Figura 3. Ganhos estacionais na pastagem de hemártria Roxinha com e sem


pastagem supletiva.

Figura 4. Desenvolvimento de novilhos na pastagem de hemártria Roxinha


com e sem pastagem supletiva
35

Figura 5. Desenvolvimento de bovinos em pastagem de hemártria Roxinha


com e sem leguminosas (IAPAR, Ponta Grossa, 1989).
36

Figura 6. Desempenho de novilhos na fase de engorda em pastagens de


hemártria Roxinha e Flórida. IAPAR, Ponta Grossa-PR, 1992/94.

GÊNERO HYPARRHENIA

ORIGEM E ADAPTAÇÃO

Gramínea perene de origem africana. Foi introduzida no país


provavelmente por meio dos navios negreiros.
Vegeta bem em solos pesados e úmidos e produz relativamente bem nos
solos pobres.
É resistente ao calor e à seca, e recupera-se bem após queimadas.
Desenvolve-se bem ao nível do mar até 2 mil metros de altitude, em
regiões com temperaturas médias de 20 a 30º e precipitações acima de 800
mm anuais.
Tem hábito de crescimento entouceirado, podendo atingir, incluindo as
hastes florais, até 2,5 metros de altura. É conhecido vulgarmente por capim-
provisório (talvez por oferecer forragem de qualidade em curto período),
brasileirinho (ao fato de ostentar colmos verde-amarelos por ocasião da
frutificação), sapé gigante e capim-vermelho.

IMPLANTAÇÃO
37

A formação do pasto é feita, em geral, distribuindo-se sementes à lanço


em solo não lavrado, após a queimada. Com a ajuda de ressemeadura natural
o pasto estará completamente formado em cerca de dois anos. A semeadura
em linha (espaçamento de 25 a 40 centímetros) empregando-se maquinário
próprio, em solo com preparo convencional (uma aração e duas gradagens),
possibilita a formação em prazo reduzido de três meses.
A semeadura à lanço pode ser realizada com o aproveitamento de
máquinas usadas normalmente na distribuição de calcário e adubo ou ainda
com semeadeiras adaptadas (retirada dos carrinhos, discos duplos e tubos
condutores).
É necessária a quantidade de 6 quilos de sementes puras viáveis por
hectare (15 a 20 quilos de sementes de boa qualidade por hectare).
A presença de aristas favorece o enterrio das sementes na semeadura à
lanço. Com o emprego de semeadeiras há necessidade de retirada das aristas
(sementes desaristadas).

UTILIZAÇÃO E MANEJO

No final do inverno é comum o uso do fogo com o propósito de reduzir a


vegetação (macega), acelerando o rebrote que apresenta forragem de melhor
qualidade. No entanto, embora o capim resista bem a essa prática, as
sementes que estão na superfície do solo podem ser reduzidas drasticamente.
A roçada da área, substituindo o fogo, seria uma prática mais recomendável.
Com o aumento da idade da planta há perda do valor nutritivo, encurtando
o período de utilização do capim-jaraguá. O florescimento ocorre por volta de
80 dias de crescimento.
Deve ser pastejado empregando-se lotação alta durante o crescimento de
primavera-verão, visando aumentar a quantidade de folhas das rebrotas. Os
animais devem entrar na pastagem quando o capim atingir 40 a 60 centímetros
e sair quando rebaixado a 15-20 centímetros.
No inverno o capim-jaraguá apresenta elevada proporção de talo, muita
fibra e em consequência baixo valor nutritivo e, portanto, baixa capacidade de
lotação.
É uma das gramíneas que dá bom feno até aos 80 dias de crescimento.
O capim-jaraguá já ocupou extensas áreas no Brasil, sendo
gradativamente substituído nos últimos anos por outras espécies,
principalmente do gênero Brachiaria (B. decumbens, B. humidicola e B.
brizantha).

GÊNERO PANICUM

Esta gênero é originário da África Tropical, se estendendo para o


subtrópico do Sul da África. Ocorre naturalmente nas margens florestais, solo
recém desbravado, e em locais com pouco sombreamento de árvores. Seu
melhor crescimento ocorre à altitudes desde o nível do mar até 1800 m de
altitude.
Embora não esteja bem definida, a introdução do Panicum no Brasil,
ocorreu no Século VIII através dos escravos, que o utilizavam como cama nos
38

navios que os traziam ao País. Aqui, face as condições climáticas bastante


similiares à região de origem, teve muito boa adaptação, tanto que é
considerado como planta nativa, em algumas regiões do País .

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS/AGRONÔMICAS.

O Panicum maximum Jacq. é uma planta perene , de hábito cespitoso,


atingindo de 0,5 a 4,5 m de altura. Seus colmos são eretos e podem,
apresentar de 3 a 15 nós com ou sem pêlos. Suas folhas são lanceoladas, cujo
comprimento varia de 15 a 100 cm e atinge até 3,5 cm de largura. Sua
inflorescência é uma panícula aberta, medindo 25 e 60 cm de largura e
comprimento, respectivamente. Suas cariopses são pequenas, elípticas e com,
aproximadamente, 2 cm de comprimento.
Por ser uma espécie tropical, seu maior desenvolvimento ocorre durante o
período de verão onde as condições de temperaturas elevadas, médias
superiores a 290 C no verão e superiores a 150 C no inverno. A umidade tem
um papel de extrema importância no crescimento das plantas, enquanto que, à
temperatura médias menores que 200 C no verão, e menores 100 C no inverno,
tanto a temperatura quanto a umidade assumem papel importante no
crescimento dessa forrageira. Pela maioria das suas cultivares serrem plantas
C4, são plantas sensíveis a geadas, pois tende a paralisar seu crescimento
quando a temperatura igual ou inferior a 100 C. Sendo entre 30 a 450 C, a
temperatura ótima de crescimento.
O Panicum maximum Jacq pode crescer satisfatoriamente em condições
de precipitações anuais de 650 a 800 mm, todavia sua melhor produtividade
tem ocorrido em áreas onde a precipitação é superior a 1000 mm de
chuva/ano. Essencialmente, ocupa áreas bem drenadas, preferindo os solos
ligeiramente arnosos a arenosos, não tolerando os muitos argilosos e pesados,
e com prolongado período de encharcamento. Curtos períodos de até 10 dias,
as plantas até toleram bem o encharcamento.
No Paraná as áreas mais recomendadas para o plantio desta gramínea,
são as regiões Noroeste, Norte e Norte Pioneiro. Em outras regiões do Brasil,
deve-se planta-lo no clima tipo Cfa, regiões de áreas mais quentas e geadas
mais leves. Em outras regiões, com elevada temperatura, geadas leves e de
solos argilo-arenoso ou arenoso, bem drenado, eles tem um bom
desenvolvimento.

ESTABELECIMENTO

O Pânicum maximum Jacq. pode ser estabelecido por sementes ou


vegetativamente, por pequenas touceiras.
A época ideal de plantio é de outubro a janeiro, período em que,
geralmente, as condições de temperatura e umidade do solo são mais
adequadas para germinação de sementes e estabelecimento de pastagem.
A qualidade da semente é muito importante e a quantidade utilizada
depende do Valor Cultural. Geralmente recomenda-se 2 a 3 quilos (Kg) de
sementes puras viáveis (SPV) por hectare (/ha). Em geral usa-se 4 -10 Kg/ha
de sementes de bom valor cultural (30%).
Devido ao pequeno tamanho das sementes, recomenda-se fazer um bom
preparo do solo com aração e gradagens. Deve-se ter uma cama bem
39

uniforme, livre de torrões, pois as sementes devem ser colocadas , no máximo,


a 2 cm de profundidade.
O mais recomendável após o bom preparo do solo, seria distribuir a
semente, manual ou com máquinas, em linhas (20-40 cm) ou lanço, e
posteriormente fazer uma leve compatação do solo, para permitir uma maior
retenção de umidade para a semente.
O plantio da gramínea deve ser precedida da análise do solo, pois a
calagem e a adubação são imprescindíveis ao bom estabelecimento desta
espécie, pois a maioria dos cultivares do gênero Panicum são muito exigente
em fertilidade de solo.
Além desse aspecto, esta forrageira tem alta capacidade produtiva, e para
melhor exploração da área e com economicidade, o sucesso do
estabelecimento está embasado na fertilidade do solo, qualidade de semente,
variedade a ser escolhida , condições e preparo do solo , plantio e manejo.
A compactação do solo pode ser feita com penus ou tubos de concreto
puxados por animais ou tratores, com eixo de rolamento ou arrasto de até 2,5
m.
Cabe salientar, que se está tentando introduzir a tecnologia de plantio
direto para sementes pequenas (Gênero Panicum), em diversas regiões do
país, e na região do Arenito do Caiuá, no Paraná.
Embora já existam algumas máquinas que estão sendo utilizadas com
bom sucesso, essa tecnologia ainda é recente . Todavia, se forem produzidos
bons resultados e efetivos, encontrar-se-á grande solução, principalmente
para as regiões de solos mais arenosos, dentre outros.

ADUBAÇÃO

O uso de calagem é muito importante para a maioria das variedades e/as


cultivares de Panicum pois são plantas muito exigentes em solos.
Por serem a maioria dos cultivares de alta produtividade, em geral, a
resposta à calagem, tem favorecido a melhor incorporação do cálcio e do
magnésio e, principalmente, à elevação da saturação de bases, que a maioria
das pesquisas tem evidenciado, deve estar entre 50 e 70%. Neste contexto
também chama atenção a relação calcário/magnésio , que para o Panicum,
não deve ser inferior a 4, que pode trazer prejuízos à produção de forragem ,
essencialmente pela deficiência de magnésio.
A adubação fosfatada tem papel importante tanto na formação das
pastagens de Panicum, por ter influência no perfilhamento, na formação do
sistema radicular, na produção de matéria seca e manutenção do crescimento
de espécie. A literatura , em função do tipo de solo, quantidade de fósforo e
cultivar (colonião) sugerem níveis críticos de fósforo para o capim teores de
0,14 e 0,15% e em folhas jovens totalmente expandidas 0,16 a 0,19%.
Em geral , a aplicação do fósforo nas pastagens tem melhorado o
perfilhamento e a formação do sistema radicular e tem pouco efeito na
produção de matéria seca. A recomendação em em P2O5 (prontamente solúvel)
oscilam entre 30 a 100 Kg/ha para formação da pastagem, é de 40 a 80 Kg/ha,
em pastagens já estabelecida .
Algumas referências de literatura predizem que o nível de critico de P no
solo para Panicum é de 10 ppm.
40

O nível de fertilidade do solo figura como um dos principais fatores


interferindo no nível de produção e quantidade das plantas forrageiras.
No nível de produção, o nitrogênio, para o Panicum tem respostas
elevadas, e aplicações de quantidades de até 600 Kg/ha não tem atingido a
capacidade máxima produtiva do cultivar Mombaça (Panicum maximum Jacq
cv. Mombaça) . Também para outras variedades ocorrem situação similares.
Desde que as condicões edafo-climáticas estejam adequadas a
capacidade de resposta ao adubo nitrogenado para Panicum tem sido muito
elevada, onde independente do cultivar utilizado, a produção de matéria-seca
tem variado dos 20 a 50 Kg de MS produzida por kg de N aplicado e, de 50 a
100 Kg de MS/ha/dia, no verão, destaca-se que isto dentre outros fatores, varia
em função da quantidade de N, do tipo e das condições de solo.
Além disso, o nitrogênio auxilia a melhora do valor nutritivo da forragem,
em termos de proteína bruta.
Da mesma forma que o nitrogênio, o potássio é muito importante à
produção dos cultivares de Panicum. Atenção maior deve ser dada aos solos
arenosos, é quando esta gramínea esta sendo usado sob corte, pois não há
reposição do elemento.
Desde os trabalhos realizados por VICENTE CHANDELER com capim
Colonião na década de 60 e os realizados mais recentemente (MONTEIRO et
al. 1980), mostram a importância do potássío na produção, na manutenção de
produção de matéria seca, principalmente, em áreas de corte. Especial atenção
deve-se tere onde se usa o Nitrogênio em elevadas quantidades. Assim o ni'vel
recomendável ser a reposto seria em função da percentagen de retira do solo
pela pastagem. Essa percentagem deve ser de 2 a 4 % de K, em relação a
matéria seca da forragem produzida, após cada corte ou pastejo.

UTILIZAÇÃO E MANEJO

O Panicum maximum em função das suas características de crescimento


tem como principal forma de uso, o pastejo. O ganho por área (kg/ha) pode ser
elevado, desde que as condições sejam adequadas para esta gramínea
expressar seu potencial qualitativo e produtivo. Este ganho, em geral, é maior
em função de capacidade produtiva de espécie do que seu potencial
qualitativo. Em geral, o ganho médio diário, não é tão elevado (até 800 grs/dia)
face aos seus teores de teores de proteína bruta, fibra em detrergente ácido e
em detergente neutro e digestibilidade de matéria seca não serem tão
elevados. (Tabela 1, 2 e 3). Como pode-se verificar não existe muita variação
entre os cultivares para estes parâmetros.
A medida qua a gramínea amadurece há a redução dos componentes
potencialmente digestíveis, como carboidratos solúveis, proteínas, minerais, e
outros conteúdos celulares tende a decrescer. A lignina, celulose, hemicelulose
protegidas e outras porções indigestíveis , tais como cutícula e sílica, aumenta.
Então, tudo isso, provoca a redução digestibilidade.
Esses aspectos permitem a afirmar que durante o período de verão,
quando esta gramínea for utilizada a pastejo rotacionado, o período de
descanço, poderá ser de 35 dias, permitindo uma boa recuperação da
pastagem. Geralmente, para este período de descanso, se as condições edafo-
climáticas forem favoráveis, os cultivares de porte mais elevado (Tobiatã,
Colonião, Mombaça, K 249, etc..) podem atingir até 1,60 m, enquanto que as
41

de menor porte (Aruana, Tanzãnia, Green Panic etc.) até 1,40m. Em função
das pesquisas mostrar a importância da manutenção de um grande número de
meristema apicais viáveis, o rebaixamento da pastagem não deve ser muito
próximo ao nível do solo. Isto também está associado a manutenção de Índice
de área foliar residual elevado, para uma recuperação acelerada após o
pastejo. Devido a essas observações, o mais recomendado seria o uso dessas
espécies em pastejo rotacionado.
Quando se utilizar essas gramíneas em pastejo contínuo, os mesmos
cuidados devem ser observados e em época oportuna, deve ser aumentada a
altura de manejo, principalmente as culturas que elevam mais rapidamnete
seus meristemas apicais . (Ex: Capim aruana, etc...). Por isso, deve-se sempre
a altura de resíduo acima de 40 cm, e preferencialmente com uma boa
quantidade de folhas. Cuidado especial de ser dado e pressão de pastejo, para
não permitir a sobra de material, devido a esse se tornar fibroso e deixar de
ser consumido pelos animais. Poderá haver excesso de pastagem em algumas
áreas, concorrendo para a degradação do pasto. Isto demosntra que com o
aumento de produção de matéria seca por área, em geral, deverá estar
associada ao aumento de n0 de unidades animais naquela área.
Nesta situação, a adubação nitrogena é muito importante para
potencializar a produção de pastagem, estratégias de adubação permite
incrementar o perfilhamento em uma pastagem de capim-mombaça, haja visto
que seu perfilhamento é essencialmente basilar e constante.
Os ganhos de peso em pastejo contínuo (Estação Experimental do
IAPAR- Paranavai Pr), com lotação variando em função de matéria seca
disponível , com taxas de lotação de 1,80, 1,70, e 1,85 UA/ha/ano, foi de 700,
480, e 500 Kg de peso vivo/ ha/ano, respectivamente, para o cultivar
Mombaça, Tanzânia e Tobiatã.
Durante o período seco o ganho po área é baixo, o desempenho animal
desse período, está intimamente relacionado a baixa produtividade dos pastos
e qualidade dos mesmos (teor de PB, energia, digestibilidade in vitro, etc...). A
introdução de leguminosas, associadas as gramíneas ou como bancos de
proteína tem sido uma forma de melhorar o desempenho dos animais em
pastejo.

CULTIVARES:

Dentro desse gênero vários são os cultivares que são utilizados na


alimentação animal, que crescem em vários continentes, em clones vegetativos
e apamíticos, sendo estes os mais utilizados, na alimentação animal, no
Brasil.

COLONIÃO:

Primeiro cultivar a chegar ao Brasil, já ocupou quase 80% da área de


pastagens brasileiras, é considerado "nativo " em determinadas regiões do
Brasil.
É uma cultivar de porte alto, podendo atingir até 4 m de altura. Suas
folhas verde claras, sua pilosidade e com cerosidade. É planta que para se
desenvolver adequadamente, necessita de precipitações superiores a 800 mm,
também crescimento bem definido em função fotoperíodo, sendo que a
42

elongação dos colmos, ocorre no final do verão/início de outono. Planta com


capacidade produtiva elevada (até 30 toneladas de MS/ha), sendo sua
produção obtida principalmente no verão, e pouca produção de matéria seca,
no período seco (6 - 10%) (Tabela 3 e 4)
É uma planta que deve ser bem explorado o seu potencial de produção
durante o período de verão. Muito embora apresente menor produção de
matéria seca e de folhas, das maiorias das cultivares utilizadas, apresenta
melhor valor nutritivo das demais (Tabela 1, 2, 3).
Cuidados devem ser tomados em relação ao manejo, utilizar
corretamente a adubação, com os animais entretanto nas pastagens com 1,00
a 1,20 m e a retiradas dos mesmos com material residual 30 a 40 cm . Após
um período de utilização da pastagem , a roçadeira pode ser utilizada para
uniformização da área.
É um cultivar com destaque na produção de semente se comparada aos
outros cultivares (150 a 200 Kg de semente/Ha).

