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Para comemorar, para conquistar ou simplesmente para degustar com um bom prato.
Foi-se o tempo em que o ritual de beber vinhos era necessariamente cheio de pompa.
Hoje, um leigo no assunto pode experimentá-lo sem precisar seguir a extensa cartilha
dos experts, cheia de regras e convencionalismos.
"É caipira e atrasada a idéia de que para beber vinho é necessário excesso de requinte
e sofisticação. O vinho é uma bebida popular desde a sua origem", explica o enólogo
Pedro França, palestrante responsável pelo curso básico de vinhos do Senac de São
Paulo.
O Terra preparou um guia fácil para aqueles que querem se aprimorar na arte de
beber vinhos, mas que não abrem mão da descontração e da alegria. Tem os dez
mandamentos básicos para não fazer feio na hora de escolher, como servir e
armazenar o seu vinho, dicas para combiná-lo com os todos os tipos de pratos e de
como montar sua própria adega, além de um glossário e uma lista dos tipos mais
comuns de vinhos e uvas. Saúde!
A história do vinho
A história do vinho, porém, começa muito antes. Não existem documentos que
comprovem, mas a história oferece elementos que nos faz acreditar que o vinho foi
uma daquelas invenções do homem que se deram por acaso. Não seria de se estranhar
se se confirmasse que um homem, provavelmente há 7.000 ou 8.000 anos no Oriente
Médio, tivesse esquecido um punhado de uvas amassadas que, fermentadas, viraram
vinho.
Foi nos países do Mediterrâneo que o vinho ganharia força como bebida divina. Assim
como os gregos, os romanos também teriam personagens enófilos em sua mitologia:
Dionísio e Baco. Com o Cristianismo, Jesus Cristo utilizaria-se da bebida para
simbolizar seu sangue e representar um milagre. Mais tarde, na Idade Média, a Igreja
Católica, que já pregava o consumo litúrgico da bebida, adotou a produção.
BENEFICIOS DO VINHO
Benefícios do vinho
Na década de 90, descobriu-se que os franceses apresentavam um menor risco de
morte do que os norte-americanos, apesar de ambos os povos terem o mesmo nível
de colesterol e, ainda pior, os franceses ingerirem muito mais gordura saturada.
Como pode? Essa questão foi denominada o "paradoxo francês" e deu origem a
inúmeros estudos. A cada dia surgem novas pesquisas tentando desvendar os
mistérios daquele que foi identificado como o salvador da saúde dos franceses: o
vinho.
Controlar a hipertensão;
Reduzir o risco de problemas cardíacos e, nos casos de pessoas já doentes, ajudar
a evitar um segundo enfarte;
Em idosos, diminuir o risco de desenvolver problemas mentais.
Os tipos de uva
Há diversos tipos de uvas com as quais os vinhos são produzidos. Ao lado do processo
utilizado, são elas que definem as características do vinho. Confira as principais:
Cabernet Sauvignon
Responsável pelos grandes tintos de Bordeaux (França), sua terra natal, produz vinhos
finos e encorpados. É combinada com outras uvas para amenizar seu bouquet
extremamente marcante. A cor é bem escura e profunda.
Merlot
Uva de Bordeaux (França) com a qual se fazem os profundos e redondos Pomerol e
Saint-Émilion. Quando vinificada sozinha - sem a utilização de outros tipos de uva -,
produz vinhos macios, de boa estrutura, aromáticos e de grande elegância.
Pinot Noir
Única uva a compor os grandes Bourgognes tintos da Côte d'Or (França). É encontrada
hoje em todas as regiões vinícolas do mundo, exceto em regiões mais quentes. Sua
maior característica é o aroma adocicado e nível de tanino e pigmentação inferior a
outras variedades de uva vegetais e minerais. Dá origem a vinhos frescos e elegantes.
Pinotage
Marca registrada da África do Sul, seu aroma característico exibe notas de amêndoas
tostadas. Os melhores produtores conseguem elaborar vinhos de longa guarda de
excelentes qualidades.
Chardonnay
Uva francesa da Bourgogne, é considerada a melhor para vinho branco fino. É mais
ácida no paladar quando usada em Champagne ou no Loire e mais suculenta nos
grandes Bourgognes, em que fermenta e amadurece em tonéis de carvalho. A colheita
é uma hora crucial para a produção do vinho: ela deve ser colhida no momento certo,
pois com o avanço do amadurecimento há a perda de acidez, que é característica
necessária para a fabricação destes vinhos.
