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DESENVOLVIMENTO
LOCAL E REGIONAL
Uma comparação entre a região Nordeste
do Brasil e a Baixa Califórnia, México
ISBN 978-85-7650-289-0
Revisão
Elisa Sankuevitch
T688
Trajetórias de desenvolvimento local e regional: uma comparação entre a região nor-
deste do Brasil e a Baixa Califórnia (México) / Jair do Amaral Filho e Jorge Carrillo
(coordenadores). - Rio de Janeiro: E-papers, 2011.
398p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7650-289-0
1. Planejamento regional - Brasil, Nordeste. 2. Brasil, Nordeste - Condições econômi-
cas. 3. Planejamento regional - Baixa California (México : Península). 4. Baixa Cali-
fornia (México : Península) - Condições econômicas. 5. Desenvolvimento econômico.
I. Amaral Filho, Jair do. II. Carrillo, Jorge. III. Título.
5 Apresentação
395 Autores
Apresentação
Apresentação 5
tes, vêm se comportando diante do fenômeno da globalização, das grandes
transformações estruturais e dos acordos comerciais realizados por força
dessas circunstâncias. Nesse sentido, professores e pesquisadores do grupo
de pesquisa Região, Indústria e Competitividade (RIC) da Universidade Fe-
deral do Ceará (UFC) e do Colégio de la Frontera del Norte (Colef), Tijuana,
México, realizaram um seminário internacional para analisar e discutir as
trajetórias recentes do desenvolvimento local e regional de suas respectivas
regiões. Tal seminário ocorreu entre os dias 29 e 30 de outubro de 2008 na
Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade, Atuárias e Secreta-
riado (FEAACS), campus Benfica da UFC, cidade de Fortaleza, Ceará, Brasil,
com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), da UFC e do Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O livro ora publicado acolhe os resultados, em forma de artigos/capí-
tulos, de trabalhos levados a cabo por pesquisadores pertencentes aos dois
grupos de pesquisas referidos anteriormente e que foram apresentados no
referido seminário, cujo título foi “Trajetórias de Desenvolvimento Local e
Regional: uma comparação entre as regiões da Baixa Califórnia (México)
e o Nordeste brasileiro”. Entretanto, alguns artigos de autoria de pesquisa-
dores de outras instituições, abordando questões conceituais e teóricas ou
fazendo referências a outras regiões, também participaram deste projeto,
não só pela relevância dos trabalhos desses pesquisadores, mas também
pela importância e pertinência dos temas tratados em relação às trajetórias
das duas regiões aqui focalizadas.
O Capítulo 1, de Noé Aron Fuentes, trata da realidade da Baixa Califór-
nia, no México. O autor descreve, de forma minuciosa, a política de desen-
volvimento empresarial baseada em clusters implementada nessa região.
Trata-se de um enfoque de agrupamentos econômicos, tanto industriais
como de serviços, que foi adotada como política industrial nesse estado
devido à mudança no entorno econômico-empresarial e também nas fontes
de competitividade. O trabalho sintetiza a política em duas vertentes: voca-
ções produtivas e fomento e desenvolvimento de clusters. Essa metodologia
constitui uma referência fundamental para a definição de critérios, recur-
sos, organização e seleção de políticas públicas de promoção econômica e
industrial em nível local.
De acordo com o autor, os antigos instrumentos de política perderam
eficácia e atratividade frente à flexibilidade das instituições encarregadas
da sua gestão, à capacidade de conexão com o mundo empresarial, o de-
senvolvimento e fortalecimento de clusters locais espontâneos e os serviços
reais para as empresas. Daí a razão de o modelo de clusters adotado ter
se convertido em motor “público” de competitividade do estado, baseado
fundamentalmente nas capacidades empresariais e institucionais e na si-
6 Apresentação
nergia conseguida pelas firmas multinacionais com as pequenas e médias
empresas locais.
No Capítulo 2, que trata das transformações estruturais na região Nor-
deste do Brasil, Jair do Amaral Filho esboça um desenho de agenda de
pesquisa para essa região, colocando-a sob as influências das grandes trans-
formações mundiais, nas quais a globalização tem sido uma protagonista
privilegiada. Além desta, o autor relaciona ainda outros elementos que vêm
assumindo responsabilidades importantes dentro do processo de mudança
estrutural em escala mundial. A questão central, discutida no início do arti-
go, está relacionada com os impactos provocados por essas transformações
sobre as realidades regionais, assim como sobre o pensamento acadêmico
e as políticas públicas de desenvolvimento regional. No restante do artigo,
o autor procura recuperar alguns traços históricos e institucionais do de-
senvolvimento do Nordeste e constrói um panorama no qual se sobressaem
algumas pistas de pesquisa para que se possa explorar as transformações
estruturais da região.
No Capítulo 3, Jorge Carrillo analisa as empresas “maquiadoras” de ex-
portação na região fronteiriça do norte do México. Após descrever o modelo
de industrialização voltado “para fora” e baseado no investimento direto
estrangeiro, que busca a eficiência na exportação, se pergunta se o mo-
delo das “maquiadoras” está esgotado? Expõe, em primeiro lugar, o forte
crescimento e a competitividade alcançada pelas indústrias, desse modelo,
desde os anos 40, em particular com a implantação do Nafta. Em segun-
do lugar, analisa os diferentes tipos de empresas “maquiadoras” existentes,
concluindo que há um processo de evolução. Por último, mostra os limites
deste modelo de industrialização e as crises recentes do setor. No artigo, são
analisados os setores emblemáticos da “industrialização via maquiadoras”:
o cluster de autopeças de Juarez (fronteira com El Paso, Texas) e o cluster
da indústria de televisores em Tijuana, Baixa Califórnia (fronteira com San
Diego, Califórnia). Conclui que as empresas “maquiadoras” têm mantido
um razoável dinamismo acompanhado de profundas transformações, que
podem ser entendidas como um processo de evolução industrial (upgra-
ding), mas com fortes limitações derivadas fundamentalmente do seu cará-
ter extrovertido. Em outras palavras, muitas decisões cruciais são tomadas
fora do México, pelas matrizes das firmas multinacionais, que repercutem
em locais nos quais carecem de aglomerações territoriais (ou seja, no norte
do México).
No Capítulo 4, Alfredo Hualde e Redi Gomes abordam a indústria de
software na Baixa Califórnia e descrevem sua recente conformação, em
2004, estruturada sobre um tecido empresarial construído a partir das mi-
cro, pequenas e médias empresas locais vinculadas tanto à indústria ma-
Apresentação 7
quiadora de exportação como ao mercado regional. Trata-se de um cluster
induzido pela política pública de desenvolvimento. Os autores analisam os
processos de inovação e constatam que são de caráter incremental e que
se dão tanto em forma de produto quanto de serviço. Dentre suas observa-
ções, os autores indicam que a inovação depende tanto de fontes externas
(clientes, a exemplo das empresas “maquiadoras”) como de fontes internas
(departamentos e pessoas encarregadas da comercialização). Assinalam,
também, que as universidades e centros de pesquisa têm papel secundário
nesse processo. Por último, concluem que os empresários agrupados em
cluster de software não valorizam as inovações organizacionais e, em certo
sentido, sua preocupação pela certificação é baixa.
No Capítulo 5, Sárah Martínez analisa as bases do desenvolvimento da
Baixa Califórnia, no qual menciona que sua economia, apesar de ganhado-
ra, tem mantido um padrão de crescimento calcado em uma estratégia de
competitividade não diferente daquela baseada em fatores tradicionais (en-
torno geográfico com os Estados Unidos e o baixo preço da mão de obra).
Reconhece que o processo de integração econômica com este último país
tem reforçado o modelo de especialização produtiva na Baixa Califórnia,
mas que ainda é baixo o grau de articulação para poder consolidar um sis-
tema produtivo local voltado para as especificidades regionais.
Desta maneira, a autora considera que, apesar dos clusters existentes,
não se pode falar da existência de um sistema produtivo local com um nível
avançado de integração. Não obstante, vê com certo otimismo a política
orientada para os clusters, já mencionada no primeiro capítulo deste livro,
uma vez que pode ser um bom início para se conseguir mudanças do en-
foque tradicional e valorizar uma proposta de desenvolvimento territorial
marcada pela consolidação de um sistema produtivo local com característi-
cas próprias. Em particular, o artigo analisa as potencialidades dos clusters
vinícolas e dos serviços médicos, que apresentam maiores possibilidades
de êxito dado que sua competitividade está baseada na cooperação e na
qualidade.
No Capítulo 6 é abordada a questão do perfil exportador das empre-
sas incentivadas no Estado do Ceará, dentro de um ambiente globalizado,
sob a responsabilidade de Maria Cristina Pereira de Melo. A autora parte
do ponto de que o Ceará tinha uma economia pouco aberta ao comércio
exterior até a década de 1990. No ambiente globalizado, a reação esta-
dual à abertura comercial da economia brasileira começa a se fazer sentir
de maneira significativa a partir de 1999, evidenciada pelo movimento as-
cendente das exportações. O incremento das vendas externas do estado a
partir daí, segundo a autora, foi resultado, em grande medida, de políticas
públicas estaduais que, associadas às características da demanda mundial e
8 Apresentação
do comportamento de seus principais parceiros, chegaram a mudar o perfil
da pauta. O estudo analisa o comércio exterior do Ceará no que se refere
às características e às tendências das transações no período 1990-2007 a
fim de avaliar as alterações verificadas no comércio estadual a partir dos
incentivos concedidos pelo governo do estado e o papel das empresas bene-
ficiadas nesse processo.
No Capítulo 7, Hamilton Ferreira Jr., Lúcio Flávio Freitas e Fábio Mota
exploram aspectos da chamada integração vertical, segundo definição dos
próprios autores. O artigo tem por objetivo discutir a inserção econômica
do Estado da Bahia. Para tanto, apresenta, primeiramente, um panorama
breve dos padrões de comércio exterior e de especialização das economias
mundial e baiana. Em seguida, discute alternativas para a inserção da eco-
nomia da Bahia a partir de duas oportunidades disponíveis, a saber, o aden-
samento da cadeia produtiva através do Complexo Industrial Ford Nordeste
e a valorização dos setores intensivos em recursos. Finalmente, afirma-se a
relevância do papel do Estado como agente fundamental para o desenvol-
vimento das condições sistêmicas requeridas para que a referida economia
possa superar os desafios e caminhar rumo a uma inserção virtuosa.
O Capítulo 8 trata do aspecto da reestruturação da indústria de calçados
na região Nordeste nas duas últimas décadas. Nesse capítulo, Carlos Améri-
co Leite e Inez Silvia Castro objetivam analisar o processo de relocalização
da indústria calçadista nacional para a região Nordeste do Brasil. A ideia,
segundo os autores, é que a retomada dos fluxos de capitais e a abertura
comercial possibilitaram maior homogeneização tecnológica em nível mun-
dial, acentuando, assim, a concorrência via preço no segmento intensivo em
mão de obra. Dessa forma, são analisados os comportamentos dos preços
no comércio internacional da indústria calçadista nordestina e do custo da
mão de obra. Os autores constatam que há indícios de que esta seria uma
cadeia global dirigida pela comercialização e que o setor, no Nordeste, tem
buscado a manutenção dos preços internacionais mesmo após a apreciação
cambial de 2004 no Brasil.
No Capítulo 9, Eveline Barbosa aborda a questão dos arranjos produti-
vos locais como estratégia de redução da pobreza. O artigo procura mostrar
a importância dos arranjos produtivos locais como estratégia sustentável
de redução da pobreza e como caminho para a migração de programas
como o Bolsa Família para uma atividade de geração de renda e estímulo à
cidadania. O principal argumento, colocado pela autora, se baseia no fato
de os APLs criarem oportunidades de emprego e renda e propiciarem a ca-
pacitação. Os resultados da investigação para o Estado do Ceará apontam
para um impacto positivo dos APLs na redução da pobreza. Embora não se
possa atribuir o mérito exclusivo aos arranjos, as estimativas mostram que
Apresentação 9
a proporção de pobres se reduz quando existe um APL no município. Isto
abre margens para se afirmar que o fortalecimento dos arranjos produtivos
locais funcionaria como estratégia alternativa e eficiente de combate à po-
breza por permitir a sustentabilidade e o deslocamento gradual em direção
à inserção produtiva.
No Capítulo 10, de autoria de David Rosenthal, discute-se a questão
da capacitação tecnológica no Brasil, a partir da pergunta “por que, neste
país, as políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação são pouco eficazes?”.
Constata-se que, na última década, as políticas voltadas para o desenvol-
vimento da capacidade de inovação vêm recebendo crescente atenção e
recursos no Brasil. Apesar disso, segundo o autor, inúmeros estudos vêm
mostrando que, no que diz respeito à inovação tecnológica, os resultados
dessas políticas têm ficado bem aquém do desejado. Em sua opinião, res-
ponsáveis pela formulação das políticas de C&T citam, com frequência, o
“paradoxo” da falta de resposta do setor produtivo em termos da absorção
de pesquisadores formados pelas universidades, registros de patentes por
empresas nacionais e elevada concentração das exportações em produtos
de baixo nível de complexidade tecnológica – e da quase inexistência de
marcas nacionais, nos setores mais dinâmicos da economia mundial. Por
isso, a maioria das políticas visa a induzir e incentivar o setor produtivo a
incorporar a introdução de inovações em suas estratégias de negócios via
redução dos custos dos inputs necessários a essa atividade e das incertezas
a ela inerentes.
Levanta-se no trabalho a hipótese de que, no Brasil, o setor produtivo
apresenta características estruturais que neutralizam os efeitos das políti-
cas, assim como os dos avanços no subsistema científico-tecnológico. O bai-
xo nível de resposta, as políticas exitosas em outros contextos, decorreria
de más-formações presentes nesse setor. Essas distorções, segundo o autor,
foram acentuadas pela política econômica implantada a partir da década de
1990, que extinguiu todos os mecanismos de estímulo às empresas nacio-
nais e, com eles, as sementes de setores de alta tecnologia criados nas duas
décadas anteriores. Por fim, sugere-se que, no Brasil, políticas de capacita-
ção “convencionais” são ineficazes e precisam ser “aprofundadas”. Para o
autor, além de estimular o setor científico-tecnológico e criar condições am-
bientais favoráveis à inovação, elas devem ser orientadas para a criação da
pré-condição essencial para que deem resultados: a criação/fortalecimento
de segmentos do aparelho produtivo nacional nos setores mais dinâmicos e
intensivos em tecnologia avançada.
No Capítulo 11, Helena Lastres e José Eduardo Cassiolato apresentam
uma reflexão sobre a relação entre inovação, arranjos produtivos e sistemas
de inovação. Em seu artigo, partem da constatação de que há um renova-
10 Apresentação
do e vigoroso reconhecimento da importância dos processos de inovação
e mudança tecnológica na evolução do capitalismo e na competitividade
do setor produtivo a partir das duas últimas décadas do século XX, graças
à realização de estudos teóricos e empíricos que levaram a um acúmulo
considerável de conhecimento, ao mesmo tempo que ocorreram mudanças
nos referenciais para modelos analíticos e plataformas de políticas voltadas
para a inovação. Para os autores, dentre os avanços constatados, talvez o
mais significativo esteja na mudança de foco das ações e das políticas – de
um foco individual para um foco coletivo – na obtenção de conhecimento e
na difusão das inovações.
Assim, os autores estabelecem como objetivo do trabalho retomar as dis-
cussões sobre o avanço no entendimento do conceito de inovação – assim
como de seus desdobramentos: arranjos e sistemas produtivos e inovativos
–, visando descortinar suas implicações para políticas. Para isso, examina-
se, primeiramente, a visão schumpeteriana sobre inovação e sua transfor-
mação gradual a partir do final dos anos 1960 e desaguando na formulação
do conceito de sistemas de inovação. Em seguida, o artigo discorre sobre as
implicações para políticas a partir dos principais avanços obtidos no enten-
dimento de inovação e de sistema de inovação, examinando suas vantagens
e desafios como novo instrumental analítico e normativo. Mais adiante, os
autores introduzem a experiência brasileira na utilização e no desenvolvi-
mento desse conceito de forma a torná-lo operacionalmente capaz de com-
preender e orientar processos de geração, uso e difusão de conhecimentos.
Na conclusão, são retomados os principais elementos da análise realizada e
discutidas suas consequências para a formulação de políticas no Brasil.
No Capítulo 12, Fernanda Ferrário apresenta um estudo sobre a trajetó-
ria da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Esse
artigo tem como propósito analisar as principais correntes teóricas que in-
fluenciaram essa instituição, ao longo de sua existência, na adoção da po-
lítica de desenvolvimento regional no Nordeste brasileiro. De acordo com
a autora, pretende-se compreender como, por que e em que momento a
Sudene abandona, do ponto de vista teórico, o paradigma cepalino e passa
a assumir outros matizes teóricos. Foram identificados quatro momentos
principais: (i) de sua criação até 1964 (quando ocorre o Golpe Militar e
Celso Furtado é forçado a deixar a Superintendência); (ii) até o final dos
anos 80, quando a Sudene, já bastante enfraquecida e influenciada pelos
Polos de Desenvolvimento de François Perroux, passa a adotar sua política
de incentivos, destinada a criar/fortalecer grandes polos de desenvolvimen-
to na região; (iii) do início ao final dos anos 90, quando o órgão, apesar
de ainda manter sua política de incentivos, abandona a ideia dos grandes
polos e passa a adotar o paradigma do desenvolvimento sustentável, in-
Apresentação 11
cluindo o meio ambiente como elemento importante do desenvolvimento; e
(iv) a partir do final da década de 90, quando a Sudene, influenciada pelas
diversas correntes teóricas de desenvolvimento local, passa a desenvolver/
incentivar diversas iniciativas locais, tendo como pressuposto o desenvolvi-
mento endógeno.
