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INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA
As células do organismo
metazoário se associam e formam níveis
diferentes de organização: tecidos,
órgãos e sistemas de órgãos. Um
tecido deve ser sempre interpretado
morfo-funcionalmente como o produto da
interação entre grupos de células e de
substâncias intercelulares que
desempenham uma ou mais tarefas
especificas. Já um órgão é constituído
por mais de um tipo de tecido em
diferentes proporções e padrões. Um
sistema de órgãos envolve mais de um
órgão interagindo física, química e
funcionalmente para que uma
determinada tarefa seja efetuada.
Cada célula realiza atividades
metabólicas essenciais para a sua própria
sobrevivência e, ao mesmo tempo,
desempenha a função especifica do tecido de cujo órgão faz parte. Todos organismos vivos,
independentemente de ter ou não organização metazoária compartilham características e propriedades
comuns:
A figura acima mostra os diferentes sistemas de órgãos do corpo humano. Para que o
organismo funcione como uma unidade funcionalmente integrada são necessários mecanismos de
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Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu Profa. Silvia M. Nishida
monitoramento dos acontecimentos ambientais externo e interno (ou seja, de órgãos sensoriais), de
processamento dos sinais e produção de comandos (ou seja, do sistema nervoso e endócrino) e,
finalmente, de execução coordenada das tarefas de ajustes (ou seja de um sistema muscular e
glandular).
Por mais que os seres vivos apresentem uma ampla capacidade de ajuste frente às variações
que ocorrem no meio ambiente, todos estão sujeitos aos seus respectivos limites de tolerância.
O gráfico mostra que o peixe possui
uma ampla zona de tolerância em relação à
variação da temperatura ambiental.
Denominamos de temperatura crítica
inferior (Tci) e superior (Tcs) os respectivos
limites em que a taxa de sobrevivência
destes animais é de 100%. Quando a
temperatura diminui ou aumenta, aquém ou
além das temperaturas críticas, a taxa de
sobrevivência vai diminuindo até que
nenhum animal suporte mais as variações. A
zona de resistência corresponde à faixa de
variações térmicas em que a sobrevivência
dos animais fica comprometida. Cada
espécie possui um perfil típico de tolerância
Resistência e Sobrevivência de um organismo submetido a amplas variações e de resistência às variações da temperatura
de temperatura do ambiente. ambiental. Essa idéia pode ser aplicada a
outras variáveis de importância biológica
como tensão de oxigênio, osmolaridade, pH
etc.
Os seres vivos sofrem desafios contínuos frente à instabilidade e à imprevisibilidade do meio
ambiente externo. O ideal é se manter dentro da zona de tolerância e, se submetido às variações críticas
(zona de resistência), esquivar-se dela. Para realizar esses ajustes, os organismos necessitam de
mecanismos detectores das variações, mecanismos que proponham soluções corretivas e mecanismos
que efetuam esses reajustes.
Controle e Integração
dos limites desejados (detector de erro). Será ainda necessário um componente efetuador que possa
ser ativado/desativado, todas as vezes que ocorra uma variação térmica indesejada. Para que este
sistema funcione é necessário um sistema eficiente de comunicação capaz de integrar os componentes:
o sensor deverá enviar um sinal sobre a temperatura da água (metal termo par) para o elemento
controlador que realiza a comparação da temperatura real da água e o desejado (termostato) e este,
por sua vez, deverá enviar o sinal adequado para o efetuador fornecer ou deixar de fornecer calor para a
água (aquecedor).
Repare que a própria resposta efetuada (aumento ou diminuição da temperatura da água)
servirá de informação térmica para o elemento de comando, retroalimentando o sistema. Em outras
palavras, esse sistema de controle têm a capacidade de auto-corrigir a variação, todas as vezes que o
valor se afastar do ponto de ajuste.
A temperatura corpórea dos animais é uma variável importante já que está intimamente
relacionada com a velocidade das reações bioquímicas e com a integridade funcional de várias
macromoléculas. No caso do peixe, que é um animal ectotérmico, a temperatura corporal tende a se
conformar com a variação da temperatura ambiental, entretanto, esta capacidade de ajuste tem limites
críticos para a sua sobrevivência.
MECANISMOS HOMEOSTÁTICOS
Há dois mecanismos universais utilizados pelos sistemas vivos para se realizar a regulação dos
parâmetros biológicos.
1) Controle por retroalimentação negativa (Feedbak negativo)
Quando uma determinada alteração é detectada pelos receptores sensoriais, esta é
comunicada ao integrador. Este compara a variação com o ponto de ajuste ideal e elabora comandos
apropriados para que os órgãos efetuadores contrabalancem o efeito do estimulo cancelando-o ou
agindo contra ela.
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Vamos reexaminar a
regulação da temperatura corporal.
Suponha que você esteja correndo
num dia bem quente: a atividade
muscular produz muito calor e o
meio interno "esquenta". O aumento
da temperatura corporal estimula os
receptores térmicos e estes
informam o sistema nervoso central
sobre a nova situação térmica do
meio interno. Imediatamente,
comandos nervosos são enviados
aos órgãos efetuadores no sentido
de contrabalançar os efeitos do
aumento de temperatura: você então
pára, deita-se à sombra, continua a
suar profusamente e a ofegar (forma
de perder calor por evaporação).
Esses e outros mecanismos contra o
superaquecimento são desencadeados para refrear as atividades geradoras de calor e estimular as
atividades que facilitam a perda de calor para o meio. Veremos ao longo do curso de Fisiologia, vários
exemplos sobre os mecanismos que operam regulando o meio interno por meio da retroalimentação
negativa como forma de restabelecer e manter a homeostasia.
Esses sistemas de órgãos efetuadores estão sob o controle do Sistema Nervoso (e do Sistema
Endócrino).
Os elementos funcionais do sistema nervoso são os neurônios cujas células são altamente
especializadas e classificadas funcionalmente em:
Neurônios sensoriais: monitoram e detectam as variações do ambiente
Neurônios associativos: processam as informações e elaboram comandos apropriados
Neurônios motores: enviam os comandos apropriados para respectivos os órgãos efetuadores.
Movimentos e Posturas
do Corpo;
Estímulos do ambiente Órgãos
Sistema Nervoso
efetuadores Ajustes homestáticos;
(interno/ externo)
Secreção glandular
Além do sistema nervoso, o Sistema Endócrino atua regulando a função celular dos mesmos
órgãos efetuadores, porém fazendo ajustes que afetam o metabolismo celular. Ambos operam de
maneira mais ou menos independente, mas o sistema nervoso controla o sistema endócrino. Enquanto o
sistema nervoso exerce a sua influência rápida e localizadamente sobre os órgãos efetuadores por meio
de impulsos elétricos, o sistema endócrino age mais lenta, difusa e sustentadamente, através de
mediadores químicos que chegam até os órgãos efetuadores através da circulação.
Mais adiante estudaremos como ocorre a integração do sistema nervoso e endócrino.
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SISTEMA ENDÓCRINO
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