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AÇO

         O aço é a mais versátil e a mais importante das ligas metálicas. O aço é produzido
em uma grande variedade de tipos e formas, cada qual atendendo eficientemente a uma
ou mais aplicações. Esta variedade decorre da necessidade de contínua adequação dos
produtos as exigências de aplicações específicas que vão surgindo no mercado, seja pelo
controle da composição química, seja pela garantia de propriedades específicas ou,
ainda, na forma final, (chapas, perfis, tubos, barras, etc. )

         Existem mais de 3500 tipos de aços e cerca de 75 % deles foram desenvolvidos
nos últimos 20 anos. Isso mostra a grande evolução que o setor tem experimentado.

Dentre os aços utilizados atualmente, o mais utilizado e conhecido é o ASTM


A36,  que é classificado como um aço carbono de média resistência mecânica.

Definições

Um dos principais motivos que levaram ao tardio uso do ferro no Brasil (e


consequentemente do aço), foram às altas temperaturas, necessárias para sua fabricação,
e que encareciam seu processo de fabricação, dificultando tanto a popularização quanto
a comercialização. Para definirmos o que é aço, partiremos de seu processo de
fabricação, a partir do minério de ferro: sua matéria prima.

A usina siderúrgica é a empresa responsável pela transformação do minério de


ferro em aço, de maneira que ele possa ser usado comercialmente. Este processo tem o
nome de Redução. Primeiramente, o minério – cuja origem básica é o óxido de ferro
(FeO) – é aquecido em fornos especiais (alto fornos), em presença de carbono (sob a
forma de coque ou carvão vegetal) e de fundentes (que são adicionados para auxiliar a
produzir a escória, que, por sua vez, é formada de materiais indesejáveis ao processo de
fabricação). O objetivo desta primeira etapa é reduzir ao máximo o teor de oxigênio da
composição FeO. A partir disso, obtém-se o denominado ferro-gusa, que contem de 3,5
a 4,0% de carbono em sua estrutura. Como resultado de uma segunda fusão, tem-se o
ferro fundido, com teores de carbono entre 2 e 6,7%. Após uma análise química do
ferro, em que se verificam os teores de carbono, silício, fósforo, enxofre, manganês
entre outros elementos, o mesmo segue para uma unidade da siderúrgica denominada
aciaria, onde será finalmente transformado em aço. O aço, por fim, será o resultado da
descarbonatação do ferro gusa, ou seja, é produzido a partir deste, controlando-se o teor
de carbono para no máximo 2%. O que temos então, é uma liga metálica constituída
basicamente de ferro e carbono, este último variando de 0,008% até aproximadamente
2,11%, além de certos elementos residuais resultantes de seu processo de fabricação. O
limite de 0,008% de carbono está relacionado à sua máxima solubilidade no ferro à
temperatura ambiente (solubilidade é a capacidade do material de se fundir em solução
com outro), enquanto que o segundo - 2,11% - à temperatura de 1148° C .
Os aços diferenciam-se entre si pela forma, tamanho e uniformidade dos grãos
que o compõem e, é claro, por sua composição química. Esta pode ser alterada em
função do interesse de sua aplicação final, obtendo-se através da adição de
determinados elementos químicos, aços com diferentes graus de resistência mecânica,
soldabilidade, ductilidade, resistência à corrosão, entre outros. De maneira geral, os aços
possuem excelentes propriedades mecânicas: resistem bem à tração, à compressão, à
flexão, e como é um material homogêneo, pode ser laminado, forjado, estampado,
estriado e suas propriedades podem ainda ser modificadas por tratamentos térmicos ou
químicos.

A Estrutura do Aço

O aço, como os demais metais, se solidifica pela formação de cristais, que vão
crescendo a diferentes direções, formando os denominados eixos de cristalização. A
partir de um eixo principal, crescem eixos secundários, que por sua vez se desdobram
em novos eixos e assim por diante até que toda a massa do metal se torne sólida. O
conjunto formado pelo eixo principal e secundários de um cristal é denominado
dendrita. Quando duas dendritas se encontram, origina-se uma superfície de contato e ao
término do processo de cristalização, formam cada uma os grãos que compõem o metal,
de modo que todos os metais, após sua solidificação completa, são constituídos de
inúmeros grãos, justapostos e unidos.