TANZÂNIA:

Lançado pela CNPGC- EMBRAPA, em 1990, após o trabalho de


avaliação de 426 acessos coletados na África.
É uma planta forrageira de menor porte que o capim Colonião (até 1,30m
de altura), porte médio, seus colmos são mais finos e folhas menores que o
Colonião. Não possui pilosidade nas folhas que são verdes-claros, com lâminas
e bainhas glabas e 2,6 cm de largura, com pequena pilosidade nos colmos.
Época de florescimento similar ao colonião e seu valor nutritivo bastante
parecido ao colonião (Tabela 2,3,4).
Sua produtividade de matéria seca (até 26 toneladas/ha) é melhor
distribuída que outras cultivares, e também durante o ano 80 % dessa matéria
seca ê representada pelas folhas. No período seco esse fato se repete, além
de se destacar em produção de MS neste período.
É menos exigente em solos, (média a boa fertilidade) que o capim
Colonião, e é melhor adaptado em solos bem drenados.
Na avaliação da EMBRAPA, o capim Tanzânia, produziu mais sementes,
matéria seca total, matéria seca de folhas, percentagem de folhas, melhor
condição de rebrota, e melhor relação produção/ adubação que o capim
Colonião. A entrada dos animais deve-se dar quando as plantas atingirem até
1,00 m de altura e retirá-los quuando o resíduo, atingir 20 a 30 cm. Essa
gramínea também melhor ganho de peso que o capim colonião (Tabela 1).
Outros dados de valor nutritivo e de produção são apresentados nas
Tabelas 2, 3, 4, 5.

MOMBAÇA:

Esta gramínea também foi lancada pela CNPGL-EMBRAPA de Campo


Grande em 1993, após a avaliação de 426 acessos coletados na África,
É uma planta de porte alto, semil ao colonião, apresenta folhas verde-
claras, sem cerosidade, eretas e com 3,0 cm de largura . Apresenta maior
capacidade produtiva que os dois cultivares anteriores, tanto em matéria seca
total, como folhas. Semelhantes ao capim Tanzânia , o Mombaça produz mais
matéria seca no período seco que o Colonião, entretanto tem menor
43

capacidade de rebrota após corte ou pastejo e menor produção de sementes


que o capim Tanzânia.
Apresenta alta resposta a adubação nitrogenada, sendo que a aplicação
de 600 Kg de N/ha, não foi suficientes para atingir a capacidade máxima
produtiva ( 20.000 Kg de MS/Ha). Este capim também não cessou seu
perfilhamento até a 3a semana após o corte e, a produção de matéria seca foi
representada, quase, na sua totalidade por perfilhos basais. O período de
descanço ou intervalo entre corte recomendado é de 35 dias, para o pastejo
rotacionado (Machado, 1997).
É menos exigente em fertilidade que o capim Colonião e, o manejo deve
ser similar ao recomendado para o capim Colonião. Produz 130 % a mais que
o Colonião e 28 % a mais que Tanzânia -1, em MS. Produziu 33 ton de MS/ha,
sendo 82% de MS de folhas, semelhantes ao Tanzânia-1, mas muito superior
ao Colonião.

TOBIATÃ

Foi importada da África e lançado pelo Instituto Agronômico de Capinas,


em 1982. É uma planta de porte alto, maior que o capim Colonião,
apresenta colmos e folhas maiores (4,6 cm de largura) que este, folhas verde-
escuras, eretas, com pilosidade e com uma densa pilosidade nas bainhas.
Em função de manter seus meristemas apicais mais baixos, permite que
possa ser realizado um pastejo mais baixo que o capim Colonião. Também por
seu crescimento não ser tão marcante pelo fotoperíodo, isto posibilita que
este cultivar tenha uma maior produção de folhas no período seco / inverno.
Sua produção de matéria seca de folhas média é maior que o capim
Colonião ( 27 ton/ha), porém inferior ao capim Mombaça. Sua produção de MS
total é menor que o capim Mombaça, porém maior que o Tanzânia e o
Colonião. Parece apresentar menor capacidade de produzir sementes que os
capins anteriormente citados.
Os ganhos de peso são superiores ao capim Colonião e o valor nutritivo
pode ser melhor avaliado nas tabelas nos dados da Tabelas 2 e 3.
É uma planta bastante exigente em fertilidade do solo e deve-se muito
cuidado no manejo do pasto, quando utilizado como pastejo. O manejo mais
recomendável, deve ser semelhante ao capim Colonião.

ARUANA:

Lançado pelo Instituto de Zootecnia em 1989. É uma gramínea de porte


médio (1,0 m de altura), apresenta grande número de colmos finos, folhas
verde-escuras, pequenas, com densa pilosidade na lâmina foliar, bainha e nos.
Seus colmos são eretos, mas tornam-se decumbentes e, quando em contato
com o solo emitem raízes nos nós, apresentando como característica a
emissão de estolões.
Devido ao seu suporte baixo e suas características, está sendo utilizado
com sucesso em pastejo com ovinos.
O manejo desta gramínea deve ser cuidadoso, pois por características,
emitem inflorescência durante todo o período de verão, ou seja expõem
frequentemente seus meristemas apicais aos animais. Geralmente, deve-se
colocar os animais quando esta atinge até 0,80 m e retirá-los quando o resíduo
44

estiver a cerca de 0,30 m de altura. O intervalo de corte dever ser de 35 dias,


onde se encontra melhor valor nutritivo. O teor de Proteína Bruta (12 a 13%) e
digestibilidade in vitro de matéria seca é até 65%.
Sua produtividade, é inferior aos cultivares discutidos anteriormente,
todavia, apresenta uma relação folha/colmo muito boa.

VENCEDOR

É um cultivar estudado pelo Centro de Pesquisa Agropecuária dos


Cerrados. As plantas apresentam porte semelhante ao capim Colonião, com
exigência em fertilidade do solo. Planta que possui boa resistência a seca,
cigarrinhas e doenças. Quanto as características de produtividade e
qualitativas parecem ser maiores que o capim Colonião.

CENTENÁRIO

Lançado pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas) em 1982. Planta


de porte elevado, com características parecidas ao capim Colonião. Tem uma
boa tolerância ao alumínio, resistente a seca, boa aceitação com pastejo. Não
muito tolerante ao pastejo. Menos exigente que o capim Colonião e as suas
produções em determinadas situações são superiores ao capim Colonião.
Além destes cultivares, existem outros como Centauro, IZ-1, Green Panic,
etc., que também são utilizados em pastejo, porém em menor proporção e
com poucos estudos realizados, principalmente em pastejo.
No IAPAR- Paranavaí -Pr, está em estudo um ecotipo K 249, parecendo
bastante promissor, com boa produtividade de forragem e boa produção de
semente.

TABELA 1- Produção de matéria seca total (MST) e de folhas (MSF) e Ganho


de Peso de novilho em pastagens de Panicum Maximum Jacq
(média 3 anos).
CULTIVARES MST MSF GANHOS DE PESO Taxa de
colocação
kG/Ha/MS Gs/cab/dia Kg/ha/dia Nov/Há
TANZÂNIA -1 1673 a 567 a 520 a 446 a 2,34 a b
TOBIATÃ 1494 ab 530 ab 451 b 414 a 2,51 a
COLONIÃO 1285 b 382 a 422 b 324 b 2,10 b
Médias seguidas de letras distintas (maiúsculas nas colunas e minúsculas nas linhas) diferem entre si
pelo teste TUKEY (P<0,05). Adaptado de MACHADO & CECATO, 1997.

TABELA 2 - Teores de proteína bruta (PB) e valores digestibilidade in vitro da


MS (DIVMS) de cultivares e acessos do gênero Panicum em
alturas de corte no período de verão.
ALTURA (cm)
CULTIVAR 20 cm 40 cm 20 cm 40 cm
PB (%) DIVMS (%)
Aruana 10,74 Ca 10,40 Ca 64,42 Aa 68,00 Aa
Centenário 12,36 ABa 12,33 Aba 60,60 Aa 60,11 Aa
Colonião 12,40 ABa 12,96 Aba 67,38 Aa 64,56 Aa
KK8 12,58 ABa 13,28 Aba 56,37 Aa 63,30 Aa
K249 12,22 ABa 12,84 Aba 63,39 Aa 65,62 Aa
Mombaça 12,53 ABa 13,16 Aba 64,32 Aa 64,81 Aa
Tanzânia 11,84 BCa 12,12 Ba 63,11 Aa 63,82 Aa
45

Tobiatã 13,26 Aa 13,57 Aa 58,72 Aa 60,65 Aa


Médias seguidas de letras distintas (maiúsculas nas colunas e minúsculas nas linhas)
diferem entre si pelo teste TUKEY (P<0,05). Adaptado de MACHADO & CECATO, 1997.

TABELA 3 - Teores de fibra em detergente ácido (FDA) e fibra em detergente


neutro (FDN) dos cultivares e acessos do gênero Panicum em
função das alturas de corte no período de verão.
ALTURA (cm)
CULTIVAR 20 40 20 40
FDA (%) FDN (%)
Aruana 42,75 ABa 42,57 ABa 74,34 ABCa 74,22 Aba
Centenário 43,71 Aa 43,79 Aa 74,94 ABa 76,20 Aa
Colonião 40,88 Ba 40,17 Ca 71,56 Ca 71,41 Ca
KK8 43,46 Aa 42,35 Aba 73,44 ABCa 72,58 Bca
K249 41,92 ABa 41,16 Bca 72,56 BCa 72,42 Bca
Mombaça 44,03 Aa 42,91 Aba 73,46 ABCa 73,21 Bca
Tanzânia 43,30 ABa 42,15 ABCa 75,67 Aa 74,52 Aba
Tobiatã 42,81 ABa 42,14 ABCa 73,82 ABCa 73,83 ABCa
Médias seguidas de letras distintas (maiúsculas nas colunas e minúsculas nas linhas)
diferem entre si pelo teste TUKEY (P<0,05). Adaptado de MACHADO & CECATO, 1997.

TABELA 4 - Produções de matéria seca verde total (PMSVT) e de folhas


(PMSVF), e relação folha/colmo (F/C) de cultivares e acessos do
gênero Panicum alturas de corte no período de verão.
ALTURA (cm) ALTURA (cm) ALTURA (cm)
CULTIVAR 20 40 20 40 20 40
PMSVT (kg/ha) PMSVF (kg/ha) F/C
Aruana 5.996 Ca 6.079 Da 3.743 Ca 3.889 Ea 1,69 Ba 2,07 Ca
Centenário 17.177 Aa 18.191 Aa 13.439 Aba 15.186 ABa 3,60 Aa 5,10 BCb
Colonião 11.039 BCa 10.675 Ca 8.716 BCa 9.280 Da 3,97 Aa 6,78 Abb
KK8 16.680 Aa 17.307 ABa 12.980 Ba 13.999 ABCa 3,51 Aa 4,22 Bca
K249 16.171 ABa 13.983 BCa 12.649 ABa 11.854 BCDa 3,57 Aa 5,74 Abb
Mombaça 21.146 Aa 19.872 Aa 16.524 Aa 16.940 Aa 3,62 Aa 5,86 Abb
Tanzânia 16.566 Aa 12.273 Cb 13.551 ABa 11.028 CDb 4,48 Aa 9,21 Ab
Tobiatã 19.093 Aa 16.826 ABa 15.002 Aa 14.006 ABCa 3,66 Aa 5,27 BCb
Médias seguidas de letras distintas (maiúsculas nas colunas e minúsculas nas linhas) diferem entre si
pelo teste de Tukey (P<0,05)

TABELA 5 - Produções de matéria seca verde total (PMSVT) e de folhas


(PMSVF) e relação folha colmo (F/C) de cultivares e acesssos de
Panicum em alturas de corte, no perído seco.
ALTURA (cm) ALTURA (cm) ALTURA (cm)
CULTIVAR 20 40 20 40 20 40
PMSVT (kg/há) PMSVF (kg/ha) F/C
Aruana 1.480 Ba 721 Da 1.140 Ba 635 Da 3,55 Bca 7,25 Bca
Centenário 5.099 Aa 3.209 ABb 4.487 Aa 3.007 Ba 7,59 Aba 17,0 Abb
Colonião 1.326 Ba 1.235 CDa 555 Ba 590 Da 0,74 Ca 1,05 Ca
KK8 5.597 Aa 4.749 Aa 3.857 Aa 3.134 Ba 2,27 Ca 2,28 Ca
K249 2.443 Ba 2.216 Bda 1.575 Ba 1.443 Ca 1,91 Ca 1,89 Ca
Mombaça 5.753 Aa 4.648 Ab 4.763 Aa 4.367 Aa 4,89 ABCa 16,53
Abb
Tanzânia 4.826 Aa 3.722 ABb 3.839 Aa 3.221 Ba 4,91 ABCa 6,56 Bca
Tobiatã 4.646 Aa 2.633 BCb 4.190 Aa 2.515 BCb 9,65 Aa 23,31 Ab
Médias seguidas de letras distintas (maiúsculas nas colunas e minúsculas nas linhas) diferem
pelo teste de Tukey (P<0,05)
46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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na produção e nas variáveis morfogênicas do capim mombaça Panicum
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BOGDAN, A.V. Tropical pasture ande folder plants. Longman, 1978. 475 p.
CECATO, U. Influência da freqüência de corte, níveis e formas de aplicação
do nitrogênio sobre a produção, a composição química e algumas
características da rebrota do capim Aruana (Panicum maximum Jacq. cv.
Aruana). Jaboticabal, SP, UNESP, 1993. 112p. Tese (Doutorado em Produção
Animal) - Universidade Estadual Paulista, 1993.
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de Panicum maximum Jacq. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRADE ZOOTECNIA, 33, 1996, Fortaleza. Anais... Fortaleza: SBZ,
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Latossolo Vermelho Amarelo. Piracicaba, 1991. 83p. Tese (Doutorado)-
Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"Universidade de São Paulo.
CRUZ M.C.D. FERREIRA,M.E, LUCHETTA. Efeito da Calagem sobre a produção
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JANK L. Avaliação, seleção e lançamento de novas cultivares de Panicum
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FORRAGEIRAS, São José do Rio Preto - SP, 1990. p. 1-15.
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NUTRIÇÃO ANIMAL. Campinas-SP. 1985. p. 25-33.
MACHADO, A.O. Avaliação da produção do valor nutritivo e das
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Jacq. UEM 1997 100p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia )... Universidade
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MONTEIRO, F.A., LIMA, F.A.A., WERNER, J.C., MATOS, H.B. Adubação em
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PEIXOTO, A.M., DE MOURA, J.C, DE FARIA, U.P.O Capim Colonião. IN:
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SOUZA, A.G., SOARES, FILHO, C.V., MELLA, S.C. Espécies Forrageiras
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Forragicultura no Paraná, CPAF- Comissão Paranaense de Avaliação de
Forrageiras, Londrina - PR. 1996. p. 291
47

GÊNERO PENNISETUM

Capim elefante : Pennisetum purpurem Shcum.

O capim elefante (Pennisetum purpureum Schum) é uma graminea


perene de hábito cespitoso, podendo atingir até 6 na de altura. Propaga-se
através de gemas basilares; e rizomas curtos. Cresce em touceiras de 20 a
200 perfilhos, possui colmos cilíndricos e cheios, suas folhas atingern até 1,25
m de comprimento por 4 cm de largura. Normalmente não forma sementes
viáveis, multiplicando-se por estacas, que são mudas provenientes de colmos,
e que emitem raizes nos pontos onde entram em contato com o solo na região
dos nós. É originária da África, na faixa compreendida entre as latitudes 100
Norte e 200 Sul, sendo uma espécie bastante rústica, adaptando-se a uma
variada gama de textura de solos, desde moderada a bastante pesada,
caracterizada por elevadas produções de matéria seca, persistência e
tolerância a seca. Não apresenta bons resultados em locais com possibilidade
de inundação ou com grandes períodos de encharcarnento.
Trata-se de irmã forrageira de excelente qualidade e com rápido
crescimento vegetativo. Devido ao seu valor forrageiro tem sido introduzida em
quase todas regiões tropicais e subtropicais, em altitudes que variam desde o
nível do mar até 2.000 m.
Nas regiões subtropicais úmidas, suas raízes e colo são resistentes às
temperaturas extremas as quais são submetidas. A geada ocasiona a morte da
parte aérea, cujo crescimento a partir da primavera é realizado às expensas
das reservas orgânicas acumuladas na base da planta.
0 capim-elefante com manejo adequado, tem demonstrado bons
rendimentos em experimentos onde a resposta da pastagem é avaliada em
termos de produto animal, seja carne ou 1eite, muito estudada, através de
trabalho de rendimento com a qualidade de ensaios que procuram determinar
reservas orgânicas, manutenção do vigor, altura de corte e produção de
forragem.