No Capítulo 13, Francisco de Assis Costa aborda as trajetórias tecnoló-
gicas colocando-as como objeto de política de conhecimento para a Região
Amazônica, pretendendo, com isso, estabelecer uma metodologia de deli-
neamento. Segundo o autor, a relação entre o conhecimento apropriado
no processo produtivo e as características atuais e possibilidades futuras
de desenvolvimento de base agrária na Amazônia tem merecido uma rica
reflexão entre policy makers e advisers em posições relevantes no campo
científico e tecnológico. Com isso, se reconhece, cada vez mais, que para
se fazer frente às grandes tensões por que passa a região, mediante a crise
ecológica por trás do aquecimento global, há a necessidade de subverter
a produção de ciência e tecnologia e a atitude do Estado, revertendo a
abordagem em relação à região: daquela atual, que a considera uma econo-
mia de fronteira baseada em produtividade espúria, para outra, que a trate
como uma fronteira do capital natural.
O artigo, segundo o autor, procura tornar claras as dificuldades de tal
reviravolta, tendo em vista uma série de razões: (i) entre uma sociedade
baseada em economia de fronteira e uma sociedade que seja fronteira de
capital natural há o abismo cognitivo criado pela razão industrialista e seus
padrões de relação com a natureza, na forma de um paradigma de moder-
nização industrial da agricultura, por si muito poderoso; (ii) entre institui-
ções de acúmulo de conhecimento tácito e as de conhecimento codificado
há a incongruência de suas respectivas matrizes, desde a profunda distinção
nas percepções de sujeito e objeto, até a visão de finalidade e sentido; (iii)
nos clusters e aglomerados locais residem assimetrias profundas, onde os
paradigmas e padrões de relação com a natureza e a natureza dos paradig-
mas organizacionais consolidam práxis e atitudes profundamente distinti-
vas – dos sujeitos da produção material entre si e entre esses e os sujeitos
da formação e controle do conhecimento.
Por fim, com resultados da aplicação de técnicas de análise fatorial e de
componentes principais aplicadas a uma base especial de dados do Censo
Agropecuário de 1995-96, regionalizados em nível de microrregião, o arti-
go delimita seis trajetórias tecnológicas na Amazônia. Nelas, as diferenças
são especificadas a partir da diversidade estrutural e dos tipos de agentes.
Isso posto, verificam-se a importância social, a coerência com os critérios
privados dominantes, as características tecnológicas expressas nas dispo-
nibilidades de capital físico e nas relações com os fundamentos naturais
12 Apresentação
disponíveis, além do grau de favorecimento em relação aos mecanismos da
política agrária. Uma vez expostas as trajetórias e suas posições paradigmá-
ticas, a capacidade respectiva de concorrência e dinâmica demonstrada nos
últimos 10 anos, o artigo discute opções estratégicas, indicando a necessi-
dade de esforços institucionais objetivos para tornar mais consistentes os
fundamentos das trajetórias que poderiam favorecer um desenvolvimento
com maior esperança de sustentabilidade (social e ambiental).
No Capítulo 14, Marcelo Callado apresenta resultados de estudo sobre
os impactos dos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Fundos de
Participação dos Municípios (FPM) na distribuição da renda inter-regional
e interpessoal no Nordeste brasileiro, dentro do contexto do federalismo
fiscal nacional. O autor argumenta que os fundos de participação não têm
contribuído para uma melhoria no diferencial de renda entre os estados
mais prósperos e os menos afortunados da federação brasileira. Embora
nos últimos anos os estados mais pobres tenham se deparado com taxas
de crescimento econômico ligeiramente superior aos estados mais ricos, os
fundos de participação não tiveram quase nenhuma influência nesse pro-
cesso. O trabalho procura mostrar que o problema da desigualdade regional
é menor que o da desigualdade de renda interpessoal familiar. Além disso,
o artigo defende que as dinâmicas do crescimento econômico e do nível de
escolaridade são mais importantes para explicar as diferenças de renda que
as transferências inter-regionais.
No Capítulo 15, Yves-A. Fauré oferece uma análise sobre as contradições
que envolvem riqueza e fragilidade numa economia periférica, mostrando
o caso da Guiana Francesa. Este caso, embora encontrando-se fora das duas
regiões aqui focadas, permite visualizar um caso típico de região periférica
vivendo das transferências financeiras da metrópole. A Guiana Francesa
está situada entre o Suriname e o Brasil e apresenta as características de
uma economia periférica. Trata-se de uma região muito afastada geogra-
ficamente das autoridades e administrações centrais e que durante muito
tempo foi diretamente administrada pelo aparelho do Estado francês. Ape-
nas recentemente foi organizada em coletividade pública descentralizada.
Se os seus dados sociais e infraestruturais são qualitativamente relevantes,
e se os seus indicadores econômicos atuais demonstram uma evolução sig-
nificativamente positiva, a dinâmica assim observada deve pouco às forças,
aos agentes e aos mecanismos internos e muito às transferências financeiras
e iniciativas, programas, atividades e investimentos vindos do exterior e,
principalmente, da metrópole. A Guiana tem, portanto, as características
de uma região periférica, ou seja, de uma entidade que não é plenamente
soberana dos seus recursos, das suas decisões e da sua evolução.
Apresentação 13
Os dados apresentados neste estudo e as análises realizadas pelo au-
tor sobre o funcionamento da economia da Guiana confirmam a situação
paradoxal desse território. Beneficia-se de um importante crescimento há
uma quinzena de anos, apresenta políticas voluntaristas, atinge níveis de
atividade, de rendimentos e de bem-estar social claramente superiores aos
países da região. No entanto, pode-se constatar que as alavancas desta evo-
lução positiva situam-se principalmente fora e que muitas características
estruturais da economia da Guiana e vários mecanismos essenciais que as-
seguram o financiamento têm por efeito contribuir para perpetuar a sua
dependência externa. Assim, a Região ainda está longe de poder realizar,
pela mobilização das suas próprias forças e das suas vantagens, o potencial
de desenvolvimento autônomo que a colocaria ao abrigo dos riscos e so-
bressaltos vindos da parte externa e, sobretudo, que a veria dominar o seu
próprio destino.
Por fim, em nome de todos os autores, os coordenadores deste livro
agradecem àquelas pessoas e organizações que, com seus apoios, tornaram
possível sua publicação. Dentre essas estão Roberto Smith, presidente do
Banco do Nordeste do Brasil (BNB); José Sidrião Alencar, diretor de Ges-
tão do Desenvolvimento do BNB; José Narciso Sobrinho, superintendente
do Etene do BNB, cujos apoios institucional e financeiro foram decisivos;
e Jesualdo Pereira Farias, reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC);
Direção do Colef; Maria Naiula Monteiro Pessoa, diretora da FEAACS; e
Marcus Vinicius Veras Machado, presidente da Acep, pelos apoios institu-
cional e administrativo.
14 Apresentação
Elementos da política de desenvolvimento
empresarial: o caso da Baixa Califórnia, México1,2
1. Introdução
O governo do Estado da Baixa Califórnia, México, dentro do espectro do
sistema de políticas de fomento que impulsionam a competitividade da em-
presa e território, está realizando uma “Estratégia de Clusters” para forta-
lecer de maneira organizada e cooperativamente alguns dos setores mais
importantes, estratégicos ou emblemáticos desta entidade federativa.
Neste sentido, as ações públicas e privadas se centraram em torno de se-
tores e agentes relevantes – baseadas em critérios como o peso da indústria
na base econômica, a estrutura empresarial e o nível de desenvolvimento
organizacional –, com o objetivo de potencializar coordenadamente e jun-
tar suas respectivas competências tendo as empresas envolvidas nos clusters
prioridade para acessar os programas de apoio oficiais.
Um primeiro ponto a ser ressaltado é que a “eficiência da política de
clusters” depende de três regras básicas: 1) identificação dos clusters e diag-
nóstico de suas fortalezas e debilidades; 2) seleção das políticas de acordo
com o impacto esperado sobre o cluster; e 3) a geração de acordos de coo-
peração interempresarial para priorizar as ações sobre os pontos estratégi-
cos do mesmo. Desta maneira não somente se fomenta a competitividade,
por meio do enriquecimento do entorno, como também se contribui para a
diversificação do tecido produtivo e ao crescimento econômico estatal.
Um segundo ponto importante é um aspecto fundamental para obter a
“eficácia da política de clusters” que constitui o grau de comunicação exis-
tente entre os agentes implicados nas mesmas, no qual a interação relati-
vamente contínua, o mútuo conhecimento e a confiança constituem não
2. Marco teórico
A teoria do desenvolvimento endógeno estabelece que o desenvolvimen-
to econômico das regiões deve apoiar-se nos recursos existentes em seu
território com o fim de alcançar melhores níveis de vida para a população
local. Assim as estratégias de desenvolvimento econômico local têm como
prioridade o desenvolvimento de territórios com capacidade competitiva,
propondo como objetivos: o desenvolvimento e a reestruturação do sistema
produtivo, o aumento do emprego, e a melhoria do nível de vida da popu-
lação local (VÁZQUEZ BARQUERO, 1986).
Este novo paradigma tem como variável fundamental o território, en-
tendido como uma agrupação de relações sociais, culturais, produtivas,
econômicas e políticas. Nesse território ocorrem as reestruturações a fun-
do e se estabelecem encadeamentos produtivos importantes que por meio
de estratégias de desenvolvimento econômico local podem reforçar-se e
converter-se em fonte de vantagens competitiva, através da utilização dos
recursos potenciais do território (GAROFOLI, 1995:56; PADILLA, 1996:17).
Dos elementos do território mencionados o que nos interessa para propósi-
tos deste trabalho é o da possibilidade de gerar competitividade do sistema
produtivo local.
Em termos gerais, a competitividade de uma organização empresarial,
ou estendendo a perspectiva, de uma agrupação setorial de empresas lo-
calizadas em um território determinado, consiste na sua capacidade para
manter ou incrementar sua participação na oferta de seus mercados de refe-
rência e/ou abrir novos mercados, servindo-se do incremento da eficiência
(produtividade) e eficácia (qualidade e dinâmica do produto, capacidade
de acesso aos mercados e adaptabilidade e criatividade da organização) e
fazendo com que seja compatível com a elevação da entrada real, a melho-
de cada uma delas em cada um dos critérios assumidos é como se determinariam os setores
econômicos relevantes da entidade e aos que deveriam apoiar.
8. Isto foi determinado por meio de grupos de trabalho constituídos por representantes de
cada um dos setores relevantes da entidade. Consultar Íntegra Internacional, 2002.
9. A estimativa da matriz de insumo produto para o estado está referida para o ano de 1998,
desagregada a 72 setores atendendo aos critérios do Sistema Nacional de Contas Nacionais. A
Matriz de Insumo-Produto da Baixa Califórnia é propriedade da Secretaria de Desenvolvimen-
to Econômico e está disponível para seu uso na Subdireção de Estatística e Análise Econômica.
E-mail: Amaldonado@baja.gob.mx.
X = (I-A)-1F
10. Devido a esta dupla dimensão parece não existir um consenso em torno da definição e ao
enfoque de cluster. De fato pode-se distinguir três definições relacionadas ao cluster:
– O de indústrias espacialmente concentradas: cluster regional.
– O de setores ou grupos de setores: cluster setorial.
– O de cadeias de valor na produção: cluster de cadeias.
Ou ao enfoque de cluster baseado na “similitude” parte do suposto de que as atividades econô-
micas se agrupam em clusters devido à necessidade de ter condições similares (em relação ao
acesso a um mercado de trabalho qualificado, acesso a fornecedores especializados, a institui-
ções de pesquisa etc.). Enquanto o enfoque baseado na interdependência supõe que as ativida-
des econômicas se agrupam em clusters como resultado da sua necessidade recíproca uns dos
outros e de gerar inovações. Consultar Fuentes y Martínez-Pellegrini (op. cit.).
‘Etapa 3: combinação’
‘Soma as matrizes binárias da etapa 1 e 2:’
‘células com valor de 2 representa o cluster econômico adiante [hacia de-
lante]
(9) se coef1bij > k1 e coef2aij > k2 ; logo {i, j};
(10) cluster1 = {…} = ∅ de i = 1 até i = n e de j = 1 até j = n executar;
se bij = {i, j} e se aqj = {q, j}; então cluster1 = {i, j, q};
‘Etapa 3: combinação’
‘Soma as matrizes binárias da etapa 1 e 2.’
‘Células com valor de 2 representa o cluster econômico para trás:’
(9) se coef1bij > k1 e coef2aij > k2 ; então (i, j};
(10) cluster1 = {…} = ∅ de i = 1 até i = n y de j = 1 até j = n executar;
se bij = {i, j} e se aqj = {q, j}; então cluster1 = {i, j, q};
Referências Bibliográficas
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1. Introdução
Como todas as transformações econômica e institucional, o processo de
globalização tem arregimentado um grande número de adeptos ao mesmo
tempo em que tem produzido um exército de críticos. Esse quadro é perfei-
tamente justificado pelos resultados contraditórios que vêm sendo gerados
por tal processo, cuja síntese está longe de ser visualizada (STEGER, 2003;
MURRAY, 2006). Ao mesmo tempo em que a globalização vem possibili-
tando a retirada de milhões de pessoas da situação de pobreza na China
e Índia, por exemplo, ela vem causando um desconforto entre os países
industrialmente desenvolvidos em razão do deslocamento dos investimen-
tos e da terceirização da produção, resultando na subtração de empregos
nesses países.
No que pese o destaque dado pela imprensa internacional, e pelos pes-
quisadores, a essa relação, entre países emergentes e desenvolvidos, há
necessidade de se realizarem estudos e pesquisas direcionados aos movi-
mentos de deslocamento de investimentos e terceirização da produção no
interior de países que apresentam disparidades regionais acentuadas, como
o Brasil. Tendo em vista que a lógica de concorrência produzida pela globa-
lização se reflete em nível dos custos relativos, principalmente no segmento
da produção, as empresas tendem a utilizar estratégias que possibilitam a
redução de custos e, neste caso, regiões com oferta abundante e barata de
2. A “grande transformação”
A exemplo, de outras áreas das ciências sociais em geral, o conhecimento
em torno da economia regional e seu desenvolvimento, experimentou gran-
des deslocamentos de paradigmas. Até meados da década de 1980, a ciên-
cia econômica regional era orientada pelos princípios estabelecidos pela
escola alemã, que considerava a distância e o custo de transporte, em rela-
ção aos mercados consumidores e fornecedores, como elementos centrais
na determinação da alocação espacial dos fatores e da trajetória regional
(para uma visão geral ver DINIZ; CROCCO, 2006). Além disso, considerava
também os espaços geográficos homogêneos, não apresentando vantagens
e desvantagens em termos absolutos ou relativos. Até final dos anos 1970,
esses princípios orientaram as políticas de desenvolvimento regional, com
influência, inclusive, sobre as teorias de Polos de Crescimento (PERROUX,
1973), que não tinham um vínculo íntimo com a escola alemã. Esses eram
os princípios canônicos que predominavam até então.
Os responsáveis por esse deslocamento de paradigma estão concen-
trados em cinco elementos interligados: (i) a crise de planejamento e de
intervenção centralizadoras; (ii) reestruturação dos mercados; (iii) mega-
metropolização, seguida pela emergência de megaproblemas urbanos; (iv)
globalização e abertura econômica; e (v) Tecnologia da Informação e Tele-
comunicações (TI&T). Esses elementos fizeram com que o fator distância
ou custo de transporte, se tornasse um fator adicional, e não único, para
16. Para uma análise histórica do Nordeste recomenda-se ver Guimarães Neto (1989).
17. Em 1958 a produção de alimentos, no Estado do Ceará, caiu 70%, impacto que caía dire-
tamente sobre a pequena produção familiar, o “morador” (FURTADO, 1997a).
20. Para Furtado o conceito de agrário abrangia não só a produção, mas o grau (elevado) de
concentração na distribuição da propriedade rural, a comercialização na qual se encontrava
o papel dos atravessadores e o financiamento da produção ao qual estava associado o capital
mercantil-usurário.
21. A Sudene foi precedida pelo Conselho do Desenvolvimento do Nordeste (Codeno) (criado
em março de 1959), e foi criada pela Lei n. 3.692, de 15 de dezembro de 1959, do Congresso
Nacional, e promulgada pelo presidente Juscelino Kubitschek. Tinha como funções: a) estu-
dar e propor diretrizes para o desenvolvimento do Nordeste; b) supervisionar, coordenar e
controlar a elaboração e execução de projetos a cargo de órgãos federais na região e que se
relacionem especificamente com o seu desenvolvimento; c) executar, diretamente ou mediante
convênio, acordo ou contrato, os projetos relativos ao desenvolvimento do Nordeste que lhe
foram atribuídos nos termos da legislação em vigor, e coordenar programas de assistência
técnica, nacional ou estrangeira, ao Nordeste.
22. Houve, no total, quatro Planos Diretores de Desenvolvimento.
23. Oportuno lembrar que três das quatro diretrizes básicas da política de desenvolvimento do
Nordeste sugerida por Furtado em 1959 diziam respeito à reconstrução do conjunto do setor
agrícola (FURTADO, 1984).
24. A questão da coordenação das decisões econômicas ocupava um lugar central no campo
das preocupações teóricas de Furtado. Isto está muito claro em Teoria e Política do Desenvolvi-
mento Econômico (1968).
Fonte: IBGE.
Fonte: IBGE.
Fonte: Ipea.
Fonte: Ipea.
25. A indústria abrange: atividade extrativa mineral, construção civil, indústria de transforma-
ção e serviços industriais de utilidade pública.
26. Os serviços são constituídos pela atividade de comércio e demais serviços.
Fonte: Ipea.
