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Resumo: Este trabalho tem como objetivo fazer uma reflexão acerca da atuação policial-
militar no Brasil, com intuito de perceber a gênese dos conflitos ocasionados no exercício da
função policial ostensiva e preventiva, direcionando para a importância de se estabelecer
quebra de paradigmas, fortalecendo-se a aplicabilidade dos direitos, as garantias individuais e
coletivas. Faz-se um estudo histórico para se alcançar a consolidação dessa profissão no país,
percebendo-se a gênese dos óbices encontrados pelos policiais na aplicação da filosofia dos
direitos humanos. O estudo foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica, enfatizando-se
o desenvolvimento da instituição Polícia Militar, sedimentada no exercício da violência como
prática legítima, e sua adequação no tocante à evolução da sociedade brasileira que,
recentemente democrática, tornou-se signatária de variados mecanismos de defesa dos direitos
humanos, promovendo na polícia um processo de “desconstrução” da cultura organizacional
através da mudança de paradigmas.
Abstract: This paper aims to reflect on the activities with the military police in Brazil
designed to understand the genesis of conflicts arising in exercising preventive police and
overt, pointing to the importance of establishing break paradigms strengthening the
applicability rights to individual and collective rights. It is a historical study to achieve the
consolidation of the profession in the country, seeing the genesis of the obstacles found by
police in implementing the philosophy of human rights. The study was conducted through
literature search emphasizing the development of military police institution, rooted in the
exercise of violence as a legitimate practice, and its adequacy regarding the evolution of
Brazilian society that newly democratic, it became a signatory to various mechanisms human
rights, promoting the police a process of "deconstruction" of organizational culture by shifting
paradigms.
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Artigo apresentado ao Curso de Formação de Oficiais da Academia de Polícia Militar “Cel Milton Freire de
Andrade” sob a orientação do Cel RR Valdenor Félix da Silva.
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Pedagoga com Habilitação em Supervisão Escolar pela Universidade Federal do Amapá, Aluna do Curso de
Formação de Oficias, e-mail: princesasaraf@yahoo.com.br
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Aluna do Curso de Formação de Oficiais, e-mail: cpuandersonmelo@hotmail.com
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1 – INTRODUÇÃO
Para falar sobre a atuação policial no Brasil, pautada na filosofia dos direitos
humanos, é necessário fazer uma retrospectiva histórica e citar que o marco das declarações
de direitos da época moderna e contemporânea, se constitui numa conquista da civilização.
Essa memória indica que o sentido dos Direitos Humanos requer a compreensão ampla do
social-histórico e de nosso tempo, inserido na tradição do pensamento humano, exercício que
talvez facilite entender as dificuldades que encerram sua realização.
2– ASPECTOS HISTÓRICOS
Com o fim da guerra, a desarmonia política, econômica e social, nas regiões mais
pobres do mundo, aí incluída a América Latina, protagonizou sucessivos golpes de Estado e
experiências com regimes ditatoriais e autoritários, mobilizando a sociedade para a defesa dos
direitos e garantias e pelas liberdades democráticas.
importante notar a presença dessa noção na Declaração Universal dos Direitos Humanos de
1948, a qual dispõe em seu primeiro artigo, que “todos os homens nascem livres e iguais em
dignidade”.
Não é uma questão simples definir o que a polícia faz. As dificuldades para
encontrar essa definição estão no acesso permanente a ela, por ser uma organização fechada e
com limitada comunicação. Bayler definiu três maneiras bem distintas do trabalho policial:
atribuições, situações e ações de resultados, a partir de diferentes fontes de informação.
