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Hepatites tóxicas: revisão da literatura


Toxic hepatitis: literature review
Luís Costa Matos*, Borges Martins**

Resumo Abstract
Considera-se hepatite tóxica a lesão hepática causada por We consider toxic hepatitis to be liver injury caused by chemical or
agentes farmacológicos ou químicos, e deve ser considerada pharmacological agents and we feel that it should be considered
como diagnóstico diferencial na abordagem inicial de patologia in the initial differential diagnosis of liver disease. The authors
hepática. Os autores apresentam uma revisão da literatura sobre present a literature review of this subject, including hepatic drug
este tema, abordando a fisiologia da metabolização hepática, fac- metabolism physiology, diagnostic criteria, laboratory and clini-
tores de risco e predisposição para hepatotoxicidade, critérios de cal presentations, and a review of the classic hepatotoxic drugs,
diagnóstico, quadros clínicos e laboratoriais, fazendo em seguida as well as newer drugs, excipients and “natural” products, that
referência a vários fármacos classicamente hepatotóxicos, bem sometimes cause hepatic damage.
como a medicamentos mais recentes, excipientes e produtos ditos Key words: Toxic hepatitis, drug hepatitis
“naturais”, algumas vezes causadores de lesão hepática.
Palavras chave: Hepatite tóxica, hepatite medicamentosa

Introdução vas” e “produtos naturais”, podem ter consequências


Consideramos hepatite tóxica como a lesão hepática deletérias.7
causada por inalação, ingestão ou administração pa- O quadro clínico da hepatite tóxica pode mimeti-
rentérica de agentes farmacológicos ou químicos. zar quase todas as formas de doenças hepato-biliares,
É um problema relevante na prática clínica actual: sendo, quase sempre, um diagnóstico diferencial a
corresponde a cerca de 0.2% de todos os interna- considerar perante patologia deste foro.8
mentos hospitalares e a 2 a 3% de internamentos por
efeitos adversos de fármacos. Metabolização hepática
Apesar de uma incidência reduzida (7,6:1 000 000 A maior parte dos medicamentos ou tóxicos são ab-
habitantes/ano), as hepatites tóxicas são uma causa sorvidos através do tracto gastrintestinal ou por via
frequente (até 25%) de falência hepática aguda com parentérica; uma minoria através da pele ou das vias
prognóstico reservado – estima-se em cerca de 12% a aéreas. O fígado é um alvo principal de toxicidade,
taxa de mortalidade por novos casos/ano.1,2 por ser um órgão central no seu metabolismo. A arqui-
Apesar de considerarmos “seguros” a maioria dos tectura hepática garante um máximo contacto entre o
medicamentos que prescrevemos, mais de 1100 es- plasma e o hepatócito a nível do espaço de Disse; 30%
tão descritos como potencialmente hepatotóxicos. A do volume sanguíneo corporal total passa pelo fígado
causa mais frequente de retirada de medicamentos do a cada minuto. A dupla circulação pela artéria hepáti-
mercado é o aparecimento de hepatotoxicidade.3 ca e veia porta permite que o sangue proveniente do
O consumo de drogas de abuso é, muitas vezes, intestino seja imediatamente depurado.9
causa de agressão hepática.4-6 A depuração hepática depende da eficácia dos en-
Também a proliferação das “medicinas alternati- zimas metabolizadores, do fluxo sanguíneo hepático,
da ligação às proteínas plasmáticas e da “depuração
intrínseca” dessa substância. Esta última proprieda-
*Interno do Internato Complementar de Medicina Interna de depende do grau de lipossolubilidade e do peso
**Assistente Graduado de Medicina Interna molecular (Fig. 1).
Serviço de Medicina 1 do Hospital de São Teotónio S.A., Viseu Substâncias com uma elevada depuração intrín-
Recebido para publicação a 02.04.03 seca são avidamente captadas pelo tecido hepático e
Aceite para publicação a 05.05.05 o factor limitante do seu metabolismo tende a ser o

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via urinária ou biliar, sendo o seu peso molecular um dos


factores determinantes da via de excreção (Fig. 2).
CLH = depuração hepática
CLint x pb QH = fluxo sanguíneo
Mecanismos de lesão hepática
CLH = QH CLint = Dep. intrínseca As reacções hepatotóxicas são divididas em tipo A ou
QH + CLint.pb pb = ligação às prot. de toxicidade directa e tipo B ou idiossincráticas.
plasmáticas As reacções de tipo A ocorrem de uma forma
previsível, dose-dependente e com uma curta fase de
latência. As lesões anatomopatológicas são caracte-
rísticas e reprodutíveis em modelos experimentais.
Relação entre os factores que afectam a depuração hepática
de uma droga. Exemplos clássicos são o tetracloreto de carbono,
tricloroetileno, fósforo, tetraciclinas, paracetamol,
FIG. 1
toxina de Amanita phalloides.
As reacções Tipo B envolvem idiossincrasia;
ocorrem de uma forma imprevisível, muitas vezes
PM < 200 independentemente da dose, usualmente a níveis
terapêuticos. Apresentam uma baixa incidência, uma
fase de latência variável e, geralmente, estão envolvi-
Cit. P450 Conjugação
Droga dos mecanismos imunológicos. As lesões anatomo-
Cit. C Redut
patológicas são incaracterísticas e não uniformes. As
PM > 200 manifestações sistémicas são frequentes (febre, rash,
artralgias, eosinofilia, leucocitose, aparecimento de
auto-anticorpos); alguns exemplos: halotano, isonia-
Vias de excreção de metabolitos (PM – Peso Molecular). zida, clorpromazina.12,14
FIG. 2 Esta divisão é útil em termos didácticos, mas não
se deve considerar estanque, pois a lesão celular
próprio fluxo sanguíneo hepático. Têm um elevado metabólica dos hepatócitos, a participação de outras
metabolismo de primeira-passagem e, no limite, células hepáticas e activação de mecanismos imunes
podem mesmo ser usadas para medir o fluxo sanguí- estão interligados de uma forma estreita e sujeitos à
neo hepático, como o corante verde de indocianina. modulação de vários factores predisponentes, tanto
Como fármacos, são substâncias ineficazes por via ambientais como individuais.
oral, dada a sua rápida inactivação (ex: nitroglicerina, Uma substância pode ser intrinsecamente hepa-
lidocaína). totóxica, ou então pode dar origem a um metabolito
Substâncias com baixa depuração intrínseca têm tóxico, que o tecido hepático pode ter ou não capa-
um metabolismo dependente da eficácia dos sistemas cidade de depurar. Se não a tiver ou caso essa capaci-
enzimáticos e relativamente independente do fluxo dade seja superada, quer por ineficácia dos sistemas
sanguíneo; um exemplo é a teofilina.10,11 enzimáticos hepáticos, quer por elevada concentração
O objectivo da metabolização hepática é tornar o local, existem vários mecanismos pelos quais pode
fármaco mais hidrossolúvel, para a excreção renal ou surgir lesão no tecido hepático (Fig. 3):13
biliar. Isto é conseguido por dois tipos de reacções: Lesão celular metabólica dos hepatócitos Podemos
Reacção de fase 1 envolve os complexos Citocromo C considerar vários mecanismos de agressão: ligação
reductase e Citocromo P450. Tendo como co-factor o covalente a estruturas celulares, peroxidação lipí-
NADPH citosólico, efectuam reacções de hidroxilação dica, reacções de oxidação, depleção de glutatião.
e oxidação. Outras reacções alternativas envolvem Destas agressões celulares podem resultar alterações
álcool-desidrogenases e reacções de metilação. mitocondriais, alterações no citoesqueleto celular
Reacção de fase 2 envolve a conjugação do fármaco ou alterações da homeostase iónica. Dependendo da
ou do metabolito com pequenas moléculas endóge- extensão do envolvimento mitocondrial e do balanço
nas, de forma a aumentar a sua polaridade.12 de factores activadores/inibidores de vias intracelu-
A eliminação de metabolitos faz-se, geralmente, por lares de sinalização, nomeadamente as famílias de

