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BEM VINDO AO MUNDO VIRTUAL !

Seres humanos, pessoas daqui e de toda parte, vocês que são


arrastados no grande movimento da desterritorialização,vocês que são
enxertados no hipercorpo da humanidade e cuja pulsação ecoa as
gigantescas pulsações deste hipercorpo, vocês que pensam reunidos e
dispersos entre o hipercórtex das nações, vocês que vivem capturados,
esquartejados, nesse imenso acontecimento do mundo que não cessa
de voltar a si e recriar-se, vocês que são jogados vivos no virtual,
vocês que são pegos nesse enorme salto que nossa espécie efetua em
direção à nascente do fluxo do ser, sim,no núcleo mesmo desse
estranho turbilhão, vocês estão em sua casa. Bem-vindos aos
caminhos do virtual! (LÉVY, 1996, p.150)

O TEMPO

Para entender como se dá a visão do tempo no pós-moderno partiremos de


Zajdsznajder (1994, p.3) que diz que “o pós-moderno tem como ponto de referência o
presente. Falta-lhe a crença de que pode aprender com o passado. Carece de uma
expectativa suprema no futuro”. Lemos (2004, p.66) afirma que “a cultura pós- moderna
não se prende a dimensão histórica do futuro, mas ancora-se no presente, revisitando o
passado”. Desta forma podemos afirmar que estamos vivendo a época do agora, do
imediato, do instantâneo. Não há tempo a perder e o profissional de Comunicação
precisa acompanhar o ritmo frenético das trocas de informação e de conhecimento.

A DESTERRITORIZAÇÃO

Neste campo destacamos o pensamento de Lévy que em sua obra O que é o


Virtual (op.cit.) afirma:

Quando uma pessoa, uma coletividade, um ato uma informação se


virtualizam, eles se tornam “não presentes”, se desterritorializam.
Uma espécie de desengate os separa do espaço físico ou geográfico
ordinários e da temporalidade do relógio e do calendário.[...] A
sincronização substitui a unidade de lugar, e a interconexão, a unidade
de tempo.(1996, p.21).
Para aprofundar um pouco mais essa questão, Lévy (2000, p.47) nos traz mais
esclarecimentos sobre o assunto quando diz que “é virtual toda entidade
desterritorializada, capaz de gerar diversas manifestações concretas em diferentes
momentos e locais determinados, sem contudo estar presa a um lugar ou tempo em
particular”.
Como se comportar diante do desaparecimento das fronteiras? Qual a postura
profissional que devemos adotar perante uma realidade onde os limites se tornam mais
frágeis ou quase inexistentes? Essas são questões que precisam estar presentes na rotina
dos profissionais de comunicação.

A SOCIEDADE VIRTUAL

Neste momento não queremos realizar uma análise profunda das transformações
sociais que estamos vivenciando. Apenas destacaremos algumas questões que o
profissional de Comunicação precisa estar atento.
Para Lemos “a sociedade virtual seria a sociedade de comunicação (fundada na
redundância da difusão da mensagem); a sociedade da informação (fundada no
estereótipo do terminal) e sociedade de comutação (de equivalência entre o emissor e o
receptor)”.
Dominique Wolton afirma que os homens passam por um processo de atração e
fascínio pelas novas técnicas de informação como veremos a seguir:

Os homens são mais atraídos pelas técnicas da informação. Menores,


menos poluentes, elas fascinam porque colocam em obra a rapidez, a
performance, a interatividade. E desta vez, parece que não há
brutalidade no progresso, nem preço a pagar. (2004, p.155).

Pierre Lévy (2004, p.158) classifica o que a sociedade está vivendo atualmente
uma evolução ao afirma que “o desenvolvimento do ciberespaço é o passo mais recente
da evolução cultural/biológica e é a base de futuras evoluções”.
Regina Helena Alves da Silva, diretora do Centro Cultural UFMG e professora
do Departamento de História e do programa de pós-graduação em Comunicação Social
UFMG traz á tona outras característica da sociedade contemporânea ao afirmar que:
Hoje, a globalização, os avanços tecnológicos e os efeitos sobre o
trabalho, a constituição da sociedade informacional, a ocidentalização
da cultura e superexposição da mídia, são processos contemporâneos
que produzem mudanças nos modos de estar e sentir-se juntos,
desarticulam formas tradicionais de coesão e modificam modelos de
sociabilidade.(2004, p.2).