CULTIVARES

É grande o número de cultivres que diversas Instituições de pesquisa, tem


a árdua execução da tarefa de diferenciar características morfológicas, de
produção, valor nutricional e relação folha/colmo.; forrageiras; são dos no
sentido de conciliar ido, mais especificamente,
Um fator que dificulta a determinação do número e a identificação das
cultivares de capim-elefante, é que em muitos casos a mesma cultivar é
introduzida em diferentes locais, sem que seja mantida a identificação original,
As introduções são rebatizadas; com nomes locais, ou geralmente são
chamadas de Napier, Cameroon (que são duas cultivares), adquirindo o nome
popular para a espécie Pennisetum purpureum.
As principais cultivares utilizadas no Brasil são: Napicr, Merker, Mineiro,
Porto Rico 534, Gigante de Pinda, Mole Volta Grande, Taiwari A- 144, Taiwara
A146, Taiwart A- 148, Vmckwona, Camermin, Roxo Botucatu e, mais
recentemente, o Anão (nome comum da cv. Mott).
48

ESTABELECIMENTO

0 capim-elefante é classificado no grupo de forrageiras que necessitam da


elevação da saturação de bases de um minimo de 60% até 80%, quando
manejado intensivamente em função do volume de nutrientes removidos.
Trabalhos desenvolvidos pela EMBRAPA, no Centro Nacional de Pesquisa de
Gado de Leite em Coronel Pacheco, MG, demonstram que para produzir 150
t/ha de massa verde de capim-elefante, ou 30 t/ha de de MS, a quantidade de
nutrientes retirados do solo é de 480 kg de Nitrogênio (N), 117 kg de fósforo
(P205),360 kg de potássio(K20) e 188 kgdc cálcio (CãO). Em função desta alta
extração de nutrientes do solo pelo capim-elefante, verifica-se que a
necessidade de reposição dos nutrientes extraidos é de fundamental
importância para uma boa produção e persistência da capineira. Antes do
plantio deve-se coletar solo para análise, a fim de determinar corretamente a
necessidade de adubos e calcário. Neste contexto, a adubação orgânica desde
que em altas doses, pode ser um fator determinante na produção e
persistência da capineira, pela capacidade de liberar os nutrientes para as
plantas em formas prontamente, assimiláveis.

MÉTODOS DE PLANTIO

A propagação vegetativa é a forma utilizada de implantação de áreas de


pastagem com capim-elefante. São empregadas estacas com 3 a 4 gemas ou
colmes, inteiros ou não, no mesmo sistema de plantio utilizado para
cana-de-açúcar, "pé com ponta". Normalmente quando há pouca
disponibilidade de mudas o sistema de plantio por estacas é o mais utilizado.
No plantio do capim-elefante, além dos cuidados relativos ao preparo do
solo, o material de propagação a ser utilizado deve ser o que possua calmos
mais grossos, em média de 2,0 a 3,0 em de diâmetro, e o método de plantio,
aquele que for julgado o de menor custo. As melhores estacas são aquelas
obtidas do 2/3 inferior do colmo, cuja viabilidade se preserva até duas
semanas, quando são armazenadas na sombra, De uni modo geral, as
melhores mudas são aquelas com crescimento de 90 a 120 dias, pois
apresentam alia viabilidade das gemas axilares e à capacidade de
enraizamento, o que não ocorre quando da utilização para o plantio de mudas
com mais de 180 dias.
Os sulcos do plantio devem ter uma profundidade média de 15 em
espaçados de 0,8 a 1,0 m, e as mudas devem ser cobertas com tema e
compactadas; o mais rapidamente possível, evitando a perda de água do solo.
A época ideal de plantio é no período de primavera-verão, levando-se em conta
que a qualidade da muda é muito importante.

MANEJO E ULITIZAÇÃO

O entendimento e a observação das caracteristicas; morfológicas no


manejo a ser empregado está intimamente relacionado com a produção e
persistência de pastagem.
No capim-elefante a freqüência e a altura de cortes são os fatores
determinantes da produtividade da pastagem. Uma maior altura de corte
preserva as gemas axilares que se desenvolvem ao longo do colmo, acima da
49

região dos entre-nós. Estas gemas são mais importantes para o rebrote do que
as gemas basilares.
Outro importante fator associado ao manejo do capim-elefante,é o papel
desempenhado pelas reservas orgânicas, que são armazenadas
principalmente na base dos colmos, e utilizadas para promover o crescimento
vegetativo após o corte. Com uma altura residual de 50 a 60 cm na pastagem
remanescente, ocorre a preservação de gemas axilares responsáveis pelo
rebrote dos perfilhos e também das reservas orgânicas que fornecerão energia
e material estrutural para os novos crescimentos.
O corte ou pastejo deve ser realizado quando a pastagem atingir em torno
de 1,5 a 1,8 m de altura. Com este porte o catum-eleflinte apresenta uma boa
relação folha/colmo, uma vez que a partir deste ponto esta relação decresce
sistematicamente pelo aumento da fração colmo, ocasionando uma e redução
na qualidade da forragem disponível. Quando em pastejo, os animais devem
ficar tia pastagem de um a três dias, caso o período de permanência seja
superior, pode ocorrer a eliminação dos merístemas apicais dos peitilhos.
Na busca de produtividade na pecuária leiteira, o capim-elefante tem sido
a forrageira que melhor se adaptou às exigências dos sistemas de produção de
leite com base em pastagens, Em um sistema de produção de leite em
capim-elefante, instalado na EMBRAPA-CNPGL em Coronel Pacheco, MG, foi
obtido em média de 10 a 12 kg por vaca/dia. A área é de 5,7 ha de
capim-elefante, utilizada em pastejo rotativo com 27 vacas mestiças
Holandês-Gir, numa lotação de 4,7 vacas/ha. No período da seca (inverno)o
animal era suplementado com 20 kg de cana e uréia (1%), para isto, e área de
cana era de 2,0 ha. Na média de três anos ("seca" de 85 até "águas" de 87/88),
a produção e leite por área no capim-elefante foi de 14.544 kg de leite/ha, e de
10.774 kg de leite/ha, considerando também a área de cana -de-açúcar
utilizada na suplementação dos animais nos períodos das secas.
Com base nos resultados obtidos ao longo destes períodos, constatou-se
que os gastos com a manutenção da pastagem, foram na média dos anos de
826 litros/ha/ano, enquanto o custo do concentrado foi de 2.281 litros/ha/ano. A
participação da pastagem adubada na produção de leite foi de 75% a 80%,
enquanto o concentrado foi responsável por 20% a 25% do custo de produção
da alimentação, a participação foi de 40%, representando menos de 10% da
receita do leite , enquanto o custo do concentrado foi de 60%.
A área preconizada para o gado leiteiro em pastejo direto, é de 70 m2 de
por vaca/dia. 0 recurso utilizado para a pastagem é a cerca elétrica, barateando
sobremaneira os custos da cerca. As vacas em lactação são trocadas de
piquete todos os dias (rodízio diário dos piquetes) e, desta forma, os animais
recebem forragem verde de qualidade (folhas ) todo dia. 0 pastejo deve ser
uniforme, evitando a formação de touceiras que não foram pastejadas. 0
intervalo de descanso ideal é de 28 a 30 dias, podendo chegar ao máximo até
45 dias. A partir capim-elefante começa a perder qualidade em função do maior
acúmulo de matéria seca nos colmos, que apresentam baixa digestibilidade,
em detrimento do crescimento das folhas.
O uso adequado e manejo adequado poderão trazer índices satisfiatórios
na exploração pecuária, tais, como mais de 700kg de ganho de peso por
hectare/ano, e uma produção de 10.000 litros de leite por hectare/ano, são
metas possíveis de serem atingidas em sistemas de produção animal baseado
em pastagens de capim-elefante. Para a obtenção destes patamares de
50

produção, o produtor precisa utilizar-se de toda informação e orientação técnica


disponível, buscando a melhor relação custo/beneficio das alternativas
disponíveis.
Como forrageira, de estação quente, o capim-elefante tem muito a
contribuir para o aumento da produtividade nos sistemas de produção de carne
e leite, baseados em pastagem de alto potencial de produção, principalmente
ao redor dos grandes centros urbanos, onde o custo da terra é elevado e o
produtor precisa obter altos índices de produtividade para viabilizar
economicamente os investimentos na atividade agropecuária.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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produção de matéria secade três gramíneas forrageiras. Peq. Agrop.
Bras.,Brasilia v. 29, n. 8, p.303-312, 1994.
SOUZA, A.G., SOARES, FILHO, C.V., MELLA, S.C. Espécies Forrageiras
Recomendadas para Paraná - Capim elefante. IN: MONTEIRO, et al. (Eds).
Forragicultura no Paraná, CPAF- Comissão Paranaense de Avaliação de
Forrageiras, Londrina - PR. 1996. p. 296.

Milheto - Pennisetum americanum (L.) Leeke)


Origem

Também conhecido como capim-charuto, pasto italiano e penicilária, o


milheto é uma gramínea anual de verão. Seu centro de origem é tido como
sendo a África (BURTON,1965), embora evidências paleobotânicas indiquem
que foi cultivada na Índia desde 1.000 à 1.200 anos antes de Cristo
(HUTCHINSON,1974).

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS

Trata-se de uma gramínea de porte ereto (cespitosa) que pode atingir de


2 à 5 metros de altura (FRIBOURG, 1973).
Além de ser uma excelente forrageira de verão de elevado potencial
produtivo o milheto também apresenta-se como opção nas sucessões de
culturas em áreas de plantio direto, no sistema integrado lavoura-pecuária.
Existem uma diversidade de cultivares sendo que a maioria são
originários de genótipos introduzidos do oeste da África e da Índia (BURTON,
51

1965). A maioria dos cultivares disponíveis são precoces como Gahi-1 e o


milheto comum, sendo que alguns são capazes de florescer em dias longos
mas aceleram o florescimento e são favorecidos em dias curtos e por isto são
classificados como plantas de dias curtos facultativos. Outros são indiferentes à
variação fotoperiódica e são classificados como fotoneutras. Pelo crescente
interesse do uso do milheto em sucessão à lavouras de milho e soja no
noroeste do Paraná e centro-oeste do Brasil, existe uma demanda por
cultivares indiferentes ao fotoperíodo, para terem um melhor desenvolvimento
no outono-inverno, que neste período, apresentam um encurtamento do dia
favorecendo o florescimento muito cedo dos materiais precoces. Recentemente
foi lançado o milheto BN 2 que melhor atende a exigência destas regiões.
É amplamente adaptado às diversas condições de solos e clima tropical,
subtropical e temperado do centro-sul do Brasil. Possui uma preferência por
solos arenosos ou argilo-arenosos (francos) bem drenados. Apresenta boa
produção de forragem mesmo com baixas precipitações, característica esta
que lhe confere vantagens de uso em relação ao milho e sorgo em regiões
sujeitas à períodos de estiagens mais freqüentes. A grande resistência à seca
apresentada por esta espécie está relacionada à sua origem - regiões secas da
grande Guiné e próximas do deserto do Saara, que possuem uma precipitação
anual entre 280 à 400 mm de chuvas, concentrada no verão (IRVINE, 1969).
Sua adaptação à estas condições difíceis deve-se ao seu sistema radicular
bastante profundo, que confere ao milheto uma alta capacidade de extração de
água e nutrientes do solo. É também considerado cultura tolerante à solos
ácidos, podendo crescer numa ampla faixa de pH, desde que sejam condições
de ausência de alumínio tóxico. Esta espécie apresenta um bom potencial de
crescimento em condições de fertilidade moderada, respondendo de forma
linear à aplicações de nitrogênio acima de 200 kg de N/ha.
O crescimento do milheto é limitado por temperaturas baixas, menores
que 18oC e passa a ser desprezível em temperaturas abaixo de 12,8o C. Para
germinar há necessidade de uma temperatura do solo, à 10 cm de
profundidade, de 20o C. Isto representa, em relação às exigências do sorgo e
milheto, um acréscimo de 1o a 2o C, indicando que seu plantio deve ser
efetuado mais tarde do que estas duas outras espécies para as condições do
sul do Brasil.

ESTABELECIMENTO

A implantação do milheto ocorre quando a temperatura ambiente se torna


mais elevada, e a temperatura do solo está na faixa de 18 a 20o C isto
geralmente ocorre a partir do mês de setembro, prolongando-se o seu plantio
até março, nas regiões mais quentes do Paraná, para a região centro oeste do
Brasil a semeadura do milheto vem sendo feita com sucesso logo após a
colheita das lavouras de verão, para estas regiões quanto mais tarde se fizer a
implantação do milheto maior será o risco em razão do déficit hídrico.
O seu plantio estratégico em meados e final do verão é uma excelente
alternativa para eliminar o vazio forrageiro de outono, mesmo que a produção
de matéria seca seja inferior a verificada quando do seu plantio na primavera.
A semeadura pode ser em linhas ou a lanço. Em linhas utiliza-se 12 a 15
kg/ha de sementes, em um espaçamento de 20 a 40 cm entre linhas, na
semeadura a lanço, recomenda-se 20 kg/ha podendo-se utilizar equipamentos
52

alternativos como distribuidora de adubo a lanço em condições de plantio


mínimo ou convencional posteriormente deve ser passada uma grade
niveladora fechada seguida do uso de um rolo compactador para melhor
garantia contato solo semente.
O plantio direto com semeadeiras adequadas permite uma melhor
uniformização da cultura, pois as sementes são colocadas em uma
profundidade adequada garantindo um rápido estabelecimento e preservando-
se melhor a umidade do solo que passa a ser crítica principalmente nas regiões
do noroeste do Paraná e centro oeste brasileiro, apartir do mês de março.
O milheto apresenta nos primeiros dias após a emergência uma
sensibilidade muito grande a concorrência de plantas daninhas, em condições
de plantio direto deve-se garantir uma boa dessecação da cobertura existente e
se efetuar a semeadura imediatamente após esta prática. Havendo uma
grande quantidade de cobertura morta, de elevada relação C/N, deve-se fazer
uma aplicação de nitrogênio na base para garantir o seu rápido
estabelecimento.

UTILIZAÇÃO E MANEJO

Em condições normais de desenvolvimento, o milheto poderá ser


pastejado 45 a 50 dias após a germinação quando as plantas atingirem de 60 a
80 cm de altura, o pastejo pode ser contínuo ou rotacionado, sempre buscando
adequar a carga animal com a disponibilidade de forragem, não devendo ser
rebaixado a menos de 30 cm de altura, quando em pastejo rotativo e
mantendo-se de 60 a 80 cm quando em pastejo contínuo. Com este manejo
são preservados os pontos de crescimento e a área foliar residual que
favorece um vigoroso rebrote da pastagem.
Um erro bastante comum no manejo de milheto em pastejo,
principalmente nos sistemas de produção de leite, é a baixa lotação empregada
no primeiro pastejo. Como o milheto apresenta alta taxa de crescimento inicial,
associado a um alto resíduo de forragem deixado pelas vacas em lactação
após o pastejo, ocorre uma redução na produção de forragem e indução ao
florescimento, ocasionando uma redução do consumo pelos animais. Para se
evitar esta situação, deve-se proceder um escalonamento da época de plantio
e divisão dos piquetes com cerca elétrica para melhor controle do pastejo. Em
pastejo rotativo a entrada dos animais deve se dar quando a pastagem atingir
de 50 a 60 cm de altura mantendo-se uma carga animal suficiente para
rebaixar a pastagem a um resíduo de 30 cm de altura num período não
superior a uma semana. Desta forma quando se completar o rodízio dos
piquetes a última parte a ser pastejada deverá estar com uma altura máxima de
80 cm. É fundamental para o sucesso do manejo do milheto o controle da
lotação, colocando ou retirando animais da pastagem, com um adequado
período de descanso, que poderá variar de 21 a 45 dias de intervalo
dependendo da época do ano.
Na utilização do milheto em pastejo contínuo, mais comum com gado de
corte, a altura inicial de pastejo deve ser quando o milheto atingir 60 cm
controlando a lotação de forma que a pastagem mantenha-se com essa
mesma altura média. Para tanto ajusta-se a carga animal suficiente para se ter
uma taxa de consumo equivalente a taxa de crescimento da pastagem
deduzida das taxas de senescência e outras perdas resultantes do pisoteio dos
53

animais. Na prática, se o perfil da pastagem estiver abaixo de 60 cm de altura,


é o momento de aliviar a carga com a retirada de animais da pastagem. Por
outro lado, se a altura média estiver entre 80 a 100 cm, também deve-se fazer
o ajuste aumentando-se o número de animais na pastagem.

PRODUÇÃO ANIMAL

O milheto é considerado uma forrageira anual de grande potencial para


produção de carne e leite em sistemas forrageiros intensivos. O nível de
resposta encontrado está diretamente relacionado ao seu manejo com
resultados bastante variados em função da eficiência de sua utilização. O
controle adequado da pressão de pastejo tem sido a chave do sucesso (ou do
desgosto) na exploração desta forrageira, pois erros de manejo facilmente
comprometem o sucesso de um empreendimento.
Além do manejo, a quantidade de nitrogênio utilizada também leva a uma
amplitude de resultados bastante variados na produção animal. Os resultados
alcançados por MORAES e MARASCHIN (1988), mostram que uma mesma
pastagem de milheto quando manejada em elevada pressão de pastejo resulta
em produções muito abaixo do potencial de exploração desta espécie (Tabela
1).
Ganhos por animal superiores a 1 kg/dia são facilmente atingidos pois o
milheto apresenta uma elevada digestibilidade e um teor de proteína bruta de
19 % na matéria seca de folhas verdes. O impacto da resposta a adubação
nitrogenada pode ser visto na Tabela 1 onde o ganho/ha pode ser
incrementado linearmente com aplicações de nitrogênio até 450 kg/ha
(HERINGER, 1995).
Embora o milheto tenha um curto período de utilização (90 a 100 dias de
pastejo) representa uma excelente alternativa dentro de um programa
forrageiro para valorizar as categorias animais que melhor respondem a dietas
de qualidade, como vacas em produção, novilhas em terminação e bezerros
pós desmama.