Esquema estrutural de uma dentrita

O aço apresenta em sua constituição carbono e elementos de liga. Estes


elementos vão formar junto com o ferro uma solução e, de acordo com a
temperatura e a quantidade de carbono presente, haverá a presença de um
determinado tipo de reticulado.

O aço é constituído de um agregado cristalino, cujos cristais (grãos) se


encontram justapostos. As propriedades dos aços dependem muito de sua estrutura
cristalina, ou seja, de sua composição química, do tamanho dos grãos, de sua
uniformidade. Os tratamentos térmicos bem como os trabalhos mecânicos modificam
em maior ou menor intensidade alguns destes aspectos (arranjo, dimensões, formato dos
grãos) e, conseqüentemente, podem levar a alterações nas propriedades de um
determinado tipo de aço, conferindo-lhe características específicas: mole ou duro,
quebradiço ou tenaz, etc.
 

Tratamentos do Aço

A usinagem do aço pressupõe sistemas altamente industrializados.

Tratamentos térmicos são o conjunto de operações de aquecimento e


resfriamento a que são submetidos os aços, sob condições controladas de temperatura,
tempo, atmosfera e velocidade de esfriamento. O tratamento térmico é bastante utilizado
em aços de alto teor de carbono ou com elementos de liga. Seus principais objetivos:

i. aumentar ou diminuir a dureza;


ii. aumentar a resistência mecânica;
iii. melhorar resistência ao desgaste, à corrosão, ao calor;
iv. modificar propriedades elétricas e magnéticas;
v. remover tensões internas, provenientes por exemplo de resfriamento desigual;
vi. melhorar a ductilidade, a trabalhabilidade e as propriedades de corte;

Os principais parâmetros de influência nos tratamentos térmicos são:

· aquecimento: geralmente realizado a temperaturas acima da crítica (723°), para uma


completa “austenização” do aço. Esta austenização é o ponto de partida para as
transformações posteriores desejadas, que vão acontecer em função da velocidade de
resfriamento;
· tempo de permanência à temperatura de aquecimento: deve ser o estritamente
necessário para se obter uma temperatura uniforme através de toda a seção do aço;
· velocidade de resfriamento: é o fator mais importante, pois é o que efetivamente vai
determinar a estrutura e consequentemente as propriedades finais desejadas. As
siderúrgicas escolhem os meios de resfriamento ainda em função da seção e da forma da
peça.

Dentre os tratamentos térmicos mais utilizados, encontram-se o recozimento, a


normalização, a têmpera e o revenido. Vejamos a seguir as principais características de
cada um:

No recozimento a velocidade de esfriamento é sempre lenta e o aquecimento


pode ser feito a temperaturas superiores à crítica (recozimento total ou pleno) ou
inferiores (recozimento para alívio de tensões internas). É utilizado quando se deseja:

· remover tensões devido a tratamentos mecânicos à frio ou à quente, tais como o


forjamento e a laminação;
· diminuir a dureza para melhorar a usinabilidade do aço;
· alterar propriedades mecânicas;
· ajustar o tamanho do grão.

A normalização é um tratamento semelhante ao anterior quanto aos objetivos.


A diferença consiste no fato de que o resfriamento posterior é menos lento. Visa refinar
a granulação grosseira de peças de aço fundido, que são também aplicadas em peças
depois de laminadas ou forjadas, ou seja na maioria dos produtos siderúrgicos. É
também usada como tratamento preliminar à tempera e ao revenido, visando produzir
uma estrutura mais uniforme e reduzir empenamentos.

A têmpera consiste no resfriamento rápido da peça de uma temperatura superior


à crítica, com a finalidade de se obter uma estrutura com alta dureza (denominada
estrutura martensítica). Embora a obtenção deste tipo de estrutura leve a um aumento do
limite de resistência à tração do aço, bem como de sua dureza, há também uma redução
da maleabilidade e o aparecimento de tensões internas. Procuram-se atenuar estes
inconvenientes através do revenido.

