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Brasília – 2008
Diretoria de Políticas de Formação, Materiais Didáticos e de
Tecnologias para a Educação Básica
DISTRIBUIÇÃO
SEB - Secretaria de Educação Básica
Esplanada dos Ministérios, Bloco L, 5o Andar, Sala 500
CEP: 70047-900 - Brasília-DF - Brasil
proletramento@mec.gov.br
Conteúdo: fasc. Guia do curso. – fasc. 1. Números naturais. – fasc. 2. Operações com números naturais.
– fasc. 3. Espaço e forma. – fasc. 4. Frações. – fasc. 5. Grandezas e medidas. – fasc. 6. Tratamento da
informação. – fasc. 7. Resolver problemas: o lado lúdico do ensino da matemática. – fasc. 8. Avaliação da
aprendizagem em matemática nos anos iniciais. – fasc. SAEB – Prova Brasil matriz de referência 4ª série do
ensino fundamental.
CDU 372.47
CDU 37.014.53
*Dados retirados da 1ª capa.
Sumário
Apresentação ............................................................................ 6
O Pró-Letramento em Matemática........................................ 9
Tutoria .......................................................................................... 14
E Estamos muito satisfeitos em tê-lo conosco nesta “aventura”. Isto porque acreditamos que ao
participar deste curso você volta a ser estudante. E ser estudante é uma aventura. Ser
estudante é um desafio novo que surge na sua vida pessoal, familiar e profissional. Ser
estudante exige novas atitudes e uma rearrumação em sua vida. Foi pensando em você que
escrevemos esse guia.
Nesse curso você terá a oportunidade de estabelecer novos contatos e fazer novas amizades.
Desejamos que tenha disposição para acompanhar esse trabalho que começamos. São 120
horas de estudos utilizando a metodologia semi-presencial, isto significa que terão momentos
presenciais com atividades em grupo e momentos a distância por meio de atividades
individuais.
Muito embora, nem sempre haja a presença física do tutor, você não precisa sentir-se sozinho
ou isolado. Durante os oitos fascículos contendo orientações básicas e fundamentais, você
contará com sugestões de leituras, exercícios e um tutor, que sempre estará disposto a
conversar e discutir os assuntos em pauta. Nos momentos presenciais, você terá o apoio de
um grupo de colegas que irá discutir, levantar questões, tirar dúvidas, reforçar e estimular
atitudes favoráveis ao entendimento de um determinado assunto.
Esperamos que o material didático apresentado e seus encontros com o tutor e colegas
possam oferecer a você um bom aprendizado. Desejamos que este material traga, não apenas
mais conhecimento, mas, sobretudo, a satisfação de participar de um projeto tão interessante
que é o de continuar se aperfeiçoando, de modo a tornar o ensino da matemática mais
eficiente e mais prazeroso.
É bom ressaltar, porém, que na rede de formação continuada da qual você passa a participar,
seu papel é de extrema importância. Para exercer plenamente sua função você precisa prepa-
rar-se conhecendo a estrutura mais ampla do programa, as instâncias as quais você pode re-
!
correr para uma formação específica, para articulações futuras, para buscar maiores informa-
ções e para conhecer profundamente os materiais produzidos.
Este GUIA pretende dar a você algumas informações iniciais sobre o desenvolvimento do
Curso.
6
Pró-Letramento
O que é?
O
O Pró-Letramento é um programa de formação
continuada de professores para melhoria da
qualidade de aprendizagem da leitura/escrita e
○
O que pretende?
O
Os objetivos do Pró-Letramento são:
• Oferecer suporte à ação pedagógica dos professores das séries iniciais do ensino
fundamental, contribuindo para elevar a qualidade do ensino e da aprendizagem de Língua
Portuguesa e Matemática;
• Propor situações que incentivem a reflexão e a construção do conhecimento como
processo contínuo de formação docente;
A
A formação continuada é uma exigência nas atividades profissionais do mundo atual, não
podendo ser reduzida a uma ação compensatória de fragilidades da formação inicial. O
conhecimento adquirido na formação inicial se reelabora e se especifica na atividade
profissional para atender a mobilidade, a complexidade e a diversidade das situações que
solicitam intervenções adequadas. Assim, a formação continuada deve desenvolver uma
atitude investigativa e reflexiva, tendo em vista que a atividade profissional é um campo de
produção do conhecimento, envolvendo aprendizagens que vão além da simples aplicação do
que foi estudado.
8
O Pró-Letramento em Matemática
O
Os materiais do Pró-Letramento em matemática foram produzidos por professores dos cinco
Centros de Formação Continuada em Educação Matemática e Científica da REDE
NACIONAL DE FORMAÇÃO CONTINUADA, das Universidades UFES, UFRJ,
UNISINOS, UNESP e UFPA.
9
Material didático
○
cada professor.
○
○
No ensino presencial também é assim. Nossas aulas
○
não são iguais às do nosso colega, não é? No caso da ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
educação, esse “jeito de ser”, isto é, de elaborar o ma-
○
terial... serve para nos instigar a curiosidade de ler os
○
○
fascículos, de conhecer o professor, nosso interlocutor.
○
○
Desse modo, no primeiro fascículo, nosso trabalho estará
○
○ ○ ○ ○ ○ ○
○ ○ ○
10
mais técnicas matemáticas importantes no seu dia a dia. Os exercícios e as atividades sugeridas
darão oportunidade de reflexão e aprofundamento.
Já no fascículo seguinte abordamos temas do bloco de conteúdo “Grandezas e Medidas”.
Pretendemos estimular reflexões e discussões sobre a conexão entre a Matemática e o cotidia-
no, entre diferentes temas matemáticos e ainda entre a Matemática e temas de outras áreas do
conhecimento. Nosso objetivo, dessa forma, é propiciar a você - aluno-professor -, condições
de conhecer aspectos históricos da construção do conhecimento sobre grandezas e medidas,
suas implicações didático-pedagógicas; de compreender o conceito de medidas, os processos de
medição e a necessidade de adoção de unidades-padrão de medidas; de estabelecer conexões
entre grandezas e medidas com outros temas matemáticos como, por exemplo, os números ra-
cionais positivos e suas representações; de analisar atividades verificando a importância e o
acentuado caráter prático do tema “Grandezas e Medidas”, bem como conhecer as conexões
desse tema com outras áreas de conhecimento, na perspectiva da transversalidade.
Atualmente estamos em contato com muitas informações que precisam ser interpretadas e
compreendidas. Dessa forma, o fascículo 6 “Tratamento da Informação” apresenta-se com o
objetivo de oferecer condições para você professor cursista de construir atitudes críticas diante
de situações da vida cotidiana juntamente com seus alunos e também abordar idéias
fundamentais da Estatística destacando a análise de dados de tabelas e gráficos.
Já no finalzinho de nossa aventura, o fascículo sete apresentará “Resolver Problemas: o lado
lúdico do ensino da Matemática”. Este fascículo é composto de dois módulos acerca dessa
abordagem: no primeiro discute “Pensando o processo de resolução de problemas” e no segun-
do “Brincando e aprendendo a resolver problemas por meio de jogos”.
No fascículo oito você encontrará um guia onde deverá ser considerada sua prática pedagógica
e os recursos que ajudarão a qualificá-la. Este fascículo abordará a “Avaliação da Aprendiza-
gem em Matemática nos anos iniciais”. Como avaliamos nosso aluno em seu processo de
aprendizagem na escola? Em que momento(s)? Sustentada nessas angústias e reflexões, perce-
bemos uma necessidade de mudança de olhar em relação à avaliação. Várias atividades são
propostas com o objetivo de refletir e discutir a prática de avaliação. Diversos casos são citados.
Desejamos que esta viagem pelo mundo da Matemática que está por vir seja rica de
aprendizagens e de troca de experiências! Aproveite o máximo que puder e pense que o
processo ensino-aprendizagem da Matemática nas séries iniciais pode ser melhor com a sua
contribuição!
11
A dinâmica dos fascículos será desenvolvida
em três etapas:
E Esta parte do material impresso "fecha" o trabalho do fascículo anterior retomando todas as
atividades individuais realizadas anteriormente. Você deve aproveitar este momento presencial
para tirar dúvidas, comparar as tarefas realizadas com as dos colegas e refletir em grupo.
E Esta é a seção que abre o estudo de um novo fascículo e deverá ser realizada durante o
encontro presencial. Nesse momento, o grupo entra em contato com o conteúdo do fascículo e
aguça o interesse pelo estudo que irá ser desenvolvido na quinzena seguinte. Poderão propor
reflexões iniciais a respeito das atividades selecionadas para o trabalho individual. No
desenvolvimento o tema vai ser expandido a partir de referencias bibliográficas dispostas para
auxiliar na reflexão e análise.
E Esta etapa constitui o "fecho" do encontro, tem momento de síntese, reflexão e produção
individuais e coletivas das atividades realizadas no decorrer do fascículo. Normalmente, esta
etapa ocorre antes de iniciar um novo fascículo, pois há uma necessidade de se perceber o
grau de aproveitamento do grupo.
Essas conclusões são compostas por apresentação dos principais temas e objetivos do estudo
presencial e a distância realizado pelo cursista.
Dessa maneira, a dinâmica dos fascículos tem em vista a reflexão em grupo; no "Pensando
Juntos", análises e orientações presenciais, no "Trabalho em Grupo", e aprofundamento das
atividades propostas, em "Roteiro de Trabalho Individual". As sínteses e relatórios estarão
presentes em "Nossas Conclusões" para que você exponha o aproveitamento das atividades
executadas.
Esperamos que tenha o maior aproveitamento possível do conteúdo apresentado.
12
Registrando seus Estudos
C
Como já foi dito nesta apresentação, o encontro presencial terá o objetivo de aprofundar as re-
flexões em torno das atividades propostas. Dessa maneira, o primeiro momento de cada encon-
tro será determinado pela retomada de alguns pontos que provocaram dúvidas, incluindo uma
síntese das principais idéias que foram exploradas no fascículo, sejam elas conceituais ou
metodológicas. Entretanto, como faremos esta discussão? Será que você se lembrará de cada
dúvida e questionamento encontrados ao longo dos últimos quinze dias de estudo?
Nessas anotações você poderá registrar também suas próprias reflexões. Sem dúvida, em seus
estudos, uma série de questionamentos será suscitada e seu registro é de extrema importância,
pois evidenciará o percurso de trabalho feito por você mesmo. Isso é tão importante quanto o
registro das atividades propostas em cada fascículo.
A composição da sua valoração final em cada fascículo deverá considerar estes momentos de
sua trajetória no curso. Ao final de cada tema você terá em mãos todo o registro das atividades
propostas e este será um dos nossos instrumentos de avaliação. A avaliação do assunto, do cur-
so e sua auto-avaliação estarão, portanto, completamente vinculadas ao processo de estudo.
13
Tutoria
U Uma peça muito importante no nosso curso é o “TUTOR”. E você pode estar se perguntando
“por que” e “para que” o tutor?
A principal função do tutor é possibilitar a mediação entre o estudante e o material didático do
curso, ou, ainda, a de facilitador de aprendizagem ou animador. Ela é compreendida como um
dos elementos do processo educativo que possibilita a (res)significação da educação a distân-
cia, principalmente para possibilitar, em razão de suas características, o rompimento da noção
de tempo/espaço da escola tradicional: tempo como objeto, exterior ao homem, não
experiencial.
Os tutores, na Educação a Distância, não são mestres, não são aqueles grandes oradores que,
supostamente, têm posse do saber; muito longe disso, eles estão orientando aqueles aprendizes
e, na maioria das vezes, aprendem junto.
Isso demonstra que a força do trabalho do tutor está no pequeno grupo, pois o tutor vai compor
o grupo. Cada participante tem que ter dado o máximo possível de si para que o grupo todo
possa compartilhar daquele saber.
O tutor aprende no grupo juntamente com os cursistas. Ele não tem que saber tudo de antemão,
ele não tem que ser ‘o bom’; ele tem que ter humildade suficiente para ser mais-um entre os
outros. A produção do trabalho de tutoria é a produção de cada um, onde cada um tem de se de-
dicar ao trabalho. Se não estamos entendendo, vamos tentar entender, vamos abrir o livro, va-
mos procurar em outros lugares, vamos achar outras alternativas.
O que conta mesmo é o trabalho empenhado no processo de construção do saber. Não conta o
que eu sei, de onde eu vim, para onde eu vou; o que conta é a minha possibilidade de trabalhar.
Os conflitos de nossas práticas cotidianas com relação ao papel do tutor estão na difusão da
idéia segundo a qual o tutor tem que saber mais do que o grupo, exercendo um papel de
ensinamento no processo. O tutor não ensina. O grande trabalho do tutor é o de orientar o alu-
no em seu processo de aprendizagem e dinamizar o grupo.
Poderíamos, agora, definir para você que o TUTOR é o sujeito cuja função é sugerir formas de
organização do tempo de estudo para as ações presenciais e para os estudos individuais dos
cursistas; indicar estratégias para resolução de dúvidas diante do conteúdo e para resolução dos
exercícios propostos; elaborar estratégias de avaliação do processo de aprendizagem do grupo
e aplicação de instrumentos formais de avaliação, tais como provas.
Sua principal função, porém, é ser um mediador das discussões apresentadas no material didá-
tico encorajando os alunos a levantarem suas dúvidas, seus progressos, suas necessidades espe-
ciais de acompanhamento.
14
Grande parte das estratégias de ação do tutor lhes será também apresentada no próprio materi-
al impresso, visando auxiliá-lo nessa tarefa instigante de acompanhar o conteúdo em tarefas in-
dividuais e nos encontros presenciais com os outros professores.
O material é, portanto, o principal suporte deste curso.
Nesse sentido, a atuação do tutor não supõe dar aulas nem realizar conferências, mas trabalhar
com informações sobre o conteúdo contidas nos fascículos, em outras fontes indicadas na bi-
bliografia ou pesquisadas por você. O que o material não prevê e que faz parte da atuação do
tutor é o levantamento do perfil do seu grupo: idade, formação, tempo de experiência na sala
de aula, tempo de atuação, carga horária de trabalho, tempo livre. Estas informações vão ajudá-
lo a definir os desafios e potencialidades existentes no grupo que vai acompanhar.
M
Mãos à obra...
15
A Agora é aprofundar as leituras.
Deixamos para você um artigo da Revista Veja, edição 1910, ano 38, nº 25, 22/06/2005, página
24. Leia e reflita sobre o tema.
16
encontrar o ponto de equilíbrio entre esses dois mundos. Saber administrar a
distância entre seus desejos e suas competências é o grande segredo da
vida. Escolha uma distância nem exagerada demais nem tacanha demais.
Se sua ambição não for acompanhada da devida competência, você se
frustrará. Esse é o erro de todos os jovens idealistas que querem mudar o
mundo com o que aprenderam no primeiro ano de faculdade. Curiosamen-
te, à medida que a distância entre seus sonhos e suas competências diminui
pelo seu próprio sucesso, surge frustração, e não felicidade.
17
Referências Bibliográficas
BELLONI, M. L. Educação a distância. Campinas: Autores Associados,1999.
BELLONI, M. L. Ensaio sobre Educação a distância no Brasil. Educação & Sociedade,
v.78, 2002.
CARMO, H. Ensino superior a distância. Lisboa: Universidade Aberta, 1998.
TRINDADE, A.R. Introdução à comunicação educacional. Lisboa: Universidade Aberta,
1990.
VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico.
3ªed.Campinas, São Paulo:Papirus, 2004.
18
Fascículos
Ilustrador - Leonardo Cordeiro da Rocha
Sumário
C Cara professora ou caro professor, antes de você iniciar o seu trabalho neste fascículo, gostaríamos de
apontar alguns dos pressupostos deste material. Em primeiro lugar, acreditamos que a Matemática é par-
te essencial da bagagem de todo cidadão com atuação crítica na sociedade. Num mundo cada vez mais
complexo é preciso estimular e desenvolver habilidades que permitam resolver problemas, lidar com in-
formações numéricas para tomar decisões, fazer inferências, opinar sobre temas diversos, desenvolvendo
capacidades de comunicação e de trabalho coletivo, sempre de forma crítica e independente.
Em qualquer atividade, o cidadão vai encontrar situações nas quais necessitará compreender, utilizar e
reconstruir conceitos e procedimentos matemáticos. Assim, a Matemática escolar tem um papel
formativo, ajudando a estruturar o pensamento e o raciocínio lógico. Além disso é uma ferramenta útil e
com uma linguagem de expressão própria, necessária a diversas áreas do conhecimento. Em especial, a
temática deste fascículo – Números Naturais – tem, nos anos iniciais de escolarização, um papel central
neste processo.
Você vai notar que este material foi estruturado como uma conversa entre colegas de profissão que têm
muito a trocar. Este fascículo não tem a pretensão de esgotar o tema, mas busca motivá-lo a repensar
seus conhecimentos e sua prática de ensino para estes conteúdos. Ele foi elaborado com a esperança de
contagiar você com nosso desejo de um ensino de Matemática mais eficiente, mais prazeroso para os alu-
nos e que a nós, professoras e professores, forneça opções seguras e testadas para trilhar uma renovação
sem muitos sobressaltos e incertezas. Esperamos, sobretudo, incentivá-lo a buscar novas oportunidades
para continuar estudando e crescendo profissionalmente.
Acreditamos também que as experiências iniciais de uma criança costumam ser determinantes para sua
atitude e interesse pela Matemática por toda sua vida. Assim, ao iniciar seu aluno no estudo dos núme-
ros, você tem em mãos uma grande responsabilidade, e esperamos que este curso possa ajudá-lo a refletir
sobre sua prática, buscando sempre seu aprimoramento profissional. As idéias exploradas no Fascículo 1
são oriundas do curso Números Naturais – Conteúdo e Forma, desenvolvido pelo LIMC, um dos Centros
da Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da Educação Básica na área de Ciências e
Matemática. Como dispomos de menos tempo para o tema neste programa, foi necessário fazer escolhas.
Assim, procuramos selecionar alguns dos conceitos e idéias fundamentais que poderão ajudar seus alu-
nos a construir uma base sólida para continuar seus estudos. No entanto, por sua importância, o ensino de
Números Naturais vai sempre exigir de você muita reflexão e uma busca constante por melhores estraté-
gias de ensino.
A fim de que este material possa servir como fonte para você repensar suas aulas de Matemática, será ne-
cessário estabelecer um contato especial com as atividades sugeridas, explorando-as de diversos pontos
de vista: como aprendiz, para perceber seu potencial de gerar interesse e compreensão; como professora
ou professor, para perceber suas possibilidades didáticas e, finalmente, como educadora ou educador,
para repensá-las, adaptando-as à sua realidade. Esperamos ainda estimular uma mudança de olhar sobre a
produção de seus alunos e ajudar na reflexão sobre uma nova forma de avaliação, pois esta não deve se
limitar à mera conferência de resultados. Para tal, apresentamos atividades desenvolvidas por alunos dos
anos iniciais, a fim de que você possa comentar seus erros e acertos.
!
Para finalizar, lembramos ainda que a experimentação, seguida da reflexão e do debate, será o principal
investimento feito durante o estudo deste fascículo em seu próprio aperfeiçoamento. Nossa meta princi-
pal é estimular uma reavaliação de sua compreensão de conceitos, gerando reflexão, autoconfiança e li-
berdade criativa. Mas tudo isso depende muito de você, professora ou professor.
Bom trabalho!
As autoras, Beth e Mônica
6
Fascículo 1 - Números Naturais
Roteiro de trabalho para o primeiro encontro
Nosso primeiro encontro
○
○
Vamos agora saber um pouco mais sobre nosso traba-
○
○
lho, lendo o Guia do Curso e discutindo sua proposta. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
Pensando Juntos
Os números em nossas vidas ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Tarefa 1
Exemplifique alguns outros usos de números no cotidiano.
7
Trabalhando em grupo
○
N
○
Ninguém sabe exatamente quando foram inventados os
○
primeiros registros numéricos; sabe-se, porém, que
○
○
povos pré-históricos, antes mesmo de possuírem uma
linguagem escrita, grafavam o resultado de suas conta-
gens, ou então grafavam o próprio ato de contar.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Tarefa 2
O texto tratou de representações dos números. Além disso, vocês leram que
nosso sistema é decimal e posicional. Agora, expliquem com suas próprias
palavras o que esta afirmação significa.
8
2. O olhar dos alunos
V Você já observou crianças pequenas contando? Quando contam uma coleção de objetos, “reci-
tam” números, muitas vezes “saltando” alguns e repetindo outros. Se os objetos estão espalha-
dos, elas costumam contar alguns objetos mais de uma vez e deixar de contar outros. Além dis-
so, não é claro para algumas quando devem parar a contagem. Crianças neste estágio ainda não
desenvolveram o conceito de número, mas ele está presente em suas vidas – e isso incentiva
suas primeiras tentativas de contagem. As crianças levam para a escola essa “vontade” de con-
tar, que deve ser incentivada e explorada. A seguir, vamos relatar alguns casos que
exemplificam diferentes etapas da construção do conceito de números pelas crianças.
Episódio 1 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
A professora deu um montinho de 6 fichas para Alice e um de
○
7 fichas para Daniel. A professora pergunta quem ganhou mais
○
○
fichas. Alice e Daniel organizam suas fichas lado a lado, como
você pode ver na ilustração, e respondem:
· Alice: “O Dani.”
· Daniel: “Eu! ... Tenho 7 e Alice só tem 6.”
Quando questionados sobre quantas fichas Daniel tem a mais do
que Alice, eles respondem:
· Alice: “Sete” (apontando para a ficha não emparelhada)
· Daniel: “Uma” (apontando para a mesma ficha)
Tarefa 3
Vamos analisar o trabalho de Alice. O que ela acerta? Por que ela erra?
Episódio 2
Juliana tenta escrever vinte e um, número ditado por sua professora.
Veja o resultado e os comentários feitos por ela:
Observe que Juliana escreve errado o número 21, mas justifica, por comparação com outros
números, o uso do algarismo dois para escrever o vinte.
Tarefa 4
Vamos analisar o trabalho de Juliana. O que ela acerta? Por que ela erra?
Episódio 3
Mariana tentou escrever o ano de nascimento de sua mãe: 1972. Veja o resultado, e os comentá-
rios dela:
“O zero – ele que dá o mil. O um – se ele não for
companheiro do zero, não fica mil – fica um”
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
9
Tarefa 5
Vamos analisar o trabalho de Mariana. O que ela acerta? Por que ela erra?
D
Da mesma forma que uma criança aprende a falar enquanto fala (corretamente ou não), ela deve
aprender a contar enquanto conta. Aproveite as muitas oportunidades que aparecerem em sala
de aula para contar. Sempre que for significativo para os alunos, conte (e peça para que as cri-
anças contem) alunos, lápis, brinquedos, etc. Extrapole os limites de contagem das crianças (por
exemplo, se elas só contam até 10, introduza contagens com 15 ou 20 elementos). Não espere
até que seu aluno tenha o conceito pronto para fazer contagens (isso seria como pedir que uma
criança só falasse quando já soubesse falar corretamente).
○
○
alunos retirem e coloquem as tampas nas canetas. Em seguida, repita a pergunta.
○
Repita este tipo de atividade, variando os materiais e as quantidades envolvidas, sempre permi-
tindo que seus alunos desenvolvam suas próprias estratégias de comparação. Você pode usar,
por exemplo: pires e xícaras, os próprios alunos e suas carteiras, pedras pequenas e pedras gran-
des, etc. Aos poucos, os alunos devem concluir que a quantidade de objetos é independente da
forma e do tamanho (por exemplo: podem existir menos pedras grandes que pedras pequenas,
embora, quando amontoadas, as pedras grandes ocupem um volume maior do que as pequenas).
c) Atividades lúdicas
Explore o gosto das crianças por jogos e brincadeiras
para criar situações de aprendizagem.
Por exemplo: Jogo MAIOR LEVA
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
10
Cada criança abre um cartão de seu monte e os valores são comparados. Quem tiver o maior
valor, fica com os dois cartões. Em caso de empate, novos cartões são abertos e o aluno que
tiver o maior número nesta nova rodada ganha os quatro cartões. Ao final do jogo, ganha quem
tiver mais cartões.
Crie variações deste jogo, usando novos cartões com números e representações pictóricas de
cada valor para ampliar o limite numérico (até 20, por exemplo).
Tarefa 6
Releiam os episódios relatados na seção 2 - “A visão dos alunos”.
Façam sugestões de ações da professora ou do professor
que poderiam ajudar Alice, Mariana e Juliana a compreender
melhor a representação numérica.
Nossas conclusões
Relatório
11
Fascículo 1 - Números Naturais
Roteiro de trabalho individual
N Nesta primeira quinzena, você vai continuar a explorar atividades que poderão ajudar seus alu-
nos a compreender a representação numérica de nosso Sistema Decimal de Numeração. Você
também vai refletir sobre os conceitos das operações de adição e de subtração, porque é impor-
tante valorizar atividades que exploram estes conceitos através de ações concretas, e porque
estas atividades devem preceder a aprendizagem formal das operações e das estratégias de cál-
culo, que serão estudadas no Fascículo 2.
Enquanto você estiver estudando, pare para refletir sobre as sugestões de atividades que você
pode utilizar em sua sala de aula. Vale a pena você adotar a postura de aluno e fazer, você mes-
mo, as atividades que ainda não conhece. Trabalhe atentamente com cada tarefa individual
(que, daqui por diante, chamaremos apenas de TI) proposta, anotando suas soluções e impres-
sões. No próximo encontro, você terá a oportunidade de discutir suas estratégias de resolução,
reflexões e questionamentos no grupo de trabalho.
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
uma centena, dez centenas para formar um milhar, e
○
12
O fato de que o mesmo símbolo pode representar quantidades diferentes é uma grande vanta-
gem de um sistema posicional. Utilizando apenas dez símbolos (os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7,
8, 9 e 0) somos capazes de representar qualquer número natural. O valor representado por um
algarismo vai depender de sua posição na representação, por isso, o sistema é chamado
posicional. Esta não é uma idéia simples, tanto que demorou muito tempo para ser desenvolvi-
da pela humanidade, e precisa ser bem trabalhada com os alunos.
Para desenvolver um sistema posicional, o algarismo para representar o zero (0) é de importân-
cia fundamental. Essa idéia é a “chave” do sistema posicional: afinal, para que serve represen-
tar o “nada”? A seguir, vamos discutir a força desta idéia.
Examinando o sistema de numeração decimal, vemos que o significado de um símbolo depende
da posição que ele ocupa. Observe o número trezentos e cinqüenta e quatro: 354.
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
O símbolo colocado mais à direita da representação significa quatro unidades ou quatro.
O algarismo 5, colocado imediatamente à sua esquerda, significa:
· cinco dezenas, ou
· cinco grupos de dez unidades cada ou ainda
· cinqüenta unidades
O próximo algarismo à esquerda do cinco é o 3, que significa:
· três centenas ou
· 3 grupos de uma centena cada, ou
· 30 grupos de uma dezena cada, ou ainda
· trezentas unidades
O quatro, o cinqüenta e o trezentos somam trezentos e cinqüenta e quatro, e isto é o que o 354
representa. Para escrever números como este, apenas nove símbolos seriam suficientes.
No entanto, se eu quiser escrever o número duzentos e três, não poderia escrever 23, pois estaria
usando a mesma representação para duas quantidades diferentes. Esta é a representação que
usamos para o número vinte e três (isto é: dois grupos de uma dezena e mais três unidades).
13
O número que queremos escrever tem 2 cen-
tenas, ou 20 dezenas (não sobram outras
dezenas além daquelas que foram agrupadas
em centenas) e tem ainda 3 unidades. Preci-
samos, então, usar um símbolo para repre-
sentar o “nada”, a ausência de dezenas não
agrupadas em centenas.
Quando escrevemos 203 acabamos com
○
○
qualquer ambigüidade que pudesse existir entre a representação para duzentos e três e a repre-
○
sentação de vinte e três. A figura ilustra como um material concreto (no caso, o material doura-
○
○
do) pode ajudar os alunos a compreender estas idéias. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
meros, consigam entender e analisar a necessida-
○
○
de de um sistema posicional. A compreensão do
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
sistema de numeração, para o registro consciente
de quantidades maiores do que 10, faz parte da
construção do conceito dos números. A criança deve relacionar os símbolos 0, 1, 2, 3, 4, 5 ... 9
às quantidades que representam, ser capaz de ordenar estas quantidades, observando que o su-
cessor de um número tem sempre uma unidade a mais e compreender que estes mesmos algaris-
mos são utilizados para representar todos os números naturais. Para isso, faz-se necessário um
longo trabalho com material de contagem (palitos, canudinhos, pedrinhas, chapinhas, fichas,
elásticos, caixinhas de vários tamanhos), com o qual ela possa fazer seus próprios agrupamen-
tos e identificar os diferentes valores que um algarismo pode ter, dependendo da posição que
ele ocupa em um número.
TI 1
Selecione exemplos de trabalhos de alunos
representando números.
Comente-os e leve este material para discutir com o grupo de formação no
próximo encontro.
D
Dê uma quantidade de palitos ou chapinhas maior que nove (fica a seu critério a quantidade), e
peça às crianças que escrevam o símbolo que representa essa quantidade. Se, por exemplo, a
quantidade for treze, crianças que ainda não assimilaram o significado da notação posicional
podem até escrever 13, mas tal representação, muito provavelmente, decorre de observações
informais do dia-a-dia. Você pode perguntar:
14
- “Por que esse número tem dois símbo-
los?”
- “O que quer dizer o um à esquerda do
três?”
As respostas serão informais e podem
variar bastante de um aluno para o outro.
Mas a situação-problema está lançada, e
cabe à professora ou ao professor
auxiliá-los na descoberta. Coloque então
vários palitos ou canudinhos (inicial-
○
mente menos do que 100) sobre uma
○
○
mesa e dê elásticos ou pedaços de bar-
○
bante para as crianças. Peça a elas para
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
ou o professor quiser estimular a refle-
○
xão, o raciocínio lógico e a observação independente, ele deve fazer perguntas, para
○
○
verificar a compreensão do processo de agrupar quantidades. Por exemplo:
○
○
○
- “Para fazer um “montinho”, quantos palitos devo ter?” (10)
○
○
- “Quantos palitos no máximo podem ficar sem amarrar?” (9)
○
○
○
- “Se tenho dez palitos, que devo fazer com eles?” (amarrar, formando um grupo)
○
○
Peça que eles arrumem cada quantidade indicada. Repita essa atividade diversas vezes, sempre
variando a quantidade. Use inicialmente palitos e outros materiais, como tampinhas e fichas, e
depois faça com desenhos – a etapa de “passar para o papel” é muito importante para o início
do desenvolvimento simbólico.
TI 2
15
Depois de diversas atividades, como as descritas acima, volte à pergunta que deu início a todo
esse processo, e compare a resposta que seus alunos são agora capazes de produzir com aquela
que eles deram no momento inicial. Apresente o número 13 (ou aquele que você escolheu) e
pergunte outra vez:
- “Por que esse número tem dois símbolos?”
- “O que quer dizer o um na frente do três?”
Lembre-se, no entanto, de que a verbalização de um processo mental nessa idade pode ser difí-
cil, e permita que as crianças se expressem livremente, com suas próprias palavras.
Q Quando perguntamos a você qual dos dois números naturais abaixo é o maior
8768 e 20 211
você responde com facilidade. Isto acontece por ter compreendido uma das principais caracte-
rísticas do sistema decimal de numeração para números naturais – quanto mais algarismos hou-
ver, maior o número. É a compreensão de que nosso sistema é posicional que permite fazer
uma primeira ordenação dos números naturais, decidindo qual é maior.
Da mesma forma que o significado da representação decimal dos números tem de ser aprendido
pelos alunos, a ordenação destes números também necessita de tempo de trabalho e de reflexão,
e a professora ou o professor deve estar atento a isto.
O trabalho com material concreto contribui para a descoberta de critérios de comparação e or-
denação de quantidades. Fazendo corresponder a cada elemento de um grupo de objetos um
elemento de outro grupo, o aluno se torna capaz de ordenar as duas coleções pela quantidade
de objetos, decidindo se em uma delas há mais do que na outra, ou se ambas têm quantidades
iguais. Desta forma, estamos ajudando nossos alunos a dar significado a relações importantes:
“... há mais que ...”, “... há menos que ...”,
“... há tantos quanto ...”.
Por exemplo: Dê uma certa quantidade de lá-
pis e outra de borrachas para uma dupla de
alunos e pergunte se há mais lápis do que
borrachas. A estratégia de emparelhar os
○
gunta. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Ao associar a quantidade de objetos de cada uma das coleções a um número natural, o aluno es-
tará construindo significado para a ordenação dos números. Outras relações importantes podem
ser construídas: “qual vem antes de ...”, “qual vem depois de ...”, “qual vem imediatamente an-
tes de ...”. Também é importante explorar perguntas tais como: “quantos a mais”, “quantos a
menos”, etc. , que serão importantes para dar significado às operações com números naturais.
TI 3
Usando as idéias de comparação de coleções e contagem dos
elementos de cada coleção, elabore uma atividade de ordenação de
números naturais para os alunos.
16
Seção 4: A reta numérica
○
○
○
○
Nas primeiras experiências, é importante iniciar sempre do zero e os alunos devem perceber
que se deve usar espaços iguais entre as marcas que representam intervalos iguais. A reta numé-
rica é um excelente apoio visual para as atividades de ordenação de números naturais.
Por exemplo: Peça que os alunos marquem na reta os números 4, 7 e 11. ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
A reta numérica também contribui muito para ajudar seus alunos a compreender e realizar as
operações com números naturais, como veremos no Fascículo 2.
TI 4
Elabore uma atividade lúdica de ordenação de números naturais
na reta numérica.
Seção 5: As centenas
Q
Quando os alunos já estiverem trabalhando números com dois algarismos com mais facilidade,
faça os agrupamentos com quantidades maiores que 99, utilizando o mesmo processo adotado
até o momento. Nesta etapa, é fundamental enfatizar que a “regra do jogo” precisa ser mantida,
ou seja, em nosso sistema de numeração usamos agrupamentos de 10 em 10. Assim, os alunos
devem perceber que, ao completarem dez grupos de dez, é preciso fazer um novo agrupamento
de outra ordem, ou seja, um grupão de grupos de dez. O novo grupão, que conterá 100 unidades
ou dez dezenas, será representado por um algarismo em uma nova casa decimal, uma nova or-
dem.
17
Sugestão: Quando houver necessidade de uma quantidade muito grande de palitos, negocie
com as crianças a troca de grupos e grupões por palitos coloridos. Mesmo assim, é preciso ter
bastante material que represente as unidades e as dezenas, pois o aluno deve experimentar algu-
mas trocas concretamente. Por exemplo:
· 1 palito natural vale 1 unidade.
· 1 palito vermelho vale 10 palitos naturais, logo, 10 unidades.
1 palito azul vale 10 vermelhos, ou seja, 100 naturais. Portanto, 100 unidades.
TI 5
Descreva pelo menos quatro representações diferentes para o número 984
usando materiais concretos.
L Lembre-se de que nosso sistema de numeração levou séculos para ser construído. Portanto, é
necessário que a criança vivencie de diversos modos esse aprendizado, com diversos materiais.
Quanto mais modelos utilizar, mais o pensamento da criança se torna flexível e mais fácil será
chegar a um conceito mais abstrato, que poderá ser usado em novas situações. A seguir, apre-
sentamos alguns exemplos de materiais, dentre muitas possibilidades.
Material Dourado
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
· um cubo gran-
de, com 1.000 cu-
bos pequenos (ou
10 placas unidas
ou 100 barras
unidas) represen-
ta o milhar.
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
18
Se você encontrar dificuldade em conseguir os cubos e
barras de madeira, use cartões em que os
quadradinhos são desenhados, formando as unidades,
dezenas e centenas. Em um segundo momento, as cri-
anças podem também passar a representar este materi-
al na forma de desenhos – estas idéias e estas repre-
sentações serão bem exploradas ao trabalharmos com
as operações de números naturais, no Fascículo 2.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O
O QVL, mostrado na ilustração ao lado, é um recurso
que reforça o significado da representação posicional
decimal. Ao montar uma tabela na qual estão
indicadas claramente as ordens decimais (unidade, de-
zena, centena, etc.) o aluno pode fazer e desfazer
agrupamentos, representar com desenho estes agrupa-
mentos e dar significado aos números escritos no sis-
tema decimal de numeração. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
TI 6
Explique por que é errado dizer que o número 28 tem 8 unidades. Quantas unidades
tem 28? Qual é o significado correto do algarismo 8, em 28?
TI 7
Explique por que é errado dizer que o número 234 tem 3 dezenas. Quantas dezenas
tem 234? Qual é o significado correto do algarismo 3, em 234?
TI 8
Elabore uma atividade, explorando recursos discutidos neste fascículo,
para ajudar seus alunos a compreender que há unidades agrupadas nas
dezenas, dezenas agrupadas nas centenas, e assim por diante.
19
Parte 2: Preparando para a adição e a subtração
A
A conceituação da operação de adição serve de base para boa parte de aprendizagens futuras em
Matemática. A criança deve passar por várias experiências concretas envolvendo o conceito da
adição para que ela possa interiorizá-lo e transferi-lo para a aprendizagem do algoritmo, que
vem a ser um mecanismo de cálculo. A conceituação da operação de subtração deve ser feita
paralelamente, já que em atividades concretas a exploração dos dois tipos de conceitos é muito
natural. Além disso, não podemos deixar escapar a oportunidade que o aluno tem de ver, na prá-
tica, que a subtração e a adição são operações inversas. Por exemplo, quando reúne objetos para
desenvolver o significado da adição, a criança sente que pode também separá-los. Assim, ela vê
que se 4 + 2 = 6, vale também que 6 – 2 = 4.
Quando desenvolve o conceito de número, a criança verifica, por exemplo, que pode arrumar
cinco palitos como “quatro e um” ou “três e dois”. Tais experiências devem ser enriquecidas,
para que a criança possa registrá-las mais tarde, em linguagem matemática como: 4 + 1 = 5 e
3 + 2 = 5. A professora ou o professor terá de oferecer inúmeras oportunidades concretas para
que a criança comece a exprimir experiências em linguagem matemática. Assim, quando ela
escreve 4 + 3 = 7, esta ação deve refletir uma experiência e não uma simples informação
transmitida pela professora ou pelo professor.
TI 9
Na seção 3 da Parte I, afirmamos que perguntas como: “quantos a mais”
e “quantos a menos” ajudam a dar significado às operações.
Discuta a qual operação cada uma destas perguntas está associada.
A
A adição corresponde sempre a dois tipos básicos de ação: juntar (ou reunir) ou então acrescen-
tar, enquanto a subtração corresponde às ações de: retirar, comparar ou completar. É muito im-
portante que as crianças vivenciem experiências envolvendo todos estes tipos de ação. A difi-
culdade que os alunos sentem na resolução de problemas, expressada muitas vezes pela pergun-
ta “que conta devo fazer?”, é causada, principalmente, pela falta de experiências concretas vari-
adas.
U Utilize materiais concretos como chapinhas, palitos, botões, grãos e pedrinhas e uma folha de
papel para cada aluno, na qual estão desenhados três círculos de cores diferentes (azul, verme-
lho e verde, por exemplo). Peça às crianças que coloquem 3 lápis no círculo vermelho e 2 no
círculo azul. Feito isto, peça que juntem todos os lápis no círculo verde e pergunte: “quantos lá-
pis estão reunidos no círculo verde?”.
Explore atividades lúdicas, como por exemplo o “jogo de esconder”. Neste jogo, distribua um
certo número de objetos do mesmo tipo para cada dupla de alunos (podem ser 9 no primeiro
20
momento, e mais tarde uma quantidade maior). Diga às crianças que o jogo tem as seguintes re-
gras:
a) um aluno apresenta ao seu colega uma certa quantidade de fichas (ou do objeto que estiver
sendo utilizando) arrumadas em dois grupos – as fichas não utilizadas permanecem escondidas
da vista do outro jogador.
b) Depois que o colega observar, junta as fichas e cobre-as com uma folha de papel.
c) O outro aluno que joga deve dizer o total de fichas que ficou embaixo da folha.
d) Em seguida, os dois alunos levantam a folha e conferem o resultado. Para cada resultado cor-
reto será marcado um ponto para o jogador.
e) A turma faz 10 jogadas, revezando sempre o aluno jogador. Depois os pontos são contados
para se determinar o vencedor da partida.
TI 10
Crie um jogo com a idéia de juntar e que possa ser desenvolvido na área externa
de sua escola, envolvendo a participação corporal das crianças.
U
Uma forma interessante de se trabalhar é contar histórias, usando, por exemplo,
flanelogravuras.
Por exemplo: “Havia 5 patinhos no lago”. Peça que um aluno venha à frente e prenda cinco pa-
tinhos no flanelógrafo, de forma que as outras crianças acompanhem a tarefa. Continue contan-
do: “Chegaram mais dois patinhos”. Outro aluno deve fazer a ação de acrescentar os novos pati-
nhos ao flanelógrafo. Pergunte então, no final: “quantos patinhos estão agora no lago?”.
Ações de acrescentar são também bastante comuns em situações que ocorrem no cotidiano da
sala de aula. A professora ou o professor atento pode registrar estas ocorrências e fazer pergun-
tas.
TI 11
Exemplifique pelo menos duas situações possíveis de ocorrer no cotidiano da sala de
aula, nas quais a professora ou o professor pode chamar a atenção para a ação de
acrescentar. Para cada uma delas, registre uma pergunta que a professora ou o professor
pode fazer aos seus alunos.
U
Usando o mesmo tipo de material adotado em atividades anteriores, proponha que um aluno
“coloque 5 borrachas dentro da caixa”. Depois, peça que ele “retire 3” e que, ao final, “verifi-
que quantas ficaram na caixa”.
Forme, na frente da turma, uma fila de crianças (até 9). Peça a uma criança, que não esteja na
fila, que observe a quantidade de crianças na fila e depois vire de costas. Sem falar, retire al-
guns alunos da fila e diga à criança de costas que se vire. Em seguida, pergunte:
- “Quantos alunos havia na fila?”
21
- “Quantos alunos ainda ficaram?”
- “Quantos saíram?”
Repita a atividade com outros alunos, sempre mudando o número de alunos da fila.
TI 12
Em um problema de retirada, sempre há pelo menos três quantidades envolvidas:
(1) quanto havia antes da retirada; (2) quanto foi retirado e (3) quanto restou. Para
cada uma das duas sugestões feitas acima, reconheça qual dessas quantidades a
criança deve encontrar e quais são as quantidades conhecidas no problema.
A
A ação de comparar não é do mesmo tipo que a ação de retirar. Considerando o grupo original
dado, na ação de retirar uma parte era subtraída para se encontrar o resto. No entanto, numa
ação comparativa como “Marcos tem 5 lápis e 2 canetas. Quantos lápis ele tem a mais do que
canetas?”, as duas canetas não podem ser retiradas do conjunto de 5 lápis.
A forma de criar situações para que a criança perceba que a operação de subtração é a que deve
ser associada à comparação é o emparelhamento de objetos. Colocando os elementos dos dois
conjuntos, lado a lado, até que todos os elementos de um dos conjuntos tenham sido utilizados,
a criança verá que a resposta (quantos a mais)
é a quantidade de elementos que ficaram sem
par. A ação concreta necessária para encontrar
esta resposta é separar ou retirar os elementos
do conjunto maior, que tiveram elementos cor-
respondentes no conjunto menor. Assim, ele
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
TI 13
Elabore uma atividade de comparação na qual os alunos precisam ter interiorizado
a idéia de comparar, pois não é possível dispor concretamente os elementos dos
dois grupos lado a lado.
P Para a criança, a utilização da subtração em situações de completar é ainda mais difícil. Quando
precisamos descobrir quantos elementos faltam para completar um conjunto de objetos, a ação
22
de completar está intimamente relacionada à ação de acrescentar. No entanto, a operação rea-
lizada é a subtração, e as crianças devem ser ajudadas a compreender POR QUE se usa a
subtração para resolver esse tipo de situação, à qual uma idéia aditiva está associada.
Aqui, para compreender que a subtração resolve esse tipo de situação-problema, o aluno deve
ser levado a visualizar a quantidade total necessária e a retirada do que já tem deste total. Sepa-
rando o conjunto de objetos disponíveis do total necessário, o aluno verá porque subtrai para
encontrar a resposta.
Coloque no flanelógrafo (ou sobre uma mesa, ou em um mural) 2 agrupamentos de figuras, sen-
do que em um dos conjuntos faltam algumas figuras que estão no outro.
Peça a um aluno que complete o segundo grupo, levando-o a responder à seguinte questão:
“Quantas figuras você precisou colocar para que as quantidades ficassem iguais?”.
A ação de completar pode ser explorada em atividades nas quais os alunos tenham de completar
uma tarefa já iniciada. Podemos utilizar folhas com desenhos para colorir ou completar: Veja:
TI 14
Elabore uma situação–problema envolvendo a ação de completar. Liste as
perguntas que você deve fazer ao seu aluno.
TI 15
Diante do problema de comparação: “Flávia tem 38 anos e sua filha, Duda, tem 13.
Quantos anos a filha de Flávia tem a menos que ela?”, Clara apresentou a seguinte
solução, apoiada na idéia de reta numérica:
Clara marcou na reta as duas idades (13 e 38) envolvidas no problema. Em seguida,
marcou os números 20 e 30 e assinalou “saltos”, com os valores 7, 10 e 8, para sair
de 13 e chegar a 38. Abaixo desta representação, a
aluna escreveu a resposta correta, ou seja, 25.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
23
Seção 3: Os fatos básicos e seu aprendizado
R
Realizando atividades como as propostas, ligadas às ações de juntar, acrescentar, retirar, com-
parar e completar, os alunos estarão aprendendo, simultaneamente, os fatos básicos dessas duas
operações.
Mas o que é fato básico?
Quando numa operação empregamos números de um só algarismo, estamos diante de um fato
básico. Em outras palavras, os fatos básicos são os cálculos de uma operação que devem ser re-
alizados mentalmente, sem o auxílio do algoritmo. Aos poucos, o aluno deve memorizar estes
resultados e ser capaz de aplicá-los em diversas situações.
Todas as sugestões feitas abaixo estão voltadas para desenvolver o pensamento matemático dos
seus alunos e ajudá-los na aplicação das propriedades e na memorização dos fatos básicos. Da-
remos destaque à preparação do aluno para compor e decompor quantidades. Estas habilidades
estão intimamente ligadas ao processo de aquisição dos fatos básicos e serão fundamentais para
o bom desempenho nas operações de adição e subtração.
1. Conte histórias ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
E
E utilize material concreto para que os alunos, ao manipulá-
lo, observem que uma mesma quantidade pode ser arrumada
de várias maneiras. Estas atividades levam às várias decom-
posições de um número.