TABELA 1. Ganhos Médio Diário (GMD) e Ganhos/ha (G/ha) obtidos com


milheto em diversos experimentos.
EXPERIMENTO GMD G/ha
kg kg
Dunavin (1970) 0,53 410
McCartor & Rouquetti (1970) 0,91 473
Coser & Maraschin (1979) 0,78 479
1
Duarte & Maraschin (1980) 0,70 131
2
Moraes & Maraschin (1984) 1,24 572
3
Moraes & Maraschin (1988) 1,03 488
4
Moraes & Maraschin (1988) 0,58 301
Lupatini et al. (1993) (0 kg de N/ha) 0,55 245
Lupatini et al. (1993) (150 kg de N/ha) 0,65 455
Lupatini et al. (1993) (300 kg de N/ha) 0,77 665
Heringer (1995) (0 kg de N/ha) 1,05 497
Heringer (1995) (150 kg de N/ha) 0,98 734
Heringer (1995) (300 kg de N/ha) 1.02 959
Heringer (1995) (450 kg de N/ha) 1.06 1240
1- somente no outono; 2 - baixa pressão de pastejo; 3- média pressão de pastejo; 4- alta
pressão de pastejo.
54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BURTON, G.W. Photoperiodism in pearl millet. Crop Science, Madison, v. 5 p.


333-335 1965.
COSER, A.C., MARASCHIN, G.E. Produção e qualidade da forragem de
milheto comum e sorgo cv. Sordan BK sob pastejo. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 16, n. 3, p. 421-426. 1981.
DUNUVIM, L.S. Gahi pearl millet and two sorghum x sudangrass hibrid as
pasture for yearling beef cattle. Agronomy Journal, Madison, v. 62, n. 3, p.
375-377. 1970.
FRIBOURG, H.A. The effect of morphology and defoliation intensity on the
tillering, regrowth and leafiness of pearl millet, Pennisetum typhoides
(Burm.) Stapf. & Hubb. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE
PASTAGENS, 9, São paulo, 1965. Anais... São Paulo, Alarico. V. 1, p.
489-497.
HERINGER, I. Efeitos de níveis de nitrogênio sobre a dinâmica de uma
pastagem de milheto (Pennisetum americanum (L.) Leeke) sob
pastejo. Santa Maria: UFSM, 1995. 150p. Dissertação (Mestrado em
Zootecnia) - Universidade Federal de Santa Maria, 1995.
HUTCHINSON, J. Evolutionaty studies in worlds crops. Londres, Cambridge
University Press, p. 22. 1974.
IRVINE, F.R. West african crops. London, Oxford, p. 144-147. 1969.
LUPATINI, G.C., MOOJEN, E.L., RESTLE, J. et al. Avaliação do milheto
(Pennisetum americanum) sob pastejo com diferentes níveis de
nitrog6enio. I - Produção Animal. In: REUNIÃO DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 30, 1993, Rio de Janeiro. Anais... Rio de
Janeiro, SBZ, 1993, p. 73.
Mc CARTOR, M.M., ROUQUETTE JR, F.M. Grazing pressures and animal
performance from pearl millet. Agronomy Journal, Madison, v. 69, n. 6, p.
983-987. 1977.
MORAES, A., MARASCHIN, G.E. Pressões de pastejo e produção animal em
milheto cv. Comum. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 23, n. 2, p.
197-205, fev. 1988.
55

GÊNERO AVENA
INTRODUÇÃO
As aveias (branca - Avena sativa L. - e preta - Avena strigosa Schreb)
ocupam o sétimo lugar, entre os cereais, no mundo e é cultivada para a
produção de grãos (aveia branca) para uso na alimentação humana ou animal
(especialmente cavalos), forragem (pretas e brancas) na forma de pastejo,
feno, silagem pré-secada, silagem de planta inteira, duplo propósito e,
cobertura do solo e adubação verde.
A estacionalidade da produção das pastagens observadas no sul do
Brasil, devido as baixas temperaturas e, no centro do país, pela deficiência
hídrica, causando a falta de alimentos para os animais, se reflete diretamente
nos índices produtivos tanto da exploração de leite como de carne.
Alguns agropecuaristas tem superado está deficiência da pastagem,
recorrendo ao uso de concentrados em maior quantidade. Está prática, no
entanto, tem sua viabilidade econômica questionada, principalmente para a
produção de carne.
Desta forma,as pastagens são a base para alimentação e produção
animal a baixo custo. Entre as várias alternativas de forrageiras de estação fria
disponíveis, para amenizar a grave situação de deficiência alimentar no
inverno, está o cultivo de aveia (Avena sp). Pode ela ser cultivada solteira ou
consorciada com outras gramíneas ou leguminosas. A aveia possui ampla
adaptabilidade, e é cultivada principalmente no Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Espírito
Santo, em locais onde a temperatura (20 - 25 ºC) favoreça o seu
desenvolvimento vegetativo.

CENTRO DE ORIGEM, CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS e


BIOLÓGICAS
A aveia é um cereal originário da Ásia antiga, encontrada como invasora
do trigo e cevada, as culturas mais importantes dos agricultores primitivos.
Desta região passou para a Europa, cujas condições de solo e clima permitiram
expansão da cultura, tornando-se importante fonte para alimentação humana e
animal. No Brasil, a época de introdução da aveia não está estabelecida.
Segundo a literatura, foram os espanhóis que introduziram a cultura da aveia
na América, provavelmente a Avena byzantina.
Há aveias perenes e anuais, porém, todas as aveias cultivas são anuais.
As principais espécies cultivada no Brasil são Avena sativa L. (branca), Avena
byzabtina C. Koch (amarela) e Avena strigosa Schreb (preta). Também
ocorrem no sul do Brasil espécies silvestres de aveia como Avena fatua L,
Avena barbata Pott e Avena sterilis L. Estás espécies ocorrem freqüentemente
em pastagens durante o período de inverno e são importantes invasoras dos
cereais de inverno
As espécies do gênero Avena podem ser classificados em três grupos
quanto ao número de cromossomas: diplóide (n=7), tetraplóide (n=14) e
hexaplóide (n=42). As espécies A. sativa e A. byzantina são hexaplóide,
enquanto que a A. strigosa é diplóide.
As aveias podem apresentar hábito de crescimento inicial prostrado, semi-
prostrado ou ereto. As cultivares com hábito prostrado ou semi prostrado são
56

as mais indicadas para a formação de pastagem por exporem menos o seu


ponto de crescimento. Em condições favoráveis, produz de 4 a 5 afilhos, muito
importantes para a longevidade da pastagem. Algumas cultivares de aveia
possuem a características de rebrote, ao nível da coroa da planta, permitindo
recuperação da pastagem, mesmo quando o ponto de crescimento tenha sido
cortado ou pastejado. O sistema radicular é fasciculado, sendo as raízes de
aveia mais fibrosas, o que facilita a penetração no solo.
O ciclo da aveia é muito variável (emergência a maturação), desde 120
até 200 dias. Essa variação depende entre outros fatores da cultivar, da época
de semeadura, latitude, longitude e altitude. Existe uma considerável
diversidade do gênero Avena em relação ao fotoperíodo, sendo considerado
uma planta de dias longos.
As aveias são espécies de estação fria, porém existem cultivares
adaptadas à regiões de climas mais quentes. Podem ser cultivadas na maioria
das regiões sul e centro-oeste do país, porém, não se recomenda o cultivo em
locais excessivamente úmidos, onde é intenso o ataque de ferrugem.

USO FORRAGEIRO
A aveia preta é a principal espécie para uso forrageiro. Por muitos anos a
base da alimentação dos animais, sob pastejo tem sido está espécie.
Entretanto, pela existência de grandes áreas de cultivo com cultivares
suscetíveis a ferrugem da folha e a pouca tolerância a geadas durante a fase
vegetativa, especialmente após os cortes ou pastejo, com freqüência causa
sérios problemas de fornecimento alimentar aos animais.
Para garantir o suprimento regular de forragem, através de cultivares mais
tolerantes ao ataque de patógenos e as condições climáticas, várias
instituições de pesquisa no país tem trabalhado para criar cultivares de aveia
(brancas ou pretas) com maior potencial de produção de forragem. Estas
instituições tem se reunido anualmente para elaborar os ensaios cooperativos e
promover as melhores linhagens para cultivo. Este trabalho teve início no ano
de 1996 e já se observa a existência de grande variabilidade genética na
produção de forragem.
A tabela 1 apresenta os rendimentos de matéria seca do Ensaio nacional
de Aveia Forrageira, conduzido no ano de 1997, em 9 locais. Do ensaio
constatou-se que o melhor ambiente, para produção de forragem foi em São
Carlos (SP), sob irrigação, seguido de Entre Rios (PR) e Lages (SC).

TABELA 1. Rendimento de matéria seca do Ensaio Nacional de Aveia


Forrageira, em 9 ambientes, 1997.
Rendimento de Matéria Seca (kg/ha)
E. Chap Palotin Lond P. Lages C. S. C. Alta Média Rel*
Rios ecó a rina Fundo Novo Carlos
s
Tratamento PR SC PR PR RS SC SC SP RS
AB – FAPA 1 6044 5391 3547 3233 3434 8071 2743 11283 4332 5342 118
AB – ER 93247 5931 4885 3693 3549 3979 5611 2720 9541 4886 4977 110
AP – IA 96101-b 5820 5404 3849 3984 4131 4571 2667 9399 4380 4912 109
AB – ER 90148 5757 4836 3346 3719 3476 6137 2790 9365 4358 4865 108
AB – ER 89144 5432 4086 3453 3520 3635 5332 2343 9716 4894 4712 104
57

AP – Argentina 5510 4445 3651 3043 4669 5855 2827 6589 5034 4625 103
5VL-3
AP – LD 9102 5731 4501 2984 3104 4357 5748 2796 6774 4686 4520 100
AB – UPF 15 (T) 5510 4665 3636 3709 3162 5413 2168 7481 4852 4510 100
AP – IAPAR 61 (T) 5653 4846 3557 3616 4117 4448 2596 6683 4126 4405 98
AP –GAROA (T) 5306 3771 2974 3028 3949 5552 3151 5977 4071 4198 93
AB – UPF 90H400- 5014 3085 2875 2754 3881 4733 2912 6746 4146 4016 89
2
AP – ALPHA 94169 4854 3405 2925 2509 3755 4181 2970 6076 4036 3857 86
AP – ALPHA 94143 5021 3445 2865 2576 3807 4369 3256 5719 3475 3837 85
AP - CAC 4853 3224 2849 3017 3603 4542 2206 5952 3900 3794 84
Sawazaki
AP – IA 00887 5078 3570 2901 2692 3547 2880 2715 5470 3452 3589 80
Média 5434 4237 3274 3203 3833 5163 2724 7518 4309 4411
C.V. local (%) 3,1
C.V. genótipo (%) 8,8
obs.:* Rendimento relativo a melhor testemunha (UPF 15 com 4510 kg/ha).

Observou-se também grande variabilidade genética para a produção de


forragem. Constatou-se que o material mais produtivo, na média dos locais, foi
a FAPA 1 e o menos produtivo o genótipo IA 00887. A diferença entre os dois
genótipos foi de 1753 kg de matéria seca por hectare ou aproximadamente 175
kg de peso vivo ou 1750 kg de leite por hectare. O conhecimento do potencial
de produção de cada genótipo, em cada região, é de fundamental importância
para escolhermos o melhor material para cada região e a estabilidade de
produção de forragem dos genótipos.
Vários produtores tem substituído a aveia preta pelas aveias brancas para
produção de forragem. Essa mudança de espécie deve-se a maior segurança
que a aveia branca tem oferecido, principalmente em condições climáticas
desfavoráveis. Pela tabela 1, observa-se a superioridade das aveias brancas
sobre as pretas.
Para os produtores que não queiram fazer consórcios com espécies
invasoras dos cereais de inverno (azevém), e com o objetivo de oferecer maior
segurança, uma excelente alternativa é a mistura de espécies ou cultivares de
aveia. Poder-se-ia, por exemplo, trabalhar com uma mistura de aveia preta com
a branca. Uma outra alternativa, talvez a que melhor resultado nos oferecesse,
seria a mistura de cultivares de aveia branca com ciclos distintos. Como
sugestão, a mistura de 3 cultivares. Uma de ciclo precoce, outra de ciclo médio
e outra de ciclo tardio, para termos maior regularidade no fornecimento de
forragem e com maior segurança.
RECOMENDAÇÕES DE CULTIVO
A aveia se adapta em diferentes regiões de clima temperado ou
subtropical, sendo que golpes de calor na floração (temperaturas acima de 32
ºC) provocam esterilidade e aceleram a maturação das sementes (menor
produção e menor peso de grãos). Quanto a altitude as aveias são cultivas
desde o nível do mar até 1000 m acima. Em regiões com temperaturas e
umidade relativas elevadas a cultura está sujeita a ataques severos de
ferrugem da folha (genótipos suscetíveis).
58

Aparentemente, as aveias requerem maior teor de umidade para a


formação de uma unidade de matéria seca em relação a outros cereais, com
exceção do arroz. Entretanto, suporta longos períodos de deficiência hídrica,
recuperando-se rapidamente.
A aveia produz bem em quase todos os tipos de solo, vegetando melhor
naqueles com bom teor de matéria orgânica, permeáveis e bem drenados. A
faixa de pH adequada para o desenvolvimento ideal é de 5,5 a 7,0. Em pH
baixo (4,7) foi observado redução de 23% na produção de forragem.
A aveia responde a aplicação de calcário e adubação química. Em solos
em que a disponibilidade dos nutrientes é boa, a recomendação de adubação
de fósforo e de potássio para manutenção é de 40 kg/ha de P2O5 e 40 kg/ha de
K2O. Para o nitrogênio recomenda-se utilizar 20 kg/ha na semeadura e, em
cobertura, de 60 a 100 kg/ha de N parcelado em três aplicações ( 30 dias após
a emergência e as outras duas parcelas ao longo do período de utilização da
pastagem).
Na maioria das regiões a melhor época de semeadura das aveias é
março/abril. Entretanto, em locais onde o ataque de pulgões vetores de viroses
é freqüente sugere-se atrasar a semeadura para reduzir o efeito prejudiciais
das viroses.
A quantidade de semente recomendada é de 350 a 400 sementes
aptas/m2. Com essa densidade consegue-se uma rápida cobertura do solo e
oferta precoce de forragem. A semeadura deve ser realizada preferencialmente
em linhas, no sistema direto, tendo como vantagem a conservação do solo,
distribuição uniforme das sementes conseguindo com isso maior uniformidade
da pastagem. A profundidade de semeadura deve ser de 2 a 4 cm.
A uso da pastagem pode ser através do sistema rotativo ou controlado. No
rotativo, o início da utilização deve ser quando as plantas atingirem ao redor de
25 cm de altura deixando-se uma resteva de 5 a 7cm. No controlado deve-se
aumentar a lotação quando a forragem atingir altura de 15 a 20 cm e diminuir
quando com 7 cm.

GÊNERO FESTUCA
ORIGEM

O gênero festuca é formado por aproximadamente 80 espécies, estas,


variam grandemente em morfologia, citologia e hábito de crescimento
(BUCKNER, 1985). No Brasil, especificamente no Estado do Paraná, a espécie
utilizada deste gênero é a Festuca arundinacea, e provavelmente sua
introdução no Brasil tenha ocorrido em 1949 (KEPLIN, 1996 ). De acordo com
BUCKNER (1995), o oeste da Europa é a região em que a festuca tem sua
origem. Atualmente, o gênero festuca é amplamente cultivado na América do
Norte e também apresenta áreas significativas cultivadas com esta gramínea
na Argentina e no Uruguai. Nos Estados Unidos, é uma das gramíneas
perenes de estação fria mais cultivadas. SLEPER & BUCKNER (1995)
afirmaram que haviam por volta de 12 a 14 milhões de hectares de festuca no
início da década de 1970.
59

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS

A festuca possui rizomas curtos, bainha da folha glabra, lâmina da folha


de cor verde escura com a face exterior brilhante e a interior com várias
nervuras proeminentes. Apresenta lígula de 0,5 a 2 mm. O sistema radicular é
fasciculado e muito fibroso. A inflorescência é uma panícula na qual cada
espigueta contém de 3 a 10 flores. A semente desta espécie de gramínea é
muito semelhante ao azevém anual, porém a festuca na semente não
apresenta arista (CARAMBULA, 1977).