Gewürztraminer
Variação de uma uva chamada Traminer, ela é responsável por vinhos brancos de
grande e intenso aroma, normalmente mais alcoólicos, produzidos na Alsace (França),
em versões seca ou doce. Produz vinhos muito doces para acompanhar sobremesas.
Sauvignon Blanc
Uva branca utilizada para confeccionar o Sancerre, do Loire (França), e todos os
Bordeaux brancos. Produz vinhos de melhor qualidade em climas frios. Facilmente
reconhecida por notas.
Os tipos de vinho
Tintos
São produzidos com enorme variedade de uvas, com resultados que variam de acordo
com a região e as técnicas de produção empregadas. Podem ir dos mais leves e
refrescantes, que devem ser bebidos imediatamente, a vinhos extremamente densos e
encorpados.
Outros são fortes, com grande concentração e cor profunda, e têm longa guarda, como
o como os Cabernet Sauvignon da Califórnia (EUA), o Hermitage (francês), os Barolo e
Brunello di Montalcino (italianos) e o Vega Sicília (espanhol).
Brancos secos
Feitos com uvas brancas, são jovens e frescos e mais simples - sem profundidade de
aromas e sabores. É o caso dos Bordeaux brancos, dos Chablis mais simples, Aligoté e
Mâcon (os três da Bourgogne francesa) e dos italianos Frascati, Verdicchio, Orvieto e
Soave, entre outros. Podem também ser frutados e aromáticos. Como exemplos, os
alemães do Reno e Mosela (Riesling), os franceses da Alsace (uvas Riesling e
Gewürztraminer) e os da Nova Zelândia. Há ainda os encorpados e aromáticos: são os
Bourgogne brancos - feitos de Chardonnay e maturados em barris de carvalho. Há
também os melhores vinhos da Alsace (de Riesling e Gewürztraminer), do vale do
Loire (Sancerre, Pouilly) e da Rioja espanhola.
Brancos doces
São os chamados vinhos de sobremesa. O doce característico vem da própria uva, sem
a adição de açúcar. O mais famoso é o francês Sauternes, da região de Bordeaux
(uvas Sémillon e Sauvignon).
Rosés
Produzidos com uvas tintas. Durante a vinificação, a casca é retirada no meio do
processo, de forma que tinja apenas levemente o vinho. São produzidos na França, no
vale do Rhône do Loire.
Espumantes
Feitos de uvas brancas ou tintas, na maioria das vezes dão origem a vinho branco ou
rosé, com gás. O melhor exemplo é o feito na região de Champagne (na França). No
resto do país, são chamados de musseux ou crémant; na Itália, spumante; na
Espanha, cava; na Alemanha, sekt.
Fortificados
Produzidos como vinhos de mesa, têm adição de álcool (chega a quase 20% de teor
alcóolico), são mais doces e têm maior durabilidade. É o caso do vinho do Porto e do
Madeira (Portugal), do Jerez (Espanha) e de vinhos utilizados em sobremesas, como os
franceses Muscat de Beaunes-de-Venise, Rivesaltes e Banyuls e o português Moscatel
de Setúbal. São normalmente mais acastanhados.
Não é tarefas das mais fáceis decifrar as informações que vêm no rótulos dos vinhos.
Como não há regras para a a apresentação dos dados que os classificam, até os
iniciados encontram dificuldades para interpretá-las.
Nome do vinho
País de origem
Nome do produtor
Região de origem
Nome do engarrafador
Para quem não tem muito espaço em casa, a aposta é investir em adegas portáteis,
espécies de armários refrigerados que respeitam as condições de temperatura e
umidade ideais para a conservação dos vinhos (entre 11ºC e 17ºC, e 70% de umidade
relativa do ar). Para quem tem espaço, construir uma adega climatizada em casa é
mais vantajoso. No espaço escolhido, coloca-se um equipamento de refrigeração para
manter a temperatura ideal.
Se você não tiver dinheiro para investir em uma adega, a sugestão é manter os vinhos
em lugar fresco, ao abrigo da luz e do calor - sempre em posição horizontal. Um
espacinho debaixo da escada seria o lugar mais apropriado. Nesse caso, porém, não
vale a pena guardar vinhos caros e preciosos, que precisem de muitos anos para
envelhecimento.