Fonte: Ipea.
Fonte: Ipea.
Fonte: Ipea.
Fonte: Ipea.
Fonte: Ipea.
Fonte: Ipea.
Fonte: Ipea.
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Jorge Carrillo
27. Tradução de Maria do Carmo Cardoso da Costa e Maria del Carmen Thomas.
28. NT: Manteve-se a palavra “maquila” e seus derivados no original.
29. O programa de maquila surgiu no México, em 1965, como uma combinação de dois ins-
trumentos governamentais: as tarifas tributárias 806.30 e 807.00 (posteriormente sistema
harmonizado HTS 9802) nos Estados Unidos, as quais permitem exportar e importar com-
ponentes livres de impostos, exceto o do valor agregado realizado fora do país, quando os
mesmos tenham uma origem norte-americana e tenham sido enviados ao estrangeiro para sua
composição e regresso a este país. E o Programa de Industrialização Fronteiriça, no México,
que permitia tanto a importação de insumos e componentes, quanto a exportação dos mesmos
livres de impostos, exceto o de valor agregado neste país. A partir de 13 de novembro de 2006,
a indústria maquiladora e o Programa de Importação Temporal para a Exportação (PITEX)
foram integrados em um programa Indústria Manufatura, Maquiladora e de Serviço de Expor-
tação (IMMEX) (para maior informação, consulte GAMBRILL, 2008).
31. Entende-se por chicotes de fios o conjunto de cabos de fios para transportar energia elé-
trica e eletrônica dentro dos veículos de passageiros. De acordo com a USITC os chicotes de
fios são junções de múltiplos condutores elétricos isolados que são acoplados a terminais,
conectores, sockets e outros produtos de cabo (wiring devices). São usados para conectar vários
componentes elétricos (por exemplo: luzes, instrumentos e motores) a uma fonte de energia
(geralmente baterias e geradores), e/ou cuidar de altas voltagens em partes seletas de ignição
(como arrancadores, geradores, distribuidores e velas de ignição) em veículos como carros,
aviões e embarcações.
39. Esta informação foi obtida a partir de entrevistas com operadores de produção e funcio-
nários de plantas maquiladoras de chicotes de fios, e faz parte do trabalho de investigação de
campo da tese doutoral de Martha Miker (MIKER PALAFOX, 2007).
46. Entrevistas com empresas televisoras em Japão, China e Tijuana. Jorge Carrillo, trabalho
de campo durante 2004.
47. Ibidem. O investimento de US$500 milhões equivale a construir uma moderna planta pro-
dutora de automóveis – como foi o caso da Ford na cidade de Hermosillo.
48. Assim se denominam as fábricas, neste caso asiáticas, estabelecidas fora de seu país de
origem.
50. Entrevistas realizadas no Japão por Jorge Carrillo e Akihiro Koido entre 23 de fevereiro e
20 de março de 2004.
51. Hobday (1995) para Taiwan e Gereffi para Hong Kong (1994) descrevem como um con-
junto de firmas aprendeu e se moveu no decorrer de três estágios: (i) manufatura de equipe
original; (ii) produção de designs próprios; e (iii) criação de marcas próprias. Inclusive con-
seguiram converter-se no ponto (hub) central de comércio e transferência de investimento
estrangeiro direto.
Fonte: USCensus
DLP-DILA
DLP-DILA
Planta
Plasma
Plasma
CRT
LCD
CRT
LCD
RPJ
RPJ
Adi Systems Mexico, SA de CV * *
Diamond Electronics, SA de CV
Delta Electronics Mexico, SA de CV * *
Benq *
JVC Industrial de Mexico, SA de CV
Samsung Mexicana, SA de CV (Display)
Sanyo Manufacturing, SA de CV
Sony de Tijuana Este SA de CV *
Sony de Mexicali, SA de CV
LG Electronics Mexicali, SA de CV *
Mitsubishi Pims, SA de CV
Panasonic (Matsushita Television and Network
Systems de BC)
Sharp Electronica Mexico, SA de CV
Hitachi Consumer Products de Mexico, SA de CV
Daewoo Electronics
Nota: *. Solo monitor PC
Fonte: ProduCen, 2003. Elaboração dentro do Programa de Televisão Digital, 2003.
Atualização em 2004 por meio de entrevistas a empresas do setor.
52. Esta Seção 3,2 faz parte do capítulo “Indústria do Televisor na Baixa Califórnia e sua Tran-
sição Tecnológica” de Saúl de los Santos e Jesús Gilberto Elias, que compõe o livro de Hualde
e Carrillo (2007b). Está reproduzido com a permissão dos autores.
Recurso humano
Número de plantas
Normatividade
Mercado
Produtividade e qualidade
Alto Meio Meio Baixo Muito / Nulo Muito Baixo Meio Meio Alto
alto baixo baixo alto
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55. SOULA, Claude. “Ce que Thomson veut faire de ses télés”, Le nouvel observateur, p. 72-74,
19-2 junho de 2003. Na reportagem se mostra um gráfico em que se observa que as vendas de
televisores representam atualmente para a empresa 31% de suas vendas, enquanto o “Trata-
mento da imagen” é 38%.
Sites
http://www.usitc.gov/oig/oigrpts.htm
http://www.yazaki-group.com/environment/pdf/2007e/yazaki_002.pdf
http://www.yazaki-na.com/about/index.asp?fuseaction=americas&gp=locations
&p=americas
Delphi, 2008 http://delphi.com/
Alfredo Hualde
Redi Gomis
56. O presente trabalho faz parte da pesquisa denominada “PMEs: Redes de Conhecimento,
atividade inovadora e desenvolvimento local: 45550, financiado por Conacyt. Algumas das
ideias foram debatidas em seminários internos. De modo especial agradecemos a nosso colega
José Luis Sanpedro as contribuições à parte teórica.
57. Tradução de Maria do Carmo Cardoso da Costa e Maria del Carmen Thomas.
58. Cooper (1991:3) cita Ricardo: “He... who made the discovery of the machine, or who first
usefully applied, it would enjoy an additional advantage, by making great profits for a time...”
(Ricardo, 1830; ed. 1971, Chapter XXXI, p. 378-379).
59. Villavicencio critica a noção de rotinas pelas seguintes razões: a) não permite conhecer
o processo de transformação da organização; b) segundo Hatchuel não distingue entre in-
formação e conhecimento e, portanto, não prevê as dificuldades da aquisição e transferência
do mesmo; e c) a concepção de Nelson e Winter não contempla a possibilidade de utilizar
concorrências em situações não previstas. A rotina pode constituir um dispositivo eficaz de
resposta a um problema, porém não assegura que os indivíduos ponham em jogo todas as suas
capacidades para resolvê-lo (Villavicencio, 2006:22).
60. Hobday ( 2000:344) assinala: “Many innovations occur from behind the technology fron-
tier defined by leaders in the advanced countries” e acrescenta: “Many firms have grown and
succeeded as a result of innovations new to the company, although not new to the world”.
61. Este é um complexo e custoso sistema produzido por uma empresa homônima de selo
alemão, capaz de integrar a informação produzida pelos diferentes departamentos de uma
empresa.
62. No ano de 2007 o mercado de software, segundo o Anuário de Prosoft, ultrapassou ligei-
ramente os US$1.000 bilhões, porém não se especifica se se refere unicamente ao software
em pacote.
65. Os dados que expomos a seguir provêm de uma pesquisa terminada em janeiro de 2006
a 30 empresas que desenvolvem os softwares na região. Também se utiliza informação obtida
mediante entrevistas realizadas com empresários do setor.
66. O Modelo de Processos para a Indústria de Software (MOPROSOFT) tem por objetivo
proporcionar à indústria mexicana, e às áreas internas dedicadas ao desenvolvimento e manu-
tenção de software um conjunto integrado das melhores práticas baseadas nos modelos e pa-
drões reconhecidos internacionalmente, tais como ISO 9000:2000, CMM-SW, ISO/IEC 15504,
PMBOK, SWEBOK entre outros.
5.3. As tecnologias
A respeito das tecnologias utilizadas, a enquete incluiu perguntas acerca de
sua estabilidade/novidade. Mais da metade das empresas consideram que
sua tecnologia pode ser qualificada como “estável e difundida”. Apesar do
predomínio de tecnologias “estáveis e difundidas” é interessante destacar
que três de cada quatro empresários responderam afirmativamente à per-
gunta: se haviam introduzido os produtos novos ou serviços. Um terço des-
sas empresas introduziu tanto produtos quanto serviços, 45% unicamente
produtos e cerca de 23% unicamente serviços. Isso confirma que muitas das
empresas combinam produtos com prestação de serviços de software.
Em relação à valoração sobre os diferentes tipos de inovações nas em-
presas de software, em conjunto, estes concedem uma importância maior
às inovações em “produto/serviço” do que as “organizações”; essas, por
sua vez, avaliadas com uma pontuação mais alta do que as inovações em
“processos”.
Quanto as inovações “organizacionais”, as mais importantes foram as
modificações nas práticas de “mercadotecnia” e “comercialização”, sobre as
“práticas de gestão” ou das modificações na “estrutura organizacional”.
A respeito da origem das inovações, os empresários consideram que “as
solicitações dos clientes” é o fator principal para o início de novos proje-
tos, seguido da “iniciativa própria”. As “relações com outras empresas” são
avaliadas como pouco importantes, o que é novamente um indicador da
relativa baixa influência que a interação entre as empresas tem como fonte
de inovação.
Também lhes foi perguntado acerca do lugar de seus produtos/serviços
diante daqueles com os quais competia no mercado. Em conjunto, a meta-
de das empresas, aproximadamente, considera que são pioneiras no que
se refere a seus três produtos principais: 55% se consideram pioneiras em
seu primeiro ou terceiro produto ou serviço, em torno de 45% no segundo
produto. Cerca de um terço das empresas se considera seguidoras de pro-
dutores nacionais nos dois primeiros produtos (29% e 36%) e uma propor-
ção inferior, cerca de 16%, se considera seguidoras de empresas nacionais
em seu terceiro produto ou serviço. Finalmente, 15% no primeiro produto,
20% no que se refere ao segundo e 27% no terceiro se consideram seguido-
ras de empresas internacionais.
Conclusões
A indústria da Baixa Califórnia mostra traços que permitem extrair algu-
mas conclusões a respeito da inovação. Em um contexto de crescimento
moderado da demanda (2006), as empresas operam em um mercado fun-
damentalmente local ou regional, embora um terço das empresas consigam
exportar. Apesar de o software no México estar composto majoritariamente
por empresas que prestam serviços, na Baixa Califórnia há um setor não
desprezível de empresas de produtos.
As inovações que os empresários percebem são sem dúvida de tipo incre-
mental. Centram-se fundamentalmente em inovações de produto ou servi-
ço, porém os empresários não valorizam muito as inovações organizativas e
menos ainda as de processo, o que se relaciona diretamente com a escassez
de empresas certificadas. Esta valoração relativamente pouco importante
contrasta com o assinalado no nível internacional especialmente para pa-
1. Introdução
O objetivo deste trabalho é apresentar e analisar algumas características
das políticas de desenvolvimento econômico do estado fronteiriço da Baixa
Califórnia, México, baseadas na integração de clusters. Estes efeitos refe-
rem-se especificamente ao grau de consolidação de um sistema produtivo
regional com certo nível de organização interna particular e um modelo de
desenvolvimento regional concreto, fundamentados no empresariado lo-
cal e capaz de recuperá-lo e melhorá-lo. Dando-se estas características, se
poderia propor que a clusterização do estado contribua para a articulação
territorial na região.
A Baixa Califórnia é um “estado ganhador” da integração comercial do
México com os Estados Unidos,69 situação que deriva em grande parte de
uma prévia relação de fato com este país através das maquiladoras (monta-
doras) localizadas no estado. Estas empresas explicam grande parte do em-
prego industrial e as exportações da região. O impulso produtivo descrito
gerou uma dinâmica de crescimento econômico induzido e alimentado por
fatores exógenos, sem que se tenham detonado dinâmicas locais espontâ-
neas que permitam falar de um processo de articulação endógena ou local.
A recente política de fomento do desenvolvimento de clusters do governo
do estado poderia modificar esta situação nos próximos anos, mediante o
estabelecimento de estratégias territoriais dos mesmos clusters.
67. Este texto retoma parte dos resultados do trabalho de pesquisa doutoral da autora intitula-
do “Sistemas productivos locales e integración económica: el caso de Baja California México”.
Agradeço os enriquecedores comentários de Antonio Vázquez Barquero, orientador da tese, e
dos Doutores Enrique Cabrero e Noé Arón Fuentes.
68. Tradução de Maria do Carmo Cardoso da Costa e Maria del Carmen Thomas.
69. O estado ocupa a metade norte da Península de Califórnia, no extremo Noroeste do país.
Sua localização contígua aos Estados Unidos e em particular a uma das economias mais di-
nâmicas do mundo, a californiana, tem sido sua principal vantagem em relação ao resto do
país.
70. Estes elementos são a base do questionário que foi aplicado nas empresas da Baixa Califór-
nia para efetuar o estudo de caso.
71. O termo reestruturação produtiva está referido à reestruturação industrial que D. Massey
(1983:74) define como “um dos mecanismos através dos quais se reforma a estrutura social e se
mudam as relações sociais, e se rompem ou se reconstroem as bases da ação política”.
72. Pacheco-Vega (2007) enfatiza como tais o canibalismo empresarial, a excessiva especiali-
zação e a saturação de mercados que podem derivar-se da existência de sistemas produtivos
dependentes de um cluster monoespecializado.
73. Sárah Martínez Pellégrini (2006), Sistemas productivos locales e integración económica: el caso de
Baja California, México, tese doutoral. Capítulo 4, Universidad Autónoma de Madrid, España.
Gráfico 2
Fonte: INEGI.
74. Não se insiste mais neste ponto porque é tema recorrente nas discussões sobre desen-
volvimento. É suficiente revisar os índices de desenvolvimento humano e os índices de Gini
que costumam acompanhá-los para confirmar este ponto. O ponto está proposto de maneira
extensa em Martínez Pellégrini, 2006, Capítulo 4.
75. Estamos aplicando a classificação regional proposta em Vázquez, 1992.
76. Os dados apresentados são resultado da aplicação de entrevistas e pesquisas a 150 empre-
sas da Baixa Califórnia selecionadas como amostra estratificada para identificar sua organiza-
ção e inter-relações. A metodologia pode ser consultada em Martínez Pellegrini, 2006.
79. As atividades importantes são aquelas que apresentavam emprego e PIB acima da média
estatal, as estratégicas, aquelas cujo crescimento tinha sido superior à média estatal e as em-
blemáticas, aquelas que se consideravam próprias do Estado, como, por exemplo, a vitivinicul-
tura. O cluster vitivinícola foi considerado um dos emblemáticos da Baixa Califórnia, produz
80% do vinho do país e com padrão de qualidade que lhe permitiu obter numerosos prêmios
internacionais e posicionar-se no mercado internacional apesar de sua reduzida produção. Ver
Plan estratégico del cluster vitivinícola (2003) publicação da Secretaría [Ministério] de Desen-
volvimento Econômico do Estado da Baixa Califórnia, responsável pelo projeto Sárah Martínez
Pellégrini.
80. Realizado por Integra Internacional cujos resultados se encontram em “La política de de-
sarrollo empresarial del estado: vocaciones productivas” para Sedeco.
81. Os planos estratégicos dos agrupamentos podem ser consultados em: www.clusterbc.org,
assim como qualquer outra informação sobre suas atividades e integração.
82. Até a data só existe informação sistemática sobre o monto de investimento por cluster,
segundo os projetos financiados total ou parcialmente com participação do setor público.
Reflexões finais
No caso da Baixa Califórnia, a origem – local ou internacional – das empre-
sas agrupadas e a forma de organização inicial das mesmas foram deter-
minantes das possibilidades de existência e reforço de articulação entre os
atores. Por esta razão, a estratégia de vinculação da economia estatal apa-
rentemente teve maior impacto e apresenta maiores possibilidades de êxito
nos setores de atividade emergente com alto potencial de crescimento que
podem consolidar-se com uma lógica de competitividade baseada na coope-
ração e na qualidade. Nesse caso, se encontra o cluster vitivinícola que, por
seu desenvolvimento atual, pode considerar-se em uma lógica de desen-
volvimento territorial e prestes a constituir um sistema produtivo local nos
vales de Ensenada onde está situado. Outro caso seria o do agrupamento de
serviços médicos, que é um agrupamento de alto valor agregado com alto
potencial de exportação de serviços e uma clara diferenciação municipal na
sua organização e funcionamento.
A análise das redes (por agrupamento) ressalta a demora na adapta-
ção institucional às dinâmicas de baixo para cima como um dos principais
inibidores aos que os atores locais têm que enfrentar. A obsolescência ins-
titucional se manifesta por igual no âmbito público e no privado e aponta
a inexistência de um consenso sobre a organização mais adequada para
obter os objetivos de desenvolvimento econômico propostos para o esta-
do, a partir de um consenso público-privado. Esta situação responde às
recentes dinâmicas de descentralização e abertura no país, o que explica
que a aprendizagem das novas regras é um processo ainda incipiente, em-
bora apresente principalmente nos estados que, como a Baixa Califórnia,
enfrentam a competitividade internacional de forma mais direta por sua
localização e por sua dinâmica de produção manufatureira muito marcada
pela presença das maquiladoras.
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1. Introdução
O Estado do Ceará, assim como o Brasil, era uma economia pouco aberta ao
comércio exterior até a década de 1990. No ambiente globalizado, a reação
estadual à abertura comercial da economia brasileira começa a se fazer sen-
tir de maneira significativa a partir de 1999, evidenciada pelo movimento
ascendente das exportações. O incremento das vendas externas estaduais a
partir daí foi resultado, em grande medida, de políticas públicas estaduais
que associadas às características da demanda mundial e do comportamento
de seus principais parceiros chegaram a mudar o perfil da pauta.