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS

Segundo KEPLIN (1996) os cultivares mais utilizados são o Kentucky


31(K31) e Tagua B. A festuca adapta-se melhor aos solos férteis, úmidos e
argilosos, vegetando bem em solos mal drenados. A semeadura deve ser feita
no período do outono com uma densidade de semeadura de 30 até 40 Kg de
sementes/ha. A fase inicial do estabelecimento deste tipo de gramínea
caracteriza-se por ser lenta, em razão deste fator, a época de entrada dos
animais na pastagem deve ocorrer somente quando a pastagem estiver
plenamente estabelecida. Conforme CARAMBULA (1977) a festuca não
apresenta mecanismos fisiológicos de latência, o que pode permitir, em
algumas circunstâncias, produção de forragem no período do outono. Esta
espécie apresenta boa adaptação as temperaturas baixas do inverno,
consorcia-se muito bem com o trevo branco. A festuca é uma gramínea
forrageira de inverno que apresenta alta qualidade de forragem. Para
BUCKNER (1985) a alta qualidade de forragem da festuca está relacionada
principalmente a idade das folhas, fertilidade do solo, estação do ano e
variações genéticas. MATCHES (1979) observa que em pastagens bem
estabelecidas, de festuca, o manejo do pastejo deve ser feito em uma altura
entre 5 a 10 cm, o quê promoveria alta produção de forragem, alta qualidade
de forragem e manteria a persistência da pastagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BUCKNER, R.C. The fescues. In: HEATH, M.E., BARNES, R.F.,


METCALFE, D.S. Forages. The Science of Grassland Agriculture.
4ª- ed. Iowa, p. 233-240. 1985.
CARAMBULA, M. Produccion y manejo de pasturas sembradas. Montevideo:
Editorial Hemisferio Sur. 1977. 464p.
KEPLIN, L.A.S. Festuca. In: MONTEIRO, A.L.G., MORAES,A.,
CORRÊA,E.A.S. Forragicultura no Paraná. Londrina: Comissão Paranaense
de Avaliação de Forrageiras. 1996. p. 216.
MATCHES, A.G. 1979. Tall Fescue Monograph. Madison, Wis: American
Society of Agronomy.
SLEPER,D.A., BUCKNER,R.C. The fescues. In:BARNES,R.F., MILLER,D.A.,
NELSON,C. J. Forages. An Introduction to Grassland Agriculture. 5ª- ed.
Iwoa, p. 345-356. 1995.
60

GÊNERO LOLIUM

ORIGEM

O centro de origem do azevém (Lolium multiflorium) anual é tido como o


sul da Europa, nesta região, o azevém é considerado como uma gramínea
indígena ( RIEWE & MONDART, 1985). Atualmente, o azevém anual se
constitui na segunda gramínea anual de inverno mais cultivada no Rio Grande
do Sul (FLOSS, 1988). Para MORAES et al. (1985), o azevém anual
consagrou-se como grande opção pela sua facilidade de ressemeadura natural,
resistência a doenças, bom potencial de produção de sementes e versatilidade
de uso em associações, na região sul do Brasil.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS.

O azevém é uma gramínea anual, porém, pode se comportar como


bianual em função da ressemeadura natural. O sistema radicular é altamente
ramificado e denso com muitas raízes adventícias e fibrosas. Os colmos
vegetativos são cilíndricos e eretos, podendo-se tornar decumbentes, e podem
atingir 100-120cm (BALASKO et al., 1995). Segundo SPEDDING &
DIEKMAHNS (1972), a inflorencência é espiciforme e dística, isto é, possui
duas fileiras de espiguetas; apresenta prefoliação convoluta, cariopse aristado,
bainha da folha glabra, lígula pequena e aurículas amplexiculares. As lâminas
das folhas do azevém anual são brilhantes, e esta espécie pode ser facilmente
diferenciada da aveia e de outros cereais de inverno observando-se as
características morfológicas das lígulas e aurículas.

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS.

O azevém anual é uma planta de dia longo, apresentando um ciclo de


produção maior que o da aveia (FLOSS, 1988). Conforme COOPER (1952), o
comprimento de dia mínimo necessário para o desenvolvimento da
inflorencência nesta espécie de gramínea anual de dia longo varia com o tipo
de azevém e origem geográfica. Com relação a temperatura, BEEVERS &
COOPER (1964) afirmam que o azevém anual apresenta seu crescimento
máximo num regime de 25ºC diurnos e 12ºC noturnos.
O cultivar mais utilizado é o azevém comum. Esta gramínea anual ocorre
em muitos tipos de solos, indicando no que se refere aos tipos de solo ampla
adaptação. Tolera umidade, desde que não excessiva, e apresenta altas
respostas ao aumento da fertilidade do solo (MORAES, 1980). No que
concerne a adubação nitrogenada, o azevém quando em mistura com a aveia
mostra excelentes resultados. Tal fato pode ser comprovado analisando-se as
pesquisas realizadas por LUPATINI et al. (1993) e LESAMA (1997). LUPATINI
et al (1993), em Santa Maria, RS, estudou a produção de forragem da mistura
aveia preta + azevém submetida a níveis de adubação nitrogenada (0,150 e
300 Kg de nitrogênio/ ha) em cobertura na forma de uréia, sob pastejo contínuo
e no período de 19/07/92 a 26/10/92. A produção de MS/ha aumentou de 4893
61

Kg de MS/ha no nível de 0 Kg de nitrogênio/ha para 10905 Kg de MS/ha para o


nível de 300 Kg de nitrogênio/ha. Neste experimento, os piquetes adubados
com 300 Kg de N/ha a eficiência de utilização do nitrogênio na produção de MS
foi de 20,1 Kg de MS/kg de N aplicado. LESAMA (1997), em um experimento
de pastejo, também estudou a produção de forragem da mistura aveia preta +
azevém adubada com 300 Kg de nitrogênio/ha. Este último autor quantificou
uma produção de forragem de 9691 Kg de MS/ha. Os dados destes
experimentos demonstram acentuada resposta a adubação nitrogenada. Pode-
se inferir destes resultados, que pastagens de aveia preta + azevém adaptam-
se a sistemas intensivos de produção animal, produzindo forragem no período
do ano que normalmente ocorre uma escassez.
A introdução de pastagens de azevém em sistemas agrícolas da região
sul do Paraná, possibilita uma série de vantagens, uma vez que o uso desta
gramínea em sistemas de pastejo permitiria a terminação de animais,
ocorreriam melhorias nas propriedades químicas, físicas e biológicas dos
diferentes solos, além do fato desta gramínea promover uma cobertura
contínua do solo. Sabe-se que a vegetação é provavelmente o mais importante
fator do ciclo hidrológico e a variável mais afetada pelo pastejo dos bovinos.
Em pastagens com estruturas densas de vegetação o solo é protegido da
erosão e ocorre um aumento da infiltração da água, devido a grande
quantidade de precipitação que cai ser interceptada pelas folhas e caules da
vegetação (SHIFLET & DARBY, 1985).
No trabalho realizado por QUADROS (1984), constatou-se que o azevém
quando consorciado apresenta uma complementaridade nas curvas de
crescimento, em relação aos cereais de inverno de ciclo mais precoce, ou seja,
espécies como o centeio e aveia concentram suas produções de forragens nos
meses de maio a agosto, ao passo que o azevém mostra maior produção de
MS a partir do mês de setembro. Resultado semelhante obteve POSTIGLIONI
(1982) avaliando a distribuição mensal da produção de matéria seca do
centeio, aveia e azevém na região dos Campos Gerais, no Paraná. Isto mostra,
que o azevém pode aumentar o período de utilização das pastagens e, como
consequência, proporcionar um aumento em rendimento de produto animal por
unidade de área.

ESTABELECIMENTO

O azevém pode ser estabelecido tanto em condições de preparo


convencional como em plantio direto. No preparo convencional, este visa
basicamente a retirada da vegetação acima do nível do solo, controle de
plantas invasoras, produzir uma camada de solo que possibilite um contato
mais íntimo da semente permitindo desenvolvimento da radícula e facilitando
as condições para uma rápida emergência da plântula. Segundo JOBIM (1996),
não deve haver uma recomendação generalizada de um método de preparo do
solo. Para este autor, o método de estabelecimento de uma pastagem vai
depender principalmente do grau de infestação de plantas daninhas, pastagem
a ser implantada, existência e localização de camadas compactadas, riscos de
erosão e do equipamento disponível da propriedade.
As causas do fracasso no estabelecimento de pastagens estão na maioria
das situações relacionadas a falta de umidade, cobertura insuficiente da
semente, cobertura demasiada da semente, formação de crostas no solo, falta
62

de inoculação (leguminosas), falta de corretivos do solo e/ou fertilizantes,


drenagem pobre, seca, competição com a cultura acompanhante, competição
com as plantas invasoras e ataque de pragas e doenças(WILLARD, 1967).
O azevém, preferencialmente, deve ser estabelecido através do plantio
direto, devido a que esta prática proporciona um eficiente controle da erosão,
não há mobilização do solo e mantém uma camada de restos de plantas
mortas acima do nível do solo. Porém, há situações, que o preparo de solo
convencional deve ser recomendado, como no caso dos solos altamente
compactados e altamente infestados com espécies invasoras.
Quanto a época de semeadura, na região sul do Brasil, esta vai de abril a
junho. A densidade de semeadura para o azevém é de 20-25 Kg de
sementes/ha, o que corresponde a 400-500 sementes aptas por metro
quadrado. FLOSS (1988) recomenda as seguintes densidades de semeadura
quando o azevém for semeado junto com outras espécies.

1- Aveia preta 40 Kg + Azevém 10 Kg + Centeio 30 Kg/ha;


2- Aveia preta 50 Kg + azevém 10 Kg + Ervilhaca 30 Kg/ha;
3- Aveia preta 50 Kg + Trevo vermelho 5Kg/ha;
4- Azevém 15 Kg + Trevo subterrâneo 6 Kg/ha;
5- Azevém 15 Kg + Trevo branco 2 Kg/ha;
6- Azevém 15 Kg + Cornichão 4 Kg/ha;
7- Azevém 15 Kg + Trevo vesiculoso 5 Kg/ha;

PRODUÇÃO ANIMAL.

As pastagens de azevém caracterizam-se por apresentarem alto valor


nutritivo, e como consequência, proporcionam também altos ganhos por
animal.
Muitos são os trabalhos em que foram avaliados os teores de proteína
bruta (%PB) e a digestibilidade de matéria seca de pastagens de azevém.
Destes trabalhos, pode-se concluir que, esta gramínea em cultivo singular ou
quando consorciada com cereais e leguminosas de inverno apresenta níveis
altos de energia digestível e proteína digestível. Quanto ao consumo de
forragem em condições de pastejo, pode-se afirmar também que esta espécie
possibilita bons níveis de consumo de forragem.
Tal fato pode ser comprovado ao analisarmos os resultados do trabalho
conduzido por CANTO et al. (1997) em uma pastagem de azevém consorciada
com aveia preta e ervilhaca, submetida a 11% de pressão de pastejo e
pastejada por novilhos da raça charolês, na fase de terminação. Neste
experimento, o ganho médio diário dos novilhos foi de 1,21 Kg/ animal/ dia,
média de um período de utilização de 118 dias. Trabalhando com animais da
raça charolês com idade de 10 - 11 meses e peso médio de 180 Kg, RESTLE
et al. (1993) observaram com estes animais um ganho médio diário de 1,045
kg/ animal/ dia na mistura de azevém e aveia preta adubada com 300 Kg de
nitrogênio /ha. Desempenhos por animal semelhantes a estes também foram
relatados por QUADROS & MARASCHIN (1997) utilizando bezerros
desmamados entre 6 e 12 meses de idade e peso médio inicial de 144 Kg.
Estes autores estudaram o desempenho por animal das consorciações azevém
+ trevo vesiculoso, azevém + trevo branco + cornichão e aveia + azevém +
trevo vesiculoso. Ao longo do período experimental, o ganho médio dos
63

animais nas três consorciações foi de 0,883; 1,018 e 0,705 Kg/ animal/ dia,
respectivamente. Neste mesmo experimento, foi obtido na pastagem de
azevém e trevo vesiculoso um rendimento de 602 kg de peso vivo/ ha.
MORAES (1991) em uma pastagem de capim pangola sobresseamada com
azevém e trevo branco, no período do inverno e primavera, relatou também
uma produção por unidade de área superior a 600 Kg de peso vivo/ha. Mais
recentemente, RESTLE et al (1993) observaram na mistura de aveia + azevém
fertilizada com 300 Kg de N/ha 865 Kg/ha de ganho médio de peso vivo.
Convém ressaltar, que todos estes trabalhos aqui citados, foram
realizados em pastagens bem adubados e submetidos a um bom manejo. É
bem compreendido, que estes dois fatores, a adubação da pastagem e o
manejo desta através do nível de forragem ofertada diariamente aos animais,
maximizam a produção animal obtida em condições de pastejo, permitindo
assim, que espécies como o azevém demonstrem o seu potencial de
rendimento de produto animal por unidade de área e a sua alta qualidade de
forragem, que por sua vez permite um elevado ganho médio diário dos animais

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65

GÊNERO SECALE
INTRODUÇÃO
O centeio (Secale cereale L.) ocupa o oitavo lugar, entre os cereais, no
mundo e é cultivado especialmente no centro e no norte da Europa, em climas
frios ou secos, em solos arenosos e pouco férteis. A Rússia e a Polônia
semeiam quase dois terços do centeio cultivado no mundo. Predominam
cultivares de hábito invernal e a cultura destina-se à alimentação humana e
animal e à adubação verde.
O centeio é uma espécie de polinização cruzada conhecida por sua
rusticidade e por sua adaptação aos solos pobres, especialmente os arenosos.
Possui sistema radicular profundo e agressivo, característica que lhe permite
absorver nutrientes indisponíveis a outras espécies.
Esse cereal foi introduzido no sul do Brasil pelos imigrantes alemães e
poloneses, no século passado. No Brasil, é cultivado, principalmente, em solos
ácidos e degradados e em altitudes acima de 600 m, no norte do RS, em SC e
no centro-sul do Paraná.
O centeio apresenta grande potencial de expansão no Brasil, pois as
indústrias de alimentos integrais e dietéticos observam uma demanda
crescente por subprodutos do centeio e necessita de grãos de boa qualidade.
Pela resistência às baixas temperaturas e pela tolerância aos solos pobres, o
centeio também é indicado para pastagem de inverno, silagem de planta inteira
ou pré-secada e como cultura de cobertura para preceder a semeadura direta
da soja.

CENTROS DE ORIGEM
O centeio apresenta dois centros de origem, ambos ao sul da Rússia. Um,
primário, na Anatólia e no Cúcaso, a leste da Turquia e ao norte do Irã, e outro,
secundário, ao norte do Afeganistão e a oeste do Irã. Nestas áreas observa-se
grande diversidade genética, havendo contínua variação entre populações
cultivadas, tipos primitivos e espécies silvestres. Destas regiões, o centeio foi
disseminada como impurezas de trigo e de cevada até o centro e norte da
Europa, onde se encontra a maior área cultivada e de onde foi levado a outras
partes do mundo. Na Europa Central, constata-se que é cultivado há mais de
3000 anos. Na região mediterrânea, os centeios mais antigos encontrados
datam do primeiro século da era cristã.
O centeio é classificado na família Gramineae, Subfamíla Pooideae,
Tribo Triticeae, subtribo Triticineae e espécie Secale, com as secções
Silvestria e Montanum.
O centeio cultivado (S. cereale) caracteriza-se por ter ráquis não
quebradiço, grãos grandes e de ciclo anual, enquanto que as formas silvestres
possuem ráquis quebradiço, quando a planta atinge a maturação, grãos
pequenos e hábito de crescimento perene

CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS

O centeio apresenta adaptação muito ampla. Destaca-se pelo


crescimento inicial vigoroso e pela rusticidade - resistência ao frio, à seca, à
acidez nociva do solo, ao alumínio tóxico e as doenças - possui sistema
66

radicular profundo e agressivo capaz de absorver nutrientes indisponíveis ao


outras espécies. Suas raízes secretam citrato, que tem capacidade de liberar
fosfato no solo através de troca aniônica. É o mais eficiente cereal no
aproveitamento de água, pois produz a mesma quantidade de matéria seca
com apenas 70% da água que o trigo utiliza. O centeio tem adaptação muito
ampla. É cultivado desde o círculo polar até altitude de 4300 m acima do nível
do mar, no Himalaia. No sul dos Estados Unidos, em locais sujeitos a geadas,
a produção de massa verde do centeio foi superior à trigo, triticale e das
aveias. Por outro lado, é menor que o trigo e as aveais quando cultivados nos
ambientes com maior potencial de rendimento. Na literatura é citado que o
centeio inicia a atividade fisiológica de crescimento a partir de O °C, o trigo de
2,8 a 4,4 ºC, e a aveia apenas acima de 4,4 ºC.
Uma característica do centeio que enfatiza sua eficiência como cultura de
cobertura e produção de forragem, é sua adaptação superior às condições frias
e secas. Ele cresce, a partir dos O ºC, enquanto que o azevém necessita de
6,4 ºC. É em regiões mais elevadas e mais frias, ou em anos com inverno mais
frios ou secos, que o centeio se destaca pela sua maior produção de massa e
precocidade. O alto potencial do centeio para fixar biologicamente o nitrogênio
livre do solo, sobra de adubações anteriores ou liberado pela decomposição
dos restos culturais, sua ampla adaptação e sua precocidade destacam-no,
especialmente quando se deseja fazer um manejo precoce.
O CENTEIO NO BRASIL
O centeio é cultivado para pastoreio e para a produção de grãos no
Paraná, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, em São Paulo, em Minas
Gerais e no Mato Grosso do Sul. De 1944 até 1962 houve incremento da área
cultivada, mas, em 1982 e 1990, a produção e a área foram reduzidas a níveis
inferiores aos de 1944. Esse declínio pode ter sido conseqüência do subsídio
dado ao trigo, da extinção dos moinhos coloniais e da ausência de pesquisa. A
produtividade de grãos do centeio é baixa, pois seu cultivo geralmente é feito
em áreas marginais à produção de outros cereais de inverno.
O conhecimento sobre as variedades cultivadas é escasso, sabendo-se
do plantio das populações “Gayerovo” e “Centeio Branco”, em São Paulo;
“White Rye”, originário dos Estados Unidos, no Paraná; “Abruzzi”, de origem
argentina, e “Populações Coloniais”, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina
e no Paraná. A cultivar “Centeio BR 1”, lançada em 1986 pela EMBRAPA-
CNPT, está sendo multiplicada por produtores de sementes.
A perspectiva para o centeio no Brasil passa por uma transição, pois as
cooperativas e as indústrias estão montando novos moinhos de centeio, ou
ampliando os existentes. Também, a redescoberta das boas característica
biológicas do centeio, tornam este cereal excelente alternativa para a
alimentação animal.
USO FORRAGEIRO
Na alimentação animal, se misturado na ração, em proporções não
superiores a 20%, o centeio tem o mesmo valor energético dos outros cereais.
É indicado para pastoreio, para forragem verde, fenação e silagem pré-secada
ou de planta inteira. A palatabilidade do centeio verde para bovinos é muito boa
e não há informação sobre uma possível redução na conversão alimentar da
massa verde ou da palha. Por outro lado, quando cultivado consorciado
67