Existem diversas taças, adequadas para os mais variados tipos de vinhos. Mas você
precisa, basicamente, de apenas quatro: para os tintos, brancos, espumantes e
fortificados (como o do Porto). Confira algumas delas:
Taça porto
Ideal para o vinho do Porto, que é extremamente alcoólico (20%) e possui muitos
aromas. A taça é pequena, com bojo pequeno em relação à altura.
Borgonha - tinto
O bojo é mais largo e a altura é baixa. Há maior espaço para a respiração vinho. Serve
para vinhos mais ácidos e que pedem maior oxigenação.
Bordeaux - tinto
A taça é mais alta e o bojo é pequeno. Serve para vinhos mais suaves e propicia a
volatização dos aromas.
Chardonnay - branco
O bojo é maior e a altura é baixa devido ao alto grau de acidez da uva, que precisa
oxigenar e volatizar aromas.
Sauvignon Blanc - branco
O bojo é menor e a altura é maior para proporcionar menor contato com o ar. A uva é
delicada, com grandes aromas
Atenção: Se você não tiver copos de cristal, você pode servir em copo de vidro
comum. O vinho não vai deixar de perder a importância se ele for de boa qualidade.
Vinho ruim é imperdoável e inesquecível, uma vez que a dor de cabeça pode quase se
perpetuar. Veja quais são as quantidades que você deve servir por pessoa.
A maior regra na arte de apreciar um bom vinho é que toda a regra - principalmente
as conservadoras e não justificadas - podem (e às vezes devem) ser quebradas. Mas,
claro, há regras que têm razão de existir. Veja dez dicas para não fazer feio na hora de
degustar um vinho:
Vinhos X Refeições
Os vinhos devem fazer uma parceria perfeita com os pratos para que ambos tenham
as qualidades ressaltadas. Combinar vinhos com comida é um dos grandes temores de
quem está se iniciando na arte da degustação. Mas não existem grandes mistérios.
Com o tempo, a harmonização entre bebida e alimento fica mais evidente. Até isso
acontecer, vale usar as "regrinhas" pré-fabricadas para evitar gafes. Confira as
sugestões do enófilo:
Aperitivo
Vinho branco seco ou vinho fortificado seco. Exemplos: Porto White ou Dry White,
Jerez Fino, Manzanilla ou Amontillado, Madeira Sercial, Marsala seco etc.
Espumante Brut. Exemplos: Champagne, Sekt, Cava, Blanquete de Limoux,
Champanha etc.
Vermute seco
Sobremesa
Vinho branco doce de qualidade. Exemplos: Sauternes, Alsace, Vendange Tardive,
Séletion de Grains Nobles, Tokay e os alemães com os predicados "mit Predikat":
Auslese, Beerenauslese, rockenbeerenauslese e Eiswein.
Vinho fortificado Demi-sec ou doce
Exemplos: Porto, Ruby, Tawny, LBV, Vintage, Jerez (Amoroso, Oloroso ou Cream);
Madeira (Verdelho, Boal ou Malmsey), Moscatel de Setúbal, Banyuls, Moscato d'Asti,
Banyuls, Marsala, Málaga (Lagrima Christi) etc.
Espumante Demi-sec ou doce Exemplos: Asti (italiano), Cava (espanhol),
Champagne Doux (francês), Sekt Suß (alemão), Blanquete de Limoux (francês) e
outros espumantes.
Digestivo
Repete os ideais para aperitivos e sobremesas. Destilados de uva, Cognac,
Armagnac e Marc (franceses), Bagaceira (portuguesa), Grapa (italiana) etc.
Refeições
Peixes e frutos do mar grelhados ou em molho leve: Espumante brut ou demi-sec
ou branco seco frutado jovem ou levemente maduro
Em molho forte: Branco maduro de boa estrutura ou rosé seco de qualidade ou
tinto jovem de médio corpo
Bacalhau: Tinto jovem ou de médio corpo ou branco maduro;
Anchova, atum, salmão e sardinha: Tinto jovem ou de médio corpo ou branco
maduro ou rosado
Carnes brancas grelhadas ou em molho leve: Espumante brut ou branco seco
jovem de boa estrutura ou maduro ou tinto jovem ou de médio corpo
Grelhadas em molho forte: Tinto maduro de médio corpo a robusto
Caças de penas, pato e coq au vin: Tinto maduro de médio corpo a robusto
Peru: Tinto leve ou médio ou branco seco
Foie gras: Branco doce de alto nível (Sauternes, Tokay etc.) ou fortificado doce
(Porto Vintage etc.) ou espumante de qualidade (Champagne Milesimé etc.)