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proteínas Bcl2 e caspases, o destino


da célula poderá ser a necrose ou a Fármacos
apoptose, sendo a primeira situação Oxidação/hidroxilação/
geradora de mecanismos inflamatórios. acetilação/metilação
(Fig. 4)14,15
Participação de outras células hepá- Metabolitos tóxicos Metabolitos não tóxicos
ticas Os hepatócitos lesados podem
libertar produtos de peroxidação Glutatião, epoxi-hidrolases, outros?
lipídica, intermediários reactivos de
Ligação covalente a Metabolitos não tóxicos
oxigénio e IL 8, activando por estes estruturas celulares,
meios as células de Kupffer. Estas liber- peroxidação lipídica
tam diversas citocinas tais como TNF,
Toxicidade directa,
IL 1, IL 8 e também intermediários modulação imunológica
reactivos de oxigénio, que podem lesar
directamente os hepatócitos e activar Hepatites tóxicas
ou imunoalérgicas
outras células como as células de Ito,
responsáveis pelo desencadear de fi-
brose hepática, e as células endoteliais Mecanismos pelos quais uma substância pode lesar o tecido hepático.
dos vasos sanguíneos, que favorecem o
FIG. 3
recrutamento e activação de polimor-
fonucleares.14-16 (Fig. 5) do citocromo P450 e/ou que causem concomitan-
Activação de mecanismos imunes Estreitamente in- temente outros danos celulares, como a inibição da
terligado com o anterior, este mecanismo é mais subtil ß-oxidação microsomal, ou a ingestão simultânea
e direccionado do que a resposta inflamatória à lesão de álcool, pode ter um efeito sinérgico e não aditivo
celular (Fig. 6). na toxicidade hepática de cada droga considerada
A formação de um metabolito tóxico pode con- isoladamente.14,19-21
duzir a ligações covalentes com estruturas celulares, A doença hepática prévia, especialmente a cir-
formando um hapteno, que é apresentado pelas cé- rose, condiciona a metabolização: diminuição do
lulas macrofágicas aos linfócitos. Estes desencadeiam fluxo sanguíneo hepático, diminuição da síntese de
uma resposta imune direccionada quer aos haptenos proteínas, condicionando um volume de distribui-
(self modificado) quer mesmo a estruturas celulares ção maior por diminuição da albumina plasmática
íntegras, tendo-se verificado experimentalmente e da sua capacidade de transporte. As reacções de
respostas tão selectivas como a produção de auto- conjugação, e particularmente as de oxidação, estão
anticorpos contra isoenzimas do Citocromo P450 que comprometidas.22,23
dão origem ao metabolito.14,17 De referir a susceptibilidade de indivíduos com
Doença de Still aos salicilatos.24-26
Factores de risco para hepatotoxicidade A insuficiência renal, por dificultar a excreção
Apesar de uma reacção de hepatotoxicidade ser, na de fármacos ou metabolitos, é uma predisponente
maioria das vezes, imprevisível, existem vários fac- óbvia.
tores predisponentes12 (Quadro I). A obesidade modifica a distribuição e a metaboli-
Os idosos apresentam uma diminuição de depu- zação de fármacos muito lipossolúveis,14 e predispõe
ração hepática, devida a um menor volume hepático à existência prévia de esteatose/esteatohepatite.
e fluxo sanguíneo. A hepatotoxicidade é rara nas
18
Exposições anteriores a determinados fármacos
crianças, mas formas idiossincráticas de reacção a podem contribuir, por um mecanismo de sensibili-
certos fármacos têm uma incidência superior à dos zação, para reacções hepatotóxicas mediadas imuno-
adultos. 1
logicamente. Um exemplo é o halotano.27
De uma forma geral as mulheres são mais propen- A infecção VIH/SIDA parece favorecer a hepa-
sas à hepatotoxicidade.12,14 totoxicidade de vários antibióticos, nomeadamente
A combinação de várias substâncias indutoras penicilinas e sulfamidas.28

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QUADRO I
Factores de risco para hepatotoxicidade

Idade Idosos INZ, MTX, AINE´s, Paracetamol, Penicilinas


Crianças Eritromicina, Valproato
Sexo Mulheres Diclofenac, Sulindac, INZ, Penicilinas, Halotano
Homens Azatioprina
Interação com outros fármacos Indutores do Cit. P450 Halotano, INZ, Valproato, Paracetamol, Álcool
Inibidores da ß-ox mitoc. Amidarona, Valproato
Características individuais Doença hepática (cirrose) INZ, MTX, Paracetamol, BZD
Dça de Still Aspirina
Ins. Renal Alopurinol, MTX
Obesidade Halotano, Paracetamol, MTX
SIDA Penicilinas, Sulfamidas
Exposição repetida Halotano
Polimorfismos Enzimáticos Quadro 2
Sistema HLA Quadro 3
Raça Asiáticos e Negros Isoniazida?
Estado de Nutrição Alcoólicos, Dças neoplásicas, idosos, indigentes ↓ Glutatião, ↑ toxicidade por paracetamol
INZ – Isoniazida, MTX – Metotrexato, AINE´s – Antiinflamatórios não esteroides, BZD – Benzodiazepinas.

QUADRO II Deficiências nutricionais podem


Polimorfismos enzimáticos
também aumentar o risco de toxicidade
por substâncias como o paracetamol, por
Sistema Enzimático Fármacos implicados depleção hepática de glutatião.14
Estão descritos vários polimorfismos
Tiopurina metiltransferase Azatioprina
genéticos de enzimas, condicionando
Cit. P450 CYP 2D6 Bloqueadores ß, A.D. tricíclicos, fenotipicamente a sua actividade e as-
clorpromazina, perhexilina sim predispondo à hepatotoxicidade de
Benzodiazepinas, bloqueadores ß, várias substâncias13 (Quadro II).
CYP 2C19
nilutamida, glicocorticoides, esteroides A deficiência em tiopurina metil-
sexuais, cetoconazol, omeprazol, warfarina transferase condiciona uma toxicidade
N-acetilação NAT2 INZ, cafeína, sulfamidas, procainamida, aumentada da azatioprina. Numa popu-
hidralazina, dapsona, acebutolol lação com doença inflamatória intestinal
medicada com azatioprina, cerca de 9%
Sulfoxidação Clorpromazina, estrogéneos?
mostraram uma actividade reduzida da-
Glutatião sintetase Paracetamol, metronidazol, nitrofurantoína quele enzima.31
Glutatião S-tranferases Tacrina?, carcinogénios Foram identificadas deficiências de
isoformas de enzimas do complexo ci-
A raça negra era, classicamente, um factor preditor tocromo P450. Uma delas (isoenzima 2D6) afecta
de maior risco de reacção adversa à isoniazida, mas 29
de 5%-10% dos caucasianos e pode ter implicações
trabalhos epidemiológicos mais recentes parecem não na metabolização de bloqueantes ß, antidepressivos
o confirmar.30 tricíclicos ou clorpromazina.32

