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Qualidade de vida e saúde:


aspectos conceituais e metodológicos

Quality of life and health:


conceptual and methodological issues

Eliane Maria Fl e u ry Seidl 1


Célia Maria Lana da Costa Zannon 1

Abstract Introdução

1 Instituto de Ps i c o l o g i a , The quality of life (QL) concept has led to exten- O conceito qualidade de vida (QV ) é um termo
Un i versidade de Bra s í l i a , sive scientific research and has been increasing- utilizado em duas vertentes: (1) na linguagem
Bra s í l i a , Bra s i l .
ly used by health care professionals treating a cotidiana, por pessoas da população em geral,
C o r re s p o n d ê n c i a wide range of diseases. This paper addresses the jornalistas, políticos, profissionais de diversas
Eliane Maria Fl e u ry Se i d l
historical use of the concept and specific issues á reas e gestores ligados às políticas públicas;
Instituto de Ps i c o l o g i a ,
Un i versidade de Bra s í l i a . linked to conceptual and methodological as- (2) no contexto da pesquisa científica, em dife-
Campus Un i versitário pects of the QL construct within the health care rentes campos do saber, como economia, socio-
Da rcy Ribeiro, Bra s í l i a , DF
c o n t ex t . Re v i ewing the litera t u re , two aspects logia, educação, medicina, enfermagem, psico-
7 0 9 1 0 - 9 0 0 , Bra s i l .
s e i d l @ u n b. b r stand out: subjectivity and multidimensionali- logia e demais especialidades da saúde 1,2.
ty. In the methodological field, the construction Na área da saúde, o interesse pelo conceito
and/or adaptation of QL measurement instru- QV é relativamente recente e decorre, em par-
ments appear as a significant trend.Theoretical te, dos novos paradigmas que têm influenciado
and methodological efforts have helped clarify as políticas e as práticas do setor nas últimas
and improve the concept’s adequacy. The QL d é c a d a s. Os determinantes e condicionantes
construct is definitely interdisciplinary, encom- do processo saúde-doença são multifatoriais e
passing contributions by different areas of complexos. Assim, saúde e doença configuram
knowledge and re s e a rc h ,t h e re by improving its processos compreendidos como um continuum,
conceptual and methodological potential as a relacionados aos aspectos econômicos, socio-
re s e a rch instrument. T h e re f o re , use of the con- culturais, à experiência pessoal e estilos de vi-
cept can actually help improve both the quality da. Consoante essa mudança de paradigma, a
and the integrated, multidimensional nature of melhoria da QV passou a ser um dos resultados
health care from a perspective that views the esperados, tanto das práticas assistenciais quan-
latter as a basic citizen’s right. to das políticas públicas para o setor nos cam-
pos da promoção da saúde e da pre venção de
Quality of Li f e ; Re v i ew Li t e ra t u re ; Eva l u a t i o n ; doenças 3.
Methodology A mudança do perfil de morbimortalidade,
tendência universal também nos países em de-
senvolvimento, indica o aumento da prevalên-
cia das doenças crônico-degenerativas. Os avan-
ços nos tratamentos e as possibilidades efeti-

