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CAMPUS FLORESTA
CURSO DE LETRAS VERNÁCULO
RESENHA CRÍTICA
Cruzeiro do Sul
2009
DIENES DO NASCIMENTO LIMA
A COERÊNCIA TEXTUAL
Cruzeiro do Sul
2009
KOCH, Ingedore Villaça.; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A Coerência Textual. 4. Ed.
São Paulo: Contexto, 1992. (Repensando a Língua Portuguesa). 89 p.
Além disso, cada texto tem suas particularidades e, apesar das características
diversas dos textos, sempre se pode estabelecer um sentido unitário global para
cada texto. Esta unidade resulta numa forma de organização superior que relaciona
os elementos entre si.
A relação que tem de ser estabelecida pode ser não só semântica, mas
também pragmática, entre atos de fala, ou seja, entre as ações que realizamos ao
falar. Beaugrande & Dresser (1981) e Marcushi (1983), por exemplo, afirmam que se
há uma unidade de sentido no todo do texto quando este é coerente, então a base
da coerência é a continuidade de sentidos entre os conhecimentos ativados pelas
expressões do texto. Além disso, a continuidade dos conhecimentos ativados pelas
expressões lingüísticas termina por constituir o que chamados de tópico discursivo,
ou seja, aquilo que se fala no texto, seja ele oral ou escrito.
Charroles (1979) afirmou que a coerência seria a qualidade que têm os textos
pela qual os falantes reconhecem como bem formados, dentro de um mundo
possível. A coerência tem a ver com a boa formação do texto num sentido diverso
da noção de gramaticalidade usada pela gramática gerativo-transformacional no
nível da frase, uma boa formação em termos da interlocução comunicativa, que
determina não só a possibilidade de estabelecer o sentido do texto, mas também
qual sentido se estabelece.
Pragmática: tem a ver com o texto visto como uma sequência de atos de fala,
os quais devem satisfazer as mesmas condições presentes em uma dada situação
comunicativa.
Vale ressaltar que não existe o texto incoerente em si, mas o texto pode ser
incoerente em/para determinada situação comunicativa. Assim, ao dizer que um
texto é incoerente, temos que especificar as condições de incoerência. Portanto, o
texto será incoerente se o seu produtor não souber adequá-lo à situação, levando
em conta intenção comunicativa, objetivo, destinatário, regras sócio-culturais, outros
elementos da situação, etc. Caso contrário, será coerente.
Convém observar que é a partir dos conhecimentos que temos que vamos
construir um modelo do mundo representado em cada texto – é o mundo textual.
Mas, para que possamos estabelecer a coerência de um texto é preciso que haja
correspondencia ao menos parcial entre os conhecimentos nele ativados e o nosso
conhecimento de mundo, pois, caso contrário, nao teremos condiçoes de construir o
mundo textual, dentro do qual as palavras e expressões do texto ganham sentido.
É por isso que se tem dito que a leitura (compreensão) de um texto é uma
atividade de solução de problemas. Portanto, ao descobrirmos a solução final,
teremos estabelecido a coerência do texto. É por esse motivo que os fatores de
contextualização desempenham um papel muito importante no estabelecimento da
coerência.
Dois requisitos básicos para que um texto possa ser tido como coerente são a
consistência e a relevância. A consistência exige que cada enunciado de um texto
seja consistente com os enunciados anteriores; já a relevância exige que o conjunto
de enunciados que compõem o texto seja relevante para um mesmo tópico
discursivo subjacente, isto é, que os enunciados sejam interpretáveis como falando
seobre um mesmo tema.
Por fim, posso afirmar que a metodologia empregada pelos autores Ingedore
Koch e Luiz Carlos Travaglia atingiu o objetivo esperado: fazer com que as pessoas
que recorram ao livro Coerência Textual sejam esclarecidos de suas dúvidas sobre o
assunto, pois o livro é rico em exemplos, fazendo com que fique muito bem ilustrado
e esclarecido todo o assunto abordado.