Já o revenido geralmente sucede à têmpera, pois além de aliviar ou remover


tensões internas, corrige a excessiva dureza e fragilidade do material e aumenta a
maleabilidade e a resistência ao choque. A temperatura de aquecimento é inferior à 723°
(crítica), e os constituintes obtidos dependem da temperatura a que se aquece a peça.
Os trabalhos mecânicos podem ser a frio e a quente. A laminação é um exemplo
de trabalho mecânico a quente, sendo uma etapa de extrema importância, pois é através
dela que se obtêm as formas adequadas dos produtos em aço para uso comercial
(chapas, perfis, barras). O forjamento e o estiramento são outros exemplos. O trabalho
mecânico a quente é realizado acima da temperatura crítica do aço (723° C), pois assim
ele se torna mais mole e conseqüentemente mais fácil de ser trabalhado. Depois de
deformados, os grãos do material em questão recristalizam-se, agora sob a forma de
pequenos grãos.

A laminação também pode ser um trabalho a frio, desta forma ela é realizada
abaixo da temperatura crítica. Neste caso, após o trabalho, os grãos permanecem
deformados e diz-se que o material está “encruado”. Assim como nos tratamentos
térmicos, o encruamento altera as propriedades do material – aumenta a resistência, o
escoamento, a dureza, a fragilidade e diminui o alongamento, estricção, resistência à
corrosão, etc. Se o aço encruado for aquecido, os cristais tenderão a se reagrupar e o
encruamento a desaparecer.

Propriedades do Aço
Nos processos de montagem, todas as medidas são milimetricamente
controladas.

Suas propriedades são de fundamental importância, especificamente no campo


de estruturas metálicas, cujo projeto e execução nelas se baseiam. Não são exclusivas
dos aços, mas, de forma semelhante, servem a todos os metais. Em um teste de
resistência, ao submeter uma barra metálica a um esforço de tração crescente, ela irá
apresentar uma deformação progressiva de extensão, ou seja, um aumento de
comprimento. Através da análise deste alongamento, pode-se chegar a alguns conceitos
e propriedades dos aços:

A elasticidade é a propriedade do metal de retornar à forma original, uma vez


removida a força externa atuante. Deste modo, a deformação segue a Lei de Hooke,
sendo proporcional ao esforço aplicado:

Þ=µ.E

onde: Þ = tensão aplicada; e µ = deformação (E = módulo de elasticidade do material –


módulo de Young).

Ao maior valor de tensão para o qual vale a Lei de Hooke, denomina-se limite
de proporcionalidade. Ao ultrapassar este limite, surge a fase plástica, onde ocorrem
deformações crescentes mesmo sem a variação da tensão: é o denominado patamar de
escoamento. Alguns materiais – como o ferro fundido ou o aço liga tratado
termicamente – não deformam plasticamente antes da ruptura, sendo considerados
materiais frágeis. Estes materiais não apresentam o patamar de escoamento.

A plasticidade é a propriedade inversa à da elasticidade, ou seja, do material


não voltar à sua forma inicial após a remoção da carga externa, obtendo-se deformações
permanentes. A deformação plástica altera a estrutura de um metal, aumentando sua
dureza. Este fenômeno é denominado endurecimento pela deformação à frio ou
encruamento.

Ductilidade é a capacidade do material de se deformar sob a ação de cargas


antes de se romper, daí sua grande importância, já que estas deformações constituem um
aviso prévio à ruptura final do material, o que é de extrema importância para prevenir
acidentes em uma construção, por exemplo. A fragilidade, oposto à ductilidade, é a
característica dos materiais que rompem bruscamente, sem aviso prévio (um dos
principais fatores responsáveis por diversos tipos de acidentes ocorridos em pontes e
navios).

A resiliência é a capacidade de absorver energia mecânica em regime elástico,


ou seja, a capacidade de restituir a energia mecânica absorvida. Já a tenacidade é a
energia total, plástica ou elástica, que o material pode absorver até a ruptura. Assim, um
material dúctil com a mesma resistência de um material frágil irá requerer maior energia
para ser rompido, portanto é mais tenaz.