Apresentamos, a seguir, uma história que serve como exem-
plo para você, professora ou professor, utilizar e criar várias
outras semelhantes. Numa primeira fase, as histórias devem
ser apresentadas oralmente. Este tipo de atividade é também
uma preparação para a resolução de problemas. Após a criança dominar o conceito da operação
e seus fatos básicos e quando puder ler e interpretar pequenos textos você pode propor as mes-
mas histórias por escrito. Veja:
“João ganhou 6 bolas de gude e tem 2 bolsos para guardá-las. Mostre as várias maneiras que ele
tem de guardar as 6 bolas nos bolsos”.
O aluno representa as diversas decomposições, usando material concreto, e registra suas experi-
ências num quadro, que pode ser apresentado em folha de atividade.
2. Dominó da adição ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A
Aqui a professora ou o professor pode confeccionar o
material em cartolina. Um primeiro dominó pode in-
cluir apenas os fatos básicos de soma até 5, para as
crianças se familiarizarem com o jogo. Um segundo
dominó, que inclua todas as somas até 9 terá muito
mais peças e pode ser oferecido quando as estratégias
de jogo já não oferecerem qualquer dificuldade.
TI 16
Faça um planejamento de peças para montar um dominó da adição
com todos os fatos básicos da soma até 5.
24
3. Adivinhe a carta escondida
U
Usar uma coleção de cartões com números e figuras (apenas
cartões até 5, no primeiro momento, e até 10 em seguida)
dividindo-a entre dois alunos – A e B. Você pode também
utilizar as cartas não figuradas de um baralho para esta
atividade. Em turnos, o aluno A abre um cartão na mesa e
olha a carta seguinte do seu monte, sem mostrá-la a seu co-
○
lega, o aluno B. Então, A anuncia o resultado da adição do
○
○
valor das duas cartas – a que está à vista e a que está virada
○
Cartão visível B
○
para baixo - para seu colega B que deve, então, descobrir o
○
Cartão escondido B
○
valor da carta escondida. ○ ○ ○ ○
Se A enunciar errado o resultado da adição que realizou (Por exemplo: 14, com os cartões aci-
ma), ele impediu, com seu erro, que B acertasse qual o cartão escondido. Neste caso, ele perde
os cartões para o colega B (que os guarda em um monte separado).
Se A enunciar corretamente o resultado (no nosso exemplo: 15) podem acontecer duas hipóte-
ses:
(a) B errar a resposta (por exemplo: achar que o cartão escondido é 7). Neste caso, o colega A,
que propôs a adivinhação, ganha os cartões, ou
(b) B descobre corretamente o valor do cartão escondido (no nosso exemplo: 6). Neste caso,
ele ganha os dois cartões.
Ganha o jogo o aluno que tiver conseguido mais cartões ao final do jogo.
TI 17
Qual a operação que o aluno B deve realizar para adivinhar a carta
escondida? Você acha que esta atividade ajuda o aluno a compreender
que a adição e a subtração são operações inversas? Por quê?
O
O uso de recursos tecnológicos tem um fator de motivação bem grande para os alunos. Além
disso, ao preparar nossos alunos para o mundo do trabalho e para o cotidiano do cidadão, é in-
dispensável torná-los aptos a utilizar estes recursos. No caso da calculadora, ela pode contribuir
para que o aluno utilize a notação correta nas operações neste estágio inicial, além de permitir a
conferência dos resultados obtidos por eles. O fato de que crianças podem errar ao utilizar a cal-
culadora também deve ser explorado, valorizando-se a habilidade de fazer estimativas e de uti-
lizar o cálculo mental. Propomos o seguinte jogo:
Em turnos alternados, um aluno propõe um fato básico para seu colega. Os dois devem respon-
der à pergunta por escrito e, após esta etapa, conferir o resultado usando a calculadora (a conta
na calculadora deve ser feita pelo aluno que propôs o desafio). Ganha um ponto quem respon-
deu corretamente.
Para incentivar seus alunos a fazer estimativas e valorizar o cálculo mental, você pode estipular
que, se o resultado da calculadora estiver incorreto, ganha 2 pontos quem descobrir este fato.
25
Lembre-se...
26
Bibliografia complementar para a
professora e o professor
AZEVEDO, M.V.R. Jogando e construindo matemática. São Paulo: Vap, 1999.
DANYLUK, O. Alfabetização matemática: as primeiras manifestações da escrita
infantil. Porto Alegre: Sulina, 2002.
DUHALDE, M.H., CUBERES, M.T.G. Encontros iniciais com a matemática. Porto
Alegre: Art Med, 1998.
IMENES, L.M. A numeração indo-arábica. São Paulo: Editora Scipione, 1991,
Coleção vivendo a matemática.
KAMII, C. Crianças Pequenas Reinventam a Aritmética. Porto Alegre: ArtMed, 2002.
MANDARINO, M.C.F., BELFORT, E. Números naturais – conteúdo e forma. Rio de
Janeiro: LIMC–UFRJ, 2005.
NEHRING, C. et all. Orientações metodológicas para o uso das barrinhas de
cuisenaire. IJUí: UNIJUÍ/PADCT/CAPES, 1995, v.2.
_________. Orientações metodológicas para o uso da base 10 (material dourado).
IJUÍ: UNIJUÍ/PADCT/CAPES, 1997, v.3.
SMOLE, K.S., DINIZ, M.I., CANDIDO, P. Brincadeiras infantis nas aulas de
matemática. Porto Alegre: ArtMed, 2000. (Coleção Matemática de 0 a 6 anos).
_________. Ler, escrever e resolver problemas: habilidades básicas para aprender
matemática. Porto Alegre: ArtMed, 2001. (Coleção Matemática de 0 a 6 anos).
RANGEL, A.C. Educação Matemática e a construção do número pela criança.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
ZUNINO, Delia Lerner. A Matemática na escola: aqui e agora. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1995.
27
Ilustrador - Leonardo Cordeiro da Rocha
Sumário
A Antes de você, cara professora ou caro professor, iniciar o seu trabalho no fascículo 2, gostaríamos de
relembrar alguns dos pressupostos deste material. Acreditamos que é direito de todo cidadão saber Ma-
temática, ferramenta essencial para que se possa atuar de forma crítica na sociedade. Num mundo cada
vez mais complexo, a escola precisa desenvolver habilidades que permitam resolver problemas, lidar
com informações numéricas para tomar decisões, opinar sobre temas que as envolvem, desenvolvendo
capacidades de comunicação e de trabalho coletivo, de forma independente.
A matemática escolar tem um papel formativo – ajuda a estruturar o pensamento e o raciocínio lógico. É
também uma ferramenta importante para outras áreas do conhecimento, por ter uma linguagem própria
de expressão. O tema deste fascículo – Operações com Números Naturais – tem, nos anos iniciais de
escolarização, um papel central neste processo.
Como no fascículo 1, este material foi estruturado como uma troca entre colegas de profissão. Não te-
mos a pretensão de esgotar o tema, mas buscamos motivar o colega ou a colega a repensar seus conheci-
mentos e sua prática de ensino para estes conteúdos. Esperamos contagiar você com nosso desejo de um
ensino de matemática mais eficiente e mais prazeroso, fornecendo opções para mudança e despertando a
vontade de continuar sempre se aperfeiçoando.
Acreditamos que não basta estar bem treinado para executar procedimentos de cálculo (ou mesmo para
usar calculadoras) se não se sabe que operações devem ser feitas para resolver um determinado proble-
ma. As experiências iniciais de uma criança em tomar decisões sobre que operações utilizar - e em que
ordem - são muito importantes para lhe dar segurança em Matemática pelo restante de sua vida. Só um
ensino de operações que não fique restrito ao treino de procedimentos mecânicos será capaz de levar os
alunos a não precisarem mais perguntar: “que conta eu faço?”, “ este problema é de mais ou de me-
nos?”, por exemplo.
Assim, ao tratar destes temas, mais uma vez, você tem em suas mãos uma grande responsabilidade. Espe-
ramos que este curso possa ajudá-lo a conhecer e valorizar atividades mais voltadas para a compreensão
dos significados e dos “por quês” das etapas dos algoritmos. Frisamos, mais uma vez, que o ensino de
Números Naturais e suas operações vai sempre exigir de você muita reflexão e uma busca constante por
melhores estratégias de ensino.
As propostas de trabalho exploradas neste fascículo são oriundas do curso Números Naturais – Conteú-
do e Forma, um curso completo desenvolvido pelo LIMC, que representa a rede de formação continuada
no Estado do Rio de Janeiro. Como dispomos de menos tempo para o tema neste programa, foi necessá-
rio fazer escolhas, assim como no fascículo 1. Procuramos selecionar alguns dos conceitos e idéias fun-
damentais, que poderão ajudar seus alunos a construírem uma base sólida para continuarem seus estu-
dos.
Durante a próxima quinzena, busque experimentar as atividades sugeridas neste fascículo. Busque avali-
ar o potencial das propostas para gerar interesse e compreensão, e perceber as possibilidades didáticas e
necessidades de adaptá-las à sua realidade. Esperamos, ainda, continuar a estimular uma mudança de
olhar para a produção de seus alunos, valorizando cada passo, para que você possa detectar como ajudá-
los a superar dificuldades.
Para finalizar, lembramos mais uma vez que a experimentação, seguida da reflexão e do debate, será o
principal investimento feito durante seu trabalho com estes fascículos. É a discussão de experiências rea-
lizadas nas salas de aula com outras professoras e outros professores que possibilitará que todo o grupo
reflita e compreenda conceitos, ganhando autoconfiança e liberdade criativa. Tudo isso, porém, depende
!
muito de você e de um bom clima de trabalho do grupo.
Bom trabalho!
As autoras, Mônica e Beth
6
Fascículo 2 - Operações com
Números Naturais
Roteiro de trabalho para o segundo encontro
Pensando juntos
N
Neste primeiro momento do encontro, sugerimos que vocês troquem experiências envolvendo:
• as tarefas individuais propostas no roteiro de trabalho da quinzena;
• aspectos relacionados com suas aulas e o uso das idéias deste módulo;
• aspectos relacionados com sua formação continuada: dúvidas metodológicas,
operacionais ou conceituais.
Tarefa 1
Avaliação conjunta do trabalho desenvolvido na quinzena
Após a discussão, entreguem as tarefas individuais do fascículo 1 e a
avaliação conjunta para o tutor.
Trabalhando em grupo
1. Texto para Leitura - Algoritmos
U
Um algoritmo é um dispositivo prático, elaborado para facilitar a execução de uma certa tarefa.
Convivemos com vários tipos de algoritmos – alguns são
muito simples, como ligar uma televisão (basta achar o botão
correto e pressioná-lo); outros mais elaborados, como uma
receita culinária (devemos organizar os ingredientes e, em
ordem, executar as etapas); há outros, ainda, que exigem um
bom tempo de treinamento até que nos sintamos seguros para
poder executá-los independentemente, como dirigir um auto-
móvel.
Quando nos deparamos com um algoritmo em nosso cotidia-
no, é comum precisar de ajuda nas primeiras tentativas de
utilizá-lo. Além disso, se não compreendermos o algoritmo,
vamos acabar usando-o mecanicamente, sem nenhuma auto-
nomia, apenas seguindo instruções (pense, por exemplo, no
formulário da declaração do Imposto de Renda). De forma
7
similar, quem não dispõe de boas estratégias de cálculo passa por dificuldades em inúmeras si-
tuações do dia-a-dia, que exigem autonomia de decisões sobre “que cálculo fazer” e “como
fazê-lo”.
Dentre as estratégias de cálculo, os algoritmos das quatro operações ocupam lugar de destaque.
Explorando as vantagens do Sistema Decimal de Numeração, eles foram idealizados para per-
mitir a realização dos cálculos com exatidão e com razoável velocidade.
2. O Algoritmo da Adição
V Você já teve a oportunidade de analisar atividades que preparam o aluno para adicionar corre-
tamente, incluindo aquelas voltadas para a compreensão do sistema de numeração – ou seja,
estamos propondo adiar um pouco a introdução do algoritmo. Agora, vamos discutir brevemen-
te nossos motivos para propor que você considere esta forma de trabalhar.
Em primeiro lugar, a habilidade de utilizar o algoritmo corretamente não se adquire de uma só
vez, pois requer tempo e prática. Por isso, o algoritmo da adição só deve ser apresentado às cri-
anças quando elas já dominarem, com certa segurança, o conceito da operação, os fatos básicos
e o sistema de numeração.
É importante ainda ficar claro que não estamos fazendo um bom uso do algoritmo quando soli-
citamos a uma criança, um “arme e efetue” em adições como “5+2=” ou “8+7=”. Os resulta-
dos destas adições são fatos básicos e o algoritmo da adição não ajuda a criança a efetuar a
operação. Nesses casos, é mais adequada a resolução por meio do cálculo mental (iniciando o
processo de memorização com o auxílio de materiais de contagem). Na verdade, para que a cri-
ança utilize bem o algoritmo quando for operar com as representações dos números dispostas
em colunas, ela precisará de boas estratégias mentais para determinar os resultados das adições
de números de um algarismo.
Finalmente, consideramos que no processo de construção do algoritmo da adição, é recomen-
dável que os primeiros exemplos já envolvam adições com “reservas”, ou seja, aquelas em que
a soma das unidades isoladas é maior que nove, sendo necessário fazer um agrupamento para a
casa das dezenas. Trabalhando com “reserva” desde o início, o aluno compreende porque é ne-
cessário começar a operar pelas unidades, isto é, da direita para a esquerda, o que contraria
seus hábitos de leitura. Por outro lado, ao trabalharmos os primeiros exemplos sem reservas, o
resultado da operação será o mesmo se operarmos da esquerda para direita ou vice-versa. Tal
estratégia não permite ao aluno perceber que, na utilização do algoritmo, há uma nítida vanta-
gem em se iniciar o processo pela ordem das unidades.
Tarefa 2
A figura ao lado mostra a utilização
de materiais concretos e do QVL para
registro do algoritmo da adição
○ ○ ○ ○
○
8
Tarefa 3
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
Tarefa 4
Expliquem o pensamento de Bruno. O
que ele acerta? O que ele erra?
Nossas conclusões
P
Para preparar coletivamente um relatório deste
dia de trabalho, não esqueçam de discutir: Relatório
• Pontos que merecem destaque, relacionados de memória do
com as atividades realizadas (desafios, dificul- grupo de trabalho
dades, boas idéias, sugestões, inovações etc.);
• O produto coletivo das Tarefas Presenciais Entregue este relatório e
(TP); todos os materiais
• Uma breve avaliação do trabalho realizado. selecionados ao seu tutor.
9
Fascículo 2 - Operações com
Números Naturais
Roteiro de trabalho individual
D
Durante a próxima quinzena, você vai explorar atividades para ajudar seus alunos a compreen-
derem e utilizarem corretamente o algoritmo da subtração. Você também vai refletir sobre os
conceitos das operações de multiplicação e de divisão, e porque estes conceitos devem prece-
der os cálculos. Finalmente, você vai explorar o algoritmo da multiplicação e um dos possíveis
algoritmos para a divisão.
Leia o texto e faça as atividades. No próximo encontro, você terá a oportunidade de discutir
suas reflexões e seus questionamentos no grupo de trabalho.
O
O algoritmo da subtração tem finalidade similar ao da adição, ou seja, sistematizar e facilitar o
processo de cálculo. Ele deve ser apresentado quando as crianças já dominarem, com certa se-
gurança, os conceitos associados à subtração, o sistema de numeração, os fatos básicos da sub-
tração e o algoritmo da adição. Novamente chamamos sua atenção para o fato de que a habili-
dade de utilizar o algoritmo corretamente requer tempo e prática, sendo necessárias diversas
experiências preparatórias, variando-se bastante os valores numéricos.
TI 1
Você acha que o algoritmo da subtração ajuda os alunos a efetuarem
cálculos como “8–3=” ou “9–4=”? Explique sua resposta.
Para facilitar a discussão das sugestões de atividades, vamos apresentar desde já a nomenclatu-
ra associada ao algoritmo da subtração, lembrando que não há sentido em pedir aos alunos que
memorizem estes termos. De um modo geral, o uso correto da linguagem matemática não deve
ser o foco principal. Os alunos precisam compreender que os termos desta linguagem nos aju-
dam a conversar, comunicar e defender nossos pensamentos e nossa forma de resolver proble-
mas e cálculos. No entanto, você, professora ou professor, deve utilizar a linguagem matemáti-
ca corretamente. Deve ainda estimular o debate e o registro, pois essas atitudes farão com que
os alunos assimilem, aos poucos, o vocabulário que for relevante a cada momento de sua
aprendizagem.
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
10
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
○
○
○
Seção 2: O algoritmo da subtração e a ação de retirar
A
Ao iniciarmos o algoritmo da subtração, devemos usar, como na adição, materiais de contagem
e o QVL. Lembramos que, dentre as ações associadas à subtração, a mais natural para a criança
é a de retirar e, por isso, vale a pena iniciar o estudo do algoritmo da subtração usando esta
idéia.
Para representar com material concreto a idéia de retirar, a criança deve separar, de seu materi-
al de contagem, apenas a quantidade que representa o minuendo. A seguir, ela deve retirar des-
te grupo de objetos a quantidade que corresponde ao subtraendo. A ação de retirar, da coleção
de objetos que representa o minuendo, uma quantidade correspondente ao valor do subtraendo
só faz sentido quando trabalhamos com apenas uma mesma coleção de objetos. Retiramos algo
daquilo que temos!
Por meio de exemplos, vamos estudar como atividades que exploram a ação de retirar podem
ser desenvolvidas concretamente.
Exemplo 1 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
11
Trabalhando com material concreto você pode propor diversas situações. Isto vai ajudar seu
aluno a perceber a seqüência de ações que compõe o algoritmo. A representação, no caderno,
dos passos realizados com material concreto também é importante para que o aluno, aos pou-
cos, compreenda a relação entre estes passos e o registro formal do algoritmo.
Usando o exemplo anterior, veja como você pode estimular esta associação entre o concreto e a
representação escrita.
○
- “Vamos representar este número no caderno?”
○
○
- “Façam um QVL e anotem esta quantidade de palitos”
○
○
Após a retirada dos 13 palitos (o subtraendo):
- “Vamos anotar agora, abaixo do número 25, a quantidade
de palitos que foi retirada.”
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
E para finalizar:
- “Agora vamos fazer um traço para separar o resultado fi-
nal e anotar quantos palitos sobraram depois da retirada.”
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
○ ○ ○
○
Exemplo 2
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
12
Esse é um bom momento para ajudá-los a perceber que o número representado continua sendo
o mesmo (32). A decomposição é que mudou: a forma inicial (3 dezenas e 2 unidades) foi alte-
rada para: 2 dezenas e doze unidades.
Pergunte aos alunos:
- “O número mudou?” (não) “Então, o que mudou?” (a forma de decompor)
- “Quantas unidades estão agora registradas na primeira ordem?” (12)
- “E agora, podemos tirar 5 unidades de 12 unidades?” (sim)
- “Com quantas unidades ainda ficamos?” (7)
- “Com quantas dezenas ainda ficamos?” (2)
Bem, agora é possível retirar 5 palitos dos que ficaram na ordem das unidades e o material fica
com a disposição mostrada no quadro ao lado
Observe que o registro escrito dos passos da operação pode ou não incluir a passagem na qual
uma dezena foi desagrupada em 10 unidades.
TI 2
Para ilustrar o uso de um outro material, vamos subtrair 17 de 35.
Faça você as etapas, utilizando o QVL e, por exemplo, o material dourado.
O uso de material concreto facilita bastante a compreensão dos algoritmos e ajuda a consolidar
a aprendizagem das características de nosso sistema de numeração. Numa etapa seguinte, você
pode propor exemplos nos quais o zero aparece na casa das dezenas, como tirar 25 de 208.
Você poderá verificar como o uso de material concreto ajuda em situações como esta que cos-
tuma ser considerada difícil na operação de subtração.
TI 3
Faça você mesmo as etapas da subtração 208–25, usando o QVL e uma
representação de material concreto.
Destacamos que a professora ou o professor deve, sempre que possível, conhecer e apresentar
aos alunos mais de um procedimento. Possibilitar ao aluno a chance de experimentar diferentes
ações é fundamental para que ele desenvolva o senso crítico e tenha o direito de escolher a es-
tratégia com a qual mais se identifica, ou aquela que possibilita compreender melhor o que está
fazendo. Muitas vezes, uma criança com dificuldade de compreender um procedimento ou con-
ceito, resolve este obstáculo inicial quando é apresentada a outros caminhos ou formas de raci-
ocinar. Assim, sugerimos que você pesquise sobre como as ações de comparar e completar po-
dem auxiliar o desenvolvimento de estratégias de cálculo para efetuar uma subtração.
13
Parte 2: A multiplicação e a divisão
TI 4
A criança, antes mesmo de ter iniciado o estudo das operações de
multiplicação e divisão, já pode ter contato com problemas que possam ser
resolvidos apenas por adição e subtração, mas que já tragam algumas das
idéias necessárias para conceituar as novas operações. Exemplifique uma
atividade que prepare para a multiplicação e uma que prepare para a
divisão.
A A multiplicação de dois números naturais pode ser trabalhada sob dois enfoques:
a) como adição de parcelas iguais
Por exemplo:
3x2=2+2+2
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
14
b) como raciocínio combinatório, no qual
verificamos quantas possibilidades existem
de formar pares com duas coleções
Por exemplo:
- “Se um menino tem 2 calças e 3 camisas,
de quantas maneiras ele poderá se vestir?”
2x3=6
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
TI 5
Pesquise em livros didáticos e apresente pelo menos dois exemplos de
situações-problema envolvendo o raciocínio combinatório. Para cada um
deles, monte um esquema de solução.
A divisão também tem dois enfoques. De início, a criança será levada a explorar apenas a cha-
mada divisão-repartição, para chegar depois à divisão-comparação ou medida.
a) Divisão repartição:
A ação de repartir se encontra em situações nas quais é conhecido o número de grupos
que deve ser formado com um certo total de objetos, e é preciso determinar a quantidade
de objetos de cada grupo.
Por exemplo:
“12 lápis precisam ser separados em 4 subconjuntos iguais. Quantos lápis haverá em cada
subconjunto?”
b) Divisão comparação ou medida:
Ações que envolvem este tipo de divisão são encontradas em situações nas quais é preciso
saber quantos grupos podemos formar com um certo total de objetos, sendo conhecida a
quantidade que cada grupo deve ter.
Por exemplo:
“12 lápis serão separados em subconjuntos de 3 lápis cada um. Quantos conjuntos serão fei-
tos?”
Em atividades de divisão-repartição, a criança sabe, por exemplo, que deve distribuir os 12 lá-
pis em 4 caixas ou pelos 4 cantos da mesa. Isto permite a aplicação de uma estratégia simples:
ela pode distribuir 1 lápis de cada vez, até que os lápis se esgotem. Após esta ação ela verifica,
então, quantos lápis ficaram em cada caixa ou canto da mesa. Já na divisão-comparação, a cri-
ança tem os mesmos 12 lápis sobre a carteira e sabe que deve formar grupinhos de 3 lápis. Ela
deverá aplicar outra estratégia: separar seu material de 3 em 3 e verificar, ao final da atividade,
“quantos cabem”, ou seja qual a quantidade de grupos formados.
15
TI 6
Pesquise em livros–texto e apresente pelo menos dois exemplos de situações–
problema envolvendo a divisão-comparação. Para cada um deles, monte um
esquema de solução.
Material necessário:
Folha com várias retas numéricas e dois conjuntos de cartões
numerados (inicialmente use apenas números de 1 a 5 – em
um segundo momento, acrescente valores maiores).
Proponha (ou explore um conto):
- “Vamos, agora, brincar com uma bota mágica.”
- “É uma bota imaginária que dá pulos do comprimento que
quisermos”.
Peça a um aluno que sorteie um cartão numerado. Este primei-
ro número sorteado indica o número de pulos que a “bota”
dará.
Peça a outro aluno que sorteie um cartão numerado. Este se-
gundo número sorteado indica o comprimento de cada pulo.
Inicialmente, desenhe uma “reta” graduada no chão (ou use uma faixa de papel graduada). Um
terceiro aluno, brincando de ter calçado a bota, dará os pulos sobre a “reta”, e a turma verifica-
rá o número no qual ele parou.
Você pode dividir a turma em duas equipes e propor que disputem quem calçou a bota que le-
vou mais longe.
Por exemplo:
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Neste exemplo, ganha a equipe B, cujo representante, partindo do zero chegou ao 8, um núme-
ro maior do que 6, que corresponde ao valor atingido pela equipe A partindo do zero.
TI 7
Aplique uma atividade como esta em sua turma e faça um pequeno relato
dos resultados.
16
• Usando a reta numérica e a Bota de Muitas Léguas
a) Primeiro tipo de atividade
Distribua as folhas com as retas numéricas para que os alunos representem os pulos da “bota”
utilizando flechas e depois verifiquem em que número a “bota” chegou. (Uma folha pode
conter várias retas numéricas, uma para cada jogada).
Peça aos alunos que façam o sorteio de dois cartões (ver atividade anterior) e digam para a tur-
ma o número de pulos (1o sorteio) e o comprimento do pulo (2o sorteio).
Espere que todos os alunos representem a multiplicação em uma das retas numéricas de suas
folhas e comente com eles os resultados, antes da próxima jogada.
Nas primeiras jogadas, desenhe no quadro-de-giz alguns movimentos da “bota” para orientar
seus alunos. Por exemplo, se o primeiro cartão sorteado for 2 (quantidade de pulos) e o segun-
do for 3 (tamanho do pulo), represente e oriente seus alunos a perceberem que: “As flechas di-
zem que duas vezes três é igual a seis”.
TI 8
Aplique uma atividade como esta em sua turma. Descreva a atividade que
você aplicou e faça um pequeno relato dos resultados.
17
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
TI 9
Aplique uma atividade como esta em sua turma. Descreva a atividade que
você aplicou e faça um pequeno relato dos resultados.
Quando as crianças já souberem encontrar, sem erro, o número de pulos (de um comprimento
sorteado) necessários para voltar do ponto que você escolher, poderão passar para um novo de-
safio, como o da atividade que apresentaremos a seguir:
○ ○ ○ ○
○
Faça outros exemplos e depois repita esta atividade, acrescentando um registro abaixo de cada
reta.
Por exemplo:
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○
○
TI 10
Aplique uma atividade como esta em sua turma. Descreva a atividade que
você aplicou e faça um pequeno relato dos resultados.
18
Seção 4: O algoritmo da multiplicação
D
Dividiremos a etapa de aprendizagem do algoritmo da multiplicação em três estágios. Traba-
lhar com os alunos diferentes registros e representações pode ajudá-los a compreender as re-
gras do algoritmo. Como na adição e na subtração, enfatizamos que o algoritmo (às vezes cha-
mado de “conta em pé”) só precisa começar a ser utilizado para multiplicações nas quais um
dos fatores tem mais do que um algarismo. Multiplicações entre números de apenas um algaris-
mo são fatos básicos (tabuada) e o algoritmo não ajuda a encontrar seu resultado.
1° estágio – Observe como podemos representar a multiplicação de 36 por 4.
Faça a seguinte arrumação na conta:
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
36
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
36 x 4
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
19
A partir destas experiências, resta apenas associá-las ao registro formal
do algoritmo da multiplicação, escrevendo os resultados parciais de for-
ma conveniente para o uso do algoritmo da adição.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Por exemplo:
Para multiplicar 32 por 6, efetue a operação com a criança, mostrando que ao
multiplicarmos o 6 por 2, escrevemos como resultado parcial apenas as duas
unidades, guardando mentalmente a dezena do produto 12. Explique que esta
dezena será adicionada às outras dezenas do produto, quando multiplicarmos
as 3 dezenas por 6.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Efetue, agora, o produto das duas dezenas que será adicionado ao produ-
to das unidades. Dê muita ênfase ao valor do 2 no número 27, ou seja,
enfatize que ele representa 2 dezenas; logo, nessa segunda multiplica-
ção, estaremos multiplicando o 3 por duas dezenas e obteremos 6 deze-
nas, que devem ser colocadas na ordem das dezenas. Em seguida, mos-
tre que ao multiplicarmos as duas dezenas por 4 dezenas acharemos 8
centenas, as quais devem ser colocadas na ordem das centenas.
O desenvolvimento deste algoritmo deve ser feito através de muitos e
variados exercícios.
TI 11
Desenvolva as etapas do primeiro estágio para o produto 67 x 8
20
Seção 5: O algoritmo da divisão por subtrações sucessivas
O
O processo das subtrações sucessivas é uma opção para se efetuar a divisão, e tem como pon-
to de partida a relação que existe entre a subtração e a divisão. Optamos por apresentá-lo neste
fascículo para enriquecer e ampliar seu conhecimento sobre a divisão. Consideramos que este
algoritmo também é uma boa opção para alunos que tenham dificuldades na compreensão e uti-
lização do algoritmo da divisão, apresentado através dos processos longo e abreviado. Quando
o processo das subtrações sucessivas é bem explorado, a criança consegue efetuar as etapas ne-
cessárias com segurança e estabelece mais facilmente relações com o algoritmo longo da divi-
são, o que contribui para a compreensão de todo o processo.
Apresente o esquema do algoritmo (escreva apenas o 18 e o 3) e converse sobre a forma como
ele se apresenta. Paralelamente, dê 18 objetos para os alunos e peça que formem grupos de três
elementos. Peça que tirem um grupinho de três elementos de cada vez, e pergunte.
21
A cada passo, continue registrando no quadro o que se faz concretamente:
Pergunte:
- “Alguém sabe quantos grupos de 5 temos no número 86?” (vamos supor que tenham dito 8)
- “Vamos ver se está correta a resposta. Quantos grupos de 5 você formou?” (8)
- “Que operação você deve fazer para saber quantos objetos você tem que retirar?” (multipli-
car 8 por 5)
- “Que operação você tem que fazer para saber quantos objetos sobraram?” (subtrair 40 de
86)
- “Com essa quantidade, você ainda pode formar grupos de 5?” (pos-
so)
- “Quantos?” (supor que tenham sido 7)
- “Quanto você vai retirar de 46 então?” (7x5 = 35)
- “Que operação você deve fazer para saber quantos objetos sobra-
ram?” (subtrair 35 de 46)
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
22
- “Quantas vezes você retirou agora um conjunto de 5?” (duas)
- “Que operação você deve fazer agora para saber quantos objetos sobra-
ram?” (subtrair 10 de 11)
- “Quantos objetos você tem agora?” (1)
- “É possível ainda fazer grupos de 5?” (não)
- “Que operação você deve fazer para calcular o número total de vezes em
que você retirou grupos de 5, de 86?” (adicionar 8, 7 e 2, obtendo 17)
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
TI 12
Faça a divisão de 137 por 8 por subtrações sucessivas. Pense em grupos para
formar que facilitem suas contas. A partir de suas escolhas, pense em
sugestões que você pode oferecer aos alunos para facilitar a tarefa deles.
Observação importante: Pelo processo das subtrações sucessivas, também fica fácil conven-
cer seu aluno que o resto de uma divisão nunca pode ser igual ou maior que o divisor, pois,
caso contrário, ainda seria possível fazer mais uma subtração. A criança pode e deve chegar,
ela mesma, a essa conclusão.
23
Bibliografia para a professora
e para o professor
BORIN, J. Jogos e resolução de problemas: uma estratégia para as aulas de
matemática. São Paulo: IME-USP, 1996.
CARDOSO, V. C. Materiais didáticos para as quatro operações. São Paulo: IME-
USP, 1996.
CENTURIÓN, Marília. Números e Operações. São Paulo: Scipione, 1995.
IMENES, L. M. Brincando com números. São Paulo: Editora Scipione, 2000, Coleção
vivendo a matemática .
___________. Problemas curiosos. São Paulo: Scipione, 1991, Coleção vivendo a
matemática.
KAMII, C., DECLARK, G. Reinventando a aritmética. Campinas: Papirus, 1988.
JAKUBOVIC, J. Par ou ímpar. São Paulo: Editora Scipione, 1990, Coleção vivendo a
matemática
NEHRING, C.; PIVA, C. Orientações metodológicas para construção da operação
de multiplicação. IJUÍ: UNIJUÍ, 1998.
NUNES, T., BRYANT, P. Crianças fazendo matemática. Porto Alegre: Artes Médicas,
2001.
PACHECO, E.; BURGERS, B. Série Problemas. (Problemas à vista; Problemas? Eu tiro
de letra!; E aí, algum problema?; Vai um probleminha aí). São Paulo: Editora
Moderna, 1998.
SANTOS, V. M., REZENDE, J. F. Números: linguagem universal. Rio de Janeiro: IM/
UFRJ, projeto fundão, 1997.
SMOLE, K. C. S. DINIZ, M. I., CANDIDO, P. Resolução de problemas. Porto Alegre:
ArtMed, 2000. (Coleção Matemática de 0 a 6 anos).
STIENECKER, D. L.;WELLS, A. Coleção Problemas, jogos e enigmas (Números;
Adição; Subtração; Multiplicação; Divisão; Frações). Tradução de Suzana Laino
Cândido. São Paulo: Editora Moderna, 1998.
Revistas Interessantes
Sites Interessantes
http://www.q10.com.br/matematicahoje/
http://www.educar.sc/matematica/index.html
http://www.calculando.com.br/jogos
http://www.tvebrasil.com.br/salto
24
Sumário
Apresentação .......................................................................... 6
Obras consultadas................................................................... 24
Apresentação do Fascículo 3
P Para organizar este fascículo, voltado ao estudo de espaço e forma, recorremos às orientações
dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), de onde destacamos os seguintes as-
pectos conceituais e procedimentais:
• localização e movimentação no espaço a partir de diferentes pontos de referência;
• observação e reconhecimento de formas geométricas presentes na natureza e nos objetos cria-
dos pelo ser humano;
• exploração e criação de situações que envolvam formas geométricas.
A exploração do tema busca respeitar as diferentes manifestações da cultura. Procuramos
problematizar os espaços de convivência e a Geometria presente nos diferentes ofícios e tam-
bém nas produções artísticas.
Além de propor situações para estudo e discussão, este trabalho pretende promover a reflexão
a respeito do que já vem sendo realizado por você, professor ou professora, na escola. Por isso,
sua participação neste estudo é fundamental, socializando experiências em que você obteve su-
cesso, bem como trazendo questões em que você encontrou dificuldades. Acreditamos que es-
tas práticas e o seu envolvimento com este trabalho possam qualificar sua ação docente.
O presente fascículo está organizado em um roteiro de trabalho a ser desenvolvido em grupo e
outro individual. Este último está subdividido em três partes: as duas primeiras retomam e am-
pliam as questões do trabalho em grupo; a terceira parte encaminha a discussão sobre frações,
tema do fascículo 4. Cada uma delas é constituída de seções com tarefas e questões que você
!
realizará em casa para depois partilhar com seus colegas de grupo e tutor.
Desejamos que este estudo, além de colaborar com o aperfeiçoamento de sua prática docente,
seja prazeroso, contribuindo para o seu crescimento pessoal.
Bom trabalho!
6
Fascículo 3 - Espaço e Forma
Roteiro de trabalho para o terceiro encontro
Pensando juntos
E
Estudamos anteriormente os números naturais e seu uso no dia-a-dia. Da mesma forma, a nos-
sa localização e orientação nos espaços cotidianos podem se constituir em objeto de estudo, fa-
zendo uma preparação para representações do espaço, de forma que seja possível identificar fi-
guras geométricas.
Trabalhando em grupo
Tarefa 1
Construindo a maquete
7
orientações de um possível trajeto para um deslocamento de um ponto ao outro,
dizendo, por exemplo: Ande duas quadras para frente, dobre à direita e ande
mais três quadras para frente.
Questão 2: Que cuidados aquele que dá a orientação precisa tomar? Escolhendo o mesmo
trajeto, a tarefa de dar a orientação é mais complexa para o colega que está ao lado ou
para o colega em frente? Por quê?
Tarefa 2
Trabalhando com a representação do espaço de convivência
Para dar continuidade à tarefa, a base dos “prédios” será contornada com uma
canetinha ou um lápis, ficando representados diferentes polígonos. Atenção:
Não se esqueça de identificar nos polígonos os “prédios” que estes
representam. As embalagens serão retiradas para serem utilizadas
posteriormente na 3ª tarefa, ficando apenas representado, no plano, o espaço
de convivência, visto de cima.
Quadriculando esta representação, é possível transpô-la para uma folha de
papel quadriculado de tamanho menor. Este trabalho de transpor de um
quadriculado maior para um quadriculado menor, mantendo a localização do
traçado da base dos prédios, será uma redução da representação inicial. Esta
redução manterá a proporcionalidade entre as representações.
Se o primeiro quadriculado é composto por quadrados de 3cm de lado e o
segundo quadriculado, para onde vamos transpor a figura, é composto por
quadrados de 1cm de lado, estamos trabalhando com uma redução. A razão
entre as medidas do desenho e as medidas originais, ambas expressas na
mesma unidade, denominamos de escala. No nosso exemplo, a razão 1:3 (lê-se
um para três) significa que cada 1cm no novo desenho está representando 3cm
da figura original.
Atividade em dupla
8
Tarefa 3
Classificação de sólidos geométricos
Retomando as embalagens utilizadas anteriormente na maquete, propomos que
estas sejam agrupadas segundo critérios estipulados pelos participantes deste
estudo.
Questão 6: Quais foram os critérios adotados pelo grupo para separação das
embalagens? Quantos agrupamentos formaram?
Na continuidade, propomos a separação das embalagens em apenas dois grupos,
numa tentativa de se chegar aos que “rolam” e “não rolam”. Em outras palavras,
deseja-se identificar dois grupos de sólidos geométricos: os corpos redondos (que
rolam) e os poliedros ( que não rolam).
Nesta tentativa, podem surgir dificuldades em relação à classificação de objetos
redondos e poliedros, uma vez que se faz uso do termo "rolar lápis" para um lápis
sextavado que não é um corpo redondo. Para contribuir com essa discussão,
sugerimos que as crianças sejam incentivadas a perceberem as diferenças entres
estes objetos por meio do tato. Ao comparar a superfície dos objetos, através do
tato, ela também tem condições de fazer esta classificação.
É importante a percepção de que existem objetos que se assemelham a cilindros,
cones, cubos, prismas e pirâmides que ajudam a reconhecer o uso da geometria
no cotidiano para nomear objetos, percebendo suas propriedades.
Observando os poliedros, é possível identificar que as faces que os compõem são
figuras planas. Cada colega do grupo pode escolher um poliedro para contornar
com lápis ou caneta, reproduzindo no papel, em desenho, suas faces.
Denominamos estas faces de polígonos. Lembramos que o termo "polígono"
advém do idioma grego e quer dizer muitos (poly) e ângulos (gon)
Caso seja de interesse do grupo, pode-se aprofundar a nomenclatura das figuras
geométricas planas e espaciais. No entanto, cabe ressaltar que este não é o foco
de estudo dos anos iniciais. Nessa tarefa, o objetivo foi partir do espaço que é de
domínio de todos nós para, posteriormente, introduzir a Geometria plana, por meio
de suas propriedades.
9
dedução de teoremas. Este sistema constitui-se, então, no modelo capaz de gerar
e classificar os saberes geométricos, os quais, uma vez “provados”, passam a ser
considerados como “verdadeiros” e inquestionáveis. A Geometria escolar,
baseada no modelo euclidiano, também passa a agregar conhecimentos tidos
como universais e absolutos, como se pré-existissem às culturas dos professores e
estudantes.
Outra característica marcante no ensino da Geometria, influenciada também
pelo sistema euclidiano, é a linearidade. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
(BRASIL, 1997), nesta direção, destacam que a concepção linear ainda está muito
presente nas práticas pedagógicas desta área ao privilegiar o trabalho centrado
na seqüência: ponto, reta, linhas, figuras planas e, posteriormente, os sólidos
geométricos. Tal seqüência se contrapõe, geralmente, às experiências
vivenciadas pelos estudantes na exploração do espaço em que vivem. Desde
cedo, as crianças manipulam muitos objetos geométricos (como bolas, caixas,
latas) e, posteriormente, centram sua atenção às figuras geométricas planas,
vértices e arestas que os compõem, mostrando o quanto a seqüência estipulada
pela escola caminha na direção oposta à da vida.
Buscando justamente romper com as marcas da linearidade e aridez que ainda
caracterizam muitas práticas pedagógicas na área da Educação Matemática,
principalmente na Geometria, enfatizamos a relevância de uma educação
geométrica capaz de auxiliar nossos estudantes no entendimento do ambiente
que os cerca, aguçando sua percepção para examinar e organizar o próprio
espaço que habitam. Como enfatiza Fonseca et al. (2001), antes de freqüentarem
a escola, os estudantes já exploram o espaço e detêm um conhecimento sobre o
mesmo – através de suas brincadeiras e da própria construção de brinquedos, de
passeios realizados e também quando auxiliam seus familiares em alguma
atividade de trabalho – cabendo a você, professor ou professora, ampliar e
sistematizar estes saberes para que “a criança melhore sua percepção espacial,
visual e tátil, identificando as características geométricas desse espaço,
apreendendo as relações espaciais entre objetos nesse espaço” (IBIDEM, p. 47).
Você, professor ou professora, poderia então se questionar: Por que ensinar
Geometria nos anos iniciais do Ensino Fundamental? Qual é a relevância de uma
educação geométrica? Para sinalizar algumas respostas, no sentido de
aprofundarmos uma discussão e reflexão sobre nossas próprias práticas
pedagógicas, acompanhamos Fonseca et al. (2001) quando problematizam tais
questões. Para as autoras, além da dimensão utilitária como a resolução de
problemas da vida cotidiana, o estudo da Geometria se torna importante também
como meio de facilitar as percepções espaciais dos estudantes, contribuindo
para uma melhor apreciação das construções e dos trabalhos artísticos, tanto dos
seres humanos quanto da natureza.
Finalizamos destacando a relevância de proporcionarmos práticas pedagógicas
centradas no estudo e na exploração do ambiente que nos cerca, fazendo uso,
então, de conhecimentos geométricos. Para isto, além de enfocarmos os saberes
presentes nos livros didáticos, poderemos enfatizar, analisar e problematizar
aqueles gerados pelos próprios estudantes e seus familiares nas diferentes
práticas sociais que produzem e que envolvem noções geométricas. Desta forma,
estaremos inserindo na escola, não só outros saberes matemáticos que
enriquecem nossas práticas pedagógicas, mas, principalmente, elementos da
cultura e da vida de nossos estudantes.
10
Nossas conclusões
P
Para preparar coletivamente um relatório
deste dia de trabalho, não se esqueça de Relatório
discutir: de memória do
• Pontos a destacar na proposta de traba- grupo de trabalho
lho realizada;
Entregue este relatório e
• Uma breve avaliação do trabalho do
grupo. todos os materiais
selecionados ao seu tutor.
11
Fascículo 3 - Espaço e Forma
Roteiro de trabalho individual
N Nesta etapa em que o trabalho é individual vamos abordar algumas idéias sobre localização e
orientação que talvez já tenham sido discutidas em grupo, mas que serão retomadas a fim de
colaborar no aprofundamento das mesmas para que sejam utilizadas em sala de aula.
Queremos sugerir que, na medida em que as tarefas forem executadas, sejam realizados apon-
tamentos a respeito de dúvidas, novas idéias, sugestões e críticas para serem partilhadas com o
tutor e colegas no próximo encontro de grupo.
A
A figura abaixo ilustra uma possível organização de uma sala de aula vista de cima.
○
○ ○ ○ ○ ○ ○
○
Porta
Na figura, queremos localizar Professora
onde sentam alguns alunos,
conhecendo as seguintes in-
formações:
• João é o que senta mais lon- Janela
ge da professora;
• Ana senta em frente à mesa
da professora;
• André e Felipe sentam-se lado a lado;
• Carlos senta-se longe de João e ao lado da janela;
• Maria senta-se próxima à porta;
• Joana senta-se à frente de João e bem próxima de Felipe;
• Júlia senta-se atrás do Carlos;
• Rosa e Pedro sentam-se em frente ao quadro, sendo que Rosa se senta mais perto da professo-
ra do que Pedro;
Sabendo que Camila se senta ao lado de João, onde se senta Fabiane?
Nesta atividade, além de trabalharmos as idéias de perto, longe, ao lado, em frente e atrás,
algumas informações envolveram a relação com dois referenciais, como, por exemplo, quando
afirmamos que Carlos se senta longe de João e ao lado da janela.
12
TI 1
A seguir sugerimos que você professor selecione uma das alternativas para
realização da tarefa:
Alternativa 1: Represente a sua sala de aula e forneça as informações
necessárias para que seus colegas de grupo identifiquem a posição onde
sentam seus alunos. Sugestão: Que tal pedir ajuda a seus alunos para a
elaboração destas informações? Cada um dos alunos pode fornecer as
informações a respeito de sua localização.
Alternativa 2: Busque um guia de ruas (planta baixa) de sua cidade ou de
seu bairro e transponha para o papel quadriculado algumas ruas e pontos
de referência importantes para a comunidade (Agência de Correios,
Igrejas,...). A partir desta representação e utilizando as idéias de perto,
longe, em frente, atrás, peça aos colegas que localizem algum prédio por
você selecionado.
N Na tarefa da seção anterior, a sala de aula está sendo representada vista de cima. Nesta seção,
vamos explorar as representações com diferentes vistas.
Vamos iniciar com duas embalagens dispostas conforme a figura abaixo:
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
TI 2
No papel quadriculado,
represente as vistas de
cima, de frente e lateral da
figura.
○
○
○
○
○
○
○
13
Nesta etapa do estudo, fazendo uso das vistas, é possível distinguir as figuras geométricas pla-
nas das figuras geométricas espaciais.
TI 3
Que outras atividades podem ser realizadas com este mesmo objetivo de
diferenciar as figuras geométricas planas das espaciais?
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Aluno 1 Aluno 2
TI 4
Observe os desenhos que representam a mesma sala de aula. Qual parece
ser o ponto de referência utilizado por cada aluno? No que você se baseou
para dar esta resposta? Discuta com seus colegas, no próximo encontro,
sobre as diferentes formas de representar a sala de aula.
N
Na exploração da maquete, na primeira tarefa, exploramos a importância da orientação para
movimentação e localização. Ao realizar deslocamentos, dobrando à direita ou à esquerda,
pode-se introduzir um importante conceito geométrico: ângulo. Neste caso, ângulo é tratado
como mudança de direção. Esta mudança de direção, tendo como referência o próprio corpo,
pode ser expressa em meia volta, um terço de volta, um quarto de volta. A volta completa pode
ser representada por um disco de papel e, por dobraduras, podemos representar a meia volta e
um quarto de volta.