Na década seguinte, os preços internacionais ajudaram, sobremaneira,
o crescimento das vendas externas cearenses. O índice de preço geral das
exportações estaduais sustentou trajetória de crescimento a partir de 2003,
depois de ter experimentado trajetória descendente na década que prece-
deu. Contudo, o quantum exportado já vinha registrando movimento ascen-
dente desde 1999 e sustentou a tendência até 2007. Os setores industriais
cearenses que começaram a despontar, na segunda metade da década de
1990, como importantes exportadores tiveram papel fundamental nesse re-
sultado. De fato, os setores couros e calçados seguiram em ciclo ascendente
do quantum exportado desde a implantação das primeiras unidades atraí-
das para o estado pelos incentivos do governo local. Esses setores também
têm aproveitado o bom momento dos preços internacionais de seus produ-
tos (FUNCEX, 2008).
O estudo analisa o comércio exterior do Ceará no que se refere às carac-
terísticas e as tendências das transações no período 1990-2007. O caminho
traçado para análise aborda a balança comercial estadual através da evolu-
ção do saldo da balança comercial e de indicadores que possam qualificar
a composição das trocas em nível de setor. Nesse contexto, examina-se a
84. A autora agradece a Diego Holanda pela tabulação de dados e a Graziela Daniela Barros
pela colaboração nos gráficos.
86. Principais setores correspondem ao conjunto formado por aqueles que totalizam 90% da
pauta.
87. Para análise setorial detalhada da pauta exportadora estadual cearense na década de 1990
(ver FONTENELE; MELO, 2004).
Industrializados
Semi Manufatu-
Semi Manufatu-
Manufaturados
Ano Manufaturados
rados (A)
rados (A)
Básicos
Básicos
(A+B)
(A+B)
(B)
(B)
6. Notas conclusivas
O comércio exterior do Ceará reagiu pouco no período imediatamente após
à abertura comercial propriamente dita no que se refere ao grau de abertu-
ra de sua economia. Até a primeira metade da década de 1990, a pauta de
exportações do Estado do Ceará pouco se modificou, no entanto, a partir de
1997, pode-se claramente identificar uma recomposição na sua estrutura.
O crescimento das vendas externas estaduais, que tem lugar a partir de
1999, está, em grande medida, intrinsecamente associado aos incentivos
advindos da política industrial do estado, os quais conduziram a mudanças
no perfil da pauta. Produtos tradicionais na pauta estadual como têxteis e
castanha de caju cedem lugar aos produtos pertencentes, fundamentalmen-
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1. Introdução
O presente artigo, em caráter exploratório, busca discutir a inserção econô-
mica do Estado da Bahia, suas limitações e oportunidades, bem como apon-
tar tendências em curso para orientar políticas públicas voltadas para o
crescimento econômico. Deve-se notar que, embora crescente quando com-
parado a outros estados da federação, a participação baiana ainda é bastan-
te reduzida diante das possibilidades que se podem agora vislumbrar. Ser o
estado maior exportador do Nordeste revela, de certa forma, o tamanho dos
problemas da região e não o sucesso local – até 2002 a Bahia gerava 34%
do PIB da região, porém o Nordeste participava com apenas 13,4% do PIB
brasileiro. Sabe-se que o comércio exterior da Bahia está concentrado em
poucos produtos, semi-manufaturados, que têm origem em poucos setores
e exíguo número de empresas – apenas quatro empresas realizam mais de
50% das importações e das exportações do estado. Cabe, então, apresentar
a pergunta básica de investigação que norteou o desenvolvimento deste tra-
balho: quais oportunidades disponíveis para a Bahia poderiam lhe permitir
caminhar rumo a uma integração virtuosa? Duas alternativas foram anali-
sadas, o adensamento da cadeia produtiva através do Complexo Industrial
Ford Nordeste (CIFN) e a valorização dos setores intensivos em recursos.
O trabalho está estruturado em mais quatro seções, além desta introdu-
tória e das considerações finais. Na primeira, procede-se uma breve discus-
são dos determinantes do comércio mundial e do investimento externo di-
reto. Neste ponto, são revelados os padrões de interação entre os países do
Norte e os do Sul e aqueles referentes aos países do Sul. Na segunda parte é
realizada uma breve análise do comércio exterior da Bahia, observando al-
88. Os autores agradecem a colaboração da Sra. Nívea Santana, Coordenadora do APL automo-
tivo da Bahia, da SECTI – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia.
89. Na Tabela A1, no apêndice, faz-se um cruzamento dos principais segmentos exportadores
com o número de empresas por porte.
90. A Tabela A2, no apêndice, mostra as empresas da Bahia que mais exportaram em 2005,
com os respectivos valores e categorias de produto.
91. Foi montado no município de Camaçari um projeto para qualificar profissionais para tra-
balharem no APL. Esse projeto conta com a participação das seguintes instituições: Senai/BA,
Ford Motor Company Ltda., governo federal, através do Fundo de Amparo ao Trabalhador
(FAT), governo do estado, através da Secretaria do Trabalho e Ação Social (SETRAS) e prefei-
tura municipal de Camaçari, através da Secretaria de Expansão Econômica. Segundo dados
fornecidos pelo Senai até julho de 2004, 28 turmas foram treinadas nos cursos de Operadores
Automotivos, Ferramenteiros, Manutencistas e Visão do Processo de Produção, totalizando
mais de cinco mil pessoas (MERCÊS, 2005, p. 90).
92. Uma descrição pormenorizada da infraestrutura do arranjo produtivo do CIFN e das insti-
tuições do sistema estadual de inovação pode ser encontrada em Merces (2005).
93. Significa dizer que houve aumento no número de empresas localizadas na Bahia que forne-
cem bens e serviços para a Ford e seus sistemistas; deslocando fornecedores de outros estados
da federação, em grande parte localizados no Sul e Sudeste.
ções – US$
População
Comercial
em 1.000
Saldo da
PIB total
– milhão
Exporta-
Importa-
Balança
milhões
milhões
capita –
PIB per
FOB
hab.
Ano
US$
US$
CIF
milhões FOB
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milhão US$*
Balança Co-
ções – US$
ções – US$
População
PIB total –
correntes
correntes
– valores
– valores
Saldo da
Exporta-
Importa-
mercial
Ano
1. Introdução
Em nível mundial, a atividade calçadista é concentrada tanto em termos de
mercados consumidores quanto em países que abrigam as plantas produto-
ras. Estados Unidos com 2.241,9 milhões de pares anuais, China (2.096,5
milhões), Japão (650,3 milhões) e Brasil (555 milhões) são os maiores
mercados consumidores mundiais, consoante dados de 2005 (SATRA...,
2008).94 Sendo uma atividade intensiva em trabalho a produção acabou se
localizando em países em desenvolvimento, com grande oferta de mão de
obra, como a China (nove bilhões de pares/ano), a Índia (909 milhões) o
Brasil (762 milhões), a Indonésia (580 milhões) e o Vietnã (525 milhões).
Dentre os maiores exportadores, há países industrializados como a Itá-
lia, que conseguiu se consolidar como vendedora de calçados de elevado
padrão de qualidade e grande diferenciação do produto, voltados para a po-
pulação de alta renda. Dentre as marcas italianas conhecidas, pode-se men-
cionar: Sergio Rossi, Testoni, Pollini, Casadei, Giovanni Martini, Giuseppe
Zanotti, Prada e Gucci. A China (6.914 milhões de pares/ano) é também
o maior exportador mundial de calçados seguida por Hong Kong (741 mi-
lhões), Vietnã (472,7 milhões), Itália (249 milhões) e Brasil (217 milhões).
Uma das metas traçadas pela Política de Desenvolvimento Produtivo Nacio-
nal é tornar o Brasil o terceiro maior exportador mundial.
A atividade calçadista no Brasil, representava (em 2006) 4,6% (BRASIL,
1991-2006) dos empregos formais da indústria de transformação e 1,6%95
do valor da transformação industrial, o que denota o caráter intensivo em
trabalho. Até a década de 1980, a indústria calçadista nacional concentra-
96. Tanto a Pesquisa Industrial Mensal como a Pesquisa Industrial Anual do IBGE não relatam
dados em separado para a atividade de calçados. Esta se encontra agregada na atividade “cal-
çados e artigos de couro”.
98. Sobre esse assunto, ver matéria da revista francesa Alternatives Economiques (dezembro de
2003) intitulada “L’inde, paradis de la delocalisation higt-tech”.
99. http://www.infomat.com/research/infre0000246.html
101. O Capítulo 64 da NCM abrange: calçados, polainas, artefatos semelhantes e suas partes.
Considerações finais
A relocalização industrial do setor calçadista na região nordestina reflete
dupla motivação: a homogeneização da produtividade obtida quer através
da importação de máquinas e equipamentos, ou de insumos mais elabora-
dos e o diferencial de remuneração dos trabalhadores de chão de fábrica na
região (cerca de 30% menor que no Sul do País).
Essa relocalização é concentrada espacialmente em três estados: Ceará,
Paraíba e Bahia. Cumpre destacar que os dois primeiros se especializam na
produção/exportação de calçados sintéticos ao passo que a economia baia-
na apresenta vendas externas alicerçadas em produtos de couro.
Entre 2000 e 2007, constata-se a presença crescente dos produtores nor-
destinos nas exportações nacionais de calçados. A expansão do quantum
exportado se deu com relativa estabilidade de preços, especialmente, no
segmento de sintéticos – o que é indicativo de uma concorrência via pre-
ço. A abertura de novas plantas em países asiáticos de fábricas nacionais
reforça a ideia de Sachwald (1996) de que os critérios de localização das
grandes empresas obedecem a restrições vinculadas a sua performance em
nível mundial.
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em: 09 jun. 2008c.
—. Resenha estatística 2004. Disponível em: http://www.abicalçados.com.br. Acesso
em: 9 jun. 2008d.
1. Introdução
Os Arranjos Produtivos Locais (APLs)105 têm sido objeto de inúmeros artigos
científicos, teses, dissertações e monografias. Inspiradas na literatura recen-
te de economia da inovação, economia industrial e geografia econômica,
tais estudos têm destacado a importância dos APLs especialmente em áreas
menos favorecidas.
Investigações sobre casos de sucesso de APLs no Brasil e em outros países,
características de APLs, a importância das instituições parceiras, benefícios
dos APLs para a inserção de pequenas empresas no mercado e na geração
de renda, o fortalecimento das vocações locais, a geração de oportunida-
des, economias de escala e externalidades, entre outros aspectos, tem sido
largamente documentados. Existe, porém, uma lacuna na literatura quanto
à visão de APLs como estratégia de redução da pobreza.
Esse tema deverá se tornar importante na medida em que governos,
como o do Brasil, têm baseado suas políticas de combate à pobreza em
medidas assistencialistas que a rigor não se constituem estratégias susten-
táveis de desenvolvimento. O presente estudo tem, portanto, o objetivo de
mostrar os arranjos produtivos como estratégia sustentável de redução da
pobreza e como opção para migração de programas como o Bolsa Família
para uma atividade de geração de renda e de estímulo à cidadania.
104. A autora agradece a colaboração de Victor Hugo de Oliveira Silva bem como os comen-
tários e sugestões de Cláudio André Gondim Nogueira e Vitor Hugo Miro. Eventuais falhas são
de responsabilidade exclusiva da autora.
105. Essa nomenclatura corresponde à utilizada pela RedeSist da Universidade Federal do Rio
de Janeiro em http://www.redesist.ue.ufrj.br/. De acordo com a RedeSist os arranjos produ-
tivos locais têm as seguintes principais características: abrangem grupos de atores (empresas,
organizações de P&D, educação, treinamento, promoção, financiamento etc.) de um território
e favorecem o aprendizado e a troca de informações permitindo a inovação e a criação.
107. Outras variáveis poderiam ser incluídas relacionadas à receita do município e outras que
reflitam as condições de mercado ou mesmo condições climáticas e não foram aqui incluídas
por falta de disponibilidade de dados.
108. Observe que há uma relação de dependência já que x é função do vetor b de variáveis
econômico-sociais.
Considerações finais
Não se pode afirmar que a constituição de um APL por si só traga benefícios
em termos de redução da pobreza uma vez que para isso é preciso que a
mão de obra local seja utilizada, que o setor seja preferencialmente de mão
de obra intensivo e possa incluir mão de obra de baixa qualificação ou que
possibilite as capacitações necessárias em pequeno espaço de tempo.
Se por um lado essas características podem significar a geração de em-
prego em posições de “chão de fábrica” e com salários inferiores, por outro
significa a absorção de mão de obra ociosa e carente de oportunidade, o
que no longo prazo pode ensejar melhoria no nível de educação em termos
de capacitação e número de anos de estudo que a própria ocupação pode
proporcionar ou estimular. Considerando que melhores níveis de educação
formal ensejam melhores salários, isso pode representar uma melhoria de
renda para trabalhadores de APLs.
Os resultados das investigações aqui mostradas apontam para um possí-
vel impacto positivo dos APLs na redução da pobreza. Embora não se possa
atribuir o mérito exclusivo aos APLs, fica evidente que houve crescimen-
to superior para os municípios que abrigam APLs em relação aos municí-
pios sem APL do Noroeste cearense no índice de desenvolvimento humano
(IDH) e na média de anos de estudo.
Os resultados estimados em termos de diferença mostram que a propor-
ção de pobres se reduz quando a renda per capita aumenta e quando existe
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David Rosenthal
110. Para uma discussão do conceito de tecnologia, e dos diferentes níveis de abrangência em
que pode ser considerado, ver Rosenthal (2007), p. 16-22.
111. Evidentemente, essa motivação é apenas um dos muitos e complexos requisitos envolvi-
dos nesse processo – uma das principais “fontes de inovação internas à empresa” –, conforme
referido por Rosenthal (2007), p. 31.
112. É o caso, no contexto mais atual, das tecnologias baseadas em conhecimentos gerados
pela física subatômica e quântica, fisico-química, fotônica, genética, biologia molecular etc.
121. Principalmente no que respeita à liderança tecnológica, como mostram as pressões exer-
cidas, nos organismos internacionais, na defesa intransigente da ampliação dos direitos de
propriedade industrial (TRIPS) – ou ainda a atitude do governo norte-americano, nos casos do
Protocolo de Kyoto, negociações da Rodada Doha, OMPI etc.
122. Inserem-se aí, por exemplo, os esforços da União Europeia para incentivar a consolidação
de sua economia e viabilizar a criação de empresas “europeias”, que possam concorrer com os
grandes grupos de capital americano.
123. Atuando intensivamente na atração de cientistas nacionais, empregados em universi-
dades e empresas norte-americanas, para retornarem a seus países, a fim de dirigirem essas
instituições. Ver Kim (1993).
124. Evidentemente, esta afirmativa constitui uma generalização grosseira, já que as políticas
seguidas por cada governo levaram em conta características próprias do sistema produtivo de
seu país. Assim, a Coreia do Sul deu grande ênfase ao fortalecimento dos chaebols, enquanto
que Taiwan procurou estimular mais as pequenas e médias empresas que já atuavam nesses
setores. Ver, por exemplo, Kim (1993) e Hou e Gee (1993).
125. Embora voltada prioritariamente para a constituição e fortalecimento do “sistema cien-
tífico-tecnológico” e motivada, em grande medida, por preocupações de ordem geopolítica e
militar. Ver Erber (1981).
126. E também, com menos destaque público, mas com considerável peso nas decisões, a mi-
litares preocupados com a grande dependência tecnológica das forças armadas, e/ou atuantes
nos núcleos incipientes de pesquisa tecnológica voltada para reduzir essa dependência, criados
após a Segunda Guerra Mundial.
129. Que não incluem, evidentemente, as subsidiárias de empresas multinacionais que atuam
no Brasil nessas áreas, cuja contribuição para a formação da capacidade inovativa nacional
limita-se, em grande medida, à capacitação dos recursos humanos que empregam, como será
visto adiante.
130. Das de hardware sobraram muito poucas, às quais se somaram algumas outras – a maio-
ria atuando apenas na montagem de equipamentos, cuja essência tecnológica está concen-
trada, em grande medida, nos componentes microeletrônicos.
131. Um exemplo ilustrativo é a cooperativa de software Tecnocoop, criada em 1982 por
pioneiros da PNI, saídos das fileiras dos funcionários do Serpro: seu banco de dados rela-
cional Open Base, projetado originalmente para permitir ao IBGE executar seus serviços em
computadores Cobra, concorre hoje no mercado internacional. Outros exemplos, citados pela
imprensa como sucessos de exportação, são: a Datasul, fundada (1979); a Microsiga (1985);
a Módulo Consultoria e Informática (1985); a Infocon (1985); a Fácil Informática (1985);
a Tales Informática (1986); a Amerinvest (1987) etc. Uma das maiores empresas do setor,
a COM, é presidida por Antonio Carlos Rego Gil, que foi presidente da SID Microeletrônica,
spin-off da SID, uma das principais empresas que constituíram as bases da Indústria Nacional
de Informática criada naquela época.
134. O peso das atividades de P&D é tão decisivo que o valor total a elas dedicado, em ter-
mos de percentual do PIB, constitui um dos principais indicadores de dinamismo tecnológico
(e de desenvolvimento econômico) dos países. Vale notar-se que, com a crescente dispersão
geográfica das operações dos grandes grupos de capital, a “produção de atividades de P&D”
de uma empresa multinacional, em um país, pode não se traduzir necessariamente em maior
capacidade de inovação desse último, ainda que, estatisticamente, seu valor contribua para
elevação da relação gastos em P&D/PIB. Ver Chesnais (1988).