A fluência é mais uma outra propriedade apresentada pelo aço e metais em


geral. Ela acontece em função de ajustes plásticos que podem ocorrer em pontos de
tensão, ao longo dos contornos dos grão do material. Estes pontos de tensão aparecem
logo após o metal ser solicitado por uma carga constante, e sofrer a deformação elástica.
Após esta fluência ocorre a deformação continua, levando a uma redução da área do
perfil transversal da peça (denominada estricção). Tem relação com a temperatura a
qual o material está submetido: quanto mais alta, maior ela será, porque facilita o início
e fim da deformação plástica. Nos aços, é significativa para temperaturas superiores a
350° C, ou seja, em caso de incêndios.

É importante citar ainda a fadiga, sendo a ruptura de um material sob esforços


repetidos ou cíclicos. A ruptura por fadiga é sempre uma ruptura frágil, mesmo para
materiais dúcteis.

Por fim, temos a dureza, que é a resistência ao risco ou abrasão: a resistência


que a superfície do material oferece à penetração de uma peça de maior dureza. Sua
análise é de fundamental importância nas operações de estampagem de chapas de aços.

Classificação dos Aços

Não existe, ainda hoje, uma classificação dos aços considerada precisa e
completa, principalmente com relação aos aços-liga, em que a cada dia é pesquisada a
inclusão de novos elementos, e consequentemente obtidos novos aços. Ainda assim, a
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), a SAE (Society Automotive
Engineers) e a ASTM (American Society for Testing and Materials), entre outras ,
possuem sistemas que tem atendido as atuais necessidades.

Aços Estruturais são vergalhões para reforço de concreto, barras, chapas e perfis
para aplicações estruturais. São aqueles que são adequados para o uso em elementos que
suportam cargas. Os principais requisitos para os aços destinados à aplicação estrutural
são:

· elevada tensão de escoamento para prevenir a deformação plástica generalizada;


· elevada tenacidade para prevenir fratura rápida (frágil) e catastrófica;
· boa soldabilidade para o mínimo de alterações das características do material na junta
soldada;
· boa formabilidade para o material ou a peça que necessitar receber trabalho mecânico;
· custo reduzido.
Podem ser agrupados sob três classificações gerais, conforme a tensão de
escoamento mínima especificada:

· aços carbono: aproximadamente 195 a 260 MPa;


· aços de alta resistência e baixa liga (ARBL): 290 a 345 MPa;
· aços liga tratados termicamente: 630 a 700 MPa;

Também existem aços especiais, resistentes à corrosão atmosférica, um


fenômeno que exige atenção, principalmente, quando se vai utilizar estruturas de aço
aparente. Há alguns aços, que mesmo sem a utilização de uma proteção adicional,
possuem a capacidade de resistir a este tipo de corrosão de forma bastante superior aos
aços comuns, são os chamados aços patináveis ou aclimáveis (em inglês, wheathering
steel). Os aços patináveis foram introduzidos no início da década de trinta nos Estados
Unidos, inicialmente para utilização em estradas de ferro, e mais especificamente na
fabricação de vagões de carga. Devido às características e qualidades desses aços, que
combinavam alta resistência mecânica com resistência à corrosão atmosférica,
rapidamente encontraram aceitação, embora no início fossem empregados, na maioria
das vezes, como revestimento. Comercialmente, receberam o nome de CORTEN,
atualmente são utilizados nos mais diversos campos, principalmente na construção civil.
No Brasil estão disponíveis sob a forma de chapas, bobinas e perfis soldados, possuindo
denominações especiais conforme a siderúrgica produtora.

Por definição, aços patináveis ou aclimáveis são um grupo de aços de baixa liga,
com resistência mecânica na faixa de 500 MPa (limite de ruptura) e alta resistência à
corrosão atmosférica. Tais características acontecem em função da presença de
determinados elementos de liga, como cobre, fósforo, cromo, silício, níquel, manganês,
vanádio, nióbio, molibdênio, entre outros, em combinações específicas, conforme a
siderúrgica produtora. Como visto, o ferro ou o aço carbono comum se caracterizam
normalmente por suas propriedades típicas permanecendo alteradas sob ação do meio
envolvente. Mas isto pode ser modificado pela adição dos elementos de liga, embora as
porcentagens com que estes elementos comparecem são bem pequenas. Os aços
patináveis, quando expostos à atmosfera, iniciam a formação de uma camada de óxido
compacta e aderente – a pátina – que funciona como barreira de proteção contra a
corrosão.