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Outro (isoenzima 2C19) en-


contra-se deficitário em 2 a 6% de Droga
populações caucasianas mas pode
atingir uma prevalência de até 20%
em asiáticos. É importante na meta-
Metabolito
bolização de benzodiazepinas, blo-
queantes ß, varfarina, nilutamida,
glicocorticóides, esteróides sexuais,
cetoconazol e omeprazole.13 Ligação covalente
Deplecção de Glutatião
A N-acetilação é fundamental Peroxidação lipídica
para a metabolização de inúmeros Oxidação
fármacos, sendo conhecido desde há
algum tempo o fenótipo dos acetila-
dores lentos e rápidos da isoniazida. Toxicidade Metabólica
É um defeito autossómico recessi-
vo da N-acetiltranferase 2 (NAT),
que condiciona o fenótipo “lento”.
Homeostase iónica
Outros fármacos potencialmente
implicados são: cafeína, sulfamidas, Mitocôndria Citoesqueleto
procainamida, hidralazina, dapsona
Edema Celular, ↑Ca2+
e acebutolol.13
Foi descrito um défice enzimáti- ↓ ATP Distorsão da
co na sulfoxidação da carbocisteína, arquitectura celular
devido a um defeito genético autos- Enzimas Citolíticas
sómico recessivo. A sua importância
na metabolização da clorpromazina
ainda está por esclarecer, bem como Necrose/Apoptose
na patogenia da cirrose biliar pri-
mária.33,34
O défice de glutatião sintetase Dano celular metabólico nos hepatócitos.
(5-oxiprolinúria) está associado a FIG. 4
aumento da hepatotoxicidade de
fármacos que são eliminados por conjugação com a ção hepatotóxica em citolítica, colestática ou mista,
glutatião, como o paracetamol.35 consoante os valores da ALT, fosfatase alcalina e da
Foram descritos vários polimorfismos do com- relação entre eles (Quadro IV).38
plexo enzimático glutatião S-transferases, alguns As reacções hepatotóxicas mais frequentes apre-
associados a toxicidade aumentada de fármacos como sentam-se com quadros de citólise moderada a severa,
a Tacrina, bem como a alteração da metabolização de clinicamente indistinguíveis de uma hepatite viral
alguns carcinogénios. 13,36,37
aguda.39
Como já foi referido, a mediação imunoalérgica No Quadro V apresentam-se os vários tipos de
desempenha um papel fundamental na patogenia de lesão hepática possíveis num contexto de hepatoto-
muitas reacções hepatotóxicas. Foi encontrada uma xicidade.39
associação significativa entre a expressão de determi-
nados fenótipos HLA de classes I e II e a susceptibili- Diagnóstico
dade a toxicidade por fármacos (Quadro III).13 O diagnóstico precoce e preciso de hepatotoxicidade é
fundamental, pois a suspensão da substância agresso-
Tipo de lesão hepática e classificação ra pode prevenir a evolução para formas mais severas
laboratorial ou crónicas da doença.
Laboratorialmente, podemos caracterizar uma reac- Não há marcadores específicos ou testes para a

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Droga

Metabolitos tóxicos

IRO, PPL, IL-8


Endotoxinas Cél. Kupffer Hepatócitos
TNF, IL, IRO

TNF,
IL-8 IL, IL-8 IRO
IRO Cel. Ito Proteases
Fibrose

Cel. Endoteliais
Adesão
D. venooclusiva

Polimorfonucleares

Participação de outras células hepáticas. PPL: Produtos de peroxidação lipídica, IRO: Intermediários reactivos de O2, TNF: Factor de Necrose
Tumoral, IL: Interleucinas.

FIG. 5

hepatite tóxica, pelo que geralmente o diagnóstico patotoxicidade entre 4 a 90 dias após o início de um
é clínico. Testes de reactividade linfocitária podem fármaco é compatível com reacção medicamentosa.
auxiliar no diagnóstico. Métodos mais recentes com Se surgir uma reacção de tipo hepatite (citólise) nos
recurso a antigénios ex-vivo e técnicas especiais com 15 dias seguintes ou de colestase nos 30 dias se-
inibidores das prostaglandinas aumentaram a sensibi- guintes à suspensão de um fármaco, a relação causal
lidade do método.40,41 São contudo testes de execução com este é ainda possível. Também é característica a
difícil e não disponíveis por rotina ao clínico. diminuição em mais de 50% dos níveis de ALT nos
Na ausência de outras causas, a evidência de he- 8 dias seguintes à suspensão. Nas reacções colestá-
ticas, a diminuição em 50% da fosfatase alcalina e
da bilirrubina sérica é mais lenta, podendo demorar
QUADRO III mais de 6 meses.
Sistema HLA e toxicidade medicamentosa A recrudescência dos sintomas e/ou alterações ana-
líticas com a reintrodução do fármaco é virtualmente
Fármaco HLA
Halotano A11
QUADRO IV
Nitrofurantoína DR6 e DR2 Classificação Laboratorial
Clometacina A8
ALT F. Alc ALT/F.Alc
Antidepressivos Tricíclicos A11
Citolíticas >2x LSN Normal ↑ (>5)
Diclofenac A11
Co lestáticas Normal >2X LSN ↓ (<2)
Clorpromazina DR6
Mistas >2x LSN >2X LSN 2-5
Amoxicilina/Ac. Clavulânico DRB1 1501
DRB1 0602 LSN – Limite superior do normal