135. O resultado esperado (mas incerto) do projeto de P&D seria a “inovação tecnológica”,
definível como “a aplicação de uma nova tecnologia (...) ao processo produtivo, resultando
em: a) um novo produto; ou b) alteração de algum atributo do produto antigo, ou de seu grau
de aceitação pelo mercado – que leve a níveis mais elevados de lucratividade (...) a empresa
inovadora.” Ver Rosenthal, 2007, p. 26.
136. Ver CGEE (2007).
137. Na prática, como visto adiante, o conjunto das empresas com acesso a tais benefícios é
bastante restrito, abrangendo, em alguns casos, menos de 10% do universo total de empresas
do País. Ver Wiziack (2007).
138. “O critério (para definir as áreas estratégicas) é a importância para o futuro do País. É
uma questão de estratégia nacional desenvolver essas áreas; daí a atenção específica a P&D
para elas”. Ver CGEE (2007).
139. Vale lembrar, de novo, Nassif (2007).
145. “As filiais estrangeiras controlam 82% do setor da indústria baseada em ciência; 73% da
diferenciada, e 68% da produção contínua. É particularmente inquietante a progressão da em-
presa estrangeira na indústria intensiva em recursos naturais (...) cresceu de 15%, em 1985,
para 24%, em 2002” (LESSA, 2007).
146. A distinção entre empresas “nacionais” e “brasileiras”, presente no texto da Constituição
de 1988, foi revogada, no marco das medidas voltadas para a “inserção competitiva do Brasil
no mercado mundial” (ou “adesão incondicional às premissas do Consenso de Washington”)
implementadas a partir de 1990.
147. Deve-se reconhecer que a utilização de recursos humanos e serviços tecnológicos nacio-
nais contribui para o desenvolvimento do setor científico-tecnológico do País, o que é, sem
dúvida, importante – mas não constitui, em si mesma, inovação... Para exemplos significativos
dessa contribuição, ver Wiziack (2007).
148. Segundo Ricupero (2006), “as importações brasileiras no setor (eletroeletrônicos) em
2005 chegaram a US$ 15,1 bilhões, e o déficit setorial foi de US$ 7,4 bilhões.” Para detalhes,
ver Iedi (2007).
152. Isso, evidentemente, no que concerne a empresas de capital nacional. Nas subsidiárias de
multinacionais, as tecnologias tendem a ser definidas pelas matrizes – ainda que, em muitos
casos, exijam adaptações às condições locais e/ou recebam contribuições significativas desen-
volvidas pelas próprias filiais. Ver adiante.
153. Evidentemente, não há aqui qualquer implicação negativa quanto à relevância da im-
portação – muito menos, a de bens de capital. A referência é apenas à ideia implícita de que
ganhos de produtividade só podem ser obtidos, necessariamente, de tais importações...
154. Ressalvem-se, de novo, as exceções já apontadas: no período de 1994 a 2004, uma parce-
la significativa dos benefícios concedidos foi alocada à Petrobras e à Embraer. (Desequilíbrios,
Editorial de O Globo, 27/6/2005.)
155. Nos setores intensivos em ciência (em que 82% das empresas são multinacionais), essas
são também as empresas grandes, que pagam imposto sobre a renda apurada e podem benefi-
ciar-se dos incentivos fiscais. Ver Lessa (2007).
156. Isso, num ambiente caracterizado pela globalização dos mercados, pelo acirramento da
concorrência entre os grandes blocos de capital nacionais (dos países centrais) e pela crescente
participação do conhecimento científico-tecnológico na composição do valor adicionado dos
bens e serviços produzidos e transacionados nesses mercados.
157. Tais como adaptação do produto, utilização de materiais mais acessíveis ou mesmo, no
caso das empresas de software, tradução das mensagens, do inglês para o português...
158. Curiosamente, muitos acadêmicos, consultores e dirigentes, atuantes em instituições que
se dedicam a estudar o SNI brasileiro e a fomentar seu aperfeiçoamento, insistem – pelo menos
em público – em desconsiderar esses fatos, apontando tais atividades de P&D das empresas
multinacionais como contribuições “legítimas” para o desenvolvimento da capacidade nacio-
nal de inovação. Ver, por exemplo, Nicolsky (2004).
159. Especialmente aquelas a que Stern, Porter e Furman (2000) chamam de “innovation of
new-to-the-world technologies”. Ver p. 1.
160. Apenas a título de comparação, o número de pedidos de patentes registrados pelo Brasil
na OMPI, em 2005, foi 283 (abaixo dos da Rússia, Índia e China), enquanto que a Coreia do
Sul registrava 4.747. Ver Amorim (2007).
161. Tradução e ênfase nossas. Os autores associam a capacidade inovativa àquilo a que chamam
de “inovação de tecnologias novas-para-o-mundo”. Ver Stern, Porter e Furman, 2000, p. 1.
162. Não se entenda essa conclusão como menosprezo à importância das atividades de P&D
das multinacionais para o fortalecimento do SNI brasileiro. Elas contribuem, e muito, para a
formação de recursos humanos especializados, seja por meio da absorção de pessoal de alto
nível, seja pela transferência de conhecimentos de ponta e criação de oportunidades de cresci-
mento profissional para essas pessoas. Do ponto de vista das multinacionais, a busca, em todos
os países do mundo, pelo recurso tecnológico fundamental – o capital humano disponível –
constitui um importante instrumento de concorrência e um dos fatores impulsionadores do
processo de descentralização geográfica de suas atividades de P&D. Ver Chesnais (1988).
163. Segundo algumas estimativas, apenas 6% das empresas teriam possibilidade de acesso a
esse benefício. Ver Salgado (2007).
6. A título de conclusão
Para concluir estas considerações, revisemos rapidamente as ideias nortea-
doras do trabalho: partimos da suposição, central ao modelo dos Sistemas
Nacionais de Inovação, de que o principal agente responsável pela concreti-
zação de seus resultados – e, portanto, aquele que expressa sua eficácia – é
o setor produtivo “nacional”.165 A seguir, passamos a identificar algumas
limitações estruturais desse setor, no Brasil, sugerindo que caberia ao “sub-
sistema político-institucional” do SNI – que abrange todo o conjunto de
atores e instituições compreendidos no setor público, cujas ações podem
exercer influência sobre aqueles resultados166 – a função básica de corrigir
tais distorções, isto é, a de visar à formação/consolidação de empresas na-
cionais, especialmente nos setores mais dinâmicos e intensivos em tecno-
logia. É a participação nos mercados globais desses setores – com marcas
próprias ou, pelo menos, como fornecedores especializados de subconjun-
tos e componentes, integrantes de cadeias de valor – que criará a motivação
necessária para que essas empresas se sintam “impelidas” a inovar e, para
167. A utilização dos incentivos atuais evidencia isso: “(...) de 1994 a 2004, segundo o Mi-
nistério da Ciência e Tecnologia, das mais de 70 mil companhias brasileiras com 10 ou mais
funcionários, apenas 109 fizeram uso dos incentivos fiscais à inovação, cabendo 62% a so-
mente duas, Petrobras e Embraer”. (Desequilíbrios, Editorial de O Globo, 27/6/2005.)
168. Não parece ser coincidência o fato de que, quando da privatização da empresa, o governo
brasileiro se preservou o direito sobre esse controle, através da golden share em mãos da
União Federal (Embraer 2005 – Resultados e Demonstrações Financeiras, Gazeta Mercantil,
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Helena M. M. Lastres
José Eduardo Cassiolato
1. Introdução
O reconhecimento da importância dos processos de inovação e mudança
tecnológica na evolução do capitalismo e na competitividade do setor pro-
dutivo ganhou renovado vigor a partir das duas últimas décadas do século
XX. A realização de estudos teóricos e empíricos tem gerado significativo
acúmulo de conhecimentos levando a mudanças fundamentais nos referen-
ciais e modelos analítico e de políticas para inovação. Dentre os principais
avanços nota-se que, a partir dos anos 1980, o foco deixa de ser em inova-
ções individuais, passando a se concentrar nos processos sistêmicos para a
geração e aquisição de conhecimentos, os quais possibilitam que empresas
e demais organizações acumulem capacitações e desenvolvam novos pro-
dutos e processos. Este entendimento é analisado neste texto.
Acrescenta-se ainda que o desenvolvimento tecnológico e as modifica-
ções conexas nas atividades organizacionais e institucionais ao serem con-
siderados como principais elementos da competitividade de empresas e de
países lançam novas luzes sobre a necessidade de políticas para sua pro-
moção.
Desta maneira, o objetivo do capítulo é retomar as discussões sobre o
avanço no entendimento do conceito de inovação – assim como de seus
desdobramentos: arranjos e sistemas produtivos e inovativos – visando des-
cortinar suas implicações para políticas. O capítulo encontra-se estruturado
da seguinte forma: o item 2 examina como a visão schumpeteriana sobre
inovação foi gradualmente transformada a partir do final dos anos 1960
desaguando na formulação do conceito de sistemas de inovação; o item
3 discorre sobre as implicações para políticas dos principais avanços no
entendimento de inovação e de sistema de inovacão examinando suas van-
tagens e desafios como novo instrumental analítico e normativo; e o item 4
introduz a experiência brasileira na utilização e no desenvolvimento deste
170. Ver Teoria do Desenvolvimento Econômico (1912), Ciclos Econômicos (1939) e Capitalismo,
Socialismo e Democracia (1942).
171. Esta frase no original “innovation is much more than R&D” foi cunhada por H. Brooks nos
anos 1980, explicitando a noção de que P&D é apenas uma parte do processo de inovação.
172. Ver também Sagasti (1978) e Coutinho (2005). Para uma discussão sobre as convergências
entre as escolas estruturalista latino-americana e schumpeteriana ver Cassiolato et al., 2005.
173. Esta definição baseia-se em proposta de Lynn Mytelka (1993), suas vantagens para países
menos desenvolvidos são discutidas em Cassiolato, Lastres e Maciel, 2003 e Lastres, Cassiolato
e Arroio, 2005.
Conclusão
Como vimos anteriormente, desde o final dos anos 1970 uma substantiva
literatura foi desenvolvida. Conforme resumido no Glossário da RedeSist:
a inovação passou a ser vista não mais como um ato isolado, mas como
um processo, cumulativo e localizado, não linear e sistêmico com múltiplas
e simultâneas fontes, resultando de interações entre diferentes atores. Ao
mesmo tempo em que a inovação passa a adquirir papel ainda mais estra-
tégico na nova ordem mundial, importantes avanços na compreensão desse
processo trazem significativas implicações para políticas. Sete pontos prin-
Referências Bibliográficas
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volvimento local. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2003.
Introdução
O presente artigo tem por objetivo analisar as principais correntes teóricas
que influenciaram a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
(Sudene), ao longo de sua existência, na adoção da política de desenvolvi-
mento regional no Nordeste brasileiro. Com isso, pretende-se tentar esta-
belecer uma “conexão” entre as formulações teóricas que o órgão adotou e
as principais transformações, estruturais ou não, por que a região passou,
desde a criação da Superintendência.
Sudene 285
Nesse primeiro momento da pesquisa, foram identificados quatro gran-
des influências teóricas: a teoria cepalina; os Polos de Desenvolvimento de
François Perroux, através da adoção de Complexos Industriais e de polos
de desenvolvimento rural integrado; o desenvolvimento sustentável, que
sofreu grande influência do Banco Mundial; e por fim as diversas contri-
buições teóricas de desenvolvimento local, cujo pressuposto é o desenvol-
vimento endógeno.
Seguindo esses momentos, o artigo está estruturado em cinco partes,
além dessa breve introdução. No primeiro item, analisa-se o modelo de-
senvolvimentista e a influência cepalina nos primeiros anos de atuação
da Sudene. No segundo item, procura-se compreender a importância dos
incentivos e a disseminação dos polos de desenvolvimento na economia
nordestina, dentro do contexto dos Planos de Desenvolvimento do período
autoritário. No terceiro item, faz-se uma retrospectiva de como a Sudene de
certa forma “abandona” o paradigma desenvolvimentista para assumir “o
novo paradigma do desenvolvimento sustentável”. No quarto item, é anali-
sada a importância do “local” e do desenvolvimento endógeno. Por fim, são
feitas algumas considerações finais.
286 Sudene
que o poder de compra da região mais atrasada era cada vez menor em
relação ao da moderna”180 (CARVALHO, 2001).
Para tirar a região da estagnação em que se encontrava, o GTDN apon-
tava como condição sine qua non a necessidade de profunda transformação
agrária e agrícola, além da industrialização. O desenvolvimento só seria
factível mediante a diversificação da produção interna, ou seja, por meio da
industrialização. Como assinala o documento,
180. Com relação a esse ponto, Cano (1985:18-19) faz uma importante crítica. Segundo o
autor, “a concepção ‘Centro-periferia’ só é válida quando aplicada ao relacionamento entre
estados-nações politicamente independentes, e não entre regiões de uma mesma nação, onde
a diferenciação de fronteiras internas não pode ser formalizada por medidas discriminatórias
de política cambial, tarifária e outras, salvo aquelas relacionadas às chamadas políticas de
incentivos regionais”. Nesse sentido, o GTDN se equivoca ao tentar transpor para os marcos
da região Nordeste uma política cepalina de industrialização orientada para a substituição de
importações no marco nacional, “tentando compensar, precariamente, através de incentivos
fiscais, a inexistência de fronteiras políticas regionais lastreadas por dispositivos alfandegários
ou fiscais protecionistas ao Nordeste” (CANO, 1985:21).
Sudene 287
Em uma época onde se generalizavam as teses de vinculação da questão
do subdesenvolvimento ao imperialismo e de predominância da economia
agrária sobre a industrial, não foi muito difícil a transposição do discurso
cepalino como eixo explicativo dos desequilíbrios regionais. As análises que
balizaram a discussão internacional da deterioração das relações de troca
foram tomadas, em muitos aspectos, como enfoques que permitiam o en-
tendimento das relações entre “economias industrializadas” e “economias
agrícolas” como relações colonialistas (teoria de “imperialismo sanguessu-
ga”). Segundo Diniz Filho e Bessa (2006),
288 Sudene
que, mesmo assim, ainda cumpriu por vários anos papel im-
portante na industrialização da região” (LYRA, 2007).
Cabe salientar, por fim, que a maior crítica que se faz ainda hoje em re-
lação à visão industrializante (com vistas a criar um centro manufatureiro
autônomo), oriunda do GTDN e defendida pela Sudne, é não ter percebido
que as possibilidades de implementação de um modelo de industrialização
no Nordeste naqueles moldes, dentro de um contexto de crescente inserção
da economia brasileira na economia capitalista mundial, eram bastante re-
motas, senão impossíveis. A esse respeito afirma Cano (2000, p. 113-114):
Sudene 289
de 1972, a estratégia de desenvolvimento regional brasileiro passou a ficar
atrelada à estratégia dos Planos Nacionais de Desenvolvimento (PNDs), que
tinha por base a criação de condições para a intensificação do processo de
integração inter-regional, através do Plano de Integração Nacional (PIN), e
do Programa de Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agropecuária do
Norte-Nordeste (Proterra).181
Essas mudanças começaram a se conformar no I PND (1972-1974), que
representou uma mudança na concepção do papel da agricultura no desen-
volvimento econômico do País, com reflexos diretos sobre a questão agrá-
ria. Isso se deveu ao abandono da ideia de se resolver o “problema agrário”
e à substituição da estratégia de desenvolvimento regional global por uma
estratégia de polos de desenvolvimento182 (VIEIRA, s./d.).
Em meados da década de 1970, o quadro apresentado pela economia
nordestina era bastante diverso daquele dos anos 1960, quando os incenti-
vos fiscais foram instituídos. O Nordeste, agora atrelado economicamente
às áreas mais industrializadas do País, dando continuidade a um processo
que iniciara no início da década de 1960, passa a acompanhar o dinamismo
do restante da economia brasileira.183
A fase do auge do “Milagre Econômico” (1967-1973) chegara ao fim. Os
setores que haviam impulsionado o crescimento já haviam perdido fôlego,
acarretando, assim, o arrefecimento da atividade econômica. O cenário in-
ternacional, por sua vez, era bem mais preocupante: havia eclodido o pri-
meiro choque do petróleo, e a economia mundial sofria suas consequências
(CARVALHO, 2001).
É nesse contexto que se dá início à passagem para uma nova fase da eco-
nomia regional, principalmente com o surgimento do II Plano Nacional de
Desenvolvimento (II PND), de 1974. O II PND tinha como principal objetivo
completar a matriz industrial (intersetorial) do País e diminuir a dependên-
cia externa, além de possibilitar uma maior complementaridade inter-re-
gional. Em relação ao Nordeste, uma característica marcante do II PND é a
visão de industrialização diferente do GTDN. Enquanto o GTDN, dentro da
visão Cepalina, propunha o fechamento do elo produtivo, com a produção,
181. O objetivo desse Programa era favorecer o deslocamento dos “excedentes” populacionais,
especialmente nordestinos, para a nova fronteira agrícola localizada no Norte e no Centro-
Oeste, com vistas a diminuir as pressões decorrentes da grande concentração de terras na
região, para preservar a secular estrutura fundiária do Nordeste.
182. A estrutura fundiária deixa de ser apresentada como um dos gargalos do processo de
desenvolvimento nacional, abolindo-se a reforma agrária como elemento estratégico das polí-
ticas de desenvolvimento.
183. É a fase em que o processo de “Integração Produtiva” se completa, e vão deixando de
existir economias regionais, para surgirem economias nacionais regionalmente localizadas
(OLIVEIRA, 1981; ARAÚJO, 1995a).