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vas de controle dessas enfermidades têm acar- binada com os termos “concept”, “conceptual”,
retado o aumento da sobrevida e/ou a vida lon- “m et h o d”, “m et h od ol og i c”. Alguns tra b a l h o s
ga das pessoas acometidas por esses agravos. A mais citados, publicados antes desse período,
p ropósito disso, Fleck et al. 4 ( p. 20) assinala- foram incluídos tendo em vista os critérios de
ram que “a oncologia foi a especialidade que, pioneirismo e impacto na literatura. Trabalhos
por excelência, se viu confrontada com a neces- b ra s i l e i ros foram selecionados inicialmente a
sidade de avaliar as condições de vida dos pa- partir de levantamento realizado na página do
cientes que tinham sua sobrevida aumentada Projeto SciELO (http://www.scielo.br), sem es-
devido aos tratamentos realizados, já que, mui- pecificação do período de publicação. Indica-
tas ve ze s , na busca de acrescentar anos à vida, ções de impacto de trabalhos citados fora m
era deixada de lado a necessidade de acrescen- c o n s i d e radas para busca complementar em
tar vida aos anos”. periódicos indexados de circulação internacio-
No âmbito da saúde coletiva e das políticas nal. Um total de 39 trabalhos foi examinado, 25
públicas para o setor também é possível identifi- publicados em língua inglesa, um em língua
car interesse crescente pela avaliação da QV. As- espanhola e 11 em língua portuguesa, a maio-
sim, informações sobre QV têm sido incluídas ria (87,2%) em periódicos.
tanto como indicadores para avaliação da eficá-
cia, eficiência e impacto de determinados trata-
mentos para grupos de portadores de agravos di- O conceito de qualidade de vida:
versos, quanto na comparação entre procedi- aspectos históricos
mentos para o controle de problemas de saúde 5.
Outro interesse está diretamente ligado às Sabe-se que, já em meados da década de 70,
práticas assistenciais cotidianas dos serv i ç o s Campbell (1976, apud Awad & Voruganti 8 – p.
de saúde, e refere-se à QV como um indicador 558) tentou explicitar as dificuldades que cer-
nos julgamentos clínicos de doenças específi- c a vam a conceituação do termo qualidade de
c a s. Trata-se da avaliação do impacto físico e vida: “q u al id ade de vida é uma vaga e etére a
psicossocial que as enferm i d a d e s, disfunções e n t i d a d e , algo sobre a qual muita gente fala,
ou incapacidades podem acarretar para as pes- mas que ninguém sabe claramente o que é”. A
soas acometidas, permitindo um melhor conhe- citação dessa afirmação, feita há cerca de trin-
cimento do paciente e de sua adaptação à con- ta anos, ilustra a ênfase dada na literatura mais
dição. Nesses casos, a compreensão sobre a QV recente às controvérsias sobre o conceito des-
do paciente incorpora-se ao trabalho do dia-a- de que este começou a aparecer na litera t u ra
dia dos serviços, influenciando decisões e con- associado a trabalhos empíricos.
dutas terapêuticas das equipes de saúde 6. Há indícios de que o termo surgiu pela pri-
O interesse crescente pelo construto quali- meira vez na literatura médica na década de 30,
dade de vida pode ser exemplificado, ainda, por segundo um levantamento de estudos que ti-
indicadores de produção de conhecimento, as- nham por objetivo a sua definição e que faziam
sociados aos esforços de integração e de inter- referência à avaliação da QV. Costa Neto 9 , tra-
câmbio de pesquisadores e de profissionais in- balhando a publicação de Cummins, intitulada
teressados no tema. Pode-se mencionar o sur- Directory of Instruments to Measure Quality of
gimento do periódico Quality of Life Research, Life and Correlate Are a s, publicada em 1998,
editado a partir do início dos anos 90 pela In- identificou 446 instrumentos, no período de se-
t e rn at i onal Society for Quality of Life Re s e a rc h tenta anos. No entanto, 322 instrumentos iden-
( h t t p : / / w w w. i s o q o l . o rg), reunindo tra b a l h o s tificados, equivalentes a mais de 70,0% do total,
científicos sobre QV de diferentes áreas do co- a p a re c e ram na litera t u ra a partir dos anos 80
nhecimento 7. ( Tabela 1). O acentuado crescimento nas duas
O presente artigo tem como objetivo des- últimas décadas atesta os esforços voltados pa-
crever a evolução histórica do conceito de QV ra o amadurecimento conceitual e metodológi-
no campo da saúde, focalizando aspectos con- co do uso do termo na linguagem científica.
ceituais e metodológicos. A seleção de tra b a- As revisões de litera t u ra que cobri ram pe-
lhos para esta revisão foi feita com base em ríodos anteri o res a 1995 re velam que, ao lado
pesquisa bibliográfica realizada em indexado- dos esforços direcionados para a definição e
res de produção científica (BIREME, MedLine, a valiação da QV na área de saúde, havia lacu-
PsycINFO), cobrindo o período 1995-2000. Foi nas e desafios teóricos e metodológicos a se-
utilizada a palavra-chave “quality of life” com- rem enfrentados. Gill et al. 10, procuraram iden-