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de 30% dos doentes


Droga expostos e outra rara
mas muito grave e
potencialmente fatal,
Metabolitos
com uma incidência
de 1:35 000 numa
primeira exposição,
que baixa para 1:10
Ligação covalente
000 em exposições
a proteínas hepatocelulares
subsequentes. cinco
Hepatite imunoalérgica a 9 dias após a expo-
self modificado
Apresentação sição aparecem febre,
Necrose hepatocitária
de antigénio náuseas, mialgias, ic-
Hepatite autoimune terícia, desenvolven-
self
do-se, geralmente, um
quadro de hepatite
Activação de mecanismos imunes. fulminante. Histolo-
gicamente, destaca-se
FIG. 6 uma necrose zonal
centrolobular, ocasio-
diagnóstica. Isto acontecerá em situações acidentais, nalmente com infiltrado eosinofílico e granulomas.
pois a reintrodução propositada com fins diagnósticos Pensa-se que a toxicidade está relacionada com
é eticamente reprovável. um metabolito tri-fluoroacetilado que induz uma re-
Após várias reuniões de consenso, foi proposto um acção imunológica com produção de auto-anticorpos
sistema de avaliação de causalidade de lesão hepática anticitocromo P450 2E1. Factores predisponentes:
por uma determinada substância, através de dados alcoolismo crónico, obesidade, hipertiroidismo, HLA
clínicos.42,43 Denomina-se escala CIOMS (Council for A11.13,48,49
International Organizations of Medical Sciences). O sevoflurano, isoflurano e desflurano podem tam-
Este sistema inclui critérios cronológicos, factores bém estar implicados em reacções semelhantes.44
de risco prévios do doente, terapêutica concomitan-
te, exclusão de outras causas de doença hepática, Analgésicos
dados bibliográficos e resposta à reintrodução da Opiáceos Normalmente não causam hepatotoxici-
terapêutica. A pontuação final classifica a relação de dade, excepto o D-propoxifeno que tem sido rela-
casualidade como: Definitiva ou altamente provável cionado com reacções colestáticas 2 a 90 dias após a
(> 8), Provável (6-8), Possível (3-5), Improvável (1- administração.50,51
2), Excluída (≤0). Salicilatos Em doses superiores a 3g/dia mais de 50%
Foi proposta uma escala de diagnóstico relati- dos doentes apresentam aumento das transaminases.
vamente mais simples, por autores portugueses44 Histologicamente, há necrose hepatocitária focal,
(escala M&V, Quadro VI), que apesar de um poder podendo surgir também granulomas ou colestase. O
discriminante inferior à CIOMS45, parece-nos de efeito é dose dependente e rapidamente reversível.
utilidade na prática clínica, até porque foi validada De salientar a associação entre a Síndrome de Reye
numa população portuguesa.44 em crianças e a administração de salicilatos, presu-
mivelmente pela acção inibitória sobre a ß-oxidação
Exemplos clássicos de hepatotoxicidade dos ácidos gordos de cadeia longa.14,52-56
Outros anti-inflamatórios não esteroides a incidên-
Anestésicos Halogenados cia de hepatotoxicidade aguda ou subaguda varia
O halotano apresenta duas formas conhecidas de de 3.7 a 9/100000. O sulindac parece apresentar a
hepatotoxicidade:14,46,47 uma frequente, previsível e maior incidência (até 146:100 000). O naproxeno e
ligeira, com aumento das transaminases em cerca o diclofenac apresentam uma incidência intermédia

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QUADRO V
Padrões de lesão hepática

Tipo Características Exemplos


Lesão hepatocelular
Necrose zonal Dose Dependente, falência multiorgânica CCl4, Paracetamol
Citopatias mitocondriais + em crianças, S. Reye - like Valproato
Esteato-hepatite (EHNA) Pode conduzir a cirrose Amiodarona, Nifedipina?
Hepatite aguda Necrose em ponte Metildopa,IZN, Halotano, Fluconazol
Hepatite Crónica Semelhante a hepatite autoimune
Hipersensibilidade Geralmente com granulomas Sulfamidas, Quinidina, Alopurinol
Fibrose Perisinusoidal, pode conduzir a cirrose MTX, Vit. A, cloreto de vinilo
Colestase
Canalicular Dose-dependente, reversível Horm. Sexuais, Ciclosporina, Quinolonas
Hepatocanalicular Mimetiza icterícia obstrutiva, reversível Amox/Clav, Eritro, TMP/SMX, Clorpromazina
Ductular + em idosos Benoxiprofeno (retirado)
Colangite esclerosante Colestase 5-F-2´desoxiuridina intraarterial (quimioterapia)
Lamas biliares Cólica biliar Ceftriaxone
Vascular
Doença veno-oclusiva Dose-dependente Azatioprina e outros citotóxicos
Peliose Hepática Azatioprina, C.O., esteroides
Oclusão V. Hepaticas Devido a efeitos pro-trombóticos C. Orais e outros esteroides
Neoplasias
Hiperplasia nodular focal Benigna. Apresenta-se como LOE Esteroides
Adenoma Risco de rotura expontânea Esteroides (C. Orais)
Hepatocarcinoma Muito raro Danazol, esteroides anabolizantes
EHNA – Esteatohepatite não alcoólica; INZ – Isoniazida; LOE – Lesão ocupando espaço; MTX – Metotrexato; C.O. – Contraceptivos orais

(3,6-3,8:100 000) e o ibuprofeno parece ser um dos ou com medicação indutora enzimática do Citocromo
anti-inflamatórios com menor incidência de reacções P450. A metabolização do paracetamol pelo citocro-
hepatotóxicas (1,6:100 000). mo P450-II-E1 resulta em N-acetil-p-Benzoquinona
Histologicamente encontram-se aspectos de citólise, (NAPQI), que é rapidamente inactivado por ligação
mas é frequente a colestase com o sulindac, onde se covalente ao glutatião; no entanto, se houver uma
pensa que mecanismos imunológicos são preponde- produção excessiva deste metabolito e/ou depleção
rantes.14,57-60 de glutatião, o NAPQI liga-se a proteínas celulares
Paracetamol A toxicidade é rara com doses até 4g/dia. (originando a sua desnaturação e perda de função) e
No entanto, é frequente a partir de 7,5 g/dia, com do- provoca peroxidação lipídica.
ses superiores a 140 mg/kg relacionadas com quadros A lesão histológica característica é a necrose cen-
de hepatite fulminante e falência hepática aguda. Pode trolobular ou zonal 3, por ser nesta área que existe
surgir com doses muito mais baixas (2 g/dia) em do- uma maior concentração de cit. P450-II-E1.
entes com hepatopatia prévia, alcoólicos, desnutridos Clinicamente há a referir o aparecimento precoce

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QUADRO VI
Escala de Maria e Vitorino (M&V)

Critério Pontuação
I - Relação Temporal entre a toma do fármaco e o início do quadro clínico
A – Tempo desde o início da toma e o início de manifestações laboratoriais ou clínicas
4 dias a 8 semanas (menos de 4 dias se re-exposição) 3
Menos de 4 dias ou mais de 4 semanas 1
B – Tempo desde a suspensão até ao início de manifestações laboratoriais ou clínicas
0-7 dias 3
8-15 dias 0
Mais de 15 dias (excepto semi-vidas muito longas – ex: amiodarona) -3
C - Tempo desde a suspensão até à normalização dos valores laboratoriais
Menos de 6 meses (padrões colestáticos ou mistos) ou 2 meses (padrões hepatocelulares) 3
Mais de 6 meses (padrões colestáticos ou mistos) ou 2 meses (padrões hepatocelulares) 0
II – Exclusão de Causas Alternativas (Hepatites víricas, doença hepática alcoólica, obstrução
biliar, doença hepática pré-existente e outros (gravidez, hipotensão aguda)
Exclusão completa 3
Exclusão parcial 0
Causa alternativa possível -1
Causa alternativa provável -3
III – Manifestações Extra-hepáticas (Exantema, febre, artralgia, eosinofilia, citopenia)
4 ou mais 3
2 ou 3 2
1 1
nenhum 0
IV – Re-exposição ao fármaco (acidental ou intencional)
Positivo 3
Negativo 0
V – Casos descritos na literatura de hepatotoxicidade associada com o fármaco
Sim 2
Não (no mercado há menos de 5 anos) 0
Não (no mercado há mais de 5 anos) -3
>17: Relação definitiva; 14-17: Provável; 10-13: Possível; 6-9: Improvável; <6: excluída.