290 Sudene
inclusive, de bens de capital na região, o II PND procura integrar o Nordeste
à base produtiva nacional, ou seja, procura a complementaridade da econo-
mia local à economia do País. Uma de suas preocupações era incrementar
o crescimento do produto nacional e regional, mas aproveitando os tipos
específicos de produto que a região pudesse oferecer. A região, dessa forma,
deixa de ser vista como elemento autônomo, e passa a ser encarada como
parte integrante à economia nacional (CARVALHO, 2001).
Em nível regional, o II PND, que trazia embutido dentro de si a ideologia
do “Brasil Potência”, inseriu alguns princípios que visavam à maior integra-
ção dos diversos espaços regionais. Assim, o referido plano estabeleceria
dois elementos novos à estratégia de intervenção do Estado no Nordeste: da
perspectiva agrícola, foram criado os Programas Especiais, voltados para o
desenvolvimento rural integrado de áreas selecionadas, cujo objetivo maior
era a transformação da agropecuária nordestina nos moldes de uma mo-
dernização conservadora; e, da perspectiva industrial, seria estimulada a
instalação de Complexos Industriais na região,184 cuja ideia ganhara força
no Brasil na segunda metade dos anos 1960.
Com relação aos Programas Especiais, foram concebidos de forma cen-
tralizada, fora do âmbito do planejamento regional, que tinha como ór-
gão coordenador a Sudene, o que reflete o aumento do poder central e
a crescente marginalização da Sudene nos processos de decisão. Eviden-
ciam, também, a tendência a tratar as questões do Nordeste a partir da
agropecuária (TAVARES, 1989).
Esses Programas Especiais contemplavam inúmeras áreas periféricas do
território nacional. Ou seja, enquadram-se na nova estratégia de ação do
governo federal com respeito às “questões regionais” do País, as quais en-
fatizavam a necessidade de promover o processo de integração econômica
e social do espaço brasileiro, e não mais a redução das desigualdades re-
gionais.
No Nordeste, os principais foram o Programa de Áreas Integradas do
Nordeste (PoloNordeste) e o Programa Especial de Apoio ao Desenvolvi-
mento da Região Semiárida do Nordeste (Programa Sertanejo), ambos re-
cebedores de recursos do Proterra. O Projeto Sertanejo tinha por objetivo
estimular o desenvolvimento das áreas secas do Nordeste. Quanto ao Polo-
nordeste,
184. Uma vez que o II PND projetava o crescimento industrial baseado nos setores de insumos
básicos e de bens de capital, os grandes complexos regionais, nacionalmente integrados, pas-
sam a ter um papel destacado.
Sudene 291
tração dos investimentos em determinados espaços considera-
dos estratégicos (VALLE, 1977), expressando uma estratégia
de criação de “polos de desenvolvimento” regionalmente arti-
culados” (VIEIRA, s./d.).
292 Sudene
(PERROUX, 1974). Esses polos estabeleceriam relações com outros espaços
polarizados mediante a estruturação de sistemas de transportes e comuni-
cações, estruturando “eixos” de desenvolvimento. Com isso, procurava-se,
por meio dos investimentos nas áreas delimitadas, produzir efeitos irradia-
dores na economia regional.
Do ponto de vista teórico, acreditava-se que o desenvolvimento de re-
giões menos desenvolvidas seria possível de ser obtido com a implantação
de empreendimentos de grande porte, que ancorassem o desenvolvimento
posterior de uma cadeia produtiva mais ampla e adensada. Para a atração
desses investimentos preconizava-se a concessão de benefícios fiscais (como
foi o caso do Finor no Nordeste) (SICSÚ; LIMA; SILVA, s./d.).
Os polos de desenvolvimento lograram alcançar expressivos níveis de
crescimento de produtividade e incremento tecnológico, mas os efeitos pro-
pagadores esperados para o restante da economia regional pouco se fize-
ram sentir. Ao contrário, as desigualdades espaciais foram mantidas e, em
muitos casos, até aprofundadas, e agravou-se a concentração de renda.
Não obstante o fator indutor dos investimentos no Nordeste ter sido, em
princípio, determinado pela volumosa cesta de benefícios concedidos ao
capital, as decisões de continuar investindo na região foram mudando gra-
dualmente, passando a ser definidas em função das novas alternativas que
surgiam com o desenvolvimento do processo de acumulação de capital nos
distintos setores dos vários espaços regionais (ALMEIDA; ARAÚJO, 2004).
Nesse processo, a industrialização do Nordeste, antes programada para
ser funcional ao mercado regional, inverteu-se completamente, passando a
ter concatenação direta com o sistema nacional. Segundo Moreira (1979,
p. 84),
Sudene 293
das fontes de recursos naturais existentes nessas áreas, ou mesmo para tirar
proveito de algumas vantagens locacionais que lhes permitissem obter altas
taxas de lucro (ALMEIDA; ARAÚJO, 2004).
Em essência, quando se analisa a evolução e o aperfeiçoamento da le-
gislação do sistema de incentivos no Nordeste, constata-se que ocorreu um
“desvio” desse mecanismo, no sentido de se transformar cada vez mais num
instrumento de indução intencional de capitalização de grandes empresas
privadas, notadamente para as empresas do Sudeste do País (ALMEIDA;
ARAÚJO, 2004).
Nesse sentido, a Sudene se evidenciaria como instrumento da “naciona-
lização do capital”, à medida que se generalizava no Nordeste uma forma
de reprodução originariamente estruturada no Sudeste. Assim, a Sudene –
inicialmente concebida tendo como um de seus propósitos criar condições
de desenvolvimento “autônomo” baseadas no desenvolvimento de uma in-
dustrialização regional – transforma-se, contraditoriamente, em um meca-
nismo de destruição acelerada da própria “economia regional” nordestina,
no contexto do movimento de integração mais amplo (OLIVEIRA, 1977;
DINIZ FILHO; BESSA, 2006).
Os desdobramentos da política implantada pela Sudene no período de
regulação autoritária consolidaram o processo de integração daquela área
ao restante do País. A presença de empresas estatais na montagem de im-
portantes parques industriais e o afluxo de investimentos privados origina-
dos do Centro-Sul, atraídos pelos ganhos garantidos mediante incentivos
fiscais, incidiram de forma decisiva no processo de modernização regional
imposto pelo regime militar (DINIZ FILHO; BESSA, 2006).
Embora tenham tido resultados concretos em termos de ampliação da
estrutura produtiva, essas experiências têm sido alvo de muitas críticas,
principalmente devido aos altos custos, e aos benefícios insuficientes em
termos sociais e mesmo econômicos. Isso porque os ganhos registrados não
foram maximizados, em parte pela falta de uma estratégia mais bem apri-
morada de definição de prioridades com base no adensamento de cadeias
produtivas, ou de foco em determinados segmentos industriais mais utiliza-
dores de mão de obra e de outros recursos com maior abundância relativa
nessas regiões. Além disso, a falta de uma estratégia mais bem-definida de
desenvolvimento tecnológico levou à dependência de tecnologias importa-
das e um baixo dinamismo.
Em boa parte em função desses resultados insatisfatórios e também em
virtude de mudanças nos métodos e processos produtivos observados, como
em algumas regiões da Terceira Itália, o planejamento do desenvolvimento
econômico vem passando por uma reorientação em termos de objetivos,
294 Sudene
mas também de métodos. Nesse sentido, tem incorporado mais intensa-
mente as instâncias locais e as atividades de menor escala. Isso reflete
também uma maior democratização das sociedades capitalistas, inclusive
das chamadas de industrialização retardatária. Com isso diferentes atores
sociais passaram a ter um pouco mais de acesso aos níveis decisórios, até
mesmo por conta da reorientação dos estados nacionais e da descentraliza-
ção do poder da instância federal para as estaduais e municipais (SICSÚ;
LIMA; SILVA, s./d.).
Não se pode negar que houve avanços e desenvolvimento, ainda que
restrito, mas os seus frutos foram altamente concentrados, dependentes
de uma forte participação estatal e com uma grande exclusão social. Não
houve o “natural” espraiamento dos frutos do progresso que se esperava
automático, segundo a teoria dos Polos de Desenvolvimento (SICSÚ; LIMA;
SILVA, s./d.).
Como diretriz de desenvolvimento do Estado, o discurso regional de
extração cepalina tornou-se hegemônico até meados da década de 1960,
quando as forças militares reequacionaram a discussão territorial no País
com a adoção de políticas de desenvolvimento regional assentadas nos
preceitos da “ciência regional”. Então, rapidamente foram difundidos pro-
gramas voltados para a difusão do desenvolvimento em torno dos centros
dinâmicos do País e seus “polos de desenvolvimento” (COSTA, 1988).
Pressupondo que as economias regionais não possuíam motivações inter-
nas capazes de promover a diversificação de suas estruturas produtivas, as
inovações industriais do Centro-Sul agiriam favoravelmente no processo
de crescimento econômico em todo o País. Como um grande mercado con-
sumidor de insumos e alimentos, os estados de industrialização mais avan-
çados assegurariam uma condição estável para o crescimento das regiões
onde fossem capazes de capitanear os benefícios advindos das relações de
complementaridade (DINIZ FILHO; BESSA, 2006).
Neste sentido, em contraste com a teoria cepalina, a perspectiva da “ci-
ência regional” aceitava a diferenciação centro-periferia como uma mani-
festação natural do desenvolvimento (CORREA, 1986).
As políticas de desenvolvimento deveriam orientar uma diferenciação
hierarquizada do processo de integração nacional, não constando da agen-
da do Estado a superação das disparidades proporcionadas pelo desenvol-
vimento desigual, mas antes orientar o fortalecimento da articulação inter-
regional do mercado interno. Nessa ótica, o processo de integração passa a
ser equacionado através de projetos de ampliação das fronteiras econômicas
internas, passando ao largo da preocupação redistributiva do regionalismo
da década de 1950 e dos discursos que apontavam planos de confronto en-
Sudene 295
tre o Centro-Sul e o Nordeste. Aqui, a região é menos uma identidade bus-
cada no confronto de forças sociais determinadas dentro de um campo de
luta ideológica ricamente politizado, do que um espaço geográfico reificado
pela tecnocracia estatal dentro das novas diretrizes impostas pelos órgãos
de planejamento no País e na construção do “Brasil Potência”. No fundo,
com o estreitamento do campo democrático, a despolitização da “questão
regional” tem como base a negação dos pressupostos políticos da discus-
são cepalina, buscando pontuar o processo de integração que passa pela
separação da “questão das disparidades regionais”, da “questão regional”
e da “questão nordestina” em esferas de discussão bastante diferenciadas
(DINIZ FILHO; BESSA, 2006).
296 Sudene
ses periféricos do capitalismo mundial, isso significou a perda de autonomia
quanto à formulação de suas próprias estratégias de desenvolvimento, ou
seja, a transferência das decisões sobre as políticas econômicas do Estado
nacional para instâncias externas, especialmente financeiras. No Brasil, a
consequência mais imediata foi a crise do Estado desenvolvimentista, cujo
modelo de desenvolvimento modernizara a economia e a sociedade brasi-
leiras (VIEIRA, 2003).
Como consequência, verifica-se, também no Nordeste, uma mudança
no paradigma de desenvolvimento regional, que até então seguia o modelo
desenvolvimentista. Em seu lugar, surge o que tem sido chamado de “novo
paradigma de desenvolvimento sustentável”.
Essa mudança de paradigma deu-se nos primeiros anos da década de
1990, principalmente a partir da elaboração do Projeto Áridas, e está as-
sociada à nova estratégia de liberalização e desregulamentação econômica
dos governos dos países desenvolvidos. Essa nova estratégia foi colocada
em prática, no campo político, por meio dos organismos internacionais
(como a ONU), no campo do financiamento, pelos de organismos financei-
ros (como o Banco Mundial), e no campo econômico, mediante a ação das
grandes corporações econômicas internacionais e do grande capital rentista
(VIEIRA, 2003).
Tal estratégia coaduna-se com as exigências de ajustamento da estrutura
e das políticas do Estado, cuja implicação mais significativa é a perda da
capacidade do Estado de atuar como agente político e econômico contra as
contradições engendradas pelo livre-mercado. Uma de suas consequências
mais imediatas foi o abandono progressivo das políticas de industrializa-
ção e modernização que marcaram a ação do Estado, no Nordeste, desde
a década de 1960, através das políticas de desenvolvimento industrial da
Sudene (VIEIRA, 2003).
Nesse processo, o Banco Mundial e seu discurso de combate à pobreza
tiveram grande influência. Segundo o Banco Mundial, a pobreza era a prin-
cipal geradora da degradação ambiental, configurando-se como a principal
variável que explica o crescimento dos problemas ambientais.
Nos relatórios de 1990 e 1992, conjugaram-se dois pontos centrais que
foram o fundamento da estratégia de desenvolvimento proposta pelo Banco
Mundial para os países “em desenvolvimento”, e que determinaram a lógica
dos programas financiados pelo BIRD a partir da década de 1990: combate
à pobreza e desenvolvimento local. Ou seja, a relação entre sustentabilidade
ambiental e desenvolvimento só pode se realizar pelo combate à pobreza.
Ressalte-se, ainda, que o elemento central da estratégia de desenvolvimento
sustentável é a participação das comunidades locais. Não é à toa, portanto,
Sudene 297
que o combate à pobreza e o desenvolvimento local aparecem como partes
essenciais do conceito de desenvolvimento sustentável.185
No Nordeste, três iniciativas devem ser destacadas. No início dos anos
1980, foi criado o Programa de Desenvolvimento Rural do Nordeste, que
gerou, em 1985, o Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural do Nor-
deste (PAPP), o qual tinha como preocupação “diminuir o grau de pobreza”
na zona rural (SUDENE, 1990, p. 2), ainda se enquadrando, pelo menos
até 1993, na categoria de programa de desenvolvimento rural. Depois, foi
redefinido no âmbito da nova estratégia centrada nas duas linhas mestras
das políticas do BIRD hoje: “desenvolvimento comunitário e alívio à pobre-
za” (VIEIRA, s./d.).
Em 1991, foi criada, no Congresso Nacional, a Comissão Especial Mista
sobre “Desequilíbrio econômico inter-regional brasileiro”, cujo objetivo foi
fazer um balanço das ações do Estado no desenvolvimento regional e pro-
por ações que superassem os “desequilíbrios” regionais. Essa comissão pro-
duziu um relatório cujas conclusões gerais apontavam para a necessidade
de uma reorientação estratégica para o desenvolvimento regional. Segundo
Vieira,
185. A conjuntura da década de 1980 foi marcada pela crise da dívida, pelo consequente
esgotamento do Estado desenvolvimentista no Brasil, por forte crise econômica e descontrole
inflacionário. Devido às limitações financeiras causadas pelo comprometimento fiscal com o
pagamento dos serviços da dívida, os financiamentos de organismos como o Banco Mundial
acabaram constituindo uma necessidade para a preservação do modelo que estava sendo ges-
tado. A presença das agências de financiamento externo (BIRD e BID) nas políticas de desen-
volvimento no Nordeste, desde então, tornou-se cada vez maior, especialmente a partir do
início da década de 1990 (VIEIRA, s./d.).
298 Sudene
Áridas”, um dos pontos que distinguem o novo modelo (desenvolvimento
sustentável) do anterior (desenvolvimentista) diz respeito à compreensão
do desenvolvimento como um “processo global”, em contraponto à visão
desenvolvimentista, que era economicista e exclusivamente voltada para o
crescimento econômico.
Para o “Projeto Áridas”, o combate à pobreza e a participação da so-
ciedade justificam a própria elaboração da nova estratégia, que pressupõe
uma integração das ações políticas, da gestão e do controle social e exige
uma adequação institucional.
É nesse contexto de redefinições estratégicas que se verifica uma ade-
são generalizada, por parte dos governos estaduais nordestinos, ao novo
paradigma de desenvolvimento, a partir de 1995, com a adoção de planos
estaduais de desenvolvimento sustentável (que seguem o modelo proposto
pelo Projeto Áridas e que têm, no combate à pobreza, o objetivo justificador
de toda a política de desenvolvimento) (VIEIRA, s./d.).
A partir de então, a Sudene, que fora uma das diversas instituições que
trabalhar na elaboração do Projeto Áridas, passa a adotar o paradigma do
desenvolvimento sustentável, não apenas no sentido “ambiental”, mas tam-
bém no sentido da “sustentabilidade”.
Sudene 299
e da renda do local ou da região. O diferencial desse processo está no fato de
que passa a ser estruturado pelos próprios atores locais, e não mais pelo pla-
nejamento centralizado; assim, a base de decisões autônomas por parte dos
atores locais amplia-se. Ainda de acordo com Amaral Filho (1999):
187. Essa visão é incorporada por diversas instâncias públicas e instituições preocupadas com
o tema do desenvolvimento, a exemplo do Banco Mundial, do BID e da ONU.
300 Sudene
O Programa Regional de Desenvolvimento Local e Sustentável, consi-
derado uma inovação na região e nas políticas implantadas pela Sudene,
utilizou uma metodologia baseada no desenvolvimento local sustentável,
identificando as potencialidades de cada município e investindo em expe-
riências bem-sucedidas de geração de emprego e renda. Para a Sudene e
o PNUD, a participação da comunidade, por meio de organizações sociais,
sindicatos e cooperativas, foi considerada essencial para seu pleno desen-
volvimento (CARVALHO, 2001).
Em relação à questão industrial, passa-se a argumentar que concentra-
ções geográficas de empresas relacionadas potencializariam a geração de
externalidades provenientes da maior possibilidade de cooperação, redução
dos custos de transação, compartilhamento de experiências e difusão de
inovações tecnológicas e organizacionais.
A problemática industrial, que se manifesta nas propostas de fortaleci-
mento de empresas de menor porte e no estímulo ao desenvolvimento de
clusters, APLs e redes de empresas, perde a primazia como instrumento de
apoio ao desenvolvimento regional, surgindo envolta nos processos de for-
talecimento do potencial endógeno. O foco da ação do Estado desloca-se do
estímulo à constituição de um polo de produção capaz de desencadear um
processo expansivo, para a criação de um entorno atraente à maior articu-
lação entre agentes, recorrendo à transposição de experiências exitosas e à
generalização de metodologias de fomento ao capital social.