Para aprofundar ainda mais a questão levantada por Regina Helena vejamos o
que diz Lévy (1996, p.60) sobre as transformações ocorridas, por exemplo, no campo do
trabalho: “No domínio do trabalho, como alhures, a virtualização nos faz viver a
passagem de uma economia das substâncias a uma economia dos acontecimentos. [...] O
salário remunerava o potencial, os novos contratos de trabalho recompensam o atual”.
Poderíamos aqui tecer várias considerações da sociedade nos tempos do pós-
modermo, tais como, comunidades virtuais, contracultura, biocibernética, entre outros;
porém, o que se quer chamar atenção é o fato que o profissional de comunicação está
imerso em uma sociedade que apresenta uma dinâmica sofisticada e que apresenta
exigências cada vez mais complexas.
Para finalizar este item e expressar de forma bem clara a complexidade das
transformações sociais a que se quer evidenciar, recorreremos a uma afirmação de
Lévy:

A raça humana está se tornando um superorganismo a construir sua


unidade através do ciberespaço. E porque este superorganismo está se
tornando o principal agente de transformação e manutenção da
biosfera, o ciberespaço cresce, por extensão, como se fosse o sistema
nervoso dessa biosfera. Se pudermos testemunhar a evolução -
orgânica, sensitiva e lingüística – como um só movimento, se
entendermos a profunda evolução cultural com a biológica,
poderemos então descobrir que o ciberespaço está no ápice desta
evolução unificada. (2004, p.157).

A COMUNICAÇÃO CONTEMPORÂNEA

No item anterior falamos que estamos vivendo na sociedade da comunicação, da


informação. Mas é preciso destacar que o processo de comunicação no ciberespaço se
dá de forma diferenciada e a informação precisa ser tratada de maneira dinâmica. Para
aprofundar o assunto vejamos o que diz André Lemos:
Aqui a circulação de informações não obedece à hierarquia da árvore
(um-todos), e sim à multiplicidade do rizoma (todos-todos).
As novas tecnologias de informação devem ser consideradas em
função da comunicação bidirecional entre grupos e indivíduos,
escapando da difusão centralizada da informação massiva. (2004,
p.68).

Vejamos o que diz Lévy sobre o fluxo rizomático da comunicação no


ciberespaço:

O ciberespaço, ao contrário, permite não apenas um sistema de


comunicação “um para um” e “um para todos” mas também do tipo
“muitos para muitos” e a articulação em tempo real entre os três
modos, o que incentiva a inteligência coletiva.(2004.p.166)

Podemos perceber que a informação no ciberespaço é descentralizada. Não há


um ponto fixo para partir e para permanecer. André Lemos destaca:

Com as tecnologias analógicas, a transmissão, o armazenamento e a


recuperação de informação eram completamente inflexíveis. Com o
digital, a forma de distribuição e de armazenamento são
independentes, multimodais, onde a escolha em obter uma informação
sobe a forma textual,imagética ou sonora é independente do modo
pelo qual é transmitida.(2004, p.69).

Nesse novo contexto comunicacional, os profissionais da área devem considerar


que as tecnologias contemporâneas potencializam o processo de captação e difusão de
conhecimento, viabilizando a transmissão de mensagens e conseqüentemente o
crescimento da comunicação enquanto instrumento de marketing, por exemplo. Para os
profissionais que trabalham com a comunicação, seja ela institucional ou não, é
necessário gerenciar as informações de forma eficiente, sem desconsiderar os novos
aspectos que a constitui e considerar que “o principal significado do ciberespaço é a
interconexação geral de tudo em tempo real, a concretização do espaço virtual, onde as
formas culturais e lingüísticas estão vivas”. (LÉVY, 2004, p.157).
CIBERESPAÇO: O UNIVERSO DA INTERATIVIDADE

O ciberespaço apóia muitas tecnologias intelectuais que desenvolvem


a memória (através de bases de dados, hiperdocumentos, Web); a
imaginação (através de simulações visuais interativas), raciocínio
(através da inteligência artificial, sistemas especialistas, simulações);
percepção (através de imagens computadas de dados e telepresença
generalizada) e criação (palavras, imagens, música e processadores de
espaços virtuais). (LÉVY, 2004, p.165).