de náuseas, vómitos e diaforese, seguidos por uma Pode ser efectuado o doseamento do paracetamol
fase assintomática; 72-96 h depois iniciam-se náuseas, sérico até às 24h pós-ingestão, sendo de maior utili-
vómitos, icterícia, dor abdominal, podendo evoluir dade às 4h e às 12h. A probabilidade de toxicidade
para falência hepática aguda. hepática severa e a necessidade ou não de tratamento

PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL 249


VOL.12 | Nº 4 | OUT/DEZ 2005
ARTIGOS DE REVISÃO Medicina Interna

QUADRO VII
Plantas e hepatotoxicidade

Espécies Componente tóxico Forma de hepatotoxicidade


Crotalaria, Senecio, Heliotropum, Alcaloide pirrolizidícos Doença veno-oclusiva
Symphytium officinale
Atractalis gummifera, Callilepsis Actractilato Inibição da fosforilação oxidativa e necrose hepatocelular
laureola
Teucrium chamaedris Flavonoides, diterpenoides, saponinas Dano hepatocelular ou colestático, hepatite fulminante
Larea tridentata Ácido Nordihidroguaiaretico Hepatite fulminante
Cassia angustifolia (Sene) Derivados da antraquinona Dano hepatocelular
“Ervas chinesas” Desconhecido Dano hepatocelular, hepatite fulminante
Viscum album Desconhecido Possível hepatotoxicidade

com N-acetilcisteína com dose de carga de140mg/kg com manifestações sistémicas de hipersensibilidade,
seguida de 70 mg/kg de 4/4h pode ser inferida atra- sugerindo a existência de mecanismos imunoalérgi-
vés do Normograma de Rumack – Matthew (Fig. cos, comuns também a outros anticonvulsivantes.
7).14,46,61-63 Geralmente ocorre nas primeiras 4 semanas de
tratamento. Pode também haver lesão dos canais bi-
liares, com ductopenia e colestase. De salientar que
Anticonvulsivantes
a carbamazepina é um forte indutor do Citocromo
Carbamazepina causa alterações das provas de função
P450, potenciando significativamente a toxicidade
hepática em 10% dos indivíduos tratados. Menos do valproato.14,64-66
frequentemente origina uma hepatite granulomatosa Fenitoína pode provocar citólise ou colestase, incluin-
do hepatite fulminante. Geralmente ocorre também
��� nas primeiras 4 semanas e acompanhada de manifesta-
��� ���������������
ções sistémicas, incluindo-se na designada Síndrome
�������������������������������������

���
�� de Hipersensibilidade dos Antiepilépticos, na qual
��
�� parecem estar envolvidas também a carbamazepina,
�� ��������������������
�� fenobarbital e primidona.14,65,67
�� ��������
�� ��������������� Fenobarbital desencadeia raramente reacções citolíti-
�� cas ou colestáticas. Pode estar associado à síndrome
��������������� de hipersensibilidade atrás descrita. De referir que é
����������
��
um potente indutor enzimático, aumentando a toxi-
� cidade de fármacos como a isoniazida e o valproato


� de sódio.14,65,68

Valproato de Sódio condiciona alterações das provas

hepáticas em até 40% doentes tratados; contudo a

hepatotoxicidade clínica é mais rara. A incidência

de hepatite fulminante é de 1:7000 em crianças até
���
�������������������������������������������������������������������������������� aos 2 anos e de 1:45 000 em crianças de mais idade e
���������������������� adultos. O risco de hepatite grave aumenta com po-
limedicação, especialmente com fármacos indutores
Normograma de Rumack – Matthew. enzimáticos, sendo de 1:500 em crianças com menos
de 2 anos e 1:7000 para os restantes. Clinicamente
FIG. 7 salienta-se o aparecimento de febre, anorexia, náuseas,

250 Medicina Interna


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vómitos, convulsões. Histologicamente é evidente es- o cotrimozaxol está aumentada em indivíduos com
teatose microvesicular, relacionada com interferência o fenótipo de acetilação “lenta” e em portadores de
na ß-oxidação mitocondrial.14,69,70 VIH, aspecto importante dado o uso alargado como
profilaxia e tratamento da pneumonia a Pneumocystis
Antibióticos carinii.14,86,87
ß-Lactâmicos A penicilina G e a amoxicilina são, Nitrofurantoina Pode causar toxicidade hepática, com
praticamente, desprovidas de hepatotoxicidade. Con- manifestações sistémicas de hipersensibilidade. Por
tudo, a associação com inibidores das ß-lactamases, vezes são detectáveis auto-anticorpos antinucleares
como o ácido clavulânico, pode provocar reacções ou antimúsculo liso. Mesmo após anos de intervalo, a
hepatocelulares ou colestáticas graves. Existem reexposição acidental volta a causar hepatotoxicidade
mesmo recomendações para a monitorização da na maioria dos doentes. Foram descritos casos de
função hepática à 2ª e 4ª semanas após o início do hepatite crónica com evolução cirrógena com o uso
tratamento.71,72,73 prolongado e casos de falência hepática aguda. Histo-
Foram também descritos casos de colestase com logicamente apresenta-se como necrose hepatocelular
a flucloxacilina e a dicloxacilina, com prurido e difusa com infiltrado eosinofílico portal.14,88-90
icterícia.74,75 O ceftriaxone está relacionado com o
aparecimento de lamas biliares e litíase, especialmente Antibacilares
em crianças.76,77 Isoniazida Exige monitorização da função hepática
Fluoroquinolonas Causam alterações das provas he- durante o tratamento. Causa alterações das provas de
páticas em 2-3% dos doentes. Menos frequentemente função hepática em até 20% dos doentes, geralmente
ocorrem reacções graves, de tipo hepatocelular (nor- até ao 1º mês, tendendo depois as transaminases a
floxacina) ou colestáticas (ciprofloxacina, ofloxacina), normalizar. Contudo, aparecem reacções de hepato-
que podem evoluir para falência hepática aguda. toxicidade grave em 1%, atingindo os 2% nos adultos
A trovafloxacina parece ser a substância mais hepa- com mais de 50 anos. A incidência é praticamente
totóxica, seguida pela sparfloxacina. A incidência de inexistente nas crianças. Além da idade, a ingestão de
efeitos adversos é relativamente baixa para a ciproflo- álcool, desnutrição, doença hepática prévia, Hepatite
xacina, ofloxacina, norfloxacina e levofloxacina.78-81 B AgHBe +, polimorfismos da N-acetil transferase 2
Eritromicina Classicamente pode causar hepatite (acetiladores “lentos”) e polimedicação com induto-
colestática, com início entre 10 a 20 dias após a 1ª res enzimáticos (como a rifampicina) são factores de
toma. Tem uma incidência de cerca de 3,6:100 000 e risco. Histologicamente, observa-se necrose hepato-
parece não ter relação com a formulação farmacêutica celular semelhante a hepatite vírica.91-94
(estolato, propionato ou lactobionato de eritromici- Rifampicina e Pirazinamida A rifampicina é um poten-
na). Histologicamente nota-se necrose hepatocelular te indutor enzimático e interfere com a captação e ex-
difusa com infiltrado eosinofílico portal e colestase creção de bilirrubina, potenciando a hepatotoxicidade
centrolobular.82 de outros fármacos, nomeadamente da isoniazida.
Tetraciclinas Toxicidade rara nas formas orais, com Por si só pode causar sinais de hepatite ligeira, com
quadros predominantemente colestáticos com a doxi- manifestações sistémicas de hipersensibilidade.14,46
ciclina e a tetraciclina e com formas de apresentação A pirazinamida é também um hepatotóxico,
semelhantes à hepatite auto-imune com a minocicli- podendo causar necrose centrolobular e falência
na. Historicamente, altas doses de tetraciclinas em hepática aguda. A incidência de efeitos adversos
formulações parentéricas causaram hepatites fulmi- aumenta com o uso concomitante de isoniazida e
nantes, com esteatose microvesicular grave sugestiva rifampicina.95-97
de citopatia mitocondrial.83-85 Preconizou-se o uso de uma associação de rifampi-
Sulfamidas Classicamente causam colestase ou cina e pirazinamida de curta duração (2 meses) para
uma situação mista com componente de citólise. a profilaxia da reactivação da tuberculose latente em
Inicia-se, geralmente, 2 semanas após a 1ª toma, indivíduos VIH-negativos; a alta incidência de hepa-
podendo também surgir manifestações sistémicas totoxicidade (cerca de 8%) e o relato de casos fatais
de hipersensibilidade. Pode evoluir para falência he- com falência hepática aguda levou a uma revisão das
pática. A incidência de reacções hepatotóxicas com guidelines e desaconselhamento desta opção.98,99