14
TI 5
Confeccione o disco de papel, dobrando-o em quatro, oito ou doze partes,
conforme a figura a seguir:
V Você já criou um espaço de convivência que pode ser usado em diferentes atividades, das quais
podemos enfatizar a localização no espaço. Nesta atividade utilizamos diversas embalagens,
que são modelos de representações geométricas. Estas representações tridimensionais envol-
vem, na sua estrutura, figuras planas (faces) que, na continuidade, serão abordadas.
Na confecção da sua maquete, surgiram inúmeras formas geométricas agregando relações entre
superfície, espaço, linhas, contornos e cores, entre outras. Todos estes elementos são possibili-
dades para o reconhecimento e representações destas figuras.
É fazendo, construindo e inventando que criaremos melhores situações para visualizar e reco-
nhecer as formas geométricas. Uma possibilidade é promover atividades em que os alunos – de
maneira lúdica, prazerosa, crítica e criativa – tenham acesso à arte e sejam capazes de identifi-
car o uso das figuras geométricas em diferentes produções artísticas. Nesse sentido, propomos,
neste texto, alguns elementos que servem de mediação para fazer, construir, pensar e criar em
Geometria.
A
As manifestações culturais e artísticas estão presentes em artesanatos, tecelagens, tapeçarias,
esculturas, construções e objetos do cotidiano. A influência indígena sobre esse tipo de produ-
ção se manifesta de forma marcante na confecção desses objetos. As criações dos indígenas
são freqüentemente ornamentadas com desenhos de figuras geométricas.
É na cultura dos povos de diversas regiões do nosso país que buscaremos trabalhar de forma
prazerosa, o reconhecimento de figuras geométricas. Padrões repetidos ocorrem na natureza ou
podem ser criados pelas pessoas. Alguns são feitos como decoração ou estampas de tecidos,
outros são usados na confecção de cestos, por exemplo. Em muitos casos tais padrões caracte-
rizam-se pelo uso de simetrias, paralelismos e polígonos regulares, entre outros conceitos geo-
métricos importantes nesse estudo. A seguir está um exemplo da utilização de formas geomé-
tricas em cestos confeccionados por índios Wayana-Apalay do estado do Pará com desenho de
Atãta (lagarto de duas cabeças). ○ ○ ○ ○ ○ ○
15
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Da mesma forma que as figuras geométricas se encontram nas manifestações artísticas e cultu-
rais, estas também podem ser identificadas em embalagens que fazem parte de nosso cotidiano.
Isso pôde ser constatado no momento da realização e da exploração da maquete, ao fazer uso
das embalagens.
TI 6
A representação geométrica das faces dos objetos utilizados na confecção
de sua maquete está entre os modelos a seguir?
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
Paralelogramo
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○
○
TI 7
Utilizando alguns desses polígonos, confeccione um boneco característico
de uma data, um fato ou um acontecimento importante da sua região.
TI 8
Na malha a seguir, crie uma seqüência utilizando alguns dos polígonos
representados anteriormente. Com esta, desenhe um padrão geométrico,
cuja característica seja a repetição da seqüência de polígonos
16
Esse padrão geométrico pode servir como modelo de tira para ornamentação em cerâmica, uma
barra que enfeite alguma peça de vestuário, bem como modelo para uma tapeçaria. Podemos
provocar nossos alunos com questões cujo objetivo seja fazê-los perceberem como a Geome-
tria pode ser inserida em diversos contextos e lugares no dia-a-dia, além de fazê-los pensar ar-
tística e geometricamente.
N
No papel quadriculado, dividido em duas partes, temos no lado direito uma figura que gostaría-
mos que você reproduzisse à esquerda, supondo que a linha mais forte seja um espelho
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Faça uma observação em seu meio circundante e verifique as simetrias que podem ser encon-
tradas na natureza, em azulejos, em artesanatos, em obras de arte, entre outros. A seguir, apre-
sentamos algumas situações onde é possível identificar simetrias.
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○
○
Fonte: http://www.geocities.com/jateston/figuras/borboleta_inicio.gif Fonte: A ARTE DO ARTESANATO BRASILEIRO. São Paulo: Talento, 2002. p.23
17
TI 9
Pegue uma folha qualquer e desenhe um quadrilátero, do tipo quadrado,
retângulo, losango ou trapézio. Nesse quadrilátero, verifique, por dobradura,
quantos são os eixos de simetria. Veja, por exemplo, o que acontece com o
retângulo.
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Este procedimento também pode ser utilizado para os outros quadriláteros. Por meio desta
construção, dê exemplo para:
a) quadrilátero que possua um eixo de simetria;
b) quadrilátero que possua dois eixos de simetria;
c) quadrilátero que possua quatro eixos de simetria.
Baseado no procedimento anterior, experimente agora verificar quantos eixos de simetria se
obtém no círculo.
TI 10
Você tem conhecimento de alguma logomarca ou de algum timbre da
sua região, ou seja, um símbolo usado na impressão de papéis e
propagandas para divulgação de marcas?
A partir das respostas sugerimos que você, professor ou professora, crie
uma logomarca para o grupo de estudos de que está participando, ou até
mesmo para o curso que está realizando, evidenciando, nesta tarefa, o
conceito de simetria. De que forma esta tarefa poderá ser adaptada em
sua sala de aula?
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
18
Seção 3: Paralelismo
N
No Nordeste e no Norte do Brasil é comum encontrarmos esteiras de junco, palha e fibras ve-
getais, usadas como tapetes ou telas de parede. Igualmente encontramos peças feitas de palha
como cestarias, chapéus, bolsas, tampos de mesas, entre outras. Nos trabalhos artesanais mos-
trados a seguir, o conceito de paralelismo se faz presente. Esse conceito é igualmente impor-
tante quando nos propomos a reconhecer algumas figuras geométricas.
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
TI 11
Escolha duas imagens iguais de alguma revista da região. De uma das
imagens recorte tiras retangulares iguais. Cole essas tiras em uma folha,
modificando a ordem de cada uma delas e mantendo as dimensões e o
formato da imagem inicial. A colagem das tiras retangulares, modificando
a ordem, tem o objetivo de identificar, na nova imagem, segmentos de
reta paralelos.
Para ilustrar, trazemos uma foto parcial do campus da Universidade do Vale do Rio dos Sinos,
situada na cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.
19
Seção 4: Geometria e Arte
O
O professor ou a professora que procura, por meio da formação continuada, complementar seus
conhecimentos, pode buscar também a vivência do fazer artístico ao desenvolver seus conteú-
dos. Apontamos para esta possibilidade ao promover atividades que mostram as relações possí-
veis entre o artístico e o pedagógico. A valorização e o estudo das trajetórias de artistas e
artesãos nas diversas regiões brasileiras é uma possibilidade de conhecimento da produção ar-
tística e, quando inserida adequadamente no contexto escolar, pode ser significativa na com-
preensão de outros conteúdos curriculares como, por exemplo, conceitos geométricos.
A arte se manifesta de várias formas expressando sensações e sentimentos de cada povo, regis-
trando, com extrema criatividade e talento, a cultura de cada região. Assim, a produção artísti-
ca brasileira é diversificada, percebendo-se, em suas representações, a realidade vivida pelo
nosso povo em seus aspectos culturais e regionais. Somos um país de artistas populares, princi-
palmente em regiões ainda não invadidas pela massificação dos meios de comunicação. O de-
senho, a arquitetura, a escultura, as cestarias e as tecelagens são as bases culturais de um país,
cuja criatividade revela a autenticidade de seu povo.
Um exemplo disso é o escultor cearense Sérvulo Esmeraldo (1929). Suas obras, como as apre-
sentadas a seguir, caracterizam formas espaciais, com o uso de dobraduras de planos. Elas es-
tão espalhadas pela cidade de Fortaleza, no Ceará, e mostram uma arte urbana possível.
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○
Fontes: http://www.art-bonobo.com/fgs/parquemaquete.html
http://www.mac.usp.br/exposicoes/02/dialogos/obras.html
TI 12
Pesquise em sua região que produções ou manifestações artísticas são
conhecidas. Verifique se nessas produções há tendências geométricas.
TI 13
Realize uma coleta de objetos que apresentam manifestações artísticas
(tapeçarias, bordados, telas, etc) que você aprecia, e leve-os para o
próximo encontro para socializar com os seus colegas.
20
Parte 3: Preparando para o estudo de frações
N Na seqüência deste trabalho e fazendo uma preparação para o estudo de frações, sugerimos a
realização de uma atividade lúdica: o Tangran.
TI 14
Construção de um Tangran
Propomos a utilização do Tangran, um quebra-cabeça chinês muito antigo
composto de sete peças. O Tangran exerce grande atração tanto em crianças
como em adultos, pois, além da criatividade, com ele se explora o pensamento
lógico na composição e transformação de figuras. Com as sete peças se pode
formar uma variedade de figuras, além das formas geométricas.
Utilizando alguns conceitos geométricos, o jogo pode ser facilmente construído
em papel, conforme os seguintes passos. Vamos construir um Tangran em papel?
Então, mãos à obra!
Recortar as peças (que podem ser coloridas) e, com elas, realizar as atividades
que seguem:
21
TI 15
Com as sete peças do Tangran e usando a sua criatividade, procure
representar uma casa, um barco e uma pessoa, desenhando as figuras.
TI 16
Observe que é possível, por superposição, construir a peça quadrada com
os dois triângulos pequenos. Usando a superposição, procure obter outras
possibilidades de equivalência entre as peças do quebra-cabeças.
TI 17
Identifique as peças do Tangran conforme a representação a seguir e
responda:
C
Como observamos ao longo deste fascículo, os saberes geométricos se fazem presentes na vida
cotidiana de nossos alunos e seus familiares, não se restringindo a um campo de conhecimen-
tos unicamente escolar. Os deslocamentos realizados em viagens e na própria cidade em que
residimos, as brincadeiras infantis e até mesmo as atividades profissionais produzem saberes
matemáticos, como os geométricos. Assim como a atividade da tarefa 13 sugere, podemos ex-
plorar os conhecimentos presentes em práticas no trabalho cotidiano, abordando e
problematizando, além dos saberes matemáticos, aspectos culturais.
Na tecelagem, por exemplo, podemos explorar os diversos saberes vinculados à simetria que a
produzem. Na construção civil, as diferentes formas de compor a mistura da massa (mistura de
areia, cimento e água) e a demarcação do “esquadro” para a construção dos “cantos” (ângulos
de 90°) entre duas paredes são práticas que envolvem saberes sobre o espaço e as medidas que
também podem ser analisadas em sala de aula. Conhecimentos matemáticos também são usa-
22
○ ○ ○ ○ ○
dos na delimitação de extensão de terras – quando se faz o uso de unidades como cordas, pas-
sos, vara, braça, entre outros, além das diversas maneiras de calcular a medida de tal espaço.
Estas são apenas algumas práticas do trabalho cotidiano produzidas por diferentes grupos cul-
turais e que, ao serem analisadas em sala de aula, podem propiciar belas discussões. Nesse sen-
tido, gostaríamos de destacar apenas que, ao tomarmos estes saberes como objeto de estudo em
nossas práticas pedagógicas, não se trata de discutir apenas os saberes matemáticos ali produzi-
dos, mas todas as dimensões (políticas, econômicas e sociais) presentes nessas atividades pro-
fissionais.
Ao final deste fascículo gostaríamos de deixar alguma palavra de incentivo para a continuidade
do trabalho. Talvez você, professor ou professora, tenha considerado excessivo o número de
tarefas propostas. Nosso objetivo, no entanto, foi o de dar alternativas diversificadas para a
abordagem do tema espaço e forma para que você possa, a partir delas, construir sua própria
prática pedagógica, mediada pela reflexão do grupo de estudos de formação continuada.
23
Obras consultadas
A ARTE DO ARTESANATO BRASILEIRO. São Paulo: Talento, 2002.
AGUIAR, Nelson (Curador Geral). Arte Popular - Mostra do Redescobrimento. São
Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2000.
BENTO, Antônio. Expressões da Arte Brasileira. São Paulo: Spala, s/d.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Secretaria de Educação
Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
CÂNDIDO, Suzana Laino. Formas num mundo de formas. São Paulo: Moderna,
1997.
FERRAZ, Maria Heloísa Corrêa de Toledo; FUSARI, Maria F. de Rezende. Metodologia
do Ensino de Arte. São Paulo: Cortez, 2002.
FONSECA, Maria da Conceição et al. O ensino de Geometria na escola
fundamental: três questões para a formação de professor dos ciclos iniciais. Belo
Horizonte: Autêntica, 2001.
KALEFF, Ana Maria M. R. Vendo e entendendo poliedros: do desenho ao Cálculo
do volume através de quebra-cabeças e outros materiais concretos. Niterói:
EDUFF, 1998.
KALEFF, Ana Maria M. R.; REI, Dulce Monteiro; GARCIA, Simone dos Santos. Quebra-
cabeças geométricos e formas planas. 2. ed. Niterói: EDUFF, 1997.
PIRES, Célia Maria Carolino; CURI, Edda; CAMPOS, Maria Mendonça. Espaço e
forma: a construção de noções geométricas pelas crianças das quatro séries
iniciais do Ensino Fundamental. São Paulo: PROEM, 2000.
ZASLAVSKY, Claudia. Jogos e atividades matemáticas do mundo inteiro: diversão
multicultural para idades de 8 a 12 anos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
24
Sumário
Apresentação......................................................................... 6
C
Colega professora, colega professor,
No conjunto do material de Educação Matemática do Pró-Letramento, este fascículo é apresen-
tado de um modo um pouco diferente dos demais. Nos outros fascículos há uma proximidade
maior com a sala de aula, com questões que têm relação mais direta com os alunos e as aulas.
A razão para isto é que em nossa experiência no trabalho com professoras e professores das sé-
ries iniciais, o tema das frações costuma apresentar uma dificuldade maior, do ponto de vista
do conteúdo, do que os outros temas. Por este motivo, preferimos escrever o fascículo de uma
forma em que você pudesse encontrar nele uma referência direta a conceitos e técnicas mate-
máticas importantes para seu trabalho - mesmo que nem tudo deva ser levado para salas de
aula das séries iniciais.
As observações que fazemos - por exemplo, sobre a importância de procurar sempre represen-
tar uma situação de várias maneiras - são de aplicação geral na sala de aula. Assim, esperamos
que você, ao mesmo tempo em que vai estudando e se aprofundando na parte mais técnica, re-
flita sobre questões que se relacionam à sala de aula.
As atividades e exercícios são dirigidos a seu aprendizado e reflexão, mas podem ser levados
para a sala de aula, às vezes com algumas adaptações. A Matemática que apresentamos é pen-
sada sempre tendo em mente que você é um profissional ou uma profissional da educação, quer
dizer, nosso ponto de partida é pensar sobre a educação matemática de seus alunos e alunas, e
não a Matemática por ela mesma.
No cotidiano das crianças (e mesmo nosso cotidiano) o que aparece de frações é, em geral, coi-
sa muito simples, como “meia xícara de leite” e “meia dúzia de ovos”. Se fôssemos nos pren-
der apenas ao que é estritamente parte da vida da criança, teríamos muito pouco a trabalhar.
Mas há aspectos do uso de frações que podemos trabalhar com as crianças, como comparar ra-
zões, fazer estimativas e compreender situações simples envolvendo frações, que não requerem
técnicas complicadas.
Por outro lado, para que você sinta mais segurança no trabalho com seus alunos, neste fascícu-
lo tratamos dos principais conceitos e técnicas envolvendo frações, para que você aprofunde
seu conhecimento do tema, e possa usar essas informações para decidir o que quer ou não tra-
balhar com seus alunos.
As duas idéias centrais neste trabalho com frações são as frações unitárias e as frações equiva-
lentes, e durante seu estudo você vai poder observar isto.
Frações são um tema excelente para você pensar sobre o fato de que o mesmo símbolo da Ma-
temática pode ter muitos significados diferentes, o que pode lhe ajudar a desenvolver uma
atenção maior e mais detalhada sobre o que seus alunos estão dizendo. As frações podem ser
muitas coisas, e vale a pena pensar sobre isto.
Neste fascículo há muitos detalhes que precisarão ser amadurecidos, quer dizer, não esperamos
que vocês se sintam familiares com tudo num primeiro estudo e discussão. O fascículo foi es-
crito e pensado como um material que vai continuar lhe acompanhando, e ao qual você pode
recorrer quando tiver dúvidas.
6
Os exercícios e atividades neste fascículo não são muitos, e os que estão aqui servem apenas
como exemplos, a partir dos quais você pode criar outros exercícios e atividades. Afinal de
contas, criar atividades e exercícios é parte essencial da atividade de professores e professoras,
e esperamos que no trabalho com este fascículo você faça isso também.
Finalmente, cada vez que mostramos de onde vem este ou aquele jeito de fazer uma conta, o
mais importante não é que você entenda todos os detalhes da explicação na hora. Durante seu
estudo você pode preferir ir primeiro para a parte que diz como se faz, para depois voltar e en-
tender o por quê, ou pode seguir a ordem do texto. O mais importante é que você se convença
de que existe uma explicação para as técnicas e os algoritmos, para que possa se comunicar
com seus alunos com mais segurança, e possa, gradualmente, desenvolver sua habilidade em
!
criar atividades ou escolher entre as que tiver a seu dispor.
7
Fascículo 4 - Frações
Roteiro de trabalho para o quarto encontro
Pensando juntos
O
Os textos das seções 1 e 2 serão trabalhados neste encontro. Eles devem ser lidos e estudados
em grupos e as dúvidas tiradas, entre vocês ou com o tutor. Depois de realizadas a leitura, a
discussão e as atividades, todos os participantes podem reunir-se em um grupão, para falar das
idéias que surgiram e das dúvidas que ficaram.
C
Como acontece muitas vezes, prestar atenção nas palavras pode nos ajudar a lembrar a que elas
se referem.
A palavra “denominar” quer dizer “indicar nome de”, e, de fato, o denominador de uma fração
indica o seu “nome”, que “tipo” de partes são, se são sextos, como no caso acima, ou terços,
quintos ou décimos.
8
Denominador 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Como se lê meio terço quarto quinto sexto sétimo oitavo nono décimo
○
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
9
Tarefa 1
2 23 53
b) d) f)
5 100 1000
V
Voltando ao que querem dizer as palavras numerador e denominador, podemos perceber uma
semelhança das frações com as medidas.
Quando dizemos que o comprimento de uma mesa é dois metros, estamos indicando o “quan-
to” (dois) e o de que “tipo” (metro). Se mudarmos o “tipo” para centímetro, o “quanto” teria
que mudar para 200 para a medida ficar certa, já que 2 m = 200 cm.
Assim, uma das formas de se entender o que é uma fração, é que elas são o resultado de se me-
dir alguma coisa, usando como referência uma parte da unidade.
Vamos ver um exemplo. Muitos livros didáticos introduzem as crianças às frações, usando bo-
los e tortas. Imaginemos que pessoas comeram uma parte da torta abaixo, e restou o que está
indicado. Como representar, com um número, o tanto que foi comido?
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
10
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O que pode acontecer é que seus alunos não estejam pensando nas áreas ou nos comprimentos,
apenas na quantidade de partes. Acontece que as frações indicam, matematicamente, também
uma razão entre parte e todo; em termos do número de partes pintadas os alunos poderiam es-
tar certos, mas não em termos da razão da área pintada em relação à área total.
Uma possível analogia pode ser encontrada quando duas crianças discutem para ver quem vai
ficar com o bife maior. Se um adulto cortar os dois bifes em pedaços menores, e repartir os pe-
daços, a atenção das crianças é direcionada ao número de pedaços, e como cada uma tem o
mesmo número de pedaços, tudo fica bem, até porque, depois de cortada em pedaços menores,
fica difícil comparar as “áreas totais” de bife que cada uma recebeu!
O uso de figuras acima com as crianças, e mesmo a discussão, com elas, do “caso do bife”,
pode ajudá-las a desenvolver sua compreensão inicial da noção de fração.
Esta última maneira de falar de frações, relacionando-as a partes e todo é a maneira mais co-
mum de se introduzir frações a crianças, no Brasil, talvez por parecer mais simples de explicar.
Mas a primeira tem suas vantagens também.
Ao introduzirmos frações com a idéia de medida, estaremos juntando as idéias de medida e de
número, assim como fazemos ao trabalhar com números na forma decimal, de modo que a cri-
ança tem outra oportunidade de articular, de associar aquelas duas importantes idéias matemá-
11
ticas. Neste caso isto ajuda a que a criança reconheça frações como números - tanto quanto os
naturais e os na forma decimal - e não apenas como símbolos.
Em segundo lugar, esta abordagem pode ajudar a evitar que a criança faça confusão mais adi-
ante, quando começar a trabalhar com frações maiores que um, que são chamadas, muito justa-
mente, de frações impróprias.
Vamos ver o seguinte problema: “Uma família pediu dois bolos de mesmo tamanho, ambos
cortados em 8 fatias iguais. Do primeiro comeram 5 fatias, e do segundo comeram 6 fatias.
Que fração corresponde ao total de bolo que foi comido?”
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Os dois bolos
Isto não quer dizer que pensar em frações em termos de todo e partes seja ruim; essa é uma
maneira importante, também, de tratar frações. O que queremos é que a criança desenvolva
várias maneiras de entender frações, que compreenda a relação entre elas e que saiba
escolher qual delas é melhor numa determinada situação. Mas o professor tem que fazer
escolhas didáticas, por exemplo, como introduzir uma idéia matemática a seus alunos, e, neste
caso, este tipo de análise é importante. É preciso pensar no que vem adiante, e não apenas no
que parece ser mais fácil de explicar naquele momento.
12
Tarefa 2
Tarefa 3
1) Usando divisões simples, como você faria para dividir uma linha em 6
partes iguais? E em 10 partes iguais?
2) Pegue um monte de alguma coisa, tampinhas de refrigerante, palitos de
fósforo ou pedrinhas de tamanho parecido. Usando o que você disse na
pergunta 1, reparta em 6 partes iguais. Depois conte cada parte e veja se o
erro foi grande.
13
O desenho abaixo é apenas ilustrativo da posição relativa das frações, e não está em escala.
O mais comum quando queremos registrar uma medida “quebrada” (que não deu um número
inteiro) é usarmos números na forma decimal, mas as frações são úteis em vários tipos de situ-
ações, especialmente por causa dos vários significados que se pode produzir para ela, das vári-
as maneiras de pensar sobre ela. Isto dá mais flexibilidade a nosso pensamento numérico.
Quando nossos alunos nos perguntam para que servem as frações, não é fácil encontrar “gran-
des” usos no dia-a-dia que justifiquem todo o trabalho que fazemos com elas na escola. E a
maioria das “aplicações” de frações que encontramos em livros didáticos é bastante artificial.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
14
não perder a conta das rezas; ele corresponde a 15 dezenas de ave-marias e 15 padre-nossos.
Assim, o terço é um colar que corresponde a 5 dezenas de ave-marias e 5 padre-nossos.
O uso mais curioso é o que está na expressão “vá para os quintos!”. Muito antigamente, os co-
lonizadores portugueses cobravam um imposto sobre todo o ouro extraído no Brasil,
correspondendo a um quinto do ouro, e este imposto era mandado para Portugal em navios cha-
mados, naturalmente, “o navio dos quintos”. Daí veio a expressão, que quer dizer “vá para lon-
ge”!
Se você tem acesso à Internet, vai encontrar esta informação, e outras, na página
http://educar.sc.usp.br/matematica/m5p1t4.htm, que é um interessante material para professo-
res e professoras das séries iniciais.
V
Vimos, até aqui, três maneiras de se entender o que seja uma fração - resultado de uma medida,
relação entre todo e partes e um pouco sobre como elas indicam uma razão. E vimos algumas
situações onde usamos frações no cotidiano.
As situações mais próprias para se trabalhar nas séries iniciais são muito simples, e envolvem
frações também simples, como 1 , 3 e 1 .
2 4 3
Além disso, no cotidiano é pouco comum termos que somar, subtrair, multiplicar ou dividir
com frações. Na verdade, o uso destas operações fica importante mesmo quando trabalhamos
com a Álgebra.
Por outro lado, saber estimar, visualmente, que fração de um todo estamos pegando (por exem-
plo, se numa xícara tem mais ou menos da metade), é uma habilidade bastante útil:
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
Estudos mostram que mesmo crianças pequenas são capazes de responder corretamente a esta
pergunta. E são capazes de descobrir que duas fotos de um copo com água não são as mesmas,
dizendo que em uma tem mais da metade e na outra menos. Esta capacidade pode ser refinada,
ser mais bem desenvolvida, para que a criança seja capaz de lidar com situações como:
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
15
Na compreensão de gráficos, na preparação de misturas de tintas e em muitas outras situações,
esta habilidade é útil no cotidiano, e as séries iniciais são um ótimo tempo para ajudar nossos
alunos a desenvolverem-na.
Já as contas com frações não precisam receber tanta ênfase. Podemos trabalhar com as
técnicas operatórias e suas explicações, mas não precisamos ficar trabalhando com contas que
envolvam números grandes e frações que são difíceis de “visualizar”, como 33 . Se tivermos
93
uma situação em que esta fração aparece, pode ser melhor aproximá-la usando a fração 1
3
De todo modo, é melhor trabalhar a compreensão das técnicas do que sobrecarregar as
crianças com contas que não fazem sentido para elas, quer dizer, que envolvem frações para as
quais elas não têm uma “intuição”.
Resumindo: é melhor concentrar o esforço de nosso trabalho com frações, nas séries iniciais,
em:
1 , 3 1
1) frações simples como e ;
2 4 3
2) aproximar outras frações usando estas frações simples e outras;
E este trabalho deve ser fundamentado em duas idéias centrais, as de frações equivalentes e
frações unitárias.
16
Fascículo 4 - Frações
Roteiro de trabalho individual
V
Vamos continuar aprofundando o conhecimento sobre Frações.
Enquanto estiver estudando, pare para refletir e entender. Trabalhe atentamente em cada tarefa
individual.
Frações equivalentes
A
A idéia mais importante sobre frações é a de frações equivalentes. É ela que nos permite com-
parar, somar e subtrair frações, além de ajudar a entender como frações se relacionam a razões
e proporções, idéias que aparecem em quase todas as partes da Matemática escolar.
Dizemos que duas frações são equivalentes quando elas representam a mesma quantidade,
mesmo que estejam escritas de formas diferentes.
1 2
As frações 2 e 4 são equivalentes; tanto faz repartir um bolo em duas partes e pegar
uma, quanto repartir o mesmo bolo em quatro partes e pegar duas.
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O que podemos dizer, no entanto, é que a razão entre o bolo todo e a parte comida é a mesma
nos dois casos. Comparando razões podemos determinar se o que se comeu do primeiro bolo é
proporcional ao que se comeu do segundo, isto é, estamos comparando relações, e não quanti-
dades.
17
Como criar frações equivalentes a uma fração que já tenho?
S
Se você tem uma fração e quer achar outras frações que sejam equivalentes a ela, pode usar
dois procedimentos.
O primeiro é multiplicar o numerador e o denominador por um mesmo número (que não seja o
zero!); o segundo é dividir o numerador e o denominador por um mesmo número (que também
não pode ser o zero, porque não dá para dividir por zero). Uma “explicação” para isto pode ser
dada pensando de novo com bolos.
1
Começamos com . O bolo foi dividido em duas partes iguais e pegamos uma delas.
2
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Se o denominador desta fração (que é 2) for multiplicado por 3, isto quer dizer que o bolo vai
ser dividido em três vezes mais partes do que antes (antes eram 2 partes, agora são 6). As fatias
serão três vezes menores.
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Como as fatias são três vezes menores, para pegar a mesma quantidade de antes tenho que pe-
gar três vezes mais fatias do que peguei antes. Isto é, o numerador tem que ser multiplicado por
3 também. O mesmo raciocínio se aplica no caso geral. Assim, se usarmos as letras a, b e c
para representar números naturais diferentes de zero, vale o seguinte:
axc a
bxc = b ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
○
Em nosso exemplo, 1 x 3 3 1
○
2x3 = 6 = 2
1 3 4 5 6 7
2 = 6 = 8 = 10 = 12 = 14
Este raciocínio também vale se estamos pensando em razões. Quando uma pesquisa de opinião
diz que 3 em cada 4 eleitores disseram que vão votar em um certo candidato, é de se esperar
que 6 de cada 8 vão votar neste candidato, que 300 de cada 400 também, e assim por diante.
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
18
○
○
○
2 4 6 12
○
3 = 6 = 9 = 18
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O processo de achar frações equivalentes a uma fração dada, mas que tem numerador e deno-
minador menores, se chama simplificação. Ele pode ser útil para podermos trabalhar com fra-
ções mais simples, mais fáceis de se visualizar.
C
Como é muito comum falar de frações falando de bolo, vamos começar com uma receita, que
depois será explicada.
1 2
Vamos ver o caso de e , que já resolvemos pensando em bolos:
2 4
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
19
○
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
TI 1
1) Verifique, usando a “receita” apresentada, quais das duplas de frações a
seguir são equivalentes:
2 26 15 5 23 92 33 11
a) e b) e c) e d) e
7 91 18 9 5 20 12 3
20
2) Em cada caso, quanto deve valer a letra para que as frações sejam
equivalentes?
A 2 B 1 x 14
a) e b) e c) e
5 10 12 3 5 35
F
Falamos, antes, sobre pensar em frações como resultados de medições, e observamos a seme-
lhança com medir em metros e centímetros.
5
Frações equivalentes a :
6
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
6 = 12 = 18 = 24 = 30 = 36 = 42 = 48 = 54 = 60 =...
21
3
Frações equivalentes a :
10
3 6 9 12 15 18
10 = 20 = 30 = 40 = 50 = 60 =...
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○
○ ○ ○ ○ ○
Este método é bom porque mostra a relação entre somar frações e as frações equivalentes, e
deve ser usado com os alunos, mas além de entendermos o que estamos fazendo, é sempre útil
conhecermos técnicas práticas para fazer contas. No caso da adição de frações, vamos continu-
ar usando, é claro, a idéia de encontrar frações equivalentes às originais, mas com denomina-
dores iguais, só que ao invés de fazermos listas e as compararmos, vamos usar uma técnica
mais direta. Veja:
x x
x x
x x
22
Vamos resumir esta técnica para somar frações:
A vantagem de se usar com os alunos, no início, esta notação mais longa, é que fica sempre
possível ver a relação com frações equivalentes, mas à medida que eles adquiram segurança,
pode-se sugerir uma notação mais abreviada, mais resumida:
5 3 5 x 10 + 3 x 6 68
6 + 10 = 60 = 60
a c axd+bxc
b + d = bxd
e para somar frações com números inteiros, basta lembrar que números inteiros podem ser re-
presentados como frações com denominador 1:
Estamos certos de que se você examinar esta conta, pensando sobre ela, vai criar um modo
mais prático de somar números naturais e frações.
Finalmente, se você tiver que somar mais de duas frações, nossa sugestão é que some duas, de-
pois mais outra, e assim por diante, ou que use o método de procurar frações equivalentes, para
somar todas de uma vez.
23
TI 2
2 13 6 4 1 5 3 9 5
a) + b) + c) + - d) -
5 5 7 8 4 16 9 5 7
2) Invente outras contas e resolva, com seus colegas, tantas quantas você
achar necessárias para saber se tem segurança em fazê-las.
Você deve ter observado que, para somar frações, não utilizamos o “famoso” MMC, o Mínimo
Múltiplo Comum (que não discutiremos aqui). Como o nome diz, este é o menor número que é
múltiplo de dois números dados. Por exemplo, 30 é o MMC de 6 e de 10, é o menor número
que é múltiplo ao mesmo tempo de 6 e de 10.
Em vez disso, usamos um outro múltiplo comum de 6 e de 10, como denominador. Usamos o
número 60 = 6 x 10. Por quê? Porque é muito mais prático ir “direto” para o 6 x 10 do que fi-
car tentando achar o MMC de 6 e 10. As técnicas para se achar o MMC de dois números são
simples, mas não têm nenhuma relação visível com somar frações. É comum encontrarmos cri-
anças que não somam frações porque não sabem calcular o MMC, e outras que demoram um
tempão no MMC antes de fazerem a adição (se não errarem no meio do caminho!).
Por que é que se ensina a somar frações usando MMC? Acreditamos que seja por tradição, ape-
sar de às vezes se dizer que é porque os números nas frações ficam menores, mas num mundo
em que o acesso a calculadoras simples é cada vez maior, este argumento vai perdendo força.
Como sugerimos, nas séries iniciais é melhor trabalhar com frações simples, de modo que ao
somá-las não vamos terminar com números muito grandes. Mas se você achar que é melhor,
depois de fazer a adição pode aplicar o processo de simplificação ao resultado:
e pronto, porque 17 e 15 não têm nenhum divisor comum. Além de ter usado um algoritmo
mais direto para a adição, ainda trabalhou a idéia de simplificação!
24
Finalmente: porque a “receita”para saber se duas frações
são equivalentes funciona
Q
Quando dizemos que duas frações são equivalentes, estamos dizendo que as duas representam
a mesma quantidade, representam o mesmo número. Acontece que um número menos ele mes-
mo é sempre zero, certo? Com os números naturais, dizer isso parece quase uma coisa óbvia
demais: 10 – 10 = 0, 105 – 105 = 0, 1845 – 1845 = 0, e assim por diante.
Como uma menos a outra dá zero, isto quer dizer que as duas representam a mesma quantida-
de, isto é, são frações equivalentes, embora as representações sejam diferentes.
Agora olhe bem aquele cálculo. Para determinar os numeradores, fizemos as contas
2 x 153 = 306
e
3 x 102 = 306
Se tivéssemos usado nossa receita, para saber se elas são equivalentes, teríamos:
25
E como o resultado é igual, ficamos sabendo que as frações são equivalentes. As contas que fi-
zemos para calcular os numeradores, usando a subtração, e as que usamos na “receita”, são as
mesmas, e isto não é uma coincidência. Na verdade a “receita” é uma subtração simplificada, e
podemos fazer isto porque, para saber se duas frações são equivalentes, usando a subtração, só
interessam mesmo os numeradores: se, no fim, forem iguais, o resultado será zero, se não fo-
rem iguais, o resultado não será zero. A “receita” é como fazer só a parte da subtração que nos
interessa neste caso:
Os símbolos que estão nos denominadores, indicam apenas que sabemos que, ao fazer a
subtração, cada uma das frações depois do primeiro sinal de igual vai ter o mesmo denomina-
dor, este tal de . Mas para saber se as frações são equivalentes, não interessa que número é
esse, interessa apenas olhar para o que acontece com os numeradores.
Muitas das técnicas da Matemática são produzidas desta maneira, abreviando-se alguma outra
técnica conhecida, para torná-la mais prática.
Aqui queremos fazer um comentário importante. É verdade que as técnicas e algoritmos são
melhores de usar quando são mais simples, mas não podemos nos esquecer de que é importan-
te, também, saber por que elas funcionam. A principal razão para isto é que, do ponto de vista
do pensamento humano, quando duas coisas que sabemos estão relacionadas para nós, cada
uma delas se torna mais útil e mais presente. Neste caso das frações equivalentes, se eu me es-
quecer da receita, posso me lembrar de usar a idéia de que 5 – 5 = 0 e fazer uma subtração de
frações para ver se elas são equivalentes. E como a receita foi relacionada à subtração, ao fazer
a subtração posso reconstruí-la, posso lembrar-me de como era a receita.
De modo geral, é correto oferecer a nossos alunos e alunas a possibilidade de conhecerem téc-
nicas e algoritmos mais simples, mas é também correto oferecer a eles acesso à origem destas
técnicas e algoritmos. Nem sempre é fácil equilibrar as duas coisas, mas é importante tentar.
No caso das frações nas séries iniciais, o melhor é se concentrar, caso se tenha que fazer uma
escolha, no caminho para chegar aos algoritmos mais simplificados, concentrar-se na compre-
ensão, e não na habilidade técnica.
P
Para saber se duas frações são equivalentes, ou seja, iguais, podemos usar a subtração ou o
procedimento mais abreviado, a “receita”. Mas e se elas não forem iguais, como saber qual de-
las é maior? Para isto nós vamos começar, também, com a subtração
26
E para que serve comparar frações?
U
Um exemplo. Num jogo de futebol, Marcos chutou ao gol 8 vezes e fez dois gols, enquanto
Geraldo chutou 14 vezes e fez três gols. Qual dos dois jogadores foi mais eficiente? Para quem
simplesmente assiste ao jogo, pode parecer mais natural só pensar no número de gols que cada
um fez: Geraldo fez mais gols, então foi melhor.
Mas para o treinador é importante saber se um jogador chuta muitas vezes, mas, em compara-
ção com número de chutes, não vai tão bem, quer dizer, se a “pontaria” dele não está muito boa
e ele precisa treinar mais.
27
x x
x x
Isto é, se visitarmos 12 casas da cidade A, escolhidas ao acaso, é provável que 9 delas tenham
telefone, enquanto que de 12 casas da cidade B, apenas 8 teriam telefone. É como no caso dos
jogadores de futebol, quando comparamos a eficiência dos dois vendo quantos gols fariam se
chutassem 112 vezes a gol. Proporcionalmente ao número de casas, a cidade A está melhor em
telefonia que a cidade B, apesar de, talvez, ter um número de telefones menor.
Esta técnica de usar um denominador comum para comparar razões, que usamos no caso dos
jogadores e das cidades, fica mais prática ainda com a introdução da idéia de porcentagem, na
qual usamos sempre “frações” com denominador 100.
Por que usamos aspas na palavra “frações”?
A resposta é que, no uso em porcentagens, embora usemos o mesmo símbolo que usamos com
as frações, com uma barra, um número em cima e um número embaixo, o “numerador” nem
sempre é um número inteiro.
28
É uma situação muito parecida com os sistemas de medidas padronizados. O motivo pelo qual
quase todos os países do mundo usam o sistema métrico decimal, é que assim não se precisa fi-
car fazendo conversão de unidades de medida. Nos Estados Unidos se usa um sistema chamado
Imperial, no qual comprimentos são medidos em polegadas (cerca de 2,5cm), pés (1 pé = 12
polegadas) e jardas (1 jarda = 3 pés). Se uma empresa brasileira vender rolos de papel de em-
brulho para os Estados Unidos, vai indicar a largura em centímetros, só que lá as pessoas estão
acostumadas a medir em polegadas. O que você acha de ir a uma loja comprar corda, e o ven-
dedor lhe perguntar quantas jardas você quer?
Este problema da compatibilidade de sistemas de medidas teve, há alguns anos, uma conse-
qüência que custou caro, quando uma nave enviada ao espaço pelos Estados Unidos da
América explodiu em meio à viagem. Descobriu-se depois que o projeto de algumas das peças
havia sido encomendado a uma companhia de um país no qual se usa o sistema métrico
decimal, enquanto o resto delas foi projetado usando o sistema Imperial, e na hora de fazer as
peças, por problema de precisão, o ajuste não foi perfeito, causando uma explosão que destruiu
uma nave de muitos milhões de dólares (sugestão: tente estimar quantas escolas se pode
construir com um milhão de dólares).
No caso das cidades A e B, de que falamos acima, teríamos:
29
TI 3
Na fábrica A, de cada 200 lâmpadas produzidas 7 saem com defeito,
enquanto que na fábrica B, de cada 80 produzidas, 3 são defeituosas.
Compare as razões entre lâmpadas defeituosas e a produção de cada
fábrica, e diga qual das fábricas tem mais cuidado com a produção de
lâmpadas, A ou B.
N
Na última seção empregamos a palavra razão, mas sem dizer muito o que é isto. Razão, em
Matemática, pode ser entendida de duas maneiras um pouco diferentes.
A primeira delas é como “relação entre grandezas da mesma espécie”. Esta não é uma defini-
ção simples, porque podemos nos perguntar, por exemplo, de que tipo de relação estamos fa-
lando. Mas é possível dar alguns exemplos. Podemos falar da razão entre duas superfícies, en-
tre duas linhas ou entre dois corpos, e isto é útil em Geometria, quando queremos falar de figu-
ras semelhantes.
Um outro modo de entender razão é como quociente entre dois números, e o uso da palavra
“quociente” nos diz que estamos falando de divisão. Isto já apareceu neste caderno, quando fa-
lamos de porcentagens. Quando calculamos a porcentagem de pessoas com telefone na cidade
A, primeiro dividimos 3 por 4. O resultado, 0,75, exprime a razão “3 para 4” como um número
decimal. Depois multiplicamos por 100, e a expressão 75% exprime a razão “3 para 4” como
porcentagem.
Um outro exemplo é o das velocidades. Quando dizemos que a velocidade média de um carro
foi de 70 quilômetros por hora (70 km/h), estamos indicando que a razão entre a distância per-
corrida pelo carro e o tempo que ele levou para percorrê-la, a esta velocidade, foi 70.
distância
percorrida 35 70 140 175 210 280 700
(em km)
tempo (h) 0,5 1 2 2,5 3 4 10
razão entre
distância 35 70 140 175 210 280 700
percorrida e 0,5 1 2 2,5 3 4 10
tempo gasto
Se tomarmos cada uma destas frações e olharmos para elas como divisões, vamos ver que
todas elas dão o mesmo resultado, o mesmo quociente: ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
30
○ ○ ○ ○ ○
Em cada caso, o que fizemos foi dividir o numerador (o número de cima) pelo denominador (o
de baixo). E o fato de que o resultado foi sempre o mesmo, quer dizer que todas aquelas razões
são a mesma. Em todos aqueles casos, o carro andou com a mesma velocidade média, e isto
corresponde a dizer que todas as “frações” na segunda tabela são equivalentes.
Razões podem ser entendidas como uma espécie de “representante geral” de algum fenômeno,
como no caso das velocidades médias. É o que se costuma chamar de um modelo de um fenô-
meno. Vamos pegar um caso simples.
Alguém está batendo num tambor: tum-tum-tum-silêncio, tum-tum-tum-silêncio, tum-tum-tum-
silêncio. Você identifica um padrão, que consiste em três batidas no tambor, seguidas de um si-
lêncio. Podemos dizer que em três quartos do tempo temos uma batida no tambor, de modo que
se você contar 20 tempos, pode antecipar que vai ouvir 15 batidas de tambor. As razões, usa-
das como modelos de fenômenos, podem nos ajudar a fazer previsões, estimativas: se eu viajar
por 140 quilômetros, a 70 km/h vou demorar...? Se duas latas de molho de tomate custam R$
3,20, e eu comprar 10 latas, vou gastar...?
○
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Você também poderia ter simplificado cada fração, para achar que
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
31
A divisão de 18 por 7 resulta em uma dízima períodica, um número na forma decimal, que não
tem fim: 18÷7=2,571428571428571428..., onde os pontos querem, NESTE CASO, dizer que vai
continuar assim, já que os três pontos são também usados na representação decimal de
números irracionais, repetindo o período é 571428. Já a divisão da outra fração-razão resulta
em: 55÷20=2,75.
Há outras maneiras de comparar frações, que usam certos números (fracionários ou inteiros)
como referência. É importante trabalhar estes outros métodos com as crianças, porque este tra-
balho ajuda a desenvolver a capacidade de pensar flexivelmente, de escolher entre métodos, ao
invés de seguir apenas um.
Vamos dar alguns exemplos:
Com a experiência, outras referências vão sendo utilizadas, como oitavos e terços. A atividade
a seguir pode ajudar nisto.
TI 4
Localize, aproximadamente, cada uma das frações seguintes, nas três
“réguas” abaixo:
99 70 28 1 3 7 456 102
100 140 90 98 5 16 580 100
1 1 3
0 1
4 2 4
1 1 3 1 5 3 7 1
0
8 4 8 2 8 4 8
32
1 2
0 1
3 3
x x
x x
x x x
x x
x x x
quer dizer, se a divisão der exata, como neste caso, você pode fazer assim, sem problemas.
33
Por que é que separamos este caso, da multiplicação de um número natural por uma fração?
Porque ele corresponde a um tipo específico de problemas, o que envolve calcular uma fração
de uma grandeza discreta. Há problemas em que marcamos, ou estimamos, uma fração de uma
grandeza contínua, como quando lidamos com áreas e comprimentos, e outros em que temos
um certo número de coisas e queremos saber quantas delas correspondem a uma certa fração.
x
x
Há muitos estudos que mostram que as pessoas não aceitam muito que, para calcular o preço
de meio litro de azeite, podemos usar uma multiplicação (por 0,5). É que crescemos com as
idéias de que dividir diminui e multiplicar aumenta. Então, se é para calcular o preço de meio
litro – que é menos que um litro, só podemos dividir. Este trabalho com multiplicações por
frações pode, também, ajudar nossos alunos a pensarem mais flexivelmente sobre a multi-
plicação.
Para trabalhar com frações de quantidades discretas, você pode falar de tempo: quantos dias
são um quinto de um ano? Quantos minutos são um quarto de hora? E meia hora? Quantas se-
manas correspondem a três sétimos de um ano?
x
○
○
○
x x
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
x x
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
34
x
Para fazer a última passagem, pensamos como antes. Se forem “21 partes do tipo um doze
avos”, e queremos um terço disto, dividimos as 21 partes em 3, e pegamos um destes tantos, fi-
cando com “7 partes do tipo um doze avos”.
Como já dissemos antes, é sempre bom pensarmos no que estamos fazendo, também em Mate-
mática, mas na prática, podemos, a partir do que fizemos, achar um algoritmo bem mais sim-
ples para multiplicações deste tipo. Observe que, no fim das contas, multiplicamos o numera-
dor, 7, por 3, mas logo em seguida nós dividimos o resultado por 3.
Mas multiplicar e dividir pelo mesmo número não muda nada (se este número não for zero!):
(12 ÷ 4) x 4 = 12
(35 ÷ 7) x 7 = 35
(1000 ÷ 8) x 8 = 1000
35
x
x x x
x x x x
x x x
x
○
○
○
○
x x x x x x
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Nós copiamos a conta resumida para você poder observar melhor que, na prática, o que fize-
mos foi multiplicar os numeradores (8 x 3) e multiplicar os denominadores (5 x 2). Este é o
método prático que se usa para multiplicar duas frações:
x
x x
x
36
a x c = axc
b d bxd
Vamos comparar esta expressão com a que demos para a soma e subtração de duas frações,
para ter certeza de que são bastante diferentes:
○
○
○
○
○
○ a + c = axd+bxc
○
○
bxd
○
b d
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
para a adição e
○
○
○
○
a c = axc
○
x
○
b d bxd
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
para a multiplicação
Lembre-se de não confundir as duas, porque se você fizer adições imitando o modo pelo qual
fazemos multiplicações, vai terminar escrevendo que:
C
6 3
Como será que fazemos a conta ÷ ? Você se lembra de que falamos que uma fração
7 4
pode ser entendida como representando uma divisão. Do mesmo modo, podemos transformar
uma divisão em uma “fração”. Usamos as aspas porque a expressão que aparece pode não se
parecer com uma fração usual.