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tificar como QV estava sendo definida e men- bre QV então existentes, dividida em quatro ti-
surada na área de saúde, mediante a revisão de pos que estão apresentados na Tabela 2.
75 artigos que tinham esse termo em seus títu- Uma definição clássica, do tipo global, é da-
los, publicados em revistas médicas. Depois de tada de 1974 (Andre w s, a p u d Bowling 12 – p.
verificar que somente 15,0% dos trabalhos apre- 1448): “q u al id ade de vida é a extensão em que
sentavam uma definição conceitual do termo e prazer e satisfação têm sido alcançados”. A no-
36,0% explicitavam as razões para a escolha de ção de que QV envo l ve diferentes dimensões
determinado instrumento de avaliação, Gill et configura-se a partir dos anos 80, acompanha-
al.10, concluíram que havia falta de clareza e de da de estudos empíricos para melhor compre-
consistência quanto ao significado do termo e ensão do fenômeno. Uma análise da literatura
à mensuração da QV. da última década evidencia a tendência de usar
Fa rquhar 11, procedendo a uma revisão da definições focalizadas e combinadas, pois são
l i t e ra t u ra até os pri m e i ros anos da década de estas que podem contribuir para o avanço do
90, propôs uma taxonomia das definições so- conceito em bases científicas.

Qualidade de vida:
Tabela 1 subjetividade e multidimensionalidade

Número de instrumentos para avaliação da qualidade de vida registrados A partir do início da década de 90, parece con-
no diretório de Cummins 9 . solidar-se um consenso entre os estudiosos da
área quanto a dois aspectos relevantes do con-
Década Freqüência (n = 446) % % acumulado ceito de qualidade de vida: subjetividade e mul-
tidimensionalidade. No que concerne à subje-
1930 2 0,4 0,4
tividade, trata-se de considerar a percepção da
1940 2 0,4 0,9
pessoa sobre o seu estado de saúde e sobre os
1950 11 2,5 3,4
aspectos não-médicos do seu contexto de vida.
1960 33 7,8 10,9
Em outras palavras, como o indivíduo avalia a
1970 76 17,0 27,9
sua situação pessoal em cada uma das dimen-
1980 172 38,6 66,5
sões relacionadas à qualidade de vida 13.
1990 150 33,6 100,0
Estudiosos enfatizam, então, que QV só po-
de ser avaliada pela própria pessoa, ao contrá-

Tabela 2

Taxonomia das definições de qualidade de vida, segundo Farquhar 11 .

Taxonomia Características e implicações das definições

I – Definição global Primeiras definições que aparecem na literatura. Predominam até meados
da década de 80. Muito gerais, não abordam possíveis dimensões do construto.
Não há operacionalização do conceito. Tendem a centrar-se apenas em avaliação
de satisfação/insatisfação com a vida.

II – Definição com base Definições baseadas em componentes surgem nos anos 80.
em componentes Inicia-se o fracionamento do conceito global em vários componentes ou dimensões.
Iniciam-se a priorização de estudos empíricos e a operacionalização do conceito.

III – Definição focalizada Definições valorizam componentes específicos, em geral voltados para habilidades
funcionais ou de saúde. Aparecem em trabalhos que usam a expressão qualidade
de vida relacionada à saúde. Ênfase em aspectos empíricos e operacionais.
Desenvolvem-se instrumentos diversos de avaliação da qualidade de vida para
pessoas acometidas por diferentes agravos.

IV – Definição combinada Definições incorporam aspectos dos Tipos II e III: favorecem aspectos do conceito
em termos globais e abrangem diversas dimensões que compõem o construto.
Ênfase em aspectos empíricos e operacionais. Desenvolvem-se instrumentos
de avaliação global e fatorial.

