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UNIS – CENTRO DE ENSINO UNIVERSITÁRIO

CURSO: PERÍODO: SEMESTRE: ANO:


Engenharia 5° / Turma A e Primeiro 2011
Mecânica Turba B.
DISCIPLINA: MECÂNICA DOS FLUIDOS.
AULAS
Professor Roberto Brandão Serrano, M. Sc.

Estática dos Fluidos

Por definição, um fluido deve deformar-se continuamente quando uma


tensão tangencial de qualquer magnitude lhe é aplicada. A ausência de
movimento relativo (e, por conseguinte, de deformação angular), implica
ausência de tensões de cisalhamento. Portanto, os fluidos, tanto em
repouso quanto em movimento de “corpo rígido”, são capazes de
suportar tensões normais, apenas. A análise de casos hidrostáticos é,
dessa forma, apreciavelmente mais simples do que para os fluidos
submetidos à deformação angular.

A mera simplicidade não justifica o estudo de um assunto. As forças


normais transmitidas por fluidos são importantes em muitas situações
práticas. Usando os princípios da hidrostática, podemos calcular as
forças sobre objetos submersos, desenvolver instrumentos para a
medição de pressão e deduzir propriedades da atmosfera e dos oceanos.
Os princípios da hidrostática também podem ser empregados para
determinar as forças desenvolvidas pelos sistemas hidráulicos em
aplicações como prensas industriais ou freios de automóveis.

Num fluido estático e homogêneo, ou num fluido submetido a


movimento de corpo rígido, uma partícula retém a sua identidade por
todo o tempo. Uma vez que não há movimento relativo dentro do fluido,
um elemento seu não se deforma. Podemos aplicar a segunda lei de
Newton para avaliar a reação da partícula às forças aplicadas.

Equação Básica da Estática dos Fluidos

O nosso objetivo principal é obter uma equação que nos possibilite


determinar o campo de pressão dentro de um fluido estático. Para isso,
aplicamos a segunda lei de Newton a um elemento fluido diferencial de
massa dm = ρ d , com lados dx, dy e dz , conforme mostrado na figura
abaixo. O elemento fluido é estático em relação ao sistema de
coordenadas retangulares; estacionário.

De nossas discussões anteriores, lembremos que dois tipos genéricos de


forças podem ser aplicados a um fluido: força de campo e forças de
superfície. A única força de campo que deve ser considerada na maioria
dos problemas de engenharia é a decorrente da gravidade. Em algumas

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situações, forças decorrentes de campos elétricos ou magnéticos podem
estar presentes; elas não serão consideradas neste texto.

Para um elemento fluido diferencial, a força de campo, dFb, é:

dFb = g dm = g ρ d

onde g é o vetor da gravidade local, ρ é a massa específica e d é o


volume do elemento. Em coordenadas cartesianas d = dx dy dz, de
modo que

dFb = g ρ dx dy dz

Num fluido estático, as tensões de cisalhamento não podem estar


presentes. Portanto, a única força superficial é a de pressão. Esta é uma
grandeza de campo, p = p (x, y, z); a pressão varia com a posição
dentro do fluido. A força líquida de pressão que resulta dessa variação
pode ser avaliada somando-se todas as forças que atuam nas seis faces
do elemento fluido.

Seja p a pressão no centro do elemento, O. Para determinar a pressão


em cada uma das seis faces do elemento, utilizamos um
desenvolvimento em Série de Taylor de pressão em O. A pressão na face
esquerda do elemento diferencial é:

pL = p + ∂p / ∂y (yL – y) = p + ∂p / ∂y (- dy / 2) = p – (∂p / ∂y) dy / 2

Observação: o índice L (Left) referencia o lado esquerdo do elemento.

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Os termos de ordem mais elevada são omitidos porque desaparecem no
processo subseqüente do desenvolvimento. A pressão na face direita do
elemento diferencial é:
pR = p + ∂p / ∂y (yR – y) = p + (∂p / ∂y) dy / 2

Observação: o índice R (Right) referencia o lado direito do elemento.

As forças de pressão atuando nas duas superfícies y do elemento


diferencial são mostradas na figura acima. Cada força de pressão é um
produto de três termos. O primeiro é a magnitude da pressão. A
magnitude é multiplicada pela área da face a fim de dar a força e um
vetor unitário é introduzido para indicar o sentido. Note também na
figura acima que a força de pressão atua contra a face. Uma força
positiva corresponde a uma tensão normal de compressão.

As forças de pressão nas outras faces são obtidas do mesmo modo.