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
37
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
3 x 4 = 4 x 3 = 12
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Como aconteceu antes, olhando em detalhe para uma conta que fizemos, podemos criar um
método mais simples de fazê-la. Neste caso:
a ÷
c = a x
d
b d b c
38
Como comparar frações usando a divisão?
P
Pense em dois números naturais, diferentes de zero, e divida o primeiro pelo segundo (pode
usar uma calculadora!). Se o resultado for menor que 1, o primeiro é menor que o segundo, se
der igual a 1 os dois são iguais, e se der maior que 1, o primeiro é maior que o segundo. Veja
alguns exemplos:
○
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O mesmo acontece com as frações, que também representam números. Isto quer dizer que po-
demos usar a divisão para comparar frações, do mesmo jeito que usamos com os naturais.
Quem é maior, 6 ou 3 ? Solução:
7 4
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
6 3
e como o resultado é maior que 1,
7
> 4 . E funciona sempre, assim como com todos os nú-
meros com que trabalhamos na escola, menos os “estranhos” números complexos, porque
quando trabalhamos com números complexos não falamos de ordem, de maior e menor, apenas
de igual ou não!
39
Sumário
Apresentação ........................................................................................ 6
Roteiro de trabalho para o encontro ........................................ 8
Pensando Juntos ................................................................................... 8
E Este fascículo aborda temas do bloco de conteúdos Grandezas e Medidas elencado nos
Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática.
Pelo estudo de temas vinculados a Grandezas e Medidas, pretende-se estimular reflexões e
discussões sobre a conexão entre a Matemática e o cotidiano, entre diferentes temas
matemáticos e ainda em relação à Matemática e outras áreas do conhecimento. Pretende-se,
dessa forma, propiciar aos participantes condições de:
- conhecer aspectos históricos da construção do conhecimento sobre grandezas e medidas e suas
implicações didático-pedagógicas;
- compreender o conceito de medidas, os processos de medição e a necessidade de adoção de
unidades-padrão de medidas;
- estabelecer conexões entre grandezas e medidas com outros temas matemáticos como, por
exemplo, os números racionais positivos e suas representações;
- compreender, pelo conhecimento da história das medidas, que os números racionais surgem
como frações da unidade para suprir necessidades humanas de realizar medições;
- tratar da construção dos significados dos números racionais, significados estes de parte-todo,
de quociente e de razão;
- lidar com os obstáculos da aprendizagem dos números racionais pelas crianças acostumadas a
trabalhar com números naturais;
- analisar atividades verificando a importância e o acentuado caráter prático do tema Grandezas
e Medidas, bem como as conexões desse tema com outras áreas de conhecimento, na
perspectiva da transversalidade; e
- analisar atividades de medidas relacionando-as, sempre que possível, aos números racionais
em suas representações fracionárias e decimais.
Os trabalhos foram selecionados na perspectiva de alcançar as metas acima expostas. Foram
agrupados em Textos, Projetos e Atividades. O primeiro texto e os dois projetos devem ser
analisados e discutidos em grupo, durante os trabalhos presenciais no quinto encontro; as
atividades foram elaboradas para aplicação em salas de aula durante a primeira semana da
quinzena de trabalhos individuais, período em que deverá ser estudado, também, o segundo
texto.
O primeiro texto aborda a necessidade do conhecimento sobre medidas no cotidiano, o
significado de medir, as diversas grandezas que precisamos saber medir, a vinculação entre as
medidas e os números racionais, mostrando como esse conhecimento deve ser abordado nas
escolas. O segundo texto mostra a construção do conceito de medidas e a evolução dos
processos de medição ao longo da história da humanidade, complementando teoricamente o
trabalho desenvolvido.
O primeiro projeto é composto de atividades criadas em torno do tema NOSSA
ALIMENTAÇÃO. Foram planejadas para propiciar condições de desenvolver os conteúdos
matemáticos: medidas de comprimento e os diversos modos de medição, convencionais ou não,
6
operações simples utilizando o sistema monetário brasileiro e a identificação e utilização das
medidas de temperatura. Como eixos de discussão com os alunos, surgem questões relacionadas
à saúde, ao trabalho e ao consumo. O segundo projeto, em torno do tema O LIXO, aborda os
conteúdos matemáticos: medidas de massa, medidas de capacidade, medidas de tempo, números
racionais na forma decimal e fracionária e frações equivalentes, tendo como eixo de discussões
as questões ambientais relacionadas com a produção e destinação do lixo em suas diversas
modalidades.
São quatro as atividades sugeridas para que os participantes escolham uma delas para aplicação
em sala de aula. Enfocam medidas de tempo e de comprimento, áreas e medidas de áreas,
operações com números decimais, tendo como eixos de reflexão as discriminações comumente
associadas às representações sociais do homem e da mulher e à diversidade etno-cultural
brasileira, a questão da divisão de terras no Brasil, questões relacionadas com a saúde e o
consumo.
Encerramos com um convite: “Relembrando nosso encontro...”, com alguns exercícios para
você.
Esperamos contribuir, de alguma forma, com o sucesso do seu trabalho de educar.
7
Fascículo 5 - Grandezas e Medidas
Roteiro de trabalho para o encontro
Pensando Juntos
O Olá, pessoal! Vamos iniciar este quinto fascículo socializando nossas reflexões e realizações
durante a quinzena transcorrida. O que representaram para cada um do grupo as lições do
quarto fascículo? Como resolvemos as questões propostas? Que dúvidas restaram? Quais
aspectos gostaríamos de debater com os colegas?
Aproveitemos para confrontar as respostas que encontramos, discutindo convergências e
divergências, e, principalmente, para refletir em conjunto sobre as implicações do que
aprendemos no fascículo 4 para nossa prática docente.
As tarefas individuais realizadas deverão ser entregues ao tutor.
Tarefa 1
Trabalhando em grupo
N
No primeiro contato com o tema do Fascículo 5, os participantes, em pequenos grupos
(aproximadamente 4 pessoas), farão a leitura do Texto Grandezas e Medidas no Ensino
Fundamental, discutindo e resolvendo as questões colocadas em seguida. Após, os participantes
deverão dividir-se em dois grandes grupos para analisar os projetos que aqui apresentamos, um
para cada grupo, concluindo esta atividade com cada grupo apresentando ao outro o projeto que
analisou. Uma síntese dos trabalhos do dia e o planejamento das atividades individuais
encerrarão este encontro.
8
Refletindo sobre a questão: O que você já mediu hoje?
Muitas pessoas poderiam responder que mediram o tecido na loja, a temperatura de uma
criança, pesaram os legumes no supermercado, mediram sua pressão arterial, quanto receberão
pelas horas extras trabalhadas e quanto irão pagar de juros na prestação atrasada. Assim,
conclui-se que são tantas as situações nas quais a necessidade de medir as coisas se faz presente
no mundo contemporâneo, que se torna impossível pensar em ser cidadão e desconhecer tão
importante conteúdo. Muitos são marginalizados ou enganados no dia-a-dia por não saberem
utilizá-lo com segurança.
Pelas respostas pode-se notar que Grandezas e Medidas são ferramentas necessárias para que os
alunos se apropriem do conhecimento científico-tecnológico contemporâneo.
Muitas atividades cotidianas das crianças envolvem medidas, como por exemplo, observar os
tamanhos dos objetos, pesos, volumes, temperaturas diferentes e outras. Os pais, professores,
adultos em geral ou mesmo crianças mais velhas, são as pessoas que demarcam essas
diferenças para os menores: maior que, menor que, mais longe, mais perto, mais quente, mais
frio, etc.
A partir dessas práticas adquiridas da convivência social das crianças, deve a professora ou o
professor propor situações-problema, visando à ampliação, ao aprofundamento de seus
conhecimentos e à construção de novos significados.
Um exemplo simples é a preparação de um alimento. Essa atividade possibilita um importante
trabalho, envolvendo diferentes unidades de medida, como o tempo de cozimento e a
quantidade dos ingredientes: litro, quilograma, colher, xícara, pitada, etc.
Assim, ao longo do Ensino Fundamental, as atividades propostas devem propiciar a
compreensão do processo de medição.
9
Portanto, perguntas do tipo: Qual número encontrado pelos alunos nessa medição é o mais
correto?, é respondida da seguinte forma: todos os resultados são igualmente corretos, pois eles
expressam medidas realizadas com unidades diferentes.
Embora possamos medir qualquer objeto usando padrões não-convencionais de medida, como
os pés, o passo, a borracha, etc., deve-se discutir com as crianças a importância e a adequação
de adotar-se em certas situações unidades-padrão de medida, que constituem sistemas
convencionais de medida e facilitam a comunicação entre as pessoas.
E a temperatura?
Como o tempo, pode-se somente marcar a temperatura. Pode-se marcar e ordenar a temperatura
segundo uma escala numérica, tomando por base um valor estável como ponto de referência,
que no caso da temperatura é a temperatura do gelo derretendo. Sempre que for preciso saber
com precisão qual é a temperatura, recorremos ao termômetro que é um instrumento de
marcação.
10
cabiam um número inteiro de vezes na grandeza a medir. O mais freqüente, ao aplicar-se a
unidade à grandeza a ser medida, era sobrar uma parte inferior à unidade considerada. Os
números naturais, único instrumento numérico conhecido na época, eram insuficientes para
exprimir a medida de determinadas grandezas. Para obter uma maior aproximação da medida
real da grandeza (comprimento, área etc.), a solução foi subdividir a unidade num certo número
de partes iguais, criando-se as frações da unidade. Dessa forma, a partir de suas necessidades, o
homem criou um novo campo numérico: os números racionais.
○
apresentadas às crianças, pois é com base nesse repertório
○
http//www.cepa.if.usp.br/
construído pelas crianças que podem ser estabelecidas
○
○
conexões com outro tema importante, que é o estudo dos números racionais em suas
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
- outro diz respeito à comparação entre racionais: acostumados com a relação 3 > 2, terão que
construir uma escrita que lhes parece contraditória, ou seja, ;
11
- se o tamanho da escrita numérica era um bom indicador da ordem de grandeza, no caso dos
números naturais (8345 > 41), a comparação entre 2,3 e 2,125 já não obedece ao mesmo
critério;
- se ao multiplicar um número natural por outro natural (sendo este diferente de 0 ou 1) a
expectativa era a de encontrar um número maior que ambos, ao multiplicar 10 por 1/2 se
surpreenderão ao ver que o resultado é menor do que 10; e
- se a seqüência dos números naturais permite falar em sucessor e antecessor, para os racionais
isso não faz sentido, uma vez que, entre dois números racionais quaisquer, é sempre possível
encontrar outro racional; assim, o aluno deverá perceber que entre 0,8 e 0,9 estão números
como 0,81; 0,815 ou 0,87.
No nosso dia-dia, os números racionais aparecem mais na sua representação decimal do que na
forma fracionária. As representações decimais são utilizadas, por exemplo, nos sistemas de
medida e monetário. Com o uso das calculadoras, as representações decimais tornaram-se ainda
mais freqüentes.
Um trabalho interessante descrito nos PCN-Matemática (1997, p.102) consiste em utilizar as
calculadoras para o estudo das representações decimais na escola. Por meio de atividades em
que os alunos são convidados a dividir, usando a calculadora, 1 por 2, 1 por 3, 1 por 4, 1 por 5
etc., e a levantar hipóteses sobre as escritas que aparecem no visor da calculadora, eles
começarão a interpretar o significado dessas representações decimais.
Trabalhando com atividades de cálculo com os números racionais na forma decimal,
vinculados a situações-problema: as crianças podem fazer estimativas e identificar intervalos
que tornem essa estimativa aceitável ou não. Assim, por exemplo, ao resolver o problema
“Qual é o valor do perímetro de uma figura retangular que mede 13,2 cm de um lado e 7,7 cm
do outro?”, o aluno pode recorrer a um procedimento por estimativa, calculando um resultado
aproximado (2 x 13 + 2 x 8), que lhe dá uma boa referência para conferir o resultado exato,
obtido por meio de um procedimento de cálculo escrito (PCN-Matemática, 1997, p.125).
A abordagem de grandezas e medidas de comprimento, áreas e volumes, realizada juntamente
com o trabalho com números decimais e frações, assim como sua evolução histórica, amplia o
significado dos números e das operações, bem como melhora a compreensão dos conceitos
relativos ao espaço e às formas.
Tarefa 2
12
c) As reflexões apresentadas no texto sobre o processo de medição são
contempladas nos livros?
d) Como são apresentados os números racionais? Há maior ênfase no trabalho
com representações decimais ou fracionárias?
e) As atividades propostas permitem a articulação entre grandezas, medidas e
números racionais?
f) A calculadora é proposta como recurso para discussão das representações
decimais dos números racionais?
Tarefa 3
○
Objetivos
○
○
· Compreender o conceito de medidas de
○
comprimento, por meio da construção de um
canteiro de horta, utilizando diferentes
instrumentos de medidas, convencionais e não
convencionais, de forma a reconhecer o metro
como unidade padrão de medida.
· Identificar as diferentes formas de desperdício
de alimentos. Clipart do Windows
Material: Fita métrica, material para fazer medidas não convencionais como
por exemplo (barbante, pedaços de madeira, metro feito de canudinhos),
sementes de hortaliças, folhas de sulfite, estacas de madeira e adubo.
Descrição da Atividade
¹ Na elaboração das atividades deste fascículo houve a colaboração da Prof ª Ms. Janete
Marmontel Mariani, professora das séries iniciais do Ensino Fundamental, da professora de
Matemática Fabiana Cezário de Almeida, mestranda do Programa de Pós-Graduação em
Educação para a Ciência da UNESP/Bauru e dos(as) alunos(as) da Licenciatura em Matemática
da Faculdade de Ciências da UNESP/Bauru: Amanda Diniz Sotero de Menezes, Amanda Tonetti
Qualhareli, Ana Carolina Serrata Malfitano, André Luiz Baú, André Luis Martins Lopes, Andréia
Aparecida da Silva Brito, Caio de Godoy Camargo, Eduardo Morais Junior, Germano de Jesus
Tobias, Luiz Gustavo Rodrigues, Mabi Katien Batista de Paula e Natália Abrantes.
13
1º Dia: A professora ou professor inicia a atividade levantando as seguintes
questões:
- Quem sabe para que serve uma horta?
- Uma horta na escola poderá ajudar em nossa alimentação?
- Que tipos de alimentos poderíamos plantar em uma horta?
A professora ou o professor deve ficar atento às respostas dos alunos e anotar
algumas. Nesse momento, poderá ressaltar a importância de respeitar a vez e
a opinião dos outros.
2º Dia: A professora ou o professor leva os alunos para uma visita previamente
agendada a uma horta, já conhecida pelo docente. Após a visita, pergunta:
- Em nossa escola, há um espaço no qual possamos construir uma horta?
- O que precisaria ser feito para construirmos uma horta?
A professora ou o professor anota as respostas dos alunos e explica o que é
preciso para uma horta como terra boa, espaço, luz, cuidado, entre outros e,
entregando uma folha de sulfite para cada aluno, pede-lhes que desenhem
sobre a visita feita à horta. No final da aula, pede-se aos alunos que tragam no
dia seguinte uma fita métrica.
3º Dia: A professora ou o professor
leva os alunos ao local do canteiro
para demarcar o terreno. Essas
demarcações podem ser feitas com
estacas de madeira. Com o terreno já
marcado, pede-se aos alunos que,
em grupos, façam as medições do
terreno utilizando primeiramente os
pés: os alunos devem colocar um pé
○
Clipart do Windows
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
14
diferentes, já que os pés das pessoas têm medidas distintas.
Para a construção dos novos canteiros, a professora ou o professor opta por
trabalhar com a fita métrica, pois trata-se de um instrumento de medida
padronizado e de fácil obtenção. Na falta desta, qualquer outro padrão de
medida poderá ser utilizado, por exemplo um simples pedaço de barbante,
desde que todas as medições sejam feitas com ele. Pode-se também trabalhar
com o pedaço de madeira utilizado inicialmente.
Terminada essa discussão, a professora ou o professor levanta a seguinte
questão:
- O que poderemos plantar em nosso canteiro para construirmos a horta?
Os alunos fazem suas sugestões e a professora ou o professor deve estar atento
aos tipos de alimentos que podem ou não ser plantados. Podem ser utilizados
um, dois ou três tipos de sementes, de acordo com a quantidade de canteiros
planejada.
5º Dia: A professora ou o professor traz para a sala as sementes que serão
plantadas utilizando as instruções de plantio contidas nas embalagens e
pergunta:
- As nossas hortaliças crescerão bem se ficarem uma ao lado da outra, sem
espaço? Quem poderia responder?
Após os alunos responderem, a professora ou o professor explica que cada
vegetal deve ser plantado respeitando certa distância um do outro para que
possam crescer de forma saudável, e que as covas precisarão ter uma certa
profundidade para que nelas possam ser depositadas as sementes. Os alunos
voltam ao canteiro para fazer as covas, podendo medir a distância entre as
mesmas e a profundidade com uma régua, sempre com o auxílio da professora
ou do professor. Com as covas já prontas, distribui as sementes aos alunos que,
então, farão o plantio.
6º Dia: A professora ou o professor entrega uma folha de sulfite para cada aluno
e pede para eles desenharem como ficou o canteiro de horta após o plantio.
Feitos os desenhos, a professora ou o professor pode relembrar com os alunos a
visita à horta que fizeram no início desta atividade, todo o trabalho que foi
desenvolvido, as dificuldades para cuidar de uma horta, a responsabilidade,
como também explicar que o trabalho da turma está sendo reconhecido por
eles e por toda a escola. Após a reflexão, a professora ou o professor lança as
questões:
- O que precisamos fazer para que nossas hortaliças cresçam?
- Poderíamos construir uma horta em nossa casa utilizando essas medidas?
- E quando a nossa plantação crescer, o que faremos com os alimentos
plantados?
- Foi importante trabalharmos para construção da horta? Por quê?
- É importante que nossa alimentação tenha esses tipos de alimentos que
plantamos?
Orientações:
É importante que a professora ou o professor monte uma tabela com colunas
15
para anotar os resultados das medições com os passos, com a madeira ou
outro tipo de instrumento e fita métrica para que os alunos não se percam ao
fazerem suas anotações, como também fique atento se todos estão
participando. A professora ou o professor pode fazer um cartaz para o
acompanhamento do crescimento dos alimentos plantados, pedindo para os
alunos (que poderão ser escalados por sorteio), a cada três dias, observarem
como está a horta e desenharem nesse cartaz. Como também montar duplas
para regar a horta todos os dias.
A professora ou o professor deve ficar atento às respostas dos alunos,
discutindo com eles sobre a importância de cuidar da horta, como manuseá-
la, sobre o cuidado para não desperdiçar o que temos para comer e o valor
que devemos dar ao fruto do nosso trabalho, ressaltando que tem muitas
crianças que não comem na escola, pois esta não oferece alimentação.
Essa atividade é bem longa, portanto sugerimos que seja iniciada em uma
época do ano que possibilite aos alunos acompanhar o crescimento dos
vegetais, adquirindo o hábito de lidar com a horta, molhar, colocar adubo,
retirar pragas que possam prejudicá-la e colher o alimento que plantaram.
Sugerimos também que seja utilizado o metro feito com canudinhos (consiste
de um barbante de 1m de comprimento no qual são colocados 100 pedaços
de canudinhos cortados em tamanho de 1cm).
Sobre...
Medida de comprimento:
A unidade fundamental das medidas de comprimento é o metro.
Vejamos o quadro de seus múltiplos e submúltiplos, que são unidades
secundárias, dispostas na ordem decrescente. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
km mm
16
Atividade 2: Fazendo a feira
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Objetivos
· Incentivar hábitos alimentares saudáveis na
criança.
· Resolver operações simples através de
situações-problema utilizando o sistema
monetário.
Material: Cartolina, papel sulfite, lápis
borracha, produtos da feira (frutas e legumes
de plástico ou verdadeiros), réplicas de
dinheiro e de moedas.
Descrição da atividade:
1° Dia: A professora ou o professor traz para a
sala de aula produtos vendidos na feira local,
como também fichas com os respectivos valores (preços), em reais ou
centavos. Esses produtos poderão ser emprestados da cozinha da escola, se for
preciso, e organizados em uma mesa como se fosse uma banca de feira. A
seguir, levanta questões do tipo:
- Vocês conhecem esses alimentos?
- Em nossa horta plantamos algum desses alimentos?
- Eles são importantes para a nossa alimentação?
Após as discussões, a professora ou o professor trabalha com as fichas de
valores dos produtos fazendo questionamentos como, por exemplo, os
seguintes:
- Quais dessas fichas colocaremos sobre o tomate? E na laranja?
A professora ou o professor coloca as fichas dos preços próximas aos alimentos
de acordo com as sugestões dos alunos. Em seguida, faz uma lista na lousa
com os nomes dos produtos e com os preços reais para os alunos compararem
e verificarem possíveis enganos. Após a discussão com as crianças, a
professora ou o professor reorganiza os preços dos produtos pedindo para elas
desenharem o produto de maior valor e o de menor valor.
2° Dia: A professora ou o professor traz réplicas de notas e de moedas para a
sala, divide a classe em grupos e distribui uma quantidade de notas e moedas
para cada grupo. Na lousa, a professora ou o professor coloca as fichas com os
nomes dos alimentos, os desenhos dos produtos e seus respectivos valores. Em
seguida, propõe situações em que as crianças deverão vender os produtos
para os companheiros do grupo. Por exemplo, em cada grupo deve haver um
dono da “banca” da feira, sendo os demais compradores ou fregueses.
A professora ou o professor explica aos alunos que cada um que fizer uma
compra deve anotar a quantidade e o que comprou, qual foi o valor que
gastou, quanto deu de dinheiro para o dono ou dona da banca e quanto
recebeu de troco (se houver troco). Deve-se ficar atento aos grupos, auxiliando
sempre que for necessário. Os alunos deverão fazer a atividade durante um
determinado tempo e depois entregar as anotações do grupo.
3° Dia: Com os registros dos grupos do dia anterior em mãos, seleciona-se
17
alguns pedindo-lhes para vir à lousa e explicar como chegaram aos resultados
obtidos, ou seja, fazendo perguntas do tipo:
- Rafael, como você fez para chegar no valor total que gastou? Vem aqui, na
lousa, mostrar para nós.
- Carolina, como você fez para dar o troco para o Rafael?
- Qual de vocês gastou mais?
- Roberta, o que você comprou? Ficou muito caro?
E outras perguntas que se fizerem necessárias. Após as explicações dos alunos,
a professora ou o professor sistematiza esses dados em forma de situações-
problema na lousa para todos resolverem no caderno, baseando-se nas
compras e gastos dos grupos, explicando as operações básicas que foram
utilizadas. Por exemplo:
João possuía 10 reais e comprou 4 quilos de tomates que custavam 2 reais o
quilo. Quanto ele gastou? Sobrou algum troco? Se João tivesse apenas 7 reais e
se o quilo do produto que ele quisesse comprar custasse 2 reais, quantos quilos
João poderia comprar?
4O Dia: Após a sistematização dos problemas, a professora ou o professor pode,
também, levantar questões do tipo:
- Poderíamos retirar de nossa horta esses alimentos que compramos na feira?
- Os produtos que estavam sendo vendidos em nossa feira são importantes
para nossa alimentação?
- Se comprarmos muita coisa, não correremos o risco de desperdiçar comida e
dinheiro?
- Em nossa casa, os alimentos que comemos em nossas refeições também são
importantes para a nossa saúde e alimentação?
Em seguida, a professora ou o professor exemplifica que existem alimentos que
podem ser substituídos por outros com mesmo valor nutricional, muitas vezes
com menor preço, e reforça a importância de uma alimentação saudável,
explicando que o alimento ingerido exerce grande influência na saúde,
podendo prevenir ou controlar doenças. Pode concluir dizendo que saber
aproveitar os alimentos da nossa região integralmente, é um bom passo para
uma melhor qualidade de vida, além de gastarmos menos.
Orientações:
Ao montar a feira, a professora ou o professor pode utilizar alimentos produzidos
na região para enfatizar a culinária local, valorizando a merenda que possui os
nutrientes necessários para uma boa alimentação. Pode também trabalhar a
questão do desperdício de alimentos e o consumismo, chamar a atenção para
os produtos industrializados que, muitas vezes, podem ser mais atrativos, porém
mais caros e nem sempre conter os nutrientes encontrados nos alimentos
naturais.
A professora ou o professor pode diversificar a atividade, tomando o devido
cuidado para não fugir do tema que está abordando neste projeto, mudando
os produtos e simulando uma padaria ou um mercadinho, por exemplo, em vez
da feira.
18
As atividades integradas auxiliam na compreensão dos alunos sobre um
assunto. Como trata-se de um projeto cujo tema é Alimentação, sugerimos que
essa atividade seja desenvolvida após o início da atividade do canteiro de
horta para que se torne mais significativa aos alunos.
Sobre...
Sistema Monetário
O sistema monetário é representado pelo conjunto de moedas legais em
circulação. A principal função da moeda é a mensuração (ato ou efeito de
medir) do valor das mercadorias. Hoje em dia, incluem-se no seu conceito
todos os instrumentos de crédito utilizáveis pelo sistema econômico: os
depósitos, títulos de créditos, cartões de crédito e fundos do tesouro.
O conceito:
A palavra “Moeda” vem do latim => moneta.
A palavra “Dinheiro” vem do latim => denarius, tem sua origem em uma moeda
romana.
Objetivos
· Utilizar informações sobre temperatura.
· Estabelecer comparações de temperaturas.
· Dar noções de conservação dos alimentos.
Material: Cartolina, ingredientes para fazer suco, saquinhos de plástico para o
gelinhos, termômetro caseiro e termômetro de ambiente.
Descrição da Atividade
1º dia: A professora ou o professor inicia a atividade levantando as seguintes
questões:
- Quem de vocês já tomou suco gelado ou já experimentou o sorvete que
chamamos de “gelinho”?
- O que vocês sentiram? É a mesma sensação? O que muda do “gelinho” para
o suco?
Obtidas as respostas dos alunos, a professora ou o professor enfatiza aquelas
que tratam das diferentes temperaturas do suco e do “gelinho”, para introduzir
perguntas do tipo:
- Qual instrumento se usa para medir a temperatura?
19
- Alguém saberia responder qual a temperatura ambiente de hoje?
Neste momento, a professora ou o professor fica atento às respostas dos alunos
para discutí-las e estabelecer comparações entre a temperatura ambiente e a
temperatura do suco, por exemplo. Em seguida, juntamente com as crianças,
deve-se fazer um suco e levá-lo à geladeira, medindo-se a sua temperatura
depois de gelado. Posteriormente, a professora ou o professor anota o valor
encontrado num cartaz e distribui o suco aos alunos.
2º dia: A professora ou o professor deve trazer para a sala de aula a
quantidade de “gelinhos” correspondente a quantidade de alunos para medir
a temperatura dos “gelinhos”. O resultado deve ser anotado no mesmo cartaz
do dia anterior. Também deve ser efetuada a medição da temperatura
ambiente juntamente com os alunos, mostrando no termômetro graduado
onde está a marcação, anotando o valor encontrado no cartaz.
A professora ou o professor deve mostrar a diferença das temperaturas para os
alunos, enfatizando que se o “gelinho” ficar fora do congelador, vira suco.
O seguinte problema pode ser levado para a sala:
- Como podemos vender “gelinho” na feira de forma que ele não derreta?
A professora ou o professor pode destacar que uma forma de conservar a
temperatura de um alimento é utilizar a caixa de isopor.
Orientações:
Essa atividade é alternativa para regiões que possam utilizar geladeira.
Sempre que for realizar as medições, pedir aos alunos que observem a escala
no termômetro. O cartaz confeccionado servirá para que a professora ou o
professor possa discutir e comentar as diferenças das temperaturas do
“gelinho”, do suco e do ambiente, fazendo associações entre os valores das
temperaturas observadas e as sensações de “mais quente” e “menos quente”,
“mais frio” e “menos frio”, etc. Pode-se, também, medir as temperaturas de
cada aluno, utilizando o termômetro caseiro, para que eles percebam a
relação da temperatura do corpo com a do ambiente. A professora ou o
professor pode explicar qual a temperatura para manutenção do sorvete
(“gelinho”) para que não vire suco, comentando a utilidade da caixa de isopor
para conservar a temperatura dos alimentos por um período maior de tempo,
um procedimento adequado tanto para alimentos quentes como frios. E
comentar com as crianças a necessidade de conservar cada alimento na
temperatura adequada para evitar que se tornem impróprios para a nossa
alimentação.
É necessário que a professora e o professor leve o termômetro para a sala de
aula desde o primeiro dia, para se fazer as medições de temperatura.
20
Modo de preparo:
Colocar o suco nos saquinhos, deixando um espaço; fechar os saquinho
fazendo um nó na ponta aberta. Deixar no congelador até que endureça.
Então é só servir.
Sobre...
http://www.satisnc.com
A temperatura ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O que é temperatura?
De forma qualitativa, podemos descrever a
temperatura de um objeto como aquela que
determina a sensação de quanto ele está quente ou
frio quando entramos em contato com ele. Para
marcarmos essa temperatura devemos utilizar um
instrumento chamado termômetro.
O que é um termômetro?
Um termômetro é um instrumento que marca
quantitativamente a temperatura de um sistema.
O termômetro utilizado para marcar a temperatura ambiente é similar ao da
figura abaixo:
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
21
Projeto B: O Lixo - Segundo Ciclo (3a/4a. séries)
Atividade 1: A problemática do lixo ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
Objetivos
○
○
· Resolver problemas relacionados às
medidas de massa.
· Estabelecer relações entre as
unidades usuais de medida de massa.
· Expressar os números racionais na
forma fracionária.
· Construir frações equivalentes.
· Identificar o problema que envolve a
quantidade de lixo gerada, os tipos de
lixo e qual o seu destino final.
· Refletir sobre a responsabilidade dos
segmentos da sociedade nesse processo.
Descrição da atividade
A professora ou o professor, inicialmente, distribui para grupos de alunos de até
cinco componentes questões sobre a problemática do lixo. Os alunos devem
refletir sobre a questão e elaborar um cartaz que represente o que foi discutido
pelo grupo. As informações para serem debatidas nos grupos devem ser
levantadas, anteriormente, pela professora ou pelo professor com dados de
sua região como, por exemplo, a quantidade de lixo gerada por dia no
município, estado, etc. Algumas das questões a serem formuladas podem ser
as seguintes:
a) O que provoca a produção de tanto lixo?
b) Quais são os responsáveis por toda essa produção de lixo?
c) Todo lixo é igual?
d) Onde é produzido mais lixo: nas casas das pessoas ou nas indústrias?
e) Qual o destino do lixo gerado na sua casa?
f) Qual o destino do lixo gerado nas indústrias?
g) A quantidade de lixo gerada por pessoa pode alterar dependendo da
renda? Por quê?
Feito isso, cada grupo socializará a discussão para a sala e afixará o cartaz em
local adequado.
Posteriormente, a professora ou o professor deve tratar especificamente das
formas possíveis de quantificar a produção do lixo, levando os alunos a
22
estabelecerem conexões com medida de massa. As equivalências entre
grama, quilograma e outras unidades devem ser explicitadas. Deve-se dizer
que um quilograma corresponde a mil gramas, que uma tonelada corresponde
a mil quilogramas e assim por diante, além de exibir exemplos que
representem de forma concreta os valores numéricos como: uma tonelada
equivale ao peso de um carro pequeno, cinco toneladas equivalem ao peso
de um elefante adulto, etc.
Após, os alunos devem ser divididos em grupos para a resolução de alguns
problemas como, por exemplo, os que se seguem:
1) Sabendo-se que uma pessoa pode produzir, em média, 1 quilograma de lixo
diário, quanto de lixo será produzido em uma semana por uma família de 4
pessoas?
Abaixo apresentamos uma tabela contendo os múltiplos e submúltiplos do
grama, principal unidade de medida de massa. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
2) Um país chamado Lixolândia produz cerca de 80 mil toneladas de lixo diário.
Sabendo-se que uma tonelada corresponde a 1 000 kg, como representamos
essa quantidade de lixo em gramas? É conveniente essa representação?
3) Sujeirolândia é um estado responsável pela produção de 12 mil toneladas de
lixo, das 80 mil toneladas produzidas diariamente no país Lixolândia. Cada
quadro abaixo corresponde a 80 mil toneladas. Pinte a quantidade que
Sujeirolândia ocupa em cada um deles. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
23
a) Quantos pacotes de 1 kg?
b) Quantos pacotes de 2 kg?
c) Quantos pacotes de 10 kg?
d) Sabendo-se que 10 tomates correspondem, em média, a 1 kg, quantos
tomates podem ser colocados numa caixa que suporta 10 kg?
Orientações
No momento da socialização dos cartazes, a professora ou o professor deve
coordenar a discussão de maneira a possibilitar ao aluno uma melhor
compreensão da crescente produção de lixo na região onde mora, fazendo
conexões com o cenário brasileiro. A professora ou o professor deve ter a
preocupação de conceituar os tipos de lixo, como por exemplo: Lixo
Doméstico, Lixo Industrial, Lixo Hospitalar, Lixo Agrícola e Lixo Tecnológico,
entre outros. É importante destacar o tipo de lixo produzido na região e refletir
sobre a atitude dos moradores, comerciantes, indústrias e governos sobre o
destino final do lixo, que pode ser: Lixão, Aterro Sanitário, Incinerador e Usina
de Compostagem. Os cartazes afixados pelos alunos podem ser retomados
pela professora ou pelo professor sempre que preciso para resgatar alguns
conceitos. Para saber mais informações a respeito desse assunto solicite
material adicional ao tutor.
Sobre...
Medida de Massa
kg mg
24
Outras unidades de medida de massa muito utilizadas:
1 arroba = 15 kg
1 tonelada (t) = 1 000 kg
Exemplos de transformações de unidades de massa: ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
Atividade 2: O tempo de decomposição do lixo
Objetivos
· Resolver problemas relacionados às medidas de tempo.
· Utilizar medida de tempo.
· Estabelecer relações entre as seguintes unidades de medida de tempo:
minutos, horas, dias, semana, mês, bimestre, semestre, ano, década, século
etc.
· Identificar o tempo de decomposição do lixo na natureza.
· Refletir sobre como podemos amenizar a degradação do meio ambiente.
Descrição da atividade
Em um primeiro momento, a professora ou o professor deve explicar aos alunos
como ocorre o processo de decomposição dos materiais na natureza e
entregar uma folha contendo uma tabela para fazerem estimativas sobre o
tempo de decomposição dos materiais apresentados. A seguir apresentamos
um modelo.
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
25
Material Tempo de decomposição
estimado pelo aluno
Papel
Pano
Filtro de cigarro
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Madeira Pintada
Nylon
Lata de conserva
Tampa de garrafa
Alumínio
Plástico
Fralda descartável
Pneus
Vidro
○
○
Tempo de decomposição
Material
○
pesquisado pelos alunos
○
○ ○ ○ ○ ○ ○
○
Papel
Pano
Filtro de cigarro
Madeira Pintada
Nylon
Lata de conserva
Tampa de garrafa
Alumínio
Plástico
Fralda descartável
Pneus
Vidro
26
Se os alunos não conseguirem realizar a pesquisa por falta de fontes, a
professora ou o professor poderá passar os dados conforme a tabela que
segue:
○
○
○ ○ ○
○
Papel 3 meses
Nylon 30 anos
Pneus Indeterminado
Vidro Indeterminado
http://www.ibge.gov.br acessado em 06/06/2005
Esses tempos são estimados considerando-se o processo natural de decomposição dos materiais em
condições especiais de volume e disposição no solo
27
_____ dias
_____ quinzenas
2) Faça a representação do tempo de decomposição do papel na forma
fracionária e decimal.
○
○
○
Representação Representação
○
Fracionária Decimal
○
○
○
Orientações
A professora ou o professor deve procurar trabalhar a partir das informações do
cotidiano da comunidade onde a escola está inserida. É oportuno comentar
sobre os prejuízos que o acúmulo de lixo pode causar ao meio ambiente como
doenças e proliferação de mosquitos e outros insetos. Para saber mais
informações sobre o assunto, solicite ao tutor material adicional.
O trabalho didático-pedagógico deve ter como ponto de partida a realidade
dos alunos, mas a professora ou o professor deve ir além do cotidiano da
comunidade e enriquecer o processo de aprendizagem com informações de
outras realidades, avançando o assunto de modo a ampliar os conhecimentos
e o desenvolvimento dos alunos.
Objetivos
· Resolver problemas relacionados às medidas de capacidade.
· Utilizar medida de capacidade.
28
· Estabelecer relações entre as seguintes unidades de medida de capacidade:
litro e mililitro.
· Diferenciar os processos de Redução, Reutilização e Reciclagem,
identificando os materiais que podem passar por esse processo.
Descrição da atividade
A professora ou o professor pede aos alunos que tragam de casa embalagens
vazias de líquidos. No momento oportuno, a professora ou o professor trabalha
a questão da reciclagem e os tipos de materiais que podem ser reciclados. É
importante ressaltar a diferença entre os procedimentos de reciclagem,
reutilização e redução, como segue na orientação ao final da atividade. A
professora ou o professor pode salientar as informações a partir de perguntas
feitas aos alunos, como:
a) Será que toda forma de reutilização de materiais é correta?
b) Podemos reutilizar frascos de produtos perigosos, como venenos e
agrotóxicos?
Outras questões podem ser feitas a partir da participação e envolvimento dos
alunos.
Em seguida, divide os alunos em grupos de aproximadamente cinco membros
para realização do experimento que será explicado a seguir:
Experimento
I) Distribuir os recipientes de forma que cada grupo receba:
· 1 garrafa descartável
· Outras embalagens menores do mesmo tipo. Por exemplo, um grupo recebe
somente copos descartáveis, outro recebe latas de refrigerante e assim por
diante.
II) Em um local apropriado, a professora ou o professor solicita que coloquem
água nos recipientes menores e transfiram para as garrafas descartável para
verificar quantas vezes o conteúdo da embalagem pequena cabe na garrafa
descartável e se há sobras.
III) Em sala de aula, registra na lousa, em forma de tabela, as informações do
experimento bem como o nome das embalagens e as capacidades descritas
nos rótulos. A partir dessas informações, aborda o conceito de medida de
capacidade. Algumas questões devem ser feitas para instigar nos alunos a
noção das diferenças de unidades que se apresentam nas embalagens, como:
a) Verificamos que em uma garrafa descartável de 2 litros cabe a quantidade
de água contida em 10 copos descartáveis de 200 ml (mililitros). Como
29
podemos explicar que cabe mais líquido na garrafa descartável que no copo
descartável se a quantidade da garrafa é de número 2 e a quantidade do copo
é de número 200?
b) Verificamos que em uma garrafa descartável de 2 litros cabe a quantidade
de água contida em 6 latinhas de refrigerante de 350 ml (mililitros) e sobra um
pouco de água na última (sexta) lata. Essa forma de medir é a mais adequada?
Por quê?
Feito isso, a professora ou o professor pode sistematizar a questão das unidades
de medida de capacidade e propor alguns exercícios de verificação do que foi
aprendido em sala de aula. Tais
exercícios seguem abaixo:
1) Ao lado estão alguns recipientes em
que podemos guardar líquidos:
Cite outros recipientes que você
conhece e que nós não citamos aqui.
Desenhe a embalagem no seu caderno
e aponte a capacidade.
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Concha 150 ml
a) Quantas colheres de chá
equivalem a um copo? Colher de sopa 8 ml
b) Se despejarmos parte do Colher de chá 2 ml
conteúdo de uma panela de
pressão cheia numa caixa de leite Copo 200 ml
de um litro até completá-la, quanto
Lata de refrigerante 375 ml
sobrará na panela?
c) Quantos copos de água são Caixa de leite 1000 ml
necessários para encher uma caixa Panela de pressão 5 ml
de leite?
d) Quantas colheres de sopa são Balde 20 ml
necessárias para encher um balde
de 20 litros?
3) Sugestão - Represente por uma notação matemática uma comparação ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Representação Representação
○
○
Fracionária Decimal
○
○
○ ○ ○ ○ ○
○
30
4)Rafael foi ao médico e ele lhe passou a seguinte receita:
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Orientações
Ao início da atividade, a professora ou o professor deve apresentar as
definições de Redução, Reciclagem e Reutilização de materiais como segue:
Redução é uma estratégia preventiva e deve ser dirigida principalmente para
as embalagens, bem como para a redução desse tipo de resíduo.
Reciclagem é a atividade de recuperação de materiais que foram
descartados, podendo ser transformados novamente em matéria-prima para a
fabricação de um novo produto.
Reutilização é o processo baseado no emprego direto do bem no mesmo uso
para o qual foi originalmente concebido: um exemplo típico é a reutilização
das garrafas de vidro.
Os alunos também devem ser orientados quanto ao destino correto das
embalagens de agrotóxicos e outros produtos perigosos, evidenciando o
perigo que traz para a saúde a reutilização desses materiais.
31
Sobre...
Medida de Capacidade
O que é? A capacidade de um objeto é o volume que ele pode conter, ou
seja, estabelece a quantidade de líquido que cabe dentro do objeto.
Qual a unidade de capacidade? A unidade principal de medida de
capacidade é o litro, cujo submúltiplo mais utilizado é o mililitro.
Litro X Decímetro... O litro é a capacidade de um cubo com um decímetro
de aresta. Portanto,
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
○
32
Nossas conclusões
N Neste momento do quinto encontro, todos, alunos e tutor, devem fazer uma síntese dos
trabalhos do dia, com as considerações sobre o texto e sobre os projetos estudados. Em
conjunto poderão, também, ver rapidamente as atividades que serão desenvolvidas
individualmente durante a quinzena, encerrando-se os trabalhos com a certeza de que as
dúvidas foram esclarecidas.
Esperamos contribuir, de alguma forma, com o sucesso do seu trabalho de educar.
33
Fascículo 5 - Grandezas e Medidas
Roteiro de trabalho individual
P
Preparamos material para que você possa trabalhar durante a próxima quinzena explorando os
conteúdos Grandezas e Medidas, retomando algumas questões que foram levantadas e
discutidas em sala de aula.
Na primeira semana, você deverá escolher uma dentre as Atividades para o Ensino
Fundamental, a seguir propostas, para aplicar com seus alunos em sala de aula. Estão divididas
em dois blocos: primeiro ciclo e segundo ciclo.Escolha a que julgar mais apropriada ao seu
trabalho e, após aplicá-la, elabore um relato, para entregar ao seu tutor, no próximo encontro,
descrevendo a aplicação realizada: registre fatos relevantes, resultados, avaliação, aspectos
positivos e negativos, propostas de alterações, sugestões de ampliação da atividade, etc. Se
possível, fotografe alguns momentos significativos deste trabalho com seus alunos. Tudo isso
poderá servir de ponto de partida para as reflexões no primeiro momento do próximo encontro.
Para a segunda semana, deixamos um texto para leitura, seguido de algumas questões a ele
relacionadas. E encerramos com uma seção “Relembrando...”, preparando você para as
discussões no Pensando Juntos do próximo encontro.
Atividade 1: O Calendário ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Objetivos
· Identificar e relacionar unidades de medidas de
tempo – hora, dia, semana, mês, ano.
· Reconhecer o sistema de contagem do tempo
(dia, mês, ano) como uma necessidade para
organização da nossa vida.
· Destacar a sucessão e a duração do tempo
pela contagem e seqüência dos dias das semanas.
· Identificar os feriados regionais e datas comemorativas, e o consumo gerado
por estas festas.
TI 1
Aplicar com seus alunos em sala de aula uma das atividades a seguir
propostas. Elaborar um relato descrevendo a aplicação, como sugerido nos
parágrafos anteriores.
34
· Reconhecer como determinações culturais, as características socialmente
atribuídas ao masculino e ao feminino, posicionando-se contra discriminações
a elas associadas.
Material: 12 calendários do ano completo e 12 cartolinas.
Descrição da atividade
1º Momento
A professora ou o professor deve explorar com os alunos como o tempo é
medido (horas, dia, mês, ano, etc), fazendo as relações necessárias, como por
exemplo: 1 dia possui 24 horas.
Logo após, divide a classe em 12 grupos e entrega a cada grupo um
calendário do ano completo e um modelo de calendário do mês em branco
(um mês para cada grupo).
O grupo deve preencher o calendário do seu mês, conforme o calendário do
ano completo, colocando o dia do mês de acordo com o dia da semana.
A professora ou o professor solicita que os alunos identifiquem e registrem, se
houver, os feriados do mês com que cada grupo está trabalhando, como o
exemplo: ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
35
2) Quantos dias correspondem a 48 horas?
3) O aniversário de João cai na segunda sexta-feira do mês de Agosto. Que dia
será o aniversário dele?
4) Se dia 3 de Abril é domingo, que dias serão os outros domingos desse mês?
Como você pensou para calcular?
5) A reunião de pais acontecerá no dia 10 de outubro. Quantos dias faltam?
6) Se plantarmos uma semente hoje e ela demora 1 mês e meio para crescer,
em que dia iremos colher?
7) Se a avaliação ocorrerá daqui a 5 semanas, quantos dias faltam para a
avaliação? Em que dia será?
2º Momento
A professora ou o professor propõe aos alunos, como tarefa, que descrevam
sua rotina diária, explicitando a hora que acordam e o que fazem até a hora
de dormir, conforme exemplo abaixo: ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
36
Orientações
Como montar o calendário: cada mês deverá ser preenchido em uma cartolina
para que possa, posteriormente, ficar exposto de forma bem visível na sala de
aula. Primeiramente a professora ou o professor deve dividir a cartolina em 7
colunas iguais (dias da semana), e em 7 linhas iguais. Na primeira linha deve
ser escrita a palavra mês, e na segunda linha os dias da semana (Domingo,
Segunda-Feira, etc.), deve ser feito um calendário para cada mês.
Deve-se explorar os acontecimentos importantes e datas históricas ocorridas
em cada mês, destacando as datas comemorativas regionais, relacionando-as
com o consumo excedente gerado por elas.
A professora ou o professor pode ressaltar a importância de saber ler as horas e
programar o seu dia para que se consiga realizar todas as atividades diárias.
Com base na rotina dos alunos, a professora ou o professor deverá iniciar uma
discussão sobre as diferentes funções atribuídas historicamente ao homem e à
mulher, com o intuito de desmistificar que existem atividades específicas para
cada gênero, principalmente no que diz respeito aos cuidados que devemos
ter com nosso lar e nossos pertences.
De acordo com o PCN – Orientação Sexual e Pluralidade Cultural (2000, v.10),
as representações sociais e culturais transmitem padrões diferenciados entre os
homens e as mulheres. Apesar das transformações que acontecem no
contexto mundial, as mulheres ainda são bastante discriminadas pela
sociedade. Evidencia-se então, a necessidade de reavaliar as idéias ligadas
ao conceito de gênero (masculino e feminino) como construção social, e não
como conseqüência exclusiva das diferenças biológicas entre os sexos.