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rio das tendências iniciais de uso do conceito do termo QV é que as amostras estudadas in-
quando QV era avaliada por um observa d o r, cluem pessoas saudáveis da população, nunca
usualmente um profissional de saúde. Ne s s e se restringindo a amostras de pessoas portado-
sentido, há a preocupação quanto ao desenvol- ras de agravos específicos.
vimento de métodos de avaliação e de instru- Além do World Health Organization Quality
mentos que devem considerar a perspectiva da Of Life Assessment (WHOQOL-100) 13,17, outros
população ou dos pacientes, e não a visão de instrumentos genéricos de avaliação da QV, de
cientistas e de profissionais de saúde 14,15. grande utilização em pesquisas e na prática clí-
O consenso quanto à multidimensionalida- nica, são o Medical Outcomes Study SF-36 Health
de refere-se ao reconhecimento de que o cons- Survey 18 e o Sickness Impact Profile 19.
truto é composto por diferentes dimensões. A O termo qualidade de vida relacionada à
identificação dessas dimensões tem sido obje- saúde é muito freqüente na literatura e tem si-
to de pesquisa científica, em estudos empíricos, do usado com objetivos semelhantes à concei-
usando metodologias qualitativas 12 e quanti- tuação mais geral. No entanto, parece implicar
tativas 16,17. os aspectos mais diretamente associados às
enfermidades ou às intervenções em saúde. Al-
gumas definições que ilustram os difere n t e s
Qualidade de vida: conceituação usos do termo são apresentadas na Tabela 3. É
possível identificar, nas conceituações de Gui-
Duas tendências quanto à conceituação do ter- teras & Bayés 20, Cleary et al. 21 e Patrick & Erick-
mo na área de saúde são identificadas: quali- son (1993, apud Ebrahim 22), a referência ao im-
dade de vida como um conceito mais genérico, pacto da enfermidade ou do agra vo na quali-
e qualidade de vida relacionada à saúde (health- dade de vida.
related quality of life). Há uma controvérsia associada ao uso de
No primeiro caso, QV apresenta uma acep- medidas específicas da QV relacionada à saúde.
ção mais ampla, aparentemente influenciada Alguns autores defendem os enfoques mais es-
por estudos sociológicos, sem fazer referência pecíficos da qualidade de vida, assinalando que
a disfunções ou agravos. Ilustra com excelência esses podem contribuir para melhor identificar
essa conceituação a que foi adotada pela Orga- as características relacionadas a um determina-
nização Mundial da Saúde (OMS), em seu estu- do agravo. Outros ressaltam que algumas medi-
do multicêntrico que teve por objetivo princi- das de qualidade de vida relacionada à saúde
pal elaborar um instrumento que avaliasse a têm abordagem eminentemente re s t rita aos
QV em uma perspectiva internacional e trans- sintomas e às disfunções, contribuindo pouco
c u l t u ral. A QV foi definida como “a perc e p ç ã o para uma visão abrangente dos aspectos não-
do indivíduo sobre a sua posição na vida, n o médicos associados à qualidade de vida 23.
c o n t exto da cultura e dos sistemas de va l o re s Os instrumentos de mensuração da quali-
nos quais ele vive , e em relação a seus objeti- dade de vida relacionada à saúde tendem a
vos, expectativas, padrões e preocupações” 13 (p. manter o caráter multidimensional e ava l i a m
1405). Um aspecto importante que caracteriza ainda a percepção geral da QV, embora a ênfa-
estudos que partem de uma definição genérica se habitualmente recaia sobre sintomas, inca-

Tabela 3

Definições de qualidade de vida relacionada à saúde.

Qualidade de vida relacionada à saúde Autor

“É a valoração subjetiva que o paciente faz de diferentes aspectos Guiteras & Bayés 20 (p. 179)
de sua vida, em relação ao seu estado de saúde.”

“Refere-se aos vários aspectos da vida de uma pessoa que são afetados por mudanças Cleary et al. 21 (p. 91)
no seu estado de saúde, e que são significativos para a sua qualidade de vida.”

“É o valor atribuído à duração da vida, modificado pelos prejuízos, estados Patrick & Erickson (1993,
funcionais e oportunidades sociais que são influenciados por doença, dano, apud Ebrahim 22 – p. 1384)
tratamento ou políticas de saúde.”