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Antifúngicos hepática é mais rara e dose-dependente.108,109


Imidazóis O cetoconazol causa alterações das provas
hepáticas em até 10% dos doentes. A incidência de Anti-hipertensores e Diuréticos
reacções graves é de 134:100 000, geralmente no 2º Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina
ou 3º mês de terapêutica. Histologicamente, verifica- (IECA) Foram descritos casos de citólise e colestase
se necrose centrolobular. O itraconazol e fluconazol com captopril, lisinopril, e enalapril. Podem aparecer
parecem ser bastante mais seguros, com incidências manifestações sistémicas de hipersensibilidade que
de hepatotoxicidade de 3-10:100000 para o primeiro traduzem um mecanismo imune, presumivelmente
e de 2,8:100 000 para o segundo.100,101 relacionado com o aumento da actividade da bradi-
Terbinafina causa geralmente reacções colestáticas cinina hepática, que causa alterações do metabolis-
leves a moderadas, cuja recuperação pode levar meses. mo dos eicosanoides. O mecanismo preciso é ainda
A incidência é também relativamente baixa (2,5:100 desconhecido.
000).100 Geralmente há recuperação total com suspensão
do fármaco, mas se não for detectada a toxicidade
Antimetabolitos a tempo, pode evoluir para hepatopatia crónica e
Metotrexato: relacionado com o aparecimento de falência hepática. De referir a reactividade cruzada
esteatose e fibrose hepática, podendo progredir para com outros IECA.110
cirrose. Geralmente a toxicidade é dose-dependente. Metildopa Causa elevação das provas de função he-
Factores de risco: doença hepática prévia, insuficiên- pática em até 10% dos doentes, mais raramente pode
cia renal, diabetes, alcoolismo e psoríase.102 causar hepatite fulminante ou hepatite crónica muito
Azatioprina, 6-mercaptopurina A azatioprina é uma semelhante à hepatite crónica auto-imune.111,112
pro-droga da 6-mercaptopurina. Causa colestase de Hidralazina e Dihidralazina Causam uma reacção
uma forma dose-dependente e geralmente reversível. de tipo imunoalérgico, com citólise ou colestase e
Histologicamente, salientam-se infiltrados inflama- necrose centrolobular. O mecanismo desencadeante
tórios peri-portais e alterações dos canais biliares. será a interacção de um metabolito da droga com o
Pode também causar dano endotelial, podendo levar citocromo P450 1A2, formando um neoantigénio,
a peliose hepática, doença veno-oclusiva e necrose com produção de auto-anticorpos reactivos com este
centrolobular. A deficiência do enzima tiopurina isoenzima.113
metiltransferase pode aumentar significativamente
a toxicidade, que parece ser também superior em Antiarrítmicos
doentes com hepatite B ou C crónica.31,103,104 Amiodarona Até 50% dos doentes apresentam ele-
vação temporária das transaminases, mas que podem
Agentes alquilantes normalizar apesar da continuação da terapêutica. Em
Ciclofosfamida, Busulfan, Dacarbazina Podem causar até 3% dos doentes causa hepatotoxicidade sintomá-
citólise, mas têm a particularidade de poderem cau- tica, que tem a particularidade de poder surgir desde
sar doença veno-oclusiva e hipertensão portal não o 1º mês até vários anos de tratamento continuado.
cirrótica, geralmente no contexto de transplante de Podem estar envolvidos mecanismos imunes e até
medula óssea. O aparecimento desta clínica parece mesmo reacções a excipientes, especialmente nas
ser dose-dependente no caso do busulfan, mas bai- formas endovenosas.
xas doses de ciclofosfamida, inclusivamente quando Devido à longa semi-vida da droga, podem surgir
usada como imunossupressor, podem desencadeá- alterações hepáticas até várias semanas após cessação
lo.105,106 A dacarbazina também pode causar doença da terapêutica.
veno-oclusiva, mas com manifestações sistémicas de Histologicamente, é semelhante a uma hepatite
hipersensibilidade por um mecanismo imune, que alcoólica, com corpos de Mallory e um infiltrado
pode responder a corticóides.107 polimorfonuclear. O achado de macrófagos com
citoplasma granular é relativamente específico da
Imunossupressores hepatotoxicidade por amiodarona.114-117
Ciclosporina e Tacrolimo Comparada com a gravidade Quinidina Apresenta raramente hepatotoxicidade
e frequência da neuro e nefrotoxicidade, a toxicidade moderada com manifestações sistémicas de hiper-

252 Medicina Interna


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sensibilidade. Tem a particularidade de poder causar dros mistos, geralmente de gravidade moderada e
uma hepatite granulomatosa.118 rapidamente reversíveis.14,126