Sobre...
Sistema de medida de tempo
A medida do tempo se baseia no movimento de rotação da Terra.
Unidades de medida de tempo:
Dia – Unidade de tempo equivalente a 24 horas, ou seja, aproximadamente o
tempo que a Terra demora a fazer uma rotação completa sobre o seu eixo.
· Há sete dias em uma semana;
· Um ano possui 365 dias (salvo nos bissextos em que há 366).
Hora – Unidade de tempo com 60 minutos de duração, ou seja,
aproximadamente 1/24 de um dia da Terra.
Minuto – Unidade de tempo com 60 segundos de duração, correspondente a
1/60 da hora.
Calendário:
Desde a Antigüidade existem dificuldades na criação de um calendário, pois o
ano não é um múltiplo exato da duração do dia ou da duração do mês.
Babilônios, Egípcios, Gregos e Maias já tinham determinado essa diferença.
Nosso calendário atual baseia-se no antigo calendário romano, que era lunar.
37
Atividade 2: Quanto eu meço?
Objetivos
· Introduzir o conceito de medir.
· Efetuar a medição de comprimento usando unidades de medida não
convencionais.
· Definir o metro como unidade de medida padrão.
· Explorar a pluralidade cultural e o cuidado com a saúde.
· Conhecer a diversidade do patrimônio etno-cultural brasileiro, tendo atitude
de respeito para com pessoas e grupos que a compõem, reconhecendo a
diversidade cultural como um direito dos povos e dos indivíduos e elemento de
fortalecimento da democracia.
· Repudiar toda discriminação baseada em diferenças de raça/etnia, classe
social, crença religiosa, sexo e outras características individuais ou sociais.
Material: régua, fita métrica, barbante.
Descrição da atividade
1º Momento
A princípio, a professora ou o professor divide as crianças em duplas, em que
cada aluno deverá medir a altura do seu parceiro, utilizando os seguintes
materiais: réguas (30 cm) e pedaços de barbante (20 cm e 10 cm). Conforme
os alunos realizam as medições, devem registrar os resultados preenchendo a
tabela já construída na lousa, conforme o modelo abaixo. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
Nome Barbante grande Barbante pequeno Régua
○
João 6 e um pedaço 12 e um pedaço 4 e um pedaço
38
Após a discussão sobre os resultados obtidos na medição dos alunos e a
importância de uma unidade padrão, a professora ou o professor apresenta o
metro como unidade padrão, fazendo as relações necessárias, como por
exemplo, 1 metro equivale a 100 centímetros.
Em seguida, utilizando a fita métrica, a professora ou o professor mede a altura
dos alunos (poderá fixar a fita métrica na parede para facilitar as medições),
completando a tabela já feita na lousa, acrescentando uma coluna, conforme
modelo abaixo: ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
Nome Barbante grande Barbante pequeno Régua Fita métrica
○
○
João 6 e um pedaço 12 e um pedaço 4 e um pedaço 127 centímetros
Orientações
A professora ou o professor, utilizando o metro como unidade de medida
padrão, deve fazer a medição e o registro inicialmente em centímetros. A partir
das diferenças existentes entre as alturas dos alunos, a professora ou o
professor poderá explorar a diversidade humana, a ética e a saúde, das
seguintes maneiras: esclarecer que uma alimentação saudável é um fator
importante para o crescimento; explicar que os fatores hereditários também
influenciam nas características físicas como a altura e mostrar, por meio de
exemplos de pessoas que se destacaram na arte, nos esportes, nas ciências,
na política, que as diferenças físicas não impedem a formação plena do
individuo. É importante conversar com os alunos para que evitem apelidos que
possam discriminar os colegas.
Essa atividade também pode ser trabalhada para medir o comprimento de
objetos como, por exemplo, a sala de aula, mesas, lousa, entre outros.
De acordo com o PCN – Orientação Sexual e Pluralidade Cultural (2000, v.10),
para compreender a diversidade das sociedades humanas, as ciências
biológicas ocupam-se dos estudos sobre as raças (caracteres somáticos), para
explicar as diferenças hereditárias. No entanto, este conceito é freqüentemente
utilizado para evidenciar hierarquias entre os povos, mas do ponto de vista de
dignidade, de Direitos Universais, há uma só humanidade.
Objetivos
· Calcular perímetros e áreas de figuras sobrepostas em malhas quadriculadas.
· Utilizar procedimentos e instrumentos de medidas em função do problema e
da precisão do resultado.
· Compreender a necessidade da divisão de terras no Brasil.
Material: Malha quadriculada transparente, mapa de uma pequena porção de
39
terra.
Descrição da atividade
1º Dia: A professora ou o professor começa contando uma história:
O sítio do Pedrinho
Pedrinho é um garoto que mora em um sítio muito bonito próximo a um rio. Ele
tem 10 anos e freqüenta uma escola próxima ao seu sítio.
Na semana passada, Pedrinho viu no telejornal que estava ocorrendo uma
ocupação, por um grupo dos “Sem Terra”, de uma determinada região do
Brasil.
Não entendendo aquela movimentação de ocupação, Pedrinho perguntou
para o pai, que estava assistindo ao jornal junto dele, por que eles estavam
fazendo aquilo.
O pai disse que aquelas famílias não tinham terras onde viver e devido àquelas
terras estarem sem utilização, eles estavam lutando por um pedacinho.
Pedrinho, não contente com isso, perguntou se os “Sem Terra” poderiam
ocupar a terra do sítio deles. Seu pai respondeu que até poderiam, porém, isso
não aconteceria pois a área do sítio é utilizada com horta, pomar e
plantações, ocupando assim todo o espaço do sítio.
Mas Pedrinho ficou confuso, pois não entendeu o que era área.
área.
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
40
Os alunos devem sobrepor a malha quadriculada ao mapa de uma forma que
caiba a maior quantidade de quadrados no interior da figura.
A professora ou o professor deve explicar que cada quadradinho da malha
tem uma área de “um centímetro quadrado”, isto é, tem uma área
correspondente a um quadrado que tem 1cm em cada lado. Deve, também,
apresentar a representação dessa medida: 1 cm2. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
Em seguida, pede aos alunos para contarem quantos quadradinhos de 1 cm2
cabem na figura. O resultado dessa contagem representa aproximadamente a
área do mapa. Nesta oportunidade, a professora ou o professor pede, também,
para que discutam o que entenderam por Reforma Agrária.
2º Dia: A professora ou o professor trabalha o conceito de perímetro nos mapas
fornecidos no dia anterior, sobrepondo novamente a malha quadriculada e
somando os lados dos quadrados que coincidirem com o contorno do mapa
para encontrar um valor aproximado do perímetro deste.
Orientações
No momento em que a professora ou o professor for trabalhar com o tema
transversal/político-social reforma agrária, é importante destacar que se deve
respeitar o nível de desenvolvimento da criança para que o trabalho não seja
ineficiente. Para que haja um maior entendimento da questão da divisão social
de terras, a professora ou o professor pode apresentar um mapa do Brasil sob a
malha quadriculada para mostrar, por exemplo, que a figura possui muitos
quadrados e que apenas pequenos grupos de pessoas são possuidoras da
maioria desses quadrados e que há pessoas sem nenhum quadradinho, ou
seja, não possuem terras, pois a distribuição da mesma é desigual. Esse fato é
uma contradição, pois sendo o Brasil um país que ocupa uma grande área, há
quadradinhos para todos, ou seja, terras para todos. A professora ou o professor
pode explorar o porquê a divisão de terras é desigual, fundamentando-se nos
processos histórico e econômico do país. Para saber mais informações a
respeito desse assunto solicite material adicional ao tutor.
A malha quadriculada pode ser confeccionada em qualquer material
transparente como: papel de seda, papel vegetal, transparência, sacos
plásticos transparentes em que possam ser escritos etc.
A professora ou o professor pode trabalhar com mais de um mapa, inclusive
um da própria região ou até confeccionar um outro.
Para complementar esta atividade, a professora ou o professor deve propor,
como exercício, que os alunos calculem áreas e perímetros de figuras
geométricas como: quadrado, retângulo e outras, para que o aluno possa
ampliar a noção destes conceitos e aplicá-los. Como por exemplo: O pai de
41
Marcos vai cercar com um muro o seu terreno. O lado maior do terreno mede
14 m e o lado menor 8 m. Calcule o perímetro deste terreno para o pai de
Marcos saber quantos metros de muro precisará construir. Calcule, também, a
área do terreno.
Tanto o conceito de área quanto o de perímetro devem ser trabalhados
baseando-se em aproximações, no caso dos mapas, pois os mesmos são
irregulares. Sendo assim, a professora ou o professor pode auxiliar os alunos na
aproximação; quando, por exemplo, um pedaço da figura a ser medida não
preencher o quadrado inteiro, porém falta muito pouco para completá-lo,
podemos considerar um quadrado inteiro.
Sobre...
Medidas de superfície
As medidas de superfície fazem parte de nosso dia-a-dia e respondem a
nossas perguntas mais corriqueiras do cotidiano: Qual a área desta sala? Qual
a área dessa casa? Quantos metros quadrados de azulejos são necessários
para revestir essa cozinha? Qual a área desse campo de futebol? Qual a área
pintada dessa parede?
Superfície e Área
Superfície é uma grandeza com duas dimensões, enquanto área é a medida
dessa grandeza, portanto, um número.
Metro Quadrado
A unidade fundamental de superfície chama-se metro quadrado. O metro
quadrado (m2) é a medida correspondente à superfície de um quadrado com 1
metro de lado. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
42
Exemplos de transformações de unidades de medidas de superfície: ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
○
○
Perímetro
A medida do perímetro de um polígono é a soma das medidas dos lados do
polígono.
O polígono é uma figura geométrica: plana, simples, fechada e formada por
segmentos de retas.
Exemplo:
Calculando o perímetro do quadrado de 1 metro de lado:
Perímetro = 1 m + 1 m + 1 m + 1 m = 4 m
Objetivos
· Utilizar o sistema monetário brasileiro em situações problema.
· Reconhecer o sistema de medida decimal, utilizando as regras desse sistema.
· Discutir a questão do consumo.
Material: massa de modelar, palitos de sorvete, papel sulfite, tesoura, cola,
notas de dinheiro e moedas confeccionadas pela professora ou o professor e
materiais recicláveis.
Descrição da atividade
A professora ou o professor propõe uma brincadeira de “faz-de-conta”: os
alunos irão simular uma situação em um mercardinho. Em seguida, a professora
ou o professor pede para que os alunos trabalhem com a massa de modelar,
43
fazendo frutas, legumes, doces etc., comidas que desejarem para serem
vendidas no mercadinho. A professora ou o professor complementa com
materiais recicláveis como, por exemplo, caixas de creme dental, frascos de
óleo de cozinha, garrafas pet e outros. Após realizadas as modelagens dos
alimentos, a professora ou o professor, juntamente com os alunos, arrumam as
carteiras para simularem o interior de um mercado.
A professora ou o professor deve preparar, anteriormente, o dinheiro que os
alunos irão utilizar. Assim, cada consumidor deverá receber uma quantia de R$
10,00.
A professora ou o professor propõe alguns valores para as mercadorias, como
por exemplo: R$ 1,25, de modo que trabalhem com números decimais e, em
seguida, pede ajuda aos alunos que atribuam valores para as outras
mercadorias, fazendo as placas indicativas dos custos.
A professora ou o professor acompanha e participa da atividade,
problematizando as situações em todas as transações monetárias,
perguntando, por exemplo:
O que você comprou será consumido no devido tempo? Não estragará? Este
produto não é parecido com aquele que é mais baratinho? Este produto é
saudável, não seria melhor comprarmos mais verduras, legumes e frutas? Seu
dinheiro é suficiente para comprar tudo isso?
Pelas perguntas que faz, a professora ou o professor dá o direcionamento para
a discussão sobre o tema transversal/político-social consumo, tratando-se do
sistema monetário, relacionando diferentes produtos na lousa para que os
alunos possam ir ditando os preços pagos pelos mesmos.
A professora ou o professor pede para que os alunos somem a compra feita no
mercadinho e verifiquem se sobrou algum dinheiro. Neste momento, pode-se
trabalhar as operações com números decimais, sistematizando-as na lousa.
Podem, também, ser propostos problemas do tipo:
Supondo que o preço de uma lata de óleo seja R$ 1,20, do refrigerante R$ 1,50,
de um litro de leite R$ 1,30 e de uma lata de doce seja R$ 2,10, resolver:
a) Rafael saiu deste mercadinho com R$ 8,50 de troco. Comprou 3 latas de óleo
e 1 refrigerante. Quanto ele tinha no bolso ao entrar no mercadinho?
b) Aline queria comprar 4 litros de leite e 1 lata de doce, mas só tem R$ 5,00.
Quanto falta para ela fazer esta compra?
Orientações
A professora ou o professor deve constantemente estar atento às relações de
consumo que ocorrem durante a atividade para que possa utilizá-las em sua
sistematização do conceito de consumo. A massa de modelar poderá ser
confeccionada com farinha, água, sal, óleo e suco em pó para colorir a massa.
É importante ressaltar que no momento da organização do mercado, a
professora ou o professor deve colocar produtos semelhantes com marcas
diferentes para que possa haver preços diferentes para o mesmo tipo de
produto.
44
Sobre...
Numeração decimal
Leitura dos números decimais
No sistema de numeração decimal, cada algarismo, da parte inteira ou
decimal, ocupa uma posição ou ordem com as seguintes denominações:
○
○
○
○
○
Centenas Dezenas Unidades Décimos Centésimos
○
○
○
PARTES INTEIRAS
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
Milésimos Décimos Centésimos Milionésimos
Milésimos Milésimos
PARTES DECIMAIS
Leitura
Lemos a parte inteira, seguida da parte decimal, acompanhada das palavras:
décimos ................................... : quando houver uma casa decimal;
centésimos................................ : quando houver duas casas decimais;
milésimos.................................. : quando houver três casas decimais;
décimos milésimos ................... : quando houver quatro casas decimais;
centésimos milésimos .............. : quando houver cinco casas decimais e,
assim sucessivamente.
Exemplos:
2,34: dois inteiros e trinta e quatro centésimos
Quando a parte inteira do número decimal é zero, lemos apenas a parte
decimal.
0,79 : setenta e nove centésimos
45
Parte 2: Atividades para casa
1. Texto para leitura:
A história das medidas de comprimento: do corpo humano ao padrão universal
○
○
○
○
○
http://www.bibvirt.futuro.usp.br
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
46
Com a expansão do comércio, o homem, fixando-se em cidades e intensificando o
intercâmbio entre os povos, essa diversidade de padrões de medida passou a se constituir um
problema. Houve a necessidade da
padronização e a criação dos sistemas de
medida. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Para que todos pudessem utilizar corretamente o novo padrão, foram gravados em uma barra
de platina (metal que não se dilata muito com o calor e nem se retrai muito com o frio), dois
traços fortes, situados a uma distância de um metro.
Dessa forma, “o metro passou a ser definido, em 1 789, como o comprimento entre dois
traços médios extremos gravados na barra de platina guardados nos arquivos, na França”.
(MACHADO, 2.000). No Brasil, o sistema métrico foi adotado em 1 938.
○
○
○
http://www.bibvirt.futuro.usp.br
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
47
Em 1.983, usou-se um outro referencial para o metro. O metro relaciona-se a uma fração ou
parte da distância percorrida pela luz, no vácuo em um segundo. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
1 metro = 1/300.000.000 da distância percorrida pela luz,
no vácuo, em 1 segundo.
TI 2
48
TI 3
No Texto "A História das Medidas de Comprimento: do Corpo Humano ao
Padrão Universal" foram enfocadas questões da história da Matemática,
abordando especificamente sistemas de numeração e padrões de instrumentos
de medida de comprimento. Nessa parte, verificou-se que o homem iniciou o
processo de medição a partir de seu próprio corpo até chegar à velocidade da
luz, na ânsia de conquistar o espaço. Percebeu-se que a Matemática foi
construída para resolver problemas que surgiram a partir de novas necessidades
do homem. Agora, responda:
Como esse trabalho pode contribuir, nos anos iniciais do Ensino Fundamental,
para uma discussão com os alunos sobre os aspectos sociais, políticos e
culturais presentes no ensino de Matemática?
TI 4
Sabemos que desde muito cedo as crianças têm experiências com as marcações
do tempo (dia, noite, mês, hoje, amanhã, hora do almoço, hora da escola) e com
as medidas de massa, capacidade, temperatura, entre outras. Esses
conhecimentos prévios são de grande importância, mas é preciso progredir na
compreensão dos atributos mensuráveis de um objeto e dos procedimentos de
medida. Analise as afirmações abaixo.
I - É necessário escolher uma unidade adequada, comparar essa unidade com o
objeto que se deseja medir e, finalmente, contar o número de unidades obtidas.
II - Quanto maior o tamanho da unidade, maior é o número de vezes que essa
unidade é utilizada para medir um objeto.
III - Existem unidades mais (ou menos) adequadas e a escolha depende do
tamanho do objeto e da precisão que se pretende alcançar.
As afirmações que são coerentes com o que foi discutido no texto Grandezas e
Medidas no Ensino Fundamental, estudado no nosso encontro relativamente a esse
assunto são:
A. Apenas a I
B. Apenas a II
C. Apenas a II e a III
D. Apenas a I e a III
49
TI 5
Procure no texto Grandezas e Medidas no Ensino Fundamental no início deste
fascículo, possíveis justificativas para erros comuns das crianças como os
enunciados a seguir:
I. 1 é maior que 1 ;
3 2
I. 0,25 é maior que 0,3;
II. 0,2 é o antecessor de 0,3.
50
Referências bibliográficas
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática. 2. ed. Brasília: MEC/SEF,
1997.
______. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática. (1ª a 4ª série- v.3).2ª ed. Rio
de Janeiro: DP&A, 2000.
______. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais e
ética. (1ª a 4ª série-v.8).2ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
______. Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente e saúde (1ª a 4ª série-
v.9).2ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
______. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural e orientação
sexual. (1ª a 4ª série-v.10).2ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
______. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino
fundamental: temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BENDICK, J. Pesos e Medidas. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1965.
CARAÇA, B. J. Conceitos fundamentais da Matemática. 7ª ed. Lisboa: 1978.
MACHADO, N. J. Medindo comprimentos. São Paulo: Scipione, 2000. Coleção
Vivendo a Matemática.
SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. Proposta curricular
de Matemática para o CEFAM e habilitação específica para o magistério. São
Paulo: CENP/SEESP, 1990.
http://www.somatematica.com.br , acesso em: 04/07/05
http://www.abrelpe.com.br acesso em 08/07/2005
http://www.setorreciclagem.com.br acesso em 08/07/2005
http://www.lixo.com.br acesso em 08/07/2005
http://www.abepet.com.br acesso em 06/06/2005
http://www.ibge.gov.br acesso em 06/06/2005
http://www.if.ufrj.br/teaching/fis2/temperatura/temperatura.html, acesso em 02/
07/2005,
http://www.detetiveamaral.com.br/portal/sist_monet.htm , acesso em 02/07/2005
http://www.satisnc.com/art/, acesso em 02/07/2005
51
fascículo 6
Sumário
Apresentação do Fascículo 6 ...................................................... 6
A Estatística ................................................................................... 9
T
O Tratamento da Informação e a Aprendizagem
No passado não tínhamos um volume tão significativo de informações. Poucas pessoas tinham
acesso a meios de comunicação como a televisão, jornais, revistas, e, principalmente, a Internet.
Para conseguirmos compreender bem todas as informações em que somos envolvidos
precisamos de mecanismos que nos auxiliem a coletar, organizar, comunicar e interpretar dados
utilizando diversos tipos de registros, tais como gráficos e tabelas. Por isso é tão importante que
a criança desde o início do processo do letramento esteja em contato com instrumentos que a
ajudem a fazer uma boa leitura do mundo que a cerca.
Por que o tema Tratamento da Informação está associado à matemática? Podemos citar dois
motivos principais:
· Inúmeras informações divulgadas incluem dados numéricos (índices, taxas, porcentagens,
valores em dinheiro etc.);
· Há um ramo da Matemática, a Estatística, que visa organizar, resumir, apresentar e interpretar
as informações. A Estatística trabalha com médias, percentagens, tabelas, gráficos etc.
Diariamente, jornais e televisão apresentam gráficos que descrevem situações das mais
variadas, cujas interpretações nem sempre são tão simples como parecem. Por isso é necessário
que todo indivíduo conheça o suficiente sobre gráficos para perceber o valor de uma amostra
visual da informação e ser capaz de interpretá-la ao se deparar com esse recurso nas diversas
situações de leitura.
Ao propor esse conteúdo espera-se que o aluno possa recolher dados sobre fatos e fenômenos
do cotidiano e, utilizando-se de procedimentos de organização, possa expressá-los com
instrumentos que facilitem a visualização e a organização. Espera-se ainda que o aluno inicie o
processo de fazer previsões das informações que possui.
É interessante que o professor aproveite as situações que favoreçam a construção e o uso de
tabelas e gráficos ressaltando a importância desses recursos. Nesse sentido, o professor pode
buscar atividades que propiciem ao aluno:
· Observar o uso de gráficos e tabelas em revistas e jornais.
· Comunicar idéias matemáticas de diferentes formas: oral, escrita, por tabelas, gráficos etc.
· Explorar a função do número como código na organização de informações (linhas de ônibus,
telefones, placas de carro, registro de identidade, roupas, calçados, etc). Obs.: Este conteúdo foi
trabalhado no fascículo 1, na seção Trabalhando Juntos.
· Resolver situações desafiadoras envolvendo raciocínio com operações e análise combinatória.
· Explorar a idéia de probabilidade em situações-problema simples, identificando sucessos
possíveis, sucessos seguros e as situações de “sorte”.
· Obter média aritmética por meio de situações-problema.
Os conteúdos de matemática, além de favorecerem os processos de crescimento pessoal,
objetivam dotar os alunos de habilidades que o ajudarão a serem práticos e competitivos para
interpretar e agir sobre os aspectos matemáticos do ambiente em que estão inseridos.
6
Fascículo 6 - Tratamento da Informação
Roteiro de trabalho para o encontro
Pensando Juntos
Nossos Encontros
U
Ufa! Entre tantos atropelos, sufocos e, é claro, alegrias, chegamos a mais um encontro. É hora
de iniciarmos nossa troca de experiências.
Durante as últimas quinzenas nos envolvemos com o conteúdo sobre Grandezas e Medidas.
Várias atividades foram propostas para serem trabalhadas com os alunos. Estamos curiosos para
saber o resultado.
Momento da troca de experiências:
Discutindo:
a) Das atividades propostas, quais foram mais
significativas para o trabalho em sala de aula?
Por quê?
b) Qual foi a maior dificuldade no estudo do
Fascículo Grandezas e Medidas?
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Trabalhando em grupo
1 - Texto para leitura
O
O ensino de matemática no 1º e 2º ciclo é desafiador, já que os alunos estão enfrentando uma
fase de questionamentos sobre os acontecimentos que os cercam. Assim, dependendo de como o
ensino é apresentado, ele pode contribuir para a formação de cidadãos autônomos e capazes de
pensar por conta própria.
Este fascículo apresenta para você, professor, uma proposta de estudo de um novo conteúdo:
Tratamento da Informação. Neste bloco tratamos dos conceitos fundamentais da estatística a
partir da análise de dados em tabelas e gráficos propiciando interpretação das informações e
comparações. Além disso, a abordagem da estatística neste trabalho pretende ser um
instrumento para construir atitudes críticas diante de situações da vida cotidiana. De fato, uma
7
das características que regerão todo o desenvolvimento deste projeto é a busca de uma formação
que privilegie a coleta, a seleção, a organização e a interpretação crítica de dados quantitativos
da realidade, as inferências baseadas em informações qualitativas ou dados numéricos e a
utilização das novas tecnologias de computação e da informação.
O Tratamento da Informação é um dos blocos de conteúdos propostos pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais. Assim, a Estatística, que é um ramo da Matemática Aplicada, está
diretamente relacionada ao ensino de matemática no Ensino Fundamental inclusive para as
séries iniciais.
Sabe-se que fenômenos e acontecimentos podem ser observados e descritos de várias maneiras.
Conforme Nazareth (2003), “para tal, necessitamos de meios de comunicação claros, sintéticos,
objetivos”. Sendo assim, a estatística serve de ferramenta fundamental para compreendermos
tantas informações presentes no nosso dia-a-dia.
A palavra Estatística deriva de “status” (estado em latim) e, em conformidade com Costa
(2005), “sob essa palavra acumularam-se descrições e dados relativos ao estado. A Estatística,
nas mãos dos estadistas, constitui-se verdadeira ferramenta administrativa”. Costa (2005) ainda
menciona que, embora a palavra Estatística não existisse há 3.000 anos a.C., já se faziam censos
na Babilônia, China e Egito. Na Bíblia, por exemplo, pode-se observar menções às aplicações
estatísticas: Maria e José fugiram para Belém durante a realização de um censo, na época do
imperador César Augusto.
Concomitante à evolução da humanidade, vem a necessidade da investigação de fenômenos não
apenas sociais, mas políticos, econômicos, financeiros e outros mais. Assim a Estatística
apresenta-se como um método ou uma ferramenta auxiliar no estudo desses fenômenos.
A Estatística destacou-se na Inglaterra no século XVII, a partir das tábuas de mortalidade, a dita
Aritmética Política, de John Graunt. Seu trabalho consistiu de exaustivas análises de
nascimentos e mortes. Foi somente por volta da metade do século XVIII que a palavra
Estatística foi mencionada pela primeira vez pelo acadêmico alemão Gottfried Achenwall.
(COSTA, 2005, p.5)
Hoje pode-se contemplar a Estatística em três áreas: Descritiva, Probabilidade e Inferência. A
Estatística Descritiva é a que usa números para descrever fatos e compreende a organização, o
resumo e, de modo geral, a simplificação de informações. A Probabilidade enquadra-se nas
situações que envolvem o acaso. Por exemplo: jogos de dados e de cartas e o lançamento de
uma moeda para o ar. A maioria dos jogos esportivos também é influenciada pelo acaso até
certo ponto, assim como a decisão de imunizar pessoas com mais de sessenta anos contra
determinada doença e a decisão de arriscar-se a atravessar uma rua no meio do quarteirão; etc.
Já a Inferência diz respeito à análise e interpretação de dados de uma amostra (parte selecionada
de toda a população em determinada pesquisa). Esses dados são os obtidos a partir da
Estatística Descritiva. Essas três áreas da Estatística não são separadas ou diferentes. Ao
contrário, elas tendem a se entrelaçar.
Pelo fato de que atualmente é muito freqüente a apresentação das informações fornecidas pelos
meios de comunicação por meio de dados estatísticos organizados em tabelas, gráficos, medidas
espaciais etc., é imprescindível o tratamento da Estatística também na Matemática do Ensino
Fundamental, de forma que os alunos tenham maiores oportunidades de analisar o mundo a sua
volta com criticidade e autonomia.
8
2 – Um Olhar Sobre os Conteúdos Propostos no Tratamento da Informação
2.1 - A Combinatória
C
Combinatória é a possibilidade de combinar objetos, permitindo a contagem dos mesmos,
agrupados por determinadas características. Por exemplo: ao nos vestirmos, combinamos calças
e camisas que têm características diferentes. Se tivermos três camisas e duas calças quantas são
as possibilidades de combiná-las?
Tarefa 1
Ana saiu para tomar sorvete. Ela quer tomar duas bolas de sorvete de sabores
diferentes. A sorveteria tem cinco sabores: chocolate, morango, flocos, coco e
maracujá. Quantas são as opções que Ana tem para escolher?
2.2 - A Probabilidade
Tarefa 2
Daniel apostou com Flávio que ao jogar um dado obteria um número maior que
três. Quais são as chances de Daniel ganhar a aposta?
2.3 - A Estatística
9
É comum aparecer nas publicações o número de pessoas pesquisadas, pois a escolha da amostra
(quantos e quais eleitores) é fundamental para a confiabilidade do resultado.
Tarefa 3
Possibilidades de pesquisas: Lazer preferido da população da região, esporte
mais praticado na região, produtos da cesta básica mais consumidos, merenda
escolar de que mais gostam.
Tarefa 4
A partir das situações de pesquisa elaboradas por você na Tarefa 3, verifique
quais possuem variáveis qualitativas e quais possuem variáveis quantitativas.
D
Depois de colhidos os dados necessários à pesquisa, convém os organizarmos de maneira
prática e racional para melhor entendimento do fenômeno que está sendo estudado. Esta
organização se dá por meio de tabelas e gráficos.
Tabelas
Fonte: http://www.deltadoparnaiba.com.br
Fonte: Gerlânia P. de Bortoli (2005)
10
A construção das tabelas deve obedecer à Resolução nº 886, de 26 de outubro de 1966, do
Conselho Nacional de Estatística.
Tarefa 5
Imaginemos a seguinte situação:
A forma como se encontram as informações sobre a venda dos lanches está de fácil
visualização? E se construirmos uma tabela? Vamos verificar?
11
Venda de lanches do Sr. João
É mais fácil para o aluno fazer a leitura das informações no texto ou nas informações
organizadas em forma de uma tabela?
Além das perguntas feitas acima, temos possibilidade de trabalhar outras leituras, como: O que
está acontecendo com a venda dos lanches? Por que as vendas estão reduzindo? Será que estão
reduzindo porque o lanche não está agradando ou porque o período de Verão está encerrando?
Podemos trabalhar ainda com a probabilidade de resultados, com operações de números
naturais. Podemos planejar outras situações de trabalho envolvendo as famílias da comunidade
escolar. É preciso discutir os resultados e levantar hipóteses para solucionar os problemas
detectados nas informações coletadas.
Gráficos
Gráficos de Barras
Os gráficos em barras (verticais ou horizontais) são usados, em sua maioria, para comparar
diferentes variáveis ou diferentes valores de uma mesma variável. A seguir, um exemplo.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
12
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Gráficos de Segmentos
Fonte: Abiove
13
Tarefa 6
A expectativa de vida brasileira
No campo da demografia,
o Brasil se aproxima dos
países desenvolvidos nos
seguintes aspectos: a
população fica
proporcionalmente mais
velha à medida que
diminuem a taxa de
natalidade. Além disso,
aumenta a longevidade dos
indivíduos.
Observe e analise o gráfico
que mostra a esperança de
vida do brasileiro. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
a) A esperança de vida do
brasileiro entre 1994 e 2002 diminuiu, aumentou ou manteve-se estável?
Justifique sua resposta.
b) Em que ano a esperança de vida do brasileiro ultrapassou 68 anos?
c) Em quantos anos aumentou a esperança de vida do brasileiro entre 1994 e
2002?
d) Formule algumas hipóteses que possam justificar esse aumento da
esperança de vida ao nascer do brasileiro.
e) A partir das informações contidas no gráfico elabore problemas envolvendo
os dados numéricos.
A
A partir dos resultados numéricos obtidos em uma pesquisa, é possível estabelecer valores,
usando critérios estatísticos, que sumarizem os resultados obtidos.
Exemplo: Cada dia, sempre no mesmo horário, um instituto de meteorologia verifica a
temperatura ambiente. Após um mês, esse instituto pode aplicar a idéia de média aritmética para
atribuir um único valor de temperaturas àquele mês. Este valor é chamado de temperatura
média mensal e se constitui em um exemplo de medida de tendência central.
Entre essas medidas encontramos a média aritmética, a mediana e a moda. Porém,
trabalharemos apenas com a média aritmética, pois é de simples compreensão e de grande
utilização no cotidiano.
Por exemplo, se considerarmos que as alturas de quatro alunos de uma turma sejam 135cm,
140cm, 141cm e 142cm, pode-se calcular a altura média desses alunos! Como fazer isso? Basta
somarmos as alturas e dividirmos o resultado por quatro. Assim, temos que a média é
(135+140+141+142)/4 = 558/4 = 139,5cm. Isso significa que se todos os alunos pudessem ter a
mesma altura, ela seria 139,5cm.
Pode-se então definir a média como a divisão entre a soma de todos os elementos a serem
considerados e a quantidade desses elementos.
14
Tarefa 7
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A
Abaixo apresentamos uma seqüência de atividades que poderão auxiliar na sala de aula. Em
grupo, analise cada sugestão e identifique as competências que os alunos desenvolverão a cada
atividade.
pequenos cartazes com o nome das brincadeiras Fonte: Gerlânia P. de Bortoli, 2007
○
preferidas.
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Depois, distribui-se entre os alunos caixinhas de fósforo vazias. Cada um deverá colocar sua
caixinha no lugar referente à brincadeira preferida.
Veja os resultados.
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
15
Assim, as crianças podem organizar o gráfico no caderno, sob a orientação do professor.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
· Aproveite e explique aos alunos como podem ser organizadas as marcas, contando um a um os
tracinhos registrados ou contando em grupos de 5 (cinco) tracinhos.
Ex.: Futebol
○
○
Brincadeiras favoritas da Turma A
○
○
○
9
○
8
○
○
7
○
6 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
5
Números de Alunos
4
3
2
1
0
Futebol Pique Pião Ioiô Roda
As informações que aparecem em uma tabela podem ser visualizadas rapidamente quando
transpostas para um gráfico. (Caderno da TV Escola - Matemática 2, 1998 - p.61 e 62).
A partir da 3ª ou 4ª série, você poderá orientar seus alunos a construir tabelas a respeito de
temas que já estão sendo estudados e outros de seu interesse, como:
· o programa de TV preferido;
· o campeonato brasileiro de futebol;
· os animais em extinção com tempo médio de vida;
· as preferências dos eleitores em época de eleição;
16
· número de Estados de cada região.
2) Observar gráfico e elaborar problemas como:
Observe o gráfico abaixo, que traz uma média do tempo de vida de algumas espécies.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
Tempo Médio de vida de algumas espécies
○
○
○
70
○
T empo médio de vida
○
60
○
50
○
em anos
○
40
○
○
30 ○ ○ ○ ○
○
20
10
0
Boi Cachorro Cavalo Coruja Galinha Gato
animais
a) Desafio
Quando 4 pessoas se encontram, quantos apertos de mão são possíveis? Como você encontrou o
resultado?
b) A boneca tem 2 blusas e 3 saias. Assim, ela pode se vestir de 6 maneiras diferentes. Desenhe
todas essas 6 maneiras.
c) O jogo de baralho vai ser jogado em duplas: uma contra a outra. Escreva uma lista com todas
as duplas possíveis de serem formadas pelas 5 crianças que vão jogar.
Qual o total de duplas que podem ser formadas?
d) Imagine que você trabalha no caixa de uma loja e que um cliente lhe pague a compra de R$
127,00 com 3 notas de R$ 50,00. Como você daria o troco ao cliente, usando as notas e moedas
que estão atualmente em circulação? Mostre de três formas diferentes. Compare suas respostas
com as dos colegas e verifique que há um grande número de possibilidades.
17
e) Coloque numa caixa de sapatos 2 canudinhos vermelhos, 4 azuis e 7 verdes e misture-os.
Tire um canudinho sem olhar. Assinale a cor dele numa tabela e devolva-o à caixa.
· Faça uma previsão: se você repetisse esse experimento 20 vezes, qual cor seria a menos
tirada? E a mais tirada?
· Conferindo sua previsão: repita 20 vezes e verifique o que ocorreu. Sua previsão foi correta?
g) Pedro e João decidiram lançar o dado novamente. Desta vez, Pedro apostou que sairia um
número maior do que 4, enquanto João disse que o número tirado não seria maior do que 4. E
agora, quem é favorito? Explique sua resposta.
h) Construa com os alunos roletas coloridas e execute com eles essa experiência algumas vezes.
Se você girasse o clipe da figura a esquerda, haveria mais chance dele parar em qual cor? Por
quê? E e o da figura direita, em qual cor seria mais provável que o clipe parasse? Por quê?
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
18
Nossas conclusões
19
Fascículo 6 - Tratamento da Informação
Roteiro de trabalho individual
N
Nos próximos quinze dias você deverá continuar a sua busca por uma melhor compreensão no
trabalho com o conteúdo Tratamento da Informação. Você vai refletir sobre o uso de tabelas e
gráficos em sala de aula a partir de um texto elaborado pelas professoras Circe Mary Silva da
Silva, Simone Torres Lourenço e Ana Maria Côgo e realizar algumas atividades propostas. Não
esqueça de anotar suas impressões e observações durante a realização das atividades.
Na sociedade atual, tudo o que se relaciona com a informação tem uma importância cada vez
maior. Essas informações, que podemos ler todos os dias nos diferentes meios de comunicação,
vêm acompanhadas muitas vezes de tabelas e gráficos de vários tipos. Portanto, é importante
que as pessoas tenham conhecimento necessário para entender o significado dessas informações
e que saibam interpretar os diferentes instrumentos que são utilizados para representá-las.
Vamos ler o texto e observar os vários conhecimentos matemáticos de que necessitamos para
compreendê-lo.
1
Texto escrito pela professora Circe Mary Silva da Silva, Mestre em Matemática, Doutora em
Educação Matemática e Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
20
Distribuição por faixa etária e sexo dos
habitantes da aldeia de comboios
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Sexo masculino Sexo feminino
0 a 10 50 47
11 a 20 30 18
21 a 30 24 18
31 a 40 12 5
Acima de 40 23 16
Tota l 139 104
Fonte: Texto extraído de documento da FUNAI de 1998, apud Silva, Circe Mary Silva da.
N
Na frase “Nesse censo, datado de 31/05/94, encontramos 243 habitantes em Comboios...” os
números possuem duas finalidades: informar sobre um dia em que um fato aconteceu (registro
de tempo) e sobre o número de habitantes (registro de quantidades). Portanto, além da leitura do
número de habitantes (243) há também a leitura da data (tempo) em que foi realizada essa
contagem (31/ 05/94).
Em relação à data 31/05/94, essa é uma forma abreviada de escrever 31 de maio de 1994. Essa
forma abreviada relaciona dia, mês e ano. O mês de maio corresponde ao quinto mês do ano.
Portanto:
· o mês de janeiro corresponde a 01 (primeiro mês do ano);
· o mês de fevereiro corresponde a 02 (segundo mês do ano);
· o mês de abril a 04 (ou quarto mês);
· o mês de maio a 05 (ou quinto mês);
· e assim sucessivamente até chegar ao mês de dezembro (12).
Convém ressaltar que a notação para a data mencionada no texto pode ser óbvia para uma
pessoa já alfabetizada. Entretanto, para uma pessoa que está iniciando sua participação em um
processo educativo, é extremamente importante a explicação dessa notação para o completo
entendimento do texto.
Pra ler o número de habitantes da aldeia seguimos os princípios do Sistema de Numeração
Decimal já apresentados em fascículos anteriores.
Como podemos verificar, os dados mais importantes desse texto dizem respeito à distribuição
por sexo e por faixa etária dos habitantes da Aldeia de Comboios. Esses dados estão sendo
apresentados em forma de uma tabela, cuja leitura e interpretação exigem determinados
conhecimentos matemáticos.
21
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
Tabela é uma representação utilizada para ajudar a leitura e compreensão de dados numéricos.
Por ter uma visualização fácil ela auxilia a compreensão das informações que desejamos
comunicar.
Uma tabela é formada por linhas e colunas que devem conter apenas os dados essenciais. As
linhas são dispostas na posição horizontal e as colunas na posição vertical.
No texto “A situação atual na terra indígena Comboios” temos uma tabela que relaciona a faixa
etária ao gênero. Ela possui três colunas que representam a faixa etária, sexo masculino e sexo
feminino, cujos dados aparecem na posição vertical. Há cinco linhas na posição horizontal com
as quantidades de habitantes em cada faixa etária e uma linha com os totais.
Observe que, na primeira coluna da tabela 1 (Faixa etária) as idades aparecem representadas em
faixas. Assim, a faixa 0 a 10 significa todas as pessoas com idade entre zero e dez anos; a faixa
11 a 20 significa todas as pessoas com idades compreendidas entre onze e vinte anos, e assim
por diante. Por exemplo, um índio que possui 20 anos está relacionado na faixa etária 11 a 20
anos.
Para se fazer a leitura e a interpretação de uma tabela, é necessário encontrar o resultado do
cruzamento entre uma linha e uma coluna. Por exemplo, de acordo com a tabela 1, havia na
Aldeia de Comboios, 30 índios do sexo masculino com idade variando entre 11 e 20 anos.
A fácil visualização da tabela nos permite comparar suas informações e responder a algumas
questões:
· quantos habitantes havia com idade entre 0 e 10 anos? 50 + 47 = 97 habitantes
· quantos entre 11 e 20 anos? 30 + 18 = 48
· quantos entre 21 e 30 anos? 24 + 18 = 42
· quantos entre 31 e 40 anos? 12 + 5 = 17
· quantas pessoas acima de 40 anos? 23 + 16 = 39
· em qual faixa etária havia mais homens? De 0 a 10
· e mais mulheres? 0 a 10
22
Para responder a essas e outras questões foi necessário relacionar os números que aparecem nas
linhas e colunas da tabela.
2. Vamos conversar?
U Um gráfico é uma representação por desenho ou figura geométrica. É muito utilizado nos meios
de comunicação e por meio dele é possível fazer a representação de fenômenos: físicos, sociais,
econômicos e biológicos.
As freqüências são os números de elementos da população ou amostra, se estamos usando uma
amostragem que corresponde a cada determinação da variável. Podemos exemplificar tomando
a tabela 1, em que as variáveis são faixas etárias e sexo. As freqüências na faixa etária de 0 a 10
anos são 50 para o sexo masculino e 47 para o feminino.
23
Existem vários tipos de gráficos e antes da elaboração é necessário escolher qual deles melhor
se adapta à situação que queremos representar. Os tipos mais comuns são: gráficos de colunas,
gráficos de setores e gráficos de linhas.
○
Aldeia de Comboios por
○
faixa etária, poderíamos ter Fonte: Circe Mary Silva da Silva, 2004, p. 125.
○
○
o seguinte gráfico. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Gráfico de setor
Também conhecido como diagrama circular. As áreas de cada setor devem ser proporcionais às
respectivas freqüências.
Exemplo: A partir da tabela 1, construiremos a tabela 2 que distribui a população indígena da
Aldeia de Comboios por faixa etária.
Distribuição da população da Aldeia de Comboios por faixa etária
Usando os dados da tabela 2, podemos construir um gráfico em setores como o que segue:
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
24
Total de habitantes da Aldeia
de Comboios por faixa etária
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Gráfico de linhas
É um gráfico construído num sistema de eixos coordenados, em que os pontos são obtidos pela ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
intercessão das variáveis envolvidas e unidos por segmentos de reta.
○
○
○
Exemplificando um gráfico de linhas, a partir dos dados da tabela 1.
○
○
○
○
○
○
Variação da população masculina de acordo com a faixa etária
60
50
40
F reqüência
30
20
10
0
0 a 10 11 a 20 21 a 30 31 a 40 Acima de 40
Faixa etária
L
Lembre-se: é importante conhecer o processo de leitura e construção de todos os tipos de
gráficos porém, com alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental, trabalharemos a
competência de leitura de todos os gráficos e a elaboração apenas do gráfico de barras.
25
TI 1
Faça um levantamento das notas obtidas por um aluno na disciplina de
Português durante seis meses e organize estes dados em uma tabela. A partir
dos dados desta tabela, construa um gráfico de linhas.
Faça as tabelas para este mesmo aluno em outras disciplinas (Matemática,
Ciências, História,...). No mesmo gráfico de linhas que você já iniciou, use
outras cores para registrar estas novas tabelas em novos gráficos de linha.
Agora responda: O que podemos saber sobre este aluno olhando o conjunto de
gráficos de linha traçados?
TI 2
Crescimento da população brasileira
TI 3
O arroz
O consumo de arroz, no Brasil, em quilos por habitante por ano, foi o seguinte
no período de 1994 a 1998: em 1994 foi 75,4; em 1995 foi 74,6;em 1996 foi 74,3;
em 1997 foi 68,6; em 1998 foi 65,3.
26
Construa um gráfico de colunas com esses dados e responda:
a) Pode-se afirmar que o consumo de arroz por habitante aumentou ou diminuiu?
b) Considerando que a população entre 1994 e 1998 aumentou, pode-se afirmar
que o consumo de arroz no Brasil aumentou ou diminuiu?
c) Houve anos em que o consumo de arroz por habitante se manteve estável?
Quais?
d) Qual o ano em que houve maior consumo por habitante?
e) Qual o ano em que houve o menor consumo por habitante?
Fonte: Circe Mary Silva da Silva, 2004, p.130.
TI 4
O feijão
O consumo de feijão, no Brasil, em quilos por habitante por ano, foi o seguinte no
período de 1994 a 2002: em 1994 foi 21,4; em 1995, 20,9; em 1996, 20,4; em 1997,
19,6; em 1998, 15,1; em 1999, 17,6; em 2000, 17,9; em 2001, 16,7; em 2002, 17,2.
Construa um gráfico de colunas com esses dados e responda:
a) Pode-se afirmar que o consumo de feijão por habitante aumentou ou
diminuiu?
b) Considerando que a população entre 1994 e 2002 aumentou, pode-se
afirmar que consumo de feijão no Brasil aumentou ou diminuiu?
c) Houve anos em que o consumo de feijão por habitante se manteve estável?
Quais?
d) Qual o ano em que houve maior consumo por habitante?
e) Qual o ano em que houve o menor consumo por habitante?
Lembre-se:
É indispensável saber ler e compreender tabelas e gráficos. Para tal é
fundamental estimular os alunos a fazer perguntas, a estabelecer relações, a
construir justificativas e a desenvolver o espírito de investigação.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais alertam que a finalidade desse conteúdo
é que os alunos aprendam a descrever e a interpretar sua realidade, e não
apenas interpretar as representações gráficas.
“Na construção de gráficos é importante verificar se os alunos conseguem ler
as informações neles representados. Para tanto, deve-se solicitar que dêem sua
interpretação sobre gráficos e propor que pensem em perguntas que possam
ser respondidas a partir deles” (PCN, Volume 3, pág. 132).
Fonte: Circe Mary Silva da Silva, 2004, p.131.
27
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ciclo básico de alfabetização, E. F., Estatística e probabilidade. Belo Horizonte, SEE/
MG, 1997.
MINISTÉRIO, E. D., S.E.D., Caderno da TV Escola, Matemática, Brasília PCN, 1998.
28
fascículo 7
Sumário
Apresentação ...................................................................... 7
Bibliografia .......................................................................... 40
Apresentação do Fascículo 7
P
Prezado professor:
Este fascículo, intitulado “RESOLVER PROBLEMAS: O LADO LÚDICO DO ENSINO
DA MATEMÁTICA”, foi planejado tendo você como nosso principal parceiro na luta pela
conquista de uma educação matemática de qualidade. Por esta razão, ele faz parte do seu Curso de
Formação Continuada, constituído de um conjunto de 41 páginas.