Algumas teorias tentam explicar o desempenho superior deste tipo de aço:

Os elementos de liga (cobre em especial) retardam a velocidade de corrosão;

Os produtos da corrosão então formados são mais homogêneos, compactos, favorecendo


a proteção e ainda alterando as condições de condensação de umidade do metal base.

É necessário observar alguns aspectos relevantes ao desenvolvimento desta pátina


protetora:

A camada protetora, bem formada, só é conseguida em condições de


umedecimento (chuva e umidade) e secagem (sol e vento);

O tempo de sua formação varia em função da atmosfera local, levando em média de 2 a


3 anos. Após esse período ela adquire uma coloração marrom escura;
Locais de retenção de grande umidade ou partes submersas não desenvolvem a mesma
proteção, pois não estão expostos à luz solar;

Locais submetidos a lavagens acentuadas e constantes, tais como zonas de respingo em


água do mar, não apresentam eficiência superior ao aço comum, já que a lavagem
remove a pátina;

As regiões não expostas aos intemperismos naturais, tais como juntas de


expansão, articulações, e regiões sobrepostas, apresentam comportamento crítico.

Quanto às propriedades, são soldáveis e trabalháveis de maneira similar ao aço-


carbono comum. Apresentam ainda média ou alta resistência mecânica, o que
proporciona tanto uma redução no peso da estrutura quanto uma diminuição da
espessura das chapas usadas.
  
A construção civil em aço se aplica em vários locais e para diversos usos,
como pontes, aeroportos, complexos industriais ou edifícios

Ainda referente aos aços resistentes à corrosão, temos também os aços


inoxidáveis. O uso do aço inox tem crescido de forma destacável nas últimas décadas.
Na maioria das aplicações em arquitetura, a aparência, o prestígio e a qualidade estética
são características combinadas com as conhecidas considerações funcionais
proporcionadas pelo material: alta resistência à corrosão, impacto, abrasão e
durabilidade. Sendo o aspecto visual de grande importância na escolha e aplicação do
material, são necessários cuidados específicos na fabricação das peças e componentes,
além de, pela parte do arquiteto, um bom projeto de detalhamento, e, finalmente, uma
execução adequada. Os aços inoxidáveis são ligas de ferro com a característica de
possuírem teores de Cr (cromo) acima de 12%. Este tipo de aço é de grande interesse de
aplicação em determinados ambientes ou situações, devido à sua capacidade de resistir à
corrosão aliada a algumas propriedades mecânicas. Como nos aços patináveis, a
característica de alta resistência à corrosão é obtida pela formação de um filme
superficial, produto da reação do cromo com o oxigênio da atmosfera: cada vez que este
filme é rompido por qualquer motivo (riscos, por exemplo), imediatamente ele se
recompõe, desde que haja oxigênio disponível para a formação do óxido protetor. Tanto
a resistência à corrosão, bem como características de fabricação, podem ser melhoradas
através da adição de alguns elementos além do cromo. Há de se observar, entretanto,
que nenhum material é totalmente inoxidável e, em meios corrosivos sua seleção deve
ser realizada com o máximo de consciência e conhecimento de suas características e
comportamento.

Existem atualmente uma grande variedade de ligas produzidas, cada uma


apresentando propriedades específicas em função de sua composição química. Nesta
composição química, bem como de características metalúrgicas, é que estão agrupadas
as três famílias dos aços inoxidáveis: austeníticos, ferríticos e martensíticos. Existem
diversos sistemas de classificação, e será mostrado o padrão reconhecido pela ABNT:

a) austeníticos: contem tipicamente 18% de cromo, 8% de níquel e baixo teor de


carbono. Atualmente esta família responde por cerca de 70% do total de aços inox
produzidos em todo o mundo, principalmente em função de características como:
excelente resistência à corrosão, alta resistência mecânica, boa soldabilidade, boa
conformabilidade, facilidade de limpeza, durabilidade, recomendando-os à arquitetura e
construção em geral;

b) ferríticos: são ligas de ferro-cromo, contendo geralmente de 12 a 17% de cromo.