Combinando todas essas forças, obtemos a força superficial total
atuante sobre o elemento. Assim:

dFs = [p – (∂p / ∂x) dx / 2] (dy dz) (î) + [p + (∂p / ∂x) dx / 2] (dy dz)( - î)

+ [p – (∂p / ∂y) dy / 2] (dx dz) (j) + [p + (∂p / ∂y) dy / 2] (dx dz)( - j)

+ [p – (∂p / ∂z) dz / 2] (dx dy) (k) + [p + (∂p / ∂z) dz / 2] (dx dy)( - k)

Somando e simplificando, obtemos:

dFs = {[- ∂p / ∂x] ( i ) – [∂p / ∂y] ( j ) – [∂p / ∂z] ( k )}dx dy dz

ou

dFs = - {[∂p / ∂x] ( i ) + [∂p / ∂y] ( j ) + [∂p / ∂z] ( k )}dx dy dz

O termo entre chaves é denominado gradiente de pressão e pode ser


escrito por grad p ou ▽p. Em coordenadas retangulares:

grad p ≡ ▽p ≡ {( i ) [∂p / ∂x] + ( j ) [∂p / ∂y] + ( k ) [∂p / ∂z]} ≡

{( i ) [∂ / ∂x] + ( j ) [∂ / ∂y] + ( k ) [∂ / ∂z]} p.

O gradiente pode ser visto como um operador vetorial; tomando o


gradiente de um campo escalar, obtém-se um campo vetorial. Usando a
designação de gradiente, a equação - {[∂p / ∂x] ( i ) + [∂p / ∂y] ( j ) +
[∂p / ∂z] ( k )}dx dy dz pode ser escrita como:

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dFs = - grad p (dx dy dz) = - ▽p dx dy dz
Fisicamente, o gradiente de pressão é a negativa da força de superfície
por unidade de volume, devida à pressão. Notamos que o nível de
pressão não é importante para avaliar a força total da pressão. Ao
contrário, o que importa é a taxa de variação de pressão com a
distância, o gradiente de pressão. Descobriremos que este termo será
muito útil em nosso estudo de mecânica dos fluidos.

Combinamos as formulações que desenvolvemos para forças superficiais


e de campo a fim de obter a força total atuando sobre um elemento
fluido. Assim,

d F = dFs + dFB = (-grad p + ρ g) dx dy dz = (- grad p + ρ g) d

ou, por unidade de volume,

dF/d = - grad p + ρ g

Para uma particular fluida, a Segunda Lei de Newton fornece:

dF = a . dm = a . ρ . d

Para um fluido estático, a = 0. Logo:

dF/d =0

Substituindo d F / d pelo seu valor obtido acima, obtemos:

- grad p + ρ g = 0

Façamos uma breve revisão da nossa dedução desta equação. O


significado físico de cada termo é:

- grad p = força de pressão total por unidade de volume num ponto.

ρ g = força de campo por unidade de volume num ponto.

Esta é uma equação vetorial, o que significa que consiste em três


componentes que devem ser satisfeitas individualmente. As
componentes são:

- ∂p / ∂x + ρ gx = 0 -> direção de x

- ∂p / ∂y + ρ gy = 0 -> direção de y

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- ∂p / ∂z + ρ gz = 0 -> direção de z

As equações descrevem as variações de pressão em cada uma das três


direções dos eixos coordenados num fluido estático. Para simplificar
ainda mais, é lógico escolher um sistema de coordenadas no qual o
vetor gravidade seja alinhado com um dos eixos. Se o sistema for
escolhido de modo que o eixo z esteja na vertical, decorre que gx = 0, gy
0 e gz = - g. Nesta condições as componentes tornam-se:

∂p / ∂x = 0

∂p / ∂y = 0

∂p / ∂z = - ρ g

As equações indicam que, com as hipóteses feitas, a pressão é


independente das coordenadas x e y; depende de z apenas. Assim, visto
que p é uma função de uma só variável, podemos usar uma derivada
total no lugar da parcial. Com essas simplificações, as equações
finalmente reduzem-se a

dp / dz = - ρ g ≡ - γ (peso específico)

Restrições:
1. Fluído estático;
2. A gravidade é a única força de campo;
3. O eixo do z é vertical.

Esta equação é a relação básica entre pressão e altura da estática dos


fluidos. Está sujeita às restrições mencionadas. Dessa forma deve ser
aplicada somente quando essas restrições forem razoáveis para a
situação física. Para determinar a distribuição de pressão num fluido
estático, a equação acima pode ser integrada, aplicando-se as condições
de contorno apropriadas.

Antes de considerarmos casos específicos que são tratados


analiticamente de imediato, é importante notar que os valores de
pressão devem ser informados com relação a um nível de referência. Se
o nível de referência for o vácuo, as pressões são denominadas
absolutas, conforme mostrado na figura:

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A maioria dos manômetros lê uma diferença de pressão – a diferença
entre a pressão medida e o nível ambiente (usualmente a pressão
atmosférica). Os níveis de pressão medidos em relação à pressão
atmosférica são denominados pressões manométricas. Assim:

Pabsoluta = Pmanométrica + Patmosférica

Pressões absolutas devem ser empregadas em todos os cálculos com o


gás ideal ou em outras equações de estado.