(especialmente com a aveia ou o azevém) nota-se preferência por estes


cereais, resultando com isso grande acúmulo de restos culturais do centeio
prejudicando a recuperação da pastagem. Por esse motivo, quando a
pastagem for formada com centeio em consórcio com outras espécies, deve
ser preferido o sistema rotativo de uso dos pastos.
Em estudos desenvolvidos na Alemanha, concluiu-se que o centeio de
inverno permite o aproveitamento precoce, mesmo quando semeado
tardiamente, sendo indicado para pastoreio, para silagem ou para adubação
verde, especialmente em estabelecimentos que valorizam o aproveitamento
intensivo do nitrogênio. Isso demonstra que - em comparação com outros
cereais - o centeio, em menor espaço de tempo, produz mais massa seca a um
custo unitário menor. Também há informação sobre o uso do centeio como
forragem verde nos estados da Flórida, da Geórgia e do Alabama, no sul dos
Estados Unidos, em clima e em solo semelhante aos do sul do Brasil.
Em trabalhos de pesquisam, concluiu-se que a digestibilidade das folhas
de aveia, centeio, trigo e do triticale, na fase de emborrachamento, foram
semelhantes. Também constatou-se que uma pastagem com azevém e centeio
proporcionou mais dias de pastoreio durante os dois meses mais frios do ano.
Na engorda de novilhos na Geórgia, nos Estados Unidos, uma pastagem
de centeio + azevém + trevo, obteve-se ganho médio, por primavera, de 575 kg
de peso vivo/ha, superior a outra pastagem de festuca + cornichão (398 kg de
peso vivo/ha). Sendo a lotação de 5,3 e 3,3 novilhos/ha, respectivamente.
Estudos realizados no Brasil evidenciam que o centeio, mesmo o de tipo
precoce, é apropriado ao pastoreio e ao corte como forragem durante o outono
e o inverno. Na estação fria, apresenta taxa de crescimento mais acelerada
que as demais gramíneas de inverno. Em estudo conduzido no CTC da
CORIJUI, no Rio Grande do Sul, demonstrou que o azevém foi o mais
produtivo dos cereais de inverno; entretanto, o centeio foi o mais precoce. Em
ensaios conduzidos na FAPA (Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária)
ficou evidente a precocidade do centeio no fornecimento de forragem. Em
todos os tratamentos que o centeio estava presente houve maior produção de
forragem no primeiro corte (tabela 1).

RECOMENDAÇÕES DE CULTIVO

O centeio é indicado para ser cultivado em solos arenosos, degradados e


exauridos. É pouco exigente em adubação ou preparo do solo, mas requer
temperaturas baixas durante o perfilhamento e solos bem drenados. Adapta-se
melhor às regiões situadas em altitudes superiores a 400 m, no Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Deve-se evitar o seu cultivo em solos argilosos ou encharcados.
A densidade de semeadura, para formação de uma boa pastagem, deve
ser de 350-400 sementes aptas por m2, gastando-se para isso de 50-70 kg de
semente por hectare. Não há recomendação de adubação específica para o
centeio. De forma geral, pode-se usar as recomendações de adubação de base
para os demais cereais de inverno. Mesmo suportando solos ácidos e pobres,
o centeio desenvolve-se melhor em pH entre 6,0 e 6,5 e responde
biologicamente à fertilização. Para a formação de pastagens, em todo o Brasil,
pode ser semeado a partir de março.
68

O centeio é indicado para a formação de pastagens. Em algumas regiões


do Brasil existem “Populações Coloniais” aptas para o pastoreio, que deve ser
iniciado quando as plantas tiverem entre 15-25 cm de altura. As populações
tardias têm hábito rasteiro e resistem ao pastoreio, mas têm crescimento inicial
lento.
Maiores detalhes da forma de utilização do centeio serão vistos nos
módulos seguintes.

TABELA 1: Matéria seca do Ensaio Cereais Forrageiros de 1995. FAPA, Entre


Rios - PR.
Matéria seca (kg/ha)
Tratamento 1º Corte 2º Corte 3º Corte 4º Corte 5º Corte Total
CE+AB+AZ 1695 1323 636 3105 4068 10828
CE+AP+AZ 1723 974 827 2637 3758 9918
CE+AB 1678 1323 785 2385 2808 8978
AB+AP 1369 1767 610 2430 2200 8375
AB - FAPA 1 1189 1818 721 2318 2317 8364
CE - BR 1 1841 863 883 1799 2331 7717
AP - EMBRAPA 29 1255 1748 451 2967 848 7270
CE+AP 1724 1301 670 2591 919 7204
AB - UPF 7 1105 1795 936 1616 1115 6568
Média 1509 1435 724 2428 2263 8358
CE = centeio; AB = aveia branca; AZ = azevém; AP = aveia preta. Nos consórcios onde havia
aveia branca foi utilizado o cultivar FAPA 1.

GÊNERO TRITICOSECALE
INTRODUÇÃO
O triticale é o primeiro cereal criado pelo homem, com impacto econômico
significativo. Essa cultura difundiu-se após os primeiros cruzamentos férteis
terem sido obtido na Alemanha, por Rimpau, em 1891. O estudo do triticale, no
Brasil, teve início em 1969, e o cultivo comercial a partir de 1982. Inicialmente,
objetivava-se usá-lo como substituto de trigo na alimentação humana, mas sua
qualidade foi considerada deficiente. A partir de 1990, houve aumento da
demanda para alimentação de suínos e aves.
Por conter genoma do trigo e do centeio, o triticale tem potencial para
combinar características desejáveis das duas espécies. A sua maior vantagem
relativa, a exemplo do centeio, ocorre em regiões marginais ao cultivo de
cereais de inverno. Apresenta elevado rendimento de grãos, tolerância
moderada aos solos ácidos e resistência às ferrugens, ao oídio e as viroses.
Estima-se que, em 1992, mais de 2,5 milhões de ha foram cultivados com
triticale no mundo, enquanto que, no Brasil, sua área foi estimada em 60.000
ha, no mesmo ano.
Resultados de pesquisa indicam que as cultivares de triticale
recomendadas apresentam alto potencial de rendimento no norte do Rio
Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná, no sul de São Paulo e em Mato
Grosso do Sul. O seu maior potencial produtivo, entretanto, está no norte do
Rio Grande do Sul, no planalto de Santa Catarina e no centro-sul do Paraná.
69

O triticale apresenta grande potencial de expansão no Brasil,


principalmente no uso para rações de aves, suínos e bovinos. Pela resistência
às baixas temperaturas, pela tolerância aos solos pobres, assim como
resistência as principais doenças foliares, o triticale também é indicado para
pastagem de inverno, silagem de planta inteira ou pré-secada e de grãos
úmidos assim como cultura de cobertura para preceder a semeadura direta da
soja.
BOTÂNICA E GENÉTICA
O triticale faz parte da família Gramineae, subfamília Pooideae, tribo
Triticeae e subtribo Triticineae. O nome científico é X Triticosecale Wittmack
ou Triticum turgidocereale (Kiss) Mac Key, quando hexaplóide, e Triticum
rimpaui (Wittmack) Mac Key, quando octoplóide.
O centeio cruzado com o trigo comum produz triticales octoplóides que
possuem 28 pares de cromossomos (21 de trigo, 7 do genoma “A”, 7 do
genoma “B” e 7 do genoma “D”, mais 7 pares de cromossomos “R”, de
centeio). Do cruzamento com trigo duro resultam triticales hexaplóides, que
possuem os 7 pares de cromossomos do genoma “A”, os 7 pares do genoma
“B” e os 7 pares do genoma “R”, de centeio.
Por conter os cromossomos de duas espécies, o triticale pode combinar
características desejáveis de trigo (potencial de rendimento, grãos grandes e
bem formados, alto índice de colheita, estatura baixa, resistência a germinação
pré-colheita) e de centeio (estabilidade de rendimento, espiga grande, alta
produção de biomassa, sistema radicular profundo, alto teor de lisina nos
grãos, tolerância ao frio, à seca, às doenças e aos solos ácidos). Através do
melhoramento, por vários ciclos sucessivos de cruzamentos seguidos de
seleção, é possível harmonizar a expressão dos genes dos dois genomas.
CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS
Em vários países, o triticale ocupa áreas marginais ao cultivo de outros
cereais de inverno. Essas áreas, em geral, apresentam: solos ácidos, como os
do sul do Brasil e os encontrados na Polônia, na Rússia, na África do Sul e no
sul dos Estados Unidos; clima semi-árido, como os da Austrália, da Argentina,
do México, dos Estados Unidos e da Rússia; ou altiplanos, como os que
ocorrem no Peru, na Colômbia, na França, no México e na Turquia.
Na maior área cultivada com triticale - norte e leste da Alemanha, Polônia
e Belarus - predominam solos ácidos e arenosos e o clima é frio. Nesta região,
o triticale ocupa áreas anteriormente cultivadas com centeio, substituindo-o
com vantagens, pois não possui os fatores antinutricionais que limitam a
alimentação de animais. Na Itália, é cultivado em regiões montanhosas e
marginais aos outros cereais de inverno. Cerca de 80% da produção é utilizada
para silagem.
Trabalhos de pesquisa conduzidos no sul dos Estados Unidos, em locais
sujeitos a danos por geadas, concluíram que a produção dos três cultivares de
triticale utilizados foi comparável à do centeio. Observaram, também, que a
temperatura mínima para início de crescimento foi de O ºC, para o centeio,
entre 2,8 e 4,4, para o trigo, e acima de 4,4, para as aveias. As exigência
térmicas das cultivares de triticale variaram entre as de trigo e as de centeio.
As cultivares de triticale hoje disponíveis no Brasil adaptam-se melhor aos
solos com acidez moderada (pH entre 4,5 e 5,5, mais de 3,5% de matéria
70

orgânica e entre 0,5 e 3 cmolc Al/dm3 de solo) e regiões de altitude superior a


400 m (temperatura média durante o perfilhamento entre 10,0 e 12,5 ºC).

O TRITICALE NO BRASIL

Uma pequena coleção de triticales originários do Canadá foi observada


pela primeira vez, no Brasil, em 1961, no Instituto de Pesquisas e
Experimentação Agropecuária do Sul (IPEAS). As plantas apresentaram
desenvolvimento vigoroso e eram resistentes às doenças foliares, porém eram
muito tardias, altas, e estéreis. Uma cooperação sistemática entre o CIMMYT
(Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo, México) e os
institutos de pesquisa do Brasil teve início em 1969 e continua até o presente.
Em 1976, de uma coleção do CIMMYT, foram lançadas duas cultivares como
“Triticale BR 1” e “CEP 15 Batovi”.
Em decorrência da introdução desses genótipos, os programas de
pesquisa com triticale foram ampliados em várias instituições de pesquisa do
Brasil. Ensaios de âmbito estadual foram organizados pela FUNDACEP, no
RS; pela OCEPAR e pelo IAPAR, no PR; e pelo IAC, em SP. A partir de 1979,
o CNPT organizou o Ensaio Brasileiro de Triticale para avaliar as melhores
linhagens, nas principais regiões tritícolas brasileiras.
Desse trabalho cooperativo foram recomendas para cultivo várias
cultivares de triticale.

USO FORRAGEIRO

O triticale é usado predominantemente para a alimentação animal, como


fonte energética para o fabrico de rações. Na Rússia e na Polônia, o triticale é
semeado em solos ácidos e arenosos, considerados marginais para o trigo,
antes usados com centeio, e usado na alimentação animal ou humana. Na
Austrália, o triticale é cultivado para grão forrageiro ou para pastoreio, em
regiões semi-áridas; na Argentina é pastoreada; na França, na Alemanha, na
Inglaterra e nos Estados Unidos, é semeado nos solos mais pobres para
alimentação animal, e é usado na forma de feno, de silagem de planta, de
silagem de grãos úmidos ou grãos secos. Estudos realizados na Inglaterra
indicam que a melhor digestibilidade da silagem de triticale é obtida quando a
planta tem de 65 a 70% de umidade.
O triticale apresenta uma ampla gama de usos potenciais, especialmente
para as pequenas propriedade: forragem verde, silagem de plantas jovens (pré-
secada), feno, silagem de planta adulta, silagem de grãos úmidos e grãos
secos. As cultivares disponíveis no sul do Brasil apresentam crescimento
vigoroso e resistência a algumas das doenças que limitam o desenvolvimento
de outros cereais no outono inverno. Portanto, o triticale é uma das opções
para melhorar o suprimento de forragem durante o final do outono e início do
inverno. A planta jovem pode ser pastoreada ou cortada para fazer silagem e,
depois, do rebrote dessas lavouras, pode ser colhido e aproveitado como as
demais lavouras (duplo propósito - tabela 1). Cultivares recentes, de porte
mais alto, mais rústicas e mais tardias, apresentam potencial ainda mais
elevado para silagem. No sul do Brasil, onde duas culturas por ano podem ser
produzidas na mesma área, a produção de silagem de planta inteira apresenta
a vantagem de liberar a área mais cedo para semeadura das culturas de verão.
71

As cultivares de triticale hoje disponíveis apresentam melhor adaptação a


uma região onde a temperatura média durante os meses de junho e julho seja
inferior a 13 ºC, no Norte do RS, no centro-oeste de SC e no centro-sul do PR.
Os resultados com os sistemas de cultivo recomendados demonstram que o
triticale apresenta potencial de rendimento e bons retorno econômicos. O
desenvolvimento de novas cultivares de triticale, especialmente a partir de
trigos e de centeios brasileiros, e o aperfeiçoamento dos sistemas de cultivo
proporcionarão uma expansão ainda maior do triticale. Este poderá contribuir
expressivamente para a sustentabilidade da agropecuária, especialmente onde
predominam minifúndios.

RECOMENDAÇÕES DE CULTIVO

Para otimizar o potencial produtivo de uma lavoura, são necessários


muitos cuidados, desde o planejamento da forma de utilização, escolha da área
e cultivar até o manejo da área, colheita e armazenamento. As informações de
pesquisa são poucas e devem ser consideradas como orientações gerais,
estando sujeitas a adaptações.
Para o cultivo do triticale, devem ser consideradas preferencialmente
áreas localizadas em altitudes superiores a 400 m no sul de São Paulo, em
Mato Grosso do Sul, no Paraná, no altiplano de Santa Catarina e no norte do
Rio Grande do Sul. Em áreas muito degradadas, em solos muito exauridos ou
sujeitos a alagamentos, as possibilidades de retorno econômico com o cultivo
de triticale são remotas.
Para fins forrageiros, o triticale pode ser semeado a partir de abril. A
densidade de semeadura a ser utilizada deve ser de 450 a 500 sementes por
m2. A adubação de base e cobertura devem ser as mesmas recomendadas
para os demais cereais.
Para a produção de silagem de planta inteira, a época de semeadura
deve ser a mesma recomendada para o trigo. Em locais sujeitos a geadas
tardias ( na floração) a semeadura deve ser efetuada de 10 a 15 dias após a
melhor época para o trigo. A densidade de semeadura deve ser de 350 a 400
sementes aptas por m2.
Maiores detalhes da forma de utilização do triticale serão vistos nos
módulos seguintes.