Atribuições: é o que a polícia é designada para fazer: policiar, investigar, controlar
o tráfego, aconselhar, administrar. As atribuições são a descrição organizacional do que os
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policiais estão fazendo. Assim, pode-se determinar a proporção de pessoas designadas para
diferentes atividades. Em todo o mundo, o patrulhamento, que no Brasil costuma-se chamar
policiamento, é a atribuição para a qual é designada a maior parte dos policiais ostensivos do
nível médio da carreira. Entretanto, policiamento é uma atividade multifacetada. Uma
guarnição policial em qualquer lugar do mundo é “pau pra toda obra”. Sobre isso, os ingleses
se referem aos policiais de rua como “polícia para deveres em geral”.
Segundo: A polícia criminal, que utiliza a força e outros meios de atuação para
reprimir as pessoas que descumpriram a lei. Essa modalidade de polícia está, parcialmente,
integrada à sociedade, que designa os comportamentos considerados criminosos. É essa
polícia que investiga os indivíduos ou grupos de criminosos e desvenda a autoria dos crimes.
Sua organização e profissão se desenvolvem segundo lógica e técnica autônomas, sendo o
controle da mesma delegado ao sistema de justiça.
autoritária e repressiva. Não é somente no Brasil que existe essa preocupação. Quase todos os
países que passaram por longos períodos de regimes ditatoriais, tiveram suas forças policiais
sob orientação autoritária e repressiva e foram fortemente influenciadas pela ideologia
castrense para o combate da criminalidade no modelo e nos princípios da guerra.
Para pensar a atuação policial com legítima prioridade nos direitos do cidadão é
imprescindível, antes, dotar a polícia de estratégias de comportamento organizacional que
proporcione uma mudança substancial na organização onde o policial seja o centro de todas as
atenções que devem ser direcionadas para a consolidação de um estatuto que preconize
direitos e deveres, proteção à vida, educação de elevado nível profissional, promoção por
avaliação de desempenho, valorização do trabalho policial, carga horária compatível com a
atividade de risco, remuneração compatível com o posto ou graduação, cargo ou função, bem-
estar social e respeitabilidade pela imagem da organização que representa.
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Adorno e Peralva (1997) citam estudos que discorrem sobre a visão que a
sociedade formula sobre as ações policiais, e o que se observa é a falta de apoio da população
no tocante à forma como as operações policiais se apresentam. Assim afirmam que:
Os policiais são percebidos como pessoas que aplicam a lei, de modo pouco
satisfatório. A organização policial tornou-se uma organização complexa,
afastada das comunidades locais, constrangida a recorrer prioritariamente à
força mais do que ao consenso na contenção da ordem pública. (idem, p.02)
atividade preventiva, sendo utilizada de forma proporcional para a garantia da lei e da ordem,
em prol da comunidade.
As ações realizadas, conjuntamente, com a sociedade têm favorecido, de forma
singela, a superação e a quebra de vieses que ainda sustentam a antiga cultura organizacional,
o que se destaca como essencial para a evolução da instituição e para o rompimento com
ranços históricos, aprimorando e incentivando a aceitação dos novos paradigmas para a
Segurança Pública. Sobre esse aspecto Balestreri (1998) afirma:
Sabe-se que a formação neste contexto se faz estratégica, pois, muitas vezes, é no
momento em que ela acontece que se adquire a identidade institucional, permeada de velhos
paradigmas, e assim acabam influenciando, negativamente, o novo profissional.
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6 - REFERÊNCIAS
ASSIS, Jorge Cesar de. Lições de Direitos Humanos para a Atividade Policial Militar. 2ª
ed. Curitiba: Juruá, 1991.
BALESTRERI, Ricardo Brisola. Treze reflexões sobre polícia e direitos humanos In: Direitos
Humanos: Coisa de Polícia. Passo Fundo: CAPEC, Paster Editora, 1998. pp. 07-13.
SILVA, Valdenor Félix da. Violência e Criminalidade Policial: Uma análise dos Seus
Aspectos Vitimológicos. Monografia apresentada a Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, 2000.
_______. Uma Visão Jurídica dos Direitos Humanos. Palestra proferida para policiais civis,
militares, rodoviários federais e estaduais, bombeiros militares e Guardas municipais. Natal,
2008.