Carnes vermelhas grelhadas ou em molho leve: Espumante brut ou tinto jovem
leve ou de médio corpo
Em molho forte: Tinto maduro de médio corpo a robusto
Caças de pêlo: Tinto maduro robusto
Massas em molho leve ou branco: Espumante brut ou branco jovem ou maduro ou
tinto jovem leve ou de médio corpo
Em molho condimentado ou vermelho: Espumante brut ou tinto maduro de médio
corpo a robusto
Queijos
- Fresco de massa mole (Frescal, Ricota, Requeijão): Branco ou tinto jovem e leve
- Fresco de massa filada (Mozzarela): Branco ou tinto jovem e leve
- Maturado de massa mole (Brie, Camambert e Coulommiers): Branco maduro ou tinto
jovem a maduro encorpado
- Maturado de massa filada (Provolone): Branco maduro ou tinto jovem ou pouco
envelhecido
- Maturado de massa semidura (Emmental, Gouda, Reino, Prato, Saint-Paulin, Tilsit,
Port-Salut): Tinto maduro de bom corpo
- Maturado de massa cozida (Roquefort, Gorgonzola, Stilton, Danablue): Tinto maduro
robusto ou branco doce superior ou fortificado doce
- Maturado de massa semidura (Emmental, Gouda, Reino, Prato, Saint-Paulin, Tilsit,
Port-Salut): Tinto jovem ou pouco velho
- Maduro de massa dura (Parmesão, Pecorino): Tinto maduro robusto ou fortificado
* Observação:
Os espumantes de qualidade, em especial os Champagnes, combinam com todos os
tipos de queijo.
A
ABOCADO - (do italiano "abbocato") - doce
ABRIR - diz-se que o vinho "está abrindo" (ou "abriu") quando está havendo
(ou houve) crescimento de suas características (em especial do aroma), depois
de certo tempo da abertura da garrafa
AUSTERO - adstringente
CARNOSO - encorpado
CHATO - vinho sem acidez ou espumante que perdeu o gás, o mesmo que
plano ou plat (francês) ou flat (inglês)
CORPO - sensação tátil do vinho à boca, que lhe dá peso (sensação de "boca
cheia") e resulta do seu alto teor de extrato seco
E
ELEGANTE - o mesmo que delicado
F
FARTO - muito doce e com baixa acidez
FRANCO - sem defeitos; também usado para vinho que não deixa retrogosto
G
GENEROSO - forte, com alto teor alcoólico
GRANDE - excelente
GROSSEIRO - adstringente, sem elegância
G
GENEROSO - forte, com alto teor alcoólico
GRANDE - excelente
J
JOVEM - vinho geralmente frutado, pouco tânico com acidez agradável e que
não se presta ao envelhecimento (Ex: vinhos brancos em geral, espumantes e
a maioria dos vinhos brasileiros); pode também significar vinho recém-
fabricado, que pode e deve envelhecer
M
MADEIRIZADO - vinho branco oxidado que adquire cor que vai de dourada a
castanho, aroma adocicado (cetônico) e gosto amargo
O
OLEOSO - viscoso
P
PASTOSO - o mesmo que encorpado
PLANO - sem sabor e sem corpo ou sem corpo e sem acidez; também usado
como sinônimo de chato
Q
QUENTE - Referência à sensação de calor causada pelo teor alcoólico alto de
um vinho
R
RAÇA - diz-se que um vinho é de raça ou raçudo quando tem alta qualidade
ROLHA - diz-se que o vinho tem odor e/ou gosto de rolha quando apresenta
aroma desagradável passado por rolha contaminada pela Armillaria mella
(fungo parasita da casca da árvore com a qual é feita a rolha, o sobreiro)
SEIVA - (do francês sève), diz-se que um vinho tem seiva quando é um
grande vinho
SUR LIE (francês: sur = sobre; lie = borra) - vinho não filtrado, que vai do
barril, onde ficou sobre a borra, direto para a garrafa
T
TÂNICO - que tem muito tanino ou no qual o tanino sobressai; o mesmo que
adstringente e duro
U
UNTUOSO - o mesmo que aveludado, sedoso e viscoso