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pacidades ou limitações ocasionados por en- As dimensões da qualidade de vida


fermidade. Predominam os instrumentos espe-
cíficos, como o EORTC-QLQ 30, para pacientes Estudos de meta-análise como o de Smith et al.
com neoplasias desenvolvido pelo Europ e a n 19, respondem também a questões sobre a rele-
Organization for Re s e a rch and Treatment of vância e o peso das diferentes dimensões da
Cancer 24, e o Medical Outcomes Study-HIV, pa- QV, trazendo mais clareza ao construto. O em-
ra pessoas vivendo com HIV/AIDS 25. preendimento da OMS, de grande contribuição
Dados de levantamentos recentes, para ve- t e ó rico-metodológica para o tema, foi desen-
rificar o crescimento de medidas de avaliação volvido em projeto multicêntri c o, cuja cons-
da QV e sua disponibilidade para as dive r s a s trução se deu em quatro etapas: (a) clarificação
especialidades, verificaram grande crescimen- do conceito de QV por especialistas ori u n d o s
to do número de instrumentos de qualidade de de diferentes culturas; (b) estudo qualitativo,
vida relacionada à saúde, no período 1990-1999. em 15 cidades de 14 países, com grupos focais
Assim, Garrat et al. 26, constataram que 46,0% formados por pacientes com agravos diversos,
dos trabalhos publicados versavam sobre me- profissionais de saúde e pessoas da população
didas da QV para populações e agravos especí- em geral, para explorar as re p resentações e o
ficos, seguidas de 22,0% que trabalhavam com significado do termo em diferentes culturas; (c)
medidas genéricas da QV. desenvolvimento dos testes de campo para aná-
lise fatorial e de confiabilidade, validade de
construto e validade discriminante 13,17.
Clarificando o conceito: distinção entre A natureza multidimensional do construto
qualidade de vida e estado de saúde foi validada, de modo empíri c o, a partir da
e m e rgência de quatro grandes dimensões ou
Pesquisadores alertam que os termos qualida- fatores: (a) física – percepção do indivíduo so-
de de vida e estado de saúde aparecem na lite- b re sua condição física; (b) psicológica – per-
ra t u ra muitas vezes quase como sinônimos cepção do indivíduo sobre sua condição afeti-
1 9 , 2 7 . In t e ressados na clarificação desses con- va e cognitiva; (c) do relacionamento social –
ceitos, Smith et al. 19, investigaram a importân- percepção do indivíduo sobre os relacionamen-
cia de três grandes dimensões – saúde mental, tos sociais e os papéis sociais adotados na vida;
funcionamento físico e funcionamento social – (d) do ambiente – percepção do indivíduo so-
sobre a percepção da QV e do estado de saúde, bre aspectos diversos relacionados ao ambien-
em 12 estudos que tra b a l h a ram esses indica- te onde vive. Além dessas dimensões, obteve -
d o res com amostras de pacientes port a d o re s se uma avaliação da QV percebida de modo
de enfermidades crônicas (câncer, hipert e n- global, mensurada por quatro itens específicos
são, HIV/AIDS, entre outras). A dimensão que que foram computados em um único escore.
teve maior poder de predição em relação ao es- As quatro dimensões – subdivididas em 24 fa-
c o re da QV foi o da saúde mental/bem-estar cetas – mais os itens referentes à QV geral cons-
psicológico, sendo que o poder preditivo da di- tituem o Instrumento de Avaliação da Qualida-
mensão funcionamento físico foi menor. No de de Vida da OMS 17.
caso da percepção do estado de saúde como Power et al. 28 realizaram um estudo de me-
variável critério, a dimensão funcionamento fí- ta-análise, utilizando o banco de dados dos es-
sico foi o mais forte pre d i t o r, incluindo va ri á- tudos de validação do WHOQOL-100 nos 15
veis como energia, fadiga e dor. Explorando os c e n t ro s. Mediante análise de re g ressão múlti-
dados com path analisys, observa ram, de um pla padrão, re f e rente à amostra total de 4.802
l a d o, que o escore da saúde mental afetou de sujeitos, verificaram que os escores das quatro
modo significativo os escores da QV. De outro g randes dimensões explicaram, juntos, 64,0%
l a d o, o funcionamento físico afetou de modo da variância do escore da qualidade de vida ge-
mais significativo a percepção do estado de saú- ral, considerada como variável critério. Aspec-
de. Os autores concluíram que os dois constru- tos físicos e psicológicos foram re s p o n s á ve i s
tos são diferentes e alertaram que determina- pela explicação da maior parte dessa variância,
dos instrumentos que avaliam a percepção do seguidos das dimensões do ambiente e do rela-
estado de saúde não devem ser usados para a cionamento social, sendo que essa tendência
avaliação da QV. também foi observada nas amostras dos 15 lo-
cais pesquisados, com algumas especificida-
des. Os pesquisadores concluíram que o WHO-
QOL-100 tem boa capacidade psicométrica pa-
ra mensurar a qualidade de vida e que a estru-
tura do construto é comparável nas diferentes