Hormonas esteróides Outros


Estrogéneos associados com colestase, tumores he- Alopurinol pode ter uma apresentação semelhante à
páticos e tromboembolias. Inibem o fluxo de bílis hepatite vírica aguda, acompanhada de manifestações
por supressão de uma Na+/K+ ATPase, variando a sistémicas de hipersensibilidade. Geralmente, ocorre
susceptibilidade individual devido à variação genética no 1º mês de tratamento. Como factores de risco
das proteínas de transporte ductular. A colestase é salientam-se a insuficiência renal prévia e o uso de
rapidamente reversível com a cessação do tratamento. diuréticos. Histologicamente, descrevem-se necrose
O risco de adenomas hepáticos é dose dependente e centrolobular e infiltrados eosinofílicos.127
a relação com carcinoma hepatocelular é ainda con- Disulfiram pode causar hepatite, e raramente falência
troversa.46,119,120 hepática aguda. Associa-se ao aparecimento de cito-
Antiandrogéneos: Ciproterona e Flutamida Têm he- patia mitocondrial e anticorpos anti-Citocromo P450
patotoxicidade demonstrada, especialmente em doses 1A2 e 3A.128-130
antiandrogénicas usadas em oncologia. Podem causar Retinóides causam elevação assintomática das tran-
hepatites fulminantes com falência hepática aguda ou saminases em até 20% dos doentes. Estão descritos
reacções colestáticas.121 O uso combinado de acetato alguns casos de hepatotoxicidade e hepatite crónica
de ciproterona com estrogéneo pode causar hepatite com evolução para cirrose. O etretinato parece ser
semelhante à variante auto-imune.122,123 Foi descrita o mais tóxico. A isotretinoina tem menor potencial
também hepatotoxicidade ao inibidor da 5-alfa-re- hepatotóxico e parece não desencadear reacções
ductase, finasteride. cruzadas.131-133
Androgínicos e Esteróides anabolizantes Estão as- Estatinas Originam elevação assintomática das tran-
sociados com hepatites colestáticas, para além de saminases em 1 a 2% dos doentes tratados e podem
adenomas hepáticos, carcinomas hepatocelulares, provocar quadros de hepatite aguda.134,135
angiossarcomas e peliose hepática. Os derivados 17- Anti-histamínicos H1 Foram relatados alguns casos
alquilados (metiltestosterona, noretandrolona) são os de hepatotoxicidade com a cetirizina, oxatomida,
principais responsáveis.46,124 terfenadina. Não parece haver relação cruzada com
outros fármacos da mesma classe.3
Neurolépticos Ciprofibrato e fenofibrato Descrita a ocorrência de
Clorpromazina causa colestase sintomática em 0,5% hepatite crónica com anticorpos antinucleares positi-
e elevação das provas hepáticas em 20% dos doentes vos, semelhante a uma hepatite auto-imune.136
tratados. Indivíduos com haplotipo HLA DR6 e com Ranitidina, Sulindac, Lamotrigina, Sulpiride, Ticlo-
défices enzimáticos nos mecanismos de sulfoxidação pidina, Propafenona Referimos estes fármacos em
parecem ter um maior risco. A ocorrência frequente conjunto, pois parecem existir evidências de uma
de eosinofilia periférica e manifestações de hipersen- apresentação clínica muito semelhante ao de uma
sibilidade sugerem um mecanismo imune. colangite, com a clássica tríade de febre, icterícia e dor
Histologicamente, salienta-se colestase centroaci- abdominal, causado não por um processo infeccioso
nar e infiltrado periportal mononuclear. Geralmente associado ou não a litíase, mas sim pela inflamação
há recuperação rápida com a paragem do tratamento, da árvore biliar de origem medicamentosa.49 A ticlo-
mas há casos que resultaram em colestase crónica pidina, para além da colestase tóxica, pode causar
com ductopenia na histologia hepática.125 hepatite granulomatosa.137

Antidepressivos Novos medicamentos hepatotóxicos


Inibidores da MAO O protótipo é a iproniazida que Descrevemos sumariamente alguns medicamentos de
pode causar hepatite fulminante, semelhante a hepa- uso mais recente e que convém ter presentes como
tite vírica. A moclobemida parece contudo desprovida potenciais causadores de toxicidade hepática.
de hepatotoxicidade.46
Tricíclicos Podem causar reacções de citólise ou qua- Riluzole provou aumentar a sobrevida na esclerose

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lateral amiotrófica. Constatou-se nos ensaios clínicos cruzadas dentro desta classe.150-156
alguns casos assintomáticos de elevação moderada das Nimesulide apesar de uma incidência estimada de
transaminases, mas já foram descritos alguns casos de hepatotoxicidade de 0,1:100 000, existem relatos de
hepatite colestática de gravidade moderada.138 hepatites agudas graves, algumas com predomínio
Tolcapone foi o primeiro de uma nova classe de de colestase, inclusivamente com casos fatais. Pensa-
fármacos no tratamento da doença de Parkinson se que em pessoas susceptíveis, alguns metabolitos
– os inibidores da catecol-O-metil transferase. Foi produzam intermediários altamente reactivos que
retirado do mercado apenas algumas semanas depois provocam stress oxidativo, dano mitocondrial e des-
da sua introdução, em consequência de vários casos naturação proteica, atingindo elevadas concentrações
de hepatite fulminante. Um outro composto, o en- nos ductos biliares.157-161
tocapone, parece não apresentar o mesmo potencial Coxibes tanto o celecoxibe como o rofecoxibe apre-
hepatotóxico.139,140 sentaram casos de hepatite aguda, aparentemente de
Paroxetina e Sertralina São considerados quase inó- predomínio colestático.162-164
cuos a nível hepático, especialmente em comparação Zafirlukaste nos ensaios clínicos foram descritas
com os IMAO e compostos tricíclicos. Contudo, elevações assintomáticas das transaminases em até
apesar de raros, foram já descritos casos de hepatite 5%. Após a comercialização, emergiram alguns casos
aguda, inclusivamente fatais, com estes serotoninér- de hepatotoxicidade grave, com falência hepática
gicos.141-144 aguda.165-167
Anti-retrovíricos A incidência de reacções hepatotó- Azitromicina à semelhança dos mais antigos, também
xicas é elevada. Os inibidores das proteases, desen- os novos macrólidos parecem apresentar potencial
cadeiam hepatite por um mecanismo ainda desco- para reacções colestáticas.168,169
nhecido, particularmente em portadores de Hepatite Lamotrigina este medicamento antiepiléptico pare-
B e C. A melhoria da função imune, com resposta ce também apresentar potencial para desencadear
contra os vírus hepatotrópicos poderá desempenhar reacções de hipersensibilidade com agressão hepá-
algum papel. Os inibidores da transcriptase inversa tica.170-172
causam esteatose hepática, provavelmente por to- Clopidogrel Pode estar associado a reacções mistas
xicidade mitocondrial. Os não-nucleósidos podem hepatocelulares-colestáticas.173,174
causar hepatite aguda no contexto de reacções de Tamoxifeno Relacionado com esteatose hepática,
hipersensibilidade.145 fibrose e mesmo evolução cirrógena.175
Glimepiride é uma sulfonilureia de 3ª geração. A he-
patotoxicidade das sulfonilureias foi dramaticamente Hepatotoxicidade de excipientes
reduzida após a primeira geração destes fármacos, já Foram identificadas algumas substâncias aparente-
descontinuados. O glimepiride tem um baixo poten- mente inertes e presentes nos excipientes de alguns
cial de hepatotoxicidade, mas foram já descritos casos medicamentos que podem, muito raramente, causar
de hepatite aguda.146,147 manifestações hepatotóxicas, geralmente por meca-
Acarbose Apesar do seu mecanismo de acção não- nismos de hipersensibilidade. Destacam-se o Sacari-
sistémico, foram já descritos casos de hepatite aguda, nato de sódio, Polisorbato, Cremofor, Propilenoglicol
inclusivamente com evolução fibrosante.148,149 e Fosfato mono e di-sódico. Merecem particular
Tiazolidinedionas A troglitazona foi o primeiro atenção, porque por vezes “incriminam” a substância
representante desta nova classe de antidiabéticos activa da formulação farmacêutica.49,114
orais. Nos ensaios clínicos verificaram-se alguns
casos de aumento das transaminases, mas após a sua Hepatotoxicidade de estupefacientes
comercialização verificaram-se 25 casos de hepatite A doença hepática causada por drogas de abuso deve
fulminante, tendo sido retirada do mercado nos também ser considerada perante um quadro clínico
EUA. A pioglitazona e a rosiglitazona são dois novos de hepatotoxicidade sem causa aparente.
medicamentos desta classe; apesar de parecerem não Os opiáceos são praticamente desprovidos de
apresentar casos de reacções letais, estão já descritos hepatotoxicidade. Já a cocaína pode causar necrose
na literatura vários casos de hepatotoxicidade, e há hepatocitária, com uma apresentação clínica de aste-
dados que apontam para a possibilidade de reacções nia, anorexia, icterícia, coagulopatia, rabdomiólise e