A resolução de problemas como finalidade do ensino de matemática tem sido discutida, tanto no
âmbito da pesquisa, eventos e da literatura em Educação Matemática, quanto nas propostas
curriculares nacionais como, por exemplo, nos atuais PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais
do Ensino Fundamental (1998). Isto porque esta abordagem reúne as várias perspectivas hoje co-
locadas para o ensino de matemática: a psicológica, que admite ser a resolução de problemas que
contribui para o desenvolvimento do pensamento criativo e flexível, isto é, aquele que encontra vá-
rias possibilidades de solução, em contraposição a um tipo rígido de pensamento que só consegue
solucionar um problema dentro de um esquema aprendido, o que acontece em geral, no ensino de
matemática, quando se trabalha os problemas como um exercício das operações; a perspectiva
cultural que atribui a resolução de problemas à possibilidade de aprender conteúdos significativos
para a vida; a histórica que considera a resolução de problemas o modo matemático de pensar a
realidade.
Este modo matemático de pensar, ao mesmo tempo em que comporta movimentos do pensamento
que envolvem hesitações e incertezas (momentos de tensão), comporta também momentos de
ludicidade, quando a tensão é superada pela criação individual ou coletiva das estratégias que solu-
cionam o problema. Por sua vez, o jogo, no sentido psicológico, desestrutura o sujeito que parte
em busca de estratégias que o levem a participar dele. Desperta então no sujeito uma atitude de
querer jogar, da mesma forma que o resolvedor é envolvido em busca de instrumentos novos de
pensamento para solucionar os problemas que lhe são colocados. Assim o jogo pode ser considera-
do um problema em movimento.
Assumido com esta intenção no ensino de matemática, o jogo pode ser desencadeador da aprendi-
zagem de novos conceitos. Resolução de problemas e jogo, sob esta perspectiva, podem provocar
um encontro pedagógico onde professor e aluno interagem de modo a desenvolver pensamento,
linguagem e afetividade. Aliar resolução de problemas ao jogo, no ensino de matemática, é o ob-
jetivo principal desta proposta.
Entretanto, em razão do espaço aqui disponível, estamos centralizando o presente trabalho de for-
mação continuada na Resolução de problemas e apresentando o jogo como leituras e atividades
complementares, até mesmo porque ambos se complementam, de fato.
O professor das séries iniciais do Ensino Fundamental poderá encontrar, nesta combinação peda-
gógica, uma base para orientar o aluno a pensar sobre os conceitos matemáticos, mais do que
apenas exercitá-los mecanicamente, quando desenvolve exaustivas listas de problemas.
Nesta proposta, estaremos orientando o professor a vivenciar e a desenvolver atividades que inter-
relacionam resolução de problemas e jogo em diversos contextos, em tipos de problemas e aspec-
tos de processos de resolução e de jogos de regras.
Este fascículo é composto por duas partes. A Parte 1, denominada “Pensando o processo de reso-
lução de problemas”, abrange três Unidades Didáticas e a Parte 2, “Brincando e aprendendo a re-
solver problemas por meio de jogos”, é apresentada como Leituras e Atividades Complementares.”
Os problemas propostos pelas atividades das Unidades Didáticas envolvem conceitos de número,
operações e iniciação algébrica. Cada Unidade Didática tem orientações sobre os objetivos das ati-
vidades, problematização para o professor, problematização para a criança, discussões das possí-
veis soluções, orientações didáticas e produção didática do professor.
As autoras
7
Fascículo 7 - Resolver problemas: o
lado lúdico do ensino da Matemática
Roteiro de trabalho para o oitavo encontro
Pensando juntos
P
Professores, neste primeiro momento de nosso encontro presencial, sugerimos que vocês se or-
ganizem em grupos e compartilhem experiências vividas na quinzena anterior, discutindo as
questões mais relevantes desse período, em termos das proposições da formação continuada e
de sua sala de aula. Entre as questões possíveis, podemos sugerir:
• Dificuldades encontradas na realização das atividades;
• Relação com o cotidiano;
• O seu desenvolvimento profissional;
A aprendizagem dos seus alunos.
Tarefa 1
Pensando o processo
de Resolução de Problemas
A
A Resolução de Problemas, ao longo da história, vem contribuindo para o desenvolvimento da
Matemática. Cabe ressaltar que resolver problemas não modifica apenas a Matemática, mas
também aquele que os resolve, isto é, o próprio homem. É ampliando os conhecimentos e sa-
bendo utilizá-los que se faz possível resolver, a cada dia, problemas mais complexos. Prova dis-
so é a rapidez com que os avanços tecnológicos e científicos estão se processando.
Quando nos reportamos especificamente aos problemas matemáticos escolares, constatamos
que existem muitos aspectos referentes aos processos de ensino e à aprendizagem da resolução
de problemas que merecem ser discutidos. Assim, algumas temáticas permeiam este fascículo:
o que é um problema matemático, quais os tipos de problemas, o processo de resolução de um
8
problema, tipos de registros e avaliação dos processos de ensino e de aprendizagem na Resolu-
ção de Problemas.
Podemos encontrar nas salas de aulas duas perspectivas teóricas diferenciadas em relação à
resolução de problemas. Uma delas considera os problemas como mero exercício a ser
realizado após a explicação dos conteúdos. Nesta perspectiva, a inserção dos alunos no mundo
dos problemas matemáticos escolares tem sido determinada pela seqüência de conteúdos
apresentados nos livros didáticos, em que a resolução de Problemas aparece com freqüência
após o trabalho desenvolvido com as operações aritméticas. Assim, a resolução de problemas
assume o papel de exercitar algoritmos e técnicas de solução.
Neste sentido, a situação-problema não apresenta significado para os alunos nem desperta a
curiosidade, a vontade e a necessidade para solucioná-la, na medida em que existem
mecanismos que levam de modo imediato à sua solução mediante utilização de procedimentos
rotineiros, mecanizados e repetitivos.
A outra perspectiva compreende que a resolução de problemas é a “mola propulsora da mate-
mática”, mobiliza conhecimentos, desencadeia a construção de outros e/ou atribui significado às
situações matemáticas vivenciadas.
Acreditamos que podemos considerar que um sujeito está diante de um problema quando toma
consciência do mesmo e, movido pela necessidade ou desejo, procura solucioná-lo, tendo para
isso que dispor de uma atividade mental intensa no processo de planejamento, execução e avali-
ação de suas ações. O sujeito resolve um problema quando se depara com uma situação nova
que o motive, que o envolva em um processo criativo e reflexivo.
Podemos classificar os tipos de problemas em: problema-processo, problema do cotidiano,
problema de lógica, problema recreativo e problema-padrão.
Os problemas-processo caracterizam-se por terem como objetivo desencadear a aprendiza-
gem da matemática, privilegiar os processos, a investigação, o raciocínio. Podemos citar como
exemplos de problema-processo, aqueles provenientes das Histórias Virtuais.
A preocupação em valorizar o processo também é uma característica dos problemas do coti-
diano. Os problemas que enfatizam o cotidiano são chamados de problemas reais por Varizo
(1993), porque surgem do contexto sócio-cultural em que a criança está inserida ou se asseme-
lham às situações vivenciadas por ela. São também denominados de problemas de ação, por es-
tarem diretamente ligados à nossa vida (Gonzáles, 1995). Os problemas que emergem do cotidi-
ano envolvem o aluno desde a própria configuração do problema até a sua resolução. Geral-
mente a resolução do problema requer investigação e o envolvimento com outras áreas do co-
nhecimento, o que possibilita ao aluno uma visão menos fragmentada da realidade.
Além dos problemas do tipo processo e do cotidiano, o professor pode propor problemas de
lógica e problemas recreativos. Os problemas de lógica geralmente se apresentam em forma
de textos como histórias e diálogos em que os dados e a solução não são numéricos. Eles propi-
ciam que a criança desenvolva estratégias que favoreçam a leitura e compreensão, o levanta-
mento de hipóteses, a análise dos dados e diferentes registros de resolução. Geralmente, neste
tipo de problema as crianças se sentem desafiadas a encontrar a resolução da situação
apresentada. Já os problemas recreativos são caracterizados como aqueles que envolvem jogos
do tipo quebra-cabeças, aspectos históricos curiosos (Varizo, 1993) que interessam, intrigam,
envolvem e desafiam os alunos (Dante, 1991). Os problemas recreativos envolvem a
criatividade e a possibilidade de encontrar uma ou várias soluções para um único problema, o
desenvolvimento de estratégias e diferentes registros.
Os mais comuns e também mais conhecidos e desenvolvidos na escola são os problemas-pa-
drão, também denominados problema convencional, problema do livro didático, problema roti-
9
neiro ou problema trivial. Estes problemas são propostos com freqüência após a explicação das
operações aritméticas, a sua resolução envolve a aplicação direta de técnicas e algoritmos que
levem ao resultado imediato. Como o próprio enunciado já apresenta a solução, a criança não
sente desejo ou necessidade de resolvê-lo e, além disso, ela não precisa elaborar e desenvolver
estratégias e procedimentos de resolução. Este problema é considerado um não-problema, ca-
racteriza-se como um exercício de aplicação ou fixação de técnicas e regras.
A proposição de bons tipos de problemas é fundamental para que a criança possa construir sig-
nificativamente os conteúdos matemáticos e desenvolver o raciocínio lógico, a criatividade e a
autonomia. No entanto, isoladamente não garantem a qualidade desse processo: a maneira
como o problema é proposto, a postura do professor diante dos questionamentos, dos registros,
das dificuldades dos alunos e a função da avaliação nesse processo também são aspectos rele-
vantes.
No contexto escolar, a resolução de problemas deve ser concebida como um processo que per-
mita à criança: revelar, criar, discutir problemas, utilizar diferentes estratégias e registros, expli-
car o processo percorrido e comunicar suas resoluções.
No processo de resolução de problemas, a criança necessita ter liberdade para realizar seus
próprios registros. Por meio deles a criança pode expressar e comunicar os processos de reso-
lução. O professor, a partir dessas produções, tem elementos para avaliar como a criança com-
preendeu o problema, que estratégias utiliza e como expressa a solução encontrada.
O professor, nesta perspectiva, necessita adotar uma postura investigativa, crítica e criativa.
Nesse sentido, a avaliação deve oportunizar que o professor investigue como as crianças estão
resolvendo os problemas, que conhecimentos estão sendo colocados em ação, que dificuldades
revelam. Deve possibilitar também que o professor reflita, construa e re-signifique sua concep-
ção e prática em relação a Resolução de Problemas Matemáticos.
Para tratarmos dessas temáticas organizamos a Modalidade 1 em três temáticas:
• Unidade Didática 1: Problemas ou Exercícios?
• Unidade Didática 2: Processos de Resolução
• Unidade Didática 3: A avaliação da Resolução de Problemas.
Cada temática é composta de atividades para o professor. Estas atividades objetivam desenca-
dear a reflexão sobre o conteúdo e a prática pedagógica, mobilizar os conhecimentos já
construídos pelo professor e possibilitar novas aprendizagens.
P
Professor, as atividades de 1 a 7 têm por finalidade fazê-lo refletir sobre a concepção de resolu-
ção de problemas que permeia as práticas pedagógicas e seu impacto sobre a aprendizagem
matemática no contexto escolar. Pretendemos subsidiá-lo para:
• Compreender a diferença entre exercício e problema;
• Analisar situações didáticas que envolvam exercícios e problemas;
• Caracterizar problemas do tipo padrão e problemas do cotidiano;
• Refletir sobre a importância da elaboração de problemas pelos alunos.
10
Tarefas
Problematização
S
Se você mencionar que este é um problema de adição e que a criança muitas vezes tem
dificuldade para atribuir sentido ao que lê, que fica muito preocupada com a “conta” que
deve realizar para resolver o problema e insistentemente pergunta: “É de mais ou de me-
nos professora?”, discutiu o que geralmente acontece em sala de aula, quando trabalha-
mos esse tipo de problema.
Os problemas do tipo padrão apresentam características que colaboram para que o aluno
assim proceda. Geralmente este tipo de problema:
• É sugerido após o trabalho com as operações aritméticas, tendo por objetivo a aplicação
de técnicas anteriormente explicadas;
• O texto nem sempre é significativo para a criança, por não estar relacionado aos seus in-
teresses e ao contexto social e cultural em que está inserida;
• A estrutura frasal, de parágrafos curtos, não se assemelha à linguagem utilizada pelo alu-
no, o que pode favorecer a incompreensão do texto;
• A forma como os dados são apresentados induz a criança a pensar numa operação arit-
mética a ser utilizada e envolve, portanto, a aplicação direta de um algoritmo;
• Não exige estratégias por parte das crianças;
• Tem uma única solução numérica.
Como você pode constatar, esse tipo de problema apresenta limitações. Costumamos dizer
que problemas como esses são, na realidade, exercícios.
11
Atividade 2: Problemas do tipo padrão - como utilizá-los?
Problematização
P
Para tornar os problemas do tipo padrão mais adequados o professor pode utilizar algumas
estratégias:
Criar um enredo: o professor pode solicitar que a criança crie um enredo para o pro-
blema.
Ex.: Todos os sábados a turma lá da rua se reúne para brincar com as figurinhas. O jogo
predileto é o jogo de bafo. Neste último sábado, os irmãos João e Mário combinaram de
juntar todas as figurinhas que ganhassem. João ganhou 20 figurinhas no jogo e Mário ga-
nhou 15 figurinhas. Quantas figurinhas ganharam os dois juntos?
Fazer questionamentos: o professor pode fazer questionamentos sobre o problema,
levantar conjecturas, novos dados. É importante que a criança seja incentivada a partici-
par desse momento, com sugestões e questões. Essa estratégia irá possibilitar às crianças
reescreverem o texto.
• E se na brincadeira estivessem outros jogadores?
• É possível mudar o número de jogadas?
• Que perguntas podem ser feitas?
Modificar os dados ou as personagens: ao modificar os dados ou personagens, o
aluno tem a oportunidade de participar na elaboração do problema, trazendo elementos
que são do seu interesse.
Ex.: Todos os sábados a turma lá da rua se reúne para brincar com as figurinhas. O jogo
predileto é o jogo de bafo. Neste último sábado, os irmãos João e Mário, combinaram de
juntar todas as figurinhas que ganhassem. Na primeira rodada João ganhou 20 figurinhas,
na segunda 05 e na terceira 12 figurinhas no jogo. Mário ganhou 15 na primeira rodada,
21 na segunda e 7 figurinhas na terceira rodada. Quem ganhou mais figurinhas? Quantas
figurinhas ganharam os dois juntos?
Problematização
12
Considerando o contexto em que os alunos estão inseridos, podemos dizer
que a professora elaborou um problema do cotidiano? Procure discutir
com seus colegas e escreva a conclusão a que vocês chegaram.
S
Se vocês chegaram à conclusão de que este pode não ser um problema do cotidiano, estão
no caminho certo. No problema do Zé Pedro, a professora elaborou um texto do tipo pa-
drão, utilizou apenas palavras que se referem ao contexto, o que não o torna um problema
do cotidiano. Um problema do cotidiano emerge do mesmo, é real, e não “fantasioso”. Os
problemas do cotidiano podem emergir de diversas fontes: pelo interesse de um ou mais
alunos, suscitado pelo professor a partir de algum acontecimento, por uma necessidade de
colaborar com a comunidade, com situações presentes no cotidiano da própria escola, as-
sociado às brincadeiras e jogos. E podem surgir em diferentes “cotidianos”, isto é, no coti-
diano das brincadeiras de rua, no cotidiano do recreio, no cotidiano das festas, no cotidiano
dos jogos... O importante é que as crianças se sintam interessadas, envolvidas com a
situação e realmente desejem resolvê-la.
Problematização
C
Como vocês devem ter discutido, as situações problemas que podem surgir deste contexto
são variadas. Vejamos o relato de uma professora:
“As crianças andavam inquietas e comentando muito sobre a proximidade da época da
piracema; isto os atingia diretamente, a rotina de suas famílias se transformava. Os pais
que sustentavam a casa com o resultado da pescaria e não eram profissionais, se viam na
condição de procurar outros
empregos nesta época. A conversa
se expandia, os alunos não
entravam num acordo sobre
diversos aspectos, quanto tempo
levava a piracema, o que era um
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
pescador profissional, a
comercialização dos peixes na
feira... O interesse das crianças
me fez questioná-las sobre o que
gostariam de saber e não sabiam,
para quais perguntas não tinham
respostas. E assim fizemos,
começamos a levantar todos os
questionamentos no quadro”
13
A partir do levantamento com o grupo de crianças a professora conseguiu organizar os in-
teresses que elas revelaram em três aspectos:
Em relação aos pescadores:
• Qual era a porcentagem de pais na escola que eram pescadores?
• Há quanto tempo utilizavam a pesca como profissão?
• Desses pais pescadores, quantos eram profissionais, isto é, tinham a carteira de pescado-
res?
• Os pescadores profissionais têm que direitos e deveres?
Em relação à pesca:
• Que peixes são pescados na região?
• Qual é o melhor horário para pescá-los?
• Quantos quilos de peixe, em média, um pescador pesca por mês?
• Por quanto vende o quilo de peixe. Qual é o lucro que o pescador tem?
• Por quanto o peixe é vendido na feira?
• O que é a piracema e quando ela acontece?
• Qual é o órgão que fiscaliza a pesca?
Em relação aos peixes:
• Que características têm os peixes da região: tamanho, formato, peso, hábitos alimenta-
res...?
• Que produtos podem ser desenvolvidos a partir do peixe?
A partir daí, alunos e professora começaram a planejar por onde iriam iniciar a investiga-
ção, o que os instigava mais, como podiam melhorar a redação das problemáticas que le-
vantaram, como iriam se organizar enquanto grupo, onde e com quem coletariam as infor-
mações, como coletariam os dados, como iriam organizá-los, como poderiam socializar o
que aprenderam.
Desse episódio foi possível perceber:
• O entusiasmo dos alunos, que realmente tinham problemas para resolver;
• Conhecimentos em movimento;
• A possibilidade de novas aprendizagens.
Problematização
14
se diferenciam? Qual deles requer do aluno a busca de estratégias e solicita
do aluno o interesse sobre o meio cultural? Qual deles insere o aluno num
movimento de problematizar a situação? Em qual se daria a solução
rapidamente com uma resposta? Qual possibilita a interdisciplinariedade?
Qual situação pode ser caracterizada como um problema?
A
A situação que consideramos como um problema é a da piracema (atividade 4) porque
apresenta as seguintes condições:
• As crianças construíram/elaboraram o problema a partir de seus próprios interesses;
• Elas não têm a resposta imediata,
• A solução do problema não está no enunciado;
• As crianças estão mobilizadas/empenhadas (sob os pontos de vista afetivo, cognitivo,
psicofísico) para resolvê-lo;
• Para resolver o problema será necessária uma série de investigações, o que significa pla-
nejar, conjecturar, elaborar estratégias, organizar dados...
Os problemas das figurinhas e da pescaria de Zé Pedro, por outro lado, apresentam uma
estrutura que os caracteriza como exercícios. (Ver consultando a resolução da atividade 1)
É importante ressaltar a necessidade de o aluno vivenciar problemas que realmente o colo-
quem no movimento da aprendizagem, como foi possível verificar com os problemas de-
sencadeados a partir do cotidiano.
É possível verificar que no problema da Piracema (atividade 4) muitos foram os interesses
levantados e alguns não envolvem conhecimentos matemáticos. É importante perceber
que a matemática não é uma parte da realidade, ela está inserida na realidade. Resolver
problemas desta natureza ajuda a criança a construir conhecimentos, a utilizá-los num con-
texto significativo e a compreender a realidade em que vive.
É fundamental que o professor seja sensível aos questionamentos e interesses dos alunos,
a notícias da região, a brincadeiras do momento, e possa criar um ambiente agradável em
sala para que os interesses possam ser explicitados e explorados.
Problematização
A
A elaboração de um problema permite:
• Que os alunos criem problemas utilizando a sua própria linguagem a partir das experiên-
cias, interesses, do seu contexto social e cultural;
15
• A compreensão dos conceitos matemáticos ao proporcionar uma revisão, quer do proces-
so para resolver o problema, quer dos conteúdos;
• Que percebam o que é importante conter num problema: o contexto, os dados, a pergun-
ta.
Problematização
P
Professor, para que os alunos melhorem na produção de seus problemas é importante:
• Criar situações em que o contexto seja significativo, como nas Histórias Virtuais, nos jo-
gos, em situações do cotidiano;
• Oportunizar que os alunos vivenciem problemas interessantes e significativos;
• Propor elaborações coletivas;
• Propor que os alunos leiam e exponham os seus problemas, para que verifiquem seme-
lhanças e diferenças;
• Criar um espaço para que os alunos possam refletir sobre a sua produção e a de seus co-
legas.
A proposta de formulação de problemas não deve se constituir em mais uma tarefa escolar
a ser cumprida. Os problemas formulados pela criança devem primeiramente ser significa-
tivos para elas. Assim, podem surgir a partir de uma situação de jogo, de um passeio, de
uma atividade de campo, de uma situação em sala aula.
Outro aspecto importante a ressaltar é que a produção de um texto só se justifica pela sua
finalidade. Neste sentido, é importante planejar o que fazer com os problemas produzidos
pelos alunos. O professor pode sugerir, por exemplo, que os alunos troquem entre si os pro-
blemas para resolvê-los.
16
Unidade Didática 2: Processos de Resolução
A
As atividades de 8 a 10 têm por objetivo, a partir de um problema de lógica e de um problema
recreativo, discutir aspectos referentes ao processo de resolução de um problema como: estra-
tégias de leitura, compreensão, planejamento e avaliação da resolução de problema. Objetiva
também discutir a necessidade de valorizar os registros como um recurso que possibilita ao alu-
no comunicar e expressar as estratégias de resolução e os resultados obtidos nos problemas.
Pretendemos possibilitar o professor a:
• Compreender a natureza de um problema de lógica e de problemas recreativos;
• Compreender as ações presentes no processo de resolução de problemas;
• Refletir sobre a importância da valorização das estratégias individuais;
• Analisar diferentes tipos de registros.
Tarefas
Problematização
Zôo lógica
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
É
É interessante que as orientações iniciais sejam coletivas. Nesse momento é importante
avaliar se os alunos entenderam o que leram. A melhor forma de averiguar isto é incenti-
vando-os a explicitarem o que entenderam do problema. Se os alunos não entenderam é
melhor retomar a leitura do texto e formular algumas questões que ajudem a compreensão:
17
• Quem são as personagens e o que fazem?
• Em que dias a Dona Onça mente?
• Em que dias a Dona Hiena mente?
• O que é que se quer saber?
Pode-se pedir também que os alunos grifem a parte do texto que não entenderam e
colocá-las para a discussão coletiva. Este processo ajuda aos alunos perceberem o que é
importante considerar em um problema para que seja compreendido.
Depois de compreender o problema, passa-se à etapa da busca de soluções. Alguns proce-
dimentos podem ajudar a criança como: reler o problema, sublinhando a pergunta, verificar
se o problema tem informações suficientes para ser resolvido e se tem informação desne-
cessária, listar as informações importantes, fazer uma figura, um esquema ou uma repre-
sentação.
Problematização
U Um grupo de alunos resolveu organizar os dados numa tabela para resolver o problema:
Hiena mente Hiena mente Hiena mente Onça mente Onça mente Onça mente
Onça diz a Onça diz a Onça diz a Hiena diz a Hiena diz a Hiena diz a
verdade verdade verdade verdade verdade verdade
18
outros aspectos. O professor, a partir da análise dessas produções, pode melhor intervir no
processo de aprendizagem das crianças.
O professor deve ainda orientar o aluno para retomar a pergunta e verificar se a resposta
obtida está de acordo com o que é pedido no problema.
Problematização
As Caixas
Há 3 caixas separadas, de igual tamanho, e dentro de cada caixa, 2
caixas separadas pequenas, e dentro de cada uma das caixas pequenas
há 4 caixas também menores. Quantas caixas há ao todo?
U
Um grupo de professo-
ras ao resolver este
mesmo problema apre-
sentou os seguintes re-
gistros:
Oralidade/Escreven-
do a resposta
Há três caixas, dentro
delas 2 menores, então
tem 6 caixas menores e
dentro dessas seis cai-
xas menores outras
quatro, então tem 24.
Então há três, mais
seis, mais vinte e qua-
tro, num total de 33 cai-
xas.
Diagramas/Desenhos
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
19
Linguagem Numérica
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
3x2=6
○
○
4 x 6 = 24 +
○
○
30
○
○
○
3+
○
○
33
○
○
3 + (3.2) + 3. (2.4) =
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
3 + 6 + 3.8
9 + 24 = 33
Estes registros são apenas uma amostra dos diferentes tipos de registros produzidos por
alunos de uma mesma sala de aula. Acreditamos que, no contexto escolar, a resolução de
problemas deveria ser um processo criativo, em que o aluno tenha a oportunidade de in-
ventar, de explorar diferentes caminhos que levam à resolução. Assim, a ênfase deveria
ser a valorização das estratégias individuais apresentadas pelas crianças, que possibilitam
ao professor perceber como ela compreendeu o problema, que tipo de recursos utilizou
para resolvê-lo e que aspectos merecem ser destacados em suas ações. As estratégias
empregadas e os encaminhamentos apresentados seriam o ponto de partida para que o
professor pudesse potencializar as estratégias das crianças, ampliando os recursos
utilizados por elas para resolver os problemas.
É interessante que cada criança ou dupla possa apresentar e discutir as estratégias utiliza-
das. Isto auxilia o aluno a argumentar, expressar-se claramente, ouvir o outro, entender o
ponto de vista de outras pessoas.
P Professor, as atividades 11 e 12 têm por objetivo fazê-lo refletir sobre os processos de ensino e
aprendizagem da Resolução de Problemas Matemáticos no contexto escolar. Pretende possibili-
tar aos professores:
• Refletir sobre os procedimentos adotados na escola quanto à avaliação (correção) dos proble-
mas propostos;
• Compreender a avaliação da resolução de Problemas como um procedimento que possibilita
analisar o “processo” da resolução por parte do aluno, e não somente o resultado apresentado
• Conceber a avaliação do processo de ensino da Resolução de Problemas como um procedi-
mento imprescindível para melhoria da prática pedagógica do professor.
Tarefas
Atividade 11: O que avaliar na resolução de problemas
20
que momento? Como proceder? Discuta com os colegas e registre as
conclusões.
S
Se o professor destacou que é importante avaliar o processo de resolução como um todo e
que este processo engloba as ações do professor e do aluno, abordou os dois elementos
principais a serem discutidos neste item.
É importante que o professor tenha registros sobre a sua aula com resolução de problemas.
Não é possível se deter em todos os aspectos numa única aula, por isso o professor deve
planejar também este momento. Alguns questionamentos podem nortear a análise do pro-
fessor.
Em relação ao ensino
• O problema proposto estava além ou aquém das possibilidades dos alunos?
• O problema proposto foi significativo para os alunos? Eles se mostraram motivados?
• A proposição dos problemas aos alunos foi adequada?
• O professor acompanhou os alunos no momento da resolução?
• As intervenções foram adequadas, possibilitando que o aluno desenvolvesse a criatividade
e autonomia?
• O professor se envolveu no processo, acompanhando a produção dos alunos?
Em relação à aprendizagem:
• Que reações tiveram os alunos ao resolver os problemas?
• Que situações eles levantaram ou abordaram que merecem ser registradas?
• Apresentaram dificuldades? Quais?
• Que estratégias utilizaram para resolver os problemas?
• Que tipos de registros realizaram?
• Conseguiram explicar oralmente os procedimentos realizados para a resolução de proble-
mas?
• Resolveram os problemas de maneira cooperativa, respeitando as idéias e argumentos
dos colegas?
Problematização
Sala da professora Ana, aula de matemática.
21
(Joãozinho é um dos melhores alunos da classe, sempre termina rápido
suas atividades).
Muitos alunos se entreolham, olham para o seu caderno e constatam mais
uma vez que ainda não terminaram de resolver o problema. De súbito
param, seguram o lápis e esperam que o colega termine o registro no
quadro.
Os poucos que terminaram aguardam ansiosos para verificar se fizeram
igual ao do colega. Aguardam a tão esperada frase:
Não demora, vê-se as borrachas nas mãos num movimento frenético nos
cadernos. É, nem tudo estava igual.
A
A correção coletiva costuma ser uma prática freqüente quando se trata da resolução de
problemas. Quando conduzida com procedimentos como o da professora Ana, a correção
coletiva:
• Pode desestimular as crianças a resolverem problemas, já que apenas uma solução é
considerada;
• Não oportuniza a socialização das estratégias produzidas pelos alunos;
• Não desenvolve a autonomia das crianças, muito pelo contrário, elas acabam por regis-
trar o “pensamento do outro”;
• Enfatizam o produto, já que o importante é a verificação do resultado.
Para não perpetuarmos esta prática devemos conceber a avaliação e socialização das
produções como mais um momento de aprendizagem. Assim, é importante:
• Que as crianças possam apresentar as suas produções. O professor pode solicitar que
as crianças reproduzam no quadro a sua resolução (seja um desenho, um algoritmo, um di-
agrama...), que passem num papel maior para que todos possam acompanhar, ou simples-
mente as exponham.
• Que as crianças sejam incentivadas a falar sobre como resolveram o problema; nesse
momento cabe ao professor criar um clima de cooperação, de respeito entre as crianças.
O professor pode aproveitar o momento das socializações para ressaltar orientações
dadas anteriormente, destacar estratégias ou procedimentos etc.
22
Nossas conclusões
P
Para preparar o relatório coletivo da atividade de grupo do dia de trabalho, não deixem de dis-
cutir:
• O que é um problema matemático;
• Os tipos de problemas;
• O processo de resolução de problemas;
• As estratégias e os registros na resolução de problemas;
• A avaliação da resolução de problemas;
• Uma avaliação do trabalho realizado.
23
Fascículo 7 - Resolver problemas: o
lado lúdico do ensino da Matemática
Roteiro de trabalho individual
TI 1
TI 1: O Problema em ação
Pense sobre o que foi discutido a respeito de: exercício, problema, tipos de
problemas e elaboração de problemas. Planeje e desenvolva uma situação
problema com os seus alunos. Faça as anotações do que você observou e
no próximo encontro apresente para seus colegas.
TI 2
TI 2: Análise do registro dos alunos
Professor: proponha um problema para seus alunos, considerando os
aspectos que foram abordados na unidade Processo de Resolução. Solicite
que os alunos registrem as estratégias e a solução encontrada. Analise estas
produções e no próximo encontro discuta com os colegas.
TI 3
TI 3: Re-significando o processo de avaliação
Professor: no próximo trabalho com resolução de problemas com os alunos,
reflita sobre a avaliação, faça anotações sobre seu procedimento de ensino,
sobre a aprendizagem das crianças e depois socialize com os seus colegas.
TI 4
24
alunos possam resolver. Não se esqueça de levar em consideração as
questões discutidas no módulo sobre resolução de problemas.
2. Aplique pelo menos um dos jogos em sua sala de aula. Lembre-se de
estar atento às jogadas de seus alunos e fazer as intervenções necessárias.
3. Leve as situações-problema criadas por você para a sala de aula e peça
aos alunos para as resolverem.
Orientações Didáticas
25
Jogos: leituras e atividades
complementares
A
Atualmente um dos principais objetivos da educação é procurar personalizar o ensino respeitan-
do as diferenças de ritmos de aprendizagem de cada aluno, seguindo as mudanças sociais,
culturais e tecnológicas e tornando o ensino de Matemática mais divertido, motivador e desafia-
dor, necessariamente aliado à construção e formalização dos conceitos relacionados à disciplina
em questão. O jogo é um dos recursos metodológicos que apresenta esse caráter lúdico e desa-
fiador.
Ao jogar, a criança representa elementos da literatura infantil, como príncipe, papai, cavaleiro,
bruxo, médico... Esta representação lúdica é vivida intensamente e lhe dá prazer ou desprazer.
Apesar do intenso envolvimento, a criança não perde a noção da realidade em que vive. Neste
processo, a imaginação se faz presente.
No ensino de Matemática, um trabalho com jogos representa uma atividade lúdica que quando
intencionalmente utilizado pelo professor, além de propiciar o “aprender brincando”, como di-
zia Platão, deve ter o objetivo de desenvolver linguagem matemática, trabalhar estratégias de
resolução de problemas e também desenvolver raciocínio lógico.
Pela resolução de problemas, a criança pode vivenciar a alegria e o prazer de vencer
obstáculos por meio de investigações, ou seja, por meio do “fazer matemática”. E uma
possibilidade para este “fazer matemática” é a exploração de jogos com a intervenção
adequada do professor, que deve desafiar o aluno a elaborar estratégias, testá-las e confirmá-
las ou reformulá-las, percorrendo o caminho da problematização, visando vencer o jogo, isto é,
resolvendo o problema.
No Brasil, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática (PCN´s, 1998), do Ministério
de Educação e Cultura (MEC), em relação à inserção de jogos no ensino de Matemática, pon-
tuam que estes:
constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem
que
estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade
na elaboração de estratégias de resolução de problemas e
busca de soluções. Propiciam a simulação de situações-problema que exigem
soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações (p. 46).
Apesar de os PCN´s orientarem para a utilização de jogos no ensino de Matemática, não orien-
tam em relação a como deve ser encaminhado o trabalho pedagógico após “o jogo pelo jogo”.
Fica a sensação de que o jogo por si mesmo estará trabalhando análises, desencadeamentos ou
formalizações de conceitos matemáticos.
Os jogos têm suas vantagens no ensino da Matemática, desde que o professor tenha claros os
objetivos que pretende atingir com a atividade proposta. Não concordamos com o fato de que o
jogo, propiciando simulação de problemas, exija soluções imediatas, como defendem os PCN´s.
Entendemos que as situações vivenciadas durante a partida levam o jogador a planejar as
próximas jogadas para que tenha um melhor aproveitamento. Gostaríamos de lembrar que isso
só ocorrerá se houver intervenções pedagógicas por parte do professor.
26
Esta parte II contém duas leituras complementares: “Criando estratégias para jogar” e “Utili-
zando dados para calcular”. Cada uma delas vem acompanhada por atividades que envolvem
problematizações que convidam os professores a experimentá-las e também a desenvolverem-
nas em sala de aula. Essas leituras e atividades têm como objetivo comum proporcionar aos
professores o repensar sobre o papel dos jogos no ensino de Matemática. A primeira leitura
complementar tem por objetivo levar o professor a refletir sobre o desencadeamento do traba-
lho com os conteúdos de conservação de quantidades, correspondência biunívoca (conceito
explicitado na unidade didática 1 da parte 1), adição e subtração de pequenas quantidades. A
segunda tem como objetivo propiciar ao professor um recurso para verificar a utilização das
quatro operações e também da habilidade do cálculo mental.
P
Professor, esta seção “leitura e atividades complementares” é composta por três atividades de
ensino e tem por objetivo refletir sobre o desencadeamento dos conceitos de correspondência
biunívoca, adição e subtração de quantidades pequenas por meio da utilização do jogo Kalah.
Pretendemos subsidiá-lo para:
• Repensar sobre o papel dos jogos no ensino de Matemática;
• Refletir sobre habilidades matemáticas como raciocínio lógico, construção de estratégias de
jogo e de resolução de problemas, antecipação de jogadas e análise de possibilidades;
• Desenvolver com as crianças atividades de ensino que envolvam a utilização do pensamento
de resolução de problemas por meio de jogos;
• Compreender a necessidade do desenvolvimento de uma linguagem própria na resolução de
problemas matemáticos.
Jogo Kalah
A História
Este jogo faz parte de uma família de cerca de 200 jogos denominados
Mancala que, na sua variedade, ficou conhecida como o “jogo nacional
da África”. A palavra Mancala origina-se do árabe naqaala que significa
mover.
Sua origem mais provável é o Egito. A partir do vale do Rio Nilo aqueles
jogos foram se expandindo para o restante do continente africano e
Oriente. Existem estudiosos que supõem que os Mancalas possuem cerca de
7000 anos, o que levaria a acreditar serem estes os jogos mais antigos do
mundo.
Acredita-se que os Mancalas teriam sido trazidos para as Américas pelos
escravos africanos, o que seria mais uma contribuição cultural dos negros
ao novo continente.
Os tabuleiros destes jogos podem ser feitos de diferentes materiais: madeira
esculpida, sulcos cavados no solo, ou mesmo confeccionados em papel.
Os jogos Mancala admitem várias versões. Aqui trataremos do jogo Kalah
que era utilizado na Argélia, onde as pessoas faziam sulcos cavados no solo
e jogavam, originalmente, com sementes.
O Kalah (figura 1) é um jogo de estratégia1 pouco conhecido no ocidente
e bastante difundido no continente africano e parte do asiático.
1
Processo de organização do pensamento que envolve a análise de situações encontradas em
um problema ou jogo, o estabelecimento de relações entre elas para a realização de uma
jogada.
27
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Figura 1
Tabuleiro do jogo
Kalah
Material necessário para a confecção do jogo
O jogo Kalah é composto por um tabuleiro retangular com doze casas distribuídas nas laterais do re-
tângulo: duas (chamadas kalah) situadas no centro das laterais e um grupo de cinco casas, localizado
no sentido do comprimento das laterais maiores (figura 2). Joga-se com trinta e duas sementes iguais.
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○
Figura 2
Tabuleiro do jogo Kalah e disposição inicial das
sementes
Objetivo do jogo
Para ganhar, o jogador tem como objetivo arrecadar o maior número de sementes ao final da partida
em seu kalah. Caso os dois kalahs tiverem, ao final da partida, o mesmo número de sementes, um em-
pate deverá ser declarado.
As regras do jogo
1. Para iniciar o jogo, distribui-se 3 sementes em cada espaço, com exceção dos centrais que deverão
conter 4 sementes. Os kalahs, situados nas laterais, devem ficar vazios (figura 2).
2. Os jogadores fazem suas jogadas alternadamente, procurando sempre acumular sementes em seu
kalah.
3. Cada jogador, na sua vez, escolhe uma casa do seu lado do tabuleiro, pega todas as sementes dessa
casa e as distribui uma a uma em cada casa localizada à sua direita, sem pular nenhuma casa e nem
colocar mais de uma semente em cada casa.
4. Cada vez que passar pelo seu kalah, o jogador deve deixar uma semente, continuando a distribuição
no lado do adversário e não colocando sementes no kalah do outro jogador (pula este kalah).
5. O jogo termina se um dos jogadores, na sua vez, não tiver mais sementes para movimentar. Os jo-
gadores comparam seus kalahs para determinarem quem tem mais sementes sendo, conseqüentemen-
te, o vencedor.
Quando as primeiras regras já assimiladas possibilitarem o desenvolvimento do jogo sem muitas dúvi-
das, deverá ser introduzida, uma de cada vez, duas novas regras que exigem antecipação e planeja-
mento das jogadas. São elas:
6. Sempre que a última semente colocada cair no kalah do próprio jogador, este tem o direito a jogar
novamente. Ou seja, deverá escolher uma nova casa, pegar as sementes nela existentes e distribuí-las
uma a uma nas casas seguintes. Essa regra pode se repetir várias vezes numa mesma jogada, basta
que a última semente colocada caia no kalah várias vezes seguidas.
28
7. Se a última semente colocada pelo jogador cair numa casa vazia, do seu lado do tabuleiro, o
jogador “captura” todas as sementes do adversário que estiverem na casa diretamente à frente
desta e coloca-as no seu próprio kalah. Neste caso o jogador não ganhará outra jogada.
Figura 3
Crianças jogando o Mancala
Observe que neste jogo há 6 casas para cada jogador
e não 5, como no jogo Kalah
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Trabalhando em grupo
Tarefas
Jogue com seus colegas e anote tudo que você perceber de importante
durante suas jogadas.
Atividade 2: Problematização
D
De posse de suas anotações, acompanhe nossa discussão sobre as questões
sugeridas e que são freqüentes nas jogadas das crianças. Se não as percebeu,
jogue novamente e procure estar atento às situações
Algumas regras não são compreendidas facilmente pelas crianças e vários procedimentos
demoram a se tornar habituais. É o caso da distribuição das sementes nas casas do adver-
sário, pois é comum a criança suspender a semeadura logo depois de colocar as sementes
no próprio kalah, não sabendo o que fazer com as sementes que sobraram em sua mão.
Neste momento, é importante que o professor esteja atento para orientar a criança a con-
tinuar distribuindo as sementes pelas casas do adversário.
Também é comum, no início, o jogador evitar escolher as casas com muitas sementes
para distribuir, pois a sua escolha provocaria a distribuição para o outro lado do tabuleiro, o
do adversário. Não percebem que, assim, deixam de colocar sementes em seu próprio
29
kalah, o que pode levar à perda do jogo por colocarem menos sementes no seu kalah.
A distribuição das sementes, já indica um forte apelo à cooperação entre as crianças, pois,
se estas não semearem nas covas do adversário, este não terá sementes e o jogo
terminará. É necessário que o professor intervenha muitas vezes para modificar um pouco
essa atitude da criança. Essa intervenção pode ser feita a partir de questionamentos à
criança sobre seus procedimentos e os resultados obtidos, propondo comparações,
reflexões e conclusões sobre as situações em que semearam nas casas do adversário e as
que evitaram, perguntando o que poderiam fazer para colocar mais sementes em seu
próprio kalah.
Outra dificuldade encontrada pelas crianças neste jogo se relaciona ao fato de que as se-
mentes colocadas por elas no campo do adversário passam a ser movimentadas por este,
contrariando as expectativas desenvolvidas pelas dinâmicas de outros jogos conhecidos.
Compreender que as sementes colocadas no outro lado do tabuleiro devem ser movimen-
tadas pelo adversário implica a superação da idéia de posse. As sementes deixam, na ver-
dade, de pertencer a este ou aquele jogador, uma vez que sua localização indica apenas
quem pode manipulá-las em determinado momento, situação que pode ser invertida no mo-
mento seguinte.
Em relação à questão “Qual a pior casa a ser escolhida para iniciar a distribuição das se-
mentes?”, o professor deve criar situações que levem a criança perceber que a casa ao
lado do seu kalah é a pior, pois iniciando por ela, o jogador oferece uma jogada dupla para
seu adversário. Vejo no desenho abaixo (figura 4).
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○
○
Se você prestar atenção, perceberá que a casa indicada pela seta (figura 4) possui, agora,
quatro sementes. Isso possibilita ao Jogador A iniciar por ela e na distribuição das semen-
tes, parar no seu kalah (figura 5), tendo direito a uma nova jogada.
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
30
vem um número crescente de jogadas.
Analisando jogadas
Outras vezes, quando mais de uma casa tem o número suficiente de sementes para a últi-
ma atingir o kalah, não sabem escolher por onde começar. Assim, por exemplo, se a última
casa antes do kalah possui uma semente e a penúltima, duas (figura 6), pode ocorrer de
iniciarem por esta e, depois de garantir mais uma jogada, surpreender-se com as duas se-
mentes existentes na última casa, impedindo que a semeadura termine no próprio kalah.
Figura 6 - Exemplo
de jogada errada
A intervenção....
Neste caso, o professor deverá intervir, questionando o jogador B sobre qual seria a me-
lhor casa a ser escolhida. O jogador deverá perceber que deveria ter iniciado pela casa
que possuía uma única semente, o que lhe daria uma nova jogada. Aí sim deveria escolher
a casa que possuía duas sementes, para novamente ganhar outra jogada.
A regra relacionada à captura das sementes do adversário, para ser aproveitada, exige an-
tecipação de situações e planejamento, pois quando a última semente cai em uma casa va-
zia, do lado do próprio jogador, este pode capturar todas as sementes do outro participante,
no espaço diretamente oposto ao seu, colocando-as no seu kalah. Acompanhe nas figuras
abaixo (figuras 7a, 7b, 7c).
Fig. 7a Fig. 7b
Fig. 7c
O jogador B, atento à regra da captura das sementes do adversário, retirou as sete se-
mentes que estavam próximas ao seu kalah (casa 5, figura 7a); distribuiu-as e terminou
colocando a última semente na primeira casa do seu próprio lado (indicada pela seta na
figura 7b). Isso lhe deu o direito de capturar as três sementes que estavam na casa à
frente desta e levá-las para seu kalah.
Como as outras regras, a dificuldade inicial é grande. As crianças não conseguem plane-
jar, isto é, escolher o lugar de onde retirar as sementes para a última cair na casa vazia.
31
De início só aproveitam as circunstâncias ocorridas ao acaso e só aos poucos começam a
antecipar e a planejar. Acostumados a agir impulsivamente, demoram a sentir a
necessidade de refletir antes de qualquer ação. É justamente nisso que consiste uma das
vantagens desse jogo: provocar a necessidade de pensar para agir, ou melhor, de analisar a
distribuição das sementes no tabuleiro para escolher a melhor possibilidade de ação.
Considerando essas situações, evidencia-se a dificuldade para coordenar as diferentes va-
riáveis do jogo, seja para obter um número maior de jogadas, seja para capturar as semen-
tes do adversário e, assim, acumular pontos no seu kalah.
Esta dificuldade também é destacada na ocasião da resolução de problemas, a qual enten-
demos como uma situação desafiadora que não apresenta uma solução imediata e única;
uma situação que necessita de conhecimentos diversos - matemáticos ou não - e o estabe-
lecimento, por parte do aluno, de relações entre eles, além de reflexões e investigações,
constituindo-se em um movimento de criação de processos próprios de resolução, podendo
nesse movimento, ampliar seus conhecimentos e criar novos conceitos. Muitas vezes,
numa resolução de problemas, a criança não consegue identificar, interpretar, analisar, rela-
cionar variáveis, coordenar diversas informações e até mesmo tomar uma decisão para a
efetiva solução da situação.
Despreocupadas com o que ocorre do outro lado do tabuleiro e não procurando antecipar o
que pode acontecer, inicialmente as crianças são constantemente surpreendidas pelas es-
tratégias do adversário. Com o tempo, acabam sentindo a necessidade de observar os indí-
cios do jogo e as estratégias dos adversários para poderem melhor planejar as próprias
ações. Uma casa vazia do outro lado do tabuleiro passa a representar perigo e o sujeito re-
tira as sementes da casa que se encontra diretamente oposta àquela ou preenche com suas
sementes as casas vazias do adversário. Assim, acabam concluindo que não é vantagem
deixar as casas do adversário com poucas sementes, o que poderia, também, indicar a pro-
ximidade do término da partida. Assim, se o seu prolongamento for interessante, a criança
pode distribuir as sementes das casas mais à sua direita no tabuleiro, de modo a preencher
as primeiras casas do adversário. Embora antecipando algumas soluções, nem todas as cri-
anças chegam a determinar onde cairiam as últimas sementes ou a planejar o aumento da
quantidade de sementes em uma casa, antes de esvaziá-la. Por exemplo, quando falta uma
semente em uma casa para a última semente cair no kalah, é difícil distribuírem as semen-
tes de uma outra casa situada à esquerda para, na sua próxima vez, realizar a jogada pla-
nejada com o número acrescido de
sementes. Esse planejamento exige grande
flexibilidade de pensamento para considerar
várias possibilidades ao mesmo tempo e
seqüenciar as ações necessárias.