Partindo do pressuposto de que os custos associados à implementação
de uma política industrial descentralizada concebida nacionalmente são
elevados e seus resultados são poucos e pontuais, o governo federal passa
a apostar no estímulo ao empreendedorismo e na construção de uma am-
biência local propícia a iniciativas produtivas, como estratégia de desenvol-
vimento regional, praticamente excluindo da agenda instrumentos de peso
destinados a apoiar processos de desconcentração produtiva.
Essa abordagem sugere que o novo padrão de desenvolvimento pode ser
construído em âmbito local, dependendo, acima de tudo, “da força de von-
tade dos agentes empreendedores, que mobilizariam as potências endóge-
nas (ocultas e/ou reveladas) de qualquer localidade” (UDERMAN, 2008).
Entretanto, a atribuição de um papel ativo à região e seus agentes, e os
avanços que representam as iniciativas que visam a articular interesses e
potencialidades locais em benefício de uma estratégia de desenvolvimento
endógena e sustentável muitas vezes esbarram no exagero de propostas que
negligenciam questões de caráter estrutural e histórico, e conferem pouca
importância ao ambiente externo, assumindo uma visão excessivamente
simplificada e fragmentada da realidade. Nesses casos, as soluções consi-
Sudene 301
deradas mais eficientes para o estabelecimento de uma rota de desenvol-
vimento local consistem, paradoxalmente, em tentar replicar experiências
exitosas identificadas em outros espaços, desconsiderando justamente as
características e os condicionantes de cada situação específica (UDERMAN,
2008).
Uderman (2008), analisando o relatório do “Estudo de Atualização do
Portfólio dos Eixos Nacionais de Integração de Desenvolvimento”, afirma
que o mesmo reconhece que:
302 Sudene
um modo geral, a ausência de uma institucionalidade apropriada aos obje-
tivos de articulação localizada de atores diversos e/ou a carência de recur-
sos econômicos obstruem os processos de mobilização local ou impedem a
sua conversão em processos de desenvolvimento sustentáveis.
Outro ponto a ser levantado é que a dissociação entre a mobilização de
recursos locais e as políticas macroeconômicas e setoriais limitam o poten-
cial de transformação das iniciativas de APLs, que muitas vezes assumem
uma visão fragmentada da realidade, conferindo excessivo poder aos agen-
tes locais e à sua capacidade de sustentar processos de desenvolvimento
endógenos. Isso se deve ao “localismo exacerbado”, que restringe as alter-
nativas de planejamento e limita os instrumentos de intervenção utilizados,
estreitando as possibilidades de transformação estrutural que poderiam
decorrer de sua inserção em projetos de desenvolvimento regionais e na-
cionais. Assim, a excessiva valorização do local muitas vezes minimiza a
importância de um projeto nacional de superação do subdesenvolvimento,
que pressupõe transformações estruturais vinculadas a uma ação incisiva
do Estado e de unidades produtivas dominantes, fortemente influenciada
pelos movimentos do capital no plano internacional.
Ademais, o propósito de fortalecimento produtivo local distancia-se,
sobretudo nas áreas mais carentes, de uma política de desenvolvimento
econômico estruturante, podendo não se configurar sua sustentabilidade
(UDERMAN, 2008).
Considerações finais
Ao longo de quase meio século de políticas regionais no Nordeste brasilei-
ro, muita coisa foi feita, algumas deram certo, outras não, outras tiveram
resultados abaixo do esperado. A Sudene tentou, apesar do processo de
desgaste e enfraquecimento por que passou, fazer uma política de caráter
desenvolvimentista, que proporcionasse maior inclusão social e diminuição
das desigualdades interpessoais e inter-regionais de renda. Entretanto, ape-
sar de haver conseguido modificar fortemente sua estrutura produtiva, não
foi bem-sucedida em termos sociais.
Depois de seis anos fora do cenário nacional e regional, a Sudene retor-
nou, agregando à sua concepção de desenvolvimento original novas con-
cepções de política regional. Espera-se, com isso, que os erros do passado
não sejam cometidos outra vez e que o Nordeste entre definitivamente em
outro patamar de desenvolvimento.
Sobre as políticas públicas de apoio a arranjos produtivos locais, a Supe-
rintendência continua investindo, assim como a de incentivos produtivos.
Sudene 303
Não se deve perder de vista, entretanto, que regiões como o Nordeste bra-
sileiro são muito heterogêneas e estão em um estágio de desenvolvimento
muitas vezes bastante inferior aos parâmetros internacionais.
Diante disso, a compreensão da nova Sudene, nesse seu início, é que as
políticas de apoio a APLs, sem os papéis tradicionais do Estado na atração
de empresas, na formação de infraestrutura básica, na universalização e
melhoria do ensino formal e na saúde pública vai estimular a economia,
mas este estímulo não será sustentável, e a região continuará dependente
da manutenção da política.
Isso significa que a saída que está sendo buscada tenta conciliar os dois
tipos de política, uma vez que a forma antiga de atuação ainda é necessária
para a economia nordestina, por ser a que cria os pré-requisitos para que as
políticas de estímulo a arranjos produtivos sejam sustentáveis (CAMPOS;
LIMA, s./d.).
Com isso, argumenta-se que o apoio a arranjos produtivos locais deve ser
utilizado para potencializar os efeitos das políticas tradicionais.
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306 Sudene
Trajetórias tecnológicas como objeto de política
de conhecimento para a Amazônia: uma
metodologia de delineamento188
1. Introdução
A relação entre o conhecimento, em particular o conhecimento técnico
apropriado no processo produtivo, e as características atuais e possibilida-
des futuras de desenvolvimento de base agrária na Amazônia tem mere-
cido uma rica reflexão entre policy makers e advisers em posições relevan-
tes no campo científico e tecnológico que têm a região como uma de suas
referências. Partindo do reconhecimento de que as dinâmicas observadas
configuram um desenvolvimento baseado em produtividade espúria (FAJN-
ZYLBER, 1988) “...que leva a uma progressiva depreciação da mão de obra
local, a um esgotamento acelerado da base de recursos naturais e a uma de-
gradação ambiental contínua dos ecossistemas” (EGLER, 2006), se observa
a necessidade de uma mudança na atitude do Estado Nacional, alterando
sua abordagem em relação à região, daquela atual, que a considera uma
“economia de fronteira” (BECKER, 2005a; BECKER, 1995) para outra que
a trate como uma “fronteira do capital natural” (BECKER, 2005b) – do que
faria parte uma revolução científico-tecnológica (BECKER, 2007).190
188. Trabalho realizado com o apoio do CGEE, posto que resultou de texto escrito por sua
solicitação (ver Costa, 2006). O trabalho se beneficiou extraordinariamente dos comentários
de Diógenes Alves do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Foram também de
extraordinária valia os comentários e recomendações de três pareceristas anônimos, aos quais
agradeço enfaticamente.
189. Professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico
Úmido (PDTU) do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) e dos Programas de Pós-
Graduação em Economia (PPGE) e de Ciências Ambientais da Universidade Federal do Pará
(UFPa). Pesquisador Associado da RedeSist, do Instituto de Economia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (IE/UFRJ). Visiting Fellow at the Centre for Brazilian Studies (CBS), Uni-
versity of Oxford, UK.
190. Essas noções estão aplicadas aqui nos significados utilizados pela geógrafa Berta Becker,
para quem a “economia de fronteira” representa um padrão exportador de matérias-primas
valorizadas no mercado externo, cujo crescimento, lvisto como linear e infinito, se faria através
da incoporação de terra e produtos naturais (BECKER, 2005:4001); uma “fronteira do capital
natural” seria um território onde “eldorados naturais” com grande disponibilidade de recursos
1.1. Questionamento
As decisões orientadas por tais disposições portam riscos relevantes. É que
sua efetivação implicará em grandes rupturas – no que se refere às matrizes
de conhecimento, no que se refere ao portfólio tecnológico disponível, no
que se refere à cultura institucional dominante e, por fim, mas de modo al-
gum menos importante, no que se refere às concepções subjetivas de mun-
do e devir. Entre uma sociedade baseada em economia de fronteira e uma
vitais para a vida humana – o ar, a água, a biodiversidade – estariam sofrendo tensões que le-
variam ao processo de mercantilização, à transformação de bens da natureza em mercadorias
(BECKER, 2005:74-77).
191. A “ciência moderna” é industrialista porque “...se desenvolve sob o signo da instrumeta-
lização e apropriação da natureza; esta é vista como passível de dominação racional e técnica
pelo homem (MOREL, 1979).
192. Daqui por diante esta será uma referência recorrente. Com ela se pretende designar o
conteúdo empírico do tipo de informação relativa à produção disponível no Censo Agrope-
cuário, que é o valor agregado da produção classificada por origem: se produção animal ou
vegetal, e, no interior da primeira, se da pecuária de grande, de médio e pequeno porte; no
interior da segunda, se de plantios de culturas temporárias, permanentes, silvicultura etc.
Não seria errado presumir, desde o início, que por trás desses conjuntos de produtos sob essas
classificações encontram-se sistemas ou subsistemas de produção – presumimos, portanto,
sistematicidades a priori desses conjuntos de produtos, per si, a serem integradas nos sistemas
maiores pelas trajetórias que pretendemos delinear. Todavia, não explicitaremos tal presunção
até dar outros passos na investigação que nos permitam qualificar melhor os grupos de pro-
dudtos e, por essa via, aprender mais sobre natureza e forma dos sistemas que eventualmente
representem ou integrem.
Fonte de in-
ção privada
Compensa-
vestimento
ticipação na trajetória subjacente
relevante
atributos
positiva
Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y
YB B BPC .YPC B BPL .YPL B BPM YPM B BPP .YPP B BCP .YCP B BCT .YCT B BCH .YCH B BCS .YCS B BFM .YFM B BFN .YFN
(1)
Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y
YL B LPC .YPC B LPL .YPL B LPM YPM B LPP .YPP B LCP .YCP B LCT .YCT B LCH .YCH B LCS .YCS B LFM .YFM B LFN .YFN
(2)
I I I I I I I I I I I
I F B FPC .YPC B FPL .YPL B FPM YPM B FPP .YPP B FCP .YCP B FCT .YCT B FCH .YCH B FCS .YCS B FFM .YFM B FFN .YFN B FC .C I
(3)
193. A rigor, as regressões especificadas pelas funções de tipo (1) produzirão betas necessaria-
mente positivos dado que os valores estatísticos da variável dependente são totalizações das
variáveis independentes.
325
Cargas fatorias (primeiros cinco fatores
326
Coef. Variáveis Dependentes Atributos dos grupos de produtos1
Classe do ou componentes principais)
Grupos de β
YB YL I Social- Compensa- Grupo de
produtos Fonte de in-
j mente cão privada Produtos C1 C2 C3 C4 C5
1 2 3 vestimento
i relevante1 positiva1
Forma de Produção Camponesa
Ext. não
1 0,156a 0,186a -0,079a V V (1,19) F G2 0,275 0,746 -0,009 0,607 -0,011
madeireiro
Ext. madei-
2 0,178a 0,200a -0,038a V V (1,12) F G2 0,067 0,580 0,737 -0,334 0,014
reiro
Cult.Tempo-
3 0,478a 0,581a -0,082a V V (1,22) F G2 0,674 0,393 -0,440 -0,296 0,320
rárias
a a
Pec. Suínos 4 0,022 0,017b 0,210 F V (0,77) V G5
Pec. Corte a
5 0,152a 0,085a 0,258 V V (0,56) V G1 0,788 -0,408 0,267 0,155 0,219
bovina
Pec. Leite e
6 0,215a 0,223a 0,416a V V (1,04) V G1 0,810 -0,386 0,282 0,125 -0,061
matrizes
Cult. Perma-
7 0,225a 0,194a 0,184a V V (0,86) V G1 0,845 0,149 -0,223 -0,199 -0,399
nentes
a a
Silvicultura 8 0,005 -0,005c 0,065 F F (-1,00) V G6
Hortigran- b
9 0,058a 0,045a -0,026 F V (0,78) F G8
jeiros
c
Pec. Aves 10 0,097a 0,008c 0,020 F V (0,08) V G5
Crédito para
0,111a
Investimento
% Variância
R2 1,000a 0,994a 0,905a 42,1 23,2 15,6 10,8 5,2
(96,9)
Fonte: Censo Agropecuário 1995-1996.
Notas: a. Significativo a 0%; b. Significativo a 5%; c. Não significativo.
Para regressões com R2 = 1, os valores F e t são muito altos e a significância em consequência 0.
334
do VBP por mesorregiões e estados
Combinações (fatores) por forma de produção:
Localização Geográfica
Patronal Camponês Total
Estado Mesorregião C1 C2 C3 C4 C5 C1 C2 C3 C4 C5
Vale do Acre 3% 3% 4% 3% 6% 5% 3%
Acre
Vale do Juruá 1% 1% 1 2%
Norte do Amapá 2% 1% 1% 0%
Amapá
Sul do Amapá 5% 82% 1% 3% 5% 3% 3%
Centro amazonense 1% 11% 2% 3% 13% 15% 3% 2% 14% 9%
Norte amazonenense 8% 3% 1% 1%
Amazonas
Sudoeste amazonenense 3% 4% 5% 2% 6% 3%
Sul amazonense 1% 5% 4% 2% 11% 3%
Baixo Amazonas 1% 5% 18% 1% 3% 1 17% 3% 3% 5%
Marajó 3% 3% 17% 44% 14% 5%
Metropolitana de Belém 35% 7% 2% 6% 1 4%
Pará
Nordeste paraense 2% 14% 3% 12% 13% 26% 14% 6% 10%
Sudeste paraemse 31% 11% 20% 33% 7% 13% 8% 18% 15% 16%
Sudoeste paraense 5% 2% 2% 6% 1 5% 2% 4%
Leste rondoniense 7% 1 1 19% 33% 1% 8% 5% 4% 13%
Rondônia
Madeira-Guaporé 1% 3% 2% 2% 1% 3% 1% 1% 2%
Norte de Roraima 2% 12% 1% 2% 4% 3% 2%
Roraima
Sul de Roraima 1% 2% 1% 1% 1% 1%
Ocidental do Tocantins 47% 25% 2% 5% 14% 12%
Tocantins
Oriental do Tocantins 4% 13% 2% 2% 6% 3%
Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 1995-1996. Processamentos especiais do autor.
336
Combinações (fatores) por forma de produção:
Localização Geográfica
Patronal Camponês Total
Estado Mesorregião C1 C2 C3 C4 C5 C1 C2 C3 C4 C5
Vale do Acre 0,00 1,27 0,00 0,96 0,68 1,16 0,88
Acre
Vale do Juruá 4,11 1,32 0,02 0,27 0,33
Norte do Amapá 0,67 0,00 0,07 0,26 0,00 0,35
Amapá
Sul do Amapá 0,00 1,02 0,27 0,00 0,04 0,05 0,03 0,61
Centro Amazonense 0,40 1,00 1,96 15,17 0,23 0,11 0,24 0,14 0,21 0,52
Norte Amazonenense 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Amazonas
Sudoeste Amazonenense 0,55 0,36 0,01 0,13 0,15 0,44 0,22
Sul Amazonense 0,00 1,03 0,06 0,00 1,11 0,68 0,55
Baixo Amazonas 3,38 2,44 0,00 0,52 0,39 0,50 0,25 0,22 0,03 0,51
Marajó 0,18 0,31 0,04 0,02 0,08 0,06
Metropolitana de Belém 0,30 - 0,65 0,43 0,26 0,33
Pará
Nordeste Paraense 0,57 1,29 0,03 11,73 0,39 0,57 0,07 0,10 1,12
Sudeste Paraemse 0,89 18,44 1,83 0,33 0,89 1,61 0,53 0,59 0,87 1,44
Sudoeste Paraense 1,87 0,78 1,79 0,38 1,90 0,38 0,34 1,62
Leste Rondoniense 0,56 1,14 0,81 0,73 0,61 0,05 0,47 0,16 0,84 0,64
Rondônia
Madeira-Guaporé 1,58 0,57 3,65 6,44 0,77 0,95 0,26 1,86 3,21
Norte de Roraima 2,44 1,44 - 0,63 1,44 0,47 0,65 1,02
Roraima
Sul de Roraima 0,16 1,13 8,11 2,37 1,51 0,57 6,19 2,26
Ocidental do Tocantins 1,77 2,75 4,17 0,22 1,30 1,76
Tocantins
Oriental do Tocantins 2,63 1,92 2,30 2,01 0,68 0,71 1,59
Total 1,39 2,67 0,83 1,75 2,34 0,83 0,43 0,23 0,30 0,67 1,00
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 1995-1996. Processamentos especiais do autor.
1
Participação relativa do crédito obtido dividido participação relativa do VBP.