254 Medicina Interna


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mesmo coagulação intravascular disseminada. His- sobre a propensão à hepatotoxicidade, porque não
tologicamente, salienta-se necrose centrolobular e uma detalhada história familiar.
infiltrados eosinofílicos. Conhecer todos os fármacos potencialmente
O ecstasy é uma anfetamina sintética que foi já hepatotóxicos torna-se quase impossível pela sua
relacionada com arritmias cardíacas, coagulação in- quantidade, apresentando muitos deles (mais de mil)
travascular disseminada, insuficiência renal aguda, efeitos indesejáveis a nível hepático. Contudo, é fun-
hipertermia e hepatite fulminante.6 damental ter em atenção aqueles mais frequentemente
A inalação de colas e solventes pode causar dano associados a hepatotoxicidade para o uso ponderado
hepatocelular agudo semelhante ao tetracloreto de e judicioso dos mesmos e, se caso disso, proceder a
carbono, com necrose zonal 3.4,5 uma vigilância clínica e laboratorial apertada, espe-
cialmente com administrações prolongadas.
Hepatotoxicidade de “produtos naturais” Uma chamada de atenção para novos fármacos
A proliferação das chamadas “medicinas alternativas”, que são introduzidos no mercado – alguns revelam o
e a crença generalizada que os produtos “naturais” seu potencial deletério a nível hepático após a comer-
são inócuos impedem que muitas vezes estas substân- cialização, algumas vezes à custa de vidas humanas.
cias sejam consideradas como etiologia de reacções Fica a questão da necessidade de melhores estudos
hepatotóxicas. Estão descritos vários casos de hepa- clínicos antes dessa introdução.
totoxicidade causados por ingestão de substâncias
derivadas de plantas. Uma referência especial para Bibliografia
o sene, usado na prática clínica como laxante, e que 1. Almdal TP et al. Incidence of parenchymal liver diseases in Denmark, 1981
to 1985: Analisys of hospitalization registry data. Hepatology 1991;13:650-
pode causar dano hepático. 655.
No Quadro VII exemplificam-se algumas espécies 2. Ibanez L et al: Prospective surveillance of acute serious liver disease unrelated
vegetais relacionadas com reacções de hepatotoxici- to infectious, obstructive, or metabolic drugs: epidemiological and clinical
features, and exposure to drugs. J Hepatol 2002 ;37(5):592-600.
dade. 3. Biour M et al. Drug-induced hepatotoxicity. The 13th updated edition of
Existe uma dificuldade marcada para efectuar o the bibliographic database of drug-related liver injuries and responsible drugs.
Gastroenterol Clin Biol 2000;24(11):1052-1091.
diagnóstico, pois para além de apenas 40% dos utentes
4. Labib R et al. Inibition of cocaine oxidative metabolism attenuates endotoxin
reconhecerem perante o seu médico que usam este potentiation of cocaine mediated hepatotoxicity. Toxicology 2002;179(1-
tipo de produtos, a falta de regulamentação impede 2):9-19.
que, em termos práticos, seja muitas vezes impossível 5. Campos Franco J et al. Cocaine related fulminant liver failure. An Med
Interna 2002 ;19(7):365-367.
identificar a composição dos “chás” que o doente 6. Nunez O et al. Variability of the clinical expression of ecstasy-induced
tomou.7 hepatotoxicity. Gastroenterol Hepatol 2002;25(8):497-500.
7. Christine A et al: Making a diagnosis of herbal-related toxic hepatitis. West
J Med 2002;176(1):39-44.
Conclusões
8. Larrey D: Drug-induced liver diseases. J Hepatol 2000;32 (1):77-88.
Apesar de cada vez se compreender melhor os me-
9. Michael P et al. Immune Aspects of Liver Disease: Lessons for the treatment
canismos da hepatotoxicidade, muitas reacções são of autoimmune and viral hepatitis. 8th United European Gasteroenterology
completamente imprevisíveis, algumas graves e de Week, November 25 - 30, 2000 – Medscape Conference Coverage http://www.
medscape.com/viewarticle/420087
prognóstico reservado. 10. Schenker S et al. Drug disposition and hepatotoxicity in the elderly. J Clin
A hepatite tóxica, principalmente de origem me- Gastroenterol 1994 ;18(3):232-237.
dicamentosa, é um diagnóstico sempre a ter em conta 11. Bissuel F et al. Fulminant hepatitis with severe lactic acidosis in HIV-in-
fected patients on didanosine therapy. J Intern Med 1994;235:367.
num contexto clínico e laboratorial de alterações da
12. William L: Drug-Induced Hepatotoxicity. N Engl J Med 1995; 333:1118-
função hepática. Geralmente não apresenta qualquer 1127.
característica particular, podendo mimetizar um largo 13. Larrey D: Prédisposition Génétique à l´hépatotoxicité des médicaments.
Encycl Méd Chir, Hépatologie,7-015-M-44,2002, 5p.
espectro de doenças hepato-biliares, mesmo até a
14. Bacon, Di Bisceglie: Liver Disease Diagnosis and Management – 1st ed.
nível histológico. Churchill Livingstone: 294-309
Deve-se dar particular ênfase à colheita da história 15. Neil K: Biochemical and Cellular Mechanisms of Toxic Liver Injury. Sem
clínica, averiguando de exposições a substâncias, pre- Liver Dis 2002;22(2):137-144
16. Ramon B et al. Hepatic Stellate Cells as a Target for the Treatment of Liver
sentes e passadas, antecedentes pessoais de reacções Fibrosis. Sem Liver Dis 2001;21(3):437-451.
adversas a fármacos e, à luz dos conhecimentos mais 17. Liu ZX et al. Immune-mediated drug-induced liver disease. Clin Liver
recentes sobre a importância do património genético Dis 2002 ;6(3):467-486.

PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL 255


VOL.12 | Nº 4 | OUT/DEZ 2005
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