Apresentam boa resistência à corrosão em meios menos agressivos, boa ductilidade,
razoável soldabilidade;

c) martensíticos: também são ligas ferro-cromo. Uma característica desta família é a de


poder atingir altas durezas (1379 MPa) através de tratamento térmico, entretanto, não
são especificados para uso da construção civil.

         A Tabela 1 relaciona a composição química e propriedades mecânicas de um aço


de carbono de média resistência mecânica (ASTM A36), um aço de alta resistência
mecânica e baixa liga (ASTM A572 Grau 50) e dois aços de baixa liga e alta resistência
mecânica resistentes à corrosão atmosférica (ASTM A588 Grau B e ASTM A242).

Tabela 1: Comparativo de composição química e propriedades mecânicas de aços


ASTM.

ASTM ASTM ASTM ASTM


Elemento
Químico
A36 A572 A588 A242
(perfis) (Grau 50) (Grau B) (Chapas)
%C máx. 0,26 0,23 0,20 0,15
%Mn ... (1) 1,35 máx. 0,75-1,35 1,00 máx.
%P máx. 0,04 0,04 0,04 0,15
%S máx. 0,05 0,05 0,05 0,05
%Si 0,40 0,40 máx.3 0,15-0,50 ...
%Ni ... ... 0,50 máx. ...
%Cr ... ... 0,40-0,70 ...
%Mo ... ... ... ...
%Cu 0,202 ... 0,20-0,40 0,20 mín.
%V ... ... 0,01-0,10 ...
(%Nb + %V) ... 0,02-0,15 ... ...
Limite de escoamento (MPa) 250 mín. 345 mín. 345 mín. 345 mín.
Limite de resistência (MPa) 400-550 450 mín. 485 mín. 480 mín.
Alongamento Após ruptura, %
(lo = 200mm)
20 mín. 18 mín. 18 mín. 18 mín.

(1): Para perfis de peso superior a 634 kg/m, o teor de manganês deve estar situado
entre 0,85 e 1,35% e o teor de silício entre 0,15 e 0,40%.
(2): Mínimo quando o cobre for especificado.
(3): Para perfis de até 634 kg/m.
(4): Espessuras entre 20 mm e abaixo.
Tabela 2: Os aços patináveis produzidos no Brasil.

EMPRESA AÇO
BELGO MINEIRA ASTM A588
COSIPA COS-AR-COR 400, COS-AR-COR
400E, COS-AR-COR 500, ASTM
A242, ASTM A588
CSN CSN CSN-COR 420, CSN-COR 500
CST ASTM A242
GERDAU ASTM A588
AÇOMINAS
USIMINAS USI-SAC-300, USI-SAC-350, USI-
FIRE-350, ASTM A242, ASTM A588

A aplicação de aços inoxidáveis como painéis de revestimento de fachadas tem


crescido de forma positiva nos últimos anos. Comparado com os materiais
tradicionalmente utilizados, tais como mármore, granito, cerâmica, apresenta algumas
vantagens:

· redução do peso do revestimento sobre a estrutura da edificação;


· rapidez de instalação;
· facilidade de manutenção e limpeza;
· não liberam produtos de corrosão que atacam superfícies de alumínio ou zinco ou
ainda que manchem outros materiais em contato (mármores, alvenarias, etc.).

A aparência exterior dos edifícios pode ser brilhante ou reflexiva conforme as


exigências ou preferências de projeto em questão. Os acabamentos mais reflexivos
geralmente assumem as cores do meio-ambiente que o envolve, cores estas que variam
com a alteração da luminosidade ao longo das horas do dia e dos meses do ano. O aço
inox também tem sido bastante empregado no mobiliário urbano, principalmente em
função de suas características de durabilidade, facilidade de limpeza e manutenção,
além da boa resistência ao ataque da poluição, característica de nossas cidades, e que
muitas vezes leva à uma rápida deterioração deste tipo de elemento. Assim, bancos de
jardins, abrigos de ônibus, cabinas telefônicas, corrimãos de escadas, coletores de lixos,
bancas de jornal, dentre outros aparelhos públicos em inox, já fazem parte da paisagem
de muitas cidades brasileiras.

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