Como todo jogo de estratégia, o Kalah pro-
picia o levantamento e a análise das possi-
bilidades de uma determinada situação e o
○
32
Utilizando dados para calcular
P
Professor: aqui apresentamos cinco atividades de ensino que têm por objetivo verificar a utiliza-
ção das operações básicas pelos alunos por meio da utilização do jogo Contig 60®2 . Nela, pre-
tendemos subsidiá-lo para:
• Repensar sobre o papel dos jogos no ensino de Matemática;
• Verificar a aprendizagem das quatro operações básicas;
• Discutir o conteúdo de expressões numéricas;
• Refletir sobre habilidades matemáticas como cálculo mental, estratégias de análise de possibi-
lidades e de antecipação de jogadas;
• Elaborar atividades de ensino com jogos;
• Desenvolver com as crianças atividades de ensino que envolvam a utilização do pensamento
de resolução de problemas por meio de jogos;
• Compreender a necessidade do desenvolvimento de uma linguagem própria na resolução de
problemas matemáticos.
Desejamos a você um bom trabalho!!
Jogo Contig 60 ®
Este jogo foi desenvolvido pelo norte-americano John C. Del Regato, que levou muitos anos
para conseguir dar a ele o formato atual, tanto em relação ao tabuleiro quanto às regras.
Material necessário para a confecção do jogo
Tabuleiro que pode ser construído em papel (figura 9), 25 fichas de uma cor, 25 de cor diferen-
te, 3 dados.
○
○
0 1 2 3 4 5 6 7
○
○
27 28 29 30 31 32 33 8
○
○
○
26 54 55 60 64 66 34 9
○
○
23 45 100 96 90 80 37 12
22 44 42 41 40 39 38 13
21 20 19 18 17 16 15 14
Figura 9 - Tabuleiro do Jogo Contig 60®
Objetivo do jogo
Para ganhar o jogo o jogador deverá:
• Ter o número de pontos necessários, definidos inicialmente (30 ou 40 pontos) ou
• Ser o primeiro a identificar cinco fichas de mesma cor em linha reta (horizontal, vertical ou
diagonal) (figura 10). ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
2
Jogo criado por Dr. John C. Del Regado – Copyright 1980, 1986; Pentathlon Institute, Inc. e
adaptado pela Profª Dr ª Regina Célia Grando.
33
○ ○ ○ ○
0 1 2 3 4 5 6 7
27 28 29 30 31 32 33 8
26 54 55 60 64 66 34 9
25 50 120 125 144 72 35 10
24 48 108 180 150 75 36 11
23 45 100 96 90 80 37 12
22 44 42 41 40 39 38 13
21 20 19 18 17 16 15 14
Figura 10 - Colocação de fichas para ganhar o jogo
As regras do jogo
1. Adversários jogam alternadamente. Na sua vez, cada jogador joga os três dados e constrói
uma sentença numérica usando os números indicados pelos dados e uma ou duas operações di-
ferentes.
Por exemplo, com os números 2, 3 e 4 o jogador poderá construir (2 + 3) x 4 = 20. O jogador,
neste caso, cobriria o espaço marcado 20 com uma ficha de sua cor. Só é permitido utilizar as
quatro operações básicas.
2. Se um jogador passar sua jogada, por acreditar que não é possível fazer uma sentença numé-
rica com os valores sorteados nos dados, o adversário terá uma opção a tomar: se achar que
seria possível fazer uma sentença com os dados jogados pelo colega, poderá fazer a sentença
numérica antes de fazer sua própria jogada. Ele ganhará, neste caso, O DOBRO DO
NÚMERO DE PONTOS, e em seguida poderá fazer sua própria jogada.
3. O jogo termina quando o jogador conseguir atingir o número de pontos definidos no início do
jogo ou colocar 5 fichas de mesma cor em linha reta sem nenhuma ficha do adversário intervin-
do. Relembrando, essa linha poderá ser horizontal, vertical ou diagonal.
Contagem dos pontos
Um ponto é ganho por colocar uma ficha num espaço desocupado que seja vizinho a um espaço
com uma ficha de qualquer cor (horizontalmente, verticalmente ou diagonalmente). Colocando-
se um marcador num espaço vizinho a mais de um espaço ocupado, mais pontos poderão ser
obtidos. A cor das fichas nos espaços ocupados não faz diferença. Os pontos obtidos numa
jogada são somados para o jogador.
Um exemplo: Suponhamos que uma partida tenha sido iniciada pelo jogador A que possuía a fi-
cha vermelha colocada na casa 37.
Ao jogar seus dados, o segundo jogador, que possuía a ficha azul, tirou 3, 3 e 4 e fez os seguin-
tes cálculos 3 x 3 x 4 = 36. Isso lhe possibilitou conseguir um ponto.
O jogador A, jogando os dados tirou os números 5, 6 e 1 e fez 5 + 1 + 6 = 12. Colocando sua
ficha vermelha na casa 12, este conseguiu marcar dois pontos. Veja a simulação na figura a
seguir: ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
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○ ○ ○
0 1 2 3 4 5 6 7
27 28 29 30 31 32 33 8
26 54 55 60 64 66 34 9
25 50 120 125 144 72 35 10
24 48 108 180 150 75 36 11
23 45 100 96 90 80 37 12
22 44 42 41 40 39 38 13
21 20 19 18 17 16 15 14
Trabalhando em grupo
Tarefas
Jogue com seus colegas e anote tudo que você perceber de importante
durante suas jogadas.
Atividade 2: Problematização
D
De posse de suas anotações, acompanhe nossa discussão sobre as questões
sugeridas e que são freqüentes nas jogadas das crianças. Se não as percebeu,
jogue novamente e procure estar atento às situações
Um dos problemas que costuma ocorrer é o de as crianças não lembrarem de todas as re-
gras num primeiro momento e, por exemplo, questionarem ao professor como é que se
marcam os pontos. Não conseguem assimilar que não importa a cor da ficha, uma vez que
se encosta ficha em casa ocupada, marca-se pontos.
O professor deve estar atento às jogadas das crianças para verificar se todas as regras es-
tão sendo lembradas e obedecidas. Para isso, lembramos a necessidade de o professor já
ter jogado várias vezes antes de levar o material para a sala de aula, pois somente assim
35
poderá fazer intervenções adequadas nas jogadas das crianças garantindo melhor aprovei-
tamento na utilização do material em relação à aprendizagem das crianças.
Se você refletir sobre suas jogadas, perceberá que as operações mais utilizadas foram adi-
ção e multiplicação, ficando em terceiro lugar a subtração e, em quarto lugar, a divisão.
Esse fato ocorre também com as crianças. Este é o motivo pelo qual os números estão
dispostos de forma espiralada no tabuleiro, pois ora é preciso conseguir um resultado
maior, ora é necessário um resultado menor para se conseguir um grande número de
pontos, o que gera a necessidade, por parte dos jogadores, de utilizarem todas as quatro
operações a todos os momentos.
O motivo de alguns numerais não constarem do tabuleiro se deve ao fato de que, utilizan-
do-se as quatro operações básicas e três dados é impossível ou muito difícil conseguir os
numerais faltantes, o que causaria problemas aos jogadores no decorrer do jogo. Assim, o
construtor do jogo optou por não colocá-los no tabuleiro.
Após os jogadores determinarem o vencedor, o professor pode propor algumas situações
problemas para as crianças resolverem.
1) Temos peças colocadas nas casas 29, 31, 54, 125, 66 e 72. Quantas
possibilidades o próximo jogador tem de ganhar 3 pontos? E 2 pontos?
3) As seguintes casas estão preenchidas: 9, 10, 31, 34, 36, 55, 60, 66, 72 e
108.
a) Para conseguir o maior número de pontos, qual casa deve ser
preenchida?
b) Que números você precisaria tirar nos dados para preencher esta
casa, sendo válidas somente as operações de adição e multiplicação?
(apresente 4 soluções distintas possíveis).
3
Situações-problema retiradas de GRANDO, R. C. O conhecimento matemático e o uso de jogos
na sala de aula. Tese de Doutorado. Campinas, SP. Faculdade de Educação, UNICAMP, 2000.
36
c) Uma multiplicação e uma adição? (Válida a observação).
3)
a) Para conseguir o maior número de pontos deve ser preenchida a casa
35.
b) Para preencher esta casa, seriam necessários os seguintes números e
operações: 5 x 6 + 5; (6 + 1) x 5; (5 + 2) x 5; (4 + 3) x 5.
Aqui, é preciso ressaltar que as crianças, por si só, não fazem uso dos
parênteses, cabendo a interferência do professor para explicar que na
linguagem matemática escrita é necessário indicar a operação que deve
ser feita em primeiro lugar utilizando-se os parênteses.
6)
a) É o zero, pois 1 + 1 – 2 = 0.
b) É o 1, pois 1 + 1 : 2 = 1.
c) É o 2, pois 1 x 1 + 1 = 2.
7)
a) É o 4, pois 6 – 1 –1 = 4.
b) É o 6, pois 6 : 1 : 1 = 6.
c) É o 72, pois (6 + 6) x 6 = 72.
d) É o 11, pois 6 + 6 – 1 = 11.
37
Lembre-se
Jogo e resolução de problemas no ensino da Matemática
A
Aliar jogos à resolução de problemas no contexto do ensino da Mate-
mática proporciona um ambiente de aprendizagem no qual há a explo-
ração dos conceitos mediante a estrutura matemática subjacente ao ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
jogo e que pode ser vivenciada pelo aluno. Este pode questionar e ou-
sar propor soluções aos problemas encontrados num clima de investi-
gação, onde a construção de estratégias e de conhecimentos matemá-
ticos está em evidência.
Moura (1992), afirma que tanto o jogo quanto o problema podem ser vistos, no processo educa-
cional, como introdutores ou desencadeadores de conceitos ou, como verificadores/aplicadores
de conceitos já desenvolvidos e formalizados, além de estabelecer uma relação entre jogo e
problema ao afirmar que
D
Deve ficar claro que não é o jogo que trabalha a Matemática, mas sim a intervenção pedagógi-
ca que se faz nele. A mediação e orientação do professor quanto aos procedimentos dos alunos
ao jogar, questionando sobre suas jogadas e estratégias se fazem necessárias para que o jogar
se torne um ambiente de aprendizagem e (re)criação conceitual e não apenas de reprodução
mecânica do conceito. Assim, o jogo deixa de ser desinteressante para o aluno, porque visa à
elaboração de procedimentos e tomada de decisão: habilidades necessárias para o trabalho com
resolução de problemas, tanto no âmbito escolar como no contexto social no qual todos estamos
inseridos.
Analisando o jogo
A
Ao se propor a análise do jogo pelo aluno, este é levado a refletir sobre as estratégias que utili-
zou durante as jogadas e a avaliá-las; fato que terá conseqüências na habilidade de resolução
de problemas. Essa reflexão ocorre de forma espontânea por parte do aluno, pois analisar as
estratégias elaboradas é exigência do próprio jogo, o que o leva a detectar as jogadas erradas
realizadas e buscar alternativas para solucioná-las a tempo de ganhar a partida e produzir co-
nhecimento.
A análise do erro e do acerto pelo aluno se dá de maneira dinâmica e efetiva, proporcionando a
reflexão e a (re)criação de conceitos matemáticos que estão sendo discutidos; o professor tem
38
condições de analisar e compreender o desenvolvimento do raciocínio do aluno e de dinamizar a
relação ensino/aprendizagem, por meio de questionamentos sobre as jogadas realizadas pelos
jogadores.
A
Acreditamos que, ao propor um jogo a seus alu-
nos, o professor deve tê-lo jogado anteriormente
para que conheça o jogo selecionado, conseguindo
criar e registrar as próprias estratégias de jogo
para que possa realizar intervenções pedagógicas
adequadas no momento da aplicação em sala de
aula.
Além disso, o professor deve estar consciente de
que situações imprevistas poderão ocorrer em sala
de aula, estando atento para poder aproveitá-las
da melhor maneira possível, explorando novas pos-
sibilidades do jogo com seus alunos, antes não
imaginadas, contribuindo para a construção da au-
tonomia, criticidade, criatividade, responsabilidade
e cooperação entre os participantes.
O jogo e a forma de pensar que ele propicia medi-
ante a intervenção pedagógica do professor pode
tornar o estudo de Matemática mais prazeroso,
aproximando-se da Matemática com o desenvolvi-
mento de habilidades de resolução de problemas, de investigação e permitindo trabalhar os con-
teúdos culturais inerentes ao próprio jogo, pelo uso de uma linguagem universalmente aceita: a
linguagem matemática.
Assim, quando se visa propor atividades que promovem a aquisição de conhecimento, qualquer
jogo pode ser utilizado. A questão não está no material, mas no modo como ele é explorado.
Pode-se dizer, portanto, que serve qualquer jogo, mas não de qualquer jeito. Isso significa que,
independente do jogo, a ação de jogar por nós valorizada deve estar comprometida e coordena-
da tanto com as ações já realizadas, como com as que serão futuramente executadas,
correspondendo a um conjunto de ações intencionais e integradas no sistema como um todo.
39
Bibliografia
ALVES, E. M. S. A ludicidade e o ensino de matemática: uma prática possível.
Campinas, SP: Papirus, 2001.
BRENELLI, R. P. O jogo como espaço para pensar: a construção de noções lógicas
e aritméticas. Campinas: Papirus, 1996.
CHATEAU, J. O jogo e a criança. Tradução Guido de Almeida. São Paulo: Summus
Editorial, 1987.
DANTE, Roberto Luiz. Didática da resolução de problemas de matemática. São
Paulo: Editora Ática, 1991.
FREIRE, J. B. O jogo: entre o riso e o choro. Campinas, SP: Autores Associados, 2002.
GRANDO, R. C. O conhecimento matemático e o uso de jogos na sala de aula.
Tese de Doutorado. Campinas, SP. Faculdade de Educação, UNICAMP, 2000.
HUIZINGA, J. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. 4. ed. Tradução
João Paulo Monteiro. São Paulo: Perspectiva, 2000.
KISHIMOTO, T. M. (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo:
Cortez, 1996.
LANNER DE MOURA, A. R. A criança e a medida pré-escolar. Tese de Doutorado.
Campinas, SP, Faculdade de Educação, UNICAMP, 1995.
MACEDO, L.; PETTY, A. L. S.; PASSOS, N. C. 4 cores, senha e dominó. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 1997.
______________. Aprender com jogos e situações problemas. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 2000.
MARCO, F. F. Estudo dos processos de resolução de problema mediante a
construção de jogos computacionais de matemática no ensino fundamental.
Dissertação de Mestrado. Campinas, SP, Faculdade de Educação. UNICAMP, 2004.
MEC - Ministério da Educação - Secretaria de Educação Fundamental - PCN’s:
Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998.
MOURA, M. O. A séria busca no jogo: do lúdico na matemática. In: KISHIMOTO, T.
M. (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 1996.
_____________. A construção do signo numérico em situação de ensino. Tese de
Doutorado. São Paulo, SP, Faculdade de Educação, USP, 1992.
PALMA, Rute Cristina Domingos da Palma. A resolução de problemas matemáticos
nas concepções de professores das séries iniciais do ensino fundamental: dois
estudos de caso. Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT: Cuiabá-MT, 1999
(Dissertação de Mestrado)
VARIZO, Zaíra da C. Melo. O ensino da matemática e a resolução de problemas.
Inter-ação, Fac. Educação UFG, 17 (1-2), jan/dez, 1993.
40
ZAIA, L. L. Kalah: análise do jogo e suas possibilidades na intervenção
psicopedagógica. In: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/
artigo.asp?entrID=274, 07/06/2003.
ZUNINO, Delia Lerner de. A matemática na escola: aqui e agora. 2a ed. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1995.
41
fascículo 8
Sumário
Apresentação ....................................................................................... 6
Roteiro de trabalho para o encontro ........................................... 7
Pensando Juntos ................................................................................... 7
O trabalho individual convida você a olhar atentamente a sua prática de ensino em relação a
planejamento, encaminhamento das aulas e avaliação de aprendizagem dos alunos. Os dados
decorrentes deste olhar aguçado para seu exercício profissional favorecem que você perceba
aspectos que carecem de uma análise mais aprofundada e, por isso, esses dados deveriam ser
registrados para subsidiar suas reflexões.
Enfatizamos que o estudo da avaliação só tem sentido na medida em que as suas ações de
avaliação estiverem qualificando o ato de aprender do aluno e este estiver alicerçado em
elementos integrantes do processo.
Desejamos que este estudo, além de colaborar com o aperfeiçoamento da sua prática docente,
seja prazeroso, contribuindo para seu crescimento pessoal.
6
Fascículo 8 - Avaliação da
aprendizagem em Matemática
nos Anos Iniciais
Roteiro de trabalho para o encontro
Pensando juntos
N Neste momento estamos revisando nossos trabalhos e nossas aprendizagens no que se refere aos
estudos dos fascículos que enfocam a Matemática nos Anos Iniciais.
Por isso, queremos saudá-lo e convidá-lo a discutir nossa prática de ensino. No primeiro
momento, solicitamos que faça um registro das suas atividades da última semana de aula,
considerando os objetivos, os conteúdos, a metodologia e os recursos utilizados. Feito isso,
queremos convidá-lo para o trabalho em grupo.
Trabalhando em grupo
U Um dos aspectos do ensino e da aprendizagem é dar valor à forma como vemos nossos alunos.
A forma de vê-los orienta nossas práticas de ensino e de avaliação
Tarefa 1
Desenhe uma imagem que represente os seus alunos em momentos de
aprendizagem.
Esta imagem se modifica ou permanece a mesma quando os alunos são
avaliados?
7
Tarefa 2
○
○
○
○
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○
○
○
○
○
○
○
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○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O Observe como Maria, de 8 anos, aluna da 2ª série do Ensino Fundamental, resolveu a seguinte
situação-problema: ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
○
○
○
cada, 1 tubo de cola por R$ 1,50 e um lápis por R$ 0,70. Pagou sua
○
2,30
○
○
8
Tarefa 3
Assim, ao avaliar uma situação, o professor ou a professora não apenas constata e pontua
determinada dificuldade do aluno. O professor ou a professora também decide que tipos de
encaminhamentos e intervenções deve inserir em sua prática pedagógica para que o aluno
supere a sua dificuldade inicial. Nesse caso, o professor ou a professora considera não apenas o
que o aluno foi capaz de fazer, mas também aquilo que ele já sabe fazer, para, a partir disso,
planejar as atividades seguintes.
9
construído de diversas maneiras, manifestando a compreensão que o aluno teve da situação-
problema. A observação atenta a esses diferentes caminhos traçados pelos alunos compõe, entre
outras formas e instrumentos utilizados, o processo de avaliação da aprendizagem.
Será que todos os alunos precisam resolver um cálculo matemático da mesma forma como a
professora o resolve? É importante destacar que as nossas soluções não são únicas, como ilustra
a situação a seguir:
Ao corrigir o exercício, a professora fez o seguinte comentário: Caroline, quase que você tira
10, pena que errou a ilustração, pois não desenhou os peixes que Jeremias pescou. Caroline,
imediatamente, responde: Mas, professora, os peixes estão dentro da caixa que está na mão do
Jeremias.
Tarefa 4
10
3. Texto para leitura: Resgatando conceitos
Identidade da escola
T
Toda escola situa-se em um sistema de ensino e tem sua identidade expressa no Projeto
Político-Pedagógico (PPP). O PPP é elaborado pela comunidade escolar a partir da realidade da
escola e da legislação e é constituído por marcos de referência, pelos planos de estudo e pelo
regimento escolar.
No dizer de Veiga (1997, p.16), o Projeto Político-Pedagógico, como organização do trabalho
da escola como um todo, está fundado nos princípios que deverão nortear a escola. Os marcos
de referência do PPP explicitam, entre outros, as concepções de mundo, de sociedade, de ser
humano, de educação, de aprendizagem, de avaliação. Essas concepções precisam ser
evidenciadas no cotidiano da escola, nas suas ações e decisões administrativas e pedagógicas.
É claro que as evidências não ocorrem de maneira linear, como estamos abordando. A realidade
é complexa e as contradições também se fazem presentes no mundo da escola. Mas, na prática,
sempre há referências que balizam nossas ações. Precisamos nos perguntar para que e para
quem estamos fazendo nossa atividade pedagógica.
O Plano de Estudos, outro integrante do PPP, contém os conteúdos básicos a serem abordados,
além de objetivos e metodologia de ensino e de avaliação. Esses Planos de Estudos também
devem estar encharcados da realidade dos alunos e dos professores.
Fiss e Caldieraro (2000) situam os Planos de Estudos como elemento ordenador, do ponto de
vista pedagógico, do currículo escolar como a expressão concreta do PPP.
Outro componente do PPP é o Regimento Escolar, que reúne as normas que regem a escola.
Dentre as normas do Regimento, podemos destacar as de convivência e as da avaliação da
aprendizagem dos alunos.
Como se pode constatar, a prática pedagógica do professor ou da professora está em sintonia
com os princípios orientadores da escola e com o seu Regimento Escolar. Neste contexto
pedagógico situa-se a avaliação da aprendizagem do aluno, que oferece dados para o professor
ou a professora tomar decisões tanto pedagógicas quanto administrativas. Sim, essas decisões
podem ter finalidade pedagógica ou administrativa, dependendo do objetivo dessa avaliação.
A avaliação da aprendizagem
Como avaliamos nosso aluno em seu processo de aprendizagem, na escola? Em que
momento(s)? Através de uma mera conferência de resultados? Ou, quem sabe, a partir de
observações quanto a aspectos atitudinais do aluno? No que estas práticas contribuem para a
aprendizagem do aluno e, conseqüentemente, para o trabalho pedagógico do professor e da
professora?
Sustentadas nestas angústias e reflexões, percebemos uma necessidade de mudança de olhar em
relação à avaliação. Precisamos repensar a avaliação como uma ação compreensiva e
mediadora da trajetória do aluno, presente em toda a prática pedagógica, e não como uma ação
esporádica que seleciona os que sabem.
A avaliação deve ter sempre a preocupação com a aprendizagem dos alunos. Uma avaliação
com essa finalidade tem sido referida por diversos autores como uma avaliação formativa que,
nas palavras de Perrenoud (1999), é uma avaliação “que ajuda o aluno a aprender e o professor
a ensinar” (p. 173). Descreve a idéia-base desta avaliação, em que um indivíduo aprenderá
melhor “se o seu meio envolvente for capaz de lhe dar respostas e regulações sob diversas
formas: identificação dos erros, sugestões e contra-sugestões, explicações complementares,
11
revisão das noções de base, trabalho sobre o sentido da tarefa ou a autoconfiança”
(PERRENOUD, 1999, p.173).
A avaliação só tem sentido se estiver contribuindo para melhorar a aprendizagem em curso, se
puder informar o professor ou a professora sobre as condições em que se dá essa aprendizagem
e o aluno sobre o seu próprio percurso. Essa modalidade de avaliação, identificada por muitos
autores como uma avaliação formativa, destaca-se por uma característica essencial, ausente na
função somativa, que é a de realizar-se de forma contínua, integrada na ação de formação e
incorporada no próprio ato de ensino.
Nossas conclusões
12
Fascículo 8 - Avaliação
da aprendizagem em Matemática
nos Anos Iniciais
Roteiro de trabalho individual
F Foi a partir de um movimento de repensar as práticas pedagógicas que, num momento em que
todas as escolas do Rio Grande do Sul construíram seus Regimentos Escolares, em Morro
Reuter (município localizado a 60 km de Porto Alegre), em 2001, se iniciou um processo de
reestruturação da escola da rede pública municipal. Foi um processo que envolveu todos os
segmentos da comunidade escolar. Realizaram-se encontros, debates, reuniões, leituras e
participações em cursos de formação continuada para conhecer a sua realidade educacional e
outras propostas de reestruturação escolar. Passou-se um ano todo estudando e encaminhando
mudanças.
Em relação à estrutura da escola, seus tempos e espaços, passou-se a oferecer o ensino
fundamental em um tempo de nove anos, ciclando seu período inicial. Ao sair da educação
infantil e ingressar no ensino fundamental, a criança passaria por um ciclo de três anos
(denominados de etapas), sem enfrentar o fracasso escolar.
O sistema de avaliação constante no regimento escolar público municipal de Morro Reuter
deveria avaliar o desempenho do aluno de forma contínua cumulativa. A avaliação deveria
acompanhar, analisar, pensar, atender e intervir. Deveria observar as necessidades dos alunos e
se comprometer com a sua superação, favorecendo-lhes o desenvolvimento de suas
aprendizagens, levando-se em conta suas condições individuais e o processo de inclusão,
realizando, assim, intervenções pedagógicas favoráveis à aprendizagem de todos. A avaliação
deveria implicar num redimensionamento participativo de todos os envolvidos com a educação,
ou seja, o compartilhamento do poder, que estaria somente nas mãos do professor, com o
sujeito da aprendizagem: o aluno e sua família.
Considerando que, até 2001, o sistema de avaliação das escolas da rede pública municipal de
Morro Reuter contemplava notas (de 0 a 100), desde a 1ª série, repensou-se essa prática por
acreditar-se que a avaliação do aluno deveria consistir em fornecer um diagnóstico sobre as
suas aprendizagens. Deveria ser contínua e progressiva, sendo realizada através de diversos
procedimentos e instrumentos que validariam os processos e os resultados do fazer educativo.
O aluno deveria ser considerado como um todo, contemplando aspectos cognitivos, afetivos,
psicomotores e sociais. Assim, o sistema de avaliação da rede municipal passou por
significativas mudanças. A escola deveria expressar os resultados da avaliação trimestralmente,
sendo que os do 1º ciclo (composto por um período de três anos) não possuiriam finalidade de
13
promoção e seriam expressos por meio de relatório. Somente no último ano do 1º ciclo, o
resultado final (3º trimestre) viria acompanhado pelas expressões “Aprovado” ou “Reprovado”.
A sistematização da avaliação trimestral das turmas teria como envolvidos, além dos
alunos, os professores, a direção da escola e a coordenação pedagógica, possuindo caráter
reflexivo e crítico. Ela pressuporia uma fase preparatória em que os pais (responsáveis) do
estudante emitiriam um parecer sobre as construções de seu filho na escola. Após, o aluno faria
uma auto-avaliação e, num momento subseqüente, os professores e as professoras reunir-se-iam
para sistematizar suas observações, por meio de registros que possam apreender os diferentes
trajetos, processos e resultados construídos pelo aluno.
Em suma, a avaliação consistiria em:
• Observar o aluno e registrar seu desenvolvimento e/ou dificuldades, considerando as áreas
cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras. Estes registros dariam suporte para a produção de
um relatório a respeito das construções do aluno, em períodos de três meses.
• Propor momentos de auto-avaliação.
• Promover espaço para ouvir os pais (responsáveis) dos alunos em relação à sua vida como
aluno e à escola como um todo.
Ao aluno seria garantido o respeito pelo seu ritmo. Passados os três anos desse 1° ciclo, ele
seria promovido para a 3ª série.
Na 3ª e na 4ª séries, a emissão dos resultados da construção dos alunos contemplaria a
globalização das áreas de conhecimento e o relatório viria acompanhado por uma convenção:
• A (construiu, plenamente, o conhecimento);
• B (construiu, em parte, o conhecimento);
• C (não construiu conhecimentos significativos em determinada área).
Tarefa 1
14
O dossiê
A
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Capa do dossiê
ilustrando momentos
significativos vividos
pelo aluno na escola.
O olhar do aluno
P
Por acreditarmos que a
relação pedagógica se dá na
interação entre os sujeitos –
professor e aluno durante o
processo ensino-
aprendizagem, passamos a
ouvir mais o nosso aluno.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O olhar da professora
T
Texto elaborado pela professora contando a história da turma e o relatório individual do aluno
Vinícius.
História da turma
15
Essas crianças iniciaram o ano letivo bastante eufóricas e entusiasmadas com
a nova etapa e também com a nova escola. Tudo era novo, a sala, os prédios,
a professora, as regras...
Foram, aos poucos, entrosando-se com os novos amigos e, de forma tranqüila,
adaptando-se ao ambiente escolar.
Eram tantas as novidades...
O projeto Bom-Dia Escola era (e ainda é) motivo de muita empolgação: todos
querem contar sobre suas oficinas do dia anterior. E até mesmo demonstrar
passos de danças, golpes de judô e tudo mais.
A hora do almoço, então, que alegria! Todos juntos nesta refeição...
No início, foi um pouco conturbado (serviam mais do que comiam, algumas
vezes derramavam a comida fora do prato, sentavam todos espalhados pelo
refeitório...). Hoje, a alegria continua a mesma, porém, esta importante refeição
tornou-se um momento tranqüilo de grandes trocas e aprendizagens. Os alunos
já conseguem se servir conforme a sua fome, sabem o quanto é importante
comermos saladas (pelo menos um pouquinho!), sentam-se juntos, utilizam os
talheres e guardanapo corretamente, cuidam uns dos outros e cobram-se
quanto às boas maneiras.
Tem também a hora do descanso (humm, que preguiça!). No início do
trimestre, este momento era um pouco agitado, pois os alunos ainda não
estavam habituados a “descansar”, o que é tão necessário. Porém, aos
poucos, foram se acostumando e, hoje, a nossa hora do soninho é tranqüila e
aconchegante. Às vezes, assistem a filmes em fitas de vídeo, outras vezes
ouvem histórias e tem dias em que apenas descansam ouvindo o barulho da
chuva. Alguns alunos aproveitam o momento para dormir e, por vezes,
sonham; esses sonhos, depois, são compartilhados com a profe e os demais
colegas.
Puxa, quantas experiências estas crianças vivenciam!
No começo do ano letivo, a turma teve algumas dificuldades em aceitar certas
limitações e combinações. Atualmente, conseguem separar e saber a hora
determinada de cada atividade, o que, com certeza, está sendo muito
produtivo, trazendo maior organização em todos os momentos.
Neste grupo, todos são amigos e têm como característica serem uma turma
muito unida e disposta, pois tudo é motivo de alegria e entusiasmo.
Às vezes, ocorrem alguns desentendimentos que são solucionados com o
auxílio da professora. Estamos trabalhando para que os próprios alunos
resolvam estes “pequenos probleminhas” através do diálogo, da compreensão
e, principalmente, da amizade.
Enfim, os alunos são crianças extremamente curiosas, ativas, cheias de
energia e muita, mas muita imaginação. Têm desejo de aprender e querem
sempre saber mais. Cada um deles com seu jeitinho especial de aprender/
ensinar, trabalhar e participar!
Adoro cada um e sei que juntos teremos muitas conquistas neste ano letivo,
afinal, “somos a turma da II etapa, uma turminha pra lá de bacana!” (frase
criada por eles).
Professora Daniele
16
Relatório individual
17
Tem facilidade para assimilar informações e relata fatos e histórias com riqueza
em detalhes. Vinícius gosta muito de criar histórias, tanto em grupo, como
individualmente, sendo bastante criativo. Suas produções apresentam uma
seqüência lógica. Gosta de ler suas histórias para os colegas e de ouvir as
deles também.
Depois que descobriu o fantástico e maravilhoso mundo da leitura e da escrita,
Vinícius tem o desejo de ler tudo o que está a sua volta: cartazes expostos na
sala e na escola, placas, bilhetes... sendo que sempre comenta com a
professora sobre o que leu.
Para que a sua leitura e sua escrita progridam cada vez mais, sugiro que leia
muito em casa, sempre contando aos outros sobre o que leu. Também que seja
constantemente estimulado a escrever histórias, cartas, bilhetes... sempre lendo
o que escreveu para que possa perceber se esqueceu ou trocou alguma letra
ou palavra.
Vinícius apresenta um bom raciocínio lógico-matemático, resolvendo
situações-problemas do cotidiano escolar com facilidade. Resolve histórias
matemáticas com sucesso lendo e interpretando-as sozinho, na maioria das
vezes. Tem facilidade para resolver cálculos mentais bem como para
reconhecer os números. Para desenvolver ainda mais seu raciocínio lógico,
sugiro que brinque bastante com jogos como: dama, resta um, pega varetas,
jogo da velha, memória (sempre registrando a pontuação dos jogadores).
Também sugiro que Vinícius brinque bastante no pátio: correr, pular, subir em
árvores, brincar na areia... e também com materiais como massinha de
modelar, recorte e colagem. Isso o ajudará muito a superar pequenas
dificuldades. Enfim, é um aluno com plenas condições para uma excelente
aprendizagem. Parabéns!
O olhar da família
A
Assim como o aluno, a sua família também é convidada a participar deste processo coletivo de
reflexão sobre a sua aprendizagem. Trimestralmente, são encaminhadas para cada família
questões de discussão sobre o processo ensino-aprendizagem da criança.
É importante destacar que, nesta etapa do processo, várias dificuldades surgiram, pois muitos
pais e muitas mães ficavam constrangidos em escrever (alguns tinham medo de escrever errado,
outros não se achavam capazes de opinar sobre a aprendizagem de seu filho, pois “isto é papel
da professora”).
Para superar estas dificuldades, foram possibilitadas várias formas de registros (questões
objetivas, representações por desenhos...).
Trazemos, a seguir, as questões propostas pela escola e respondidas pela família sobre o
processo de aprendizagem do aluno.
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○
18
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O que posso dizer é que, enquanto o sistema de avaliação deste município era
através de notas, sentia-me bastante angustiada. São muitos aspectos a
considerar para transferir tudo a uma nota.
O que significa um aluno ter a nota 8? O que ele sabe, o que já construiu? O
que ele ainda está construindo? Quais são as suas dificuldades? Como a
família poderá auxiliá-lo neste processo?
Uma nota, um número não nos diz nada disso.
Assim, penso que o nosso atual sistema de avaliação é muito mais rico e com
certeza significativo : relatórios. Uma descrição do aluno como um todo.
Neste relatório, particularmente, procuro escrever sobre como é o aluno, como
é o seu relacionamento com o grupo, seus gostos e preferências, sua
participação em aula, como está o processo da sua aprendizagem, o que já
construiu, o que ainda está construindo, quais são as suas dificuldades, como
pode ser o envolvimento da família frente a isso, enfim...
Atualmente trabalho com a 1ª série, ou melhor, II Etapa do 1º Ciclo, e penso
como seria angustiante e insignificante ter que atribuir uma nota a tudo isso.
Também, é muito importante citar que não estamos sozinhos neste processo
de avaliação. Contamos também, com a auto-avaliação do aluno, onde
através dela, podemos descobrir como o aluno se percebe na escola, na sua
aprendizagem, além de ser um momento a mais para conhecermos as
19
sugestões do aluno. Temos ainda, a avaliação dos pais, onde estes podem
expor como eles vêem o filho na escola, no processo ensino-aprendizagem,
além de manifestarem-se a respeito da escola e do trabalho realizado pelo
professor, contribuindo com sugestões.
Acredito que estamos seguindo no caminho certo, considerando o aluno com
toda a sua individualidade, respeitando o seu tempo.
Professora Daniele
A avaliação que se dá através do relatório, a princípio pra mim, foi muito difícil.
Senti-me muito insegura, pois acreditava não conhecer o meu aluno como um
todo e, colocar no papel o que eu pensava sobre ele, não me parecia fácil. Na
prática, isso não foi verdade. A nota que torna o aluno apenas um número a
mais limita também a capacidade do professor em avaliar e conhecer o aluno
como um todo.
A partir do relatório, comecei a ver meu aluno de um modo diferente, como
um ser individualizado. Aprendi o quanto é importante valorizar o que cada um
tem de melhor e, é claro, o que ainda não conseguiu alcançar até aquele
dado momento, considerando e respeitando sempre a realidade de cada
aluno. Penso que hoje não saberia avaliar meu aluno de outra maneira, pois
sempre estou em busca de novas construções e possibilidades para tentar ser o
mais verdadeira possível em meus relatórios.
Professora Mírian
É pertinente pontuar que o sistema acima relatado faz parte de uma caminhada sobre a qual se
estava refletindo e que repensar o sistema de avaliação não se dissocia do repensar a escola,
seus tempos e espaços, as nossas metodologias pedagógicas.
Tarefa 2
20
Parte 2: Registro e portfólio e a avaliação de aprendizagem ¹
1. Vamos falar de portfólios
S Se você olhar em um dicionário, vai ler que portfólio vem de porta-fólio2 , que significa pasta
ou álbum para guardar papéis. É fácil, portanto, fazer uma comparação para você entender
facilmente o que é um portfólio: pode ser comparado com uma pasta em que você guarda seus
documentos de modo organizado.
O portfólio tem sido utilizado em muitos ramos da vida cotidiana como meio de divulgação e
de propaganda. Se você entrar num site de busca na internet e solicitar o termo “portfólio”,
observará centenas de exemplos de empresas, escolas e tantos outros ramos divulgando seus
produtos e serviços por meio de portfólios. Por que utilizam portfólios? Porque permitem às
pessoas visualizar de modo integral, ao mesmo tempo em que permitem a observação detalhada
de tópicos específicos no conjunto de produtos que estão veiculando.
A pergunta que fazemos é: Onde está o valor pedagógico de um portfólio? Um portfólio
permite a você organizar as atividades de seus alunos.
Qual é a relação disto com o portfólio como instrumento de avaliação? É o que ele permite ao
leitor ver. E quem é o professor ou a professora, senão um leitor do desenvolvimento do aluno?
Observe que o princípio é o mesmo. Com as atividades de seus alunos organizadas, você pode
acompanhar o desenvolvimento de cada um deles de modo sistemático e contínuo.
1
Esta unidade tem sua origem no volume “A avaliação em Matemática nas Séries Iniciais” da
Coleção Avaliação de Aprendizagem em disciplinas escolares nas séries iniciais, publicada
pelo Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de professores da Educação Básica –
CINFOP – www.cinfop.ufpr.br instalado na Universidade Federal do Paraná. Autores: Ettiène
Guérios, Tânia T. Bruns Zimer, Roberto José Medeiros Jr.
² Em português, utilizamos tanto o termo “portfólio” quanto “portifólio” em vez de “porta-fólio”.
21
produtora de seu próprio conhecimento. Criança produtora! Nada mais profícuo para você
atingir o anseio pedagógico de ter a criança como produtora e não apenas como receptora de
conhecimentos que lhe são transmitidos na escola.Temos, então, duas dimensões em sua
utilização: portfólio como coletânea e portfólio como produção.
Se você escutar que há também processofólio e que este é diferente de portfólio, é porque
alguns entendem que no portfólio são armazenadas atividades concluídas dos alunos – uma
sucessão de atividades já desenvolvidas, ou a última versão das diferentes atividades propostas
– e no processofólio vai-se armazenando todas as etapas que vão sendo desenvolvidas.
Por exemplo: Imaginemos que, neste mês, você realizou as atividades da Tarefa 3 e da Tarefa 4
(roteiro individual) do fascículo números naturais deste curso. São elas:
Tarefa 3
Tarefa 4
22
Atividades para o cotidiano da sala de aula
Atividade 1
Liste atividades que você desenvolverá este mês em sua sala de aula real, a
partir de seu planejamento. Construa um quadro segundo o modelo abaixo. ○ ○ ○
○
○
Conteúdo Objetivo Atividade Objetivo Como propôs Soluções
○
matemático prevista da atividade didaticamente esperadas de
○
○
prevista a atividade sua parte
○
○
○
○
○
○
○
○
Construa portfólios com a totalidade de sua turma e, para esta atividade,
escolha os portfólios de cinco alunos. Acompanhe-os detalhadamente durante
todo o tempo e construa o SEU portfólio com observações sobre o processo
destes alunos na elaboração dos seus portfólios. Ou seja, VOCÊ estará fazendo
o SEU portfólio com as SUAS observações sobre ELES fazendo os portfólios DELES.
O que fazer com estas constatações?
O que favoreceu a aprendizagem, você aprimora, aperfeiçoa e investe. O que
estagnou, você modifica, evitando a repetição dos mesmos problemas. Os
erros podem ser identificados enquanto estão ocorrendo e não apenas depois,
quando já são fato consolidado. E mais, a reflexão sobre os fatos observados se
constitui em momentos de estudos do professor, se este se dedica a interpretar
os dados coletados.
Se, durante sua atividade, em uma unidade temática de conteúdo, você
perceber que está havendo problema, você pode estar incrementando suas
aulas de modo a superar dificuldades antes que elas se tornem “resultado
negativo” por parte dos alunos. O que se quer dizer com isso? Que portfólios
possibilitam que você acompanhe em tempo real o desenvolvimento de seus
alunos e monitore o andamento de suas atividades no ano letivo.
Atividade 2
Considerando os dados registrados no quadro, durante um mês, construa o
“boletim” de anotações destes alunos. Faça-o do modo como faz em sua
escola. Se for por meio de notas ou de conceito, lance a nota ou o conceito e
justifique detalhadamente o porquê da mesma. Se for por meio de outros
instrumentos, como parecer descritivo, por exemplo, faça-o também
justificando.
23
Atividade 3
○
○
Soluções previstas de sua parte Modos de desenvolvimento
○
○
apresentados pelos alunos
○
○
○
○
Observação: Na seqüência deste fascículo você construirá outro portfólio.
Será para estudar sobre registros no processo de avaliação de aprendizagem.
Indicações sobre a atividade virão a seguir.
Atividade 4
Esta atividade tem duas etapas e pode ser realizada entre os professores e as
professoras de sua escola ou entre os que estão participando deste curso.
Decidam entre vocês e com o tutor o melhor modo de realizá-la.
Etapa 1: Organizem um grupo de pelo menos cinco professores e troquem seus
portfólios entre si, de modo que cada um leia os dos demais. Elaborem um texto
comparativo entre os portfólios. Para tal identifiquem os conteúdos matemáticos
desenvolvidos e as estratégias de resolução dos alunos, comparem, analisem
cada um, observem em que são semelhantes e descrevam detalhadamente os
que se diferenciam. Uma sugestão é que vocês elaborem um quadro que lhes
permita visualizar os conteúdos e as respectivas estratégias.
Etapa 2: Troquem os textos elaborados entre si. Leiam atentamente os demais
textos e escrevam outro texto – como se fosse uma carta para um colega -
explicitando a contribuição de cada um para a melhoria de sua prática.
É possibilidades de avaliar a aprendizagem dos alunos por meio dos registros que OS ALUNOS
fazem.
O que são registros? São modos como os alunos expressam o movimento da aprendizagem. Os
alunos constroem conhecimentos matemáticos ao desenvolverem atividades. Enquanto falam,
desenham e escrevem, eles estão expressando idéias, refletindo sobre suas próprias palavras e
24
as dos colegas, estabelecendo relações. Podemos utilizar os registros orais, os pictóricos e os
escritos.
Para estudar sobre registros no processo de avaliação de aprendizagem, construa um portfólio.
Esta atividade será finalizada ao término deste módulo.
O registro oral possibilita a você compreender como o aluno está desenvolvendo seu
pensamento e que estratégias está elaborando na resolução de uma situação matemática. O
registro oral como possibilidade avaliativa transcende o diálogo natural de sala de aula. Torna-
se possibilidade avaliativa quando você observa intencionalmente esta fala. Em outras palavras,
quando você está prestando atenção, analisa a manifestação oral de seu aluno, faz SEUS
REGISTROS (para, por exemplo, anexar a seu portfólio), e acompanha a evolução das idéias
manifestadas por eles.
O registro oral permite que você “entenda” o que seu aluno está pensando. Ao entender, muitas
vezes, você observa que o aluno resolveu uma situação matemática de outro modo que o
esperado por você, porque ele disse como fez. Permite também observar que errou, mas que este
erro não evidencia o desconhecimento do todo em relação ao conteúdo em estudo.
Atividade 5
Durante a próxima aula que você for ministrar, anote cinco erros cometidos de
modos diferentes por seus alunos. Peça para estes alunos explicarem o modo
como fizeram esta atividade e por que fizeram desta forma. Anote estas
explicações e observe muito bem o que os alunos disseram, reflita sobre sua
prática docente em função destas respostas. Escreva sua avaliação para cada
caso.
Na próxima aula, organize a turma em grupos e peça para cada grupo discutir
as “elaborações” dos colegas. Para isto, utilize a técnica de atividade em
grupo que lhe é usual e construa uma atividade. Por exemplo: Solicite que
expliquem o que está errado e construam uma solução para o problema
apresentado.
A seguir, peça que cada grupo apresente sua proposta para os demais
colegas e faça um debate entre os grupos.
Organizando seu portfólio: O que fará parte de seu portfólio? Escreva!
25
Atividade 6
26
revelam o alcance deste objetivo, ou seja, mesmo que esteja havendo
aprendizagem, se este objetivo está sendo atingido.
Agora vamos seguir para os registros escritos e depois continuaremos com esta
atividade.
O registro escrito refere-se à palavra escrita de seu aluno. Vamos, aqui, focar a
avaliação do processo de aprendizagem em anotações que eles fazem ao
desenvolverem atividades e em textos que eles elaboram. Se os textos são
atividades formais e conclusivas, os rascunhos evidenciam caminhos que os
alunos estão trilhando para chegar ao conhecimento. Estes rascunhos são fonte
preciosa para se avaliar a aprendizagem.
Atividade 7
Peça que os alunos não apaguem seus registros nem seus borrões. Crie uma
situação confortável em sala de aula, de modo que eles fiquem a vontade e
achem “interessante” seus borrões. As crianças tendem a apagar rapidamente
o que escrevem em seus cadernos a qualquer movimento do professor ou da
professora. Estes borrões podem lhe indicar tentativas, descaminhos, distração,
dificuldade. Os dados revelados nos borrões podem servir para elementos de
interpretação de como cada aluno está construindo a sua aprendizagem.
O registro pictórico é o que se dá por meio do desenho das crianças. Diferente
do desenho artístico em que o aluno dá asas à imaginação sem compromisso
27
com conteúdo específico. O registro pictórico permite ao aluno representar seu
conhecimento durante a atividade. Nos Anos Iniciais, fornece pistas sobre o
pensamento das crianças e retrata as estratégias de resolução de situações
matemáticas. Eis outra modalidade de registro que possibilita a avaliação de
aprendizagem em Matemática.
Atividade 8
Peça aos alunos para representarem por meio de desenhos o que estão
entendendo sobre esta idéia matemática que está sendo trabalhada. Analise
os registros. O que eles indicam para você?