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c u l t u ra s, reforçando a sua importância como freqüentes a auto-aplicação e a entrevista. Um


ferramenta transcultural. estudo investigou se have ria diferenças entre
os escores de instrumentos de QV administra-
dos mediante entrevista e auto-aplicados, em
Qualidade de vida: a m o s t ras de pessoas soro p o s i t i vas 25, encon-
aspectos metodológicos t rando diferenças não significativas entre as
duas modalidades de aplicação. Ve ri f i c a ra m ,
As dificuldades relativas à avaliação da QV tal- no entanto, que as respostas dadas por outros
vez limitem a sua inclusão na prática clínica, respondentes (familiares ou pessoas próximas)
em grande parte devido à ausência de informa- m o s t ra ram diferenças relevantes se compara-
ção das equipes de saúde sobre as difere n t e s das aos escores dos próprios pacientes, sendo
possibilidades hoje existentes para inve s t i g a- que familiares e amigos tenderam a avaliar de
ção da QV. De fato, segundo estudos realizados modo menos favorável a qualidade de vida dos
em outros países 6, parece que os profissionais sujeitos. Ressaltaram, ainda, que a auto-aplica-
ainda têm resistido a incluir a avaliação da QV ção parece ser vantajosa, pois, além de requerer
dos pacientes em sua rotina de atendimento menos tempo, permite que a pessoa responda
clínico. no seu ritmo, podendo voltar aos itens e refle-
É possível identificar as principais tendên- tir melhor sobre suas respostas. As conclusões
cias metodológicas sobre a avaliação da QV, tan- dos autores desse estudo são interessantes, po-
to nos trabalhos que utilizam métodos quanti- rém importa enfatizar que há vantagens e des-
t a t i vos quanto nos estudos qualitativo s. No s vantagens nos diferentes procedimentos de co-
estudos quantitativo s, hegemônicos e pre d o- leta de dados, e que a escolha deve ser feita
minantes na literatura especializada, os esfor- com base no delineamento proposto, conside-
ços são voltados para a construção de instru- rando as características dos participantes que
mentos, visando a estabelecer o caráter multi- compõem a amostra e os objetivos do estudo.
dimensional do construto e sua validade 26,27. Outra tendência evidenciada na literatura,
São estudos de análise da estru t u ra fatori a l s o b retudo em relação à construção de instru-
com testes de confiabilidade, bem como testes mentos específicos, é a adaptação de questio-
de validade de critério, discriminante e de cons- n á rios ou escalas construídos ori g i n a l m e n t e
t ru t o. No caso da análise da validade, a ausên- para determinada enfermidade, ou mesmo de
cia de uma medida denominada padrão-ouro caráter genéri c o, que são modificados para
em qualidade de vida dificulta a investigação. adequar-se à avaliação da QV em pessoas com
Quanto à validade de construto, o aporte teóri- o u t ro tipo de agra vo. Pode-se citar o exemplo
co é fundamental, levando à necessidade do do Medical Outcome Study (MOS), instrumen-
estabelecimento de um modelo teórico que to usado em relação a enfermidades dive r s a s
p e rmita a análise de determinada estru t u ra , que, testado junto a amostras de pessoas soro-
p a ra a predição do comportamento de va ri á- positivas, passou a denominar-se MOS-HIV, fi-
veis do modelo. cando específico para esta clientela 25. Trata-se
Os estudiosos adeptos de enfoques qualita- de uma tendência que indica a urgência e o
t i vo s, por sua vez, enfatizam que a utilização pragmatismo para a obtenção de instrumentos
de medidas padronizadas pode levar a respos- de medida em curto espaço de tempo, em es-
tas estereotipadas, que têm pouco ou nenhum pecial para a utilização na clínica, ou mesmo
significado para a pessoa. Defendem o uso de em pesquisa.
técnicas como as histórias de vida ou as biogra- Nesse contexto, o desenvolvimento de me-
fias, e outras análises típicas dos enfoques qua- didas da QV para uso em pesquisa e na prática
litativos que podem trazer contribuições à área clínica já permite algumas conclusões, confor-
1 1 , 1 2. Alguns pesquisadores defendem a com- me evidenciado por Gill et al. 10 e Gladis et al.
plementaridade das metodologias, por meio da 23, que identificaram algumas deficiências nos
combinação de medidas padronizadas com instrumentos de QV e fizeram recomendações
análises de cunho qualitativo, de modo a per- para nortear estudos na área, sintetizadas a se-
mitir a emergência de temas que fazem senti- guir: (a) necessidade de apresentação da defi-
do para o sujeito, ao mesmo tempo que se ga- nição do conceito ou do significado de quali-
rante a validade e confiabilidade das técnicas dade de vida que orienta o trabalho, a pesquisa
que viabilizam a comparação de resultados de ou a intervenção; (b) explicitação das ra z õ e s
grupos e de indivíduos 10,29. t e ó rico-metodológicas que leva ram à escolha
A análise da literatura revela que os instru- dos instrumentos selecionados; (c) importân-
mentos comumente usados são os questioná- cia da utilização de medidas não reducionistas
ri o s, sendo as formas de administração mais ou simplistas, baseadas em itens únicos ou fo-