TABELA 1: Rendimento médio de grãos, dos anos 94, 95 e 96. FAPA, Entre
Rios-PR, 1997.
Produtividade de Grãos (kg/ha)
s/ Corte 1 Corte 2 Corte Média
GENÓTIPO Média Média Média Geral
TCL – IAPAR 23 B 3601 a* A 4050 a* C 1632 b* 3095 a*
AB – FAPA 1 B 2704 bc A 3130 b AB 2872 a 2902 ab
AB - UPF 15 AB 2883 bc A 3147 b B 2646 a 2892 ab
AB – UFRGS 16 B 2304 c AB 2598 bcd A 2928 a 2610 bc
TR - BR 35 A 3716 a B 2017 d C 1447 b 2393 cd
CE - BR 1 A 2388 bc A 2453 cd B 1714 b 2185 de
CEV – Carazinho A 1603 d B 906 e B 674 c 1061 f
AP – GAROA B 361 e AB 582 e A 789 c 578 g
Média A 2506 A 2397 B 1925 2276
Coef. Var. (%) 17,9
72

Médias seguidas por letras minúsculas iguais, na coluna, e precedidas por letras maiúsculas
iguais, na linha, não diferem entre si, pelo teste de TUKEY, ao nível de 5% de probabilidade.
TCL = Triticale, AB = Aveia Branca, CE = Centeio, TR = Trigo, CEV = Cevada e AP = Aveia
Preta

GÊNERO ARACHIS

O gênero Arachis é originário da América do Sul e se encontra distribuído


ao leste dos Andes, entre os rios Amazonas e Bacia do Prata. Entre 1976 e
1978, o Programa de Forragens Tropicais do CIAT introduziu no Centro de
Investigações ICA-CIAT Carimagua - Colômbia, mais de 40 acessos de Arachis
provenientes de coleções de germoplasma dos Estados Unidos (Universidade
da Flórida e USDA) e Austrália (CSIRO). Destes acessos, destacou-se o
acesso de A. pintoi CIAT 17434 por sua adaptação regional e tolerância a
pragas e doenças.
O acesso CIAT 17434 corresponde a cultivar Amarillo recomendada em
1987 na Austrália, a cultivar Maní Forrajero Perene recomendado em 1992 na
Colômbia e a cultivar Amarillo recomendada em São Paulo pela Empresa
Sementes Matsuda.
Mais recentemente, em trabalhos realizados por diversas instituições,
tem-se detectado variabilidade genética para diversas características e novos
acessos tem se destacado, abrindo a perspectiva de que novos e melhores
genótipos sejam lançados.
O amendoim forrageiro (CIAT 17434) é uma leguminosa herbácea
perene, de hábito estolonífero, de crescimento rasteiro, altura de 20 a 40 cm e
raiz pivotante. O florescimento é indeterminado e contínuo. A planta floresce
muitas vezes durante o ano. O florescimento inicia de 4 a 5 semanas após a
emergência das plântulas. A produtividade de sementes é variável nas
diferentes regiões. A formação de sementes ocorre abaixo do nível do solo, e a
maioria solta-se das plantas dificultando a colheita.
Produz densa quantidade de estolões, com pontos de crescimento bem
protegidos do consumo pelos animais e tem florescimento continuo durante o
ano, com a formação de uma reserva de sementes no solo que favorece a
persistência deste genótipo em áreas de pastagem (CIAT, 1992).
Esta leguminosa se desenvolve bem em regiões tropicais desde o nível
do mar até 1800 m de altitude, com 1500 a 3500 mm de precipitação anual
bem distribuída. Adapta-se bem a solos de mediana fertilidade, tolerando solos
com alta saturação de alumínio. Tem boa tolerância a sombreamento e média
a seca.
Em áreas com mais de quatro meses de período seco a planta pode
perder folhas e alguns estolões podem morrer. As plantas normalmente se
recuperam rapidamente após o início das chuvas (Argel, P.J., 1994).
Apesar de terem sido identificadas diversas doenças que atacam o
amendoim forrageiro, até o momento estas não têm limitado sua produção. As
mais comuns são Sphaceloma arachidicola, Leptosphaerulina crassiasca,
Colletotrichum truncatum e mosaico causado por potivírus. Não estão relatados
danos por ferrugem (Puccinia arachidicola) e por nematóides.
73

As pragas mais comuns que atacam esta leguminosa são crisomélidos


que consomem as folhas, formigas e algumas larvas de lepidópteros. A
presença destas pragas ocorre de forma localizada nas pastagens e não afeta
sua persistência e produtividade (Rincon, C. A. et al., 1992).

PRODUÇÃO DE FORRAGEM / DESEMPENHO ANIMAL:

Na Colômbia as produtividades variaram de 1.4 a 5.5 t de MS/ha/ano. A


seca prolongada afeta severamente a produção de forragem, entretanto, com
as primeiras chuvas reinicia seu crescimento de forma vigorosa e a maioria das
sementes presentes no solo germinam. Em geral a produção de forragem
desta espécie aumenta com o passar do tempo, e tende a ser maior quando
cresce associada com uma gramínea. Por exemplo, em Arauca, região
colombiana de solo mal drenado, a produção no primeiro ano foi de 1.2 t de
matéria seca e no segundo ano foi de 2.4 t/ha. Em outra região da Colômbia, a
produção de matéria seca em monocultivo foi de 1 t/MS/ha no primeiro ano e
de 3 t/MS/ha no segundo quando se colheu a cada 12 semanas.
Em associação com B. decumbens, B. brizantha cv. La Libertad e B.
dictyoneura cv. Llanero, durante o primeiro ano de pastejo A. pintoi constituiu
5% da forragem disponível e no segundo ano esta proporção variou entre 15 e
38%.
Depois de 5 anos de pastejo de associações de B. decumbens com
amendoim forrageiro, este último chegou a constituir entre 50 e 57 % da
forragem em oferta na época chuvosa e 20 a 21 % na época seca. Em
associações com B. humidicola, as percentagens da leguminosa nas
pastagens tem variado entre 30 e 50 % na época das chuvas e entre 12 e 33 %
na época da seca. As gramíneas em associação com esta leguminosa contém
mais proteína. A B. humidicola contem, em média, 3 a 6 % de proteína e em
associação esta porcentagem chega a 9 %, o que aumenta o consumo de
forragem dos animais em pastejo. O ganho de peso vivo de animais em pastejo
em B. humidicola sozinha ou associada com amendoim forrageiro foi similar na
época seca, entretanto na época chuvosa o ganho de peso vivo foi de até 46 %
maior na associação que na gramínea sozinha. Com B. dictyoneura, também
associada com amendoim forrageiro, o ganho na época chuvosa foi 30 % maior
que na gramínea sozinha.
Em pastejo alternado e carga fixa de 3 animais/ha, a produção anual de
peso vivo em pastagens sozinhas e associadas com amendoim forrageiro foi,
respectivamente: com B. decumbens de 134 e 200 kg/animal, com B.
humidicola 90 e 151 kg/animal e em B. dictyoneura de 131 e 168 kg/animal.
O potencial de produção de pastagens consorciadas com o amendoim
forrageiro é de 150 a 180 kg/animal e de 400 a 600 kg/ha por ano, sendo estas
pastagens uma opção para explorações de engorda e duplo propósito (Rincon,
C. A. et al., 1992).
A. pintoi tem sido pastejado por 5 anos em associação com estrela
(Cynodon nlemfuensis) em Turrialba, Costa Rica. A leguminosa tem persistido
e contribuiu em média com 38 % do total de oferta de matéria seca da
pastagem (Tabela 1).
74

TABELA 1 - Produtividade e composição de leite de animais de duplo propósito


pastejando grama-estrela (Cynodon nlemfuensis) em monocultivo e
associado com leguminosas.
PASTAGEM LEITE PROTEÍNA GORDURA SÓLIDOS
TOTAIS
(kg/vaca) (%) (%) (%)
Grama-estrela + 100 Kg/ha de N 9.5b 3.6a 3.9 13.0a
a a
Grama-estrela + Arachis pintoi 10.8 3.4a 3.9 13.0
a
Grama-estrela + D. ovalifolium 9.4b 3.3a 3.9 12.8
Arachis pintoi - CIAT 17434; Desmodium ovalifolium - CIAT 350 /Gonzales - 1992

A. pintoi tem persistido por mais de quatro anos na Costa Rica, em


associação com B. brizantha cv Marandú e B. humidicola CIAT 6369 em
pastejo rotacionado, com 5 dias de utilização e 30 dias de descanso e lotações
de 1,75 e 3,0 UA/ha. O ganho de peso diário foi medido em associações B.
brizantha - A. pintoi em ensaio de pastejo. O sistema rotacional foi de 7 dias de
pastejo com 21 de descanso e duas lotações (1,5 e 3,0 UA/ha)(Tabela 2).

TABELA 2 - Ganho de peso diário em pastagens de B. brizantha cv Marandú


em monocultivo e associado com A. pintoi após 16 períodos de
pastejo - Costa Rica.
PASTAGEM LOTAÇÃO ANIMAL GANHO DE PESO DIÁRIO
(UA/HA) (G/ANIMAL)
B. brizantha 1.5 449 b
B. brizantha 3.0 345 c
B. brizantha + Arachis pintoi 1.5 515 a
B. brizantha + Arachis pintoi 3.0 501 ab
M. Hernandez e P. J. Argel - 1994

No Brasil as produtividades encontradas variaram normalmente de 4 a 10


t de MS/ha/ano, contudo, produções superiores a 15 t de MS/ha/ano foram
encontradas em regiões com alta pluviosidade, boa distribuição de chuvas e
alta fertilidade do solo. Em pastagens consorciadas com Arachis pintoi pode-se
obter produções superiores a 600 kg de PV/ha/ano, sem adubação
nitrogenada.
Nas Estações do IAPAR de Londrina, Paranavaí e Ponta Grossa, geadas
severas queimaram a parte aérea das plantas, mas elas se recuperaram
rapidamente no início da estação quente. Esta leguminosa tem apresentado
bom desenvolvimento, com ótima cobertura de solo e boa competitividade com
plantas invasoras.
O amendoim forrageiro perene tem alto valor nutritivo, em termos de
proteína, digestibilidade e consumo por animal com prévia adaptação. O
conteúdo de proteína bruta nas folhas varia entre 13 e 18 % nas épocas seca e
chuvosa, respectivamente. Os talos contém entre 9 e 10 % de proteína em
ambas as épocas. A média de digestibilidade das folhas na época seca é de
67% e na época das chuvas é de 62 %. Em média o conteúdo de cálcio é de
1,77 % e de fósforo de 0,18 %. Não se conhece casos de intoxicação de
animais, mesmo quando em pastejo em áreas exclusivas.

COBERTURA DE SOLOS E UTILIZAÇÃO EM ÁREAS DE POMARES:


75

O Arachis pintoi tem sido recomendado para cobertura de solos em


cultivos perenes. Na Colômbia, depois de 4 anos de avaliação, se encontrou
uma cobertura de solo de 100 % em área de palma africana e uma redução
significativa dos custos de manejo do cultivo, devido a menor competição com
plantas invasoras e a fixação de nitrogênio pela leguminosa. Na Austrália,
Bolívia e América Central o amendoim forrageiro tem sido utilizado para
cobertura de solos em pomares de diversas espécies com redução dos custos
do manejo e perdas de solo por erosão. No Brasil o Arachis pintoi tem sido
utilizado como cobertura verde permanente em diversas culturas: citrus,
abacate, figo, pomares mistos, etc.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CIAT (CENTRO INTERNACIONAL DE AGRICULTURA TROPICAL). Pastures


for the Tropical Lowlands: CIATs Contribution. Cali, Colombia, 238 p.,
1992.
KERRIDGE, P.,C. HARDY, B. Biology and Agronomy of Forage Arachis Centro
Internacional de Agricultura Tropical, 209p. Colombia, 1994.
RINCON C.,A.; CUESTA M.,P.A.; PÉREZ B.,R.; LASCANO, C.,E. E
FERGUNSON J. 1992. Mani Forrajero Perene (Arachis pintoi
Krapovickas y Gregory): Una alternativa para ganaderos y agricultores.
Instituto Colombiano Agropecuario (ICA). Centro Internacional de
agricultura tropical (CIAT). Boletín técnico ICA n 219. 23p, 1992.

GÊNERO TRIFOLIUM
ORIGEM

O trevo vermelho (Trifolium pratense) é de origem européia e asiática. Era


cultivado na Europa nos séculos III e IV depois de Cristo, na Espanha desde o
século XVI, e posteriormente na Holanda e outros países. Atualmente é muito
cultivado nos países de clima temperado para feno e em pastejo no consórcio
com gramíneas.
Foi introduzido no Brasil provavelmente com a colonização italiana.
Experimentalmente tem sido introduzido e cultivado em grande quantidade no
Rio Grande do Sul. Em 1930 foi iniciada a experimentação com resultados
favoráveis no estado do Paraná (ARAÚJO, 1972).

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS

É uma leguminosa de inverno de duração bianual ou perene (var.


Mamuth), tem hábito de crescimento cespitoso, alcança até 80 cm de altura,
possui raiz pivotante e profunda que se ramifica em plantas mais velhas
formando numerosas raízes laterais principalmente nos primeiros 10 cm de
76

solo, hastes eretas ou inclinadas, cilíndricas, pubescentes; estípulas


triangulares, acuminadas, ligadas ao pecíolo, pecíolos longos, cilíndricos e
glabros; folhas alternadas, trifoliadas com folíolos grandes, ovais ou elípticos,
pouco pubescentes, com ou sem mancha clara no centro; inflorescência em
capítulos terminais ovóides, de cor vermelha. Corola vermelha, formada de 5
pétalas e filetes dos 8 estames inferiores (ARAÚJO, 1972). Os legumes
apresentam de uma a duas sementes ovais, amarelas, marrom ou violáceas,
levemente achatadas, com uma pequena saliência formada pela radícula
(PAIM, 1988).
Existem três grupos de trevo vermelho: de floração precoce; de floração tardia;
e os tipos silvestres. Os de floração precoce são conhecidos como de dois
cortes por ano, para produção de feno, são bianuais e perenes. Os de floração
tardia são conhecidos como de um corte por ano, são mais cultivados em
latitudes maiores, necessitando de fotoperíodo longo para o florescimento, são
mais perenes que os tipos de floração precoce. Os tipos silvestres são de porte
menor, tendo todos os seus órgãos reduzidos, em relação aos tipos cultivados
(TAYLOR, 1973; PAIM, 1988).

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS

O trevo vermelho é uma espécie exigente em fertilidade, adapta-se a


diferentes tipos de solos, mas não produz bem em solos arenosos e secos, ou
excessivamente úmidos. Vegeta bem em solos ácidos com pH superior a 5,0,
porém sua melhor produtividade é obtida na faixa de pH de 5,5 a 6,5 (TAYLOR,
1973; SOUZA et al., 1996).
Ë bem adaptado as regiões onde as temperaturas de verão são
moderadamente frescos e com umidade adequada (TAYLOR, 1973). No
Paraná a área de cultivo limita-se a região de clima Cfb, onde não há restrições
de umidade no período outono inverno (SOUZA et al., 1996).
A produção de sementes ocorre no período de novembro a dezembro, e
está em torno de 300 a 500 kg/ha. Em regiões com verões secos, o trevo
vermelho pode apresentar comportamento de planta anual, retornando à
pastagem via ressemeadura natural a partir do outono, quando são
regularizados os níveis de umidade associado a diminuição na temperatura do
solo. As cultivares disponíveis e em uso no sul do Brasil são a Kenland,
Quiniquelle e Estanzuela 116 (SOUZA et al., 1996), existem também tipos
espontâneos em regiões de colonização italiana, e são conhecidos como trevo
vermelho comum (PAIM, 1988).

ESTABELECIMENTO

O plantio pode ser realizado no outono, a germinação é rápida com bom


vigor inicial, permitindo o pastejo com 60 a 90 dias após a germinação. A
quantidade de sementes utilizada é de 5 a 10 kg/ha para a semeadura a lanço,
que devem ser inoculadas com um inoculante específico para a espécie. O
enterrio das sementes deve ser no máximo de 2 a 3 cm de profundidade, em
linhas espaçadas a 20 cm ou a lanço, em solos bem nivelados e com os níveis
de pH e fertilidade corrigidos. A germinação ocorre de 6 a 8 dias após a
semeadura (ARAÚJO, 1972, SOUZA et al., 1996).
77

Pode ser consorciado com gramíneas perenes de verão e anuais de


inverno. Ë também bastante utilizado em sistemas de integração lavoura e
pecuária e nas misturas de leguminosas de inverno em associação com
gramíneas (SOUZA et al., 1996). Nestes sistemas de associação têm
apresentado maior persistência e rendimento do que no cultivo solteiro
(ARAÚJO, 1972).

MANEJO

O pastejo é realizado quando a planta atinge 20 a 30 cm de altura,


observando-se os mesmos cuidados de manejo recomendados para o trevo
vesiculoso (SOUZA et al., 1996).
O trevo vermelho não se adapta ao pastejo muito freqüente, devendo-se
tomar alguns cuidados, pois esta é uma espécie que depende do uso de
reservas para a sua recuperação, por isto o manejo imposto deve permitir um
período de descanso necessário ao translocamento das reservas para a
recuperação da parte aérea, porém em condições de pastejo contínuo não
deve ser pastejado abaixo de 12 a 15 cm, o que promove a proteção dos
pontos de crescimento e a manutenção de um índice de área foliar que permita
a recuperação da planta.
Em condições de associação com outras espécies (gramíneas e/ou
leguminosas), o trevo vermelho tem se estabelecido melhor no primeiro ano
quando comparado ao trevo branco, o que permite uma maior contribuição da
leguminosa tanto no primeiro ano como posteriormente (via ressemeadura) e
consequentemente um maior valor nutritivo a pastagem.