Você pode deter-se a analisar e refletir sobre cada uma das modalidades de
registro que estamos apresentando. No entanto, é no conjunto deles que se tem
as maiores possibilidades de acompanhar a aprendizagem do aluno. Escrever,
falar sobre o que está gerando a escrita e representar pictoricamente são três
âmbitos conjugados de uma mesma faceta que devem ser articulados, de
modo que um instrumentalize o outro. Por exemplo, o registro oral pode
oferecer-lhe a explicação de que você precisa para entender mais
detalhadamente o pictórico. O aluno, ao explicar o que fez, revela o modo
como está processando informações e as conexões que lhe são lógicas.
Atividade 9
28
relações existentes entre os registros e escreva um texto sobre as relações
observadas. Como nas atividades anteriores, formalize sua avaliação,
justificando-a detalhadamente.
Analisando portfólios
Observe seu portfólio, analise suas observações – da primeira à última! Observe
o portfólio de cinco alunos.
Retome as avaliações que você foi efetivando durante este estudo. Agora,
estabeleça uma “avaliação final” para seus alunos em função da análise dos
portfólios deles e do seu.
Atividade 10
29
durante todo o tempo do trabalho para elementos que lhes permitam repensá-
lo na direção de uma maior aprendizagem dos alunos.
Tal afirmação parece validar a contribuição de portfólios como instrumento de
avaliação. Registros, em suas diferentes naturezas, permitem a observação de
etapas de aprendizagem e o desvelamento do pensamento dos alunos. Por
isso oferecemos tais elementos neste fascículo.
T
Todos os nossos alunos são merecedores de nosso olhar especial, visto considerarmos suas
especificidades e subjetividades. Todavia, ao se tratar de sujeitos com necessidades
educacionais especiais, esse olhar toma, ainda, uma outra dimensão. E como falar deste “olhar”,
quando se trata de sistematizá-lo por meio de uma avaliação?
Tenho presenciado e vivenciado algumas situações que põem educadores em profunda angústia
e conflito quando se trata de avaliar esses alunos. Em especial, gostaria de trazer o relato de
alguns desses momentos, como coordenadora pedagógica, tomando como exemplo o aluno
Marcos3 .
Marcos tinha como diagnóstico de especialistas da medicina, paralisia cerebral em decorrência
de anoxia perinatal, provocando-lhe dificuldades de ordem motora (física). Assim, tudo o que
realizava (falar, escrever, arrumar seu material), o fazia com certa dificuldade e lentidão. No
entanto, mostrava-se muito participativo em aula, dando opiniões, partilhando idéias,
estudando.
Após freqüentar uma classe especial, Marcos ingressou numa 1ª série do ensino regular, com
idade bastante diferenciada da de seus colegas. Com histórico de muitas reprovações, chegou à
4ª série, com 17 anos de idade. Obviamente, os interesses de um adolescente nesta idade são
muito distintos dos de crianças de dez anos. Mesmo percebendo que Marcos estava
“descontextualizado” em sua turma, seus professores insistiam em que ele não avançasse, pois
temiam que não daria conta do conteúdo das séries subseqüentes. Não raro se ouvia que
Marcos, em relação aos seus colegas, era muito lento, não conseguia realizar todas as atividades
propostas, enfim, raramente conseguia acompanhar a turma.
A posição dos professores, ao avaliar as construções de Marcos, vinha marcada pela
comparação do que ele produzia em relação à produção de seus colegas. A partir daí,
começamos a estudar a verdadeira proposta da inclusão que, primeiramente, deveria ser
privilegiada pelo olhar e pelo “enxergar” das limitações desses sujeitos que, por serem físicas
(ou mentais), as tornam muito evidentes numa escola e em qualquer contexto da sociedade.
Quantas outras limitações encontram-se no anonimato em nossas salas de aula, por não se
inscreverem nos aspectos físicos?
Passamos a ler, a estudar e a discutir sobre a inclusão. Enfim, passamos a ressignificá-la,
3
Trata-se de um nome fictício.
30
considerando que esse “novo olhar” deveria passar por todas as pessoas que cercam esses
sujeitos. Fazia-se urgente que assumíssemos, realmente, nossas responsabilidades frente a essa
questão. Perguntamo-nos: Será que, para viver uma proposta de inclusão, basta garantir
matrícula a sujeitos com necessidades educacionais especiais no ensino regular?
O que a escola e os professores têm condições de propor para oferecer educação a sujeitos com
necessidades especiais?
Certamente a inclusão pressupõe muito mais do que, simplesmente, garantir-lhes vagas no
ensino regular. É preciso querer e desejar que ela aconteça e entender que as necessidades são
particulares e específicas de cada sujeito. E, na questão da avaliação, se cada sujeito é único,
seria justo compararmos suas construções com as de seus colegas?
Como conseqüência da caminhada do grupo de professores e por sugestão deles próprios
Marcos avançou, na metade do ano letivo em que cursava a 4ª série, para a 6ª série.
Entendíamos que ele precisava conviver com adolescentes, cujos interesses se assemelhassem
aos seus. Também, no grupo de 6ª série, ele seria bem acolhido, pois lá tinha alguns amigos em
comum.
Convém esclarecer que alguns professores e professoras demoraram mais a engajar-se a essa
proposta e, freqüentemente, entravam em conflito entre o avaliar das construções de Marcos a
partir de suas condições (ele, a partir dele) e o avaliar comparando-o a seus colegas.
Houve momentos em que o professor ou a professora não sabia que convenção atribuir a
Marcos, pois ele não tinha concluído qualquer trabalho avaliativo em sua disciplina. Havia certa
dificuldade em entender que o seu tempo era diferente do de seus colegas e que, por isso, a
forma de avaliá-lo deveria, também, ser diferenciada. Como exigir dele que realizasse todas as
atividades propostas, se isso era humanamente impossível? Por que não considerar o que ele
conseguia fazer, respeitando o seu tempo?
E você, já vivenciou situações em que não soube que convenção ou nota atribuir a um aluno por
não ter uma “prova” concreta de suas construções? Como se sentiu? Que medidas você tomou a
partir daí?
Como você avaliaria um aluno com necessidades educativas especiais? Que critérios você
adotaria? No caso de Marcos que realizava as atividades com certa lentidão, como você o
avaliaria? Que aspectos você contemplaria?
Cumpre colocar que o fracasso escolar de Marcos cedeu espaço e, hoje, com 21 anos de idade,
ele cursa o 1º ano do Ensino Médio.
31
Referências Bibliográficas
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Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
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2001.
FISS, Ana Jovelina L.; CALDEIRARO, Ires P. Planos de Estudos: o pensar e o fazer
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: Um reencontro com a pedagogia do
oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FREIRE, Paulo; SCHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. Rio de
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FREITAS, Ana Lúcia de. O registro como instrumento da prática profissional do
“professor reflexivo”. Educação. Porto Alegre, n° 40, p. 203-222, abril, 2002.
GUÉRIOS, Ettiène; ZIMER, Tânia T. Bruns; MEDEIROS JUNIOR, Roberto José. A
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PERRENOUD, Philippe. Não mexam na minha avaliação! Para uma abordagem
sistêmica da mudança pedagógica. In: ESTRELA, Albano; NÓVOA, António (Orgs.).
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VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org.). Projeto Político-Pedagógico da escola: uma
construção possível. Campinas, SP: Papirus, 1997.
32
INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
.............................................
Matemática
..............................................
Brasília – 2008
Diretoria de Avaliação da Educação Básica (DAEB)
A
A questão da qualidade e da eqüidade tem assumido, nos últimos anos, lugar de destaque nas
discussões sobre políticas públicas de educação, ressaltando a importância do processo de
avaliação, em todos os níveis, para a obtenção de informações sobre a realidade educacional no
País.
No âmbito escolar, a avaliação realizada pelo professor, em sala de aula, é uma das etapas do
processo ensino-aprendizagem. Diagnostica as necessidades, os interesses e os problemas dos
alunos, permitindo aos professores e à escola acompanhar a construção do conhecimento pelo
aluno, no início, durante e ao final do processo. Os resultados dessa avaliação subsidiam o
professor tanto para planejar atividades de ensino mais adequadas, quanto para definir novos
rumos.
A necessidade de obter informações mais gerais sobre a educação no País leva à adoção da
avaliação de sistema. Essa avaliação utiliza procedimentos metodológicos de pesquisa, formais e
científicos, que garantem sua confiabilidade, para coletar dados sobre o desempenho do aluno e
as condições internas e externas que nele interferem.
A análise dos resultados do desempenho do aluno, nesse tipo de avaliação, permite verificar, por
extensão, o desempenho da escola e dos sistemas de ensino, para fornecer informações que
permitam a adoção de programas e projetos voltados à melhoria da qualidade educacional, uma
vez que é função primordial da avaliação de sistema fornecer elementos para subsidiar políticas
educacionais adequadas à realidade, em âmbito local, nacional e mesmo internacional.
3
O Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica (Saeb) e a Prova Brasil
C
Com a finalidade de fornecer aos gestores dos sistemas de ensino informações que subsidiem o
processo de tomada de decisão e elementos para monitorar as políticas públicas de educação no
País, surgiu, em 1990, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
O Saeb avalia o que os alunos sabem e são capazes de fazer em diversos momentos de seu
percurso escolar, considerando as condições existentes nas escolas brasileiras. Para tanto, o
Saeb utiliza instrumentos específicos: provas aplicadas a alunos de escolas selecionadas, por
meio das quais é medido o desempenho acadêmico dos mesmos; questionários, pelos quais são
investigados os fatores intra e extra-escolares associados ao desempenho dos alunos. Por isso,
as informações do Saeb permitem a identificação e a análise de aspectos que contextualizam o
processo de ensino-aprendizagem em que foram obtidos os resultados de desempenho. Tais
dados são levantados por meio da aplicação de questionários aos professores, aos diretores e
aos alunos.
Para atingir os objetivos a que se propõe, o Saeb avalia, a cada dois anos, o desempenho
cognitivo dos alunos de 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e de 3ª série do Ensino Médio,
assim como os fatores associados a esse desempenho. As informações resultantes desses
levantamentos permitem, então, fazer associações, correlações, análises e estudos que oferecem
um quadro da realidade educacional brasileira.
Desde 2005, foi acrescida ao sistema de avaliação a chamada Prova Brasil, cujo nome oficial é
Avaliação Nacional do Rendimento Escolar. Assim, o Sistema de Avaliação da Educação Básica
(Saeb), conforme estabelece a Portaria n.º 931, de 21 de março de 2005, passa a ser composto
por dois processos: o de Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e o de Avaliação
Nacional do Rendimento Escolar (Anresc).
A Aneb é realizada por amostragem das Redes de Ensino em cada Unidade da Federação e
foca as gestões dos sistemas educacionais. Por manter as mesmas características, a Aneb ainda
recebe o nome do Saeb em suas divulgações; a Anresc é mais extensa e mais detalhada que a
Aneb, pois foca cada unidade escolar. Por seu caráter universal, a Anresc recebe o nome de
Prova Brasil em suas divulgações e é aplicada a todas as escolas públicas urbanas brasileiras,
com mais de 20 alunos na série avaliada.
4
As Matrizes de Referência do SAEB /
Prova Brasil
A
A realização de uma avaliação de sistema com amplitude nacional, para ser efetiva, exige a
construção de uma matriz de referência que dê transparência e legitimidade ao processo de
avaliação, informando aos interessados o que será avaliado. As matrizes descrevem o objeto da
avaliação, são um referencial curricular mínimo a avaliar em cada disciplina e série, informando
as competências e habilidades esperadas dos alunos.
Torna-se necessário ressaltar que as matrizes não englobam todo o currículo escolar. É feito um
recorte com base no que possa ser aferido por meio do tipo de instrumento de medida utilizado
no Saeb e na Prova Brasil e que, ao mesmo tempo, seja representativo do que está contemplado
nos currículos vigentes no Brasil.
Assim compreendidas, as matrizes não podem ser confundidas com procedimentos, estratégias
de ensino ou orientações metodológicas nem com conteúdo para o desenvolvimento do trabalho
do professor em sala de aula. Esses elementos estão presentes nos guias ou propostas
curriculares dos sistemas de ensino.
As matrizes têm por referência os Parâmetros Curriculares Nacionais mas foram construídas a
partir de uma consulta nacional aos currículos propostos pelas Secretarias Estaduais de
Educação e por algumas redes municipais. O INEP consultou também professores regentes das
redes municipal, estadual e privada, de 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e, ainda, examinou
os livros didáticos mais utilizados para essas séries, nas mesmas redes.
As matrizes de referência são a base para a elaboração dos itens dos testes do Saeb e da Prova
Brasil. Reitere-se que Item é a denominação adotada para as questões que compõem a prova.
Essa nomenclatura deve-se ao entendimento de que o termo item se refere a questões que
abordam, com preponderância, uma única dimensão do conhecimento.
Cada matriz de referência apresenta tópicos ou temas que, com descritores, indicam as
habilidades de Língua Portuguesa e de Matemática a serem avaliadas. O descritor é uma
associação entre conteúdos curriculares e operações mentais desenvolvidas pelo aluno que
traduzem certas competências e habilidades. Essa associação apresenta um resultado que é a
matéria-prima a partir da qual é possível elaborar um item de prova. As respostas dadas pelos
alunos a esses itens possibilitam a descrição do nível de desempenho por eles atingido. A partir
daí, é dado conhecer o desempenho dos sistemas de ensino.
A preocupação com a articulação interna entre descritores e itens das provas, com vista à sua
coerência e à sua consistência, foi determinada pelo objetivo de avaliar, com mais rigor, o que os
alunos realmente sabem e o que lhes falta alcançar a cada etapa conclusiva de nível ou ciclo de
escolarização.
5
A Matriz de Referência
de Matemática
A
Ao contrário da simples reprodução de procedimentos e do acúmulo de informações, a matriz de
referência que norteia as provas de Matemática do Saeb e da Prova Brasil está estruturada
sobre o FOCO RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS. A resolução de problemas possibilita o
desenvolvimento de capacidades como: observação, estabelecimento de relações, comunicação
(diferentes linguagens), argumentação e validação de processos, além de estimular formas de
raciocínio como intuição, indução, dedução e estimativa. Essa opção traz implícita a convicção
de que o conhecimento matemático ganha significado quando os alunos têm situações
desafiadoras para resolver e trabalham para desenvolver estratégias de resolução.
Essa Matriz, como já foi dito anteriormente, diferentemente do que se espera de um currículo,
não traz orientações ou sugestões de como trabalhar em sala de aula, tampouco sugere
progressão e hierarquia de conteúdos. Além disso, não menciona certas habilidades e
competências que, embora sejam importantes, não podem ser medidas por meio de uma prova
escrita. Em outras palavras, a Matriz de Referência de Matemática do Saeb e da Prova Brasil
sofre as limitações do tipo de instrumento (prova) utilizado na medição do desempenho. Sob esse
aspecto, parece também ser evidente que o desempenho dos alunos em uma prova com
questões de múltipla escolha não fornece ao professor indicações de todas as competências
desenvolvidas nas aulas de Matemática.
Assim sendo, não é válido explicitar competências relacionadas a conhecimentos e a
procedimentos que não possam ser objetivamente verificados. Um exemplo: o conteúdo “utilizar
procedimentos de cálculo mental”, que consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais, apesar de
indicar uma importante capacidade que deve ser desenvolvida ao longo de todo o ensino
fundamental, não tem, nessa Matriz, um descritor correspondente.
Um outro exemplo de descritor que não poderá ser exatamente contemplado em uma prova
composta de itens de múltipla escolha é “construir representações gráficas tais como listas,
tabelas e gráficos”. Por meio desse tipo de instrumento, seria possível apenas verificar, por
exemplo, se o aluno identifica, dentre as alternativas, o gráfico (ou a tabela) que representa
adequadamente os dados de um problema.
A partir dos itens do Saeb e da Prova Brasil, é possível afirmar que um aluno desenvolveu uma
habilidade (constante em um descritor) quando ele é capaz de resolver um problema a partir da
utilização / aplicação de um conceito por ele já construído. Por isso, a prova busca apresentar,
prioritariamente, situações em que a resolução de problemas seja significativa para o aluno.
Por problemas significativos para o aluno, entendem-se situações que permitam
“recontextualizar” os conhecimentos que foram apresentados a ele de forma
“descontextualizada”, por ocasião de seu processo de aprendizagem. Essa opção pela resolução
de problemas significativos não exclui totalmente a possibilidade da proposição de alguns itens
com o objetivo de avaliar se o aluno tem domínio de determinadas competências matemáticas.
Por fim, convém relembrar que os conhecimentos e competências matemáticas indicadas nos
descritores da matriz de referência de Matemática estão presentes, de forma consensual, nos
6
currículos das Unidades da Federação e nas Diretrizes Curriculares Nacionais. Esses
descritores são apresentados em três níveis: 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e 3ª série do
Ensino Médio.
As Matrizes de Referência de Matemática são apresentadas em duas dimensões. Em uma
dimensão são expressos os temas relacionados a cada área do conhecimento e, em outra, são
descritas as habilidades a serem desenvolvidas ao longo de cada ciclo, e que resultam nos
descritores avaliados nos testes. São quatro os temas da matriz de Matemática:
I– Espaço e Forma;
II – Grandezas e Medidas;
III – Números e Operações /Álgebra e Funções; e
IV – Tratamento da Informação.
Os descritores relacionados aos tópicos são variados, de modo a cobrir todo o conteúdo
ensinado. A seguir, são relacionados os temas e os descritores a eles relacionados para a matriz
de 4ª série do Ensino Fundamental. São feitos, também, alguns comentários e apresentados
alguns exemplos de itens.
7
Matriz de Referência de Matemática do
Saeb-Prova Brasil:
Temas e seus Descritores –
4ª Série do Ensino Fundamental
I. Espaço e Forma
D1 – Identificar a localização /movimentação de objeto em mapas, croquis e outras
representações gráficas.
D2 – Identificar propriedades comuns e diferenças entre poliedros e corpos redondos,
relacionando figuras tridimensionais com suas planificações.
D3 – Identificar propriedades comuns e diferenças entre figuras bidimensionais pelo número de
lados, pelos tipos de ângulos.
D4 – Identificar quadriláteros observando as posições relativas entre seus lados (paralelos,
concorrentes, perpendiculares).
D5 – Reconhecer a conservação ou modificação de medidas dos lados, do perímetro, da área
em ampliação e /ou redução de figuras poligonais usando malhas quadriculadas.
8
D15 – Reconhecer a decomposição de números naturais nas suas diversas ordens.
D16 – Reconhecer a composição e a decomposição de números naturais em sua forma
polinomial.
D17 – Calcular o resultado de uma adição ou subtração de números naturais.
D18 – Calcular o resultado de uma multiplicação ou divisão de números naturais.
D19 –Resolver problema com números naturais, envolvendo diferentes significados da adição ou
subtração: juntar, alteração de um estado inicial (positiva ou negativa), comparação e mais de
uma transformação (positiva ou negativa).
D20 – Resolver problema com números naturais, envolvendo diferentes significados da
multiplicação ou divisão: multiplicação comparativa, idéia de proporcionalidade, configuração
retangular e combinatória.
D21 – Identificar diferentes representações de um mesmo número racional.
D22 – Identificar a localização de números racionais representados na forma decimal na reta
numérica.
D23 – Resolver problema utilizando a escrita decimal de cédulas e moedas do sistema monetário
brasileiro.
D24 – Identificar fração como representação que pode estar associada a diferentes significados.
D25 – Resolver problema com números racionais expressos na forma decimal envolvendo
diferentes significados da adição ou subtração.
D26 – Resolver problema envolvendo noções de porcentagem (25%, 50%, 100%).
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Matriz de Matemática de 4ª série
Comentários sobre os Temas e seus Descritores
Exemplos de itens
Tema I – Espaço e Forma
A
A compreensão do espaço com suas dimensões e formas de constituição é elemento necessário
para a formação do aluno na fase inicial de estudos de geometria. Os conceitos geométricos
constituem parte importante do currículo de Matemática porque, por meio deles, o aluno
desenvolve um tipo especial de pensamento que lhe permite compreender, descrever e
representar, de forma organizada e concisa, o mundo em que vive. O trabalho com noções
geométricas contribui para a aprendizagem de números e medidas, estimulando a criança a
observar, perceber semelhanças, diferenças, identificar regularidades e vice-versa.
Ao concluir a 4ª série, o aluno deve conseguir observar que o espaço é constituído de três
dimensões: comprimento, largura e altura. Deve também observar que uma figura geométrica é
constituída de uma, duas ou três dimensões, identificando algumas propriedades e estabelecendo
classificações. A identificação de uma localização ou deslocamento, a percepção de relações
dos objetos no espaço com a utilização do vocabulário correto são, também, noções importantes
para essa fase de aprendizagem do aluno.
As habilidades relacionadas aos descritores do tema Espaço e Forma são comentadas a seguir,
considerando-se o que é avaliado nos testes do Saeb e da Prova Brasil.
As habilidades que podem ser avaliadas por este descritor referem-se ao reconhecimento, pelo
aluno, da localização e movimentação por meio da descrição, interpretação e representação da
posição de uma pessoa ou objeto no espaço, sob diferentes pontos de vista.
Essas habilidades são avaliadas por meio de situações-problema, nas quais é considerado o
contexto real da vida cotidiana do aluno. Dessa forma, os itens abordam noções básicas de
localização ou movimentação tendo como referência algum ponto inicial em croquis, itinerários,
desenhos de mapas ou representações gráficas, utilizando um único comando ou uma
combinação de comandos (esquerda, direita, giro, acima, abaixo, ao lado, na frente, atrás, perto).
É também avaliado o uso adequado da terminologia usual referente a posições. Por exemplo, é
solicitado ao aluno que ele identifique a posição de pessoas em uma figura, dada uma referência;
ou que ele reconheça e relate um trajeto mais perto para ir a um determinado lugar,
posicionando-se (direita, esquerda, em frente). A seguir é apresentado um exemplo de item
relacionado a esse descritor.
10
Exemplo:
Você está de frente para essa estante. O livro de Música é o terceiro a partir da
sua
(A) esquerda na prateleira do meio.
(B) direita na prateleira de cima.
(C) esquerda na prateleira de cima.
(D) direita na prateleira do meio.
Por meio deste descritor podem-se avaliar habilidades relacionadas à capacidade de o aluno
diferenciar um sólido com faces, arestas e vértices (poliedro) de corpos redondos (cilindro,
cones e esferas), pelas suas características. Essa distinção é feita a partir da visualização dos
objetos que os representam, com base no reconhecimento de cada componente (faces, arestas,
vértices, ângulos), tanto do poliedro quanto dos corpos redondos, considerando-se também a
forma planificada dos respectivos sólidos.
Com respeito a planificações é importante que o aluno tenha em mente que a esfera não tem
uma planificação, ou seja, não é possível cortá-la e depois tentar colocá-la no plano sem
deformar, esticar ou dobrar. Essas habilidades são avaliadas por meio de situações-problema
contextualizadas, que envolvem a composição e decomposição de figuras, reconhecimento de
semelhanças e diferenças entre superfícies planas e arredondadas, formas das faces, simetrias,
além do reconhecimento de elementos que compõem essas figuras (faces, arestas, vértices,
ângulos). Por exemplo, nos testes, solicita-se que o aluno identifique entre algumas figuras
aquelas que possuem faces circulares, ou as que representam uma esfera; ou que identifique a
forma de um cubo desmontado, entre outros. A seguir é apresentado um exemplo de item
relacionado a esse descritor.
11
Exemplo:
Sabendo que no dado a soma dos números em duas faces paralelas quaisquer
totaliza sempre 7, que algarismos deverão estar escritos nas faces vazias?
(A) 1 2 5 6
(B) 2 1 6 5
(C) 2 5 1 6
(D) 1 2 6 5
As habilidades que podem ser avaliadas por meio deste descritor referem-se ao reconhecimento,
pelo aluno, de um polígono (figura formada pela união de segmentos de reta fechada),
classificando-o pela quantidade de lados, que terá, por sua vez, a mesma quantidade de ângulos.
Além disso, o aluno deve observar que os polígonos podem ser regulares (têm os lados e os
ângulos congruentes), ou não regulares (não têm lados e ângulos congruentes), e no caso dos
triângulos, a classificação deve ser feita quanto aos lados e aos ângulos.
Essas habilidades são avaliadas nos testes do Saeb e da Prova Brasil por meio de contextos, nos
quais é solicitado ao aluno identificar semelhanças e diferenças entre polígonos, usando critérios
como número de lados, número de ângulos, eixos de simetria, etc. Exploram-se, também,
características de algumas figuras planas, tais como: rigidez triangular, paralelismo e
perpendicularismo de lados; e, ainda, composição e decomposição de figuras planas;
identificação de que qualquer polígono pode ser composto a partir de figuras triangulares e
ampliação e redução de figuras planas pelo uso de malhas. A seguir é apresentado um exemplo
de item relacionado a esse descritor.
12
Exemplo:
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno perceber, apenas
conceitualmente, as diferenças entre os quadriláteros. Por meio de figuras, ele deve ser capaz
de reconhecer as características próprias dos quadriláteros e perceber que um quadrilátero
satisfaz as definições do retângulo e do losango; que um paralelogramo satisfaz as definições do
trapézio; e que tanto o losango quanto o retângulo satisfazem a definição do paralelogramo. Pela
visualização ele deve identificar, ainda, as definições dos respectivos quadriláteros.
Essa habilidade é avaliada por meio de situações-problema contextualizadas, nas quais o aluno
seja capaz de identificar características próprias das figuras quadriláteras, de acordo com a
posição dos lados: lados paralelos, perpendiculares e concorrentes. A seguir é apresentado um
exemplo de item relacionado a esse descritor.
13
Exemplo:
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno conceituar perímetro e área de
um polígono com o apoio de malhas quadriculadas. O desenvolvimento dessa habilidade implica
que o aluno realize ampliações ou reduções de uma figura poligonal fechada ou a sua
transferência de um lugar a outro, sua modificação, ou ainda a realização de um giro da posição
do polígono.
Essa habilidade é avaliada por meio de problemas do cotidiano nos quais é solicitado ao aluno
que observe a ampliação ou a redução de figuras planas por meio do uso de malhas
quadriculadas, e que observe também a conservação ou modificação de medidas, considerando-
se o perímetro ou a área dessas figuras. A seguir é apresentado um exemplo de item relacionado
a esse descritor.
14
Exemplo:
15
Tema II – Grandezas e Medidas
A
A comparação de grandezas de mesma natureza que dá origem à idéia de medida é muito antiga.
Afinal, tudo o que se descobre na natureza é, de alguma forma, medido pelo homem. Assim, por
exemplo, a utilização do uso de partes do próprio corpo para medir (palmos, pés, polegadas) pode ser
uma estratégia inicial para a construção das competências relacionadas a esse tema porque permite
a reconstrução histórica de um processo em que a medição tinha como referência as dimensões do
corpo humano, além de destacar aspectos curiosos como o fato de que, em determinadas
civilizações, as medidas do corpo do rei eram tomadas como padrão.
Para certas aplicações, foram utilizadas medidas que com o tempo tornaram-se convencionais.
A velocidade, o tempo e a massa são exemplos de grandezas para as quais foram
convencionadas algumas medidas. Desse modo, é importante que os alunos reconheçam as
diferentes situações que os levam a lidar com grandezas físicas, para que identifiquem que
atributo será medido e o que significa a medida.
Os fundamentos deste tema, e as competências a ele relacionadas, que são esperadas de um
aluno até o término da 4ª série, dizem respeito à compreensão de que podem ser convencionadas
medidas ou, de que podem ser utilizados sistemas convencionais para o cálculo de perímetros,
áreas, valores monetários e trocas de moedas e cédulas.
As habilidades relacionadas aos descritores do tema Grandezas e Medidas são comentadas a seguir.
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno lidar com unidades de medida
não-convencionais, como, por exemplo, usar um lápis como unidade de comprimento, ou um
azulejo, como unidade de área, e para lidar com medidas adotadas como convencionais como
metro, quilo, litro, etc.
Essa habilidade é avaliada por meio de situações-problema, contextualizadas, que requeiram do
aluno identificar grandezas mensuráveis que ocorrem no seu dia-a-dia, convencionais ou não,
relacionadas a comprimento, massa, capacidade, superfície, etc. Por exemplo, solicita-se ao
aluno que, considerando-se a medida de um lápis em cm, e considerando-se, ainda, que
determinado objeto mede tantos lápis, que ele indique, em cm, a medida do objeto. A seguir é
apresentado um exemplo de item relacionado a esse descritor.
Exemplo:
16
D7 – Resolver problemas significativos utilizando unidades de medida
padronizadas como Km /m/ cm / mm, Kg /g / mg, l / ml.
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno solucionar problemas por meio
do reconhecimento de unidades de medidas padronizadas usuais (metro, centímetro, grama,
quilograma etc.). Ele deve resolver problemas envolvendo transformações de unidades de
medida de uma mesma grandeza, sem, no entanto, exagerar no trabalho com conversões
desprovidas de significado prático (quilômetro para milímetro, por exemplo).
Essa habilidade é avaliada por meio de problemas contextualizados que requeiram do aluno a
compreensão da ordem de grandeza das unidades de medida, e o reconhecimento da base dez
como fundamento das transformações de unidades. Nos testes do Saeb e da Prova Brasil
solicita-se ao aluno, por exemplo, que ele identifique quanto representa em litros, 6 garrafas de
600 ml; ou, dada uma distância em metros, qual a distância em km. A seguir é apresentado um
exemplo de item relacionado a esse descritor.
Exemplo:
Ao usar uma régua de 20 cm para medir uma mesa, Henrique observou que
ela cabia 27 vezes no comprimento da mesa. Ele multiplicou esses valores e
encontrou 540 cm. Em metros, o comprimento da mesa é de
(A) 0,54 m.
(B) 5,4 m.
(C) 54 m.
(D) 540 m.
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno compreender, relacionar e
utilizar as medidas de tempo realizando conversões simples, como, por exemplo, horas para
minutos e minutos para segundos.
Essa habilidade é avaliada por meio de situações-problema contextualizadas, que requeiram do
aluno utilizar medidas de tempo constantes nos calendários como milênio, século, década, ano,
mês, quinzena, semana, dia, hora, minuto e segundo. Por meio de circunstâncias concretas
relacionadas ao seu cotidiano, espera-se que o aluno utilize medidas de tempo e realize
conversões simples, relacionadas a horas, minutos e segundos, como no exemplo seguinte.
17
Exemplo:
(A) 3
(B) 4
(C) 5
(D) 6
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno realizar estimativas do tempo de
duração de um evento, a partir do horário de início e de término. Também, de maneira inversa, a
partir do conhecimento do tempo ou do horário de início de um evento, solicita-se ao aluno
calcular o seu horário de encerramento.
Essa habilidade é avaliada por meio de situações-problema contextualizadas, que requeiram do
aluno calcular estimativas do tempo de duração de, por exemplo, um jogo de futebol, um filme ou
uma novela. Devem ser exploradas as relações entre a hora e partes da hora em relógios e em
tabelas de horários de aulas, recreios, ônibus, etc. Um exemplo do que é requerido nos itens em
relação a esse descritor é a solicitação de que o aluno estime o horário de encerramento de um
evento dado o seu horário de início, como no exemplo a seguir.
Exemplo:
18
D10 – Em um problema, estabelecer trocas entre cédulas e moedas do
sistema monetário brasileiro, em função de seus valores.
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno realizar a troca de uma ou mais
cédulas por outras cédulas menores ou por moedas, considerando-se os seus valores. O
desenvolvimento dessa habilidade traz ao aluno a noção de convenção de valores que é atribuída
a certos objetos. Como exemplo, a compreensão de que uma nota de dez reais equivale a duas
notas de cinco, ou a cinco notas de dois reais, ou ainda a 10 notas de um real. Essa diferença de
pedaços de papéis é devido a uma convenção e à relação entre os valores de um com os de
outro e é estabelecida pelas operações matemáticas.
Esta habilidade é avaliada por meio de situações-problema contextualizadas, que requeiram do
aluno estabelecer trocas entre cédulas e cédulas, cédulas e moedas, moedas e moedas, do
Sistema Monetário Nacional, explorando vantagens e desvantagens dessas trocas, como no
exemplo a seguir.
Exemplo:
19
D11 – Resolver problema envolvendo o cálculo de perímetro de figuras
planas, desenhadas em malhas quadriculadas.
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno resolver problemas, utilizando
malhas quadriculadas, de diferentes formas, para encontrar o perímetro de figuras planas.
Essa habilidade é avaliada por meio da resolução de problemas contextualizados, que requeiram
do aluno o cálculo do perímetro de uma figura plana, usando uma unidade especificada em uma
malha quadriculada e comparando o contorno da figura com essa unidade. A seguir é
apresentado um exemplo de item relacionado a esse descritor.
Exemplo:
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno encontrar o valor ou fazer
estimativa da área de figuras planas a partir de seu desenho em uma malha quadriculada. Um
quadradinho ou meio quadradinho da malha pode ser usado como unidade de área.
Essa habilidade também é avaliada por meio de situações-problema contextualizadas, que
requeiram do aluno comparar a unidade estabelecida na malha com a figura plana apresentada,
para então poder calcular ou estimar o valor de sua área, como no exemplo a seguir.
20
Exemplo:
O piso de uma sala está sendo coberto por cerâmica quadrada. Já foram
colocadas 7 cerâmicas, como mostra a figura:
E
Este é o tema de maior prioridade para a Matemática ensinada na educação básica. Desde a
mais tenra idade, sua utilidade é percebida pelas crianças, pois elas conhecem números de
telefone, de ônibus, lidam com preços, numeração de calçado, idade, calendário, etc. Nessa fase,
ou seja, até a 4ª série, aprender o significado dos números como saber matemático deve partir
de contextos significativos envolvendo, por exemplo, o reconhecimento da existência de
diferentes tipos de números (naturais, racionais e outros) e de suas representações e
classificações (primos, compostos, pares, ímpares, etc.).
As atividades relacionadas a esse tema abordam a resolução de situações-problema que
envolvam: 1) contagem, medidas, e significados das operações, utilizando estratégias pessoais de
resolução e selecionando procedimentos de cálculo; 2) leitura e escrita de números naturais e
racionais; 3) ordenação de números naturais e racionais na forma decimal, pela interpretação do
valor posicional de cada uma das ordens; 4) realização de cálculos, por escrito, envolvendo
números naturais e racionais (apenas na representação decimal) e noções de porcentagem
(25%, 50% e 100%); e 5) comprovação dos resultados por meio de estratégias de verificação.
21
D13 – Reconhecer e utilizar características do sistema de numeração decimal,
tais como agrupamentos e trocas na base 10 e princípio do valor posicional.
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno explorar situações em que ele
perceba que cada agrupamento de 10 unidades, 10 dezenas, 10 centenas etc., requer uma troca
do algarismo do número na posição correspondente à unidade, dezena, centena etc.,
respectivamente. A seguir é apresentado um exemplo de item relacionado a esse descritor.
Exemplo:
(A) 91 875
(B) 98 715
(C) 98 751
(D) 97 851
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno compreender a representação
geométrica dos números naturais em uma reta numerada, e também a representação como um
conjunto de elementos ordenados, organizados em uma seqüência crescente que possui primeiro
elemento, mas não tem último elemento.
Essa habilidade é avaliada por meio de problemas contextualizados, que requeiram do aluno
completar na reta numérica uma seqüência de números naturais, com quantidade variada de
algarismos, utilizando números com zeros intercalados e no final, e números com os mesmos
algarismos em diferentes posições, como no exemplo seguinte.
22
Exemplo:
Em qual ponto está localizado o número 990, sabendo que a diferença entre
o valor de um ponto e o valor de outro ponto consecutivo é de 10 unidades?
(A) T
(B) S
(C) R
(D) Q
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno decompor os números naturais
em suas ordens: unidades, dezenas, centenas e milhares.
Essa habilidade deve ser avaliada por meio de problemas contextualizados, que explorem a
decomposição numérica, como, por exemplo, saber que o número 324 comporta 3 centenas, 2
dezenas e 4 unidades. Os números usados nos problemas devem ser variados em magnitude e
na colocação dos zeros, como no exemplo a seguir.
Exemplo:
23
D16 – Reconhecer a composição e a decomposição de números naturais em
sua forma polinomial.
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno decompor um número em uma
soma de produtos.
Essa habilidade é basicamente avaliada por meio de situações-problema contextualizadas, nas
quais se requer que o aluno decomponha e recomponha os números, reconhecendo os seus
valores como fatores, como no exemplo a seguir.
Exemplo:
Exemplo:
(A) 299.
(B) 399.
(C) 631.
(D) 641.
24
D18 – Calcular o resultado de uma multiplicação ou divisão de números
naturais.
As habilidades que podem ser avaliadas por meio deste descritor referem-se à realização, pelos
alunos, dos mais diferentes tipos de cálculos de multiplicação ou divisão, ou seja, multiplicar ou
dividir números de quatro ou mais algarismos com números de um, dois ou três algarismos, com
a presença de zeros, em cada ordem separadamente.
Essa habilidade é avaliada por meio de cálculos contextualizados, nos quais se requer que o
aluno simplesmente calcule o resultado de operações de multiplicação ou divisão, exatas ou
inexatas, como no exemplo a seguir.
Exemplo:
As habilidades que podem ser avaliadas por meio deste descritor referem-se à resolução, pelo
aluno, de diferentes situações que apresentam ações de: juntar, ou seja, situações associadas à
idéia de combinar dois estados para obter um terceiro; alterar um estado inicial, ou seja,
situações ligadas à idéia de transformação, que pode ser positiva ou negativa; de comparar, ou
seja, situações ligadas à idéia de comparação; operar com mais de uma transformação, ou seja,
situações que supõem a compreensão de mais de uma transformação (positiva ou negativa).
Essas habilidades são avaliadas por meio de situações-problema contextualizadas, que são
exemplificadas a seguir, para cada situação:
25
Juntar:
– Em uma classe há 15 meninos e 13 meninas. Quantas crianças há nessa classe?
– Em uma classe de 28 alunos, 15 são meninos. Quantas são as meninas?
Comparar:
– No final de um jogo, Paulo e Carlos conferiram suas figurinhas. Paulo tinha 20 e Carlos tinha
10 a mais que Paulo. Quantas eram as figurinhas de Carlos?
– Paulo tem 20 figurinhas. Carlos tem 7 figurinhas a menos que Paulo. Quantas figurinhas tem
Carlos?
Exemplo:
Numa fazenda, havia 524 bois. Na feira de gado, o fazendeiro vendeu 183 de
seus bois e comprou mais 266 bois. Quantos bois há agora na fazenda?
(A) 507
(B) 607
(C) 707
(D) 727
26
D20 – Resolver problemas com números naturais, envolvendo diferentes
significados da multiplicação ou divisão: multiplicação comparativa, idéia
de proporcionalidade, configuração retangular e combinatória.
Por meio deste descritor podem ser avaliadas habilidades que se referem à resolução, pelo
aluno, de problemas que envolvam operações de multiplicação e divisão, relacionadas a
situações associadas à multiplicação comparativa; à comparação entre razões, isto é, envolvendo
a idéia de proporcionalidade; à configuração retangular; e à idéia de análise combinatória.
Essas habilidades são avaliadas por meio de situações-problema contextualizadas, que são
exemplificadas a seguir, para cada situação:
Multiplicação comparativa:
– Marta tem 4 selos e João tem 5 vezes mais selos que ela. Quantos selos tem João?
– Lia tem R$ 10,00. Sabendo que ela tem o dobro da quantia de Pedro, quanto tem Pedro?
Proporcionalidade:
– Dois abacaxis custam R$ 2,50. Quanto pagarei por 4 desses abacaxis?
– Marta pagou R$ 24,00 por 3 pacotes de chocolate. Quanto custou cada pacote?
Configuração retangular:
– Num pequeno auditório, as cadeiras estão dispostas em 7 fileiras e 8 colunas. Quantas
cadeiras há no auditório?
– As 56 cadeiras de um auditório estão dispostas em fileiras e colunas. Se são 7 as fileiras,
quantas são as colunas?
Análise combinatória:
– Tendo duas saias – uma preta (P) e uma branca (B) – e três blusas – uma rosa (R), uma azul
(A) e uma cinza (C) –, de quantas maneiras diferentes posso me vestir?
– Numa festa, foi possível formar 12 casais diferentes para dançar. Se havia 3 moças e todos os
presentes dançaram, quantos eram os rapazes?
Exemplo:
(A) 100
(B) 150
(C) 500
(D) 650
27
D21 – Identificar diferentes representações de um mesmo número racional.
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno utilizar as diferentes formas dos
números racionais positivos. O aluno deve ter desenvolvido a capacidade de entender que duas
ou mais frações equivalentes representam um mesmo número, que poderá ser inteiro ou
decimal.
Essa habilidade é avaliada por meio de situações-problema contextualizadas, que podem estar
apoiadas por ilustrações, indicando as diferentes representações de um mesmo número racional.
A seguir é apresentado um exemplo de item relacionado a esse descritor.
Exemplo:
(A) 0,02
(B) 0,10
(C) 0,2
(D) 2,10
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno perceber a disposição dos
números racionais na reta numérica, compreendendo que há uma ordem lógica de organização
desses números na reta. Devem ser exploradas apenas as formas decimais com décimos e
centésimos, com e sem zeros intercalados.
Essa habilidade é avaliada como no descritor 14, por meio de situações-problema contextualizadas
em que se requer que o aluno complete na reta numérica a seqüência correta dos números racionais
apresentados. A seguir é apresentado um exemplo de item desse descritor.
28
Exemplo:
(A) 0,3.
(B) 0,23.
(C) 2,3.
(D) 2,03.
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno resolver problemas do seu
cotidiano, que envolvam o valor decimal de cédulas ou moedas do Sistema Monetário Brasileiro.
Essa habilidade é avaliada por meio da resolução de problemas que se relacionam ao cotidiano,
associados à manipulação de dinheiro. Podem ser exploradas as operações de adição e
subtração com decimais que representam quantidades monetárias, e as operações de
multiplicação e divisão de um decimal que representa quantidades monetárias por um número
natural. A seguir é apresentado um exemplo de item relacionado a esse descritor.
Exemplo:
(A) R$ 1,55
(B) R$ 1,80
(C) R$ 2,05
(D) R$ 4,05
29
D24 – Identificar fração como representação que pode estar associada a
diferentes significados.
As habilidades que podem ser avaliadas por meio deste descritor referem-se à compreensão,
pelo aluno, dos diferentes significados que uma fração pode representar. Podem-se citar os
seguintes significados:
1. A relação parte-todo apresenta-se como um todo que se divide em partes (equivalentes em
quantidade de superfície ou de elementos). A fração indica a relação que existe entre um
número de partes e o total de partes;
2. Outro significado das frações é o de quociente; baseia-se na divisão de um número natural
por outro (a ÷ b = a / b; b ≠ 0). Para o aluno, ela se diferencia da interpretação anterior, pois
dividir um chocolate em 3 partes e comer 2 dessas partes é uma situação diferente daquela
em que é preciso dividir 2 chocolates para 3 pessoas. No entanto, nos dois casos, o resultado
é representado pela mesma notação: 2/3;
3. Uma terceira situação, diferente das anteriores, é aquela em que a fração é usada como uma
espécie de índice comparativo entre duas quantidades de uma grandeza, ou seja, quando é
interpretada como razão. Isso ocorre, por exemplo, quando se lida com informações do tipo
“2 de cada 3 habitantes de uma cidade são imigrantes”.
Essas habilidades são avaliadas por meio de situações-problema que se apóiem, principalmente,
em ilustrações próximas de situações cotidianas representando os diferentes significados de
fração citados anteriormente. Um exemplo disso é apresentado a seguir.
Exemplo:
Sara fez um bolo e repartiu com seus quatro filhos. João comeu 3 pedaços,
Pedro comeu 4, Marta comeu 5 e Jorge não comeu nenhum. Sabendo-se
que o bolo foi dividido em 24 pedaços iguais, que parte do bolo foi
consumida?
(A)
(B)
(C)
(D)
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D25 – Resolver problema com números racionais expressos na forma decimal
envolvendo diferentes significados de adição e subtração.
As habilidades que podem ser avaliadas por meio deste descritor referem-se à análise,
interpretação e resolução de problemas relacionados aos diferentes significados da adição e
subtração de números racionais, que já foram citados anteriormente, para números naturais.
Essas habilidades são avaliadas por meio de problemas contextualizados em que a adição e
subtração são exploradas em situações de transformação, de combinação e de comparação,
como mostra o exemplo a seguir.
Exemplo:
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno resolver problemas utilizando a
noção de porcentagem (25%, 50% e 100%). Essa habilidade é avaliada por meio de situações-
problema contextualizadas, presentes no cotidiano do aluno. É oportuno considerar aqui os
conceitos de desconto e lucro, e explorá-los. Um exemplo desse tipo de situação é listado
abaixo.
Exemplo:
Uma professora ganhou ingressos para levar 50% de seus alunos ao circo da
cidade. Considerando que essa professora leciona para 36 alunos, quantos
alunos ela poderá levar?
(A) 9
(B) 18
(C) 24
(D) 36
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Tema IV – Tratamento da Informação
O
O desenvolvimento de habilidades relacionadas a este tema é de fundamental importância na
compreensão de informações comunicadas na forma de tabelas e gráficos, tão presentes nos
jornais e revistas e, portanto, no cotidiano dos alunos. Até a conclusão da 4ª série, espera-se que
devam ser trabalhadas noções de coleta, organização e descrição de dados; leitura e
interpretação de dados apresentados de maneira organizada (tabelas e gráficos); utilização das
informações dadas; identificação das possíveis maneiras de combinar elementos de uma coleção
e de contabilizá-las usando estratégias pessoais.
Pode-se avaliar, por meio deste descritor, a habilidade de o aluno ler, analisar e interpretar
informações e dados apresentados em tabelas.
Essa habilidade é avaliada por meio de situações-problema contextualizadas, em que os dados
estejam organizados em tabelas e cujas respostas encontram-se nas próprias tabelas, como no
exemplo a seguir.
Exemplo:
A turma de Joana resolveu fazer uma pesquisa sobre o tipo de filme que as
crianças mais gostavam. Cada criança podia votar em um só tipo de filme.
A tabela abaixo mostra o resultado da pesquisa com as meninas e com os
meninos:
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D28 – Ler informações e dados apresentados em gráficos (particularmente em
gráficos de colunas).
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno ler, analisar e interpretar
informações e dados apresentados em gráficos.
Essa habilidade é avaliada por meio de situações-problema contextualizadas, nas quais é
requerido do aluno que ele identifique características e informações indicadas nesses gráficos,
como no exemplo seguinte.
Exemplo:
No final do ano, os alunos de Dona Célia fizeram uma pesquisa na sala, para
saber onde cada um ia passar as férias. Cada aluno podia escolher um só
lugar.
Este gráfico mostra o resultado da pesquisa:
Qual dos locais foi o MENOS escolhido pelos alunos para passarem as férias?
(A) Casa
(B) Fazenda do tio
(C) Praia
(D) Sítio da vovó
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