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calizadas apenas nos sintomas; (d) nos casos to de muitas das questões conceituais e meto-
de medidas padro n i z a d a s, inclusão de itens dológicas referidas.
a b e rt o s, adicionados ao final do instru m e n t o Com base no estado da arte da definição e
para respostas suplementares ou combinação das medidas do construto qualidade de vida é
de métodos qualitativos, visando a abarcar ou- p o s s í vel concluir, no entanto, que este pare c e
tros aspectos eventualmente não considerados c o n s o l i d a r-se como uma va ri á vel import a n t e
nesse tipo de instrumento. na prática clínica e na produção de conheci-
mento na área de saúde. Não obstante as con-
trovérsias existentes sobre a sua conceituação e
Pesquisa sobre qualidade as estratégias de mensuração, os esforços teóri-
de vida no Brasil co-metodológicos têm contribuído para a clari-
ficação do conceito e sua relativa maturidade.
No Brasil, igualmente, vem crescendo o inte- Seu desenvolvimento poderá resultar em
resse pelo tema qualidade de vida no campo da mudanças nas práticas assistenciais e na con-
s a ú d e. Alguns trabalhos publicados no Bra s i l solidação de novos paradigmas do pro c e s s o
foram considerados tendo em vista a sua con- saúde-doença, o que pode ser de grande valia
t ribuição para o avanço das pesquisas sobre p a ra a superação de modelos de atendimento
QV no país e por sua consonância com as ten- eminentemente biomédicos, que negligenciam
dências históricas observadas no contexto in- aspectos socioeconômicos, psicológicos e cul-
ternacional. turais importantes nas ações de promoção, pre-
Um trabalho pioneiro disponibilizou um venção, tratamento e reabilitação em saúde. As-
instrumento genérico de avaliação da QV, o SF- sim, sendo qualidade de vida um constru t o
36; utilizando os procedimentos canônicos de eminentemente interdisciplinar, a contribuição
tradução reversa e adaptação transcultural pa- de diferentes áreas do conhecimento pode ser
ra uma amostra de cinqüenta pacientes com de fato valiosa e mesmo indispensável.
a rt rite reumatóide, permitiu evidenciar a utili- Finalmente, um comentário sobre o desafio
dade de medidas gerais para a investigação de que se coloca para os pesquisadores bra s i l e i-
impacto da doença crônica sobre a vida das ros. O uso de instrumentos de avaliação da QV
pessoas acometidas 30. Po s t e ri o rm e n t e, o de- no campo da saúde colocaria os trabalhos de-
senvolvimento do WHOQOL-100 para a língua senvolvidos no país em consonância com agen-
p o rtuguesa 4 e o estudo para a validação das das internacionais para o avanço teórico e me-
versões completa e bre ve 31,32, perm i t i ram a todológico na área. Há, no entanto, dois desa-
utilização abrangente desse instrumento por fios colocados nessas agendas: as conclusões
pesquisadores brasileiros no campo da saúde. acerca da generalidade-especificidade do cons-
Foram encontrados trabalhos sobre QV em t ruto de qualidade de vida e a confiabilidade
d i f e rentes especialidades médicas, por exem- de comparações entre os achados em condi-
plo, nas áreas de psiquiatria 33, neurologia 34,35, ções diversas relacionadas à saúde e aos dife-
oftalmologia 36, oncologia 37 e ginecologia 38 . rentes contextos sociocultura i s. No caso do
Na psicologia, destaca-se a construção do In- Brasil, um país marcado por fortes difere n ç a s
ve nt ário de Qualidade de Vi d a 39 utilizado em regionais e culturais, o uso disseminado e sis-
pesquisa e em intervenção relacionadas ao ma- temático de versões brasileiras de instrumen-
nejo do estre s s e. Um trabalho de revisão im- tos genéricos como o SF-36 e o WHOQOL, orien-
p o rt a n t e, pela abrangência da análise de con- tado por agendas planejadas de pesquisa, per-
t ribuições e desafios do conceito para o setor mitiria acumular evidências sobre a qualidade
s a ú d e, em especial para a saúde pública, foi psicométrica desses instrumentos. Na medida
realizado por Minayo et al. 40. em que muitos estudos brasileiros são orienta-
dos por conveniência de pesquisadores que
atuam na assistência a pessoas acometidas por
Considerações finais enfermidades diversas, há ainda a considerar o
desafio de estabelecer uma rotina de avaliação
O presente artigo teve o propósito de apresen- de QV que atenda aos interesses práticos de
tar o termo qualidade de vida, com base em serviços assistenciais, o que inclui demonstrar
enfoque abrangente e panorâmico das princi- a utilidade desses instrumentos para apri m o-
pais questões teórico-metodológicas que ca- rar processos diagnósticos e para a ava l i a ç ã o
ra c t e rizam a aplicação do conceito no campo sistemática de resultados de tratamento.
da saúde. O caráter amplo dessa revisão pode
ser apontado como uma limitação do trabalho,
pois seu objetivo não visou ao aprofundamen-