Variação de Pressão num Fluido Estático

Vimos que a variação de pressão em qualquer fluido em repouso é


descrita pela relação básica entre pressão e altura:

dp / dz = - ρ g

Embora ρ g possa ser definido como peso específico, γ , foi escrito como
ρ g na equação para enfatizar que ambos, ρ e g, devem ser considerados
variáveis. A fim de integrar a equação acima para achar a distribuição
de pressão, devemos fazer hipóteses a respeito das variações de ρ e g.

Para a maioria das situações práticas da engenharia, a variação de g é


desprezível. A variação de g precisa ser incluída apenas para uma
situação em que se calcula com muita precisão a mudança de pressão
numa diferença de altitude muito grande. A menos que especificado de
outra forma, iremos supor que g é constante com a elevação em
qualquer local dado.

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Em muitos problemas práticos de engenharia a variação de ρ é
apreciável, e resultados precisos irão requerer esta consideração.
Diversos tipos de variação são fáceis de tratar analiticamente.

A variação de pressão num fluido compressível pode ser avaliada


integrando-se a equação

dp / dz = - ρ g

Antes que isso possa ser feito, a massa específica deve ser expressa
como função de uma das outras variáveis na equação. Informação sobre
as propriedades ou uma equação de estado pode ser empregada pra
obter a relação necessária pra a massa específica.

A massa específica dos gases em geral depende da pressão e da


temperatura. A equação de estado do gás ideal:

p=ρRT

onde R é constante do gás e T a temperatura absoluta, modela com


precisão o comportamento da maioria dos gases em condições
encontradas na engenharia. Entretanto, o emprego da equação acima
introduz a temperatura do gás como uma variável adicional. Dessa
forma, uma hipótese a mais deve ser feita a respeito da variação de
temperatura antes que a equação:

dp / dz = - ρ g

possa ser integrada.

Para um fluido incompressível, ρ = constante. Então para gravidade


constante:

dp / dz = - ρ g = constante.

Para determinar a variação de pressão, devemos integrar e aplicar


condições de fronteira apropriadas. Se a pressão no nível de referência,
Z0, for designada p0, então a pressão p, no local z, e encontrada por
integração:

p z
ʃdp = - ʃ ρ g dz
p0 z0
ou

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p – p0 = - ρ g (z – z0) = ρ g (z0 - z)
Para líquidos é muito conveniente tomar a origem do sistema de
coordenadas na superfície livre (nível de referência) e medir as
distâncias para baixo como positivas. Com h positivo no sentido para
baixo vem:

z0 – z = h

p – p0 = ρ g h

A equação indica que a diferença de pressão entre dois pontos num


fluido estático pode ser determinada medindo-se a diferença de altura
entre eles. Os dispositivos utilizados com esse propósito são chamados
manômetros.

A pressão atmosférica pode ser obtida por um barômetro, no qual se


mede a altura de uma coluna de mercúrio. A altura medida pode ser
convertida em unidades de engenharia usando-se a equação acima e os
dados da densidade relativa do mercúrio apresentado em tabelas
específicas postadas no Netteacher.

Embora a pressão de vapor de mercúrio possa ser desprezada para


trabalhos de precisão, correções de temperatura e altitude devem ser
aplicadas ao nível medido. Os efeitos de tensão superficial também
devem ser considerados.

Um manômetro simples de tubo em U é mostrado na próxima figura.


Como o ramo direito está aberto para a atmosfera, as medições de h1 e
h2 permitirão a determinação da pressão manométrica em A. Usando a
notação da figura abaixo, e aplicando-se a equação:

p – p0 = ρ g h

entre A e B e entre B e C, obtém-se:

pa – pb = ρ1 g (zb – za) = - ρ1 g (zb - za)

Observações: zb – za = leitura de baixo para cima -> sinal negativo.

pb – pc = ρ2 g (zc – zb) = ρ2 g (zc - zb)

Observações: zc – zb = leitura de cima para baixo -> sinal positivo.

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Somando as duas equações temos:

pa – pc = ρ2 g h2 - ρ1 g h1

Uma vez que Pc = Patmosférica, então Pa – Pc = P manométrica.

Se a massa específica, ρ1 , for desprezível comparada com ρ2 , então:

P manométrica = ρ2 g h2
Note que as pressões em B’ e B são iguais porque se encontram na
mesma elevação num trecho contínuo do mesmo fluido.

Figura – Manômetro de tubo em U para medições da pressão


manométrica em A.

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Os manômetros são aparelhos simples e baratos usados com freqüência
para medir pressões. Os estudantes algumas vezes têm dificuldades ao
analisar situações com manômetros de tubos múltiplos. As regras
práticas a seguir são úteis:

1. Quaisquer dois pontos na mesma elevação, num trecho contínuo


do mesmo líquido, estão à mesma pressão.
2. A pressão aumenta à medida que se percorre uma coluna de
líquido para baixo (lembre-se da variação de pressão quando se
mergulha numa piscina).

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