Com o desenvolvimento tecnológico e o processo de mundialização, a sociedade


contemporânea caracteriza-se pela interatividade das informações, através de uma
relação virtual entre indivíduos, culturas e empresas. Com as tecnologias
contemporâneas o universo de convivência transformou-se em uma malha digital, onde
o tempo torna-se mutável e a informação um instrumento de poder. O mundo passa a
transcender o real e viver uma realidade diferente, determinada por conexões e formada
por dados, que possibilitam uma infinidade de informações, viabilizando a pesquisa e
construindo um novo campo para a busca e construção do conhecimento.
Com o desenvolvimento da Web, o mundo passou a interagir de uma forma
intensa, visto que as pessoas podem manter uma relação de proximidade estando em
pontos totalmente opostos do planeta.
A disponibilização de textos, imagens e diversos documentos transformaram a
Web em um grande banco de dados de livre acesso, gerando um mercado potencial para
as empresas que pretendem expandir seus produtos. Com a Web concretizava-se a
criação do mais novo tipo de relação de compra e venda: o comércio eletrônico.
Vejamos com Lévy caracteriza o mercado on line:

O mercado on line não conhece as distâncias geográficas.


Todos os seus pontos estão em princípio igualmente “próximos”
uns dos outros para o comprador potencial (telecompra). O
consumo e a demanda nele são captados e perseguidos em seus
menores detalhes. Por outro lado, os serviços de orientação e de
visibilização das ofertas se multiplicam. Em suma o
cibermercado é mais transparente que o mercado clássico.
(1996, p.62).

O mercado virtual concretizou a existência da Web como uma realidade sem


fronteiras, onde distâncias são esquecidas e o parâmetro tempo é irreal. As
potencialidades do ciberespaço modificaram as relações comerciais e determinam novos
paradigmas para a compra e venda de produtos, como cita Pierre Lévy em sua obra:

Os produtos e serviços mais valorizados no novo mercado são


interativos, o que significa, em termos econômicos, que a produção de
valor agregado se desloca para o lado do “consumidor”, ou melhor,
que convém substituir a noção de consumo pela de coprodução de
mercadorias ou serviços interativos. (1996, p.63).