347
Trajetórias
348
Total (R$ 1.000)
Trajetórias / Características Camponês Patronal
T1 T2 T3 T4 T5 T6 1995 2004
Terras (R$ 1.000) 14% 3% 9% 73% 2% 0% 163.281 (100%)
Animais (R$ 1.000) 18% 3% 13% 63% 2% 0% 530.723 (100%)
Máquinas (R$ 1.000) 11% 3% 7% 55% 14% 10% 59.993 (100%)
Plantio de Permanentes
49% 16% 11% 18% 6% 0% 52.792 (100%)
Investimentos (R$ 1.000)
Plantio de Silvicultura
7% 39% 4% 30% 2% 18% 12.626 (100%)
(R$ 1.000)
Outros (R$ 1.000) 27% 5% 14% 48% 6% 0% 424.104 (100%)
Total (R$ 1.000) 21% 5% 13% 57% 4% 1% 1.243.519 (100%)
Taxa de investimento (% da renda líquida) 7% 3% 7% 36% 19% 8% 12%
Área degradada associada à produção (terras
10% 3% 14% 71% 2% 0% 2.281.531 (100%) 4.621.296
produtivas não utilizadas)
Índice de Densidade Institucional (IDI) 0,73 0,38 0,67 1,63 2,67 0,83
T1 1,000 -0,060 -0,231 -0,026 0,133 -0,059
Camponesas T2 1,000 -0,209 -0,206 0,270 0,042
Concorrência entre T3 1,000 0,126 -0,203 -0,123
as Trajetórias (corre-
lações de Pearson) T4 1,000 -0,140 -0,104
Patronais T5 1,000 0,092
T6 1,000
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 1995-1996; levantamentos anuais de produção agrícola; processamentos especiais do autor.
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Marcelo Callado
1. Introdução
Embora figure entre as 15 maiores economias do planeta, o Brasil se des-
taca em diversos estudos comparativos internacionais como possuidor de
uma das piores estruturas de distribuição de renda do mundo. Esse fenôme-
no tem persistido até mesmo após o fim do longo período de alta inflação
das décadas de 1980 e 1990. O Brasil apresenta uma distribuição de renda
pior que 90% dos 120 países para os quais há dados sobre a distribuição
de renda (RAMOS; MENDONÇA, 2005). Por outro lado, a mesma fonte de
dados aponta o Brasil como um País que se coloca entre os 20% de renda
per capita mais elevada.
O fenômeno da existência de renda per capita relativamente elevada
coexistindo com grandes parcelas da população abaixo do nível de pobreza
exige uma explicação. Dado que a população tem uma dotação inicial de
ativos a priori, o resultado final da distribuição de renda dentro da socieda-
de dependerá de como a sociedade atua em torno dessa dotação inicial.
Em um primeiro momento podemos considerar que as políticas públicas
postas em prática pelo Estado são neutras com relação à dotação inicial de
ativos. Assim, membros da sociedade com muitos ativos podem administrá-
los de forma a receber os retornos correspondentes à posse desses ativos.
Caso o Estado tenha políticas públicas que procurem modificar a dota-
ção inicial de ativos da sociedade, os resultados obtidos se dividem em duas
hipóteses.
Hipótese 1: o Estado pode atuar para melhorar a distribuição de renda
da sociedade, tentando combater a concentração de renda decorrente
de uma dotação inicial desigual.
2. Metodologia
O conceito de renda que se utiliza para verificar a divergência da renda
entre indivíduos ou regiões é a renda familiar per capita. A utilização da
família como o parâmetro para se medir a renda per capita foi feita devido
às grandes diferenças no potencial de captação de renda dentro de uma
família. Crianças, assim como idosos e pessoas com condições de saúde
especiais tendem a ter pouco ou nenhuma renda. A utilização da renda per
capita individual incluindo a renda desses grupos distorceria significativa-
mente o conceito de desigualdade de renda.
A partir do conceito de renda per capita parte-se para as medidas de de-
sigualdade de renda. Para isso é necessário explorar as medidas de média
e de dispersão em torno dessa média. A renda per capita é uma medida de
média aritmética das rendas das famílias das regiões a serem estudadas. A
medida de dispersão usada comumente para medir a distribuição da renda
per capita é o índice de Gini (ou Coeficiente de Gini). O Coeficiente do Índi-
ce de Gini é calculado a partir da Curva de Lorenz (ver figura abaixo), que
representa a freqüência da renda acumulada pelas parcelas da população,
começando pelas parcelas mais pobres até as parcelas mais ricas. A área da
figura representada pela área A será tanto maior quanto mais desigual for
à distribuição de renda. Uma renda distribuída igualmente entre todos os
indivíduos teria a área A igual a zero. O Coeficiente de Gini é dado por:
Coeficiente de Gini = A/(A+B)
onde, 0 ≤ A ≤ 1 e 0 ≤ B ≤ 1.
Duas distribuições de renda iguais podem mascarar situações de bem-
estar bem diferentes. O conceito de pobreza serve para diferenciar ambas
as situações. Isso ocorre porque em uma primeira situação pode-se ter a
maior parte da população em péssimas condições de bem-estar, ainda que a
sua distribuição de renda se iguale a outra população onde não há pessoas
pobres.
194. O modelo foi logaritmizado não só para suavizar o impacto de uma observação extrema
em alguma variável num determinado ano, como também para que a estatística R2 e os coefi-
cientes forneçam as elasticidades com relação à variável dependente.
195. Foi utilizado um Lag para a variável Índice de Gini. Dessa forma os dados de um deter-
minado ano são relacionados com o Coeficiente de Gini do ano anterior. O objetivo desse Lag
é eliminar a possibilidade de efeitos de multicolinearidade do Índice de Gini com relação as
demais variáveis dependentes.
A variável Escolaridade (ESC) foi relevante apenas em três das cinco re-
gressões expostas na Tabela 1. Nas três regressões em que a variável teve um
grau de significância anteriormente de 90% e 99%, a escolaridade influen-
Considerações finais
Tanto nas regressões mostradas na seção anterior quanto nas dispostas nos
anexos, a variável Escolaridade (ESC) mostra o sinal (com uma exceção) e
a intensidade previstas pela teoria para aumentar tanto a “renda absoluta”
quanto para diminuir a “renda relativa”, quando os mais pobres têm acesso
à educação. Com isso a discussão entre as diferenças de renda interpessoal
e inter-regional ganha um novo subsídio. Focar as políticas públicas na edu-
cação de todos os indivíduos, mas principalmente naqueles mais pobres,
parece trazer o melhor resultado possível tanto para questões de “renda
absoluta” quanto de “renda relativa”.
A discussão do trade-off entre se investir em regiões pobres ou em pes-
soas pobres para aumentar a “renda absoluta” e diminuir as diferenças de
“renda relativa” parece receber um novo impulso a partir do desempenho
do FPE sobre essas variáveis. A variável FPE parece empobrecer os estados
que recebem os seus recursos, pois é negativamente correlacionada com
POB e PIBpc. Embora a variável FPE diminua a desigualdade de renda, é
bastante comum na literatura encontrar economias estagnadas e com gran-
des percentuais de pobres que apresentam uma pequena desigualdade de
renda.
O FPE, portanto, parece ser o instrumento que contribui para o empo-
brecimento das pessoas nos estados pagadores líquidos de receitas fiscais
ao governo central. Ao mesmo tempo o FPE pode estar sendo usado para
o enriquecimento de pessoas já abonadas nos estados que são receptores
líquidos de receitas fiscais do governo central. Dessa forma a diferença da
renda inter-regional não está se modificando, enquanto a diferença de ren-
da interpessoal piora com o FPE.
Um importante indicado no sentido de mostrar que tipo de política pode
ser mais eficiente para aumentar a renda absoluta é o FPM. Nas regressões
múltiplas o FPM se mostrou não significante para as variáveis dependentes
do Coeficiente de Gini e PIB per capita. Entretanto, a variável é significante
com relação à redução da pobreza. A característica particular dos recursos
provenientes do FPM é que, ao contrário do FPE, ele não é condicionado à
renda do estado ou do município receptor. Com isso, o FPM é distribuído
em todo o País baseado apenas no contingente populacional dos municí-
pios. A sua capacidade de reduzir a pobreza talvez esteja nesse aspecto: os
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Anexos
Yves-A. Fauré
Introdução
A Guiana francesa, que se estende por uma superfície de 83.534 km2, está
situada entre o Suriname ao Oeste, que separa o rio Maroni, e o Brasil com
o qual a fronteira é marcada pelo rio Oyapock (ao Leste) e os montes Tu-
muc-Humac ao Sul. A sua população não ultrapassava os 200 mil habitan-
tes em 2006 de acordo com os dados oficiais. Consequentemente é ligeira-
mente povoada – densidade de aproximadamente 2 km2 contra 110 km2 na
França metropolitana196 – mas tem conhecido um importante crescimento
demográfico que dilui e mascara os progressos medidos pelos indicadores
econômicos e sociais.
Mais de 90% do território está coberto por uma floresta equatorial mui-
to densa notavelmente preservada. O interior do País é acessível apenas
– exceto por via aérea – pelos rios numerosos e largos, mas caracterizados
por uma sucessão de quedas d’água, o que complica a navegação. Devido
a estas condições naturais, boa parte da população, das atividades e das
infraestruturas localizam-se na região litorânea. A capital é Cayenne onde
se aglomera mais da metade da população.
A Guiana é uma região que sofre de grandes deficiências herdadas da
sua história197 e é confrontada nos tempos atuais com desafios importantes:
infraestruturas insuficientes, significativo crescimento demográfico, estrei-
teza da sua base econômica, entre outros. Ao mesmo tempo mostra, em
muitos domínios, uma melhoria da sua situação e dos seus resultados, por
198. Alguns organismos públicos franceses, e mesmo a União Européia, utilizam às vezes, o
termo de “regiões ultraperiféricas”.
199. Na maior parte dos casos, as regiões francesas são compostas de vários departamentos,
eles próprios compostos de municípios.
201. É importante lembrar, que o IDH inclui o PIB per capita – medido em paridade de poder
de compra para permitir comparações internacionais – e dados sobre educação (taxas de alfa-
betização e de escolarização) e sobre saúde (esperança de vida ao nascimento). Quanto mais
o índice se aproxima de 1 mais ele assinala um elevado grau de desenvolvimento, nos limites
medidos por esse instrumento.
202. O baccalauréat (ou Bac abreviado) é um diploma nacional, baseado principalmente em
um exame, que comprova o bom nível de estudos no ensino médio e abre acesso à universi-
dade.
205. O dispositivo regulamentar que permite os agrupamentos familiares dos migrantes expli-
ca em parte a manutenção desta proporção, dado que o fato migratório refere-se cada vez mais
às mulheres enquanto que, há 20 anos, tratava-se principalmente de homens. Esta proporção
de imigrantes leva em conta apenas os imigrantes “declarados”, ou seja, aquelas que dispõem
de documentos oficiais que lhes permitem residir e trabalhar na Guiana. De acordo com certas
fontes, os imigrantes clandestinos representariam entre um terço e a metade de imigrantes
declarados.
206. Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), Fundo Social Europeu (FSE),
Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER), Fundo Europeu para a Pesca e
a Aquicultura (FEP), Programa de Desenvolvimento Rural (PDR).
207. O CMU garante à qualquer pessoa, francesa ou estrangeira, residindo no território nacio-
nal os cuidados médicos gratuitos no âmbito do regime geral do seguro “doença”.
208. O RMI garante um rendimento mínimo de 450 euros mensais para uma só pessoa a 680
euros para um casal – acrescentam-se cerca de 180 euros por criança, em 2008. Qualquer
pessoa com mais de 25 anos (ou menos, se tem uma criança sob sua responsabilidade), tem
direitos sociais garantidos entre os quais a sua reintegração profissional.
209. Calculada de acordo com a fórmula (importações + taxas sobre as importações) / (pro-
dução – exportações – variação dos estoques + importações + taxas sobre importações).
Conclusão
Os poucos dados apresentados neste estudo e as análises decorrentes do
funcionamento da economia da Guiana confirmam a situação paradoxal
deste território. De um lado, além de beneficiar-se de um importante cres-
cimento há uma quinzena de anos, apresenta políticas voluntaristas que
têm por objetivo reduzir o atraso que acumulou historicamente em relação
às outras regiões francesas e atinge níveis de atividade, de rendimentos e
de bem-estar social claramente superiores aos países da Região. Por outro
lado, pode-se constatar que as alavancas desta evolução positiva situam-se
externamente. Muitas características estruturais da economia da Guiana e
vários mecanismos essenciais que asseguram o financiamento contribuem
para a perpetuação dessa dependência externa. Dessa forma, a Região ain-
da está longe de poder realizar, pela mobilização das suas próprias forças
reais e das suas vantagens, numerosas, o potencial de desenvolvimento au-
tônomo que a colocaria ao abrigo dos riscos vindos da parte externa e,
sobretudo, que a veria dominar o seu próprio destino.
211. Esta relativa abundância do ouro é a origem de uma considerável exploração clandestina
realizada por exploradores de ouro vindos geralmente dos países vizinhos, tão pouco escrupu-
losos, a ponto de utilizar o mercúrio cujos danos são reconhecidamente sérios para os huma-
nos e para o meio ambiente, por ser um metal de duradoura e elevada toxicidade.
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David Rosenthal
Graduado em Economia pela Universidade Católica de Pernambuco; Master
in Public Administration pela Florida Atlantic University; PhD em Economia
pela Universidade de Londres e pós-doutorado em Economia da Tecnologia
na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Atualmente aposentado e con-
sultor eventual, atuou como professor nos departamentos de Economia da
UFPE e da Católica de Pernambuco, assim como, na qualidade de pesquisa-
dor, no Núcleo de Estudos para América Latina (Neal) dessa última univer-
sidade. Participou também, na condição de pesquisador-bolsista CDR (Bol-
sa de Desenvolvimento Científico Regional) do Programa Funcap-CNPq,
da implantação do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Universidade
Estadual do Ceará. E-mail: drosen@oi.com.br.
Autores 393
Eveline Barbosa Silva Carvalho
Ph.D. em Economia Aplicada pela University of Illinois em Urbana-Cham-
paign-UIUC-EUA. Professora adjunta IV do Departamento de Teoria Econô-
mica da Universidade Federal do Ceará (UFC). Membro do grupo de pes-
quisa Região, Indústria e Competitividade (RIC) e diretora do Instituto de
Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) do Governo do Estado
do Ceará.
394 Autores
Hamilton de Moura Ferreira Junior
Doutor em Economia (Unicamp); professor adjunto da Faculdade de Ci-
ências Econômicas da (FCE/UFBA); coordenador da Unidade de Estudos
Setoriais da FCE/UFBA.
Helena M. M. Lastres
PhD em Desenvolvimento, Industrialização e Política de Ciência e Tecnolo-
gia, SPRU/Universidade de Sussex, 1992, Inglaterra. Mestre em Engenharia
da Produção, Coppe/UFRJ, 1981. Bacharel em Economia, IE/UFRJ, 1975,
Brasil. Pesquisadora titular do Ibict/MCT, assessora da Presidência e chefe
da Secretaria de Arranjos Produtivos e Desenvolvimento Local do BNDES,
desde agosto de 2007. E-mail: hlastres@bndes.gov.br.
Jorge Carrillo
Mexicano, pesquisador do Colef desde sua fundação, em 1982. Membro
do Sistema Nacional de Pesquisadores Nível 3. Doutor em Sociologia por
El Colegio de México. Desenvolvimento de pesquisas na Espanha, França,
Japão e Estados Unidos. Autor de oito livros; coordenador de 20 livros; 99
Autores 395
capítulos em livros e 80 artigos científicos em espanhol, inglês, alemão,
português, italiano, francês, chinês e japonês. Participação em 40 projetos
de pesquisa. Interesse principal da pesquisa atual: emprego, inovação e ca-
deias de valor em corporações multinacionais no México.
Marcelo Callado
Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará
(1997), mestre em Economia pelo programa de pós-graduação em Eco-
nomia da mesma universidade (2001) e doutor em Teoria Econômica
(Volkswirtschftslehre) pela Universidade de Colônia (Universität zu Köln),
na Alemanha. É professor adjunto do Departamento de Teoria Econômica
da Universidade Federal do Ceará.
396 Autores
III e seus temas de pesquisa são: Desenvolvimento Regional e Técnicas de
Análise do Desenvolvimento Regional.
Redi Gomis
Formado em Psicologia pela Universidade de Havana. Cursou o mestrado
em Desenvolvimento Regional e o doutorado em Ciências Sociais em El
Colegio de la Frontera Norte. Membro do SIN nível I. Publicou artigos cien-
tíficos em revistas mexicanas e livros especializados. Entre os mais recentes
estão “As empresas de software e o sistema de inovação regional da Baixa
Califórnia”, “Inovação na indústria de software na Baixa California” [coau-
toria com Alfredo Hualde], “A indústria de software e a política pública no
Estado de Jalisco e na Baixa Califórnia” [coautoria com Bernardo Jaen] e
“As corporações multinacionais no México” [coautoria de Jorge Carrillo].
Trabalha atualmente no Departamento de Estudos Sociais de El Colegio de
la Frontera Norte, onde estuda redes empresariais e empresas multinacio-
nais.
Yves-A. Fauré
Doutor da Universidade de Bordeaux (França); ex-professor no Instituto de
Estudos Políticos da mesma universidade; ex-diretor da unidade de pesqui-
sa Desenvolvimento Local Urbano – Dinâmicas e Regulações, do Instituto
de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), estabelecimento público fran-
cês de pesquisa em cooperação e professor na Universidade do Estado Mon-
tesquieu-Bordeaux, membro da Ecole Doctorale d’Economie et de Gestion.
Foi pesquisador-visitante no Instituto de Economia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Responsável, com a professora Lia Hasenclever do IE/
UFRJ, de dois programas de pesquisa no âmbito do convênio IRD/CNPq
sobre o desenvolvimento local no Estado do Rio de Janeiro. Pesquisador as-
sociado ao núcleo de pesquisa Região, Indústria, Competitividade (RIC) da
Universidade Federal do Ceará liderado pelo professor Jair do Amaral Filho
Autores 397
para investigar arranjos produtivos locais (APLs). Atualmente, é diretor do
Polo Universitário da Guiana Francesa. Especialista em análise de políticas
públicas e de relações entre os meios empresariais e os quadros institucio-
nais. Autor de diversos livros e numerosos artigos acadêmicos sobre esses
assuntos e coautor de livros publicados no Brasil.
398 Autores