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QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE 587

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atuam junto a usuários acometidos por enfermidades 2. Rogerson RJ. En v i ronmental and health-re l a t e d
d i ve r s a s . O presente artigo tem como objetivo descre- quality of life: conceptual and methodological
ver a evolução histórica e tecer algumas considerações similarities. Soc Sci Med 1995; 41:1373-82.
sobre aspectos conceituais e metodológicos do conceito 3. Schuttinga JA. Quality of life from a federal regu-
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do-se na revisão da literatura, dois aspectos do termo tors. Quality of life in behavioral medicine research.
são destacados no plano conceitual: subjetividade e New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates; 1995.
multidimensionalidade. Quanto aos aspectos metodo- p. 31-42.
lógicos, uma tendência significativa tem sido a cons- 4. Fleck MP, Leal OF, Louzada S, Xavier M, Ca c h a-
trução e/ou adaptação de instrumentos de medida e movich E, Vieira G, et al. Desenvolvimento da ver-
de avaliação da QV. Conclui-se que os esforços teórico- são em português do instrumento de ava l i a ç ã o
metodológicos têm contribuído para a clarificação e de qualidade de vida da OMS ( W H O Q O L - 1 0 0 ) .
relativa maturidade do conceito. Trata-se de um cons- Rev Bras Psiquiatr 1999; 21:21-8.
truto eminentemente interdisciplinar, o que implica a 5. Kaplan RM. Quality of life, re s o u rce allocation,
contribuição de diferentes áreas do conhecimento pa- and the U.S. He a l t h - c a re cri s i s. In: Dimsdale JE,
ra o seu aprimoramento conceitual e metodológico. Baum A, editors. Quality of life in behavioral med-
Sua utilização, p o rt a n t o, pode contribuir para a me- icine re s e a rch. New Je r s e y: Lawrence Er l b a u m
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