O desenvolvimento da Web não modificou somente as relações comerciais, mas


também os contatos sociais, as relações culturais e todas as formas de interação entre
indivíduos ganharam um novo significado. Mais que um meio de comunicação, o
ciberespaço consiste em um mecanismo de socialização, onde a procura da informação
determina o caminho e seleciona as preferências, talvez seja por isso que Lévy o
denomina como um meta meio.
Para chegarmos a trabalhar a interatividade do ciberespaço teremos que aborda
uma característica predominante nas malhas digitais que formam o ciberespaço e a
visualidade. O aspecto visual está presente em todas as páginas disponibilizadas, não
importando a qualidade e o design, esta é uma característica marcante e que muitas
vezes determina o sucesso ou fracasso do contato virtual. O processo de navegação na
Web consiste em utilizar os sentidos e o conhecimento para a máxima satisfação na
busca do objetivo. A visão, portanto, é contemplada com uma variedade de conceitos
gráficos visuais que gerenciam o acesso às informações e identificam a filosofia da
conexão estabelecida no exato instante em que a página é aberta. Podemos citar como
exemplo os sites artísticos do Museu Virtual (http://www.museuvirtual.com.br), que
possuem, na sua maioria, uma singularidade de cores e complexidade de formas,
delimitando seu espaço de conexão com os seus públicos potenciais.
No entanto, a diversidade visual não permite que tracemos uma linha perfeita de
conceitos e características que viabilizem uma classificação por filosofias ou culturas,
pois a não linearidade da rede, permite a mutabilidade de significados de acordo com o
ponto de vista de cada internauta. Portanto, a concepção visual das páginas na Web,
determina uma identidade, uma forma de aproximação e conquista, assim como uma
boa vestimenta, tornando a criatividade nesse sentido um ponto fundamental.
A criatividade no ciberespaço, nesse aspecto trata-se de um complemento para a
visualidade e que além de fator diferencial na criação dos espaços virtuais, pode
também determinar as melhores estratégias de uma comunicação virtual eficiente e que
atenda as necessidades dos usuários.
No desenvolvimento de qualquer trabalho, a criatividade é fator indispensável
para o êxito. No ciberespaço os caminhos levam a uma jornada infinita e os links podem
oferecer uma ampla possibilidade de navegação na busca de informações. A criatividade
na elaboração de estratégias que prendam o internauta a uma interação programada pode
determinar um direcionamento de informações, facilitando a navegação e gerando
perspectivas positivas de um retorno próximo.
Também podemos observar a criatividade na elaboração de serviços que
atendam às necessidades dos indivíduos conectados na rede, como a tradução de textos,
a correção ortográfica dos correios eletrônicos e diversas outras facilidades que venham
a fazer daquela conexão espontânea, um contato permanente.
Enfim, a criatividade, além de presente no aspecto da visualidade, contribui de
forma significativa para o convívio virtual no ciberespaço. Presente nos bate-papos com
a abreviação das palavras e na distribuição dos caminhos nas malhas digitais, a
criatividade modifica e permite o contato mais rápido e agradável, facilitando a
pesquisa, a busca de informações e aperfeiçoando dessa forma a interatividade digital.
Outro ponto a ser analisado é a interatividade que talvez seja a maior
característica do ciberespaço, pois a base do universo digital é o relacionamento, já que
qualquer conexão gera um contato, seja com empresas ou indivíduos. As pessoas, o
comércio, a comunicação e todos os aspectos que viabilizam a existência da Web,
dependem do contato, da rapidez com que acontece o intercâmbio das informações e das
possibilidades que essa conexão pode oferecer. Todo o processo de comunicação e
arquitetura do ciberespaço está moldado nas diversas conexões existentes e ligadas à
rede. Acessar todo esse conteúdo em tempo real é o fator que torna a linguagem virtual
um dialeto universal, compartilhado de significados, relações e um conjunto de
interações através de objetivos comuns. Vejamos o que diz Marília Levacov(1998,p.13)
professora da UFRGS para conceituar interatividade: “Processo que envolve a
participação ativa do usuário para direcionar o fluxo potencialmente aleatório de
informações em um aplicativo ou apresentação”.
Gerenciar de forma adequada esse potencial interativo requer além de um
conhecimento técnico, um bom suporte teórico que permita a utilização prática de
conceitos que visualizam de forma mais completa as necessidades e objetivos da
navegação. Os hiperlinks, textos, imagens ou objetos que viabilizam o acesso a novas
informações, são os principais agentes para o contato virtual, pois determinam a
conexão com as malhas digitais e permitem o desenvolvimento de canais informativos
que facilitam o estudo e contribuem com o crescimento da Web.
O hiperdocumento pode ser citado como uma ferramenta para o contato virtual,
visto que a pesquisa gera um processo interativo como cita Pierre Lévy em sua obra:

O navegador pode tornar-se autor de maneira mais profunda do que ao


percorrer uma rede preestabelecida: ao participar da estruturação de
um texto. Não apenas irá escolher quais links preexistentes serão
usados, mas irá criar novos links, que terão um sentido para ele e que
não terão sido pensados pelo criador do hiperdocumento. (2000, p.57).

A interatividade, portanto, agiliza o processo de mundialização na rede e pode


estar materializada na estrutura do hipertexto, associado com informações contidas no
próprio documento. Esta arquitetura interativa permite que o usuário transite com
autonomia em busca de informações. Outro tipo de interatividade consiste no processo
de seleção e escolha dos caminhos feitos pelos usuários que saltam, de um endereço
eletrônico para o outro visitando vários documentos.
Desta forma, a Interatividade facilita a transmissão de informações,
caracterizando o ciberespaço como uma ferramenta tecnológica e de transmissão de
dados, ou seja, um meio de comunicação.

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