PRODUÇÃO ANIMAL

O trevo em geral é usado em associações com gramíneas, o que permite


aumentar a longevidade do trevo, a produção total de forragem, melhorar a
distribuição da produção ao longo do ano e melhorar a qualidade da pastagem.
É uma espécie de alta digestibilidade e palatabilidade, teor protéico de 15
a 20 %, com produções de 6 a 8 t de matéria seca/ha/ano. Ë utilizada no sul do
país, principalmente no Paraná e no Rio Grande do Sul, no entanto existem
poucos estudos com relação a produção por animal com esta espécie.
Segundo SOUZA et al. (1996), a produção animal por ha em pastos
consorciados com trevo vermelho chega a 600 kg/ha de ganho de peso vivo,
com uma capacidade de engorda de 1,0 a 1,2 kg de peso vivo/animal/dia e
produção de leite de 15 a 20 kg/vaca/dia.
Em um trabalho realizado por LUSTOSA (1998), no estado do Paraná na
região de Guarapuava, o trevo vermelho quando associado a aveia, azevém e
trevo branco, em sistema de pastejo contínuo, permitiu no período de inverno
ganhos de 750 kg/ha de ganho de peso vivo, com 1,25 kg de peso
vivo/animal/dia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ARAÚJO, A. A. Forrageiras para ceifa. 2ª ed. Porto Alegre, Sulina. 1972.


147p.
78

LUSTOSA, S.B. Efeito do pastejo nas propriedades químicas do solo e no


rendimento de soja e milho em rotação com pastagens consorciadas
de inverno no sistema de plantio direto. Dissertação de mestrado. 84p.
Universidade Federal do Paraná, UFPR, Curitiba, 1998.
PAIM, N.R. Manejo de leguminosas forrageiras de clima temperado. In:
SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 9, Piracicaba, 1988. Anais...
Piracicaba, SP, 1988. p. 341-358.
SOUZA, A.G., MARASCHIN, G.E., POSTIGLIONI, S.R. Leguminosas anuais –
Trevo. In: MONTEIRO, A.L.G., MORAES, A., CORRÊA, E.A.S. et al.
Forragicultura no Paraná. Londrina, CPAF, p. 279-280. 1996.
TAYLOR, N.L. Red clover and alsike clover. In: HEATH, M.E., METCALFE,
D.S., BARNES, R.F. Forages – The Science of Grassland Agriculture.
Iowa, p. 148-158. 1973.

TREVO VESICULOSO

O trevo vesiculoso ( Trifolium vesiculosum Savi cv. Yuchi) é uma


leguminosa anual, e possui as seguintes caracteristicas morfologica; é glabro,
cespitoso, com hastes eretas, freqüentemente roxas; folíolos elípticos com
bordos serrilhados, com nervuras pronunciadas e geralmente apresenta uma
grande mancha branca em forma de V, muito cuidado para não confundir com
o folíolo do trevo branco (Trifolium repens L); possui estipulas longas e
lanceoladas; inflorescência grandes em capítulos cônico; corola rosada a
purpúrea (KAPPEL, 1967).
É de origem mediterrânea, cultivado pela primeira vez na Itália. Foi
difundido nos Estados Unidos na década de 30, sendo liberado para cultivo
neste pais em 1964, e sendo testado em 1966 no estado do Rio Grande do Sul
(KAPPEL, 1967).
No Brasil, mais especificamente no RS, a cultivar mais utilizada é a
YUCHI. No Paraná, a introdução do Trevo Vesiculoso não apresentou
resultados tão promissores como no RS, devendo neste caso ser avaliado
novamente.

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS

O trevo vesiculoso tem tornado-se uma espécie de rápida difusão no RS


por apresentar característica como alta produção de sementes, resistente a
solos de mediana fertilidade, manejo sob pastejo relativamente mais fácil, pois
seu habito de crescimento cespitoso facilita o manejo por altura, além de
permitir uma proteção das gemas axiais. Compete muito bem com as
gramíneas associadas como azevém, aveia, centeio, triticale. O trevo
vesiculoso também é utilizado em melhoramento dos campos nativos do RS,
assim como em sobresemeadura ou semeado com máquinas de plantio direto
sobre gramíneas estivais como a pensacola, pangola, coastcross 1, porto rico,
tiftons, setária, rhodes,etc, visando melhorar a quantidade e qualidade da MS
em oferta no período que estas espécies cessam seu crescimento.
79

Outra vantagem do uso desta leguminosa é quantidade de nitrogênio(N)


que é fixada ao solo, beneficiando sistemas de produção que utilizem a
integração lavoura/pecuária. Este benefício dá-se pela maior circulação de
nitrogênio, potássio e fósforo via esterco e urina. A influência das dejeções
sobre a nutrição da pastagem é muito importante, PEARSON & ISON (1987)
acrescentam que este é uma das melhores maneiras de transferir N das
leguminosas para as gramíneas em mistura na pastagem.
A raiz por ter hábito pivotante explora profundidades que as gramíneas
não conseguem e após a sua morte são decompostos deixando canais. A
maior rota de transferência de N, tanto sob corte como pastejo, é através da
decomposição de material morto de leguminosas, incluindo raízes, estolhos e
folhas. Segundo BROPHY et al., (1987), a transferência de nitrogênio é o
movimento deste elemento de uma planta a outra. Este processo, tem uma
grande importância nas misturas de gramíneas e leguminosas que estão
submetidas ao pastejo do animal, na medida em que o aporte de nitrogênio
para o sistema pastejado depende principalmente do fornecimento de
nitrogênio pela leguminosa. No caso de comunidades de plantas que estão
sendo pastejadas, também a reciclagem do nitrogênio através das fezes e
urina dos animais têm considerável importância, como bem salientado por
HERRIOT & WELLS (1963). Concordando com estes autores, HENZELL
(1977); NASCIMENTO JÚNIOR (1986) e LEDGARD et al., (1992) afirmam que
as duas formas principais de fluxo de nitrogênio em pastagens consorciadas
são: 1- Através do pastejo animal, onde o nitrogênio retorna via fezes e urina.
2- Por exudações radiculares e por decomposição microbiana das raízes das
leguminosas. Temos também a senescência da parte vegetativa que aumenta
a reciclagem de nitrogênio na biologia do solo. Neste caso a utilização de
fertilizações nitrogenadas podem ser reduzidas nas culturas posteriores bem
como na própria consorciação com vesiculoso.
Neste sentido o paradigma da agricultura sustentável impõe a
necessidade de melhorar os conhecimentos sobre o papel desta forrageira nos
sistemas de produção. Dentro deste enfoque, as funções diretas e indiretas das
pastagens não devem ser vistas somente como uma fonte de forragem de
qualidade e baixo custo para produção animal, mas também de recuperação
dos solos, auxiliar na agricultura de grão e ter um papel importante no controle
de insetos e plantas invasoras, principalmente em um esquema de manejo
integrado de rotações (IKERD, 1990).
A aplicação de N em leguminosas anuais consorciadas tem sido um
recurso recomendado por vários pesquisadores internacionais, no Brasil esta
recomendação foi confirmada para o trevo vesiculoso no trabalho de LESAMA,
(1997) o qual argumenta que esta leguminosa não aporta nitrogênio suficiente
para o crescimento das gramíneas consorciadas até o começo de outubro, e
recomenda a aplicação parcelada de nitrogênio, uma no outono, para promover
um acumulo de forragem no inverno, e outra um pouco antes do início da
primavera, fazendo com que as gramíneas expressem seu potencial em virtude
do benefício da temperatura e fotoperíodo.
Na ausência de fertilização N, podemos alcançar uma alta produção de
forragem com pastagens consorciadas de trevo + gramínea, superando
qualquer pastagem de gramíneas em monocultura em um dado local, esta
diferença reflete a habilidade dos trevos em fixar N2 da atmosfera.
80

ESTABELECIMENTO

A primeira característica do trevo vesiculoso é a de apresentar sementes


com o tegumento excepcionalmente duro, necessitando de uma escarificação.
No caso de ser feita uma escarificação pode-se utilizar de 5 a 7 Kg de
sementes por hectare, caso contrário deve-se duplicar a quantidade de
sementes, entre 10 a 12 Kg. Esta característica tem provocado insucessos no
estabelecimento. Apesar deste fato, apresenta uma excelente capacidade de
germinação à baixas temperaturas, a qual lhe confere a possibilidade de
produzir novas plantas no inverno e até no início da primavera.
O estabelecimento do trevo vesiculoso está muito relacionado a umidade
do solo, não tolera solos encharcados, além de ser sensível à baixos níveis de
P e K, especialmente o primeiro. O fator acidez do solo, além de relacionado à
disponibilidade destes dois nutrientes, é importante para a nodulação. A
obtenção de uma boa população no ano de estabelecimento pode-se tornar um
problema sério devido à alta especificidade das plantas com relação as estirpes
de Rhizobium, bem como pela sensibilidade da bactéria à acidez do solo
(WADE et al, 1972). Quando for semeado pela primeira vez deve-se dobrar a
quantidade de inoculante, além de peletiza-las com carbonato de cálcio.
O trevo vesiculoso germina bem quando a temperatura é baixa. Os
trabalhos de EVERS (1980), demonstram que o plantio, no outono, deve ser
feito quando as temperaturas do ciclo dia/noite sejam menores ou iguais a
25/150c. Plantios tardios no outono limitam o potencial de produção e
aumentam os riscos de geadas precoces que possam danificar as plantas
jovens. Quando o vesiculoso é semeado muito cedo, sob altas temperaturas,
poderá haver problemas de invasoras, baixa sobrevivência do Rhizobium e das
plântulas que germinaram, até o momento em que ocorram temperaturas mais
baixas.
No primeiro ano de semeadura o vesiculoso apresenta um lento
estabelecimento, principalmente quando comparado ao trevo vermelho
(Triflolium pratense L.), proporcionado uma menor produção de MS no inverno
e início da primavera, tendendo à compensar com uma alta produção no
meados de setembro até o meados de novembro. Já no segundo ano, pode-se
obter uma produção de MS considerável antes da entrada do inverno, em
virtude do vesiculoso possuir uma alta produção de sementes, como veremos
mais adiante, assim se promovermos uma ressemeadura garantimos uma
excelente produção de MS.

PRODUÇÃO ANIMAL

O principal benefício da inclusão de leguminosas em pastagens de


gramíneas de estação fria, é devido ao fato que as leguminosas melhoram o
valor da dieta apreendida pelo animal em pastejo (POPPI & McLENNAN,
1995).
O valor nutricional dos trevos deve-se ao material contido na parede
celular ser mais baixo do que nas gramíneas e também há diferenças na
composição da parede celular, o qual resulta em uma forma de digestão algo
diferente (THOMSON, 1984). A proteína nos trevos é utilizada com mais
eficiência pelos microorganismos do rúmen e consequentemente, a quantidade
de proteína que entra no duodeno é consideravelmente maior com trevos do
81

que com gramíneas. O resultado é uma maior absorção de aminoácidos pelo


animal (BEEVER et al., 1980).
O trevo vesiculoso cv. Yuchi apresenta um excelente potencial produtivo,
podendo apresentar produções de 3500 a 8000 Kg de MS por hectare, em
cultivo singular, e ainda ressemear satisfatoriamente (HOVELAND et al, 1972).
Existe uma série de trabalhos feitos sob regime de corte com esta espécie,
avaliando o efeito sobre o rendimento de MS, PB e Matéria seca digestível
(MSD), em cultura singular ou em misturas. Em trabalhos em parcelas, verifica-
se maiores rendimentos com maiores intervalos e alturas de corte, sendo o
efeito da altura maior quando os estádios de crescimento estavam avançados
(HOVELAND et al, 1972; SARAIVA, 1977; ANDRADE, 1978; MOOJEN, 1979).
Todos estes trabalhos determinam que uma utilização mais intensa pode
produzir modificações no hábito de crescimento da planta, tornando seus
pontos de crescimento menos acessíveis e garantindo uma maior produção de
estolhos, além de estender o período produtivo.
Sob condições de pastejo trabalho realizados no Rio Grande do Sul, o
potencial das pastagens de gramíneas em misturas com trevo vesiculoso ficou
bastante evidenciado, onde destacamos os trabalhos conduzidos por
BARRETO et al., (1974), SCHOLL et al., (1976) e LOBATO et al., (1979). Com
relação aos trabalhos de SCHOLL et al., (1976) e LOBATO et al., (1979),
convém salientar que ambos foram realizados através de sobresemeadura de
aveia e trevo vesiculoso em pastagem natural na região fisiográfica da
Depressão Central e nestes experimentos, a produção obtida com estas
misturas superou os 460 Kg de PV/ha/ano. Na mesma região fisiográfica da
Depressão Central, QUADROS & MARASCHIN (1987), utilizando três misturas,
obtiveram para aveia-azevém e trevo vesiculoso um ganho médio diário de
0,705 Kg/dia e um rendimento de 495 Kg de peso vivo/ha, utilizando terneiros
desmamados.
Mais recentemente, LESAMA (1997), trabalhando em uma região de clima
do tipo Cfa, subtropical úmido com verão quente, em um solo classificado como
Latossolo Vermelho - escuro álico, derivados do arenito da formação
Tupanciretã, com altitude em torno de 450m, utilizou distintos sistemas de
produção animal nos quais os tratamentos constavam aveia preta (Avena
strigosa, Schreb.) + azevém anual (Lolium multiflorum, Lam.) + trevo vesiculoso
(Trifolium vesiculosum, Savi); (AV + AZ +Tz); aveia preta + azevém anual +
trevo vesiculoso + 150 Kg de nitrogênio (AV + AZ + Tz + N) e aveia preta +
azevém anual + 300 Kg de nitrogênio (AV + AZ + N); utilizados terneiros
desmamados em pastejo foi contínuo, com lotação variável para manter a
oferta de matéria seca (pressão de pastejo) em 10% (10 Kg MS/100 Kg
PV/dia). e obteve produções de MS de 6371; 8406 e 9691 Kg MS/ha para os
tratamentos AV + AZ + Tz; AV + AZ + Tz + N e AV + AZ + N respectivamente.
As cargas animais foram maiores nos tratamentos com N. As cargas foram de
1140; 1490 e 1652 Kg PV/ha para os tratamentos AV + AZ + TZ; AV + AZ + Tz
+ N e AV + AZ + N respectivamente. Os GMD foram de 0,928; 1,091 e 0,839
Kg/an/dia, determinando ganhos de peso vivo por hectare de 515; 720 e 650
Kg/ha para os tratamentos AV + AZ +Tz; AV + AZ + Tz + N e AV + AZ + N,
respectivamente. Os resultados obtidos reafirmam a utilização da fertilização
nitrogenada em pastagens de aveia preta + azevém anual + trevo vesiculoso,
criando uma nova alternativa para aumentar a eficiência de produção, redução
de custos das pastagens e colher altos ganhos de peso vivo por área.
82

A evolução do trevo vesiculoso, neste trabalho, foi inicialmente suprimido,


pela competição por luz. Durante o ativo crescimento da vegetação, a captação
de energia solar é um dos fatores que mais limita o crescimentos das plantas,
mesmos sendo supridas em água e nutrientes minerais (LUDLOW, 1978), e
nas leguminosas, o sombreamento reduz tanto a nodulação como a fixação de
N (WHITEHEAD, 1995).
Assim um controle da desfolhação no início da primavera aumenta a
subsequente proporção de trevo na forragem de uma pastagem consorciadas
de trevo-gramínea (DAVIES & EVANS, 1990).
Plantas sombreadas alocam uma grande proporção de seu aumento de
MS para as folhas e há um aumento na relação de área foliar. Entretanto, isto é
insuficiente para contrapor-se ao decréscimo na taxa de assimilação líquida e o
crescimento relativo diminui. A fixação de N tanto nas leguminosas temperadas
como tropicais, está diretamente relacionada ao fornecimento de carboidratos,
o qual poderá ser diminuído por qualquer redução no recebimento de energia.
Nas pastagens temperadas, as gramíneas usualmente tem uma grande
vantagem sobre os trevos, exceto sob manejo adequado da desfolhação.
Em bovinos há, o risco do timpanismo, o qual é uma séria desvantagem
quando os bovinos tem dietas alimentares com alta proporção de trevos
(GREENHALGH, 1981). Nos trabalhos conduzidos com trevo vesiculoso, assim
como observações em campos de produtores não ocorreram casos de
timpanismo, fato este justificado pela quantidades de taninos que apresenta
esta espécie. Altos valores de tanino condensado na forragem reduzem o
consumo voluntário e deprimem a produção animal (MINSON, 1990). Contudo,
também o tanino condensado, pode manifestar um efeito positivo na produção
animal. Nas leguminosas com suficiente nível de tanino ocorre uma diminuição
da degradação da proteína solúvel no rúmen e aumenta a quantidade de
aminoácidos absorvidos no intestino (MINSON, 1990).
Outra grande característica do trevo vesiculoso é sua capacidade de
produção de sementes. É muito comum encontrarmos produtores que colhem
de 400 a 600 Kg sementes por hectare, e em casos excepcionais ultrapassam
os 1000 Kg. A colheita da semente é facilmente executada com uma
colheitadeira de culturas, pois as ramificações podem alcançar mais de um
metro de altura. Por estas razões o preço da semente é relativamente mais
baixa quando comparada com outras leguminosas, justificando o porque desta
espécie ter-se difundido em tão pouco tempo.

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